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DEFICIENCIA 3

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEFICIÊNCIA 
AUDITIVA/SURDEZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Simone Schemberg 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Caro aluno: nesta aula, iremos dialogar sobre questões essenciais para a 
compreensão de encaminhamentos na escolarização dos alunos Surdos, bem 
como para a real efetivação da Proposta educacional Bilíngue. É necessário, 
então, conhecer as especificidades dessa Metodologia Educacional e seus 
aspectos sociais e legais. Além disso, cabe discutir sobre as questões de 
Identidades e Cultura Surda, para que você possa entender melhor sobre a 
Surdez. 
CONTEXTUALIZANDO 
Diferente do Oralismo e da Comunicação Total, a visão Bilíngue prioriza a 
Língua de Sinais como primeira Língua, a manifestação da Cultura Surda e a 
Identidade Surda. É hoje a proposta defendida pelo Órgãos da Educação e pelas 
políticas na área da Surdez. Entretanto, não basta apenas proporcionar o acesso 
à Língua de Sinais aos sujeitos Surdos; é preciso reconhecer sua forma de 
constituir e constituir-se no mundo, ou seja, conhecer os fatores culturais 
envolvidos, as diferentes identidades e os seus direitos linguísticos. Para além da 
Língua, o Bilinguismo envolve também o conhecimento sobre a Cultura do outro. 
TEMA 1 – A PROPOSTA EDUCACIONAL BILÍNGUE 
Você já conheceu, nas unidades anteriores, as propostas clínico-
terapêuticas que, por muitas décadas, predominou na Educação de Surdos. Pois 
bem, agora vamos explorar a proposta que se desvincula dessa visão patológica 
e reabilitadora. Estamos falando da Concepção Bilíngue, ou seja, da proposta que 
traz uma visão social, cultural e antropológica da Surdez, em que os Surdos são 
vistos a partir das suas potencialidades, e não das limitações; suas experiências 
visuais são consideradas, e não sua falta de audição! Ou seja, o surdo não precisa 
almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir sua surdez. 
O Bilinguismo na Surdez pressupõe o acesso precoce à Língua de Sinais 
como primeira Língua, no caso do Brasil, a Libras, e a Língua do país como 
segunda, no caso do Brasil, a Língua Portuguesa. Como defende Goldfeld (1997), 
“tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngüe, ou seja deve 
adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua 
natural dos surdos e, como Segunda língua, a língua oficial de seu país.” (p. 38). 
 
 
3 
Importante 
A Educação Bilíngue preconiza o acesso à Língua de Sinais como primeira, 
e a Língua do País como segunda, entretanto, esta, obrigatoriamente na sua 
modalidade escrita, e, possivelmente, na sua modalidade oral. Isto porque, nem 
todos os Surdos desenvolverão com sucesso o aprendizado da modalidade oral, 
que depende de diversos fatores, como familiar, clínico e intrínsecos ao sujeito. 
Já a modalidade escrita, desde que haja metodologias adequadas e estratégias 
de ensino eficientes, será possível a todos os Sujeitos. 
 Para que o Bilinguismo se efetive, de fato, é necessário considerar: 
 O contato com Surdos usuários da Língua de Sinais; 
 A Surdez percebida a partir da Diferença (visão socioantropológica), e 
não da deficiência; 
 Reconhecimento da Língua e da Cultura Surda; 
 Experiências visuais na constituição dos conceitos e conhecimento de 
mundo; 
 Reconhecimento dos Direitos Linguísticos e Culturais. 
Leia o trecho do texto abaixo, de François Grosjean, para que você possa 
compreender melhor: 
O DIREITO DA CRIANÇA SURDA DE CRESCER BILÍNGUE 
O bilingüismo é o conhecimento e uso regular de duas ou mais línguas. 
Um bilingüismo língua oral/língua dos sinais é a única via através da qual 
a criança surda poderá ser atendida nas suas necessidades, quer dizer, 
comunicar com os pais desde uma idade precoce, desenvolver as suas 
capacidades cognitivas, adquirir conhecimentos sobre a realidade 
externa, comunicar plenamente com o mundo circundante e converter-
se num membro do mundo surdo e do mundo ouvinte. 
Que tipo de bilingüismo? 
O bilingüismo da criança surda implica o uso da língua de sinais, usada 
pela comunidade surda, e a língua oral usada pela maioria ouvinte. Esta 
última adquire-se na sua modalidade escrita e, quando possível, na sua 
modalidade falada. Em cada criança as duas línguas jogarão papéis 
diferentes: em algumas crianças predominará a língua de sinais, em 
outras predominará a língua oral e noutras haverá um certo equilíbrio 
entre ambas as línguas. Ainda, devido aos diferentes níveis de surdez 
possíveis e à complexa situação de contato entre ambas as línguas 
(quatro modalidades linguisticas, dois sistemas de produção e dois de 
recepção, etc) podemos encontrar diferentes tipos de bilingüismo, isto é, 
a maioria das crianças surdas adquirirá níveis distintos de bilingüismo e 
“biculturalismo”. Nesse sentido não se diferenciam de metade da 
população mundial, aproximadamente, que convive com duas ou mais 
línguas (estima-se que há no mundo, actualmente, tantas pessoas – se 
não mais – bilíngues quanto monolingues). 
Como outras crianças bílingües, as crianças surdas usarão ambas as 
línguas nas suas vidas quotidianas como membros integrantes de dois 
mundos, neste caso, o mundo ouvinte e o mundo surdo. (Grosjean, F., 
2002, disponível em: 
 
 
4 
<http://www.francoisgrosjean.ch/Portuguese_Portugais.pdf>. Acesso 
em: 28 fev. 2018.) 
 Como você percebeu, então, há duas marcas diferentes de Visões na 
Educação de Surdos: por um lado, a clínico-terapêutica e, por outro, a 
socioantropológica. 
Mas por que é tão importante conhecermos as diferenças entre essas 
visões e os conceitos que as norteiam? 
Justamente porque nossa atuação na prática será guiada pelas nossas 
concepções acerca da Língua, do Sujeito e da Aprendizagem. Vejamos: 
Quadro 1 – Marcas das duas visões na história da Educação dos surdos 
Marcas das duas visões na história da Educação dos surdos 
Clínico- terapêutica Socioantropológica 
 Deficiente auditivo 
 Deficiência 
 Oral-auditiva 
 Falta de audição 
 Surdo 
 Diferença 
 Gestual-visual 
 Diferentes possibilidades 
 Como você percebeu, a proposta educacional bilíngue está localizada na 
visão socioantropológica, por conceber a Surdez a partir da diferença, considerar 
os aspectos culturais e de identidade, e, principalmente, a modalidade visual do 
desenvolvimento da linguagem. 
TEMA 2 – CULTURA E IDENTIDADES SURDAS 
2.1 Cultura surda 
Quando falamos em Língua e diferenças linguísticas, não podemos deixar 
de considerar os fatores culturais que fazem parte de uma comunidade linguística, 
já que Língua e Cultura estão interligadas. Por isso, compreender a Cultura Surda 
é de extrema importância para que possamos entender o Ser Surdo! Numa 
perspectiva bilíngue, também deve ser valorizada, então, a questão bicultural do 
surdo, que dá origem à cultura surda. 
 
 
 
5 
Você já ouviu/viu falar em Cultura Surda? 
A Cultura está relacionada a um conjunto de valores, comportamentos, 
características, posturas e de formas de atuação que caracteriza um grupo. 
 Vejamos alguns conceitos de Cultura: 
 Esquemas relacionados à percepção e à interpretação por meio dos quais 
um grupo estabelece suas relações com o mundo e com o conhecimento. 
A língua é fator importante na produção da cultura, pois permite ao 
indivíduo criar, dar sentido e simbolizar o mundo. Por isso, língua e cultura 
andam juntas. (Poche, 1989) 
 Transmitida de geração em geração e constitui-se de um conjunto de 
saberes, fazeres, regras, normas, ideias, valores, proibições, estratégias, 
crenças e mitos. Cada cultura é singular; assim, sempre existe uma cultura 
dentro de outras culturas. (Morin, 2001) 
Assim, a expressão “Cultura Surda” tem sido usada amplamente por 
pesquisadores surdos e ouvintes, pela comunidade surda e por educadores. A 
cultura surda é definida pelos estudos surdos como “jeitos de ser e estar no 
mundo”. Ou seja, ela se manifesta pela partilhade hábitos, costumes, modos de 
socialização e, sobretudo, da língua. 
Em seu texto sobre Cultura Surda, a Professora Nídia Limeira de Sá traz 
algumas considerações importantes. Vejamos: 
A despeito de os surdos não terem dúvidas quanto a suas identidades 
culturalmente distintas, as pessoas não-surdas têm muita dificuldade em 
admitir que os surdos têm processos culturais específicos, então, muitos 
continuam a tratar os surdos apenas como um grupo de deficientes ou 
incapacitados. 
(...) 
A cultura surda refere-se aos códigos próprios dos surdos, suas formas 
de organização, de solidariedade, de linguagem, de juízos de valor, de 
arte, etc. Os surdos envolvidos com a cultura surda, auto-referenciam-
se como participantes da cultura surda, mesmo não tendo eles 
características que sejam marcadores de raça ou de nação. (Disponível 
em: <http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/cultura_surda.doc>. Acesso 
em: 12 dez. 2017) 
Agora que você já conheceu um pouco sobre os aspectos da Cultura Surda, 
que tal tentar interpretar esta imagem? Ela foi retirada de um site no qual são 
descritas várias cenas do dia a dia dos Surdos! 
 
 
 
6 
Figura 1 – Cena do dia a dia 
 
Fonte: <http://www.thatdeafguy.com/?p=57>. 
2.2 Identidades surdas 
Além das questões linguísticas e culturais, outro fator importante quando 
tratamos da Educação de Surdos, sobretudo da inclusão, é o olhar sob as 
diferentes identidades. O contexto social, as diferentes realidades e a história de 
cada um vão constituir o que chamamos de Identidades. 
No campo da Surdez, há diversas situações, por exemplo: há Surdez 
congênita (nasce surdo) e pós-linguística (aqueles que perdem a audição já na 
fase de aquisição da linguagem oral); há Surdos que conhecem a Língua de 
Sinais, outros, nunca tiveram acesso; há Surdos bilíngues; há aqueles que são 
filhos de pais Surdos, outros, de pais ouvintes – a maioria; há os que a família 
rejeita a Língua de Sinais; há os que já adolescentes utilizam-se ainda de gestos 
caseiros… Ou seja, em nossa realidade educacional, iremos nos deparar com os 
mais diversos contextos da Surdez. Por isso, é importante conhecermos sobre as 
diferentes identidades. Sobre isso, Perlin (1998), uma pesquisadora Surda, 
descreveu em suas investigações as Identidades Surdas: 
1. Identidade Surda Política: são aqueles Surdos que usam a comunicação 
visual, têm consciência de suas diferenças e das implicações e recursos 
visuais. 
2. Identidades Surdas híbridas: são aqueles Surdos que nasceram 
ouvintes, e que com o tempo se tornaram surdos. Ou seja, conhecem a 
estrutura do português falado e usam-no como língua, mas fazem uso da 
Língua de Sinais em diversas situações linguísticas; 
3. Identidades de transição: Diz respeito aos que não tiveram acesso à 
Cultura Surda e comunidade Surda, tendo a representação da identidade 
 
 
7 
ouvinte e que passam para a comunidade surda. Transição é o aspecto do 
momento do encontro e passagem do mundo ouvinte com representação 
da identidade ouvinte para identidade surda; 
4. Identidade surda incompleta: Muitos surdos vivem sob uma ideologia 
latente que trabalha para socializar os surdos de maneira compatível com 
a cultura dominante. 
5. Identidades flutuantes: aqueles que vivem e se manifestam a partir da 
hegemonia dos ouvintes. Existem alguns surdos que desprezam a cultura 
surda, não têm compromisso com a comunidade surda. Outros, são 
forçados a viverem a situação como que conformados a ela. 
 Assim, podemos perceber a diversidade e reconhecer que, como todo ser 
humano, os sujeitos Surdos também têm suas particularidades, ao mesmo tempo 
que sofrem a influência do meio em que estão inseridos. Para concluir, leia um 
trecho da pesquisadora Gladis Perlin, exposto em uma de suas pesquisas: 
A constituição da identidade dependerá, entre outras coisas, de como o 
sujeito é interpelado pelo meio em que vive. Um surdo que vive junto a 
ouvintes que consideram a surdez uma deficiência que deve ser tratada 
pode constituir uma identidade referendada nesta ótica. Mas um surdo 
que vive dentro de sua comunidade possui outras narrativas para contar 
a sua diferença e constituir sua identidade. 
A concepção do conceito de identidades surdas muda de sujeito para 
sujeito. Ela muda da mesma forma que não temos uma identidade única 
de surdos. No meu conceber, não existe um modelo de identidade surda. 
Se percebe a fragmentação das identidades surdas no momento que se 
olha a diferença existente entre os surdos. 
Nessas identidades, no que as constitui diferentes, entram os diferentes 
aspectos históricos e sociais, a transitoriedade dos discursos 
representados e representantes de sujeitos. Existem diferentes 
possibilidades de identificação das identidades.” 
(Perlin, 1998, disponível em: 
<https://sites.google.com/site/pesquisassobresurdez/gladis-perlin>. 
Acesso em: 12 dez. 2017.) 
TEMA 3 – FUNDAMENTOS LEGAIS 
Há diversas leis que tratam dos direitos linguísticos e sociais dos Surdos. 
Vamos conferir aqui alguns dos documentos legais mais abrangentes: 
 Constituição Federal: em seu Artigo 208, trata do direito à Educação de 
forma igualitária, com olhar sobre as especificidades dos sujeitos com 
deficiência. (Brasil, 1988) 
 Declaração de Salamanca: Outro documento muito importante, que aliás 
é um marco para a Educação Especial, que refere à diferença linguística: 
“As políticas educativas deverão levar em conta as diferenças individuais e 
 
 
8 
as diversas situações. Deve ser levada em consideração, por exemplo, a 
importância da língua dos sinais como meio de comunicação para os 
surdos, e ser assegurado a todos os surdos, acesso ao ensino da língua 
de sinais de seu país.” (Unesco, 1994). 
 Lei de Diretrizes e Bases n. 9394/96: que trata em um de seus itens das 
especificidades da Educação Especial – modalidade de educação e do 
direito à inclusão; também trata do reconhecimento da Diferença 
linguística. (Brasil, 1996). 
 Lei Federal 10.436, de 24 de abril de 2002: que reconhece a Libras como 
Língua oficial no Brasil. (Brasil, 2002). 
 Decreto 5626/05: que estabelece a Garantia de Educação Bilíngue; o 
acesso precoce à Língua de Sinais; Presença de Intérpretes de Libras nos 
diversos âmbitos sociais; Presença do Professor Surdo nos ambientes 
Educacionais; Inserção da Libras como disciplina curricular em alguns 
cursos; Reconhecimento da Cultura Surda. (Brasil, 2005). 
 Lei n. 12.319/2010: Traz o reconhecimento legal da profissão de intérprete. 
Em seu Art. 5., estabelece a necessidade de o intérprete passar por um 
teste anual de proficiência em tradução e interpretação de Libras – Língua 
Portuguesa, que é aplicado pelo MEC em parceria com universidades e 
Secretarias de Educação. 
A Lei de reconhecimento da Libras foi uma das grandes conquistas da 
Comunidade Surda, que confere o estatuto linguístico e social da Língua de Sinais 
no Brasil, como você pode verificar: 
LEI N. 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. 
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais 
– Libras e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte 
Lei: 
 
Art. 1. É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a 
Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a 
ela associados. 
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras 
a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de 
natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um 
sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de 
comunidades de pessoas surdas do Brasil. 
Art. 2. Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e 
empresas concessionárias de serviços públicos, formas 
institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de 
Sinais – Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização 
corrente das comunidades surdas do Brasil.9 
Art. 3. As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços 
públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e 
tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo 
com as normas legais em vigor. 
Art. 4. O sistema educacional federal e os sistemas educacionais 
estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos 
cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de 
Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá 
substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. 
Art. 5. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Brasília, 24 de abril de 2002; 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Paulo Renato Souza (BRASIL, 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2002/L10436.htm>. Acesso em: 
28 fev. 2018.) 
Outra conquista refere-se ao Decreto 5626/05, que, entre outros aspectos, 
traz em seu Art. 2., uma visão de Surdez vinculada à uma visão 
socioantropológica, diferentemente dos documentos anteriores que 
constantemente relacionam à visão clínica e patológica da Surdez: 
Decreto 5626/05: 
Art. 2º: (...) considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, 
compreende e interage com o mundo por meio das experiências visuais, 
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira 
de Sinais- LIBRAS. (Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 28 fev. 2018.) 
NA PRÁTICA 
Observando as Proposições da Educação Bilíngue, você pode perceber 
que há ainda muito a se pensar quando falamos em Educação de Surdos. Reflita, 
então: pensando no meio educacional em que você vive, ou que você conhece, 
se haveriam possibilidades de desenvolvimento de uma proposta educacional 
Bilíngue? Quais seriam as maiores dificuldades? Você pode tomar como base a 
leitura do Decreto 5626/05! 
FINALIZANDO 
Nesta aula, você pôde vislumbrar as conquistas efetivadas na área da 
Surdez, as atuais políticas educacionais e refletir sobre questões pertinentes à 
Cultura e Identidade Surda. Relembrando, então, que nesse contexto é preciso: 
 
 
 
10 
 Considerar a diversidade cultural, resultante do vínculo que mantém com 
outras culturas; 
 Reconhecer que a marca subjetiva da Cultura Surda é a Língua de Sinais; 
 No caso da comunidade surda brasileira, a Libras (Língua Brasileira de 
Sinais) é sua língua natural e importante fator para o desenvolvimento; 
 Reconhecer as diferentes Identidades Surdas; 
 Saber que Educação Bilíngue é aquela em que se prioriza a Língua de 
Sinais como Primeira Língua e, como segunda, a do País. 
Para diferenciar melhor as metodologias vistas até aqui, observe o seguinte 
quadro: 
Quadro 2 – Diferenças entre metodologias 
 
Fonte: Schemberg, 2011. 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 10.436 de 2002. Oficializa a Língua Brasileira de Sinais. Brasília, 
2002. 
BRASIL. Decreto n. 5626/2005: Regulamenta a Lei n. 10439/2002, que dispõe 
sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o Art. 18 da Lei n. 10098/2000. 
Brasília, 2005. 
GOLDFELD, M. A criança surda – Linguagem e cognição numa perspectiva 
sociointeracionista. 3. ed. SP: Plexus, 2002. 
GROSJEAN, F. O direito da criança Surda em Crescer Bilíngue. University of 
Neuchâtel, Switzerland. 1999. Traduzido por Sergio Lulkin. Disponível em: 
<http://www.francoisgrosjean.ch/Portuguese_Portugais.pdf>. Acesso em: 11 dez. 
2017. 
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: 
Cortez, 2001. 
PERLIN, G. Histórias de vida surda: Identidades em questão. Dissertação de 
Mestrado. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998. 
Disponível em: <https://sites.google.com/site/pesquisassobresurdez/gladis-perlin>. 
Acesso em: 28 fev. 2018. 
POCHE, B. A construção social da língua. In: VERMES, G.; BOUTET, J. (Org.). 
Multilinguismo. Campinas: Ed. da Unicamp, 1989. 
SÁ, N. L. Existe uma cultura surda? Disponível em: 
<http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/cultura_surda.doc>. Acesso em: 28 fev. 
2018. 
SACKS, O. Vendo Vozes – Uma jornada pelo mundo dos surdos. SP: Companhia 
das Letras, 1998. 
SCHENEIDER, R. Educação de Surdos – Inclusão no ensino regular. Passo 
Fundo: Ed. Universitária de Passo Fundo, 2006. 
SCHEMBERG, S. Libras 1. Curitiba: Opet, 2011 
SKLIAR, C. A Surdez – um olhar sobre as diferenças. 2. ed. PA: Mediação, 2001. 
UNESCO. Coordenadoria nacional para integração da pessoa portadora de 
deficiência. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades 
educativas especiais, Brasília: CORDE, 1994.

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