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Relatório: Nise - O Coração da Loucura

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA - UNISUAM
Curso de Graduação em Psicologia
Trabalho de
Epistemologia e História da Psicologia
Por
Carlos Ventura 
Carina Luiza Pereira Machado
Lilian Ribeiro de Lima
Núbia Michelle Zimba dos Santos
Nathan Torres
Thiago Oliveira
RIO DE JANEIRO 
2020
Relatório do Filme “Nise: O Coração da Loucura”
Data do visionamento do filme: 01/6/2020
Local: Casa/Campo Grande-RJ
Título do filme: Nise: O Coração da Loucura
Realizador: Roberto Berliner
Data de lançamento: 21 de abril de 2016 
Elenco: Glória Pires, Simone Mazzer, Julio Adrião
Nacionalidade: Brasil
Breve Síntese da História:
Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão, a doutora Nise da Silveira (Gloria Pires) propõe uma nova forma de tratamento aos pacientes que sofrem da esquizofrenia, eliminando o eletrochoque e lobotomia. Seus colegas de trabalho discordam do seu meio de tratamento e a isolam, restando a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, através do amor e da arte.
Introdução:
Este relatório vem apresentar uma análise do filme: Nise - O Coração da Loucura, correlacionado com as diferentes concepções da loucura ao longo da história humana, bem como, os tratamentos aos quais os pacientes acometidos por alguma psicopatologia eram submetidos. 
Durante a fase do trabalho foram utilizados recursos audiovisuais e sites científicos. Cujo objetivo é apresentar uma maior riqueza de informações na construção do conhecimento acerca do filme proposto.
Desenvolvimento:
A história de Nise e de seus clientes, como ela os chamava começa a ser contada no ano de 1944 quando ela retorna ao trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, localizado no bairro Engenho de Dentro, na cidade do Rio de Janeiro (Nise era servidora pública na época em que foi presa). A instituição já foi considerada um dos maiores hospícios do Brasil e é onde atualmente funciona o Instituto Nise da Silveira. Em 1934 (estado novo) Nise foi acusada de envolvimento com o comunismo e ficou presa por 15 meses no presídio Frei Caneca, depois viveu na clandestinidade por oito anos.
Depois deste período afastada da medicina, ela retornou ao serviço público. Ao chegar em seu novo local de trabalho, o Centro Psiquiátrico Dom Pedro II, Nise se recusou a adotar o “tratamento” até então dispensado aos pacientes portadores de sofrimento mental, que se baseava em métodos violentos, como agressão física, eletrochoque ou lobotomia. Em razão da recusa, a médica foi designada a ficar responsável pelo setor de Terapia Ocupacional do Hospital, até então considerado um setor de menor relevância e que na prática não funcionava.
Porém, isso não a impediu de organizar o lugar e convidar os pacientes, ou melhor, seus “clientes”, para ocuparem o novo espaço. Inicialmente receosos, eles chegaram aos poucos e começaram a perceber a diferença em relação ao restante da instituição. Ali encontraram tinta, papel, lápis, telas, respeito, ternura e liberdade para se expressarem. Nise, influenciada pelos ensinamentos do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, defendia a tese de que os esquizofrênicos faziam uso da linguagem simbólica, por meio da arte, para se expressarem.
Em entrevista para a revista Cult, o diretor do filme, Roberto Berliner contou que as ideias de humanização aplicadas no tratamento psiquiátrico ficaram ainda mais evidentes para Nise, depois da época em que ela ficou presa, pois ela notou que quando as pessoas ficavam sem atividade, tendiam a se sentir deprimidas. Porém quando ocupavam o tempo com coisas que as faziam se sentir úteis, reagiam melhor ao tratamento psiquiátrico.
A luta de Nise da Silveira, que se iniciou na época da faculdade e se fortaleceu na década de 40 e nos anos posteriores, ganhou corpo em 1987, ano em que nasceu o Movimento da Luta Antimanicomial, durante o Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental, na cidade de Baurú (SP). O objetivo deste movimento foi a des hospitalização dos pacientes com sofrimento mental. O movimento denunciava os abusos e violação de direitos humanos sofridos pelos usuários da saúde mental dentro dos manicômios, essas pessoas muitas vezes passavam por métodos violentos de “tratamento”, como agressões físicas, eletrochoque ou lobotomia.
Uma das conquistas do movimento foi a criação da Lei 10.216/2001, que determinou o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos. Desde então, o Brasil tem fechado leitos psiquiátricos no Sistema Único de Saúde (SUS) e abriu serviços substitutivos: como os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), as Residências Terapêuticas, Programas de Redução de Danos, Centros de Convivências, as Oficinas de Geração de Renda, dentre outros.
Conclusão:
Ao se apropriar de uma nova forma de enxergar os transtornos mentais, Nise torna-se seguidora de Jung e militante da Reforma Psiquiátrica, conferindo aos seus clientes um tratamento mais humanizado centrado em suas histórias de vida, pois para ela a vida tinha muitas formas de ser vivida e o pertencimento do sujeito a sua época seguia essa mesma lógica. Assim, tratamentos normatizadores e excludentes serviam como elementos de anulação das singularidades humanas.
Alicerçada em uma nova forma de fazer a clínica, Nise da Silveira deu voz a seus clientes, tidos até então como degenerados, violentos, loucos, alienados e desviantes. Muito se progrediu ao longo dos anos, mas tal luta e militância por um tratamento mais humano ainda se faz necessário por se referir a um sofrimento legítimo de sujeitos reais. 
O artigo, que estudamos com base, para desenvolver este trabalho, cita o conceito de empoderamento: "Empoderamento é um processo por meio do
qual as mulheres vão em busca de recursos que lhes
permitam ter voz, visibilidade, influência, capacidade
de ação e de decisão diante das situações de exclusão
decorrentes da hegemonia/dominação masculina."
 O que acaba dificultando essa luta e é preciso ter recursos, onde são necessárias intervenções externas por parte de governos, universidades, movimentos sociais, ONGs e etc. 
Momento do filme considerado o mais importante:
É extremamente difícil enumerar apenas um, mas na nossa opinião foi o momento nas primeiras cenas visualizar um muro de metal, o que simbolicamente pode ser interpretado como uma expressão da exclusão dos sujeitos que ali estão, um mecanismo de apartação dos ditos loucos e perigosos para a convivência em sociedade. O tratamento que era despendido sobre aqueles pacientes feria e negligenciava suas histórias de vida, dilaceram suas condições humana.
Opinião sobre o filme:
Nise disse que "há 10 mil modos de pertencer à vida e lutar por ela". Dá pra começar à entender o que ela quis dizer quando a gente vê, no filme, "loucos" criando obras de arte, explorando sua sexualidade ou tendo crises de ciúmes. Assistindo ao longo do filme, tem um momento que a gente se pergunta: O que é a loucura? Afinal, quem não se debateria "como louco" ao saber que irá passar por um experimento? Quem não agiria como louco depois de ficar 20 anos preso em um hospital psiquiátrico? Nos anos 50, época em que ainda usavam triturador de gelo para destruir pedaços dos cérebros de pacientes psiquiátricos, Nise propôs o uso do pincel. Nada além da arte como terapia ocupacional para tratar seus clientes (como ela mesma preferia chamá-los). E, para quem gosta de cachorros, é um momento de se desestabilizar junto com os pacientes. "Nise - O coração da loucura" é um filme maravilhoso, com um elenco maravilhoso também.
Referências:
Artigo: ISSN 2526-8910 Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 3, p. 638-649, 2019 https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1730

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