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Resenha crítica nise - o coração da loucura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
TALLYSON NASCIMENTO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA DO FILME “NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BELÉM 
2020 
 
1. Sobre a obra: 
NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA. Direção de Roberto Berliner. Rio de Janeiro: 
Globo Filmes, 2016. 1 DVD (142 min). 
 
2. Introdução 
O filme nacional “Nise: o coração da loucura” é retratado na década de 40, no Rio de 
Janeiro, no qual relata a vida da médica psiquiatra Nise da Silveira que após o seu retorno ao 
hospital psiquiátrico de Engenho de Dentro, se depara com o desprezo com que os clientes do 
local. Inconformada com a maneira em que eles eram tratados ela assume a responsabilidade 
de outra ala do hospital, onde mais tarde seria feito um dos atos mais revolucionários da luta 
anti-manicomial no Brasil. 
 
3. Discussão do filme: 
O entendimento sobre a loucura tem sido feito há muitos anos, mas a ênfase na loucura 
como doença e como domínio da especialidade médica da psiquiatria é considerada nova 
história da humanidade, aproximadamente 200 anos (Gonçalves; Sena, 2001). Desde então 
fora classificada uma nova forma de condição humana, aqueles compreendidos como 
“diferentes”. 
Nas cenas iniciais, após retornar ao hospital psiquiátrico, que estava afastada há alguns 
anos, Nise participa de um dos primeiros momentos que a deixam incrédula, no que tange o 
atendimento oferecido no hospital, que é a apresentação de métodos psiquiátricos para o 
“tratamento” da doença mental feito por outros médicos. Imediatamente ela confronta um dos 
médicos, ao indaga-lo sobre o uso e manejo correto de um instrumento chamado lobotomia – 
entendida como intervenções que consistiam em desligar os lobos frontais direito e esquerdo 
de todo o encéfalo, visando modificar comportamentos ou curar doenças mentais (Masiero, 
2003). Nesse ponto, é possível que segundo Rogers (Moreira, 2010) todos os indivíduos 
possuem uma possibilidade de crescimento, chamada de tendência atualizante – que será mais 
bem elaborada ao decorrer da análise – no entanto essa condição é negada pelos profissionais 
atuantes do hospital para com aqueles considerados deficientes mentais. 
Rogers (Moreira, 2010) em seus postulados, apresentou o conceito de teorias facilitadoras, 
que se referem às condições necessárias que o terapeuta precisa oferecer para ser capaz de 
ajudar aqueles a quem necessitam de ajuda, sendo essas: empatia, aceitação positiva 
incondicional e congruência. A primeira embasa-se na ideia de compreender o mundo do 
outro conforme a perspectiva dele; o segundo consiste no respeito à individualidade de cada 
um e o terceiro é entendido como a clareza dos próprios sentimentos, em um fluxo de 
percepção de alcances e de limites. Dado a contextualização, observa-se que uma das 
primeiras ações desenvolvidas por Nise é investigar as necessidades dos clientes e a 
colaboração dos outros médicos, mas a mesma não consegue atingir o objetivo tendo em vista 
que ela não é respeitada dentro do hospital, desconsiderada pela sua crença de potencialidade 
humana com os clientes internados. 
Outra constatação observada é na sena em que Nise resolve reunir pela primeira vez os 
organismos no setor de Terapia Ocupacional, e vê Lima, enfermeiro do hospital, agindo com 
brutalidade e então a mesma intervém imediatamente na ação, porque o seu objetivo é 
compreender a vivência do outro, sua perspectiva, remetendo-se a ideia de empatia da qual 
Rogers aludia. Em seguida chama Carlinhos, um dos clientes do hospital, para entregá-lo 
algumas sementes – após observar seu interesse pelo item – configurando como respeito à 
individualidade dele, uma aceitação positiva incondicional (Moreira, 2010), sem críticas ou 
dúvidas diante desse gosto. 
Ao longo do filme, em que Nise explora as possibilidades do ambiente, analisando a 
individualidade de cada pessoa em reabilitação, uma observação feita é a vivência que a Dra. 
passa a obter conforme foi conhecendo seus clientes, notando que os internados taxados como 
“mais violentos” são na verdade carinhosos, colaborativos e participativos. Essa pontuação 
confronta a fala dicotômica feita pela enfermeira Eugênia, na qual seguindo as ordens do 
hospital, segregava os clientes por grupos. Rogers (Moreira, 2010) menciona essa condição 
em seus ensinamentos como o momento em que “é enfatizada a autenticidade do terapeuta 
enquanto atitude facilitadora. O psicoterapeuta deve confiar em seus próprios sentimentos, 
sendo congruente com a própria experiência; ou seja, a sua experiência passa a ser entendida 
como parte da relação terapeuta-cliente.”. 
4. Conclusão: 
Dando início aos momentos finais desta análise, reitero que o filme contribuiu 
significativamente para o conhecimento dos estudos da Abordagem Centrada na Pessoa, tendo 
em vista que ambos se correlacionaram em muitos momentos entre filme e teoria. Cabe 
pontuar ainda que uma observação, de muita importância, feita pelo resenhista é relacionada à 
personagem de Nise, que desde o início mostrou-se disposta a ver os seus clientes como 
pessoas dotadas de sentimentos, emoções, fraquezas, sendo capazes também de crescerem e 
apresentarem qualidade vida. Além disso, ela sempre se mostrou com disposição para estar 
empática, apresentando aceitação positiva incondicional e também congruente, e em momento 
algum se viu na posição de superior aos clientes. 
Por fim, convém mencionar que Carl Rogers et. al. (1956 como citado em Ferreira & 
Lamparelli, 2017, p. 119) afirma que “em nossas vidas cotidianas, há mil e uma razões para que 
não nos deixemos experenciar nossas atitudes plenamente, razões oriundas do nosso passado e 
do presente, razões que residem na situação social”, tendo em vista que essa perspectiva seja 
referente aos personagens do filme ou de fora do mundo cinematográfico, a humanidade 
como um todo carece de empatia e aceitação positiva incondicional, pois somente dessa 
maneira os organismos estarão mais perto de viver uma vida de integridade, em um nível 
maior de congruência. 
 
5. Referências: 
Gonçalves, Alda Martins, & Sena, Roseni Rosângela de. (2001). A reforma psiquiátrica no Brasil: 
contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino-
Americana de Enfermagem, 9(2), 48-55. https://doi.org/10.1590/S0104-11692001000200007 
Moreira, Virginia. (2010). Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de 
Psicologia (Campinas), 27(4), 537-544. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000400011 
Masiero, André Luis. (2003). A lobotomia e a leucotomia nos manicômios brasileiros. História, 
Ciências, Saúde-Manguinhos , 10 (2), 549-572. https://dx.doi.org/10.1590/S0104-
59702003000200004 
Rogers, C. (1956). Tornar-se pessoa [E-book] (1st ed., p. 119). Manuel José do Carmo Ferreira e 
Alvamar Lamparelli. Recuperado em 9 Outubro 2020, disponível em 
. https://drive.google.com/drive/folders/19Bsl7VQd9Nosm6PeTpyEnGoXTiuA8vMH
https://doi.org/10.1590/S0104-11692001000200007
https://doi.org/10.1590/S0103-166X2010000400011
https://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702003000200004
https://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702003000200004
https://drive.google.com/drive/folders/19Bsl7VQd9Nosm6PeTpyEnGoXTiuA8vMH

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