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Plano de Aula: Prescrição do exercício físico para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA GRUPOS ESPECIAIS - SDE3991 Título Prescrição do exercício físico para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 13 Tema Prescrição do exercício físico para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica Objetivos Avaliar os diferentes tipos de exercício físico para o controle da pressão arterial. Compreender a manipulação das variáveis do treinamento físico para o controle da pressão arterial. Estrutura do Conteúdo Exercício físico e hipertensão: Muitos estudos identificaram que os exercícios aeróbicos, que mobilizam grandes grupos musculares simultaneamente, causam reduções clinicamente importantes dos níveis de pressão arterial após sua realização, efeito denominado de hipotensão pós- exercício. A diminuição da resistência vascular periférica, que ocorre pela necessidade aumentada de sangue e oxigênio para os músculos em atividade, parece ser o principal mecanismo associado à hipotensão pós-exercício. As Diretrizes da Sociedade Brasileira de Hipertensão (2007) recomendam a realização de exercícios aeróbicos na maioria dos dias da semana por pelo menos 30 minutos, numa intensidade entre 50% a 70% (sedentários) e 60% a 80% (condicionados) da reserva da frequência cardíaca. Quanto aos exercícios de força, a sobrecarga deve ser de 50% a 60% de uma repetição máxima, ou seja, carga leve; porém, não deve ser a prioridade na prescrição de exercícios para hipertensos e sim, um complemento do programa de treinamento. Como em qualquer orientação para a realização de exercícios físicos, todo o paciente portador de HAS deverá realizar screening para sua avaliação clínica e sempre no sentido de sua repercussão sob órgãos-alvos e especificamente no coração a detecção da HVE, e notadamente nos atletas. Metodologia com anamnese detalhada, nível de exercício físico, ECG em repouso, teste ergométrico (TE), RX de tórax, ecocardiograma, análises bioquímicas e outros como MAPA, fundoscopia, medicina nuclear, ressonância nuclear magnética (RNM) e até exames invasivos como cinecoronarioventriculografia, estudo eletrofisiológico, se necessários, pesando sempre a relação custo-benefício. A MAPA tem demonstrado efeito benéfico agudo do exercício mais intenso nos níveis de PA nas 24h após a realização, dependendo também da duração e freqüência, embora outros estudos com a MAPA não tenham os mesmos resultados. A prescrição do exercício ao hipertenso obedece aos princípios gerais de intensidade, frequência e duração, sempre respeitando o princípio da individualidade. A frequência de três a cinco sessões semanais com duração entre 20 e 30 minutos, podendo atingir tempo maior, dependendo do paciente e do tipo de exercício. A intensidade do exercício é referida em relação ao nível de FC e também aos dados de obtenção do VO2máx. A World Hypertension League orienta que a FCmáx poderá ser obtida pela fórmula FCmáx = 220- idade ou pela FC de treinamento (FCt), através da fórmula FCt = FCr + X% (FCmáx _ FCr), onde FCr é a FC de repouso, X% a percentagem de intensidade em leve, moderada ou alta. A FCmáx poderá ser obtida pela orientação acima e com melhor segurança pelo TE. O índice de esforço percebido (IEP), isto é, simplesmente mantendo conversa natural durante o esforço como metodologia prática e de boa compreensão pelo paciente e com boa correspondência ao nível de FC, próxima da FCmáx. Como prática do acima exposto, temos referido como orientação geral entre 45% e 60% do VO2máx, o que corresponde em média a 65% a 70% da FCmáx. FCmáx = 210 - (idade x 0, 65) ± 1 desvio-padrão. A preferência quanto ao tipo de exercício é para o isotônico (caminhadas, corridas, natação, ciclismo) pelos seus conhecidos efeitos condicionantes cardiocirculatórios. Devem ser evitados os exercícios isométricos pela possibilidade de aumentarem a PA, porém não podem ser confundidos somente com exercícios de musculação, como levantamento de pesos e outros. Estudos têm demonstrado efeitos benéficos de sua realização em programas de reabilitação cardíaca e sem a utilização de cargas elevadas e sempre acompanhados. Lembramos que a prática de exercícios físicos não está isenta de riscos. Os dados do estudo MILIS demonstraram que em 14,4% a atividade física moderada e em 8,7% a atividade física intensa foram fatores desencadeantes de IAM em avaliação de 849 pacientes. Em outro estudo, Tofler et al.37, o IAM ocorreu em 18,7% durante atividade física (de moderada intensidade em 12,9% e de pesada intensidade em 5,8%). O estudo ONSET ("Determinants of Onset of Myocardial Infarction Study"), em que 1.800 pacientes sobreviventes a um IAM foram pesquisados, observou-se que o risco era maior em atividades superiores a 6 METS, porém este risco foi estimado ser 107 vezes maior no sedentário e apenas 2 vezes maior nos que praticavam atividade física regular. Os hipertensos com níveis leves e moderados de hipertensão e sem lesões de órgãos-alvos podem participar de esportes de maior intensidade e até competitivos. Já os com hipertensão grave e comprometimento de órgãos-alvos devem ser orientados à prática de exercícios de baixa intensidade e proibidos para competições. Entretanto, tanto os pacientes com HAS leve a moderada e controlada participantes de programas de atividades físicas regulares deverão ser reavaliados a cada três meses ou sempre que necessário. Gostaríamos de fazer uma observação ao hipertenso em relação ao futebol, hábito inserido em nossa cultura, onde trabalhos de monitorização da FC durante a competição profissional têm registrado FC em 73% da FCmáx. por 10 minutos (11% do tempo total), entre 73 e 92% por 57 minutos (63% do tempo total) e maior que 92% por 23 minutos (26% do total). Não estamos contra-indicando sua prática, porém é importante o conhecimento destas observações para a orientação aos seus pacientes. A natação, além de ser uma atividade aeróbia, mantém a FC em níveis mais baixos e, portanto, pacientes sintomáticos poderiam exercitar-se mais, além do que não sofre ação da gravidade e facilita o retorno venoso; há baixas incidências de lesões osteomusculares e tem menor custo energético, sendo, portanto, uma opção favorável. Aplicação Prática Teórica Discutir com os discentes algumas situações práticas do dia-a-dia que demonstram a atuação do profissional de Educação Física no tratamento da hipertensão arterial sistêmica.
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