Buscar

2 Atividade física e doenças metabólicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 1/88
Atividade física e doenças metabólicas
Prof. Paulo Farinatti
Descrição Os benefícios e as características da atividade física na prevenção e no
tratamento das doenças metabólicas.
Propósito A compreensão das caraterísticas das doenças metabólicas e os efeitos
benéficos do exercício físico como estratégias para sua prevenção e
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 2/88
tratamento faz-se importante na formação do aluno, porquanto
situações de gerenciamento de programas de atividades físicas para
grupos com essas condições são frequentes em sua atuação
profissional.
Objetivos
Módulo 1
Programas de
exercícios para a
prevenção e o
tratamento da
obesidade
Reconhecer os benefícios e
as características de
programas de exercícios
Módulo 2
De�nição e
etiologia da
síndrome
metabólica
Módulo 3
Exercícios para a
prevenção e o
tratamento do
diabetes mellitus
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 3/88
para a prevenção e o
tratamento da obesidade.
Identificar os benefícios e
as características de
programas de exercícios
para a prevenção e o
tratamento da síndrome
metabólica.
Conhecer os benefícios e
as características de
programas de exercícios
para a prevenção e o
tratamento do diabetes
mellitus.
Introdução
A prevalência de sobrepeso e obesidade aumentou substancialmente em
todo o mundo nos últimos 40 anos, tornando-se um problema de saúde
pública, dadas as consequências negativas na saúde. Indivíduos obesos
têm risco aumentado de desenvolverem síndrome metabólica e diabetes
do tipo 2, entre outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
A perda de peso é um processo que é mais eficaz quando inclui a redução
da ingestão alimentar através da reeducação alimentar e de um aumento
no dispêndio calórico relacionado às atividades físicas. Programas de

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 4/88
controle de peso que incluem exercícios físicos contribuem com a redução
da massa corporal e do percentual de gordura, além de melhorar outros
fatores de risco relacionados com o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e metabólicas.
Síndrome metabólica, obesidade e diabetes são condições patológicas
estreitamente associadas, influenciando-se em um ciclo vicioso de
agravamento. Um modo de vida fisicamente inativo contribui com o
aumento da gordura corporal, da adiposidade visceral, da inflamação e da
perda de massa muscular. Tais adaptações resultam em redução da
aptidão física, o que exacerba limitações funcionais que levam a mais
inatividade, e assim por diante.
Neste conteúdo, discutiremos as características das doenças metabólicas,
notadamente obesidade, síndrome metabólica e diabetes. Estudaremos as
principais características de cada uma dessas condições, bem como
recomendações para a elaboração de programas de exercícios para
pacientes com elas diagnosticados, além de aspectos relacionados à
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 5/88
intensidade e ao volume dos exercícios, aos cuidados a serem tomados
durante as sessões e aos efeitos esperados.
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos
(ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o
Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a
unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais
escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos
números e das unidades.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 6/88
1 - Programas de exercícios para a prevenção e o tratamento da
obesidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os benefícios e as características de programas
de exercícios para a prevenção e o tratamento da obesidade.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 7/88
De�nição e etiologia da obesidade
A obesidade é uma desordem nutricional relacionada a diversos fatores de risco
à saúde, incluindo hipertensão, resistência à insulina, dislipidemias, doença
coronariana, síndrome metabólica e diabetes, problemas respiratórios e câncer.
Quais são as consequências da obesidade para a saúde? Veja.
A prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando nas últimas décadas,
independentemente de aspectos como nível de desenvolvimento dos países,
idade, sexo ou classe social. O Brasil não configura exceção, pois dados dos
últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam
que os níveis de sobrepeso e de obesidade aumentaram mais de 50% nos
últimos 30 anos em todas as regiões do país (BRASIL, 2011).
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 8/88
O Brasil não configura exceção, pois
dados dos últimos censos do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) indicam que os níveis de
sobrepeso e de obesidade
aumentaram mais de 50% nos últimos
30 anos em todas as regiões do país
(BRASIL, 2011).
Intervenções visando à prevenção da obesidade deveriam fazer parte do rol de
políticas públicas de saúde, por esse motivo os profissionais que prescrevem
exercício devem estar preparados para atender às necessidades desse grupo.
Sobrepeso e obesidade são conceitos relacionados, mas que denotam
condições diferentes.
Saiba mais
O sobrepeso pode ser definido como um aumento excessivo da massa corporal
em relação à estatura, enquanto a obesidade refere-se a um acúmulo demasiado
de gordura que compromete a saúde do indivíduo.
O excesso de gordura corporal decorre de um balanço calórico positivo que se
dá pela combinação entre ingestão calórica demasiada com gasto energético
diário insuficiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define obesidade
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 9/88
como uma condição na qual o excesso de gordura acumulada pode afetar
negativamente a saúde, aumentando o risco de doenças (WHO, 2000).
Em geral, a presença de sobrepeso e obesidade é determinada com base no
índice de massa corporal (IMC), que relaciona a massa corporal à estatura
(kg/m2). Veja a seguir.
Sobrepeso
Um indivíduo tem
sobrepeso quando seu IMC
está entre 25 e 29,9kg/m2
Obesidade
Um adulto com um IMC de
30kg/m2 ou mais é
considerado obeso.
A obesidade tem origem multifatorial, sendo determinada por fatores genéticos,
endócrinos, metabólicos e ambientais.
Fatores genéticos
Os fatores genéticos não se encontram bem esclarecidos, mas parecem
envolver aspectos neuro-hormonais responsáveis pela regulação do apetite e
da saciedade. Desordens, como hipotireoidismo e problemas no hipotálamo,
alterações no metabolismo de corticosteroides, hipogonadismo em homens e
ovariectomia em mulheres, síndrome de Cushing e dos ovários policísticos,

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 10/88
podem levar à obesidade. Além disso, o metabolismo em repouso sofre
influência genética com impacto no gasto energético, assim, algumas pessoas
gastam mais energia do que outras.
No entanto, o aumento da prevalência da obesidade em
termos populacionais deve-se a fatores ambientais,
principalmente, às dietas hipercalóricas e à redução dos
níveis de atividadefísica que, combinados às condições
genéticas predisponentes, acarretaram o acúmulo de gordura
corporal na população.
O controle da obesidade é considerado uma importante estratégia de promoção
da saúde pública, pois são inúmeros os benefícios da redução da gordura
corporal. Entre os efeitos favoráveis, podemos citar:
Redução do risco para doença cardiovascular e metabólica, com
atenuação da pressão arterial.
Redução do LDL e dos triglicerídeos, concomitante ao aumento do
HDL-colesterol e melhor tolerância à glicose.
Redução dos marcadores inflamatórios que favorecem o
desenvolvimento da aterosclerose.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 11/88
As diretrizes relacionadas ao controle do peso em indivíduos com sobrepeso ou
obesidade recomendam uma redução mínima de 10% na massa corporal.
Todavia, existem estudos que demonstraram efeitos benéficos no risco para
doença cardiovascular e metabólica associadas a reduções menores. De fato,
melhorias em fatores do risco parecem ocorrer em associação com reduções da
ordem de 2-3% da massa corporal em indivíduos obesos (DONNELLY et al.,
2009).
Entre as estratégias não
medicamentosas possíveis, o
exercício é o componente mais
importante do gasto energético diário
e tem grande potencial para melhorar
o equilíbrio energético, pois é sabido
que dieta e exercícios são
componentes importantes nos
programas de perda de peso.
Indivíduos fisicamente ativos têm menor propensão a ganhar peso e exibem
mais facilidade de manter as metas atingidas após programas de
emagrecimento com restrição calórica. Assim, além das melhorias na
composição corporal, a inclusão de exercícios físicos no tratamento da
obesidade favorece a manutenção da perda de peso em longo prazo.
Dica
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 12/88
Deve-se notar que modificações de hábitos por meio da prática de atividades
físicas parecem ser mais fáceis de manter em longo prazo do que, unicamente, a
restrição alimentar. Portanto, conhecer as características de programas de
treinamento físico para pacientes com sobrepeso ou obesidade é um aspecto
importante da formação dos profissionais de Educação Física.
Atividade física e obesidade:
características e recomendações
A obesidade é uma desordem decorrente de alta ingestão e do baixo gasto
energético, e as evidências sugerem que a ingestão é mais determinante do que
o gasto em si. Contudo, a inatividade física tende a potencializar o problema e
muitos estudos demonstram associação entre obesidade e inatividade física.
Recomendação
Mudanças no estilo de vida que associem aumento na quantidade de atividades
físicas e reeducação alimentar consistem no melhor tratamento. Os estudos
indicam que os benefícios em pacientes obesos podem ser obtidos com
atividades físicas de intensidades baixas, moderadas ou altas – na verdade, o
gasto calórico é o fator mais importante.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 13/88
O gasto energético diário é composto de três grandes componentes: taxa
metabólica de repouso (TMR), efeito térmico dos alimentos e efeito térmico da
atividade física.
A TMR responde pela maior parte do gasto energético (60-80%),
correspondendo ao necessário para os sistemas orgânicos funcionarem
em repouso.
O efeito térmico das atividades físicas é extremamente variável,
respondendo por 15 a 40% do gasto energético total, dependendo do tipo,
da intensidade e da duração das atividades.
TMR 
Efeito térmico das atividades físicas 
Efeitos térmicos dos alimentos 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 14/88
O efeito térmico dos alimentos responde por 10% do gasto energético
total, pouco variando com quantidade e composição das refeições.
Tratar a obesidade unicamente por restrição calórica pode levar à diminuição da
massa muscular, com impacto desfavorável na TMR. Além disso, face à restrição
calórica, parece que o organismo tende a “reajustar” o metabolismo em repouso,
com redução na TMR (teoria do set point).
Esses fatores contribuem com maior dificuldade para a perda de peso e a
facilidade para retomar os níveis iniciais, mesmo que se mantenha a restrição
calórica.
Por isso, muitos autores consideram
que intervenções apenas com dietas
sejam pouco eficazes em longo prazo.
Por outro lado, ao combinar dieta com
exercícios físicos, contribui-se para
manter a massa muscular e a TMR,
com melhores resultados em termos
de manutenção dos resultados para
perda de peso.
O gasto energético das atividades físicas é extremamente variável, podendo ser
aumentado de acordo com o tipo e a duração das sessões de treinamento.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 15/88
Normalmente, exercícios envolvendo grandes massas musculares, intensidade
moderada a elevada e duração adequada podem aumentar em mais de 10 vezes
o gasto energético em repouso, como em caminhadas aceleradas, corridas,
ciclismo ou natação.
Saiba mais
Adicionalmente, o exercício físico parece aumentar a TMR em termos agudos,
em virtude da oxidação de substratos produzidos (lactato etc.), maiores níveis de
catecolaminas, normalização da temperatura corporal e estimulação de síntese
proteica. Alguns estudos sugerem que essa elevação da TMR possa persistir
várias horas depois de uma sessão de exercícios. Na prática, programas de
treinamento visando perda de peso tendem a dar maior ênfase à regularidade
(frequência semanal) do que à intensidade dos exercícios.
A maior parte dos programas de emagrecimento envolve algum tipo de restrição
na ingestão calórica (500 a 1.500kcal/dia) ou deficit calórico advindo da
combinação de dieta e exercício visando ao emagrecimento (por exemplo,
900kcal/dia da dieta e 300kcal/dia do exercício, totalizando 1.200kcal/dia).
Em princípio, deficits calóricos similares induzem perdas de peso similares,
independentemente do fato de serem atingidos por meio de dieta exclusiva ou
combinada com atividades físicas. Contudo, o papel das atividades físicas na
perda de massa corporal depende do quanto a dieta é restritiva. Veja.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 16/88
Quando a ingestão calórica é muito severa (600-1.000kcal/dia), os
estudos costumam relatar perdas de massa equivalentes em grupos
que se exercitam ou não. Talvez, haja adaptações metabólicas,
inclusive a teoria do set point, que resultam na atenuação do efeito
somativo da dieta com os exercícios físicos.
Quando a restrição dietética é menos severa (500-700kcal/dia), a
contribuição das atividades físicas em médio e longo prazos é maior,
com perdas de peso cerca de 20% maiores em comparação com
programas de dieta isolada.
Os exercícios aeróbios são os mais indicados para o tratamento da obesidade,
em função das maiores possibilidades de aumentar o gasto calórico e o impacto
favorável sobre fatores de risco cardiovasculares e metabólicos em geral
(dislipidemia, resistência à insulina, marcadores inflamatórios, função endotelial,
hipertensão etc.).
O treinamento de força isolado tem
pouco impacto no efeito térmico das
atividades físicas e altera apenas a
TMR. No entanto, há vantagens em
incluir exercícios resistidos, devido
aos ganhos de força e de massa
muscular. No caso da força, há
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 17/88
impacto positivo na capacidade de
realização das atividades cotidianas,
como a caminhada, por exemplo.
Indivíduos muito obesos têm baixa
capacidade de gerar forçaem
comparação com a massa corporal
(força relativa).
O termo sarcopenia refere-se a uma síndrome que associa perda de massa e
força muscular e limitações funcionais importantes. Quando a perda de massa
muscular coexiste com a obesidade, pode ocorrer uma condição denominada
obesidade sarcopênica.
Obesidade sarcopênica
Nesses casos, apesar de a força absoluta não ser baixa, seus níveis são
insuficientes para atender às demandas da massa corporal excessiva. A
obesidade sarcopênica associa-se com diversas anormalidades
cardiometabólicas e fatores de risco para doença cardiovascular, sendo
marcador para maior risco de mortalidade.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 18/88
Por outro lado, estudos epidemiológicos
sugerem que a participação em 30
minutos diários de atividades físicas com
intensidade moderada a vigorosa reduziria
em 30% o risco de desenvolvimento de
obesidade sarcopênica em pacientes
obesos; e quando é complementado por
treinamento da força, a redução do risco
chega a 70%.
(AGGIO et al., 2016).
O incremento dos níveis de força em obesos, além de aumentar a capacidade de
realização das atividades diárias e diminuir o risco de obesidade sarcopênica,
contribui para um desempenho durante a prática dos exercícios físicos,
favorecendo a aderência aos programas de treinamento e a estilos de vida mais
ativos.
Recomendação
Com a finalidade de reduzir o risco para doença cardiovascular e metabólica,
recomenda-se para a população em geral a prática mínima de 150 minutos
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 19/88
semanais de atividades físicas com intensidade leve a moderada, durante 5 dias
na semana.
Isso parece, contudo, não ser suficiente para programas com objetivo de
emagrecimento. A frequência e a duração das sessões dependem das
condições clínicas e funcionais dos pacientes. Há recomendações sugerindo
sessões de 20 a 60 minutos, mas existem debates sobre a pertinência de
sessões fracionadas mais curtas, por exemplo, com 10 minutos, feitas diversas
vezes ao longo de um único dia. Frequências acima de 5 dias/semana parecem
não trazer benefícios adicionais, aumentando o risco de lesões que são
contraproducentes para o treinamento.
O volume deve preponderar sobre outros aspectos do treinamento em
programas de emagrecimento para obesos, que deveriam começar com 150
min/semana, progredindo para 200 a 300 min/semana na mesma intensidade.
Caso o paciente não consiga atingir
essa meta, deve ser incentivado à
medida que sua capacidade aumenta,
mas com a recomendação mínima de
30 minutos em 5 vezes/semana. O
conceito de progressão pressupõe que
o indivíduo esteja adaptado às cargas
antes que sejam aumentadas e,
quando possível, deve-se aumentar
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 20/88
volume e intensidade dos estímulos,
para que adaptações ocorram.
Em programas de exercícios para obesos, incrementos na duração e na
frequência devem preceder incrementos na intensidade, para que haja conforto
na evolução do treinamento. Deve-se lembrar que o gasto calórico associado a
caminhar e correr certa distância é o mesmo, logo, se o indivíduo fica mais
confortável ao caminhar ao invés de correr, é possível atingir gasto energético
similar mantendo a distância percorrida.
Assim, pode-se compensar a decisão
de fazer exercícios com menor
intensidade, através do aumento da
duração das sessões ou mesmo da
frequência semanal. Quanto ao
treinamento resistido, complementar
ao treinamento aeróbio, as
recomendações para pacientes
obesos incluem, em geral, de 8 a 10
exercícios para os principais
grupamentos musculares, realizados
com 1 a 3 séries de 8 a 12 repetições
máximas, com frequência de 2 a 3
dias não consecutivos na semana.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 21/88
Deve-se mencionar que, em termos da promoção da saúde de obesos, efeitos
favoráveis sobre fatores de risco para a doença cardiovascular ou metabólica
podem ocorrer independentemente da perda de massa corporal. Isso é
importante pois, para o paciente, a carência de resultados na balança pode ser
desestimulante.
Comentário
A corrente teórica do fat but fit (“gordo, mas apto”) trabalha com a hipótese de
que indivíduos com bons níveis de aptidão física, mesmo com sobrepeso,
exibem menor risco de morbimortalidade por doenças cardiovasculares do que
indivíduos que possuem peso normal, mas têm aptidão física reduzida.
Nesse sentido, é possível diminuir fatores de risco e aumentar a aptidão física
em pacientes obesos de idades diversas, sem haver modificações significativas
no peso. Lembre-se disso quando avaliar o sucesso de programas de exercícios
para obesos.
Deve-se notar que a prática de atividades físicas é o melhor preditor da
manutenção do peso atingido após programas de emagrecimento. As
informações indicam que indivíduos fisicamente ativos têm menor chance de
engordar novamente. Essa relação é mais forte à medida que o tempo ocupado
com atividades de maior intensidade aumenta, ainda que o volume ideal de
atividades físicas para a prevenção do ganho de peso não esteja definido,
variando bastante entre os indivíduos.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 22/88
Níveis mínimos de 150 min/semana
costumam ser recomendados para
prevenir o ganho de peso após o
emagrecimento, enquanto níveis de 200-
300 minutos de atividades de moderadas a
vigorosas parecem ser mais eficazes para
prevenção em longo prazo.
(DONNELLY et al., 2009).
A seguir, vamos acompanhar um resumo das evidências que se referem ao
impacto de programas de exercícios visando ao emagrecimento, particularmente
em indivíduos com sobrepeso ou obesidade.
 Rotinas de atividades físicas realizadas por 150-
250min/semana, com gasto calórico de 1.000-
2 000k l/ i h d l
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 23/88
2.000kcal/semana, para prevenir ganhos de massa corporal
acima de 3% na maioria dos adultos.
 Existe uma relação de dose-resposta entre tempo
despendido com atividades físicas e redução da massa
corporal. Volumes menores que 150min/semana resultam
em perda mínima em comparação com indivíduos inativos;
> 150/min em perdas moderadas (2-3kg); entre 225-
420min/semana em perdas da ordem de 5-7,5kg.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 24/88
 Para prevenir o reganho de peso após emagrecimento, um
mínimo de 150 min/semana de atividades físicas
moderadas parece ser necessário. Apesar de o montante
ideal não estar definido, há evidências de que em longo
prazo a manutenção do peso seja mais facilitada por
atividades físicas moderadas e vigorosas durante 200-300
min/semana.
 A prática de atividades físicas contribui com a perda de
peso quando a restrição calórica na dieta é moderada (500-
700kcal). Contudo, quando a restrição calórica na dieta é
severa (600-1.000kcal), o efeito das atividades físicas é
modesto.
 Exercícios resistidos isolados não parecem ser eficazes
para induzir deficit calórico que leve a perdas relevantes na
massa corporal, com ou sem restrição dietética. Por outro
l d há idê i d ti d t i t
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 25/88
Exercício físico e obesidade
O especialista Paulo Farinatti destaca a prescrição de exercícios para indivíduos
obesos.
lado, há evidências de que esse tipo de treinamento
contribui com a manutenção da massa magra etem
impacto favorável em fatores de risco para doença
cardiovascular ou metabólica, independentemente de
efeitos sobre a massa corporal (HDL-C, LDL-C, insulina,
pressão arterial etc.).

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 26/88
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 27/88
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em relação a pacientes com obesidade, é correto afirmar que:
A
exercícios com intensidade elevada e volumes reduzidos são
a melhor opção para melhorar a condição clínica desses
pacientes, pois seu impacto sobre a capacidade
cardiorrespiratória é maior do que exercícios com
intensidades mais baixas.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 28/88
Parabéns! A alternativa B está correta.
B
os efeitos do exercício físico sobre fatores de risco
associados à obesidade parecem independer de
modificações na massa e na composição corporal, ocorrendo
na proporção do volume de atividades físicas realizado
semanalmente.
C
pacientes obesos são propensos à hipotensão durante o
exercício, que, portanto, deve ser indicado com parcimônia.
D
o emagrecimento é condição primária para que se reduzam
os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da
síndrome metabólica e diabetes.
E
sobrepeso e obesidade são sinônimos, já que em ambos os
casos há risco aumentado para doença cardiovascular e
metabólica.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 29/88
O volume de exercícios físicos parece preponderar sobre a intensidade no
que tange à redução de fatores de risco para doença cardiovascular e
metabólica devidos à obesidade. O exercício, além disso, tem influência
independente sobre esses fatores de risco, acarretando adaptações
favoráveis mesmo quando modificações significativas na massa e na
composição corporal não acontecem.
Questão 2
Dentre as características dos exercícios físicos para pacientes com
obesidade, é correto afirmar que:
A
todos os tipos de treinamento são capazes de reduzir a
massa e a gordura corporal.
B
o volume de atividades físicas é um aspecto irrelevante da
prescrição dos exercícios, já que não existe uma relação dose-
resposta entre atividades físicas e emagrecimento.
C
dietas muito rigorosas tendem a reduzir a contribuição da
prática de exercícios físicos para o emagrecimento em médio
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 30/88
Parabéns! A alternativa C está correta.
A prática de atividades físicas contribui com a perda de peso quando a
restrição calórica na dieta é moderada (500-700kcal), mas parece diminuir
quando a dieta é severa, talvez por adaptações metabólicas em resposta às
condições mais extremas de deficit calórico.
e longo prazos.
D
o treinamento resistido é contraindicado para pacientes
obesos, uma vez que não contribui para o emagrecimento e
aumenta o risco de lesões articulares.
E
o conceito de fat but fit sugere que devamos melhorar a
aptidão física, sem grandes preocupações com o percentual
de gordura dos pacientes.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 31/88
2 - Prevenção e tratamento da síndrome metabólica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os benefícios e as características de programas
de exercícios para a prevenção e o tratamento da síndrome metabólica.
De�nição e etiologia da síndrome
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 32/88
metabólica
Os riscos à saúde relacionados com a obesidade aumentam quando surgem
outros fatores de risco, em virtude do acúmulo de gordura central. Não apenas a
quantidade, mas a distribuição da gordura corporal tem importância, do ponto de
vista clínico, sobretudo no que tange ao desenvolvimento das doenças
metabólicas. Sabe-se que o excesso de gordura na região abdominal aumenta a
resistência à insulina, com impacto desfavorável no metabolismo lipídico e
aumento nos níveis inflamatórios.
Esses fatores levam a disfunções vasculares predispondo ao desenvolvimento
de hipertensão. Isso caracteriza uma condição conhecida como síndrome
metabólica.
Saiba mais
Também chamada no passado de síndrome X, síndrome da resistência à
insulina, ou síndrome plurimetabólica, a síndrome metabólica se caracteriza pela
presença conjunta de obesidade central, dislipidemia (níveis altos de LDL-
colesterol e triglicerídeos e baixos de HDL-colesterol), hipertensão, resistência à
insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose e diabetes tipo 2.
A importância do tratamento precoce da síndrome metabólica reside em sua
relação com o desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Diversos critérios foram propostos para diagnosticá-la, visando identificar
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 33/88
indivíduos com risco elevado de desenvolver doenças mais graves, como o
diabetes e a doença coronariana. Como tratamento, estratégias envolvendo
medicamentos e mudanças na alimentação são importantes. No entanto, como
a inatividade física consiste em um dos fatores da síndrome metabólica,
diversos estudos demonstram que a prática regular de atividades físicas é
importante para sua prevenção e tratamento.
Um dos problemas enfrentados pelos estudos refere-se ao fato de a sua
definição não ser unânime, dificultando o diagnóstico e o tratamento. Assim,
diferentes organizações propuseram algumas definições com o intuito de
favorecer comparações entre as pesquisas sobre essa condição. Veja a seguir.
Em 1998, critérios para caracterizar a síndrome metabólica foram
definidos pela OMS, nos quais incluíam-se a hipertensão, a dislipidemia
e o diagnóstico de obesidade. A excreção urinária de albumina
(microalbuminúria) aparece como critério, em virtude de sua relação
com potencial disfunção renal, com contribuição para a hipertensão.
Recentemente, notou-se que a microalbuminúria poderia ser utilizada
como marcadora de agressão ao endotélio, passando então a ser
considerada como um marcador de risco para doença cardiovascular.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 34/88
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade
Relação cintura/quadril > 0,9 em homens e > 0,85
em mulheres e/ou IMC > 30kg/m²
Glicose (≥
110mg/dL)
Diabetes, intolerância glicídica ou resistência
insulínica comprovada*
Triglicerídeos ≥ 150mg/dL
HDL
< 35mg/dL em homens e < 39mg/dL em
mulheres
Pressão arterial
Pressão sistólica ≥ 140mmHg ou diastólica ≥
90mmHg, ou tratamento para HA
Outros
Excreção urinária de albumina ≥ 20mcg ou
relação albumina/creatinina ≥ 30mg/g
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela OMS, 1998. *Dois fatores e
obrigatoriamente o componente assinalado.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 35/88
A obesidade visceral era considerada secundária, o que foi alvo de
críticas, assim como a presença do IMC e a relação cintura/quadril
entre os critérios, de menos aplicabilidade clínica e relevância limitada
na avaliação da gordura visceral. Por essas razões, em 2001, o National
Institute of Health norte-americano formou um grupo de trabalho
denominado Third Adult Treatment Panel (ATP III). Como fruto dessas
discussões, sugeriu-se um novo critério para caracterizar a síndrome
metabólica.Veja a seguir:
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade
central
Circunferência abdominal > 102cm em homens e >
88cm em mulheres
Triglicerídeos ≥ 150mg/dL
HDL < 40mg/dL em homens e < 50mg/dL em mulheres
Pressão arterial PAS ≥ 130mmHg e PAD ≥ 85mmHg
Glicemia de ≥ 110mg/dL
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 36/88
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
jejum
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela ATPIII.
Esse critério revelou-se mais simples e prático, pois não usava o peso e a
microalbuminúria, mas requeria a presença de três componentes para a sua
determinação.
Com as evidências da relação entre obesidade e risco cardiovascular,
houve uma tendência a valorizar esse componente para o diagnóstico
da síndrome metabólica. Em 2005, a International Diabetes Federation
(IDF) recomendou novos critérios para diagnóstico da síndrome
metabólica, em que a obesidade central, avaliada pela medida da
circunferência abdominal, passava a ser importante (ALBERTI; ZIMMET;
SHAW, 2005). Conforme a tabela a seguir, o ponto de corte para a
medida dessa circunferência abdominal em populações fora dos
Estados Unidos tornou-se mais estrito, sendo ≥ 80cm para mulheres e ≥
94cm para homens.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 37/88
Circunferência abdominal de acordo com sexo e etnia
Homens (cm) Mulheres (cm)
Norte-americanos 102 88
Europeus 94 80
Sul-asiáticos/Chineses 90 90
Sul-
americanos/Africanos
90 80
Japoneses 85 90
Presença de dois ou mais dos seguintes critérios
Triglicerídeos > 150mg/dL
HDL ≤ 40mg ≤ 50mg/dL
Pressão Arterial
Sistólica ≥ 135mmHg ou Diastólica ≥
85mm/Hg
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 38/88
Circunferência abdominal de acordo com sexo e etnia
Glicemia de jejum ≥ 100mg/dL
Ou tratamento para dislipidemia e/ou hipertensão
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela ATPIII.
Em 2005, a American Heart Association (AHA) e o National Heart, Lung, and
Blood Institute (NHLBI) mantiveram os critérios propostos pelo NCEP ATP III, por
não enfatizarem apenas uma etiologia para caracterizar a síndrome metabólica e
devido à sua aplicabilidade simples. Alterou-se apenas o corte da glicemia de
jejum de 110 para 100mg/dL, por ajustes feitos pela American Diabetes
Association no diagnóstico do diabetes (GRUNDY et al., 2005). Publicou-se
também a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome
Metabólica (I-DBSM), com o apoio da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005),
que utiliza para diagnóstico os critérios do NCEP ATP III.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 39/88
A síndrome metabólica é também
caracterizada pela presença de
hipertensão, que se faz presente na
maior parte dos pacientes com
diabetes tipo 2. De fato, a hipertensão
é duas vezes mais frequente nos
indivíduos diagnosticados com
diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2017). Embora a relação
entre obesidade, síndrome metabólica
e hipertensão seja clara, os
mecanismos pelos quais ocorrem não
estão esclarecidos. Há evidências de
que a obesidade central aumenta a
pressão intra-abdominal, comprimindo
os rins e elevando a pressão
intratubular, dificultando a excreção de
sódio e a regulação da pressão arterial
através da excreção (natriurese
pressórica).
Paralelamente, a produção de leptina pelo tecido adiposo central estimula o
sistema nervoso simpático; níveis elevados de LDL (dislipidemia), marcadores
inflamatórios e a hiperinsulinemia prejudicam a função endotelial, gerando
aterosclerose.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 40/88
Saiba mais
Logo, a hipertensão em obesos parece decorrer do efeito combinado de
aumento da sensibilidade ao sal, ativação neuro-humoral, alterações
metabólicas e problemas microcirculatórios, aumentando a resistência
periférica.
Assim, a síndrome metabólica decorre de diversas alterações metabólicas,
hormonais e inflamatórias que são relacionadas à obesidade e ao acúmulo de
gordura central. É uma condição que alia diversos transtornos que contribuem
para o desenvolvimento de aterosclerose, disfunção autonômica, intolerância à
glicose, resistência à insulina, disfunção renal e dislipidemias. A etiologia,
portanto, confunde-se com a gênese da hipertensão e do diabetes tipo 2, o que
explica por que a obesidade é considerada como fator de risco para essas
patologias.
Atividade física e síndrome metabólica:
características e recomendações
Os benefícios da prática de exercício para a prevenção e o tratamento da
síndrome metabólica devem ser compreendidos de forma multifatorial. Assim,
os programas devem considerar ao menos três fatores:
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 41/88
São fortes as evidências de que os benefícios da atividade física sobre a
síndrome metabólica podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada
ou alta, independentemente da modalidade. O exercício pode contribuir para
melhorias na massa e na composição corporal. Além disso, efeitos favoráveis
nos fatores de risco podem ocorrer independentemente de reduções na massa
corporal.
 Impacto na massa e
composição corporal.
 Impacto na resistência à
insulina e dislipidemia.
 Impacto na pressão arterial.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 42/88
No tratamento, algum tipo de restrição
alimentar faz-se sempre necessário.
No entanto, o uso exclusivo da dieta
leva à redução da TMR, em função de
declínio na massa muscular, sendo
contraproducente na manutenção do
peso, mesmo com a restrição calórica.
A combinação de restrição calórica
com exercício ajuda a manter a TMR,
melhorando o prognóstico de
programas de emagrecimento.
Outra razão para incluir exercícios em rotinas de tratamento de pacientes com
síndrome metabólica é o fato de a participação metabólica relacionada às
atividades físicas corresponder a 15-40% do gasto energético total diário. Isso
facilita o deficit calórico, contribuindo para que a restrição alimentar seja menor
e mais tolerável.
Exemplo
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 43/88
Por exemplo, um indivíduo de 90kg gasta aproximadamente 570kcal para
caminhar 7km. Se o deficit calórico diário almejado é de 1000kcal, isso significa
que a dieta deverá provocar um deficit de apenas 430kcal, caso o paciente
caminhe todos os dias. Assim, pode-se recomendar que programas de exercício
para indivíduos com síndrome metabólica incluam 150min semanais de
atividades moderadas, progredindo-se aos poucos para 200-300min semanais.
Lembre-se que restrições calóricas severas podem limitar a contribuição do
exercício na perda de peso, principalmente em médio e longo prazos. A melhor
tolerância a dietas menos restritivas e a menor eficácia do exercício quando as
dietas são radicais, indicam que se busque uma combinação de ambas as
estratégias em níveis compatíveis com a aceitação dos pacientes . Em suma,
programas de perda de peso para pacientes com síndrome metabólica deveriam
associar dieta e exercícios físicos moderados, que favoreçam a incorporação em
longo prazo.
Vamos falar sobre a resistência à insulina?
As relações entre sedentarismo e resistência à insulina são claras. As evidências
demonstram que maiores níveis de atividade física melhoram a sensibilidade à
insulina, com menor incidência dedoenças metabólicas (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).
Os efeitos crônicos do exercício sobre a sensibilidade à
insulina são claros, tanto em resposta ao treinamento aeróbio
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 44/88
quanto resistido de maneira isolada ou combinada. Os
mecanismos adaptativos desses exercícios são diferentes,
assim, a combinação de ambos otimiza os efeitos do
treinamento sobre a resistência à insulina e captação da
glicose.
Além disso, uma única sessão de exercício aumenta a disponibilidade de glicose
em indivíduos com e sem doença metabólica, um efeito que pode durar de 3 a 5
dias. Na prática, isso traz duas consequências para os programas para pacientes
com síndrome metabólica.
As atividades devem ser praticadas com regularidade e em longo prazo,
para que sobrevenham adaptações crônicas na sensibilidade à insulina
e captação da glicose.
A frequência semanal deve ser a maior possível, de maneira que o
paciente possa aproveitar-se dos efeitos benéficos agudos da
atividade. Independentemente dos efeitos em longo prazo, desde o
início já haveria uma menor resistência à insulina, com impacto
favorável no perfil glicêmico e na produção de ácidos graxos
circulantes.
As relações entre síndrome metabólica e hipertensão arterial são evidentes. A
terapia medicamentosa é necessária em grande parte dos casos de hipertensão.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 45/88
Contudo, outras estratégias otimizam o tratamento, como dieta e exercício.
Curiosidade
O efeito anti-hipertensivo dos treinamentos aeróbio e de força é claro na
literatura. Estima-se que a prática de exercícios aeróbios e resistidos, isolados ou
combinados, pode reduzir a pressão arterial em repouso e ambulatorial na
ordem de 5 a 7mmHg.
Na relação entre intensidade e volume dos exercícios aeróbios, a regularidade
seria fator determinante da magnitude do efeito hipotensivo. Assim, apesar de
as recomendações mencionarem frequências semanais de 3 a 5 vezes/semana,
pode-se pensar que o exercício aeróbio deveria ser feito todos os dias da
semana. Outro aspecto que valoriza a regularidade da prática dos exercícios
aeróbios é a hipotensão pós-exercício.
Hipotensão pós-exercício
Após uma sessão de exercícios aeróbios ou de força, há tendência de os
valores pressóricos permanecerem reduzidos por várias horas, em relação aos
dias em que não se exercita. Então, exercitar-se todos os dias significaria
provocar reduções agudas diárias da pressão arterial, com redução do risco
cardiovascular nos dias de treinamento.
Recomendação
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 46/88
Assim, recomenda-se que indivíduos hipertensos realizem pelo menos 150
minutos/semana (5 sessões de 30min) de atividade aeróbia com intensidade de
moderada a alta. Complementarmente, sugere-se ministrar de duas a três
sessões de exercícios resistidos por semana. Pode ocorrer aumento gradativo
de até 300min/semana de exercícios aeróbios de intensidade moderada ou de
150min/semana de exercícios aeróbios de alta intensidade.
Programas extramuros
Adaptações favoráveis na pressão arterial parecem ocorrer em resposta ao
treinamento de intensidade moderada (40 a 60% da máxima capacidade
cardiorrespiratória). Em geral, os efeitos pressóricos favoráveis ocorrem em uma
larga faixa de intensidade; assim, quando se trata de pacientes hipertensos, o
volume é um aspecto mais importante do que a intensidade, principalmente a
frequência semanal.
Isso permite estratégias menos ortodoxas de prescrição do exercício, como é o
caso dos programas extramuros (não formais). Com isso, favorece-se a adesão
e a independência para a prática de exercícios, com economia de recursos
humanos e materiais. Em geral, o tempo para as sessões de exercício aeróbio,
contínuas ou intermitentes, varia entre 30 e 60min/dia. Quanto ao tipo de
atividades, a maior parte dos posicionamentos oficiais propõe exercícios
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 47/88
envolvendo grandes grupamentos musculares, que possam ser sustentados por
períodos adequados na faixa de intensidade preconizada.
Programas extramuros
Nesses programas, abdica-se do controle fisiológico e supervisão estrita das
atividades, investindo no treinamento dos pacientes para que possam realizar
as atividades em casa, sem a dependência da proximidade de centros de
treinamento. Muitas são as estratégias, desde encontros para avaliação e
treinamento até prescrições que seguem pelos smartphones.
No que diz respeito aos exercícios de
força, os resultados demonstram que
essa modalidade tem efeito anti-
hipertensivo isolado, que pode ser
similar aos do treinamento aeróbio, ao
menos em indivíduos com
hipertensão.
Além disso, outra contribuição do
treinamento de força para o
hipertenso é o fato de que se tornará
mais forte e as atividades cotidianas
representarão menor carga relativa e
exercerão menos impacto sobre as
respostas hemodinâmicas, reduzindo
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 48/88
a sobrecarga cardiovascular no
cotidiano.
A maior parte dos posicionamentos oficiais recomenda uma frequência semanal
de 2 a 3 vezes/semana no treinamento de força para hipertensos, com
intensidade de 60 a 80% da carga máxima (1RM), o que equivaleria a 8 a 12
repetições em cada série de exercícios.
A tabela a seguir apresenta recomendações de exercícios para a redução nos
fatores de risco associados à síndrome metabólica. Observe que as atividades
com impacto favorável aos fatores de risco são muitas, seja quanto à
modalidade ou nas combinações de volume e de intensidade. O princípio de que
“qualquer atividade será melhor do que nenhuma” faz-se presente e deve ser
levado em conta pelo profissional. Ao deixarem de ser inativos e terem rotina de
atividades físicas, por mais leves que sejam, a expectativa é que os pacientes
exibam melhora em um ou mais fatores de risco, notadamente aqueles cuja
resposta não depende da intensidade do exercício.
Recomendações gerais
Pelo menos 30 minutos de atividade física leve a moderada de forma
contínua ou acumulada na maioria dos dias de semana, incluindo
mudanças no cotidiano (subir escadas, usar menos o carro ou realizar
atividades de lazer ativo).
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 49/88
Recomendações gerais
Recomendações específicas
Frequência
3 a 5 dias/semana (em iniciantes, 2 dias/semana
podem ser suficientes).
Intensidade
As atividades aeróbias são as principais em
programas direcionados a pacientes com síndrome
metabólica. Na maior parte dos pacientes, atividades
de intensidade moderada são suficientes e
adequadas. Por exemplo, deve-se conseguir falar
durante o exercício. Isso corresponderia a
intensidades de 50-70% da FC de reserva ou 50-65%
do VO2 pico.
Exercícios resistidos são indicados, devendo também
ser realizados com carga moderada, correspondendo
a aproximadamente 50-60% da força máxima.
Tipo
Exercícios aeróbios e resistidos isolados ou
combinados.
Tempo
(duração)
30-60 minutos contínuos ou fracionados (mínimo de
10 minutos).
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 50/88
Recomendações gerais
Precauções
Em pacientes > 35 anos diagnosticados com síndrome
metabólica, uma avaliação clínica e ergométrica é
recomendada, antes do início das atividades físicas.
Tabela: Recomendações de exercício físico na síndrome metabólica.
Atividade física e síndrome metabólica
Oespecialista Paulo Farinatti apresentará os principais fatores envolvidos na
prática de exercícios para pacientes com síndrome metabólica.

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 51/88
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 52/88
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
São variáveis importantes para o diagnóstico da síndrome metabólica:
A IMC, relação cintura-quadril e hemoglobina glicada.
B
Glicemia, HDL, triglicerídeos, pressão arterial e circunferência
da cintura.
C Triglicerídeos, colesterol, LDL, VLDL e glicemia.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 53/88
Parabéns! A alternativa B está correta.
Em 2005, a International Diabetes Federation (IDF) recomendou novos
critérios para o diagnóstico da síndrome metabólica, em que a obesidade
central, avaliada pela medida da circunferência abdominal, passava a ser
importante, além dos triglicerídeos, HDL, pressão arterial e glicemia em jejum.
Questão 2
Pode-se afirmar, quanto à prescrição do exercício para pacientes com
síndrome metabólica, que:
D Pressão arterial, hemoglobina glicada, colesterol e IMC.
E IMC, relação cintura-quadril, glicemia e colesterol.
A
Apenas atividades vigorosas são indicadas, pela baixa
sensibilidade do HDL a atividades com intensidade reduzida.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 54/88
Parabéns! A alternativa C está correta.
Programas de exercícios para pacientes com síndrome metabólica deveriam
considerar ao menos três fatores:
B
Uma vez que a dieta dá conta do deficit calórico desejado, a
atividade física pode ser considerada dispensável.
C
Os programas de exercícios devem considerar o impacto na
gordura central, porquanto essa variável influencia na
resistência à insulina, dislipidemia e pressão arterial.
D
O volume de atividades é fundamental para provocar efeitos
na pressão arterial e HDL, devendo situar-se em torno de
420min/semana.
E
O treinamento resistido tem pouca contribuição para os
fatores de risco para doença cardiovascular e metabólica
nesses pacientes.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 55/88
a) impacto na massa e composição corporal;
b) impacto na resistência à insulina e dislipidemia;
c) impacto na pressão arterial. Esses fatores compõem o mosaico de
condições patológicas que caracteriza a própria síndrome metabólica, sendo
todos decorrentes do acúmulo de gordura central.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 56/88
3 - Exercícios para a prevenção e o tratamento do diabetes
mellitus
Ao �nal deste módulo, você será capaz de conhecer os benefícios e as características de programas
de exercícios para a prevenção e o tratamento do diabetes mellitus.
De�nição e etiologia do diabetes
O diabetes é uma doença caracterizada por hiperglicemia persistente, decorrente
de deficiência na produção ou sensibilidade à insulina. Suas complicações
incluem distúrbios micro e macrovasculares que resultam em retinopatia,
nefropatia, neuropatia, doença coronariana, doença cerebrovascular e doença
arterial periférica, gerando complicações, disfunções e insuficiência de vários
órgãos, especialmente, olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos.
O diabetes também acarreta problemas no sistema musculoesquelético,
digestório, função cognitiva e saúde mental, além de estar associado a diversos
tipos de câncer.
Existem dois tipos de diabetes. Veja.
Diabetes do tipo 1 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 57/88
O tipo 1 responde por 5-10% dos casos, consistindo em uma doença
poligênica que resulta na destruição autoimune das células beta do
pâncreas – as quais são responsáveis pela produção de insulina –,
ocasionando deficiência completa na produção desse hormônio,
tornando necessário o uso de insulina exógena. Isso pode ocorrer em
qualquer idade, mas a prevalência é maior em crianças e jovens.
O diabetes do tipo 2 (90-95% dos casos) tem etiologia multifatorial,
envolvendo componentes genéticos e ambientais, com perda progressiva
de secreção insulínica combinada com a resistência. Além da história
familiar, hábitos dietéticos e inatividade física destacam-se como fatores
de risco, pela sua relação com a obesidade. Em geral, decorre de uma
diminuição da secreção de insulina, devido a um estado de resistência
insulínica progressiva. Em 80 a 90% dos casos, associa-se ao excesso de
peso e a outros componentes da síndrome metabólica. Via de regra,
acomete indivíduos a partir de 40 anos.
Em suma, podemos compreender da seguinte maneira:
Diabetes do tipo 2 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 58/88
Características
Tipo 1 -
Insulinodependente
Tipo 2 - Não
insulinodependente
Outro nome Juvenil Adulta
Proporção dos
diabéticos
~10% ~90%
Idade de início < 20 anos > 40 anos
Desenvolvimento
da doença
Rápido Lento
Histórico familiar Incomum Comum
Necessidade de
insulina
Sempre
Nem sempre (pode
ser tratada com
medicamentos)
Insulina
pancreática
Nenhuma ou pouca Normal ou elevada
Cetoacidose Comum Rara
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 59/88
Características
Tipo 1 -
Insulinodependente
Tipo 2 - Não
insulinodependente
Gordura corporal Normal/magro Geralmente obeso
Tabela: Diferenças entre diabetes do tipo e 1 e 2.
O diagnóstico do diabetes é complexo em virtude de sua gênese multifatorial e
pelo fato de se manifestar de maneira assintomática em grande parte dos
indivíduos. Normalmente, o diagnóstico é feito por meio do rastreamento de
diversos fatores de risco, além da glicemia sanguínea.
Atenção!
A tolerância à glicose é um aspecto importante da doença, sendo testada por
diversos exames, entre eles a glicemia em jejum, teste de tolerância oral à
glicose e hemoglobina glicada. A confirmação do diagnóstico exige a repetição
dos exames alterados, quando há ausência de sintomas de hiperglicemia.
Os parâmetros de normalidade para esses exames e os critérios para pré-
diabetes e diabetes estão descritos a seguir.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 60/88
Critérios diagnósticos para o diabetes
Exame Normal
Pré-
diabetes
Diabetes
Glicemia de jejum (mg/dL) < 100 100 a 125 ≥ 126
Glicemia 2h após TOTG
com 75g de glicose
(mg/dL)
< 140 140 a 199 ≥ 200
Hemoglobina glicada (%) < 5,7 5,7 a 6,4 ≥ 6,5
Tabela: TOGT: teste de tolerância oral à glicose.
Os fatores de risco para o diabetes do tipo 2 são: história familiar, idade,
obesidade, sedentarismo, diagnóstico de pré-diabetes, diabetes gestacional e
presença de componentes da síndrome metabólica. A American Diabetes
Association (2017) propôs um questionário de risco para o desenvolvimento de
diabetes, que leva em consideração: idade, sexo, história de diabetes
gestacional, hipertensão arterial e nível de atividade física.
Quanto à distribuição da gordura corporal, o acúmulo na região central é de
maior risco, indicando-se maior quantidade de gordura visceral.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 61/88
O tecido adiposo visceral produz citocinas pró-inflamatórias e gera resistência à
insulina. O diabetes do tipo 2 não resulta apenas da quantidade,mas também da
distribuição da gordura corporal. O acúmulo de gordura na região abdominal
configura o que se conhece como obesidade central, perfil associado à presença
de níveis elevados de triglicerídeos e LDL e níveis reduzidos de HDL.
Comentário
Acredita-se que a resistência insulínica seja o elo entre as respostas
fisiopatológicas que caracterizam a síndrome metabólica. Adicionalmente, o
tecido adiposo produz muitas substâncias inibidoras da insulina, como
marcadores inflamatórios, citocinas, leptina, resistina e adiponectina. Assim,
observe que, quanto maior o acúmulo de gordura central, maior é a chance de se
observarem altos níveis de insulina – com baixa eficácia para diminuir a glicemia
– e de estimular o metabolismo dos ácidos graxos, o que aumenta a propensão
à hiperlipidemia.
Logo, a fisiopatologia da síndrome metabólica e o diabetes do tipo 2 são
relacionados. O agrupamento de fatores de risco como hipertensão, resistência
à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose e dislipidemia deriva,
principalmente, da obesidade central.
O depósito visceral de triglicerídeos passaria por um processo de degradação
mais rápido que o encontrado no tecido adiposo de outras regiões. Com isso,
grandes quantidades de ácidos graxos livres seriam liberadas na circulação,
causando hipertrigliceridemia e estimulando a produção de glicose pelo fígado
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 62/88
(gliconeogênese), que é também liberada na circulação. Como consequência,
ocorre hiperglicemia, o que estimula a hiperinsulinemia.
Saiba mais
Além disso, o excesso de ácidos graxos compete com a glicose enquanto
substrato energético utilizado pelos músculos, o que leva à necessidade de cada
vez mais insulina para que esta última seja carreada para dentro das células. Os
níveis elevados de insulina acabam por provocar resistência à sua ação, bem
como intolerância à glicose.
Em resumo, o excesso de gordura central provoca diminuição da sensibilidade à
insulina, mas as células beta-pancreáticas conseguem compensar essa situação
aumentando a sua produção. Nessa etapa, verifica-se hiperinsulinemia e
normoglicemia. Posteriormente, a resistência à insulina aumenta; e, mesmo com
incremento na secreção, a captação de glicose não normaliza. Ocorre, então, a
intolerância à glicose, observando-se simultaneamente hiperinsulinemia e
hiperglicemia. A sobrecarga imposta ao pâncreas acaba por limitar a própria
produção de insulina, progredindo-se para o diabetes do tipo 2.
Sendo o diabetes do tipo 2 uma condição patológica relacionada a problemas de
intolerância à glicose e/ou resistência à insulina, compreenda que a obesidade e
a síndrome metabólica tendem a aumentar a sua prevalência.
Atenção!
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 63/88
Portanto, o diabetes do tipo 2 é considerado uma das doenças crônico-
degenerativas com maior crescimento nas populações. A OMS alerta que
glicemia elevada seria o terceiro fator de mortalidade prematura, superada
apenas por pressão arterial aumentada e uso de tabaco. Sendo os níveis de
morbidade do diabetes relacionados com o aumento da obesidade e do
sedentarismo, o exercício físico emerge como estratégia-chave para reverter
essa tendência.
Atividade física e diabetes:
características e recomendações
A prática regular de exercícios provoca efeitos que beneficiam pacientes com
diabetes. Há efeitos favoráveis na composição corporal e esse fator é o principal
responsável por essa condição. Nesse sentido, não existem grandes diferenças
em relação aos benefícios da atividade física para pacientes obesos ou com
síndrome metabólica.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 64/88
Apesar de potencializados pelo
emagrecimento, os efeitos do
exercício, especialmente os aeróbios,
parecem ser independentes de
alterações na composição corporal,
pois a permeabilidade das fibras
musculares à glicose pode aumentar
em até cinco vezes.
Devido à reposição dos estoques de glicogênio muscular, a captação de glicose
permanece elevada por mecanismos independentes da insulina por até 2h e
insulinodependentes por até 48h após as sessões de treinamento, dependendo
da sua duração.
Há estudos que relataram redução dos níveis de glicose da
ordem de 50mg/dL durante e após exercício agudo, mesmo
quando realizado com duração relativamente curta (30-
45min) em diabéticos do tipo 2 com glicemia moderadamente
elevada (COLBERG et al., 2016). Além disso, a sensibilidade à
insulina aumenta durante aproximadamente 24h após
exercícios curtos (20-30min) realizados com intensidade
vigorosa, podendo chegar a 48h após sessões de treinamento
mais longas (60min) (CARTEE, 2019). Em obesos, exercícios
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 65/88
com intensidade moderada e duração curta (30min) podem
ter esse efeito (COLBERG et al., 2016).
Compreende-se que, idealmente, diabéticos devam exercitar-se na maior
frequência possível, com combinação de volume e de intensidade que otimizem
o dispêndio energético, de maneira a acelerar as adaptações que melhorem o
controle glicêmico.
Em longo prazo, considerando outras adaptações como abrandamento das
dislipidemias, em virtude de melhor capacidade de transporte lipídico sanguíneo
e menor produção de citocinas inflamatórias, melhora a tolerância à glicose e à
sensibilidade à insulina. Há fortes evidências de que o treinamento aeróbio reduz
os níveis plasmáticos de insulina em resposta às mesmas taxas de glicemia e
que esse efeito independe da redução do percentual de gordura, apesar de ser
por ela potencializado. Assim, contribui-se para o controle geral do metabolismo,
ajudando a prevenir a progressão da síndrome metabólica para o diabetes ou
prevenindo o agravamento dos pacientes diabéticos.
Saiba mais
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 66/88
Os incrementos na tolerância à glicose e na sensibilidade à insulina em resposta
ao treinamento ocorrem em proporção ao volume de exercícios. Mesmo com
volumes relativamente pequenos (cerca de 400kcal/semana), já haveria melhora
na ação da insulina em pacientes sedentários e com resistência à insulina.
Contudo, as melhores relações de dose-resposta têm sido observadas em
volumes equivalentes a 2.500kcal semanais.
O treinamento da força também traz benefícios para o diabético, sobretudo em
função da preservação da massa muscular, tecido responsável por grande parte
da captação da glicose sanguínea. As evidências relatam melhorias na glicemia
e resistência à insulina em diabéticos que praticam o treinamento de força
isoladamente ou combinado ao treinamento aeróbio. Exercícios aeróbios teriam
maior impacto no controle glicêmico, mas ambos têm potencial favorável em
fatores de risco cardiovascular observados em diabéticos.
Modalidades que combinam
exercícios aeróbios e resistidos em
alta intensidade parecem ter efeitos
superiores sobre os fatores de risco,
glicemia e sensibilidade à insulina de
diabéticos, do que exercícios aeróbios
contínuos. Caso os pacientes reúnam
condições clínicas e físicas
compatíveis com essas modalidades
de treinamento (HIIT, por exemplo),
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 67/88
bem como motivação para aceitá-las,
essas seriam opções que deveriam
ser levadas em consideração quando
da prescrição de exercícios físicos. A
combinação ideal de variáveis do
treinamento para a intervenção com
diabéticos ainda não está clara,
entretanto atividades diárias de
intensidade moderada a vigorosa
tendema produzir resultados ótimos.
Além disso, os posicionamentos oficiais recomendam a combinação de
exercícios aeróbios e resistidos para otimização dos efeitos do treinamento
sobre o controle glicêmico e saúde em geral (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2017).
As adaptações crônicas dependem do volume e da intensidade do treinamento e
das condições clínicas do paciente (aptidão física, comorbidades etc.). Além dos
efeitos na função cardiorrespiratória e muscular, o metabolismo da glicose
responde favoravelmente.
Curiosidade
O treinamento provoca redução na secreção de insulina, visto que o exercício
contribui com a captação de glicose. Ocorre aumento na expressão do
transportador de glicose tipo 4 (GLUT4) nas células musculares, incrementando
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 68/88
a sensibilidade à insulina. Adicionalmente, os músculos têm a capacidade de
armazenamento de glicogênio aumentada.
O volume de treinamento corresponde ao produto entre intensidade, duração e
frequência das sessões, os objetivos podem ser alcançados através do
incremento desses fatores, isolados ou combinados. As recomendações quanto
à intensidade e ao volume do treinamento aeróbio ou de força para diabéticos
são similares à população em geral. As variáveis do treinamento serão
manipuladas de acordo com as condições individuais, buscando-se o maior
volume possível.
Recomendação
Assim, os pacientes acometidos pelo diabetes devem realizar 150min ou mais
de atividades físicas de moderadas a vigorosas por semana. Uma vez sob
controle metabólico estável, indivíduos diabéticos podem praticar qualquer tipo
de exercício, pois há atletas olímpicos de diversas modalidades com diagnóstico
de diabetes.
Precauções devem ser tomadas no caso dos diabéticos, principalmente no
controle da glicemia durante e após os exercícios. Em primeiro lugar, uma
avaliação médica pode ser necessária antes de se iniciar um programa,
particularmente quando suspeita-se de complicações secundárias ao diabetes,
como doença cardiovascular, hipertensão, neuropatia, retinopatia ou
comprometimento microvascular. Outra vantagem das avaliações está no
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 69/88
melhor controle glicêmico durante os exercícios, o que é mais difícil quando os
pacientes fazem uso de insulina.
Atenção!
De forma geral, avaliações médicas são mandatórias no caso de pacientes com
mais de 40 anos de idade ou mais jovens, quando diagnosticados com diabetes
do tipo 2 há mais de 10 anos ou diabetes do tipo 1 há mais de 15 anos. No caso
de pacientes idosos ou com neuropatias, a supervisão direta durante as sessões
de treinamento é necessária.
Diabéticos do tipo 2 experimentam, frequentemente, queda da glicose durante o
exercício. Por que será que isso acontece?
Isso é agravado quando utilizam insulina, pois a permeabilidade das fibras
musculares à glicose aumenta durante o exercício. Além disso, a atividade física
aumenta a absorção de insulina injetada no tecido subcutâneo. Esses fatores
predispõem a hipoglicemia em diabéticos, que deve ser prevenida.
Uma providência é evitar a ingestão de
açúcares de índice glicêmico elevado
antes da atividade, pois o pico
insulínico provocado soma-se à maior
permeabilidade das fibras musculares
à glicose, predispondo à hipoglicemia
ao invés de evitá-la. A reposição de
glicose pode ser feita ao longo das
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 70/88
atividades prolongadas, de acordo
com a intensidade do exercício, e não
previamente.
Vimos que a sensibilidade à insulina pode permanecer aumentada durante horas
após o final de uma sessão de exercícios. Isso eleva o risco de hipoglicemia
tardia, que pode ocorrer inclusive quando o praticante está dormindo
(hipoglicemia noturna).
Recomendação
Para prevenir essas intercorrências, aconselha-se o monitoramento frequente da
glicemia, redução na administração de insulina e o consumo de lanches,
principalmente no início do programa de treinamento. As estratégias para
prevenir a hipoglicemia durante as sessões de exercícios incluem a ingestão
suplementar de carboidratos ou a supressão das doses de insulina.
Veja, a seguir, algumas estratégias para prevenir hipoglicemia antes, durante e
após o exercício físico.
Medir antes, durante (a cada 30min) e depois do exercício físico.
Monitoramento glicêmico 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 71/88
Em caso de histórico de hipoglicemia tardia, medir a cada 2-4h
após o exercício físico.
Em caso de hipoglicemia noturna, medir antes de dormir, uma
vez durante a madrugada e ao acordar.
Ingestão antes do exercício é necessária em caso de glicemia <
100mg/dL (0,5-1,0g/kg peso por h de exercício).
Necessária quando a insulina prévia não for reduzida em 50% no
caso de sessões > 60min ou 25% em sessões com 30-60min.
Quando exercício é feito no pico de ação da insulina, aconselha-
se ingestão adicional.
Para menor risco de hipotensão noturna, aconselha-se fazer
refeições leves perto do horário de dormir (15 a 30g de
carboidratos).
Ingestão de carboidratos 
Ajuste da insulina 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 72/88
Em uso de bomba insulínica, reduzir a insulina basal em 20-50%,
90min antes do exercício físico.
Suspender ou desconectar a bomba insulínica no início do
exercício. Bombas não podem ser desconectadas em exercícios
> 60min sem que haja insulina suplementar.
Reduzir a dose de múltiplas doses de insulina 90min antes de
exercício: 50% em exercício moderado > 60min; 25% em
exercício moderado com 30-60min; 75% em exercícios
vigorosos com 30-60min.
Não há necessidade de redução em exercícios muito intensos e
curtos ou exercícios resistidos.
Reduzir a insulina bolus da refeição noturna em 50% para
prevenir hipoglicemia noturna.
Sempre portar opções de carboidratos durante o exercício.
Outras 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 73/88
Aumentar progressivamente a intensidade e a duração dos
exercícios.
Intercalar atividades de “explosão” (como corridas curtas) ou
realizar exercícios resistidos antes do treino aeróbio. Isso tende
a minimizar o efeito hipoglicemiante da atividade aeróbia.
Portar contatos de emergência, sobretudo durante exercícios ao
ar livre.
Horas antes dos exercícios, ingerir carboidrato de lenta
absorção.
Insulina não deve ser injetada em locais próximos aos grupos
musculares exercitados.
Anotar treinos, insulina e alimentação, além das glicemias
relacionadas, para facilitar a prevenção de eventos
hipoglicêmicos.
Evitar repor carboidratos apenas após sintomas de
hipoglicemia. Deve-se fazê-lo em porções divididas, evitando a
queda demasiada da glicose.
Em indivíduos com diabetes do tipo 1, casos de hiperglicemia são mais comuns.
No caso de doses de insulina aquém do indicado, a prática de exercícios pode
piorar esse estado, com produção de corpos cetônicos (cetose) e desidratação
que colocam o paciente em risco.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 74/88
Atenção!
Tradicionalmente, as agências normativas contraindicam a prática de exercícios
em caso de glicemia acima de 250mg/dL na presença de cetose ou em caso de
glicemia acima de 300mg/dL, mesmo na ausência de cetose.
A hiperglicemia pode ser modulada pela administração de insulina. Em alguns
casos, aceita-se a realização de atividades aeróbias de baixa intensidade,
visando a melhoria aguda dos níveis glicêmicos. Éimportante monitorar a
glicemia durante o exercício e após a sessão, para liberação segura do paciente.
Aconselhamento é necessário para se controlar os níveis glicêmicos e a
administração de insulina, antes do retorno para próximas sessões. No caso de
crianças e idosos, é necessário um acompanhamento mais próximo, para um
correto aprendizado do impacto da prática de exercícios físicos sobre esses
aspectos.
Outras precauções remetem às comorbidades presentes em parte dos
diabéticos. Como agir nos casos para a indicação de exercícios nesses casos?
Acompanhe.
É comum haver problemas macro ou microvasculares, que podem ser
agravadas com o manejo inadequado da glicemia. Complicações
Complicações vasculares 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 75/88
vasculares ou neurais causam limitações físicas que devem ser
consideradas nos exercícios. No caso de doença vascular periférica, a
intensidade das atividades deve ser controlada com cuidado, evitando-se
grandes aumentos da pressão sanguínea durante os exercícios.
Na presença de neuropatia periférica, atenção deve ser dada aos pés,
com detecção precoce e tratamento para que se evite ulcerações ou
amputações. Um bom conselho seria manter os pés tão secos quanto
possíveis dentro dos calçados, com meias apropriadas (evitar meias de
algodão) e não incluir atividades em que se transportam cargas elevadas,
principalmente quando houver comprometimento da marcha.
Pacientes com neuropatia autonômica têm maior propensão à
hipotensão ortostática, além de exibirem problemas no controle
hemodinâmico de forma geral (aumento da frequência cardíaca no
exercício) e termorregulação. Nesses casos, evite atividades com
mudanças bruscas de posição, principalmente quando se fica em pé a
Neuropatia periférica 
Neuropatia autonômica 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 76/88
partir da posição sentada/deitada. Deve-se prover hidratação e evitar
exercitar-se em ambientes quentes e úmidos.
Muitos diabéticos desenvolvem retinopatia com diferentes graus. Para
evitar lesões oculares, são contraindicadas atividades vigorosas, que
envolvam impacto, apneia ou ficar de “cabeça para baixo”, a fim de
prevenir hemorragias ou o descolamento de retina.
Quadros de doença renal podem ser melhorados com exercício físico,
mesmo durante sessões de diálise. O volume e a intensidade nesses
casos deverão ser definidos de acordo com a gravidade do
comprometimento renal e a tolerância dos pacientes.
Retinopatia 
Doença renal 
Limitações ortopédicas 
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 77/88
Pacientes com limitações ortopédicas às atividades que visam ao
controle glicêmico, devem realizar exercícios de mobilidade articular e
fortalecimento dos grupos musculares adjacentes às articulações
comprometidas de forma complementar.
Atividade física e diabetes
O especialista Paulo Farinatti apresentará os principais fatores envolvidos na
prática de exercícios para pacientes com diabetes.

28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 78/88
Falta pouco para atingir seus objetivos.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 79/88
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A fisiopatologia do diabetes do tipo 2 compreende os seguintes eventos:
A Hipoglicemia, hipertrigliceridemia e hipoinsulinemia.
B Hiperglicemia, hiperinsulinemia.
C
Hipercolesterolemia, hipoinsulinemia, normoglicemia e
sarcopenia.
D Hiperinsulinemia, dislipidemia e microalbuminúria.
E Anemia, dislipidemia e hiperinsulinemia.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 80/88
Parabéns! A alternativa B está correta.
Na fase de pré-diabetes, o acúmulo de gordura central leva à redução da
sensibilidade à insulina, com aumento de sua produção. Assim, verifica-se
hiperinsulinemia e normoglicemia. Em seguida, não se consegue mais
normalizar a captação de glicose, observando-se simultaneamente
hiperinsulinemia e hiperglicemia. A sobrecarga imposta ao pâncreas progride,
então, para o diabetes do tipo 2.
Questão 2
Entre os efeitos benéficos e as precauções dos exercícios para diabéticos, é
correto afirmar que:
A
Há uma melhoria nas dislipidemias, mas não na função
autonômica. As precauções envolvem, principalmente, o risco
de lesões musculares.
B
Pacientes com diabetes se beneficiam mais dos exercícios
físicos regulares do que pacientes com síndrome metabólica,
pois essa síndrome é muito grave e incurável. Exercícios de
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 81/88
Parabéns! A alternativa C está correta.
intensidade elevada, portanto, são contraindicados para
pacientes com síndrome metabólica.
C
A prática regular de exercícios melhora o controle glicêmico e
pode reduzir a necessidade de insulina. No entanto, deve-se
prevenir episódios de hipoglicemia ou hiperglicemia, pela
manipulação de ingestão de carboidratos e administração de
insulina antes, durante e depois das sessões de exercícios.
D
Atletas não podem ser diabéticos por conta do risco de
elevação dos corpos cetônicos. Assim, quando existem, em
geral praticam modalidades leves como tiro ao alvo ou
hipismo.
E
Diabéticos devem realizar o treinamento resistido
isoladamente, pois a preservação da massa muscular não é
importante para manter a glicemia.
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 82/88
O exercício melhora a captação de glicose, com impacto favorável na
necessidade de insulina exógena. Em pacientes com diabetes do tipo 2, são
comuns episódios de hipoglicemia, enquanto a hiperglicemia é mais
frequente em pacientes com diabetes do tipo 1. Em ambos, uma reeducação
na rotina de administração de insulina e ingestão de carboidratos antes,
durante e após sessões de exercícios é necessária.
Considerações �nais
Foram abordadas as características da obesidade, síndrome metabólica e
diabetes e os benefícios da prática de exercícios para a prevenção e o
tratamento, bem como as características gerais de programas de treinamento
com esse propósito.
A obesidade é difícil de reverter e aumenta o risco de desenvolvimento de
doença cardiovascular e metabólica, em virtude do acúmulo de gordura central.
Intervenções dietéticas e aumento do dispêndio calórico através de exercício
são capazes de restabelecer o equilíbrio energético, com impacto favorável na
quantidade e na distribuição da gordura corporal. Os exercícios podem mitigar
28/05/2023, 21:20 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 83/88
os fatores de risco cardiovascular e metabólico, mesmo que não haja mudanças
na composição corporal. Por essa razão, são indicados como estratégia de
intervenção no tratamento de obesos. O maior gasto calórico possível seria
desejável em rotinas de treinamento visando o controle do peso e a melhoria do
perfil de risco em indivíduos com sobrepeso e obesidade. Portanto, ênfase deve
ser dada ao volume de treinamento, em atividades de natureza aeróbia.
A síndrome metabólica tem sua gênese ligada ao sobrepeso e à obesidade. O
excesso de gordura central eleva a resistência à insulina gerando intolerância à
glicose, predispondo às dislipidemias, hipertensão e diabetes. As evidências
indicam forte relação entre sedentarismo e os múltiplos fatores de risco para a
síndrome metabólica, mas os pacientes diagnosticados beneficiam-se da prática

Outros materiais