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23.03.2020 Clínica de Grandes Animais II Neimar e Melina Neimar - Equinos ● Tema: Afecções do Sistema Locomotor ● Slides e áudio - Doenças relacionadas ao Casco 1) Hematoma Subsolear e Abcesso Subsolear Definição: Formação de acúmulo de sangue/pûs, causando claudicação - não são doenças diferentes, mas cada uma possui o líquido característico (sangue ou pûs). ● Causas: ferraduras mal-colocadas (cravos/pregos de ferradura) e traumas (pisos, pedras, objetos penetrantes - ex. pregos), brocas (falta de higiene e piso úmido). Brocas: infecção bacteriana que causa apodrecimento do casco, no qual, é envolto de um estojo córneo poroso que absorve muita umidade. Cavalos que andam muito sobre piso muito úmido ou pisam muito em ambiente com falta de higiene (urina/fezes) podem ter o aumento da porosidade do estojo córneo e favorecer a entrada de bactérias que causam as brocas (acometem normalmente a região mais proximal do casco). Sabe-se que animais de baia são mais susceptíveis do que animais de pasto a terem brocas, justamente pelo contato com a urina e as fezes mais frequente. ➢ Os animais de pasto podem ter essa afecção mais nas épocas chuvosas, pois não há como pedir pra que limpem todos os dias. ➢ Alguns animais já voltam a andar relativamente bem logo quando drenamos o líquido na cavidade. ● Cascos devem ser limpo todos os dias pra evitar brocas. ● Podemos abrir o casco no local acometido para que se cresça uma nova parte ali, antes que esse abcesso ou região enegrecida acometa maiores partes do casco. ● Localização: traumas - mais comuns em talões e ranilhas, brocas (apodrecimento do casco) - mais comum na sola. ● Sintomas: claudicação, aumento da temperatura, regiões mais enegrecidas no casco, dor potente na palpação. ★ Claudicações: Se a sola do caso estiver doendo por qualquer problema ele tentará aterrissar primeiramente a pinça, mas quando o cavalo está sem nenhuma afecção, ele apoia primeiro os talões -> ranilha -> pinça (por último). ➔ Os talões e as ranilhas são as primeiras a ter contato com o chão, portanto são as primeiras que entram em contato com o problema. ❖ Tratamento ● Descompressão do casco - drenar o acúmulo de sangue ou pûs ● Correção da ferradura (em caso de ferrageamento errado) ● Pedilúvios antissépticos: hipoclorito de sódio (cândida) ➢ Dose: 10% - ou seja, 1L de água pra 1 mL de candida ou 3 tampinhas. ➢ Fazer 1x ao dia ou 2-3x quando a lesão estiver muito infeccionada durante 3-5 dias - depende da resposta do animal. ★ Colocar o casco do animal no balde com a solução por 15-20 minutos, mas normalmente eles são arredios para colocar no balde. ★ Enfaixar depois o casco do cavalo, inclusive, pode colocar esparadrapo para que não saia. ● Anti-inflamatórios não-esteroidais / Analgésicos - em caso de dor ➢ Fenilbutazona: 2,2 mg/Kg a 4,4 m/Kg, BID por 3 a 5 dias (dependendo da resposta do animal) A aplicação é intravenosa, pois a IM pode causar abscessos e necrose. ➢ Flunixina Meglumina: 1,1 mg/Kg, BID por 3 a 7 dias. Obs. Se formos administrar por mais tempo que diastemos que ofertar protetor gástrico ou usar Flunixina Meglumina, pois o potencial deste é menor que o da Fenilbutazona pra causar gastrite. ● Antibióticos - se for causada por bactérias Só quando houver presença de bactérias causando pûs/abscessos. ➢ Penicilina - BID por 5-7 dias. ● Soro antitetânico Devemos ter certeza que o animal está vacinado contra o tétano ou devemos vaciná-lo (5.000 unidades tradicionais, isto é 1 ampola), poderá ser aplicado por IM. ➢ O tétano pode gerar uma lesão pior. 2) Doença do Navicular/Síndrome Navicular ❖ Definição: doença multifatorial do sesamóide distal, de origem controversa (acreditamos que possa ser genética), causa degeneração progressiva, ou seja, tende a piorar conforme o tempo. O que é síndrome? R. Conjunto de sintomas que caracteriza uma doença. Obs. E por essa doença não ter só o navicular que é acometido, e sim, de toda a estrutura que o envolve, chamamos de síndrome. ❖ Fatores predisponentes: má-conformação dos cascos, trabalho inadequado em terrenos muito macios (levam à hipertensão), idade (senilidade). Obs. A compressão do tendão flexor digital profundo quando o animal é submetido ao trabalho excessivo via passar pelo osso navicular e causar desgaste, mesmo que esse osso sirva como uma polia para distribuir o peso. Outro problema nesse segmento será a afecção da bursa (camada que recobre o osso navicular para este não encostar nos sesamóides). ❖ Idade: 6-8 anos, pois são animais que entram em uma rotina maior de trabalho) Membros anteriores são mais comuns de serem acometidos pela sobrecarga de peso em membros torácicos dos cavalos. ❖ Sintomas: claudicação bilateral excessiva e intermitente. ➔ Se for no início da doença, em movimentos circulares o animal tem a tendência a piorar, ainda mais no membro que está pra dentro do círculo. ❖ Exames complementares ● RX: projeção dorso-plantar como a principal. - Alterações radiográficas: deveremos olhar os canais (forames) vasculares para olhar se há dilatação com consequente mudança de radiopacidade, irregularidades da face articular e etc. Obs. Se o animal não apresentar sintomas mas possuir alteração quer dizer que ele tem predisposição para ter a doença, mas não está com a síndrome. Se ele apresentar sintomas e achados radiográficos ele tem a síndrome. - Bloqueio Anestésico Local: O bloqueio anestésico pode ser feito no local do osso navicular, pois se o animal voltar a andar saberemos que era ali. ★ O osso navicular é aquele na imagem radiográfica acima onde está a seta, atrás da falange distal. ❖ Tratamento Por essa doença ser degenerativa nós não temos exatamente muito o que fazer, por piorar com o tempo, por isso tentamos controlar e tentar garantir uma melhor qualidade de vida para o animal. ● Assintomáticos: se o animal tem predisposição para a doença, mas não apresenta sintoma algum devemos tentar fazer a prevenção. ➢ Ferrageamento corretivo: feito através da pinça rolhada/ferradura fechada, esta que melhora o apoio nas regiões de talão, consequentemente melhorando a distribuição do apoio e diminuindo a pressão no osso navicular. ● Analgésicos / Anti-inflamatórios ● Agentes vasomoduladores: ter cuidado com o uso por serem considerados dopping por melhorarem a performance do animal. ★ Eles diminuem a progressão da doença e também podem ser usados como preventivos. ★ Não usar 15 dias antes da apresentação pra não entenderem como dopping. Isoxsuprine - medicamento manipulado que melhora a circulação e pode ser usado como preventivo da doença. ➢ Dose: (0,6 mg/Kg, oral e BID, SID para manutenção)Ácido Tiludrônico - melhora a vascularização periférica, tem efeito anti-inflamatório e analgésico. ➢ Dose: (0,1 mg/Kg [1 ampola], IV, 10 dias) ➢ Fazer diluído em soro pois os equinos podem apresentar cólica. ➢ Eficácia: de 3-5 meses - Neurectomia Química ou Cirúrgica (Paliativo) ● Neurectomia: anestésico local ● Cirurgia: encontra-se o nervo e retira-se um fragmento desse nervo, dessensibilizando a região do osso navicular. Em alguns países é proibido por ser considerado dopping. [PT. 2] Ruminantes ● Tema: Semiologia da Glândula Mamária ● Slides e áudio - Estrutura das Glândulas Mamárias O úbere das vacas é formado por 4 glândulas, também conhecidos por quartos mamários, sendo estes estruturas independentes que produzirão leite e irão secretar pelos devidos tetos. ➢ Os alvéolos são as estruturas que produzem o leite e cercados de células chamadas de mioepiteliais que fazem a contração pro leite sair. Para a formação do leite é necessário que chegue nutrientes até o úbere através da circulação sanguínea. Por isso é bom o animal tenha uma boa circulação sanguínea, pois para que se forme somente 1 litro de leite é preciso que passe de 300-500L de sangue, ou seja, sendo uma vaca que produz 60 litros de leite por dia se faz necessário uma quantidade de 30.000 de sangue. ➢ Além de nutrientes o sangue está levando hormônios que ajudarão no desenvolvimento do úbere e na recuperação das células produtoras de leite. - Desenvolvimento da Glândula Mamária A glândula mamária inicia seu desenvolvimento na fase fetal e vai terminar durante a primeira gestação. É muito importante entender como se dá o desenvolvimento da glândula mamária em relação ao desenvolvimento corpóreo, pois isso vai influenciar na produtividade da vaca. Existem duas fases de crescimento para ela, sendo a primeira chamada de período isométrico. Essa fase compreende do nascimento até o 3° mês de idade e da puberdade até o terceiro mês da gestação. Nestas fases o desenvolvimento da glândula é proporcional ao do corpo. A outra fase é chamada de período Alométrico, que compreende o período entre os 3 meses de idade até o início da gestação e também os dois terços finais da gestação. Nestas fases o desenvolvimento da glândula é três vezes maior que o corporal. Isto é importante porquê se nós super alimentarmos as bezerras com dietas muito energéticas no período alométrico, elas vão correr o risco de acumular gordura na glândula, podendo atrapalhar a produtividade futura. Pra casa fase deveremos dar dietas específicas e balancear o volumoso e o concentrado, não esquecendo nunca dos minerais. - Fatores de influência na produtividade Um ponto importante a ressaltar é que a quantidade de leite que a bezerra recebe nos primeiros dias de vida interfere positivamente no quanto ela produzirá futuramente, além de, obviamente, a ração. Existem fatores reversíveis e irreversíveis, sendo estes: ● Fatores reversíveis: exercem uma alteração temporária no tecido de secreção de leite. ● Fatores irreversíveis: mastite severa - diminui o tecido. É importante também não deixar que as bezerras tentem mamar nos tetos das outras, pois isso pode influenciar na formação da glândula mamária. Para a descida do leite na ordenha a vaca precisa ser estimulada, podendo ser com alguma das seguintes opções: ● Estímulo visual - ver o bezerro ● Estímulo tátil - pelas próprias mãos do ordenhador ● Estímulo sonoro - quando escuta a máquina de ordenhar ● Estímulo hormonal - ocitocina As vaquinhas se apegam a rotina (horário e ordenhador), então qualquer mudança pode ocasionar algum problema na descida do leite. ❖ Vacas que possuem descida de pouco leite em função de mudança de rotina podem vir a ter mastite. - Exame da Glândula Mamária - Inspeção: Glândulas e Tetos ❖ Glândulas Formato ● Adequado a ordenha mecânica ● Quartos e tetos do mesmo tamanho - alteração em um dos quartos leva-nos a fazer exame daquele quarto ❖ Mama As vacas possuem padrões de mama diferentes assim como as mulheres, mas considera-se que o padrão normal seja o “A”, mostrado na figura abaixo: ★ Glândulas volumosas com tetos pra frente indicam muito leite na glândula. ★ Vacas mais velhas (3-5 lactações) tendem a ter mamas mais caídas em função do desgaste do ligamento. ★ Vacas com tetos muito grandes podem ter problemas de que pisem neles. - Exame da Glândula Mamária - Inspeção: Úbere - Úbere Existem 2 ligamentos que sustentam o úbere da vaca, tendo em vista que não há nenhum osso para fazer isto, são eles: ligamento suspensório lateral e medial. Se eles enfraquecem, teremos úberes pendulares e que causam prejuízo pra fazenda, como, por exemplo: úberes mais próximos ao chão, cortes através do pastejo e etc. O úbere da vaca deve ser bem inserido e desenvolvido, com quartos mamários espaçados, boa vascularização, partes superiores e dianteiras equilibradas e ligamentos fortes. As vacas com úberes pendulosos (caídos) podem ter mais problemas na ordenha e têm maior risco de desenvolver problemas nos tetos. Vale lembrar que isso pode ser corrigido com genética de boa qualidade. ● Sintomas de afecção: Vacas com problemas no úbere tendem a apresentar *afastamento dos membros pélvicos, levando-os para trás a fim de não terem contato com a glândula mamária. ★ Postura antiálgica: pescoço levemente para frente, membros posteriores afastados quando comparados a abertura dos membros anteriores. Obs: Perto do parto, é normal que elas apresentem uma postura antiálgica, pois o úbere estará muito grande, além da dor que ela sente por ter muito leite na glândula mamária. ❏ Aumento de volume generalizado do úbere ● Edema fisiológico - próximo ao parto e alguns dias após o parto ● Mamites nos 4 quartos - rubor ● Edema patológico / Inflamações - consistência pastosa com sinal de Godet + , podendo ter alterações assimétricas em apenas 1 quarto mamário e os tetos aparentam estar entrando para dentro da glândula. ➔ Se um só local está grande pode significar que ela está seca ou que o outro lado pode estar atrofiado em função de algum processo (ex. mamite, sequela de mamite). Tanto na mamite e na atrofia um dos lados fica muito grande. ❏ Aumento de volume localizado do úbere Podem ocorrer por diversos fatores, mas só descobrimos a patologia do líquido quando puncionamos com agulha e seringa (20 ou 60): ● Abscessos: coleção purulenta, cisto lácteos, leite encapsulado ● Cistos serosos: líquidos serosanguinolento ● Hematomas: acúmulo de sangue ● Neoplasias: papiloma ❏ Diminuição do volume do úbere ● Animal jovem ou idoso ● Resquícios de mastite ● Atrofia da mama - resquício de mamite ● Vacas queficaram secas por muito tempo ❏ Alteração na coloração ● Eritema + aumento de temperatura: processo inflamatório ● Alteração necrótica/escurecida: mastite necrosante + temperatura reduzida (mesmo sendo mastite) e depois gangrena do tecido (ele cai depois de ficar necrosado, por isso recomendamos mastectomia mas alguns produtores preferem abater. LEGENDA: Alteração na coloração da pele (úbere e teto) e descoloração abrupta e violenta, sendo indicativo de mamite grangrenona. ❏ Alterações morfológicas de teto ● Tamanho ● Forma ● Moléstias infecciosas e parasitárias ★ Furunculose ★ Úlcera da lactação ★ Febre aftosa ★ Varicela ★ Varíola ★ Mamite - Incontinência de leite Acontece por conta do relaxamento do esfíncter papilar. - Palpação da Glândula Mamária ❏ Parênquima do úbere ● Palpar todo o conjunto, depois cada quarto ● Após a ordenha (de preferência) ➢ Temperatura ➢ Sensibilidade ➢ Consistência ★ Granulação fina: vacas saudáveis e jovens ★ Granulação graúda: vacas velhas ❏ Pele do úbere ● Temperatura superficial ➢ Aumento - processo inflamatório ➢ Diminuição - mamite gangrenosa ● Sensibilidade ● Elasticidade Úbere ordenhado - pele elástica ❏ Consistência do úbere ● Normal: macia - novilhas ● Macia com nódulos de +/- 1 cm: vacas de 2-3 crias ● Firme com nódulos de até 2cm: fibrosamento - histórico de mamite ● Firme com nódulo de 5-8cm: mamites crônicas ● Endurecimento difusa: mamite crônica de todo o tecido ● Pastoso: processo inflamatório agudo ou edema fisiológico ● Flutuamente: tetos (fisiológico) ou cavidades neoformadas (abcessos hematomas e cistos. ❏ Cisternas do teto - Alterações Podem impedir o fluxo de leite, por isso devemos avaliar a consistência: ● Concreções de leite ● Coágulos ● Massas de fibrina ● Pólipos ➔ Cisternite - cordão espessado em seu interior. ➔ Telite - todo teto está endurecido ❏ Palpação indireta com sonda Fístulas - Sinais de Processo Inflamatório Agudo - Sinais de Processo Inflamatório Crônica
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