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DIREITO REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS

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DIREITOS REAIS SOBRE COISAALHEIA 
Luis Antonio P. Lima
1
 
 
INTRODUÇÃO. 
O presente trabalho propõe uma reflexão acerca dos institutos jurídicos de garantias reais 
regulados pelos artigos 1.419 a 1.510 do Código Civil de 2002, a saber: penhor, hipoteca e 
anticrese. Conforme PAMPLONA FILHO e GANGLIANO, 2017, trata-se de uma 
regulamentação exaustiva, grande parte autoexplicativa, que nem sempre tem grande 
aplicação social, a exemplo do que se dá com a anticrese. 
Para Nery Junior e Andrade Nery 2012, garantia real, assim se denomina a garantia que 
permite ao credor excutir uma coisa certa do patrimônio do devedor, para o resgate de uma 
obrigação. “Há uma categoria inteira de direitos reais que tem o caráter de acessórios de 
uma obrigação, as garantias reais: a hypotheca, o penhor e a anticrese”.(Paulo de Lacerda- 
Fulgêncio apud, Nery Junior e Nery 2012,pag.1.256) 
2. DIREITOS REAIS DE GARANTIA 
 
Os Direitos Reais de Garantia regulados pelo Código Civil de 2002 fundamentam-se em 
princípios comuns, especialização e registro, distintos dos demais Direitos Reais Sobre 
Coisas Alheias. O Princípio da Especialização trata da eficácia do contrato que instituiu a 
garantia real de penhor, hipoteca e anticrese. Este princípio consiste na vinculação de bens 
determinados do devedor ou de terceiro para garantir a obrigação principal. Enquanto ao 
Princípio do Registro determina o nascimento do direito real e torna público a sua existência. 
Nesse sentido os doutrinadores Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald escrevem: 
Assim como todo direito real imobiliário só se constitui inter vivos 
pelo registro imobiliário, não poderia ser diferente na hipoteca e na 
anticrese. O ônus real apenas é oponível em caráter geral, quando 
aperfeiçoado pelo registro, servindo igualmente para conceder 
publicidade e sequela (FARIAS e ROSENVALD,2008, PAG.605). 
 
Trilhando pela linha de pensamento dos doutrinadores supracitados entende-se o registro 
como o instrumento que determina o nascimento do direito real além de firmar a sua 
publicidade também concede àquele que registrar previamente o seu título de propriedade em 
 
1
 Graduando do Curso de direito da Uninassau Lauro de Freitas-Ba. 
Email:laplima@bol.com.br 
 
 
relação a outros credores no que diz respeito ao recebimento do crédito. O parágrafo único do 
artigo 1493 do Código civil de 2002 salienta que “o número de ordem determina a prioridade 
a esta a preferência entre as hipotecas”, o mesmo se aplica ao penhor. Grifo nosso. 
Conforme a doutrina, a função dos direitos reais de garantia é de oferecer ao credor maiores condições 
para recebimento de uma dívida, vinculada a um determinado bem, onerado para esse fim. Decorre daí 
o direito de sequela e de preferência, confirmando a natureza jurídica real do direito material. O 
vinculo permanece impregnado sobre o bem gravado, ainda que haja transmissão de titularidade. 
Ademais o credor terá sempre o direito de preferencia para recebimento do crédito, satisfazendo-o 
antes dos demais credores. (PUGLIESE, 205,pg.704). 
Nessa perspectiva assevera o art. 1422 do código civil de 2002: O Credor hipotecário e o 
credor pignoratício tem o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no 
pagamento, a outros credores, observada quanto a hipoteca, a prioridade de registro. 
3. DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS PESSOAIS E DIREITOS REAIS 
 
Conforme os Doutrinadores Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, 2008, a garantia real 
contrapõe-se à pessoal. Em comum ambas gravitam em torno de um débito. Porém enquanto 
esta resulta de uma caução obrigacional restrita às partes contratantes (v. g, aval, fiança) 
aquela afeta um bem garantido em caráter absoluto, vinculando o objeto a seu titular com a 
faculdade de oponibilidade erga omnes. 
Conforme a doutrina, direito pessoal ou obrigacional é aquele onde há um sujeito ativo 
(credor), um sujeito passivo (devedor) e uma prestação (objeto da relação jurídica). A 
prestação é a obrigação do devedor, que deve ser realizada em favor do credor mediante uma 
contraprestação. Já o direito real é a relação do titular com a coisa, que é exclusiva e contra 
todos. Desta forma, as principais diferenças entre eles são: 
 
a) Enquanto o direito pessoal é oponível a apenas um sujeito passivo determinado, o 
direito real é oponível erga omines; 
b) O titular do direito real possui direito de sequela, atributo que não há nos direitos 
pessoais; 
c) No direito real a coisa deve existir no momento do negócio, ao passo que o direito 
pessoal admite como objeto uma coisa futura; 
d) O objeto do direito real é sempre determinado, e do direito pessoal pode ser 
determinável; 
 
 
e) O direito real pode ser adquirido pelo instituto da usucapião, o direito pessoal não. 
 
4. PENHOR 
4.1. Natureza Jurídica. Conceito. 
O Mestre Darcy Bessone, apud Chaves de Farias e Rosenvald, 2008, ensina que antes da Lei 
Poetelia (326 a.C.), a obrigação encontrava garantia na pessoa do próprio devedor. Não se 
recorria às coisas para garantia de direitos. “Porém, compreendeu-se que o patrimônio do 
devedor podia fornecer elementos para garantia dos créditos, solução que embora menos 
enérgica, considerava mais a dignidade do devedor como pessoa humana”. Assim, a 
obrigação, antes vínculo físico, adquiriu caráter de vínculo jurídico, passando a encontrar 
garantia em elementos exteriores. No direito romano, o Pingus originava a transmissão da 
posse da coisa, vinculada à obrigação, ao credor, para que este a conservasse, até ser pago o 
débito. Posteriormente, o pignus passou a possibilitar também a alienação da coisa 
empenhada. 
Conforme a entendimento doutrinário o penhor é a entrega da coisa a título de garantia, mas 
sem a transferência da propriedade que permanece na titularidade do devedor. Nesse sentido 
Chaves de Farias e Rosenvald, 2008 escrevem que “o penhor constitui-se pela transferência 
efetiva ao credor da posse de uma coisa móvel que objetiva garantir o pagamento de um 
débito”. De igual forma afirma Flávio Tartuce apud Gagliano e Pamplona Filho “o penhor é 
constituído sobre bens móveis (em regra), ocorrendo a transferência efetiva da posse ao 
credor (também em regra) . Diz-se duplamente em regra, pois, no penhor rural, industrial, 
mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor que as deve 
guardar e conservar”. Contudo nem sempre o penhor recairá sobre a coisa móvel é o que 
preceitua a artigo 1.431 do Código Civil de 2002. 
Art. 1.431- constitui-se penhor pela transferência efetiva da posse que, em 
garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém 
por ele, de uma coisa móvel suscetível de alienação. 
 
Parágrafo único. O Penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas 
empenhadas continuam em poder do devedor que as deve guardar e conservar. 
 
Segundo os doutrinadores Chaves de Farias e Rosenvald, 2008, os protagonistas deste modelo 
jurídico são credor pignoratício, credor da obrigação principal que recebe o bem empenhado 
como garantia; o devedor pignoratício geralmente, o próprio devedor da obrigação principal. 
Nada impede, porém, que o bem empenhado seja de propriedade de terceiro garantidor do 
 
 
devedor. Em qualquer caso, é indispensável que o devedor ou o terceiro seja titular do objeto, 
sendo este de livre disposição. 
4.2. Características. 
Conforme a doutrina uma das características do penhor é a condição jurídica de ser 
considerado um Direito Real de Garantia, pois o direito do credor pignoratício recai sobre a 
coisa dada em garantia, operando efeito erga omnes, uma vez registrado o penhor comum no 
Cartório de Títulos e Documentos, seu titular será munido de ação real com direito de sequela 
e preferência. 
Art. 1432 – o instrumento do penhor deverá ser levado a registro por qualquer 
dos contratantes;o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e 
documentos. 
Segundo Pugliese, 2005, o penhor como de resto os demais Direitos de Reais de Garantia, 
caracteriza-se como um direito acessório. Que tem como resultado prático a possibilidade de 
vir a ser constituído através de instrumento isolado, celebrado em data outra, ou em conjunto 
com aquele que estatuiu a obrigação principal. De outro modo como nos demais direito dessa 
natureza, contemporaneamente não se lhe autoriza, o pacto comissório, sendo vedado ao 
credor apropriar-se do bem que lhe é dado em garantia. 
Nesse sentido o direito, ora aqui discutido apresenta outra característica muito importante, a 
indivisibilidade, alienabilidade, temporariedade. Exige ainda que o objeto da garantia seja de 
propriedade da pessoa que empenhou em favor do devedor. O contrato de outra parte é 
necessariamente registrado, para que o direito venha se formalizar. 
Além das características apresentadas, a tradição é um instituto que admite em casos 
especiais, exceções expressamente previstas na legislação, dispensando desta obrigatoriedade 
singular para sua formação. O art. 1.431- do CC 2002 assevera: “constitui-se penhor pela 
transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, 
faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel suscetível de alienação”. A partir da 
leitura do artigo acima fica entendido que o penhor não é simples acordo entre as partes, 
porque só se concretiza com entrega real da coisa, e a posse do objeto pelo credor. 
4.3. Direitos do Credor pignoratício. 
O artigo 1.433 do Código Civil de 2002 apresenta o rol de direitos do credor pignoratício. 
Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito: 
 
 
I - à posse da coisa empenhada; 
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que 
tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua; 
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada; 
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir 
expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração; 
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; 
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que 
haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço 
ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, 
substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea. 
 
A doutrina acrescenta também que o credor pignoratício poderá impedir que qualquer pessoa 
possa prejudicar a garantia empenhada. Pode, pois valer-se de interditos possessórios contra 
terceiros e demais medidas de proteção à posse e a propriedade. Tem preferencia em receber o 
produto arrecado com alienação judicial. Pode quando for o caso exigir reforço de garantia 
quando a coisa empenhada não se prestar à necessária garantia creditícia ou for insuficiente o 
seu valor. Também o direito de receber o valor do seguro ou da indenização correspondente 
ao preço da desapropriação da coisa empenhada ou deteriorada. 
Nas lições de Pontes de Miranda, apud Nery Júnior e Nery, 2012, o direito de retenção se 
justifica, em favor do credor pignoratício, se ele demonstrar que tem direito à indenização por 
despesas que necessariamente teve com a coisa empenhada, desde que essas despesas não 
tenham sido ocasionadas por culpa sua, ou seja, se teve que fazer despesas justificadas, sem 
que fossem causadas por culpa sua, tem pretensão em havê-las do empenhante, ou seu 
sucessor, e pode exercer direito de retenção. 
Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte 
dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, 
determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente 
para o pagamento do credor. (CC 2002). 
4.4. Obrigações do credor pignoratício 
Conforme a doutrina a maior parte dos deveres impostos ao credor Pignoratício decorre da 
sua condição de possuidor a título de depositário. Nesse sentido o inciso I do artigo 435 do 
CC 2002, pelo fato de assumir a posse imediata da coisa, terá o credor a custódia do bem 
móvel. Sobre ele exercerá os cuidados de bônus pater familiae, protegendo a coisa com toda 
diligência possível até o momento do adimplemento, no qual se dará a devolução do objeto. 
 
 
Ainda no mesmo instituto jurídico o credor por força do inciso II manejará os interditos 
possessórios em face de terceiros que hostilizem a posse da coisa empenhada, cabendo-lhe 
comunicar ao proprietário a existência de agressões à posse ao devedor. Obriga-se ainda após 
o recebimento integral do crédito, devolver a coisa penhorada, acompanhada de frutos e 
acessões que pertencem ao proprietário. “Desta maneira, o contrato pode estipular que os 
frutos servirão para amortizar ou abater a dívida”(VENOSA 2003 apud PUGLIESE, 2005, 
pag.790) 
Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado: 
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração 
de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a 
importância da responsabilidade; 
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das 
circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória; 
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas 
despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, 
sucessivamente; 
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida; 
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV 
do art. 1.433. 
 
4.5. Direitos e obrigações do devedor pignoratício. 
Nas lições de Maria Helena Diniz, apud Roberto J. Pugliese, 2005, são direitos do devedor, 
conservar a posse indireta do bem empenhado, e a posse direta excepcionalmente, nos casos 
que o bem não é entregue ao credor; exigir deste o ressarcimento os prejuízos causados com a 
perda ou má administração do bem empenhado, desde que por sua culpa; receber o 
remanescente do preço da alienação do bem após o pagamento principal e despesas 
acessórias; reaver o bem após a quitação do débito, podendo valer-se de meios judiciais para 
reintegrar-se na posse direta da coisa. 
De outro lado, se obriga ao credor, com o penhor, a pagar todas as despesas feitas com a 
guarda conservação e proteção do bem, indenizando-o dos prejuízos que os vícios ocultos 
existentes na coisa empenhada provocarem; reforçar a garantia nos casos que a lei assim 
determina e exibir a coisa, quando mantiver em seu poder, sempre que solicitado pelo credor 
ou pela autoridade judiciária competente. 
O devedor, embora tenha a coisa de sua propriedade empenhada, não perde a propriedade da 
mesma, porém não pode aliená-la sem autorização do credor. 
 
 
Enfim, a partir da análise das exposições doutrinarias acima, observa-se que os direitos do 
devedor e do credor se completam como duas faces da mesma moeda, de modo a impedir o 
exercício pelos contratantes, de direitos incompatíveis. 
4.6. Vencimento ou extinção da obrigação. 
Conforme o Código Civil de 2002 existem diversas formas de extinção do penhor. O artigo 
1.436 relaciona os diversos modos de extinção da obrigação: 
Art. 1.436. Extingue-se o penhor: 
I - extinguindo-se a obrigação; 
II - perecendo a coisa; 
III - renunciando o credor; 
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa; 
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita 
pelo credor ou por ele autorizada. 
 
§ 1º Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhor 
sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua 
substituição poroutra garantia. 
 
§ 2º Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida pignoratícia, 
subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto. 
 
Pela extinção da obrigação. Farias e Rosenvald, 2008, lecionam que a forma tradicional de 
extinção do penhor é como decorrência da extinção da própria relação obrigacional que lhe 
serve de esteio, ou seja, satisfeito o débito por adimplemento (art.304, CC), por outras 
modalidades de pagamento indireto (consignação, sub-rogação) ou mesmo pela prescrição, 
não mais existe a obrigação acessória, pois perde a sua função exclusiva de garantia, inciso I 
do artigo acima citado. Há também entendimento doutrinário que o penhor também se 
extingue com o reconhecimento da nulidade da obrigação assegurada (...). Isso significa que o 
direito real torna-se nulo, faltando o dever jurídico a que se atrelava, simplesmente deixa de 
ter função e desaparece. 
Pelo perecimento do objeto, que de modo geral é uma situação configuradora de extinção de 
penhor inciso II do artigo 1.436 combinado com o artigo 104, II, do CC de 2002. Pois 
perecendo o objeto, perece o direito. 
Pela renúncia do credor à garantia. Trata-se de um ato abdicativo unilateral e expresso, 
formalizado por meio de averbação do ato de renúncia no cartório de títulos e documentos. A 
 
 
renúncia da garantia não provoca a extinção do crédito, mas somente a perda da garantia real 
é o que diz o inciso III art. 1.436 do CC 2002, mas se a renúncia for do próprio crédito, 
aplica-se o Inciso I do mesmo artigo. 
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, 2008, chamam atenção que não se deve 
confundir renúncia com remissão. Ao contrário daquela, a remissão não é ato abdicativo 
unilateral, mas sim um negócio jurídico bilateral extintivo da obrigação pelo qual o credor e o 
devedor consentem em finalizar o débito nos termos do artigo 385 do CC de 2002. Por isso o 
artigo 387 do mesmo arcabouço jurídico assevera: “A restituição voluntária do objeto 
empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida”. Esta 
norma está conectada ao parágrafo primeiro do artigo 1.436 que prevê inusitada renúncia 
tácita. “Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhor 
sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua 
substituição por outra garantia”. Essa espécie de renúncia ainda será possível quando 
simplesmente quando o credor restituir o bem ao devedor, sem demandar qualquer garantia 
em substituição. No entendimento dos doutrinadores Farias e Rosenvald se outra garantia 
substituir a originária não há de se cogitar extinção do penhor, mas de sub-rogação real. 
Conforme a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002 o penhor também poderá se extinguir pela 
confusão ( art. 1.436, IV). Ninguém pode ser credor de si próprio. Se por ventura o credor 
pignoratício adquire a propriedade da coisa que antes lhe foi empenhada – inter vivos ou por 
herança - deixa de ser mero possuidor direto, convertendo –se em verdadeiro titular. Daí 
inútil garantia sobre coisa própria. Quando na mesma pessoa se confunde as qualidades de 
credor e devedor da obrigação garantida por penhor, esta desaparece conforme disposição do 
inciso I do artigo 1.436 da lei aqui discutida. 
Aplicando p princípio da indivisibilidade de garantia real (art. 1.421 do CC – 2002), o 
parágrafo 2º do artigo 1.436 mesmo arcabouço jurídico indica que a confusão parcial não 
propicia extinção do penhor, subsistindo a garantia sobre os bens móveis que não forem 
adquiridos pelo credor pignoratício. Portanto a garantia real será preservada se a identificação 
entre os sujeitos é apenas parcial. 
Por fim, a extinção do penhor por inadimplemento, ou seja, pelo descumprimento da 
obrigação principal que ensejará e excussão do bem dado em garantia: por alienação judicial 
ou extrajudicial do bem empenhado conforme preconiza o inciso IV do artigo 1.433 do 
Código civil de 2002; por adjudicação do próprio credor, com arrematação o bem ou da 
 
 
própria remissão do débito pelo devedor, satisfaz-se o valor garantido propiciando o término 
da relação obrigacional com fundamento no inciso V do art. 1436 do CC de 2002. 
O artig1.437 caput do CC 2002 assevera que: “produz efeitos a extinção do penhor depois de 
averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova”. Nesse sentido Farias e 
Rosenvald, 2008, escrevem que a necessidade do cancelamento do penhor tem como 
finalidade desconstituir a direito real que havia formado com idêntica publicidade. Desta 
forma quando ocorre o adimplemento da obrigação principal, ou a excussão da coisa em razão 
do inadimplemento, indiferente o ato de averbação do cancelamento do registro que terá 
apenas a finalidade de adequar os dados cartoriais com a realidade dos fatos. Todavia, em se 
tratando de renúncia abdicativa do credor à garantia, sem registro do ato não há de se falar 
em extinção de garantia. 
4.7. Tipos de penhor. 
Existem vários exemplos possíveis de penhor. Cada um deles refere-se a uma categoria e 
público específico. As classes são: Rural; Industrial e Mercantil; Joias; Veículos; Títulos de 
Crédito. 
4.7.1. Penhor Rural 
O penhor rural abrange as modalidades agrícola e pecuária. Podem ser objetos de penhor 
agrícola: colheitas, pendentes ou em formação, frutos armazenados, madeiras de corte, lenha 
ou carvão vegetal e máquinas ou instrumentos de produção. Essa categoria tem prazo máximo 
de dois anos, prorrogáveis por mais dois. 
Já na pecuária, os animais usados em atividade pastoril, agrícola ou de laticínios podem ser 
oferecidos como garantia. No contrato deve-se indicar a localização de cada cabeça de gado, 
bem como as características de cada uma. Os animais da mesma espécie, comprado para 
substituir os mortos, são trocados no contrato de penhor. 
O devedor não pode vender qualquer um dos animais empenhados sem consentimento por 
escrito do credor. Se houver tal ameaça, o credor pode pedir que os animais sejam postos sob 
a guarda de um terceiro. 
4.7.2. Penhor industrial e mercantil 
 
 
Instrumentos industriais podem ser objetos de penhor. Máquinas, aparelhos, instalados ou 
não, animais utilizados na indústria, sal e bens de exploração de salinas, dentre outros itens 
são passíveis de empenho. 
O credor tem o direito de verificar as coisas empenhadas, em relação ao seu estado. E o 
devedor não pode alienar, por espontânea vontade e sem consentimento, os bens que estejam 
atrelados ao acordo. Ficará sob pena de repor outros bens de mesma natureza ao contrato. 
4.7.3. Penhor de joias 
Esta modalidade é feita única e exclusivamente pela Caixa Econômica federal e é conhecida 
como Penhor Caixa. Nesse caso, o penhor não é somente executado por conta de uma dívida, 
mas na maioria das vezes, como forma de obter um empréstimo. 
Objetos como joias, pedras preciosas, canetas de valor e relógios são bens colocados em 
garantia. Em troca, o cliente recebe crédito com juros baixos. Inclusive, existem episódios de 
pessoas que utilizam a agência como um cofre para guardar os bens e pagam os juros como se 
fosse uma espécie de manutenção do serviço. 
4.7.4. Penhor de direitos e títulos de crédito 
Direitos sobre coisas móveis podem ser objetos de penhor. No entanto, o devedor precisa ser 
notificado sobre essa ação para que seja válida, declarando-se ciente da existência do penhor. 
Para constituir esse processo, é necessário registrar no Registro de Título e Documentos. 
4.7.5. Penhor de veículos 
Podem ser empenhados veículos de qualquer espécie. O automóvel colocado em garantia deve 
ser previamente segurado contra furtos, avarias e danos causados a terceiros. 
O credor tem direito a verificar o estado em que se encontra o veículo a ser empenhado. E a 
mudança do bem colocado em penhor sem comunicação prévia, resulta na expiração 
antecipada do crédito. 
4.8. Diferença entre penhor e penhora 
O penhoré um instituto referente a direito material que pode ser usado para oferecer um bem 
como garantia de pagamento de uma dívida. Já a penhora é um instituto de direito processual. 
 
 
Esta exige um processo e configura a junção de um ou vários bens para uma garantia de 
execução e uma futura alienação em juízo. 
O valor do penhor vai depender da avaliação do bem. Portanto, nem sempre será possível 
conseguir o dinheiro solicitado. 
5. HIPOTECA 
5.1. Conceito 
 Hipoteca é um direito real de garantia, onde o devedor (que pode ser pessoa física ou 
jurídica) contrai uma dívida ou bem através de uma oferta e dispõe de um bem imóvel como 
garantia ao credor. Na bibliografia de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade, que 
segue em destaque “hipoteca garantia mais que perfeita”. Onde após a consagração do 
contrato hipotecário, o credor passa a ter plenos poderes sobre o imóvel caso o devedor não 
consiga honrar com a dívida, sendo assim, o credor poderá converter o imóvel em valores 
correspondente a dívida contratual, contudo a hipoteca é um elo entre o imóvel à execução de 
cumprimento de uma obrigação. 
5.2. Objeto. 
 O objeto da relação hipotecária se encontra no artigo 1.473 CC/02, onde são elencados todos 
os tipos de bens para a conformidade dessa relação jurídica, onde o bem imóvel e seus 
acessórios conjuntamente com eles, além de aeronaves e navio se constituem como uma 
segurança para o credor. 
A hipoteca de navios e aeronaves dispõe o parágrafo primeiro do artigo 1473, reger-se-á por 
Lei especial. Lei 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronaves) e a Lei 7.652/1988 dispõe 
sobre registro de propriedade marítima. 
A hipoteca para ser consagrada precisa-se de um registro legal e através do registro identifica-
se o credor, o devedor (quem é o titular do imóvel),e terceiros se no caso houver 
coparticipação e também como foi adquirido a posse desde o momento da constituição do 
bem. Todo procedimento em relação a hipoteca, está a luz dos artigos 1.473 à 1.505 do código 
civil de 2002, e consolidando todos os procedimentos em relação do registro público da lei 
6.015/73. 
5.3. Pluralidade da hipoteca. 
 
 
A pluralidade de hipoteca está disciplina pelo art. 1.476 do CC/02 “O dono do imóvel 
hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo 
ou de outro credor” .O credor primitivo não fica prejudicado, porque goza do direito de 
preferência. O devedor hipotecário deve revelar, ao constituir nova hipoteca, a existência da 
anterior, sob pena de, silenciando, cometer crime de estelionato nos termos do art.171, § 2º, II 
do CP. 
A segunda hipoteca sobre o mesmo imóvel recebe o nome de sub-hipoteca, esta pode ser 
efetivada ainda que o valor do imóvel não a comporte. A lei assegura a prerrogativa de 
remir a hipoteca anterior, a fim de evitar execução devastadora, que não deixe sobra para 
o pagamento de seu crédito. 
5.4. Remissão dos bens 
Refere-se ao perdão da dívida pelo credor. Caso haja mais credores referente a mesma 
hipoteca , o perdão da dívida jamais poderá prejudicar os demais credores, sendo assim, a 
hipoteca não será extinta só pelo fato que um dos credores remiu a dívida, dando assim 
continuidade no processo e após a venda do imóvel hipoteca, os credores iram restituir a parte 
remida ao devedor. 
5.5. Efeitos da hipoteca 
Abrange a uma cadeia de integrantes que envolve credor, devedor, os mandamentos jurídicos 
( a lei ), a terceiros e aos bens envolvidos no processo. Temos como exemplo a hipoteca 
judiciária onde a (re) descoberta do instituto diante da Súmula nº 375 do STJ: Execução 
efetiva e atualidade da hipoteca judiciária, 2015 “ A hipoteca judiciária é plus – cria vínculo 
real, de modo que , execução imediata ou mediata, está o vencedor munido de direito de 
sequela , que não tinha. Daí resulta que os bens gravados por ela podem ser executados como 
se a dívida fosse a coisa certa, ainda assim, em poder de terceiros que os haja adquirido sem 
fraude à execução. Não há boa-fé em tal aquisição porque a hipoteca judiciária opera como 
qualquer outra hipoteca (...). O exequente tem o direito de prosseguir na execução da sentença 
conta os adquirentes dos bens condenados”. (Pontes de Miranda). 
5.6. Tipos de hipoteca 
Existem três tipos de hipoteca, a convencional, a legal e a judicial. 
 
 
5.6.1. Hipoteca convencional 
Surge do acordo de vontade entre aquele que pretende oferecer e aquele que pretende receber 
a hipoteca. Pode ser convencionada por instrumento particular assinado por duas testemunhas, 
mas dependendo do valor do imóvel, a forma deve ser a prescrita no artigo 108 do Código 
Cívil, ou seja, através da escritura pública, conforme (DINIZ, 2009 pág 566). 
È a forma mais comum de hipoteca. Com efeito, são suscetíveis de ônus real todas as 
obrigações de caráter econômico, sejam elas de dar, fazer ou não fazer. Na obrigação de dar a 
hipoteca assegura a entrega do objeto da prestação; nas de fazer ou de não fazer, pode garantir 
o pagamento de indenização por perdas e danos. 
Têm as partes, assim, a faculdade de reforçar as aludidas obrigações, estipulando a garantia 
hipotecária. Para constituir-se validamente, deve preencher os requisitos objetivo, subjetivo e 
formal. 
5.6.2. Hipoteca legal 
É exigida em certas situações e de algumas pessoas com finalidade de prevenir ou acautelar 
possíveis prejuízos, a exemplo do artigo 1.489 do Código Civil : 
Art. 1489. 
A lei confere hipoteca: 
I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos 
encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas; 
II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de 
fazer o inventário do casal anterior; 
III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinquente, para 
satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais; 
IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel 
adjudicado ao herdeiro reponente; 
V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do 
preço da arrematação. 
 
No caso da hipoteca legal não existe título, tampouco vontade das partes, dada sua origem 
legislativa. 
A especialização da hipoteca legal é feita em juízo, " O pedido para especialização de 
hipoteca legal declarará a estimativa da responsabilidade e será instruído com a prova do 
 
 
domínio dos bens, livres de ônus, dados em garantia. Não dependerá de intervenção judicial a 
especialização de hipoteca legal sempre que o interessado, capaz de contratar, a convencionar, 
por escritura pública, com o responsável". 
O registro e a especialização das hipotecas legais incumbem a quem está obrigado a prestar a 
garantia, mas os interessados podem promover a inscrição delas, ou solicitar ao Ministério 
Público que o faça. As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização das hipotecas 
legais, estão sujeitas a perdas e danos pela omissão. 
A hipoteca legal é aquela que a lei confere a certos credores, que, por se encontrarem em 
determinada situação e pelo fato de que seus bens são confiados à administração alheia, 
devem ter uma proteção especial. 
5.6.3. Hipoteca judicial 
Consiste em existir uma sentença judicial que a determine, conferindo ao exequente direito de 
prosseguir na execução, inclusive, contra os adquirentes do bem. De acordo com Marinoni e 
Mitidiero (2008 pag.442), a constituição de hipoteca judicial independente de requerimento e 
mesmo que exista uma condenação genérica será procedente ainda que não resolvido o arresto 
de bens do devedor ou quando o credor promover a execução provisória. 
Dos tipos hipotecários existentes, a hipoteca convencional possui o maior número de ligações 
com outros institutos jurídicos, além de ser a mais utilizada, inclusive se comparada a 
hipoteca legal.Quanto à hipoteca judicial, é certo que sua aplicação será mais restrita a cada 
dia diante dos remédios processuais existentes, dentre os quais se destacam os empregados 
por meio eletrônico, ainda que visem ao bloqueio de outros tipos de bens. 
O disposto no art. 2.043 do Código Civil, continua em vigor o nosso Código de Processo 
Civil, que, no art. 466 a parágrafo único, expressamente a ela se refere ao prescrever: "a 
sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em dinheiro ou em 
coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo 
juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos." 
A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: 
I -embora a condenação seja genérica; 
II -pendente arresto de bens do devedor; 
 
 
III -ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença". 
Quando a sentença judicial condenar o réu a entregar determinada quantia ou a pagar 
indenização de perdas a danos, o autor tem direito de garantia real sobre os bens do vencido, 
para vendê-los a obter o quantum necessário para a satisfação da obrigação. Só que não terá 
direito de preferência, se, com a insolvência do devedor, instaurar-se concurso de credores. O 
exequente concorrerá em igualdade de condições com os demais credores do réu, mas terá o 
direito de sequela, uma vez que tal hipoteca também requer especialização a inscrição no 
registro imobiliário, sendo, portanto, oponível erga omnes. E como se trata de garantia 
outorgada pela lei ao credor, a hipoteca judicial não incide sobre todos os bens do patrimônio 
do devedor, mas apenas sobre aqueles que forem bastante para cobrir o montante da 
condenação imposta pelo magistrado. 
Por isso, diz alguns autores, que se trata de uma hipoteca anômala, porque deixa de reunir os 
dois efeitos característicos da hipoteca, reconhecendo apenas a sequela, sem a preferência. 
(meia hipoteca). 
5.7. Execução de hipoteca 
..”Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em 
garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação...” 
A hipoteca foi e é uma garantia real imobiliária de grande utilidade, e já faz parte de nosso 
ordenamento há muito tempo, nosso código de 1917, já tratava do assunto. 
A hipoteca é um direito real onde o devedor repassa ao credor, a possibilidade de que um bem 
imóvel de sua propriedade ou de outrem, venha a responder pela quitação de uma dívida 
contraída com o credor. O que garante a dívida é um imóvel, ainda que proprietário continue 
na posse. Em não pagando a divida o credor poderá executar judicialmente a divida logo o 
imóvel que garante a dívida será objeto de leilão, após todos os tramites judiciais. 
Para iniciar a execução, nos termos do art. 580 do CPC, é necessário que haja o 
inadimplemento de uma obrigação líquida, certa e exigível e a existência de um título 
executivo. 
Para o ajuizamento da execução pelo CPC, os títulos executivos são aqueles indicados no art. 
585 do Código Processual. O título executivo de uma execução hipotecária é o contrato de 
financiamento imobiliário. 
 
 
No que se refere à execução hipotecária, o principal diferencial em relação à execução pelo 
CPC, está disposto no art. 2º, IV, onde se vê que devem ser remetidas 2 notificações aos 
mutuários ou devedores (Avisos de Cobrança), os quais necessitam ser remetidos ao endereço 
do imóvel hipotecado, sendo que, segundo o STJ, não é necessária a comprovação do 
recebimento de tais avisos pelos mutuários. 
Tais notificações, em número mínimo de 2 (duas) para cada Executado devem ser elaboradas 
contendo o período em atraso e o valor reclamado. Por medida de segurança, sempre que 
possível, envia-se outros 2 avisos para outro endereço do mutuário e que seja conhecido. 
Após a emissão do 1º aviso de cobrança para cada devedor, tem-se o prazo de 30 dias para a 
emissão do segundo, o qual dispõe de um prazo de 20 dias para pagamento. Se o débito não 
for saldado durante esses 20 dias após o 2º aviso, no 21º dia, após o 2º aviso, está autorizado o 
ajuizamento da execução especial hipotecária. 
Comprova-se o envio dos avisos com a juntada de AR’s (Avisos de Recebimento) ou com o 
comprovante emitido pelo correio, quando enviados por Carta Registrada, que é modo mais 
célere de envio e menos custoso e amplamente utilizado na esfera legal. 
Salienta-se que a emissão de tais avisos de cobrança é exigência da Lei 5.741/71, não sendo 
necessário o envio de tais notificações ao ajuizar execução pelo CPC. 
Os demais documentos que devem ser anexados à petição inicial, no momento de propositura 
da execução e que estão elencados no art. 2º da Lei, são aqueles já previstos no CPC. 
5.8. Registro de hipoteca 
As hipotecas serão registradas no cartório do lugar do imóvel, ou no de cada um deles, se o 
título se referir a mais de um. Compete aos interessados, exibido o título, requerer o registro 
da hipoteca. Tais registros estão dispostos no Código Civil - artigos 1.492 a 1.498. 
Os registros e averbações seguirão a ordem em que forem requeridas, verificando-se ela pela 
da sua numeração sucessiva no protocolo. O número de ordem determina a prioridade e esta a 
preferência entre as hipotecas. 
Não se registrarão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca e outro direito real, sobre o 
mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas, salvo se as escrituras, do mesmo dia, indicarem 
a hora em que foram lavradas. 
 
 
Quando se apresentar ao oficial do registro título de hipoteca que mencione a constituição de 
anterior, não registrada, sobrestará ele na inscrição da nova, depois de a prenotar, até trinta 
dias, aguardando que o interessado inscreva a precedente; esgotado o prazo, sem que se 
requeira a inscrição desta, a hipoteca ulterior será registrada e obterá preferência. 
Se tiver dúvida sobre a legalidade do registro requerido, o oficial fará, ainda assim, a 
prenotação do pedido. Se a dúvida, dentro em noventa dias, for julgada improcedente, o 
registro efetuar-se-á com o mesmo número que teria na data da prenotação; no caso contrário, 
cancelada esta, receberá o registro o número correspondente à data em que se tornar a 
requerer. 
As hipotecas legais, de qualquer natureza, deverão ser registradas e especializadas. O registro 
e a especialização das hipotecas legais incumbem a quem está obrigado a prestar a garantia, 
mas os interessados podem promover a inscrição delas, ou solicitar ao Ministério Público que 
o faça. 
As pessoas, às quais incumbir o registro e a especialização das hipotecas legais, estão sujeitas 
a perdas e danos pela omissão. Vale o registro da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; 
mas a especialização, em completando vinte anos, deve ser renovada. 
5.9. Extinção de hipoteca 
O artigo 1.499 do Código Civil dispõe: 
I – pela extinção da obrigação principal; 
II – pelo perecimento da coisa; 
III – pela resolução da propriedade; 
IV – pela renúncia do credor; 
V – pela remição; 
VI – pela arrematação ou adjudicação. 
 
No entanto, a doutrina e a jurisprudência entendem que esse rol é exemplificativo, ou seja, 
não exauri todas as possíveis formas de extinção, uma vez que a sociedade é dinâmica e casos 
concretos podem ensejar novas formas de extinção do instituto. 
Na prática, a forma de extinção indicada no inciso I do artigo 1.499 do Código Civil é o 
percurso mais comum, posto que se dá com o cumprimento integral da obrigação principal, 
qual seja, o pagamento da dívida. 
O inciso II do mesmo diploma, disciplina que a extinção poderá se dar pelo perecimento da 
coisa. Tal perecimento deve ser total, pois a relação hipotecária subsiste caso haja apenas a 
 
 
perda parcial ou desvalorização do bem, permitindo ao credor “chamar” outros bens para 
reforço da hipoteca. 
O inciso III esclarece que a extinção poderá se dar pela resolução da propriedade. E o que é 
resolução da propriedadeou propriedade resolúvel, como é comumente conhecida? Ocorre 
quando a aquisição de uma propriedade, com todas as suas prerrogativas e obrigações está 
condicionada a conclusão de uma situação ou advento do termo. Desta feita, extingue-se a 
hipoteca devido ao implemento da condição resolutiva ou do termo ajustado. 
O inciso IV determina que a extinção também seja possível pela renúncia do credor. Tal 
forma de extinção é unilateral por parte do credor e somente é possível nos casos de hipoteca 
convencional, quando há discricionariedade entre as parte, o que não ocorre na hipoteca legal. 
Importante compreender que quando o credor renúncia o ônus real, está renunciando o direito 
sobre determinado bem, contudo, permanece credor, no entanto na qualidade de credor 
hipotecário quirografário, o que significa dizer que não mais possui direito de preferência 
sobre os demais credores. Depreende-se, portanto, que ele não deixa de ser credor, somente 
renúncia seu direito de garantia real sobre determinado bem. Diferente ocorre quando há a 
renúncia do débito, quando se extingue por completa a obrigação de pagar do devedor e o 
direito de receber do credor. 
Essas são algumas formas elencadas no Código Civil, porém, reitera-se, é um rol 
exemplificativo que norteia as demais formas de extinção que se afiguram em casos 
concretos. 
6. ANTICRESE 
6.1. Conceito e natureza jurídica 
A anticrese, assim como os institutos do penhor e da hipoteca, é um direito real de garantia 
clássico. Porém, no penhor típico se transfere a posse da coisa ao credor, somente de bens 
móveis, que dela não pode se utilizar, e na hipoteca o bem continua na posse do devedor. Na 
anticrese, por sua vez, o credor assume necessariamente a posse do bem para usufruir seus 
frutos, a fim de amortizar a divida ou receber juros. 
Dessa forma, anticrese é um direito real derivado de um contrato pelo qual um devedor 
autoriza ao seu credor a posse de um imóvel, tendo este o direito de retê-lo até o complemento 
da sua dívida, podendo perceber os frutos e os rendimentos que servirão para o pagamento 
 
 
dos juros e do capital, ou seja, a percepção dos frutos e rendimentos serve como compensação 
da dívida conforme art.1.506. 
Conceitua Limongi França: Anticrese é a limitação da garantia, à propriedade de um bem 
imóvel de determinado devedor, ou de outrem para ele, limitação essa que se caracteriza pela 
transferência da posse do mesmo bem ao credor, com o escopo de este lhe auferir frutos e 
rendimentos, para levá-los à conta de obrigação principal e dos juros, ou apenas dos juros. 
Por sua vez, Maria Helena Diniz, no mesmo sentido, diz que, a anticrese é o direito real sobre 
imóvel alheio, em virtude do qual o credor obtém a posse da coisa, a fim de perceber-lhe os 
frutos (rendimentos) e imputá-los no pagamento da dívida, juros e capital, sendo, porém, 
permitido estipular que os frutos sejam, na sua totalidade, percebidos à conta de juros. 
6.2. Constituição e Objeto. 
Nos termos do Código Civil de 2002 (art. 1.506), o objeto da anticrese é sempre um imóvel, 
um bem de raiz. 
Admite-se a coexistência entre a anticrese e a hipoteca, dadas às circunstâncias limitadoras da 
primeira, assim, o imóvel gravado pela anticrese pode ser hipotecado, e vice-versa. 
Assevera Washington de Barros Monteiro, que nada impede que o devedor hipotecário dê o 
imóvel hipotecado em anticrese ao credor hipotecário, a fim de, com os rendimentos, 
amortizar a dívida e que o devedor anticrético hipoteque o imóvel anticrético ao credor 
anticrético. 
O instituto da anticrese somente se estabelece por meio de contrato escrito, é celebrado por 
escritura pública e deve ser levado o registro público - por ser um direito real de garantia que 
se exerce sobre coisa alheia. 
No contrato deve constar o total da dívida, o prazo fixado para o pagamento, a taxa de juros e 
as especificações da coisa dada em garantia. Neste teor, entende-se que a tradição do imóvel 
por si só não completa a constituição do direito real, que somente com o registro se última. 
É o que dispõe o art. 1506 do Código Civil: 
“Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de 
perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos.” 
 
 
Já em seu parágrafo 1° é permitido estipular que os frutos e rendimentos sejam percebidos 
pelo credor à conta de juros, porém se seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei, o 
restante será imputado ao capital. 
Com a criação do Código Civil de 1916, a anticrese passou a ser um direito autônomo, com 
natureza real de garantia e características específicas, e o credor tem para si, até a satisfação 
total de seu crédito, o jus fruendi e o jus utendi. Em relação às partes é conferida a 
oponibilidade erga omnes; adere ao imóvel para percepção de suas utilidades pelo credor e é 
indivisível, assim, atendendo ao princípio que rege os direitos reais. 
6.3 Efeitos da Anticrese 
Os efeitos da anticrese estão previstos no ordenamento jurídico no art. 1.508, do Código Civil 
que estabelece que por se tratar de um direito real, ao receber a coisa alheia o credor assume, 
a um tempo, a condição de possuidor e mandatário. O credor, então, tem o dever de zelar pela 
coisa como se fosse dele, responsabilizando-se pela deteriorações que o imóvel sofrer por sua 
culpa. 
Incube também ao credor fruir do imóvel, seja de forma direta ou por meio de arrendamento 
feito a terceiro, porém, independente da forma, a exploração do prédio deve ser adequada. Ou 
seja, não pode o credor sacrificar a substância da coisa para obter renda excessiva, pois, 
caracterizaria um procedimento abusivo. No entanto, não pode permitir o contrário - permitir, 
por negligência sua, que a renda caia abaixo do normal. 
Outro efeito é a prestação de contas por parte do credor anticrético, somente através desse 
procedimento que se verifica, em um dado momento, o montante da dívida, pelo cálculo da 
renda recebida, que foi imputada no principal e nos juros, ou só nestes. A prestação de contas 
pode ser exigida a qualquer tempo pelo devedor, se não predeterminadas, mas é suscetível de 
abuso se o móvel for apenas o de criar embaraço ao credor. 
6.4. Hipótese de cumulação 
A legislação civil prevê no art. 1.506, § 2º, que o imóvel hipotecado pode ser dado em 
anticrese ao credor hipotecário, e o imóvel sujeito a anticrese pode ser hipotecado ao credor 
anticrético. Deste modo, em conformidade com tal dispositivo, apenas ao beneficiário de um 
direito real de garantia seria permitido admitir aumento de garantia, mediante comunicação de 
outro direito de natureza análoga. 
 
 
Assim, outorgando-se hipoteca ao credor anticrético, acrescentaria o direito de excutir a 
garantia e de eleger outros credores no produto em praça. Já, quando se concede anticrese ao 
credor hipotecário, proporciona-se a possibilidade de explorar a coisa e pela proveniência dos 
frutos, pagar-se de seu crédito, sem necessidade de excussão. 
Desta forma, podia-se entender que existiria a impossibilidade de ser oferecido em hipoteca, a 
terceiros, o bem onerado por anticrese. Esse entendimento, porém, não se fundamenta, pois 
pela parte final do art. 1.509, do Código Civil, que admite a existência de credores 
hipotecários posteriores ao registro da anticrese. 
Todavia como a anticrese tem duração mais longa que a hipoteca e como é escolha do credor 
anticrético se opor à excussão hipotecária, dificilmente haverá quem aceite imóvel onerado 
com anticrese. 
6.5 Direitos e deveres do devedor anticrético 
Para Sílvio de Salvo Venosa, dentre as obrigações do devedor, a principal é a da tradição 
(entrega) do imóvel ao credor, permanecendo essa posse até o saldamento da dívida. 
Observar o prazo do contrato, resguardando-se de turbar ou esbulhar o imóvel, de forma que o 
credor possa exercer plenamente sua capacidade de gerar os rendimentos para pagar-se, 
também é uma obrigaçãodo devedor. 
Como direito, o de, a qualquer tempo, resgatar a anticrese (desoneração do gravame e 
devolução do bem), por meio de pagamento da dívida. 
Também é um direito do devedor permanecer com a propriedade do bem, podendo inclusive 
aliená-lo, embora, na prática, se considerado quase que um imóvel fora do comércio, 
porquanto dificilmente alguém irá comprá-lo com o gravame e restrições de uso que tem, às 
vezes por longo tempo. 
O devedor tem o direito de exigir do credor o uso para a finalidade prevista, a conservação, 
cabendo ressarcimento pelos danos causados pelo credor, com culpa. 
Deve ainda, pedir contas ao credor, para acompanhamento da evolução do saldamento da 
dívida. 
Temos como direitos do credor anticrético: 
 
 
a) Exercer a posse do bem dado em garantia; 
b) Administrar os bens objetos da anticrese, e fruir frutos e utilidades (art. 1.507); 
c) Reter o imóvel em seu poder, até efetuar-se o pagamento da divida. (art. 1.423); 
d) Arrendar os bens à terceiro, se não o impedir cláusula contratual, o que não afasta a 
retenção, segundo o parágrafo segundo do art. 1.507; 
e) Reclamar seus direitos contra o terceiro que adquira o imóvel. Conhecido como direito de 
sequela, este garantido no art. 1.509. 
De outra banda, são obrigações do credor: 
a) Guardar ou manter a coisa como se sua fosse; 
b) Apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua administração, com a discriminação 
dos frutos e utilidades usufruídos, o correspondente ao pagamento da dívida, o saldo 
remanescente, nos termos do art. 1.507; 
c) Responder pelas deteriorações que o imóvel sofre por culpa sua, e pelos frutos e 
rendimentos não percebidos por negligencia, conforme art. 1.508; 
d) Prestar contas dos frutos ou rendimentos havidos, com o consequente abatimento da divida 
que for sendo satisfeita; 
e) Um vez cumprida a obrigação, devolver a coisa. 
Por sua vez, cabem ao devedor as seguintes obrigações: 
a) Entregar a coisa ao credor, que com ela deverá permanecer até a extinção do débito; 
b) Pagar a dívida se não cumprir o uso do imóvel com esta finalidade; 
Como direitos, o devedor tem a seu favor: 
a) Impor a conservação do imóvel, mantendo-se no estado em que foi recebido, sem 
modificações que sejam prejudiciais; 
b) Reclamar a devolução e acessórios quando vencido o prazo, ou satisfeita a divida; 
c) Pedir contas do imóvel, de frutos e rendimentos, sempre que entender necessário; 
 
 
d) Postular a indenização dos frutos perdidos ou deteriorados por culpa do credor; 
e) Alienar o imóvel, porém a garantia perdurará com o adquirente. 
6.6. Extinção da Anticrese 
Extingue-se a anticrese pelo pagamento integral da dívida, inclusive antecipada (remição), 
sendo que a posse do bem por parte do credor passa a ser injusta após o desaparecimento da 
obrigação. 
Também se extingue pela renúncia, a transmissão da posse do bem ao devedor implica em 
renúncia tática, pois não há anticrese sem que a posse esteja com o credor. 
Pelo instituto da decadência, passados 15 anos do registro da anticrese no respectivo cartório 
de imóveis (art. 1.423, CC) caducando a mesma. Há que se ressalvar, porém, que na 
pendência da garantia anticrética não há curso de prescrição da dívida, podendo esta ser 
cobrada a qualquer momento, pelas ações pertinentes, iniciando-se o prazo prescritivo para a 
dívida somente quando o credor deixa de ter a posse do bem. 
Igualmente nos casos de desapropriação ou perecimento do imóvel (art. 1.509 ,§ 2º, CC), 
extingue-se a anticrese, permanecendo, porém a dívida na íntegra (computando-se , no caso, 
os frutos já percebidos até o momento). 
Poderá, ainda, ser extinta a anticrese, se o credor não opuser seu direito de retenção diante de 
outros credores (embargos de terceiro). 
Ademais, a legislação brasileira prevê que as transações envolvendo imóveis acima de trinta 
vezes o valor do salário mínimo (art. 108, CC), devam ser operadas por meio de escritura 
pública. 
Por sua vez, o artigo 107 do Código Civil diz que: “Art. 107. A validade da declaração de 
vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.”. 
Assim, para que o contrato de anticrese seja válido, deverá observar esses preceitos legais, 
razão pela qual a apelação em comento careceu do “direito de ação”, conforme previsto. 
Por sua vez, o art. 129, CC, diz que: “Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos 
jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem 
 
 
desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada 
a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.” 
Destaca-se ainda que, no Código de Processo Civil, somente é legítimo para propor ação 
aquele que é titular do direito (art. 267, III). Julgados dos tribunais conforme acórdão à folha 
14 retro, a decisão havida no caso em concreto seguiu as linhas da doutrina e aplicando a 
legislação vigente. 
7. CONSIDERAÇÕES 
 
O trabalho aqui apresentado buscou-se uma análise acerca dos direitos de garantias reais 
sobre coisa alheia, mais especificamente o penhor, hipoteca e anticrese. A partir de uma 
discussão dos seus fundamentos jurídicos na visão da doutrina e da jurisprudência em uma 
análise pormenorizada dos tipos e modalidades de cada um dos aludido institutos de garantia 
real. Desse modo foram apresentados seus conceitos, objetos, sua natureza jurídica, direitos e 
deveres de credores e devedores, bem como sua formação e extinção na visão dos legisladores 
e na análise doutrinário. 
Por fim fica entendido que os direitos reais de garantias sobre coisa alheia, nada mais é do 
uma forma legal de limitação sobre o exercício dos direitos inerentes à propriedade, ou seja, o 
titular do domínio passa a ter temporariamente limitados seus direitos, em seu lugar, o 
terceiro, titular do Direito Real sobre coisa alheia, é quem exercitará os poderes inerentes ao 
domínio que lhes fora transferido juridicamente válida. 
8. REFERÊNCIAS 
 
FARIAS, Cristiano Chaves de. e ROSENVALDI, Nelson. Direitos Reais 5ª edição. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
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