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A Evolução da Democracia

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De acordo com Rousseau, a verdadeira democracia era algo tão perfeito e tão distante da natureza humana – tão imperfeita – que ela só poderia acontecer se houvesse um povo de deuses.
O conceito de democracia de “governo do povo e para o povo” acaba se esbarrando em vários fatos que aconteceram no decorrer da História. Porém, mesmo com todos os “tropeços” há que se dizer que se trata da melhor e mais sábia forma de poder conhecida na história política e social de todas as civilizações.
Conforme o pensamento de Clemenceau, em matéria de desonestidade a única diferença entre o regime democrático e a ditadura é que naquele há a publicidade, que cura suas mazelas por intermédio da opinião livre. Isso é o que torna a democracia um mal menos grave à sociedade.
Marnoco e Sousa, jurisconsulto português, justificava a predominância da democracia por não ser possível encontrar outro regime que lhe fosse superior. Ele afirmava que este regime não está centrado apenas na quantidade de pessoas – por ser o governo da maioria – conforme pregava Nietzshe, mas na soma desta com a capacidade, construindo a fórmula mais racional e soberana de governo para a sociedade humana.
A democracia, na atualidade, é a forma de governo que a maioria das sociedades dizem adotar, porém cada estado dá a este regime o significado que melhor que aprouver.
Pareto julgava ser difícil conceituar “democracia” por ser mais indeterminado que o conceito de “religião”. Já Bryce a define como forma de governo em que o “povo impõe sua vontade de todas as questões importantes”.
A democracia vem sendo objeto de frequentes abusos e distorções no que se refere ao seu conceito. Segundo Kelsen, ela é sobretudo um caminho: o da progressão para a liberdade.
Dissipam-se, porém, as dúvidas sobre o conceito de democracia quando o tem como o governo do povo, para o povo e pelo povo.
Na história das instituições há três modalidades básicas de democracia: a direta, a indireta e a semidireta.
Democracia direta
A Grécia foi o berço da democracia direta. A democracia direta antiga era a democracia de uma cidade, de um povo que desconhecia a vida civil, que fazia de sua assembleia um poder concentrado no exercício da plena soberania legislativa, executiva e judicial.
A democracia, como direito de participação no ato criador da vontade política, era privilégio de íntima minoria social de homens livres apoiados sobre esmagadora maioria de homens escravos, por isso autores mais rigorosos asseveram que não houve na Grécia democracia verdadeira, mas uma aristocracia democrática.
Não havia naquela forma de democracia direta, democracia orgânica, a tensão que preside, nos tempos modernos, às relações entre o indivíduo e o Estado.
A democracia grega não consentia dissociações do homem e da coletividade. De maneira que, recebendo tudo do Estado, devendo tudo ao estado, o homem grego, ainda quando entra, historicamente, a tomar consciência de que a polis lhe é a realidade exterior, ainda quando intenta afirmar conscientemente sua personalidade, esse homem vacila e essa vacilação se escreve, por exemplo, no sacrifício de Sócrates, que quis morrer sem desmembrar pelos atos o que sua filosofia já desmembrara pelas idéias: a separação feita entre o Estado e o homem.
Inumeráveis pensadores modernos, a exemplo de Rousseau, reputavam haver sido essa separação o maior crime da idade moderna. Filósofos como Rousseau, Hegel e Nietzsche entendem que verdadeiramente livre foi o homem grego e não o homem moderno; o homem das praças atenienses e não o homem da sociedade ocidental de nossos dias. Pois para aquele homem, a demos funcionava indistintamente como assembléia, conselho ou tribunal: concentrava em si os três poderes legislativo, executivo e judicial.
Os gregos consideravam democracia aquelas formas de governo que garantissem a todos os cidadãos a isonomia (pregava a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de grau, classe ou riqueza), a isotimia (abolia os títulos ou funções hereditárias, abrindo a todos os cidadãos o livre acesso ao exercício das funções públicas) e a isagoria (direito de palavra, da igualdade reconhecida a todos falar nas assembléias populares, de debater publicamente os negócios do governo), e fizessem da liberdade e de sua observância a base sobre a qual repousava toda a sociedade política.
De acordo com o persa Otanes, a democracia grega havia cinco traços fundamentais:
a) a igualdade de todos perante a lei – princípio da isonomia;
b) a condenação de todo poder arbitrário, qual aquele que dominava as monarquias orientais;
c) o preenchimento das funções públicas mediante sorteio;
d) a responsabilidade dos servidores públicos;
e) as reuniões e deliberações populares em praça pública.
Desses princípios três se incorporaram ao moderno direito público, porém o sorteio e as assembléias populares foram afastados no moderno sistema democrático, e substituídos, no último caso, pelas formas representativas de organização do poder político.
Diante de tudo o que foi visto, pode-se concluir que a democracia direta dos gregos foi a mais bela lição moral de civismo que a civilização clássica legou aos povos ocidentais.
Democracia indireta
A democracia indireta é caracterizada pela presença do sistema representativo. 
Razões de ordem prática fazem do sistema representativo condição essencial para o funcionamento no Estado moderno uma forma de organização democrática do poder, pois não seria possível ao Estado moderno adotar técnica de conhecimento e captação da vontade dos cidadãos semelhante àquela que se consagrava no Estado-cidade da Grécia.
Só houve, portanto, uma saída possível dentro do Estado moderno: um governo democrático de bases representativas.
Rousseau dizia que o homem da democracia moderna só é livre no momento em que vai às urnas votar e, de acordo com Montesquieu, o povo era excelente para escolher, mas péssimo para governar.
Não há como fugir ao imperativo de representação haja vista a complexidade social, a extensão e a densidade demográfica do Estado moderno, fatores estes que embaraçam irremediavelmente o exercício da democracia direta.
A moderna democracia ocidental tem por bases principais:
a) a soberania popular;
b) o sufrágio universal;
c) o princípio da distinção dos poderes;
d) a igualdade de todos perante a lei;
e) o princípio da fraternidade social;
f) a representação como base das instituições políticas;
g) a limitação de prerrogativas dos governantes;
h) o Estado de direito, com a prática e proteção das liberdades públicas e da ordem jurídica;
i) a temporalidade dos mandatos eletivos e a existência garantida das minorias políticas.
Democracia semidireta
A democracia semidireta é a modalidade em que se alteram as formas clássicas da democracia representativa para aproximá-la cada vez mais da democracia direta.
O poder é do povo, mas o governo é dos representantes, em nome do povo, havendo a presunção de que a vontade representativa é a mesma vontade popular.
Com a democracia semidireta, a alienação política da vontade do povo, e o governo, mediante o qual essa soberania se comunica ou exerce, pertence por igual elemento popular nas matérias mais importantes da vida pública através de instituições como o referendo, a iniciativa, o veto e o direito de revogação.
O povo na democracia semidireta não se cinge apenas em eleger, não é apenas colaborador político, mas também um colaborador jurídico. O povo legisla, além de eleger.
A democracia semidireta teve o período de mais larga proliferação no curso das três primeiras décadas do século XX, quando gozou de indisputável prestígio, mormente após a Primeira Grande Guerra Mundial. A Suíça foi o seu berço tradicional, onde o referendo e a iniciativa permanecem.
As esperanças do sistema democrático se voltam para os partidos políticos, que receberam o exercício de uma missão em que os povos democráticos vêm delegando a parte mais considerável de suas forças.
Porém, a descrença generalizada nos partidos tem determinado umareversão tocante ao futuro dos instrumentos da democracia semidireta.
O Estado de nossos dias é dominantemente partidário e tanto na democracia quanto na ditadura, o partido político é o poder institucionalizado das massas. Infelizmente, não raro os partidos, considerados instrumentos fundamentais da democracia, se corrompem. Com essa corrupção, o povo sai bastante ferido, pois testemunham a maior das tragédias políticas: o colossal logro de que foi vítima.
O partido onipotente já não é o povo nem sua vontade geral, mas ínfima minoria que, tendo os postos de mando e os cordões com que guiar a ação política, desnaturou nesse processo de condução partidária toda a verdade democrática.
A morte do regime democrático se acha próxima, ou já se consumou, porque não vivem as instituições democráticas de um nome ou de um rótulo, senão daquela prática eletiva, donde não haja desertado ainda a vontade popular.
O homem deveria ser conservado sempre como ponto de partida e destinatário de toda a ação social, porém os partidos se converteram na força condutora do destino da coletividade, mudando, portanto, a natureza do conceito de democracia.
Com o Estado partidário, todo o sistema representativo tradicional entra em crise, pois não é admitido a votar senão em nome dos partidos, no sistema uninominal, nas pessoas que representam esses partidos; no sistema proporcional, nas idéias ou no programa desses partidos.
O eleitor exerce seu sufrágio avulso dentro do sistema de opções que um quadro político-partidário pluralista lhe pode oferecer.
No Estado partidário, a discussão parlamentar em seus moldes clássicos e solenes fica quase proscrita, com os partidos e suas representações buscando antes impor-se ao adversário do que persuadi-lo. Fazendo, dessa forma, a luta pelo poder substituir em definitivo a luta pela verdade.
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