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VINÍCIUS KLAGENBERG PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO EM AMBIENTE HOSPITALAR Novo Hamburgo 2018 VINÍCIUS KLAGENBERG PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO EM AMBIENTE HOSPITALAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Administração pela Universidade Feevale. Orientador: Me. Renata Gheno Novo Hamburgo 2018 VINÍCIUS KLAGENBERG Trabalho de conclusão do Curso Administração, com título PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO EM AMBIENTE HOSPITALAR, submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Aprovado por: ___________________________________________ Orientador: Me. Renata Gheno ___________________________________________ Professor avaliador ___________________________________________ Professor avaliador Dedicatória Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiaram tanto na vida quanto nos estudos, ensinaram a ser determinado, perseguir meus objetivos e nunca me deixaram faltar nada. Agradecimentos Agradeço a Deus por ter me dado está família. Ao Hospital X por ter proporcionado a realização deste trabalho. Ao meu chefe que me apoiou, teve paciência e me ajudou quando precisei. Agradeço muitíssimo a minha orientadora, por ter me aceito como orientando e me guiado nesta experiencia. Obrigado a todos meus amigos que me apoiaram e entenderam quando precisei focar nos meus objetivos. Muito obrigado a todos. RESUMO O tema deste trabalho é o estudo do clima organizacional por meio de um estudo de caso no hospital X. Por ser uma área muito propensa à alta carga de stress e alta responsabilidade, é uma boa forma para perceber-se o poder e a influência da gestão de recursos humanos no clima organizacional. Esta pesquisa tem como objetivo geral avaliar os fatores que mais interferem no clima organizacional do Hospital X. De acordo com Luz (2003) o clima organizacional é o estado interno da organização segundo a percepção dos colaboradores em determinado momento. A metodologia utilizada para atingir o objetivo proposto foi a pesquisa aplicada e descritiva, embasada em pesquisa bibliográfica e aplicação de estudo de caso. As fontes de obtenção dos dados foram análise documental, observação participante, entrevista com a responsável pelo RH, e aplicação de questionário aos colaboradores da instituição participante. A partir deste trabalho foi possível mostrar a importância da realização da pesquisa de clima organizacional, bem como a importância para a empresa de continuar monitorando o clima organizacional. Os resultados foram positivos, apontando satisfação em quase todas as variáveis questionadas, com exceção da variável qualidade e desenvolvimento, e de algumas questões pontuais sobre o hospital X, onde foi apurada uma certa insatisfação por parte dos respondentes. Palavras-chave: Gestão de recursos humanos. Clima organizacional. Pesquisa de clima. ABSTRACT The study of this subject is the organizational climate, through a study case in the hospital X. Because it is na area very prone to high stress and responsability. It`s a way to perceive the power and influence the manegement of the human resources in the organizational climate. According Luz (2003), the organizational climate is internal state organization according to the perception of employees at given moment. The methodology used to reach proposed objective was applied and discriptive research based on a bibliographical study case. The sources of collection were documentary analysis, participant observation, interview with a responsible by the HR, and application a questionnaire for the participant of this institution. Through the study it was possible to show the importance of the performance at research of the climate organizational as well is important for the company to continue monitoring this climate. The results were positive indication satisfaction, almos all with exception quality and the development of some questions about the hospital X, where was found a sure dissatisfaction by the respondents. Keywords: Human resources management. Organizational climate. Climate research. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 2 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ........................................................................... 11 2.1GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM AMBIENTE HOSPITALAR ...................... 15 3 CLIMA ORGANIZACIONAL .......................................................................................... 20 3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM O CLIMA ORGANIZACIONAL .............................. 28 4 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 34 4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 34 4.2 EMPRESA OBJETO DE ESTUDO ................................................................................... 35 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 36 4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................................................. 37 4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE .................................................................................. 37 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 39 5.1 A INSTITUIÇÃO OBJETO DE ESTUDO ........................................................................ 39 5.2 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA ........................................................................ 42 5.2.1 Observação Participante ............................................................................................... 42 5.2.2 Questionários ................................................................................................................. 42 5.3 ANÁLISE GERAL E SUGESTÕES DE MELHORIAS ................................................... 61 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65 APÊNDICE A – PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL ..................................... 68 8 1 INTRODUÇÃO Trabalhar na área da saúde sempre foi um desafio, pois são encaradas diariamente diversas barreiras, tanto psicologicamente quanto fisicamente, comprometendo a efetividade e a qualidade do atendimento prestado, sendo assim, é de extrema importância para os hospitais levar em consideração o conhecimento sobre os efeitos da prática de gestão de recursos humanos no ambiente hospitalar. A gestão de recursos humanos atual é definida como algo muito distante da sua estrutura tradicional, que se focava na seleção, remuneração e controle de seus colaboradores. Hoje expandiu suas ações, buscando conhecer toda a atividade da empresa, bem como seu modo de operação, busca desenvolver os profissionais, não somente nas tarefas que lhe são atribuídas, mas em sua realização pessoal. Com o avanço do tempo, muitas mudanças ocorreram, tanto na forma de realizar as atividades, acompanhando os avanços tecnológicos, como também na gestão dos colaboradores, porém acabou sendo um segmento pouco explorado por estudos visando a gestão de recursos humanos, o que gerou algumas lacunas na área hospitalar, conforme Rodrigues e Torres (2015). As pessoas quandoestão insatisfeitas com a organização tendem a reduzir o desempenho em suas atividades, o que na área da saúde pode comprometer vidas. Portanto, as organizações devem sempre se atualizar no âmbito da gestão de pessoas, para melhor administrar seus funcionários, reduzindo os efeitos negativos que constantemente aparecem, bem como encontrar soluções para expandir o desempenho dos colaboradores nas atividades diárias. Existem algumas ferramentas que auxiliam o trabalho dos recursos humanos, e uma delas é uma análise do clima organizacional, ela serve para identificar o grau de satisfação e a motivação dos colaboradores frente às mudanças na organização. Para a instituição estudada nesta pesquisa, será imprescindível, pois nunca foi realizada tal pesquisa, “[...] nunca será garantia absoluta e única de lucro ou sucesso para uma empresa. Outros pontos relevantes também são importantes, mas dificilmente uma empresa que não apresente um bom clima organizacional terá sucesso” (GASPARETTO, 2008, p. 50). Para o acadêmico, esta produção é de valor inestimável, pois trará conhecimento de gestão de pessoas em uma área onde erros podem custar vidas, além de ser o ambiente onde está inserido no seu dia a dia, porém abordando tudo de um ponto de vista diferente, 9 aumentando sua compreensão sobre as dificuldades além de agregar experiência para enfrentar futuros desafios. Considerando as instituições, constitui uma excelente oportunidade de receber orientação e avaliar sua equipe de Recursos Humanos, podendo, se necessário, capacitá-los para melhor atender as necessidades organizacionais tomando atitudes para melhorar o desempenho dos colaboradores. Identificando possíveis pontos fracos, faz-se necessário um ponto de vista externo à área para facilitar a identificação das oportunidades. Por ser uma área muito propensa à alta carga de stress e alta responsabilidade, é uma boa forma para os interessados perceberem o poder e a importância da gestão de recursos humanos e do clima organizacional, bem como descobrir novas ferramentas para auxiliar no desenvolvimento da empresa. Um dos maiores beneficiados é a comunidade em geral, pois são os clientes das instituições de saúde. Se a organização conseguir melhorar a satisfação e desempenho de seus colaboradores, isso refletirá em um melhor atendimento para a população, causando efeito em toda região onde a entidade é referência de atendimento. Diante desse contexto, esta pesquisa tem como questão norteadora: como pode ser avaliado o clima organizacional do Hospital X na opinião dos seus colaboradores? As hipóteses levantadas pelo autor são de que fatores relacionados ao bloco de questões sobre a baixa satisfação dos funcionários, a má relação entre profissional com a organização em que ele atua influenciam negativamente o clima organizacional devido à natureza das atividades a que se refere a empresa estudada. Enquanto os blocos de fatores relacionados a alta satisfação dos funcionários, trabalho em equipe uma empresa que se preocupa com o desenvolvimento pessoal e profissional do colaborador, podem tornar o clima organizacional mais positivo. Este trabalho tem como objetivo geral avaliar os fatores que mais interferem no clima organizacional do Hospital X, desdobrando-se nos seguintes objetivos específicos: a) identificar a percepção dos colaboradores participantes da pesquisa sobre o clima organizacional no hospital; b) analisar os fatores que influenciam positiva e negativamente o clima organizacional no hospital X; c) propor ações de melhoria para os fatores que influenciaram negativamente o resultado da pesquisa de clima. Através do estudo teórico embasado por autores como Dessler (2015), Chiavenato (2015) e Nascimento (2013), foram definidos os conceitos de recursos humanos. Sobre gestão 10 de recursos humanos em ambientes hospitalares foram consultados autores como Queiroz et al (2013), Barbosa e Morici (2013), e Magalhães (2016). O conteúdo referente ao conceito de clima organizacional e aos fatores que afetam o clima organizacional nas empresas foi embasado em autores como Gasparetto (2008), Luz (2003) e Fleck (2008). Para elaboração desta pesquisa, utilizou-se a pesquisa descritiva, com realização de um estudo de caso, embasado em diversas técnicas de coleta de dados, tais como: análise documental, entrevista e questionários. A abordagem da pesquisa é quantitativa. O presente trabalho está dividido em seis capítulos, iniciando por esta introdução que trouxe uma contextualização do tema, bem como a justificativa, o problema de pesquisa e os objetivos do trabalho. Nos capítulos 2 e 3 apresenta-se o referencial teórico, iniciando pelos conceitos de gestão de recursos humanos e gestão de recursos humanos em ambientes hospitalares, em seguida abordando conceitos de clima organizacional e os fatores que afetam o mesmo. Na sequência, o capítulo 4 traz a classificação da pesquisa e o delineamento da metodologia utilizada para atingimento dos objetivos propostos. No capítulo 5 são apresentados os resultados da pesquisa aplicada, bem como a análise dos resultados obtidos. Por fim, no capítulo 6 apresenta-se as considerações finais do trabalho. 11 2 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Através da pesquisa bibliográfica, será apresentada uma breve história da área de gestão de pessoas na busca do desenvolvimento de seus funcionários. Gestão de recursos humanos é uma ciência que já se encontra presente a muito tempo, consequentemente já enfrentou diversas mudanças, desenvolvendo-se e adequando suas ações. De acordo com Dessler (2015) os gestores de recursos humanos já mudaram muito suas atividades nas empresas, no século XX eles basicamente faziam demissões e contratações, dirigiam a folha de pagamento e para as empresas que possuíam, administravam os planos de benefícios. Em 1930 teve que incluir em sua rotina de trabalho ajudar a negociar com os sindicatos. Segundo Chiavenato (2015, p. 8), [...] em cada empresa a gestão de pessoas é diferente, pois a arquitetura organizacional, a cultura corporativa, as características do mercado em que está inserida, a tecnologia utilizada, os processos internos, o estilo de gestão e vários outros fatores influenciam em como a organização atuara na gestão de pessoas, tornando assim única. Os principais aspectos da gestão de pessoas para Chiavenato (2015, p.10) são: “pessoas como seres humanos: dotados de personalidade própria e profundamente diferentes entre si, com uma história pessoal particular e diferenciada, possuidores de conhecimentos, habilidades e competências indispensáveis[...]”. Este é um dos fatores que dificulta bastante a atividade no setor, pois necessita que o profissional avalie a situação do colaborador em questão e haja de forma diferenciada com cada um deles. Ainda para Nascimento (2013, p. 5) a Gestão de Pessoas (RH) também pode ser dividida em três contextos: “[...]o setor como função ou departamento; o RH como uma prática de gestão de pessoas e o RH como profissão, [...]”. Sendo que é impossível separar um do outro, pois são as funções de qualquer gestor de pessoas e não funções/ atividades de um setor/departamento especializado. As pessoas são pontos cruciais dentro das organizações, pois suas experiências não podem ser adquiridas de qualquer outra forma, elas levam tempo para se desenvolver. Pessoas como talentos fornecedores de competências: como elementos vivos e portadores de competências essenciais ao sucesso organizacional. Qualquer organização pode comprar maquinas ou equipamentos, comprar tecnologias para se equiparar aos concorrentes. Isso é relativamente fácil, mas construir competências é extremamente difícil, leva tempo, aprendizado e maturação. (CHIAVENATO, 2015, p. 10). 12 Um dos principais investimentos que as empresas podem fazer é investis na capacitação e especializaçãode seus colaboradores, assim criando um enorme diferencial para com seus concorrentes. “Pessoas como capital humano: como o principal ativo organizacional que agrega inteligência ao negócio da organização, [...]” (CHIAVENATO, 2015, p. 10). A área de Recursos Humanos de uma empresa possui diversas funções, em cada função ele deve se portar de maneira diferente, além de gerar dados que influenciam muito futuras ações da empresa para Dessler (2009), “o departamento de recursos humanos fornece a assistência especializada de que os gerentes [...] precisam”. Segundo Chiavenato (2015), outro dos principais aspectos é o fato das pessoas serem parceiras da organização, pois são eles que irão conduzir a empresa para a excelência e o sucesso, para ele as pessoas são parceiras pois elas investem seus esforços, sua dedicação, comprometimento e responsabilidade, com expectativa que vá receber salários, satisfação, crescimento profissional entre outros. Nas instituições de saúde os recursos humanos possuem diversas atribuições, enfrenta dificuldades e resistência na aplicação de cada uma delas, seja da organização ou por parte dos colaboradores. Segundo Jesus (2014), “A gestão de pessoas se divide em provisão de recursos humanos; aplicação de recursos humanos; recompensar pessoas; manutenção de recursos humanos; desenvolvimento de recursos humanos; monitoração de recursos humanos.” Com tantas atribuições para os Recursos Humanos torna-se por vezes difícil ter uma compreensão de sua real função, sua real preocupação conforme Almeida (2015, p. 59), as principais atribuições para a gestão de Recursos Humanos (RH) de uma empresa são: em melhorar o desempenho da empresa e adequar seu ambiente de trabalho. Pois uma empresa, para ser considerada de sucesso, deve agregar valor e riqueza ao seu nome ou marca, além de produzir mais para manter-se na concorrência. A qualidade dentro da empresa também é medida pelo nível de satisfação dos empregados em relação ao seu ambiente de trabalho. Chiavenato (2015, p. 11) também apresenta as principais atribuições dos Recursos Humanos (RH) de uma organização: “ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão: a função da GP é um componente fundamental da organização de hoje. Antes, a ênfase era colocada no fazer corretamente as coisas através dos métodos e regras impostos aos funcionários [...]” Dentro de todas as empresas existe a competitividade, que quando bem administrada é uma forma interessante de desenvolver uma empresa, porém, algumas vezes a competitividade 13 se torna muito agressiva, portanto o Recursos Humanos (RH) deve tomar medidas para evitar que estas aconteçam. Proporcionar competitividade à organização: significa saber criar, desenvolver e aplicar as habilidades e as competências da força de trabalho. A função da GP é fazer com que as forças das pessoas sejam mais produtivas para beneficiar os clientes, parceiros e empregados. (CHIAVENATO, 2015, p. 11). Um dos papeis dos Recursos Humanos (RH) que é mais conhecido é o de recrutar novos profissionais, é crucial proporcionar pessoas que tem interesse no bem da organização e que possuem um bom conhecimento sobre a atividade que deve exercer, para Chiavenato (2015, p. 11) “Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas: construir o mais valioso patrimônio da empresa – as pessoas – significa preparar e capacitar continuamente às pessoas. [...] dar reconhecimento às pessoas, não apenas ao dinheiro”. Aumentar a auto atualização e satisfação das pessoas no trabalho: antes, a ênfase era colocada nas necessidades da organização. Hoje, sabe-se que as pessoas precisam estar satisfeitas e felizes. Para que sejam produtivas, devem sentir que o trabalho é adequado às suas competências e que estão sendo tratadas com carinho. Para elas, o trabalho é a maior fonte de identidade pessoal. (CHIAVENATO, 2015, p. 12). É uma das mudanças mais drásticas na gestão de Recursos Humanos (RH) através dos anos, onde antes o colaborador era obrigado a realizar capacitações a fim de servir melhor a instituição, foi se transformando esta visão e acabou se tornando a auto atualização, onde o colaborador quer se manter atualizado afim de melhor servir a organização. Estas mudanças trouxeram o conceito de qualidade de vida no trabalho, como as mudanças nos Recursos Humanos (RH) foram acontecendo aos poucos, as empresas foram se adaptando, as maiorias das empresas aderiram a este conceito que Chiavenato (2015, p. 12) explica: Desenvolver e elevar a qualidade de vida no trabalho (QVT): a QVT é um conceito que se refere aos aspectos da experiência vivida no trabalho, como estilo de gestão, liberdade e autonomia para tomar decisões, ambiente de trabalho agradável, camaradagem, segurança no emprego, horas adequadas de trabalho e tarefas significativas e agradáveis. Mussak, (2010) define o Gestor de Pessoas sendo o responsável pela função gerencial que visa a cooperação entre as pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais, buscando assim um melhor desenvolvimento e aproveitamento do potencial humano e com isso conseguir captar esse potencial pensante e empreendedor a favor da empresa. Para Mussak, (2010) liderança deve basear-se na confiança 14 mútua: o líder precisa confiar e apostar no talento de seus liderados e, em contrapartida, os liderados devem ter total convicção da fidelidade das palavras de seu líder. Para instaurar o conceito de qualidade de vida no trabalho é dever da instituição se portar de maneira correta, a gestão de Recursos Humanos (RH) deve ajudar a tomar o caminho certo para estas medidas. “Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável: toda atividade de GP deve ser aberta, transparente, justa, confiável e ética. As pessoas não devem ser discriminadas e os seus direitos básicos devem ser garantidos” (CHIAVENATO, 2015, p. 12). Na Figura 1, pode-se observar algumas transformações apresentadas nos últimos tempos, de acordo com Ribeiro (2006): Figura 1 – O velho e novo papel de recursos humanos Fonte: Adaptado de Ribeiro (2006, p. 16) 15 É possível observar na figura 1, que ocorreram diversas mudanças que visaram deixar de ser uma atividade mecânica para ser uma atividade estratégica, atuando junto com os colaboradores. Até mesmo a gestão de Recursos Humanos (RH) teve que se adaptar à inclusão das mídias sociais, aprendendo a utilizar seus recursos para o bem da organização, tornando-a competitiva no senário atual. “Administrar e impulsionar a mudança: a turbulência das mudanças sociais, tecnológicas, econômicas, culturais e políticas e suas tendências estão trazendo novas abordagens, mais flexíveis e ágeis, para garantir competitividade e sobrevivência”. (CHIAVENATO, 2015, p. 12). Para instaurar o conceito de qualidade de vida no trabalho, é dever da instituição se portar de maneira correta, a gestão de Recursos Humanos (RH) deve ajudar a tomar o caminho certo para estas medidas. “Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável: toda atividade de GP deve ser aberta, transparente, justa, confiável e ética. As pessoas não devem ser discriminadas e os seus direitos básicos devem ser garantidos” (CHIAVENATO, 2015, p. 12). Uma boa gestão torna possível o alcance e a manutenção de resultados e até mesmo o sucesso de uma organização. Para ter uma boa gestão de pessoas, existem algumas dicas: buscar conhecer mais os colaboradores como pessoas, como eles agem, o que os motiva e desafia; prestar mais atenção a comunicação não verbal do que na verbal; criar uma cultura de feedback; colocar-se a disposição para o colaborador para ajudar e acompanhar os resultados, valorizando o seu progresso (MEIRA, 2012.) Não basta também ter os profissionais melhor qualificadosse não oferecer as melhores condições de trabalho possíveis: “Construir a melhor equipe e a melhor empresa: não basta cuidar somente das pessoas. Ao cuidar dos talentos, a GP precisa cuidar também do contexto em que eles trabalham” (CHIAVENATO, 2015, p.12). Para o próximo capitulo restringiremos a gestão de recursos humanos ao ambiente hospitalar, visto que é a área que iremos nos focar adiante. 2.1 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM AMBIENTE HOSPITALAR Com o passar dor anos a administração na área da saúde sofreu diversas mutações, sempre visando melhorar tanto na profissionalização, quanto na busca por atingir suas metas, para Nascimento (2013), este é um dos fatores que dificulta a atuação dos Recursos Humanos 16 (RH) nesta área: “[...] os hospitais e setores de prestação de serviços em saúde privados tem buscado mudar suas estruturas, desejando aumento na lucratividade, [...] o que dificulta a aplicação da área e das funções de Recursos Humanos (RH).” As instituições de saúde enfrentam diversos desafios, segundo Queiroz et al (2013) a própria natureza do trabalho se torna um grande desafio pois pode causar danos aos pacientes. Existem algumas características da força de trabalho que tornam todas as atividades muito mais difíceis, pois meche com o ego, segundo os autores é algo atribuído a hierarquia das profissões, como por exemplo, médicos não conseguirem se integrar com a equipe de enfermagem. E o maior desafio são os sistemas de controle de desempenho que são muito pouco desenvolvidos, muitas vezes os profissionais tem receio de que os dados colocados por eles serão utilizados contra eles em algum momento, gerando falta de confiança. As organizações hospitalares não são diferentes das demais companhias no que diz respeito à administração de recursos humanos. Pode ser afirmada, sem sombra de dúvidas, que esta é a área mais importante entre as que compõem a estrutura organizacional, principalmente por se tratar de uma prestação de serviços que depende de pessoas qualificadas, as quais tratam diretamente do paciente e os cuidados não permitem margem de erro (BITTAR apud SANTOS; TEIXEIRA, 2002). A administração hospitalar nesta era de visão empresarial foca na relevância que a relação entre a instituição, seus usuários e seus profissionais possuem. Colocando em evidência assuntos que possui relação entre os Recursos Humanos (RH) e a qualidade oferecida em seus serviços prestados. Mostrando que hoje as instituições de saúde não se preocupam somente com os seus resultados financeiros, mas sim com a qualidade de seus serviços (MAGALHÃES, 2016). Para Nascimento (2013), a grande pressão exercida pela competitividade no mercado externo, juntando-se com a pressão cada vez mais forte da sociedade para um atendimento cada vez mais humanizado e de melhor qualidade, está fazendo com que aconteçam mudanças no sistema de gestão tradicional, e está mostrando cada vez mais a importância do setor de Recursos Humanos (RH) estarem ativo e presente em uma instituição, e não ser somente aquele setor que contrata e demite colaboradores. Infelizmente a Gestão de Recursos Humanos em hospitais não está crescendo de forma organizada, estão desenvolvendo-se conforme a percepção dos profissionais envolvidos, “Vários processos de Gestão de Recursos Humanos carecem de definições e implantação, como os sistemas de premiação.” (BARBOSA; MORICI, 2013, p. 221). 17 Atualmente a palavra que está dominando o setor de prestação de serviços é qualidade, tornou-se o senso comum. Mesmo que grande parte dos usuários não consiga definir o que vem a ser qualidade, eles conseguem reconhece-la, e tem também a capacidade de distinguir a falta da mesma. A qualidade do serviço está associada à satisfação e necessidades de seus usuários e também a de sua equipe de profissionais (MAGALHÃES, 2016). Atualmente na maioria das instituições hospitalares os trabalhadores são vistos como objetos descartáveis que podem ser facilmente substituídos. Com resultado de ações deste tipo o colaborador muitas vezes é levado ao seu limite tanto mentalmente quanto fisicamente, enquanto pensa que a organização está agindo para seu bem, porém só estão visando a produção. (ENRIQUEZ, 2000 apud SOBOLL, 2007). Para manter controle dos funcionários utilizando essa visão de mão de obra ilimitada e descartável, é utilizada uma gestão autoritária e de repressão, onde só resta ao funcionário aceitar e continuar a trabalhar (KENBERG, 2000, p. 229 apud SOBOLL, 2007). Mesmo se não levarmos em conta os aspectos negativos oriundos das próprias instituições, ainda deve-se levar em conta os usuários e a sociedade em geral que com um maior conhecimento de seus direitos e uma crescente necessidade por maior qualidade. O que aumenta bastante a pressão em toda instituição e ainda mais em seus funcionários, pois estes devem satisfazer as exigências dos pacientes e seguir as normas estabelecidas pela organização, que passam a ser ainda mais exigentes devido a pressão de seus clientes. (MAGALHÃES, 2016). Segundo Barbosa e Morici (2013), um grande problema nos hospitais que são administrados segundo regras públicas, é a falta de pessoal aprovado por concurso, gerando assim um déficit de mão de obra. Obrigando assim a estas instituições recorrerem a outros vínculos mais flexíveis para então assim atingir um número adequado de profissionais. Porém levando em conta as regras públicas, a contratação por meio que não seja os concursos é considerada ilegal. Como todas as teorias anteriores surgiram, elas também se tornaram obsoletas e não mais atendem a realidade, segundo Magalhães (2016), a maioria dos hospitais está sinalizando um novo cenário, onde existe a conscientização e valorização do ser humano no ato de assistência à saúde. Outros autores compartilham da mesma opinião, tal como Nascimento (2013), que nos diz que “Os conceitos de administração hospitalar estão cada vez mais preocupados em gerar nos setores de saúde resultados financeiros que não estejam isolados, mas ligas principalmente 18 a um serviço de qualidade.” O simples fato de se preocuparem mais com esta variável, já abre uma área para a gestão de Recursos Humanos (RH) trabalhar. Com a administração hospitalar sofrendo mudanças em suas bases, acaba afetando todas suas áreas de abrangência, como também a estrutura física e os diversos setores da organização. Segundo Magalhães (2016) “Nenhum projeto de desenvolvimento ou de melhoria de funcionamento de um hospital pode ser implementado sem que ele venha afetar direta ou indiretamente a gestão de pessoas.” Os Recursos Humanos (RH) possuem tal importância e influencia dentro de uma empresa, sendo fator decisivo se a empresa continua competitiva no mercado, ou acaba caindo no esquecimento, Nascimento (2013) afirma que “[...] as ações de recursos humanos promovem a análise do clima e das necessidades internas da empresa, identificando as ameaças, oportunidades, pontos fortes e fracos, estes serão alinhados à estratégia [...].” De acordo com Jesus (2014) um dos maiores desafios do setor de Recursos Humanos (RH) no hospital se tornou: desenvolver uma cultura organizacional na qual pessoas, vistas como responsáveis pela imagem da empresa precisam ser motivadas e não controladas, e entendam que mudança é uma constante, pode ser facilitada com a correta visão de liderança, ou seja, o que caracteriza a liderança é a capacidade efetiva de gerar resultados por intermédio das pessoas, ou de influencia-las. Existe uma pequena discussão segundo Magalhães (2006), alguns autores afirmam que a administração dos Recursos Humanos (RH) em um hospital precisa ser diferenciada, dado a importância dos colaboradores nestas organizações. Mas também existem os que afirmam que a organização hospitalar mesmo com toda sua complexidade não difere de qualquer outra instituição no quesitode administração dos Recursos Humanos (RH). A área da saúde está se desenvolvendo e transformando-se cada vez mais rápido, portanto hoje, segundo Nascimento (2013), o ambiente da saúde é considerado um negócio complexo, além de toda qualidade que o hospital deve possuir, ainda precisa apresentar um bom desenvolvimento socialmente. Para acompanhar todas estas mudanças que ocorrem nas organizações, os colaboradores também devem manter-se atualizados e especializados, é o que nos explica Jesus (2014) “[...] os profissionais de saúde precisam, e devem especializar com intuito de obter capacitação continua e efetiva de acordo com cada especificidade nas funções exercidas dentro da instituição.” 19 Para Nascimento (2013), a gestão de Recursos Humanos (RH) terá grande participação na busca das organizações na busca pelo equilíbrio entre investimentos, custos e preços. Um dos grandes entraves do avanço da gestão de Recursos Humanos (RH) deve-se ao fato de que esta função muitas veze sé exercida por profissionais de outras áreas, atrasando o desenvolvimento desta função. Na sociedade atual a visão que os clientes possuem de uma organização é um fator muito importante. Segundo Jesus (2014) este está sendo um dos grandes desafios para a gestão de pessoas, pois ela tenta “desmistificar o hospital como um local frio e sombrio e transformá-lo num espaço da construção da cura, da saúde e de corpos novamente sadios.” A gestão de recursos humanos pode simplificar ou prejudicar a evolução do processo de mudança nas organizações como um todo, inclusive nos hospitais, pois a atenção devida às redes informais sociais e de poder dentro da organização tem fundamental importância no sucesso de programas de mudança organizacional. No próximo capítulo será abordado o assunto Clima Organizacional, apresentando seu conceito, a pesquisa de clima e os fatores que o influenciam. 20 3 CLIMA ORGANIZACIONAL Neste capítulo será realizada uma pesquisa bibliográfica que visa esclarecer mais sobre o tema abordado. O clima organizacional em uma empresa não é algo simples de ser sondado, pois se apresenta espalhado, nebuloso e não é bem definido, conforme o autor Gasparetto (2008). Avaliar regularmente a visão que os colaboradores possuem da empresa onde estão inseridos e visar medidas para melhora-lo tem sido cada vez mais ativo nas empresas, o clima é importante para a produtividade, pois impacta diretamente na satisfação e motivação da equipe. O fato de a empresa ser uma organização seria e impessoal ou não, está ligada diretamente ao clima organizacional, Chiavenato (1994, p. 53) relata que: devido ao seu clima organizacional, algumas empresas são quentes e dinâmicas. Outras são frias e impessoais. Outras, ainda, são neutras e apáticas. A dificuldade na sua conceituação reside no fato de que o clima é percebido de diferentes maneiras pelos diferentes indivíduos. Algumas pessoas são mais sensíveis que outras em relação aos diversos aspectos do clima organizacional. O que pode parecer uma característica positiva para uma pessoa, pode ser percebida negativamente por outra. A pesquisa de clima organizacional é imperativa no processo de tomada de decisões nas organizações, pois é através dela que será feita a interpretação correta do ambiente interno. A pesquisa de clima organizacional é “[...] a consulta à opinião dos colaboradores ou clientes internos sobre como anda o ambiente de trabalho” (GASPARETTO, 2008, p. 51). Seguindo uma linha de pensamento simplista, Luz (2003, p. 13) aponta que “clima organizacional é a atmosfera psicológica que envolve, num dado momento, a relação entre a empresa e seus funcionários”. O clima organizacional nada mais é que o estado físico e mental interno da empresa, e isso depende totalmente de como os colaboradores estão se sentindo no seu âmbito de serviço. No que se refere à importância de se conhecer o clima organizacional da empresa, Martins et al. (2004 apud SIQUEIRA, 2008, p. 31) afirmam: “[...] pode colaborar para a melhoria da qualidade de vida do homem no trabalho, para a otimização do desempenho das organizações e para o esclarecimento das relações entre estas e outras variáveis do comportamento organizacional”. Conceitos de satisfação e percepção são muito lembrados quando o assunto é clima organizacional, a satisfação indica o sentimento dos colaboradores, ou seja, o ambiente interno da empresa, já a percepção é a forma que a organização é vista pelos mesmos, bem como o grau de positividade ou negatividade (LUZ, 2003). 21 A Gestão de Recursos Humanos é uma área dentro da organização cuja principal demanda é coordenar os interesses da empresa com interesses dos colaboradores, motivando- os, avaliando a satisfação e buscando aumento da produtividade para contribuir com os objetivos organizacionais. Para Chiavenato (2009, p.97) “os recursos humanos estão distribuídos no nível institucional da organização (direção), no nível intermediário (gerência e assessoria) e no nível operacional (supervisores e primeira linha, técnicos, funcionários e operários abaixo deles)”. Considerando as palavras do autor citado, é possível afirmar que os recursos humanos são responsáveis por avaliar todo ambiente de trabalho, resumidamente, o clima organizacional. Levando-se em consideração a relevância do clima organizacional, Siqueira (2008, p. 29) destaca que o “clima organizacional é um conceito importante para a compreensão do modo como o contexto do trabalho afeta o comportamento e as atitudes das pessoas neste ambiente, sua qualidade de vida e o desempenho da organização”. Para Luz (2003, p. 23), a importância de avaliar o clima organizacional resume-se em alguns pontos relevantes: Por ser, normalmente, de difícil visualização, não existe uma maneira objetiva e definitiva de se perceber instantaneamente, com toda a certeza, como está o clima dentro de uma organização, num determinado momento. Por isso, e pela sua importância no resultado da empresa, é grande o esforço para tentar descobri-lo, medi- lo e analisa-lo, para a efetivação de ações para as mudanças necessárias, e isso tornou- se uma atividade importante para todo administrador que queira manter uma gestão moderna e participativa. Um dos autores que revelou a pesquisa de clima organizacional, Litwin (apud GASPARETTO, 2008, p. 18), define-o como sendo “a qualidade do ambiente dentro da organização, e que é percebida pelos membros dessa organização como sendo boa ou não, e que influencia o seu comportamento”. Referindo-se à importância de conhecer melhor o clima organizacional da empresa, Martins et al. (2004 apud SIQUEIRA, 2008, p. 31) afirmam: “[...] pode colaborar para a melhoria da qualidade de vida do homem no trabalho, para a otimização do desempenho das organizações e para o esclarecimento das relações entre estas e outras variáveis do comportamento organizacional”. A expressão clima organizacional é moderadamente recente, procura retratar o ambiente interno da empresa. Por muitas vezes não se sabe exatamente onde encontrá-lo, o clima fica por aí, refere-se ao dia-a-dia das empresas, o relacionamento empresa colaborador. 22 Clima organizacional constitui o meio interno de uma organização, a atmosfera psicológica e característica que existe em cada organização. O clima organizacional é o ambiente humano dentro do qual as pessoas de uma organização fazem o seu trabalho. Constitui a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia o seu comportamento (CHIAVENATO, 2003, p. 359). O clima organizacional é a leitura do meio interno de uma organização. Segundo Luz (2003, p.12), “Clima organizacional é o reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos funcionários de uma empresa, num dado momento”. Justamente poresse motivo que se deve estar sempre de olho no clima organizacional, pois com um nível de satisfação mais baixo, os funcionários tendem a perder produtividade e até mesmo gerar conflitos internos. Nas tomadas de decisões os administradores que estão à frente na organização devem levar em consideração qual seria o possível comportamento de seus colaboradores pois “[E]sse estado interno pode ter sido influenciado por acontecimentos externos e/ou internos à empresa, e pode ser origem de desdobramentos em novos acontecimentos, decisões e ações internas [...]” (OLIVEIRA, 1995, p. 47). Identificar o clima organizacional é vital para a identificação de problemas internos. “A pesquisa de clima identifica tanto problemas reais no campo das relações de trabalho como problemas potenciais, permitindo sua prevenção através do aprimoramento ou da adoção de determinadas políticas de pessoal” (LUZ, 2003, p. 38). Para Chiavenato (2000), existem duas classificações possíveis para o clima organizacional, alto e baixo. É considerado alto quando existe elevada motivação por parte dos funcionários, traduzindo em relações de satisfação, animação, interesse e colaboração. Porém, quando há baixa motivação, seja por frustração ou barreiras à satisfação das necessidades, o clima organizacional tende a baixar, ocasionando estados de desinteresse, apatia e insatisfação, em casos extremos pode chegar a estados de inconformidade, agressividade e tumulto. O conhecimento dos seus colaboradores e o estado de espírito de cada um quanto à organização facilita o crescimento e o processo de tomada de decisões da empresa. Um bom clima organizacional “[...] nunca será garantia absoluta e única de lucro ou sucesso para uma empresa. Outros pontos relevantes também são importantes, mas dificilmente uma empresa que não apresente um bom clima organizacional terá sucesso” (GASPARETTO, 2008, p. 50). Pode-se dizer que o clima organizacional é a percepção da organização com a sua cultura, valores e princípios, a interpretação disso tudo e a reação, sendo ela positiva ou negativa, referente ao ponto de vista do colaborador (GASPARETTO, 2008.) 23 Conforme Kozlowski (2014, p.22) o clima organizacional nada mais é do que o estado interno da organização em um determinado momento, pois segundo a autora, “[...]é possível afirmar que o clima organizacional é o estado em que a empresa se encontra num determinado momento, sob a concepção dos funcionários. Este estado ocorre por fatores externos e internos.” O desempenho de cada colaborador em sua função não é nada menos do que o resultado de sua competência e motivação para realizar suas atividades, sendo assim, o clima organizacional interfere diretamente na qualidade, produtividade e desenvolvimento organizacional, o autor Gasparetto (2008) comenta que em diversas pesquisas realizadas foi notado que com o clima organizacional favorável, acabava influenciando consideravelmente na produtividade. Chiavenato (2004) afirma que a motivação traz, entre outros, a satisfação; e a desmotivação gera frustração, desinteresse e, consequentemente, a baixa do clima. Quando há elevada motivação entre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz-se em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração irrestrita etc. Todavia, quando há baixa motivação entre os membros, seja por frustração ou imposição de barreiras à satisfação das necessidades, o clima organizacional tende a baixar, caracterizando-se por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc. (CHIAVENATO, 2004, p.256). As mudanças realizadas no ambiente de trabalho também mechem bastante com a satisfação, Luz (2003) comenta que um período que foi notado bastante este fato foi nos anos 90, onde a economia brasileira abriu o mercado para os produtos estrangeiros. Este acontecimento forçou as organizações a se adaptar e reduzir custos para se manterem competitivos, segundo o autor as estratégias que mais se destacaram foram: a terceirização, a reengenharia, as alianças estratégicas, a automação, aquisições e fusões, levando infelizmente a redução do quadro de colaboradores nas organizações. A realização da pesquisa de clima organizacional é “[...] a consulta à opinião dos colaboradores ou clientes internos sobre como anda o ambiente de trabalho” (GASPARETTO, 2008, p. 51), o que a torna muito importante na tomada de decisões em uma organização, já que ela fará a interpretação correta do ambiente interno. A realização da pesquisa de clima organizacional busca retratar o estado de satisfação dos colaboradores em relação a diversos itens, tais como: relacionamento, liderança, qualidade e desenvolvimento, benefícios entre outros. Como afirma Luz (2003, p. 42), é através da pesquisa de clima organizacional que se busca saber a opinião dos funcionários quanto às diversas variáveis organizacionais, dentre elas pode-se destacar: • Condições Físicas de Trabalho: Verifica a qualidade e o conforto das condições físicas, das instalações, dos recursos colocados à disposição dos funcionários para 24 a realização dos seus trabalhos tais como: postos de trabalho, horário de trabalho, local de trabalho, recursos disponíveis para o trabalho; • Salário: Essa é uma das principais variáveis a ser pesquisada. Analisa a percepção deles quanto a compatibilização dos salários da empresa com os praticados no mercado; o equilíbrio existente na empresa entre os salários dos cargos da mesma importância; a possibilidade de obtenção dos aumentos salariais; a possibilidade de viver dignamente com o salário; o impacto na atração de talentos e na satisfação e fixação dos funcionários; a justiça na prática dos aumentos salariais concedidos; a clareza quanto aos critérios do plano de cargos e salários da empresa e etc; • Benefícios: Avalia quanto eles atendem às necessidades e expectativas dos funcionários, bem como a qualidade da prestação desses serviços aos funcionários; • Integração entre os Departamentos da Empresa: Avalia o grau de relacionamento; a existência de cooperação e conflitos entre os diferentes departamentos da empresa; • Supervisão/ Liderança/ Estilo Gerencial/ Gestão: Releva a satisfação dos funcionários com os seus gestores; a qualidade da supervisão exercida; a capacidade técnica, humana e administrativa dos gestores; o grau de feedback dados por eles à equipe; o tratamento justo dado à equipe; • Comunicação: Avalia o grau de satisfação com o processo de divulgação dos fatos relevantes da empresa; aponta a satisfação quanto à forma e os canais de comunicação utilizados pela empresa; • Treinamento/ Desenvolvimento/ Carreira/ Progresso e Realização Profissionais: Avalia as oportunidades que os trabalhadores têm de se qualificar, de se atualizar, de se desenvolver profissionalmente; • Possibilidades de Progresso Profissional: Apontam a satisfação dos trabalhadores quanto às possibilidades de promoção e crescimento na carreira; as possibilidades de realização de trabalhos desafiadores e importantes, avalia as possibilidades de os funcionários participarem de projetos que representem experiências geradoras de aumento de empregabilidade e realização profissional; avalia o uso e o aproveitamento das potencialidades dos funcionários; • Relacionamento Interpessoal: Avalia a quantidade das relações pessoais entre os funcionários, entre eles e suas chefias, entre os funcionários e a empresa e a existência e intensidade de conflitos; 25 • Estabilidade no Emprego: Procura conhecer o grau de segurança que os funcionários sentem nos seus empregos, assim como o feedback que recebem sobre como eles estão indo no trabalho. Essa também é uma variável importantíssima para o clima de uma empresa; • Processo Decisório: Avalia a opinião dos funcionários sobre a qualidade do processo decisório, sobre quanto a empresa é ágil, participativa, centralizadaou descentralizada em suas decisões. Essa variável representa uma das diversas dimensões da variável “gestão”; • Trabalho Realizado pelos Funcionários: Avalia a adaptação dos funcionários com os trabalhos realizados; o volume do trabalho realizado; o horário de trabalho; se é justa a distribuição dos trabalhos entre os funcionários; se o quadro de pessoal em cada setor é suficiente para realizar os trabalhos; se o trabalho é considerado relevante e desafiador; e o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal; • Relacionamento da Empresa com os Sindicatos e os Funcionários: Avalia como a empresa se relaciona com os sindicatos; a qualidade do tratamento dos problemas trabalhistas. Avalia a qualidade que a empresa dispensa às reclamações (formais ou informais) dos empregados. Avalia o cumprimento da empresa quanto às obrigações a que ela está sujeita por força de acordos coletivos ou convenções coletivas de trabalho. Analisa também o grau de satisfação quanto à importância que os sindicatos têm, como órgãos representativos dos trabalhadores; • Participação: Avalia as diferentes formas de participação dos funcionários no cotidiano da empresa; seu grau de conhecimento e envolvimento com os assuntos relevantes da empresa; sua participação na definição dos objetivos do seu setor de trabalho; a participação financeira que os empregados têm nos resultados da empresa; a participação deles na gestão da empresa; • Pagamentos dos Salários: Avalia a incidência de erros na folha de pagamento; o conhecimento que os funcionários têm sobre os códigos de proventos e descontos lançados na folha de pagamento; • Segurança no Trabalho: Avalia a percepção e a satisfação dos funcionários quanto às estratégias de prevenção e controle da empresa sobre riscos de acidentes e doenças ocupacionais a que estão sujeitos os funcionários; 26 • Objetivos Organizacionais: Avalia a clareza, a transparência da empresa quanto à divulgação e comunicação dos objetivos organizacionais e departamentais aos seus funcionários; • Orientação da Empresa para Resultados: Avalia o quanto a empresa é percebida pelos seus funcionários no seu esforço de orientar-se para atingimento e consecução de seus resultados; • Disciplina: Avalia o grau de rigidez da disciplina praticada na empresa, o grau de justiça na aplicação das punições; • Imagem da Empresa: Avalia a opinião dos funcionários sobre como a empresa é percebida no mercado, por seus clientes, fornecedores e pela comunidade; • Estrutura Organizacional: Avalia a opinião dos funcionários sobre a adequação da estrutura da empresa para o processo decisório, para a comunicação, para a consecução dos objetivos organizacionais; • Ética e Responsabilidade Social: Avalia o quanto a empresa é ética e cumpre com suas responsabilidades sociais, nas suas relações com os seus parceiros comerciais, com os funcionários, com a comunidade e com o Estado; • Qualidade e Satisfação do Cliente: Identifica a percepção dos funcionários quanto ao compromisso da empresa em relação à qualidade dos produtos, processos e serviços, assim como com a satisfação dos clientes; • Reconhecimento: Avalia o quanto a empresa adota mecanismos de valorização e reconhecimento para seus funcionários; • Vitalidade Organizacional: Avalia o ritmo de atividades desenvolvidas pela empresa. Se ela tem vitalidade ou se é uma empresa onde as coisas andam muito devagar, onde as mudanças se processam muito lentamente; • Direção e Estratégias: Avalia a satisfação dos funcionários quanto à qualidade da direção da empresa, quanto à qualidade das estratégias adotadas e quanto à qualidade na condução dos negócios; • Valorização dos Funcionários: Identifica o quanto a empresa valoriza, respeita, da oportunidade e investe nos seus recursos humanos; • Envolvimento/Comprometimento: Avalia quanto os funcionários se sentem envolvidos e comprometidos com os objetivos e com os resultados da empresa, assim como o quanto essa adesão é voluntária ou compulsória; 27 • Trabalho em Equipe: Avalia o quanto a empresa estimula e valoriza o trabalho em equipe, em times para solucionar problemas, para buscar oportunidades, para aprimorar processos, para inovar, etc; • Modernidade: Avalia a percepção dos funcionários quanto à preocupação da empresa em relação à inovação/modernização de seus produtos, processos, serviços, tecnologia, modelo de gestão, instalações, etc; • Orientação da Empresa para os Clientes: Avalia a imagem externa da empresa, a percepção que os clientes externos têm sobre ela; procura identificar o quanto a empresa é sensível às necessidades de seus clientes; • Planejamento e Organização: Avalia o quanto a empresa é percebida como sendo bem planejada e organizada pelos seus diferentes gestores; o quanto à empresa é clara na divulgação dos seus objetivos e planos departamentais e organizacionais; • Fatores Motivacionais: Essa variável procura identificar quais fatores do ambiente de trabalho são percebidas pelos funcionários como de maior contribuição para a motivação deles; • Fatores Desmotivadores: Essa variável procura identificar quais fatores do ambiente de trabalho são percebidas pelos funcionários como de maior contribuição para a desmotivação deles; Para reforçar a relevância das pesquisas de clima nas organizações, Luz afirma que ela identifica os pontos fortes e fracos, bem como mostrando o que deve ser ajustado. “A pesquisa de clima identifica tanto problemas reais no campo das relações de trabalho como problemas potenciais, permitindo sua prevenção através do aprimoramento ou da adoção de determinadas políticas de pessoal” (LUZ, 2003, p. 38). Nesta época o índice de rotatividade era extremamente alto, pois as empresas não passavam segurança para os funcionários com todas estas mudanças. Em seu livro, Luz (2006) apresenta os indicadores, variáveis e fatores como sinais internos da empresa, na ordem que se segue: • Rotatividade de pessoal; • Absenteísmo; • Pichações; • Programas de sugestões malsucedidos; • Avaliação de desempenho; • Greves; 28 • Conflitos interpessoais e interdepartamentais; • Desperdício de material; • Queixas no serviço médico. Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20 apud PEREIRA, 2009): [...] ouvir a voz do cliente interno é, assim, mais que um simples processo; é um indicador eficaz de uma mudança de mentalidade empresarial, onde o funcionário passa a ser visto não como alguém que deve simplesmente cumprir ordens, mas como um aliado, de cuja competência e de cujo empenho depende, diretamente, o bom resultado do negócio. Enfatizando a importância da pesquisa de clima nas organizações que, se realizada, será uma ferramenta estratégica para auxiliar na forma como vem sendo administrada, detectando exatamente os pontos favoráveis e desfavoráveis e o que deve ser reajustado. “A pesquisa de clima identifica tanto problemas reais no campo das relações de trabalho como problemas potenciais, permitindo sua prevenção través do aprimoramento ou da adoção de determinadas políticas de pessoal” (LUZ, 2003, p. 38). 3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM O CLIMA ORGANIZACIONAL Considerando que o clima organizacional é o ambiente interno de uma organização, podemos considerar que ele é muito sensível a mudanças. Neste capitulo será listado alguns fatores que influenciam o clima organizacional. As questões envolvendo o clima organizacional são bastante focadas, Neto (apud LUZ, 2003, p. 11) relata que “os trabalhos envolvendo o clima organizacional destinam-se a identificar quais são os fatores que afetam negativa ou positivamente a motivação das pessoas que integram a empresa”. De acordo com a definição de Champion (apud LUZ, 2003), o clima organizacional nada mais é, do que o conjunto de aspectos da organização que interferem na maneira como as pessoas se relacionam em seu ambiente de trabalho,embora nem todos tenham a mesma opinião, em virtude de terem percepções distintas. Gasparetto (2008) salienta que os aspectos internos apresentam de maior relevância no âmbito de análise do clima organizacional. Segundo ele, esses aspectos podem ser explícitos da seguinte maneira: • Orgulho pela empresa: é o quanto satisfeito o colaborador está com a organização em que atua. São fatores determinantes da percepção de orgulho que ele possui em 29 atuar na empresa: produto comercializado e/ou a prestação de serviços, credibilidade e liderança no mercado, reconhecimento por trabalhar na organização, responsabilidade social da empresa; • Reconhecimento do trabalho ou esforço: a empresa demonstrar interesse no trabalho desenvolvido pelo colaborador é importante para a valorização do mesmo. Geralmente, quem reconhece primeiramente o esforço do profissional é o seu chefe imediato, o mesmo que poderá lhe dar uma recompensa por isso mais tarde. A retribuição em capital é essencial para o colaborador, mas atitudes cotidianas, como um cumprimento ou saudação, ou até mesmo uma folga inesperada, são grandes fatores motivacionais de grande necessidade para o desenvolvimento do trabalho na organização. Ao sentir-se valorizado, o colaborador terá mais vontade de melhorar a cada dia o desempenho de suas tarefas e se destacar na empresa. Esse fator impacta diretamente no sentido negativo do clima organizacional se não for percebido com cautela; • Possibilidade de progresso: este aspecto é o que mais se destaca, pois indica maior grau de satisfação do colaborador, uma vez que percebe a probabilidade de crescer na empresa, melhorando a sua carreira profissional. Dessa forma, sente-se com maior poder, ocupando cargos de respeito e maior reconhecimento, além de ganhos superiores; • Relacionamento chefe e subordinado: este elemento é um dos principais para a formação do ambiente de trabalho e, consequentemente, reflete no diagnóstico do clima organizacional. O fato de o chefe ter uma relação amigável e ao mesmo tempo de liderança com o seu subordinado facilita a realização dos processos, acarretando resultados positivos no desenvolvimento do trabalho. Se o colaborador possui liberdade de se expressar com seu superior e este conhece sua realidade, a chance de que suas necessidades serão atendidas será maior; • Participação: esta perspectiva se refere à viabilidade de participação nos processos de tomada de decisões da empresa, bem como opinar sobre assuntos diversos. Assim, o colaborador pode sugerir mudanças em seu ambiente de trabalho, o que contribui para a manutenção de um clima organizacional agradável. Se o profissional tem liberdade em sua organização, sente-se importante para ela; • Treinamento dos colaboradores: nas organizações em que há políticas de treinamento e desenvolvimento, o colaborador percebe facilmente a possibilidade 30 de crescimento, pois a empresa está investindo em seu potencial e o ambiente de trabalho é favorável ao seu desenvolvimento. O profissional que pretende ascender na sua carreira entende que a participação em treinamentos é essencial para isso; • Política de benefícios: este aspecto influencia diretamente no grau de satisfação do colaborador e demonstra se o clima organizacional é positivo ou negativo. Os benefícios são rotineiramente comparados em relação a outras empresas. O profissional geralmente aponta este ponto a favor ou contra no momento de permanecer na empresa. Caso o clima apresente-se desfavorável, certamente será em razão da insatisfação dos colaboradores com os benefícios oferecidos; • Política salarial: fator essencialmente relevante no que diz respeito à satisfação. Deve ser administrado com cautela, uma vez que determina a permanência do colaborador na empresa, em alguns casos; • Satisfação pelo trabalho que executa: assim como o item mencionado acima, este fator é tão importante quanto. Além disso, a realização profissional e o reconhecimento das potencialidades são consequências das tarefas realizadas. Esse aspecto prevalece diante de outras prioridades do colaborador e permite que esqueça momentaneamente de outros fatores insatisfatórios; • Comunicação empresa/colaborador: o feedback, é importante para o colaborador sentir-se participante, no sentido de que ele é cientificado das ações da empresa e tem retorno das informações a partir da realização do seu trabalho; • Avaliação de desempenho: proporciona ao colaborador o entendimento das ações resultantes das tarefas desempenhadas. Esse fator, se não for bem direcionado e/ou executado, pode afetar a produtividade da organização, já que o profissional precisa saber como seu trabalho vem sendo visto perante os demais; • Desafios: em linhas gerais, o ser humano gosta de ser desafiado para provar que é capaz. Dessa maneira, os índices produtivos aceleram e a vontade de realizar as tarefas da melhor forma possível cresce. • Fatores higiênicos e motivacionais: primeiramente, os fatores higiênicos precisam atender as necessidades do colaborador, para que, então os fatores motivacionais surjam em maior proporção. Como pôde ser visto na lista acima, não são poucos os fatores que afetam o clima organizacional da instituição. Luz relata ainda outros fatores que afetam o clima organizacional da empresa: 31 O salário e as estratégias motivacionais, por exemplo, podem agradar ou não aos empregados. O tipo de tecnologia empregada pela organização pode levá-la a um ambiente de trabalho frio e desumano. A rigidez na disciplina também gera muito descontentamento. Há industrias onde, especialmente na produção, as pessoas sequer podem falar ou olhar para os lados enquanto trabalham. Outras não permitem o ingresso do funcionário que chega atrasado. São regras de conduta que tem um impacto no clima organizacional (LUZ, 1996, p. 19). Caso o clima organizacional não for devidamente administrado, poderão surgir conflitos, que podem ser pequenos, em um setor específico, ou grandes atingindo a empresa como um todo. Temos que ter em mente também que nem todos conflitos são negativos. “Os conflitos podem ser preocupantes quando tomam grandes proporções e o motivo é a insatisfação, mas quando acontecem em ambientes de mudança, podem ser positivos ou negativos quando não controlados.” (FLECK, 2008, p. 28). Também existem diversos fatores que afetam positivamente o clima organizacional conforme Falconi (1995), os diretores, gerentes e supervisores cumprem o seu papel gerenciando processos. Este gerenciamento pode resultar em bons produtos e pessoas (equipe) motivadas e seguras. Para o autor, os resultados referentes a produtos e pessoas têm o mesmo valor. Tendo a motivação dos colaboradores elevada, haverá reflexos no clima organizacional da instituição, conforme Falconi (1995, p. 58): [...] não adianta ficar esperando e dizendo que todos os problemas sociais (habitação, saúde, educação) é responsabilidade do Governo, que sua empresa não é organização beneficente. Se você não tiver uma equipe alegre, educada e motivada (mentalmente saudável), você perde a competição. Considerando os autores Silva e Binotto, (2001) existe outro fator que influencia bastante no clima organizacional, que é a qualidade de vida no trabalho vai além de um programa de benefícios que inclua tickets alimentação, planos de saúde e festas de final de ano, pois é preciso criar programas para cuidar da saúde física e emocional dos colaboradores, valorizarem conquistas e melhorando as condições de trabalho. A Figura 2 mostra a proposta de Maslow (apud Chiavenato, 2008), segundo ele, as necessidades humanas podem ser arranjadas em uma pirâmide de importância no comportamento humano. Na base concentram-se as necessidades primárias e no topo estão as mais secundárias, conforme segue: 32 Figura 2 – Estrutura das Necessidades HumanasFonte: Chiavenato (2008, p. 67) A estrutura das necessidades humanas de Maslow (apud Chiavenato, 2008) apresenta alguns aspectos, estes estão citados no quadro 1 a seguir: Quadro 1 - Estrutura das Necessidades Humanas a) Uma necessidade satisfeita não é motivadora de comportamento. Apenas as necessidades não satisfeitas influenciam o comportamento, dirigindo-o para objetivos individuais; b) O indivíduo nasce com certas necessidades fisiológicas, que são inatas ou hereditárias. De início, seu comportamento é exclusivamente voltado para a participação cíclica dessas necessidades, como fome, sede, sexo; c) A partir de certa idade, o indivíduo ingressa em uma longa trajetória de aprendizagem de novos padrões de necessidades. Surgem as necessidades de segurança, voltadas para a proteção contra o perigo, contra as ameaças e contra a privação. As necessidades fisiológicas e as de segurança constituem as necessidades primárias do indivíduo, voltadas para sua conservação pessoal; d) À medida que o indivíduo passa a controlar suas necessidades fisiológicas e de segurança, surgem lenta e gradativamente as necessidades mais elevadas: sociais, de estima e de auto realização. Os níveis mais elevados de necessidade somente surgem quando os níveis mais baixos estão relativamente controlados e alcançados pelo indivíduo; e) As necessidades mais elevadas não somente surgem à medida que as baixas vão sendo satisfeitas, mas predominam as mais baixas de acordo com a hierarquia das necessidades; f) As necessidades mais baixas requerem um ciclo motivacional relativamente rápido, enquanto as mais elevadas requerem um ciclo motivacional extremamente longo. Fonte: Chiavenato (2008, p. 67) 33 Sirota, Mischkind e Meltzeri (2005) apud Araújo e Garcia (2009) apontam três fatores que contribuem em para um clima positivo: • Equidade: é compreender que os superiores de todos níveis são justos com relação a estrutura social; • Realização: esta pode ser compreendida como o bem-estar da organização, ser respeitado no trabalho, e estar em uma empresa que respeita as leis; • Companheirismo: geralmente existe competição entre pessoas do mesmo cargo, o que acaba deixando o companheirismo em um plano inferior. Mas deve-se ter uma relação amistosa para melhorar o clima organizacional, o conflito é bom, porém não o conflito predador. Existem diversos fatores que influenciam o clima organizacional e na área hospitalar é muito importante ter um clima organizacional favorável, pois reduz as chances de ocorrer erros, tornando-se imprescindível o conhecimento da atual situação do clima dentro da empresa. São diversos as variáveis que afetam, dentre elas estão: o orgulho que o colaborador tem pela empresa, o relacionamento entre os próprios colaboradores, reconhecimento que a empresa dá aos colaboradores e bem como a comunicação da organização com os colaboradores. Através do conhecimento a instituição pode identificar seus pontos fracos no quesito de clima organizacional e combate-los, antes de tornarem-se um problema geral na instituição. No capítulo seguinte será comentado como será conduzida a pesquisa. 34 4 METODOLOGIA DA PESQUISA Este capítulo possui a intenção de demonstrar a metodologia utilizada neste trabalho para atingir os objetivos, com a realização do estudo de caso. A metodologia serve para a aplicação do método através de técnicas. Pelas palavras de Prodanov e Freitas (2013, p.14) “[...] é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade”. Ainda para Prodanov e Freitas (2013, p. 44) “[...] pesquisar cientificamente significa realizarmos essa busca de conhecimentos, apoiando-nos em procedimentos capazes de dar confiabilidade aos resultados”. Para que exista sustentação a este tipo de pesquisa, é imperativo a utilização de métodos científicos, pois proporcionam organização de forma sistematizada do trabalho a realizar. “Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.126). A seguir, serão apresentados a tipologia da pesquisa e os procedimentos utilizados para realizar a pesquisa. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa está qualificada quanto a sua natureza como aplicada que segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 49) “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.” Quanto aos objetivos, o método de pesquisa utilizado na realização do trabalho é o descritivo. Para Barros e Lehfeld (2007, p. 84), “[n]esse tipo de pesquisa, não há a interferência do pesquisador, isso é, ele descreve o objeto de pesquisa. Procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com outros fenômenos”. A pesquisa descritiva visa à identificação, registro e análise das características e fatores que se relacionam com população, fenômeno ou processo. Possibilita a utilização de técnicas como entrevistas, formulários, questionários, testes e a observação, a fim de analisar as relações entre as variáveis, para uma posterior determinação dos efeitos resultantes. O pesquisador 35 registra, analisa, interpreta e descreve os fatos observados, sem intervir neles (PRODANOV; FREITAS, 2013). Quanto aos procedimentos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, e estudo de caso. Para Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa bibliográfica é realizada a partir da elaboração de um material já aplicado, formado principalmente de livros, jornais, monografias, dissertações e teses, com o objetivo de deixar o pesquisador em contato com o assunto escrito sobre o tema da pesquisa. Com relação ao estudo de caso, o mesmo visa: “o estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento. Amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados” (GIL, 2012, p. 57). Quanto à abordagem do problema, pode-se classifica-la como uma pesquisa quantitativa, que é aquela que visa o uso de recursos e de técnica estatística (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc.) (PRODANOV; FREITAS, 2013). 4.2 EMPRESA OBJETO DE ESTUDO O presente estudo foi desenvolvido no hospital X, localizado numa das cidades do Vale do Caí no RS, que possui mais de 100 anos. Em 1998 a Unimed assumiu a administração do hospital, infelizmente poucos anos depois, o hospital fechou as portas, forçando cidadãos de três cidades do Vale do Caí a se deslocarem vários quilômetros para conseguir atendimentos médicos. Em 2004 o hospital foi reaberto precariamente sob nova administração, que vem fazendo um forte trabalho de reformas na estrutura antiga, e a constante busca de novos médicos e novas especialidades. A pesquisa aplicada abrangeu 62 colaboradores do total de 63 (apenas o pesquisador não foi incluído no universo) o que constitui 100% do grupo. Obteve-se o retorno de 56 questionários respondidos, o que corresponde a 90,32% de amostra. 36 4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS A pesquisa contou com diversos instrumentos de coleta de dados. O primeiro dos métodos utilizados foi a pesquisa bibliográfica que segundo Prodanov e Freitas (2013, p.128) é “[c]oncebida a partir de materiais já publicados”. Na segunda etapa realizou-se o estudo de caso, iniciando pela análise documental, em documentos fornecidos pela empresa estudada. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 66) este tipo de pesquisa é muitas vezes confundida com a pesquisa bibliográfica, a principal diferença entre elas é que na pesquisa documentalo pesquisador procura documentos que são classificados como “fontes de primeira mão e fontes de segunda mão”. O pesquisador também utilizou a pesquisa participante, uma vez que o mesmo faz parte do quadro de colaboradores do hospital estudado. A técnica de observação realizou-se de forma natural, que segundo Gil (2012, p. 103), ocorre “[...] quando o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga”. Outra ferramenta muito importante para o levantamento dos dados da pesquisa foi a aplicação de questionário (Apêndice A). Estruturadas num total de 32 perguntas, divididas em estratificação da amostra, perguntas quantitativas, uma pergunta referente à satisfação geral, onde o colaborador classificou notas de 1 a 5 conforme grau de satisfação (sendo 1 para muito insatisfeito e 5 para muito satisfeito). Também foi indagado aos pesquisados em relação ao futuro profissional, onde o colaborador assinalou a alternativa condizente com sua expectativa. O questionário foi composto de perguntas objetivas e fechadas para facilitar o preenchimento do formulário e a análise dos dados. O mesmo foi tendo como base o modelo de Siqueira (2008) e foi aplicado por meio físico, visto que nem todos os colaboradores possuem acesso a computador. Para obtenção de informações sobre o funcionamento das diversas áreas do hospital, o pesquisador realizou em 24 de abril de 2018, uma entrevista não estruturada com a responsável pela área de recursos. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 106), na entrevista não estruturada “não existe rigidez de roteiro; o investigador pode explorar mais amplamente algumas questões, tem mais liberdade para desenvolver a entrevista em qualquer direção. Em geral, as perguntas são abertas.” O próximo item traz o detalhamento de como ocorreu a aplicação da pesquisa de clima na instituição estudada. 37 4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS O processo da pesquisa de clima organizacional do Hospital X foi elaborado da seguinte forma: inicialmente foi conversado com a diretora técnica em relação ao interesse do pesquisador em realizar uma pesquisa de clima na instituição. Após aprovação do mesmo, definiu-se que a coleta das informações ocorreria entre os dias 01 e 20 de abril. O próximo passo foi definir as variáveis a serem investigadas na pesquisa, onde se optou em conjunto com a direção, utilizando embasamento teórico e observação participante as seguintes: relacionamento, motivação, liderança, qualidade e desenvolvimento, condições de trabalho, comunicação e benefícios. A pesquisa para atender ao maior número de amostras foi realizada em diversos horários, tendo em vista que se trata de uma instituição de saúde que presta serviços 24 horas por dia. Para uma maior adesão dos colaboradores, foi revelado que esta pesquisa é para um trabalho acadêmico e que não seriam divulgados nomes dos participantes. Sobre recomendações para a aplicação de questionários, Luz (1995) sugere alguns cuidados. A pesquisa não deve identificar os respondentes, a pesquisa não deve ser aplicada pela chefia imediata, o responsável pela aplicação deve ler e interpretar todas perguntas do questionário, visando maior facilidade de compreensão do que está sendo solicitado. O colaborador não deve levar seu questionário para casa e por fim, o questionário não deve ser coletado pela chefia imediata. A seguir, são apresentados os procedimentos utilizados para a análise dos dados coletados através do questionário e da entrevista. 4.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE Esta etapa da pesquisa tem o objetivo analisar e validar os dados obtidos na coleta realizada através do questionário aplicado, e compará-los “[...] com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou pressupostos da pesquisa” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.112). O pesquisador realizou a validação de todas as respostas coletadas, executada através de tabulação e apresentação gráfica dos resultados obtidos utilizando o software Microsoft Office Exel. Os dados foram analisados de forma quantitativa, utilizando como técnica a estatística descritiva. “As ferramentas descritivas são os muitos tipos de gráficos e tabelas e também medidas de síntese como porcentagens, índices e médias.” (REIS; REIS, 2002, p. 5) 38 Esta análise se deu de forma quantitativa que para Richardson (1999) possui uma característica de empregar a quantificação, tanto na coleta dos dados, quanto no tratamento do mesmo, usufruindo técnicas de estatísticas, desde a mais simples tal como percentual, media, desvio padrão, ou as mais complexas como coeficiente de correlação, analise de regressão, entre outras. Como modo de tabulação dos resultados para analise, optou-se por utilizar variáveis que medem a satisfação dos funcionários: 1 – Muito Insatisfeito 2 – Insatisfeito 3 – Indiferente 4 – Satisfeito 5 – Muito Satisfeito As informações obtidas a partir dos questionários foram analisados de forma quantitativa, empregando tabelas de frequência, gráficos, e medias que auxiliam na demonstração dos resultados obtidos na pesquisa. Richardson (1999) afirma que a abordagem quantitativa é caracterizada pela quantificação tanto em técnicas de estatísticas quanto nas modalidades de coleta, desde as mais simples como o percentual, media, desvio padrão, até as mais complexas como coeficiente de correlação, analise de regressão entre outros. Visando responder ao problema de pesquisa proposto, analisaram-se os dados quantitativos, confrontando com o referencial teórico, o que permitiu a análise dos dados. No próximo capítulo apresentam-se os dados obtidos e a análise sobre os resultados. 39 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Visando um melhor entendimento das análises no decorrer do estudo, a seguir serão apresentadas algumas informações sobre a empresa, auxiliando a análise e interpretação dos resultados. 5.1 A INSTITUIÇÃO OBJETO DE ESTUDO O Hospital X foi construído na década de 1890, mas em 1909 foi reformando e adaptando para ser um hospital. O hospital virou o local de trabalho e moradia do médico que o fundou, em 1950, seu filho assumiu o hospital e posteriormente em 1966 seu neto. Em 1998 uma empresa comprou o hospital, saindo das mãos da família depois de 89 anos. Infelizmente poucos anos depois, em março de 2002, depois de uma má administração, o hospital fechou as portas forçando três cidades a se deslocarem mais de trinta quilômetros para conseguir atendimentos médicos. Atualmente o hospital dispõe de emergência vinte e quatro horas com médico plantonista, sendo referência para três cidades. Seu ramo de atividade sempre foi a saúde, fornecendo cirurgias, atendimento de emergência, ortopedia, neurologia, ecografia, raio X vinte e quatro horas, ecocardiografia, internações clínicas, internações psiquiátricas, ginecologista, nutricionista, urologista e cardiologista. O hospital é considerado de médio porte e recentemente se tornou um hospital filantrópico. Os dados a seguir foram elaborados pelo aluno e aprovados pela administração do hospital. Missão: “Oferecer excelência de qualidade no âmbito da saúde”. Valores: “Foco no doente, respeito pela dignidade, cumprimento das normas de ética, utilização eficiente de recursos”. Visão: “Ser referência em atendimento hospitalar e promoção da saúde”. Quanto a sua estrutura, o hospital se subdivide em vários setores, tais como: Recepção: na instituição existem 2 recepções, uma na emergência do hospital, é lá que são recebidos os atendimentos de urgência/emergência, onde funciona a central telefônica, nela também é feito as internações, tanto clínicas quanto cirúrgicas ou psiquiátricas. A outra recepção é voltada para o atendimento nos especialistas, com horário marcado, bem como onde 40 é realizado exames como ecografia e ecocardiografia, todo agendamento é realizado através deste setor. Equipe de enfermagem:
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