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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 50ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ Processo nº.: 98.765 CASA FLORISBELA DE DECORAÇÃO LTDA, sociedade empresária de direito privado, inscrita no CNPJ nº..., com sede na Rua/Av. ..., nº..., bairro ..., na cidade de ..., CEP ..., endereço eletrônico ..., por seu advogado, com procuração anexa, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 847, parágrafo único, da CLT c/c art. 335 e art. 343, ambos do CPC/15 apresentar CONTESTAÇÃO na reclamação trabalhista proposta por CAROLINA TAVARES, já devidamente qualificada nos autos, pelas razões de fato e de direito que passa a expor. I- DOS FATOS A reclamante trabalhou para a empresa reclamada no período de 25/10/2013 a 29/12/2019. Sua jornada de trabalho era de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com 2h de intervalo, e aos sábados, das 16h às 20h e ganhava mensalmente o valor correspondente a dois salários mínimos. II- DAS PRELIMINARES A) DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA DO TRABALHO A reclamante pleiteia a aplicação da penalidade penal prevista no art. 49 da CLT contra os sócios da empresa reclamada. Ocorre, porém, que conforme o art. 114, IX da CRFB, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho, não abrangendo penalidade criminal, sendo esta incompetente para tal. Além disso, segundo o art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu, antes de discutir o mérito alegar a incompetência absoluta e relativa. Isto posto, requer o reconhecimento da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para processar e julgar o pedido relativo à aplicação da penalidade penal. III- PREJUDICIAL DE MÉRITO A) DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A reclamante foi vendedora na empresa reclamada de 25/10/2013 a 29/12/2019 e ajuizou a reclamação trabalhista em 27/02/2020. Deve-se aqui suscitar a prejudicial de prescrição quinquenal, a fim de que sejam consideradas prescritas as parcelas anteriores 27/02/2015, observando o biênio subsequente à extinção do contrato de trabalho, de acordo com o art. 7º, XXIX, da CRFB, aclarado pela Súmula 308, I, do Superior Tribunal do Trabalho e art. 11, da CLT. Sendo assim, suscita-se a prescrição em relação às pretensões anteriores a 27/02/2015, tendo em vista que o ajuizamento da ação se deu em 27/02/2020. IV- MÉRITO A) DO PLANO DE SAÚDE A reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde, tendo assinado na admissão, contra a sua vontade, um documento autorizando a subtração mensal. Ocorre que, conforme a OJ 160 da SBDI-1, é inválida a presunção de vício de consentimento resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir demonstração concreta do vício de vontade. Nesse sentido, a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que não afronta o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico, não sendo este o caso. Ademais, o art. 818, I da CLT e o art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o ônus da prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito. Sendo assim, o desconto a título de plano de saúde ocorreu dentro da legalidade, sem qualquer vício de vontade em relação à assinatura, já que é válida a autorização de desconto feita no momento da admissão, cabendo à reclamante o ônus de provar qualquer ilegalidade nesse sentido, não devendo prosperar a sua alegação. B) DO ADICIONAL DE PENOSIDADE A reclamante pleiteia o recebimento de adicional de penosidade, na razão de 30% sobre o salário-base, porque, no exercício da sua atividade, era constantemente furada pelos espinhos das flores que manuseava. Embora previsto no Art. 7º, XXIII, da CRFB o adicional de remuneração para as atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado. Sendo assim, o pedido de pagamento de adicional de penosidade na proporção de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não consta previsão na CLT e o mesmo não foi regulamentado em lei especial. C) DAS HORAS EXTRAS Alega a reclamante que faz jus ao recebimento de horas extras com adição de 50%, em razão da jornada de trabalho de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo de 2 horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo, totalizando 44h semanais. Segundo o art. 58 da CLT, a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8h diárias. O art. 7º, XIII da CRFB, por sua vez, assenta que a duração do trabalho normal não será superior às 8h diárias e 44h semanais. Além disso, ressalta-se que o Art. 71, §2º da CLT alinha que os intervalos não serão computados na duração do trabalho. Sendo assim, a reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras pleiteadas, pois o módulo constitucional de 8h diárias e 44h semanais não foi ultrapassado. D) DA MULTA DO ART. 477, §8º da CLT Aponta a reclamante que o pagamento das verbas resilitórias extrapolou o prazo legal, somente sendo creditada em sua conta 20 (vinte) dias após a comunicação do aviso prévio. Conforme estabelece o Art. 477, §6º da CLT, o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até dez dias contados a partir do término do contrato de trabalho e não da comunicação do aviso prévio, razão pela qual é infundado o pedido de pagamento de multa prevista no Art. 477, §8º, da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal. V- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Desse modo, requer honorários de sucumbência na ação. VI- DOS PEDIDOS Com base nos fatos e fundamentos acima apresentados, requer a Vossa Excelência: a) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para processar e julgar o pedido relativo à aplicação da penalidade penal, conforme o art. 337, II, do CPC/15 c/c art. 114, IX, da CRFB; b) O acolhimento da prejudicial de mérito quanto à prescrição em relação às pretensões anteriores a 27/02/2015, tendo em vista que o ajuizamento da ação se deu em 27/02/2020, nos termos do art. 7º, XXIX, da CRFB, aclarado pela Súmula 308, I, do Superior Tribunal do Trabalho e do art. 11, da CLT; c) Caso não sejam acolhidas as preliminares, no mérito, requer que as pretensões apresentadas na inicial sejam julgadas totalmente improcedentes, com a consequente condenação da reclamante em custas processuais e demais cominações legais; d) Condenação da reclamante em honorários de sucumbência na demanda, nos termos do Art. 791-A, § 5º da CLT. VII- DAS PROVAS Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos, em especial, a testemunhal, documental e depoimento da reclamada, e o que mais for necessário à elucidação dos fatos. Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, data. ADVOGADO OAB Nº.
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