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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO ESTATURA ESTIMADA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: QUAL O IMPACTO NA CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL? MARCELY ARAÚJO DE MORAIS NATAL/RN 2017 MARCELY ARAÚJO DE MORAIS ESTATURA ESTIMADA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: QUAL O IMPACTO NA CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL? Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Nutricionista. Orientadora: Profa. Dra. Clélia de Oliveira Lyra Co-orientador: Ms. Marcos Felipe Silva de Lima NATAL/RN 2017 iv MARCELY ARAÚJO DE MORAIS ESTATURA ESTIMADA EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS: QUAL O IMPACTO NA CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL? Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Profª. Dr.ª Clélia de Oliveira Lyra Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Orientadora __________________________________________________________ Prof. Drª Karla Danielly da Silva Ribeiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 2ª examinadora _____________________________________________________________ Prof. Drª Ursula Viana Bagni Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 3ª examinador Natal, 23 de Junho de 2017. v Dedico este trabalho primeiramente à Deus, minha inspiração de vida, à minha família. Especialmente aos meus avôs em memória José Alves Morais, Pedro Batista de Araújo. vi AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro à Deus, por ter me ajudado em todos os momentos, desde a entrada na UFRN até a saída com o tão temido: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Aprendi a gostá-lo, apesar das dificuldades e falta de tempo no último período, conseguir finaliza-lo, com um pouco de diversão, pois compreendi que gosto de pesquisar. Segundo agradeço a todos os idosos que participaram da pesquisa, pois mesmo sem ter participado da coleta de dados, sei que eles foram fundamentais, para o descobrimento dos resultados. Pelo amor incondicional de minha família, onde me amparei nas dificuldades. A meus pais e irmã, minha base e fortaleza, por acreditarem que seria capaz de conseguir, e pela perseverança e cuidado. Como também a meus avôs José Alves Morais, Pedro Batista de Araújo (em memória), pela descoberta pelo amor na nutrição após as patologias que se desenvolveram durante o processo do envelhecimento. Ao meu amado, Leonardo, pela paciência, apoio, amor e compreensão em todos os momentos. A minha querida orientadora, Clélia de Oliveira Lyra, melhor não há! Por acreditar em mim, quando nem eu mesmo acreditei, pela escolha em um tema tão bacana e especial para mim: os idosos institucionalizados. Pelos dias de angústias e alegrias onde ela me apoiou, como ninguém... “Dizendo: vai dar certo! Já deu certo! Deixe de ser ansiosa, Marcely...” Meu agradecimento especial pela docente que ela é. Sempre fui apaixonada pela forma como conduzia seus educandos, pelo seu jeitão maternal e acolhedor. E eu sabia que um dia eu conseguiria ser orientada por ela. O meu segundo orientador Marcos Felipe Silva de Lima, que me ensinou de forma simplória como analisar os dados da pesquisa e me orientar de uma forma especial em vii toda a escrita. A você, professor pelo carinho e consideração em todo o trabalho. Você também é responsável por isso. A todos da Iniciação Cientifica, Aline Fernandes, Amanda Braga, Conceição Lisboa, Eduarda Chaves, Larissa Ingrid. Faltam palavras para agradecer o apoio nas dificuldades, em que dividimos as mesmas angústias. As minhas amigas Amanda Braga, Júlia Macedo, Leticia Costa, Caroline Guedes pelo companheirismo e amizade durante toda a graduação. A todas as professoras do Departamento de Nutrição por todo aprendizado e conhecimento durante os 4 anos e meio de formação. A Ursula Viana, professora de Antropometria e Composição Corporal I que ainda no 4º semestre de curso, me apaixonei pela avaliação nutricional em adultos e idosos, na qual foi onde eu pude ter a oportunidade de ser monitora durante dois anos. E também, por aceitar fazer parte da banca examinadora, o meu muito obrigada pela participação e considerações para melhoria do trabalho. A Karla Danielly, umas das minhas professoras mais admiradas do departamento, por ser gentil e acolhedora com todos, e por aceitar ser examinadora da pesquisa, e compor minha banca de forma tão especial e amiga. viii "Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo." Martin Luther King ix MORAIS, Marcely Araújo de. Estatura estimada em idosos institucionalizados: qual o impacto na classificação do índice de massa corporal? 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017. RESUMO A avaliação nutricional do idoso apresenta características particulares que as diferencia da avaliação nutricional dos demais grupos populacionais. As medidas de peso e estatura compõem o índice de massa corporal (IMC), que na impossibilidade do indivíduo se manter em pé, é possível a realização do cálculo de estimativas de estatura por equações específicas. Apesar do IMC ser um índice rotineiramente utilizado na prática clínico- nutricional, a acurácia do diagnóstico do estado nutricional antropométrico utilizando estimativas de estatura ainda é pouco conhecida. O objetivo deste estudo foi avaliar a acurácia e a concordância no diagnóstico do IMC considerando a estatura real e a estatura estimada de idosos sem restrição de mobilidade em Instituições de Longa Permanência para idosos (ILPI). Trata-se de um estudo de acurácia e concordância com 168 idosos residentes em 10 ILPI de uma capital do nordeste brasileiro, que não apresentavam restrição de mobilidade. Foram coletadas medidas de peso real e estatura real e estimadas por outras medidas antropométricas, tais como a altura do joelho, comprimento da ulna, hemi envergadura e demi envergadura. Em seguida foram calculados o IMC com as medidas de peso e estatura reais e estaturas estimadas por 23 equações de predição. Todos os valores de IMC foram classificados em magreza (IMC<22kg/m2), eutrofia (IMC ≥ 22kg/m2 e < 27kg/m2), excesso de peso (IMC≥27kg/m2) e analisada a acurácia, a sensibilidade, a concordância pela estatística kappa e a prevalência com respectivo intervalo de confiança 95%. O cálculo da média, desvio padrão e estatística inferencial correspondente foram utilizadas para as variáveis contínuas. O IMC estimado foi considerado aplicável quando apresentou probabilidade acima de 90% de acerto em relação ao diagnóstico real para magreza e excesso de peso e concordância excelente quando kappa foi acima de 0,81. Nos resultados, em relação a magreza, três equações apresentaram valores mais acurados, sensíveis e excelente concordância para identificar o diagnóstico nutricional verdadeiro. Já para o excesso de peso apenas uma única equação apresentou elevada sensibilidade, porém superestima estado nutricional. Conclui-se que conforme os critérios estabelecidos, três equações de estimativade estatura podem ser utilizadas, no cálculo do IMC em casos de diagnóstico de magreza para estimar a prevalência. Em relação ao excesso de peso, pode-se utilizar como alternativa uma estimativa de estatura, com cautela, uma vez que não apresentou boa acurácia para estimar a prevalência de excesso de peso nesta população. Descritores: Estado Nutricional, Antropometria, Saúde do Idoso, Envelhecimento. x LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 Métodos e estimativas de estatura analisados no presente estudo..................... 16 Quadro 2 Demonstrativo da classificação do Estado Nutricional através do Índice de Massa Corporal (IMC) para idosos.................................................................... 20 Quadro 3 Possíveis resultados de um teste diagnóstico para identificar uma alteração.... 21 Quadro 4 Classificação da concordância segundo Landis e Koch (1977) ........................ 21 Figura 1 Fórmulas utilizadas para análise da acurácia..................................................... 21 xi LISTA DE TABELAS Tabela 1 Frequência simples e percentual do tipo de ILPI, sexo e faixa de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade, Natal – RN, 2013- 2014.................................................................................................................... 24 Tabela 2 Características demográficas e antropométricas de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade, Natal – RN, 2013- 2014.................................................................................................................... 25 Tabela 3 Prevalência do estado nutricional antropométrico de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade......................................................................................................... 26 Tabela 4 Acurácia e concordância para o diagnóstico de magreza entre o IMC real e os estimados em idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade.......................................................................................................... 27 Tabela 5 Acurácia e concordância para o diagnóstico de excesso de peso entre o IMC real e os estimados em idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade........................................................................................................... 29 xii LISTA DE ABREVIATURAS ILPI = instituição de longa permanência para idosos AEN = avaliação do estado nutricional EN = estado nutricional P = peso corporal E = estatura corporal IMC = índice de massa corporal AJ = altura do joelho CU = Comprimento da ulna HE1 = Hemi envergadura do esterno até a ponta do dedo médio DE = Demi envergadura do esterno até a raiz da falange proximal do dedo médio IC 95% = Intervalo de confiança a 95% xiii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 14 3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 15 3.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS ........................................................................................... 15 3.2 ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO EM IDOSOS ............................ 17 3.3 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE ESTIMATIVAS DE ESTATURA ............................................................................................ 21 4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 24 4.1 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................. 24 4.2 TIPO E POPULAÇÃO DE ESTUDO ........................................................................ 24 4.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................... 24 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 27 5. RESULTADOS ................................................................................................................... 30 6. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 37 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 41 REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 42 APÊNDICES............................................................................................................................ 47 ANEXOS.................................................................................................................................. 165 11 1. INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional observado nas sociedades modernas é causado pelo declínio das taxas de fecundidade e de mortalidade, fenômeno chamado de transição demográfica. Com a queda da mortalidade ocorreu um aumento da população idosa, e em especial, a maior proporção das pessoas com 80 anos ou mais. A expectativa de vida supera as previsões de especialistas de diversas áreas e suas tendências são de contínuo aumento (KANSO, 2011; 2013). Essas mudanças no perfil demográfico têm levado a um aumento da demanda por cuidados de longa duração para idosos no Brasil, com crescente institucionalização do idoso longevo (80 anos e mais), dependente de fatores culturais, grau de suporte familiar e disponibilidade de serviços médicos e de cuidados especiais (DEL DUCA, et al. 2012). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) são instituições de caráter residencial, destinada à moradia coletiva de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania, que podem ser com ou sem fins lucrativos (ANVISA, 2005). Essa prestação de serviços ocorre nas áreas social e sanitária. Neste sentido, constituem-se em órgãos híbridos de natureza sócio-sanitária que demandam ações conjugadas em ambas as esferas de governo – de assistência social e de saúde (PINTO; SIMSON, 2012). Especialmente quando associado à institucionalização, o processo de envelhecimento potencializa o declínio da capacidade física e funcional, com maior risco de desenvolver problemas relacionados a inatividade em idosos institucionalizados (GONÇALVES et al., 2010). No Brasil, a institucionalização é acompanhada pelo crescente aumento das doenças mentais e aceleração das perdas funcionais, condições estão associadas ao isolamento social. Esse público é submetido a rotinas pré- estabelecidas nessas instituições, perdendo sua autonomia e independência (FERNANDES, 2008; BRASIL, 2006; FREITAS; SCHEICHER, 2010). Pode ocorrer o agravamento de problemas nutricionais em decorrência da redução do consumo alimentar, bem como da redução da atividade física (SANTELE; LEFEVRE; CERVATO, 2007; REIS; TORRES, 2011). 12 Em ILPI, a ANVISA recomenda o monitoramento da ocorrência de desnutrição em idosos, pois sua relação com o aumento desse distúrbio está relacionada ao aumento da morbimortalidade nesta população (ANVISA, 2005). Um dosmétodos que avalia a desnutrição é a antropometria, caracterizada por não ser um método invasivo. Objetiva determinar e monitorar o peso corporal, a composição corporal e avaliar a distribuição de gordura corporal, relacionando-a com o desenvolvimento de doenças crônicas. Além disso, a técnica tem sido muito utilizada em estudos epidemiológicos, devido principalmente o seu baixo custo e fácil aplicação (MASTROENI et al., 2010). A avaliação nutricional do idoso apresenta características particulares que as diferencia da avaliação nutricional dos demais grupos populacionais. A verificação do estado nutricional antropométrico em idosos pelo Índice de Massa Corporal (IMC = kg/m2) tem sido amplamente utilizado em estudos epidemiológicos para avaliar a magreza e o excesso de peso (BARBOSA et al., 2007). O indicador antropométrico é essencial na avaliação nutricional geriátrica; entretanto algumas alterações que ocorrem com o envelhecimento podem comprometer a determinação de um diagnóstico antropométrico acurado e preciso. (SAMPAIO, 2004). Há uma redução da estatura com a idade, com um decréscimo por volta dos 40 anos e torna-se mais acentuado com o avançar da idade, em virtude do achatamento das vértebras, redução dos discos intervertebrais, cifose dorsal, escoliose, entre outras causas. Sendo assim, recomenda-se a estimativa da estatura de indivíduos de idosos, quando a mesma já sofreu alguma diminuição (SAMPAIO, 2004). Na impossibilidade do indivíduo se manter em pé ou que apresentem curvatura espinhal grave. Nesses casos, existem equações especificas que utilizam outras medidas antropométricas para a realização da estatura estimada. (LIMA, 2014). Como a altura do joelho (AJ), dobra cutânea subescapular (DCSE), circunferência do braço (CB) e circunferência da panturrilha (CP) (SOUZA, et al, 2013). Ressalta-se que para a aplicabilidade das equações de estimativa de peso e estatura para proceder o cálculo do IMC há a necessidade de verificar se a equação a ser utilizada é adequada em relação ao sexo, idade, etnia, características físicas, como a restrição de mobilidade, e nacionalidade da população em que foram geradas essas equações. Isto porque pode levar a erros na obtenção dessas medidas estimadas, e consequentemente, equívocos no estabelecimento do diagnóstico e terapia nutricional (MONTEIRO et al, 2009). 13 Existem alguns estudos de validação para avaliar a aplicabilidade de medidas antropométricas estimadas para estatura em idosos. Nessa perspectiva, somente quatro estudos utilizaram fórmulas que apontaram subestimação ou superestimação de comprovar estatura estimada e peso real, e mesmo assim utilizando poucas equações (CAMPOS, 2012, MELO et al, 2014, HENZ, 2016, SILVA, 2016). Apesar de existir estudos que mostrem a utilização de equações de estimativa para estatura ser adequada de acordo com alguns autores, como CAMPOS (2012), MELO et al, (2014), HENZ (2016), SILVA (2016), esses autores utilizaram poucas equações a respeito da estatura real e estimada, geralmente Chumlea (1985) e (1988), Rabito (2008), para diagnosticar a relação com o IMC real e IMC por estatura estimada com peso real. Neste sentido, este estudo se justifica na medida em que propõe avaliar a concordância no diagnóstico nutricional obtido pelo IMC real e o IMC com estatura estimada por esse cálculo, a partir de 23 equações de estimativa de estatura conforme indicado em Lima (2014). Diante disso, a pesquisa preenche uma lacuna na literatura, por ser um tema inovador e muito relevante para determinação do diagnóstico do estado nutricional antropométrico em idosos, podendo subsidiar estudos populacionais, programas da área da saúde na escolha da equação de estimativa mais indicada. A contribuição deste trabalho está na indicação da escolha da estimativa de estatura que melhor possa ser utilizada como diagnóstico verdadeiro, de acordo com os distúrbios nutricionais antropométricos de magreza e excesso de peso. 14 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a acurácia e a concordância no diagnóstico do IMC considerando a estatura real e as estaturas estimadas de idosos sem restrição de mobilidade residentes em ILPI. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Caracterizar a população estudada em relação aos aspectos demográficos e antropométricos; • Realizar o diagnóstico e prevalência dos distúrbios nutricionais antropométricos por meio do IMC a partir da estatura real e as estimadas; • Comparar os diagnósticos de magreza e excesso de peso verificados pelos IMC real e os estimados por 23 equações de estimativa de estatura. 15 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E AS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS A evolução da composição populacional por grupos de idade aponta para a tendência de envelhecimento demográfico, que corresponde ao aumento da participação percentual dos idosos na população e a consequente diminuição dos demais grupos etários. Destaca-se que a proporção de idosos e a expectativa de vida ocorre de maneira desigual entre as regiões brasileiras (BRASIL, 2016). Projeções populacionais feitas pelas Nações Unidas, indicam que em 2070, a estimativa é que a proporção da população idosa brasileira (acima de 35,0%) seria, inclusive, superior ao indicador para o conjunto dos países desenvolvidos (WORLD..., 2015). Diante do crescente número de pessoas idosas, houve um incremento na demanda de serviços especializados em cuidados da população idosa. Uma das modalidades de cuidados, definida pela Portaria SEAS nº 2874/2000 são as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), que consistem nas tradicionais instituições asilares (ANVISA, 2005). As ILPI são consideradas unidades de saúde de baixa complexidade que desempenham a função de atendimento do idoso desprovido de condições de auto- gestão da vida, com grau de dificuldade para execução de suas atividades diárias, ou idosos em que as famílias não possuem meios financeiros, físicos ou emocionais para a prestação dos cuidados necessários. O funcionamento das ILPI foi normatizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Resolução – RDC 283/2005, seguindo diretrizes da Política Nacional do Idoso (PORTARIA nº 2.874 de 30 de agosto de 2.000). Nessa dinâmica, a internação do idoso em ILPI não é fenômeno raro, como revela a pesquisa de Dias (2007), segundo a qual de 5% a 10% da população idosa brasileira encontra-se institucionalizada. Isso se dá devido as mudanças sociais que envolvem a estrutura familiar, fazendo com que, não raras vezes, os membros da família, em função do aumento de atividades (trabalho, estudo), não tenham tempo para cuidar dos membros mais idosos do núcleo familiar. Acrescenta-se a isso o aumento em termos de ocorrência de doenças e, consequentemente, maior demanda de cuidados específicos (DANTAS, 2013). 16 Segundo o Estatuto do Idoso - Lei n. 10.741, de 01.10.2003 são consideradas idosas, as pessoas com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2013) O envelhecimento da população é um fenômeno de amplitude mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que, em 2025, existirão 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos, sendo que as pessoas com 80 anos ou mais constituem o segmento populacional que mais cresce (FERREIRA 2010). No Brasil, entre 2005 e 2015, houve aumento da proporção de pessoas idosas, que neste período passaram de 9,8% para 14,3% da população brasileira. Este crescimento ocorreu em todos os grupos etários de idosos (de 60 a 64 anos, de 65 a 69 anos, de 70 a 74 anos, de 75 a 79 anos e de 80 anos ou mais). Desde a década de 1970, várias propostas demonstram a importância de projetos terapêuticos que mobilizem a família, a comunidade e os profissionais para o cuidado integral dos idosos. No entanto, a realidade dos municípios pouco se alterou:a institucionalização prevalece e representa uma possibilidade de sobrevivência para os idosos de classe mais baixas. Essa perspectiva é gerada pela precariedade das condições socioeconômicas e culturais que incidem sobre o envelhecer e por ele são reforçadas (SPEROTTO; SPINELLI, 2010). Processo de envelhecimento populacional, aumenta cada vez mais a necessidade de estudos nessa faixa etária, pelos fatores que incidem sobre a prevalência das doenças crônicas não transmissíveis, como também sobre o papel da nutrição na promoção e manutenção da independência e autonomia dos idosos (SANTOS, 2013: BUENO, et al 2008). As modificações dos índices e do perfil da morbidade e mortalidade demonstram aumento da expectativa de vida da população. Assim, esta transformação demográfica acarreta uma transição epidemiológica, gerando demandas específicas de cuidados dirigidos à população idosa (LEBRÃO, 2007). A tendência a médio prazo será a formação de uma população idosa que, se acometida por doenças crônico- degenerativas, pode apresentar limitações em termos de independência de auto-cuidado e de locomoção (NETO, et, al. 2012). Vários fatores afetam a qualidade de vida dos idosos, e o estado nutricional é um dos mais importantes, uma vez que os distúrbios nutricionais estão relacionados com maior risco de morbi-mortalidade. A obesidade, considerada um problema de saúde pública, representa para o idoso um risco adicional, sendo fator de risco para muitas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e agravos à saúde. Os 17 idosos possuem um aumento significativo na ocorrência de doenças em relação à população em geral, que envolve um quadro de enfermidades complexas, marcado por doenças crônicas e múltiplas que persistem por anos, com exigência de cuidados permanentes, exames periódicos e medicação contínua. Estima-se que 85% dessa população tenha alguma forma de DCNT e 30% possua ao menos duas doenças associadas, podendo relacionar- se com alteração do estado nutricional (LEHN et al 2012). Outro problema relacionado ao estado nutricional de idosos é a magreza, visto que esse grupo etário apresenta risco elevado de desenvolver desnutrição, o que pode prolongar o tempo de internações, impondo vários gastos aos serviços de saúde pública, bem como o aumento da morbimortalidade nesta população (CORTEZ; MARTINS, 2015). Neste sentido, a ANVISA determina o monitoramento da desnutrição entre idosos institucionalizados com avaliações mensais para a prevenção e agravamento das condições clínicas do idoso, e redução de morbimortalidade nessa população (ANVISA, RDC 283, 23 de Setembro de 2005). Devido ao aumento da longevidade no país, é de extrema importância pesquisas que investiguem os fatores que resultam em maior ocorrência de desequilíbrio nutricional, contribuindo com estratégias para a promoção da saúde e prevenção de doenças na terceira idade (LEHN et al 2012). 3.2 ESTADO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICO EM IDOSOS O estado nutricional pode ser resultante de um conjunto de fatores, como a interação entre o consumo de alimentos e sua utilização biológica, o meio ambiente em que vive e da situação de saúde do indivíduo e da família, fatores que relevam grande complexidade e relevância para estudos (CHRISTMANN, et al. 2015). As alterações do EN também são observadas a partir do envelhecimento, em que ocorre o ganho de peso ou diminuição de peso, que são os distúrbios nutricionais acometido na fase idosa. A fisiologia deste público é afetada pela diminuição do metabolismo basal, alterações no funcionamento digestivo, redistribuição de massa corporal, alterações na percepção sensorial, diminuição da sensibilidade à sede também interferem na AEN, tornando este grupo mais suscetível a estados de desnutrição e deficiências específicas de nutrientes (ALBERTINI, et al, 2015). 18 Aliada às mudanças no perfil demográfico ocorrem importantes alterações no perfil epidemiológico brasileiro, com o aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e redução das infecto-parasitárias (BRASIL, 2011). A prevalência de DCNT manifesta-se de forma mais expressiva com o avanço da idade e, geralmente, estão associadas com outras doenças e agravos, fenômeno conhecido por comorbidade (BRASIL, 2011; BRASIL 2006). No entanto, vale destacar que no Brasil ocorre o fenômeno da polarização epidemiológica, com a existência simultânea de elevadas taxas de morbi- mortalidade por doenças crônico-degenerativas e de ocorrência de doenças infecciosas e parasitárias, cuja mortalidade ainda é elevada em comparação com as taxas de países desenvolvidos e de outros países da América Latina (ARAÚJO, 2012). O estado nutricional é importante marcador do estado de saúde do idoso e a antropometria é dos melhores métodos que permite correlação significativa com as inadequações nutricionais (CAMPOS, et al, 2007). A obesidade e a desnutrição são dois problemas que coexistem nos tempos atuais. Apesar da desnutrição em idosos se apresentar como um fator mais fortemente associado à mortalidade do que o excesso de peso, a obesidade tem sido observada crescente com importantes repercussões clínicas (SANTOS, 2010). A AEN deve ser realizada de maneira criteriosa e devem ser consideradas as alterações que ocorrem na composição corpórea e que são decorrentes do processo de senescência. O idoso, por exemplo, tende a ter, de maneira geral, uma discreta diminuição de seu peso e da sua estatura e esses dados não devem ser interpretados como patológicos. Seu peso diminui por causa da perda de massa óssea e massa muscular e da redução fisiológica do apetite. A estatura, por outro lado, sofre alterações, sendo observada uma diminuição dela ao longo das décadas; isso se deve, entre outros fatores, ao achatamento plantar, à diminuição das vértebras e discos intervertebrais e a alterações posturais (SANTOS, MACHADO, LEITE, 2010). As alterações fisiológicas e metabólicas ocorrem em todo corpo do idoso, trazendo mudanças funcionais, como redução da massa magra, aumento do tecido adiposo corpóreo e menor eficiência de bombeamento do coração. A pessoa idosa com excesso de peso, possui alterações em sua saúde que pode levar a um aumento de morte ou do risco de doenças como diabetes mellitus, hipertensão arterial, dislipidemias, doenças cardiovasculares, e câncer (BUENO, et al. 2008). Essas alterações podem ser 19 decorrentes do próprio processo de envelhecimento, enquanto que as metabólicas são acarretadas pelas enfermidades, assim como pelo estilo de vida. A manutenção do estado nutricional nessa faixa etária é muito importante de um lado existe a desnutrição, que aumenta risco de infecções, predispõe a uma série de complicações graves, deficiência de cicatrização de feridas, falência respiratória, insuficiência cardíaca, consequentemente maior mortalidade; e de outro, o excesso de peso, que aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como doença isquêmica do coração, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus tipo 2, colelitíase, osteoartrite, neoplasia maligna de mama pós menopausa e de endométrio, esofagite de refluxo, hérnia de hiato e problemas psicológicos (ACUÑA, CRUZ, 2004; LEITE-CAVALCANTI et al., 2009). Essas mudanças interferem na capacidade funcional dos idosos e contribuem para o aumento da morbidade. A capacidade funcional dos idosos, por sua vez, pode ser influenciada por condições mórbidas que levam a maior dependência e comprometem a qualidade de vida desse grupo etário. Dada a importância dessas questões, é necessário que essa temática seja estudada, para se conhecer melhor o impacto, na conduta nutricional e na vida dos idosos (NASCIMENTO, et al. 2011). Os idosos institucionalizados têm maior probabilidade de sofrer quedas do que os idosos não institucionalizados, pois possuemmenores níveis de força, equilíbrio, flexibilidade e resistência física. Esse grupo institucionalizado apresentam um envelhecimento patológico, muitas vezes associado à doença de Parkinson, Alzheimer e outras doenças graves, que os tornam incapazes de efetuar atividades rotineiras como tomar banho, locomover-se e comunicar-se (REBELATTO, ET AL, 2007). Segundo Sperotto e Spinelli, os idosos brasileiros apresentam prevalência de risco de desnutrição em torno de 52,8%. Comparando a prevalência de morte por desnutrição dos idosos no Brasil com outros países, verificou-se que no Brasil o risco deste tipo de morte é 71% maior do que nos Estados Unidos e 32,1% maior do que na Costa Rica. Ou seja, embora a prevalência de desnutrição encontrada na população estudada tenha sido menor que a média nacional, em nível de comparação internacional essa prevalência foi alta (PAZ, FAZZIO, DOS SANTOS, 2012). As medidas antropométricas constituem-se essencial importância na avaliação do estado nutricional de idosos, uma vez que fornecem informações sobre as variações físicas e de composição corporal (CORTEZ; MARTINS, 2015). As medidas 20 antropométricas utilizadas na avaliação do estado nutricional da população idosa incluem peso corporal, estatura, perímetro da cintura, quadril, braço, panturrilha, dobras cutâneas tricipital e subescapular (CORTEZ; MARTINS, 2015). O índice de massa corporal (IMC), composto por medidas de peso e estatura, é, talvez, o que tenha maior divulgação no que diz respeito à mensagem populacional. Seus valores limites são conhecidos por especialistas e leigos (HAUN, PITANGA, LESSA, 2009). Trata-se de um índice de adiposidade geral, que fornece o diagnóstico antropométrico do estado nutricional (magreza, eutrofia, e excesso de peso). Essa medida é importante na determinação de risco para algumas doenças e correlaciona-se positivamente com certos indicadores de saúde e longevidade (GARCIA, 2008). Apesar do IMC ser um preditor importante na população idosa, há uma lacuna em relação a ausência da escolha do consenso para seu uso, no que diz respeito ao ponto de corte mais adequado para classificação antropométrica do excesso de peso. Entre os critérios mais utilizados para essa avaliação existe a recomendação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), utilizado em inquéritos nacionais como a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) e a Pesquisa Orçamentos Familiares (POF) (2002/2003), na qual utiliza a classificação para baixo peso - IMC < 18,5kg/m², eutrofia - IMC entre 18,5kg/m² e 24,9kg/m², sobrepeso - IMC entre 25 e 29,9kg/m², obesidade - IMC ≥ 30kg/m². No entanto, há críticas sobre o uso dos mesmos pontos de corte para classificar excesso de peso em idosos. Em contrapartida, o critério proposto por Lipschitz, et al, 1994, em que propôs alterar os pontos de corte para < 22kg/m² para magreza, 22-27 kg/m² para eutrofia e > 27kg/m² para excesso de peso, considera as modificações na composição corporal próprias do envelhecimento, como o decréscimo da estatura, diminuição da quantidade de água, e massa magra no organismo e maior porcentagem de gordura, quando comparados com os indivíduos adultos (SILVEIRA, et al, 2009). Ressalta-se que alguns países já apresentaram estudos definindo valores de referência antropométrica de IMC para pessoas acima de 60 anos. Entre esses países, destacam-se os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, Itália e o México. No Brasil, existem alguns estudos que investigaram as características antropométricas da população, mas ainda não existem valores antropométricos de referência para idosos. Somado às dimensões continentais do país, estudos que descrevam as características 21 antropométricas da população tornam-se imprescindíveis para o Brasil estabelecer seu próprio padrão antropométrico nos diferentes grupos etários (MASTROENI et al 2010). O profissional da saúde deve encontrar-se habilitado para realizar de forma crítica e integrada em equipe o diagnóstico do IMC, compreendendo que nenhum indicador isolado satisfará as necessidades de todas as dimensões envolvidas, especialmente tratando-se de idosos. No cuidado individual, deve-se considerar que são insuficientes para uma avaliação ampla do idoso, que deve ser olhado de forma singular, levando em conta a heterogeneidade do processo de envelhecer e de adoecer em nossa sociedade desigual. Na perspectiva coletiva, são parâmetros importantes para a definição de políticas e programas de promoção e atenção à saúde (TAVARES, et al. 2015). 3.3 MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE ESTIMATIVAS DE ESTATURA A antropometria é um método não invasivo, de fácil execução, de baixo custo operacional, seguro e que tem valor preditivo acurado para identificar populações em risco nutricional (WHO 2000). Ressalta-se que avaliação antropométrica em idosos, mesmo naqueles que deambulam, é uma árdua tarefa para o antropometrista, uma vez que os idosos podem apresentar algumas condições de fragilidade, especialmente para posicioná-los de forma adequada para proceder a tomada das medidas (LIMA, 2014). Caso o indivíduo não tenha condições de se levantar, ficar em pé, ou possua deformidade na coluna vertebral ou amputação de uma perna, indicam-se estimar sua estatura por meio de equações específicas, utilizando-se a altura do joelho, o comprimento da ulna, envergadura ou hemi e demi-envergaduras dos braços. As medidas de envergadura, hemi e demi-envergaduras dos braços são uma alternativa a mais, no estudo antropométrico, principalmente, quando da necessidade de avaliar indivíduos em cadeiras de rodas ou acamados, embora apresente algumas dificuldades na execução da medida, podendo diminuir a acurácia do método. Muito provavelmente em virtude da rigidez nas articulações, torna-se difícil o idoso se posicionar adequadamente para a realização dessas medidas. Portanto, recomenda-se priorizar as medidas alternativas que apresentem fácil aplicação (GARCIA, et al. 2007; LIMA, 2014). 22 Para a aplicação de equações para se estimar peso ou estatura deve ser levada em consideração a compatibilidade das características entre a população que originou os métodos e a que se pretende avaliar. As equações de estimativa, quando não aplicáveis a um determinado indivíduo ou população, podem levar a erros de estimativa na prática clínica e em levantamentos epidemiológicos (LIMA, 2014). Destaca-se que a medida da altura do joelho possibilita estimar a estatura de pessoas acamadas e/ou deitadas. A altura do joelho é a medida que melhor se correlaciona com a estatura e diminui pouco com a idade, sendo, portanto, indicada para idosos (SAMPAIO, 2004; PROJETO DIRETRIZES, TRIAGEM E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL, 2011). Vários estudos incluíram esta medida em suas equações para estimar estatura em idosos (RABITO et al., 2008; CHUMLEA et al., 1985; CHUMLEA; GUO, 1992; CHUMLEA et al., 1998; BERMÚDEZ; TUCKER, 2000; PALLONI; GUEND, 2005; BAPEN, 2006; KWOK; WHITELAW, 1991; WHO, 1999; LERA et al., 2005; SILVEIRA et al., 1994). Outras medidas antropométricas utilizadas na estimativa da estatura em idosos que tem alguma dificuldade para se levantar ou ficar em pé, são o comprimento da ulna e a envergadura dos braços. A medida da envergadura é uma alternativa a mais, embora apresente algumas dificuldades na execução de sua mensuração, podendo diminuir a acurácia do método (CARVALHO FILHO, 2005; CHAPMAN 1998 apud GARCIA et al, 2007). O comprimento da ulna é uma medida de diâmetro, tal qual a altura do joelho, mais utilizada nas estimativas de estatura da população infanto-juvenil com deficiências físicas (GAULD et al. 2004) Lima (2014) identificou 23 equações de predição para a estatura em idosos, as quais são mais frequentemente utilizadas em estudos nacionais e internacionais. Essas equações empregam diversas medidasantropométricas, como a altura do joelho, comprimento da ulna, envergadura, hemi envergadura e demi envergadura, como também características demográficas como idade, sexo. Um estudo de Mendonça e Nunes et al, (2002) verificaram diferenças significativas no peso e estatura estimados por equações de acordo com Chumlea, (1985), mesmo sendo uma população diferente da estudada nos dois estudos. Entretanto, a aplicabilidade dessas fórmulas em outras populações é controversa. Estudos que compararam a estatura estimada com a real têm mostrado que há uma superestimação em adultos e idosos de 5,23 e 4,74 centímetros respectivamente, independente do sexo. Outro estudo verificou que, para mulheres idosas brasileiras ocorreu superestimação de 23 estatura variando de 4,06 a 7,87 centímetros. Em consonância para adultos brasileiros segundo Monteiro et al, 2009, encontraram boa correlação entre a estatura aferida e a estimada com diferença média 0,5 cm. Embora existam muitas equações para estimativa da estatura, poucos estudos foram realizados para comparar o diagnóstico do IMC real e com estimativas de estatura em idosos. De acordo com quatro estudos (CAMPOS (2012), MELO et al, (2014), HENZ (2016), SILVA (2016) pesquisados com essa mesma perspectiva de utilização de estimativa de estatura para idosos, estes utilizaram poucas equações para avaliar a mudança da estatura real e estimada, e as que foram utilizadas foram somente Chumlea (1985) e (1988), Rabito (2008). 24 4. METODOLOGIA 4.1 ASPECTOS ÉTICOS Este trabalho está vinculado a dois projetos maiores intitulados “Perfil antropométrico e de consumo alimentar e dietético de idosos residentes em instituições de longa permanência no município de Natal-RN” e “Envelhecimento humano e saúde - a realidade dos idosos institucionalizados da cidade do Natal-RN”, desenvolvidos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O presente trabalho seguiu os padrões de ética estabelecidos para o estudo Envelhecimento humano e saúde - a realidade dos idosos institucionalizados da cidade do Natal/RN, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), CAAE 0290.0.051.000-11. 4.2 TIPO E POPULAÇÃO DE ESTUDO Trata-se de um estudo de acurácia e de concordância aninhado a um estudo coorte. Para este recorte, a população de estudo foi composta por idosos com idade a partir de 60 anos, sem restrição de mobilidade residentes em 10 ILPI de Natal/RN. Neste estudo foram incluídos os idosos que tinham todas as medidas antropométricas mensuradas em um único momento da coleta de dados do estudo longitudinal. O tamanho amostral final foi de 168 idosos. Os critérios de elegibilidade e maiores detalhes quanto à descrição da população que originou o estudo estão publicados em LIMA (2014) e OLIVEIRA (2016). 4.3 COLETA DE DADOS As coletas de dados ocorreram no período de outubro de 2013 a março de 2014. Maiores detalhes quanto aos procedimentos de coleta de dados primários, tais como capacitação dos antropometristas, técnicas antropométricas utilizadas e reprodutibilidade das medidas estão descritas em LIMA (2014) e OLIVEIRA (2016). As medidas antropométricas utilizadas neste estudo foram: • Peso real • Estatura corporal • Altura do joelho 25 • Hemi envergadura (HE) • Demi envergadura (DE) • Comprimento da ulna Todas as avaliações foram realizadas no plano sagital direito, salvo exceções (presença de úlceras de pressão, curativos, feridas ou imobilidade dos membros) que impossibilitaram a tomada da medida neste lado. O protocolo de mensuração das medidas antropométricas seguiu o proposto por cada autor das equações estudadas. 4.4 EQUAÇÕES PARA ESTIMAR A ESTATURA Em relação aos métodos de estimativa de estatura, decidiu-se analisar as 23 equações de predição desenvolvidas para população latino americana, por se assemelhar etnicamente, com a brasileira, e melhor se aproximaram dos valores reais para idosos, conforme LIMA (2014) (quadro 1). Para esta pesquisa, as equações utilizadas para estimativas de estatura foram propostas pelos seguintes autores: Chumlea et at. (1985); Chumlea; Guo (1992), Chumlea et al. (1998), Bermúdez; Tucker (1999); Palloni; Guend (2005), BAPEN, (2006); Kwok; Whitelow (1991); WHO (1999); Lera et al. (2005), Silveira; Silva (1994); Rabito et al. (2008). Quadro 1 – Métodos de estimativas de estatura analisados no presente estudo. Mulheres Homens Chumlea et al., 1985 Eq. 1 E (cm) = 84,88 (0,24 x ID) + (1,83 x AJ) E (cm) = 64,19 – (0,04 x ID) + (2,02 x AJ) Chumlea; Guo, 1992 (2 – brancos; 3 – negros) Eq. 2 E (cm) = 75 + (1,91 x AJ) - (0,17 x ID)b E (cm) = 59,01 + (2,08 x AJ) Eq. 3 E (cm) = 58,72 + (1,96 x AJ) E (cm) = 95,79 + (1,37 x AJ) Chumlea et al., 1998 (4 – brancos; 5 – negros; 6 – mexicanos) Eq. 4 E (cm) = 82,21 + (1,85 x AJ) - (0,21 x ID) E (cm) = 78,31 + (1,94 x AJ) - (0,14 x ID) Eq. 5 E (cm) = 89,58 + (1,61 x AJ) - (0,17 x ID) E (cm) = 79,69 + ((1,85 x AJ) - (0,14 x ID) Eq. 6 E (cm) = 84,25 + (1,82 x AJ) - (0,26 x ID) E (cm) = 82,77 + (1,83 x AJ) - (0,16 x ID) Bermúdez; Tucker, 1999 (7-8 – hispânicos; 9-10 – porto-riquenhos) Eq. 7 E (cm) = 59,29 + (1,92 x AJ) E (cm) = 70,28 + (1,81 x AJ) Eq. 8 E (cm) = 68,68 + (1,90 x AJ) - (0,123 x ID) E (cm) = 76,02 + (1,79 x AJ) - (0,07 x ID) Eq. 9 E (cm) = 55,98 + (1,99 x AJ) E (cm) = 53,42 + (2,13 x AJ) Eq. 10 E (cm) = 66,80 + (1,94 x AJ) - (0,123 x ID) E (cm) = 52,95 + (2,13 x AJ) - (0,006 x ID) 26 Palloni; Guend, 2005 Eq. 11 E (cm) = 94,0667 + (1,2110 x AJ) E (cm) = 98,1691 + (1,2948 x AJ) Eq. 12 E (cm) = 106,0251 + (1,1914 x AJ) - (0,1539 x ID) E (cm) = 105,9638 + (1,2867 x AJ) - (0,1030 x ID) BAPEN, 2006 Eq. 13 Comprimento da ulna (anexo 1) Eq. 14 Altura do joelho (anexo 2) Eq. 15 Hemi-envergadura do esterno à raiz da falange proximal (anexo 3) Kwok; Whitelow, 1991 Eq. 16 E (cm) = 2 x HE1 WHO, 1999 Eq. 17 E (cm) = (0,73 x (2 x HE1) + 0,43) Lera et al., 2005 (18 – brasileiros; 19 – chilenos; 20 – mexicanos) Eq. 18 E (cm) = (1,85 x AJ) - (0,11 x ID) + 69,87 E (cm) = (1,96 x AJ) - (0,08 x ID) + 67,2 Eq. 19 E (cm) = (1,78 x AJ) - (0,10 x ID) + 75,17 E (cm) = (2,09 x AJ) - (0,10 x ID) + 64,88 Eq. 20 E (cm) = (1,99 x AJ) - (0,06 x ID) + 63,88 E (cm) = (1,99 x AJ) - (0,06 x ID) + 63,88 Silveira et al., 1994 Eq. 21 E (cm) = 51,875 + (2,184*AJ) E (cm) = 72,803 + (1,830*AJ) Rabito et al., 2008 Eq. 22 E (cm) = 58,045 - (2,965 x SEXO) - (0,07309 x ID) + (0,5999 x Ulna) + (1,094 x HE1) Eq. 23 E (cm) = 63,525 - (3,237 x SEXO) - (0,06904 x ID) + (1,293 x HE1) E (cm): Estatura em centímetros; AJ: Altura do joelho em centímetros; ID: Idade em anos; HE: Hemi envergadura do esterno até a ponta do dedo médio. DE: Demi envergadura 4.4 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL O IMC foi calculado a partir da fórmula IMC= Peso (kg) Estatura (m²) , sendo utilizado o peso e estatura real; e o peso real e as estaturas estimadas pelas 23 equações. Dessa forma, obtiveram-se 24 diagnósticos de IMC. Utilizou-se apenas uma classificação do estado nutricional antropométrico, segundo os pontos de corte preconizados por LIPSCHITZ (1994) (quadro 2), que é o preconizado pelo Ministério da Saúde. Quadro 2. Classificação do Estado Nutricional antropométrico de idosos pelo Índice de Massa Corporal (IMC). IMC (kg/m²) Classificação < 22 Magreza 22 – 27 Eutrofia > 27 Excesso de peso Fonte: LIPSCHITZ, 1994. 27 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA O banco de dados foi constituído a partir de uma planilha no software Microsoft® Excel® 2016. Para a realização da análise estatística foi utilizado o software IBM® SPSS® 13.0 for Windows. Para demonstrar as prevalências foram consideradas as frequências absolutas, o percentual e seus respectivosintervalos de confiança de 95%. Para comparar a idade, as medidas antropométricas e o sexo foi utilizado o teste t-Student para amostras independentes. Utilizou-se Anova One-way para comparação das médias entre as faixas etárias e correção de Bonferroni. Para análise da acurácia, que mede a sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) construíram-se tabelas tipo 2x2 (Quadro 3). Para tanto comparou-se as prevalências de magreza e excesso de peso considerando o IMC real e os estimados, com o intuito de possibilitar os cálculos da S, E, VPN, VPP, acurácia e concordância, conforme Medronho, Perez (2009) (figura 1). Quadro 3. Possíveis resultados de um teste diagnóstico para identificar uma alteração. Prevalência do agravo (IMC real) Presente Ausente Total Prevalência do Agravo (IMC estimado) Presente a Verdadeiro-positivo b Falso-positivo a + b Ausente c Falso-negativo d Verdadeiro-negativo c + d Total a + c b + d a + b + c + d 28 Figura 1. Fórmulas utilizadas para análise da acurácia. As definições para cada interpretação quanto a sensibilidade, a especificidade, valor preditivo positivo e negativo são (MEDRONHO; PEREZ, 2009). • Sensibilidade: mede a proporção de verdadeiros positivos entre todos os doentes. Expressa a probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença quando de fato está presente, isto é, avalia a capacidade do teste detectar a doença/agravo. • Especificidade: é a proporção de verdadeiros negativos entre todos os sadios. Expressa a probabilidade de um teste dar negativo na ausência de doença, isto é, avalia a capacidade de o teste afastar a doença quando está ausente. • Valor Preditivo Positivo: é a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com teste positivo ter a doença. • Valor Preditivo Negativo é a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com o teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com teste negativo não ter a doença. A análise da acurácia foi realizada considerando a proporção de acertos dos IMC estimados comparado ao IMC real para os diagnósticos de magreza e excesso de peso, em relação a todos os resultados possíveis. Utilizou-se a fórmula 𝐴 = 𝑎+𝑑 𝑎+𝑏+𝑐+𝑑 . Considerou-se adequado o diagnóstico pelo IMC estimado os que apresentaram valores de acurácia e de sensibilidade acima de 90%. 29 Neste trabalho, a análise da sensibilidade foi preterida, considerando que representa a maior probabilidade do diagnóstico correto em relação ao IMC calculado com a estatura estimada na estimativa da prevalência de magreza e excesso de peso em idosos. Para análise da concordância, calculou-se inicialmente a Concordância Observada (Co) e a Concordância esperada (Ce), necessárias para o cálculo da estatística Kappa (MEDRONHO, PEREZ, 2009; COHEN, 1960). A concordância foi classificada de acordo com Landis e Koch (1977), conforme Quadro 4. A concordância foi considerada adequada quando os valores do Índice Kappa foram iguais ou superiores a 0,81. Quadro 4 – Classificação da concordância segundo Landis e Koch (1977). Valor Índice Kappa (K) Concordância 0 Pobre 0 a 0,20 Ligeira 0,21 a 0,40 Considerável 0,41 a 0,60 Moderada 0,61 a 0,80 Substancial 0,81 a 1 Excelente Para a avaliação da prevalência do estado nutricional antropométrico considerou-se ainda a comparação entre as estimativas da prevalência e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Quando a prevalência do IMC estimado se encontrava no intervalo do IC95% da prevalência do IMC real, considerou-se adequado, ou seja, não houve sub ou superestimava da prevalência do agravo nutricional. Para todos os resultados foram aceitos como estatisticamente significante p <0,05. 30 5. RESULTADOS 5.1. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ESTUDO O total de participantes avaliados neste estudo foi de 168, conforme os critérios estabelecidos, os quais cerca de dois terços dos idosos eram residentes em instituições sem fins lucrativos. Destaca-se a presença maciça de mulheres (76,8%) e a maior parte do grupo etário foi o de 80 anos ou mais (55,4%) (tabela 1). Tabela 1 – Frequência simples e percentual do tipo de ILPI, sexo e faixa de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade, Natal – RN, 2013-2014. Variáveis/Categorias N % IC 95%* ILPI Com fins lucrativos 58 34,5 27,37 – 42,24 Sem fins lucrativos 110 65,5 57,76 – 72,63 Sexo Masculino 39 23,2 17,06 – 30,34 Feminino 129 76,8 69,66 – 82,94 Faixa etária 60 – 69 23 13,7 8,88 – 19,83 70 – 79 52 31,0 24,06 – 38,53 80 - ou mais 93 55,4 47,50 – 63,02 *IC – Intervalo de confiança de 95%. A Tabela 2 apresenta características gerais da população estudada. Em relação ao sexo, a idade das mulheres foi em média cinco anos superior a dos homens (p < 0,05) e todas as medidas antropométricas foram diferentes, exceto IMC. Já em relação à faixa etária, apenas a estatura apresentou valores médios diferentes, com menores valores em idosos longevos (80 anos e mais). 31 Tabela 2 – Características demográficas e antropométricas de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade, Natal – RN, 2013-2014. Variáveis Masculino n = 39 Feminino n = 129 Idade 60 - 69 anos 70 – 79 anos 80 anos ou mais Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP) Média (DP) Idade (anos) Peso (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m²) Altura do joelho (cm) 76,03 (8,4) 65,07 (15,0) 159,41 (9,0) 25,42 (4,4) 50,25 (3,0) 81,09 (8,5) b 56,95 (13,5)a 147,62 (7,1)b 26,11 (5,9) 46,93 (2,3)b - 63,12 (14,7) 153,58 (8,1) 26,82 (6,5) 47,90 (3,1) - 61,32 (16,0) 152,36 (9,6) 26,37 (6,2) 48,13 (3,1) - 56,39 (12,6) 148,43 (8,5)c 25,50 (5,0) 47,70 (2,9) Comprimento da ulna (cm) Hemi-envergadura Demi-envergadura 26,73 (1,7) 81,65 (5,7) 73,78 (5,0) 24,93 (1,5)b 75,76 (4,8)b 68,75 (4,7)b 25,33 (1,9) 78,78 (4,8) 71,25 (4,4) 25,49 (1,8) 77,54 (5,9) 70,24 (5,5) 25,25 (1,6) 76,60 (5,5) 69,50 (5,2) * aTeste t-student significativo ao nível de 5% ; b Teste t-student significativo ao nível de 1% . ; C Teste ANOVA One-way significativo ao nível de 5% ; n: número de participantes avaliados 5.2. PREVALÊNCIA DO DIAGNÓSTICO DE MAGREZA E EXCESSO DE PESO Na tabela 3 estão demonstradas as prevalências do estado nutricional antropométrico considerando o IMC real e os estimados. Observou-se que as equações que apresentaram subestimação da prevalência de magreza foram as Eq. 13 e 21. Em relação à prevalência de excesso de peso, as equações que mostraram de acordo com os resultados para subestimação foram as equações 4,13,14,21. Apenas uma equação apresentou superestimação da prevalência de Excesso de peso (Eq. 22). 32 Tabela 3 – Prevalência do estado nutricional antropométrico de idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade. Prevalência do estado nutricional/ IMC estimado Magreza Eutrofia Excesso de peso n (%) IC 95% n (%) IC 95% n (%) IC 95% IMC real 43 (25,6) 19,2 - 32,9 60 (35,7) 28,5 - 43,5 65 (38,7) 31,3 - 46,5 IMC Eq. 1 50 (29,8) 23,0 – 37,3 76 (45,2) 37,6 – 53,1 42 (25,0) 18,7 – 32,3 IMC Eq. 2 52 (31,0) 24,1 – 38,5 74 (44,0) 36,4 – 51,9 42 (25,0) 18,7 – 32,3 IMC Eq. 3 51 (30,4) 23,5 – 37,9 75 (44,6) 37,0 – 52,5 42 (25,0) 18,7 – 32,3 IMC Eq. 4 53 (31,5) 24,6 – 39,2 76 (45,2) 37,6 – 53,1 39 (23,2) 17,1 – 30,3 IMC Eq. 5 51 (30,4) 23,5 – 37,9 73 (43,5) 35,8 – 51,3 44 (26,2) 19,7 – 33,5 IMC Eq. 6 42 (25,0) 18,7 – 32,3 66 (39,3) 31,9 – 47,1 60 (35,7) 28,5 – 43,5 IMC Eq. 7 46 (27,4) 20,8 – 34,8 67 (39,9) 32,4 – 47,7 55 (32,7) 25,7 – 40,4 IMC Eq. 8 40 (23,8) 17,6 – 31,0 64 (38,1) 30,7 – 45,9 64 (38,1) 30,7 – 45,9 IMC Eq. 944 (26,2) 19,7 – 33,5 66 (39,3) 31,9 – 47,1 58 (34,5) 27,4 – 42,2 IMC Eq. 10 38 (22,6) 16,5 – 29,7 62 (36,9) 29,6 – 44,7 68 (40,5) 33,0 – 48,3 IMC Eq. 11 51 (30,4) 23,5 – 37,9 71 (42,3) 34,7 – 50,1 46 (27,4) 20,8 – 34,8 IMC Eq. 12 47 (28,0) 21,3 – 35,4 68 (40,5) 33,0 – 48,3 53 (31,5) 24,6 – 39,2 IMC Eq. 13* 76 (47,2) 39,3 – 55,2 61 (37,9) 30,4 – 45,9 24 (14,9) 9,8 – 21,4 IMC Eq. 14* 53 (32.9) 25,7 – 40,7 71 (44,1) 36,3 – 52,1 37 (22,9) 17,7 – 30, 3 IMC Eq. 15** 37 (31,4) 23,1 – 40,5 38 (32,2) 23,9 – 40,5 43 (36,4) 27,8 – 45,8 IMC Eq. 16† 45 (29,8) 22,6 – 37,8 58 (38,4) 30,6 – 46,7 48 (31,8) 24,5 – 39,8 IMC Eq. 17† 44 (29,1) 22,0 – 37,1 65 (43,0) 35,0 – 51,3 42 (27,8) 20,8 -35,7 IMC Eq. 18 39 (23,2) 17,1 – 30,3 61 (36,3) 29,0 – 44,1 68 (40,5) 33,0 – 48,3 IMC Eq. 19 47 (28,0) 21,3 – 35,4 72 (42,9) 35,3 – 50,7 49 (29,2) 22,4 – 36,7 IMC Eq. 20 35 (20,8) 15,0 – 27,8 56 (33,3) 26,3 – 41,0 77 (45,8) 38,1 – 53,7 IMC Eq. 21 75 (44,6) 37,0 – 52,5 64 (38,1) 30,7 – 45,9 29 (17,3) 11,9 – 23,8 IMC Eq. 22†† 25 (16,7) 11,1 – 23,6 39 (26,0) 19,2 – 33,8 86 (57,3) 49,0 – 65,4 IMC Eq. 23† 38 (25,2) 18,5 – 32,9 59 (39,1) 31,2 – 47,3 54 (25,8) 28,1 – 43,9 * Dados ausentes para 7 idosos. ** Dados ausentes para 50 idosos. † Dados ausentes para 17 idosos. †† Dados ausentes para 18 idosos. 33 5.3. AVALIAÇÃO DE ACURÁCIA NO DIAGNÓSTICO DA MAGREZA E DO EXCESSO DE PESO Na tabela 4 estão apresentadas a avaliação de acurácia do IMC estimado em relação ao IMC real para o desfecho de magreza. Destaca-se que a maioria do IMC estimado para magreza obteve mais que 90% de probabilidade de acerto em relação aos todos os resultados possíveis. No entanto, alguns dos IMC estimados apresentaram maiores valores de sensibilidade e acurácia (IMC estimado Eq.1; Eq.2, Eq.3, Eq.4, Eq.5, Eq.11, Eq.12, Eq. 17, Eq. 19). Em relação à estatística Kappa, os IMC estimados que tiveram excelente concordância foram referentes as equações (Eq. 1 Eq. 6, Eq. 8, Eq. 9, Eq. 10, Eq. 12, Eq. 18, Eq. 19, Eq. 20). Para IMC estimado Eq.13 não foi possível calcular a acurácia devido a uma das categorias ter apresentado valor zero (dado não apresentado na tabela). As equações que coincidiram a sensibilidade, acurácia e a concordância foram às equações 1, 12, 19. Tabela 4 - Acurácia e concordância para o diagnóstico de magreza entre o IMC real e os estimados em idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade. Variáveis/ Categorias Magreza S (%) E (%) VPP (%) VPN (%) Acurácia Kappa Sim Não Magreza (IMC Eq.1) Sim 40 10 93 92 80 98 92,3 0,81 Não 3 115 Magreza (IMC Eq.2) Sim 40 12 93 90 77 97 91,0 0,78 Não 3 113 Magreza (IMC Eq.3) Sim 40 12 93 90 77 97 91,0 0,78 Não 3 113 Magreza (IMC Eq.4) Sim 41 12 95 90 77 98 91,6 0,80 Não 2 113 Magreza (IMC Eq.5) Sim 40 11 93 91 78 97 91,6 0,79 Não 3 114 Magreza (IMC Eq.6) Sim 37 5 86 96 88 95 93,5 0,83 Não 6 120 Magreza (IMC Eq.7) Sim 38 8 88 94 83 96 92,3 0,80 34 Não 5 117 Magreza (IMC Eq.8) Sim 37 3 86 97 93 95 94,6 0,86 Não 6 122 Magreza (IMC Eq.9) Sim 38 6 88 95 86 95 93,5 0,83 Não 5 119 Magreza (IMC Eq.10) Sim 37 1 86 99 ,97 95 95,8 0,89 Não 6 124 Magreza (IMC Eq.11) Sim 39 12 91 90 77 97 90,5 0,76 Não 4 113 Magreza (IMC Eq.12) Sim 39 8 90 94 83 97 92,9 0,82 Não 4 117 Magreza (IMC Eq. 14) Sim 39 14 93 88 74 72 89,4 0,75 Não 3 105 Magreza (IMC Eq.15) Sim 25 12 89 87 68 96 87,3 0,67 Não 3 78 Magreza (IMC Eq.16) Sim 33 13 89 87 72 96 88,7 0,72 Não 4 101 Magreza (IMC Eq.17) Sim 34 10 92 91 77 97 91,4 0,78 Não 3 104 Magreza (IMC Eq.18) Sim 36 3 84 98 92 95 92,3 0,84 Não 7 122 Magreza (IMC Eq.19) Sim 39 8 91 94 83 97 92,8 0,82 Não 4 117 Magreza (IMC Eq.20) Sim 34 1 79 99 97 93 94,0 0,83 Não 9 124 Magreza (IMC Eq.21) Sim 42 33 88 74 56 99 79,7 0,57 Não 1 92 Magreza (IMC Eq.22) Sim 24 1 65 99 96 90 90,6 0,718 Não 13 112 Magreza (IMC Eq.23) Sim 32 6 87 95 84 95 92,7 0,80 Não 5 108 S: Sensibilidade; E: Especificidade, VPP: valor Preditivo Positivo; VPN: Valor Preditivo Negativo. * Essas equações possuem valores ignorados. 35 Na tabela 4 estão apresentadas a avaliação de acurácia do IMC estimado em relação ao IMC real para o desfecho de excesso de peso. Não houve nenhuma equação que apresentasse acurácia e sensibilidade juntas acima de 90%, ou seja, que obedeceu aos critérios pré-estabelecidos. Entretanto, a equação 22 apresentou valor de sensibilidade (97%), respectivamente). Em relação à estatística Kappa, os IMC estimados não apresentaram nenhuma equação com excelente concordância. Para IMC estimados Eq.13 e Eq.21 não foi possível calcular a acurácia devido a uma das categorias ter apresentado valor zero (dado não apresentado na tabela). Tabela 4 - Acurácia e concordância para o diagnóstico de excesso de peso entre o IMC real e os estimados em idosos institucionalizados sem restrição de mobilidade. Variáveis/ Categorias Excesso de peso S (%) E (%) VPP (%) VPN (%) Acurácia Kappa Sim Não Excesso de peso (IMC Eq.1) Sim 39 3 60 97 93 79 82,7 0,61 Não 26 100 Excesso de peso (IMC Eq.2) Sim 38 4 59 96 90 79 81,5 0,58 Não 27 99 Excesso de peso (IMC Eq.3) Sim 38 4 59 96 90 79 81,5 0,58 Não 27 99 Excesso de peso (IMC Eq.4) Sim 36 3 55 97 92 77 83,3 0,57 Não 29 100 Excesso de peso (IMC Eq.5) Sim 40 3 55 97 92 77 83,3 0,57 Não 29 100 Excesso de peso (IMC Eq.6) Sim 49 11 75 89 82 85 80,9 0,66 Não 16 92 Excesso de peso (IMC Eq.7) Sim 47 8 72 92 86 84 84,5 0,66 Não 18 95 Excesso de peso (IMC Eq.8) Sim 53 11 82 89 83 88 86,3 0,71 Não 12 92 Excesso de peso (IMC Eq.9) Sim 49 9 75 91 85 85 85,1 0,68 Não 16 94 Excesso de peso (IMC Eq.10) Sim 55 13 85 87 81 90 86,3 0,71 Não 10 90 36 Excesso de peso (IMC Eq.11) Sim 40 6 62 94 87 80 81,5 0,59 Não Excesso de peso (IMC Eq.12) 25 97 Sim 44 9 68 91 83 82 82,1 0,61 Não 21 94 Excesso de peso (IMC Eq.14) Sim 35 2 56 98 95 78 82 0,59 Não 27 97 Excesso de peso (IMC Eq.15) Sim 39 4 81 94 91 88 89 0,77 Não 9 66 Excesso de peso (IMC Eq.16) Sim 43 6 72 93 88 83 85 0,67 Não 17 85 Excesso de peso (IMC Eq.17) Sim 39 3 65 97 93 81 84,1 0,65 Não 21 88 Excesso de peso (IMC Eq.18) Sim 55 13 85 87 81 90 86,3 0,71 Não 10 90 Excesso de peso (IMC Eq.19) Sim 43 6 66 94 88 82 83,3 0,63 Não 22 97 Excesso de peso (IMC Eq.20) Sim 61 16 85 87 81 90 86,3 0,71 Não 4 87 Excesso de peso (IMC Eq.22) Sim 58 28 97 69 67 97 80,0 0,61 Não 2 62 Excesso de peso (IMC Eq.23) Sim 47 7 78 93 87 87 86,8 0,72 Não 13 84 Sensibilidade; E: Especificidade, VPP: valor Preditivo Positivo; VPN: Valor Preditivo Negativo. * Essas equações possuem valores ignorados 37 6. DISCUSSÃO O efeito do processo de envelhecimento sobre a estatura de idosos é visivelmente observado pelos menores valores médios apresentados desta medida, conforme há a redução da faixa etária. Provavelmente, isto é devido aos problemas de curvatura que ocorrem com o envelhecimento, especialmente a cifose. Cervi (2005) salientou que a medida da estatura pode ter os valores subestimados nesta população, podendo levar a uma superestimação no cálculo do IMC. Dessa forma, uma alternativa que poderia ser aplicada seria corrigir a estatura, a partir da altura do joelho, antes de utilizá-la em índices nutricionais (CERVI, 2005). A idade média da população de idososavaliada foi maior em mulheres (81,09), proporção maior segundo Lebrão (2007) que relatou sendo um fenômeno que acompanha o envelhecimento da população é o processo de feminilização da velhice, as mulheres vivem mais que homens em quase toda parte do mundo. De acordo com as medidas antropométricas, as médias para o sexo masculino quanto à estatura foi maior em 12 centímetros, a altura do joelho 3 centímetros, já para o comprimento da ulna 2 centímetros, e para hemi envergadura 6 centímetros e demi envergadura 5 centímetros. O estado nutricional dos idosos e as diferenças entre os sexos em relação à antropometria e às variáveis referentes à capacidade física e/ou motora, demonstra que homens e mulheres apresentam diferenças significativas em relação aos compartimentos e dimensões corporais (LEBRÃO e DUARTE, 2003). Perissinotto et al., (2000) observaram que em idosos italianos a estatura obtida pela estimativa à partir da altura do joelho foi significantemente maior nos homens do que nas mulheres (p<0,005) contrastando com o que observamos em negros (MORENO, 2010). Como representado neste estudo, à altura do joelho em homens é 3,32 centímetros maior. De acordo com tipo de ILPI obteve-se dois terços de prevalência de instituições sem fins lucrativos, e prevalência de feminilidade no processo de envelhecimento. A maioria das instituições brasileiras (65,2%) é de natureza filantrópica. Apenas 6,6% são públicas, com predominância das municipais, o que corresponde a 218 instituições, número bem menor do que o de instituições religiosas aproximadamente 700. Nas ILPIs brasileiras residem cerca de 100 mil pessoas, das 38 quais 84 mil são idosas, o que representa menos de 1% da população idosa. As mulheres predominam entre os residentes (57,3%) (CAMARANO, KANSO, 2010). O estudo contribuiu para a escolha de equações de predição da estatura para o diagnóstico do estado nutricional antropométrico, utilizando o IMC, avaliando a acurácia, a concordância e a prevalência dos distúrbios nutricionais. Os resultados mostraram que dentre as estaturas estimadas de acordo com as 23 equações utilizadas, três foram capazes de se assemelhar ao diagnóstico de magreza utilizando a medida da estatura real. As melhores equações que apresentaram valores mais acurados, sensíveis e com concordância para identificar o diagnostico nutricional verdadeiro para magreza foram Eq. 1 (Chumlea et al, 1985), Eq. 12 (Palloni; Guend, 2005), Eq. 19 para chilenos (Lera, et al, 2005). Em contrapartida para o excesso de peso a única equação que apresentou alta sensibilidade foi a Eq. 22 (Rabito et al, 2008), porém apresentou superestimação da prevalência. As equações que subestimaram o diagnóstico para de magreza foram Eq. 13 (BAPEN, 2006), Eq. 21 (Silveira, et al, 1994), e as que subestimaram o excesso de peso foram Eq. 4 para brancos (Chumlea et al, 1998), Eq. 13 (BAPEN, 2006) [comprimento da ulna], Eq. 14 (BAPEN, 2006) [altura do joelho], Eq. 21 (Silveira, et al, 1994). Assim as melhores equações para diagnosticar magreza nesse estudo foram Eq. 1 (Chumlea, 1985), Eq, 12 (Palloni Guend, 2005), Eq. 19 (Lera et al, 2005), e nenhuma para excesso de peso, conforme os critérios estabelecidos. Estudo com 308 idosos institucionalizados em Pernambuco, comparou as medidas antropométricas da envergadura para avaliação do estado nutricional de idosos em relação ao IMC. Os autores observaram sensibilidade acima de 90% para o IMC, tendo a envergadura como preditora da estatura, no diagnóstico de magreza. No entanto não observaram o mesmo em relação ao diagnóstico de excesso de peso, em que verificou resultados semelhantes aos nossos achados (GARCIA; ROMANI; LIRA, 2007) A sensibilidade representa a capacidade do método em detectar o IMC real de acordo, comparado com o IMC com a equação de predição da estatura (MEDRONHO, PEREZ, 2009). Semelhante aos nossos achados para o diagnóstico de magreza, um estudo em Salvador (BA) foi realizado para comparar o estado antropométrico de 383 idosos negros a partir do IMC obtido pela estatura estimada, utilizando a altura do joelho, e a estatura convencional, o autor observou valores de Kappa elevados em ambos os sexos, indicando boa concordância com aquele obtido a partir de medidas 39 convencionais de peso e estatura. No entanto, este autor também observou boa concordância para o diagnóstico de excesso de peso, diferente de nossos achados (MORENO, 2010). Para o diagnóstico de magreza, neste estudo, a equação 1 de Chumlea, et al 1985, obteve maior acurácia e excelente concordância, identificada também em outro estudo, embora em população distinta (CAMPOS, 2012). Este autor avaliou pacientes com câncer, na faixa etária de idosos e observou tanto a equação de estimativa de estatura de Chumlea (1985) quanto Chumlea et al (1998) constituíam-se em alternativas viáveis quanto à impossibilidade de realização das medidas reais. No nosso estudo, a equação de Chumlea, et al (1998) subestimou o diagnóstico de magreza. Além dessa, as equações que subestimaram as prevalências de magreza foram: Eq. 13 (BAPEN, 2006) e Eq. 21 (SILVEIRA, et al 1994) (tabela 3). As equações que subestimaram as prevalências de excesso de peso foram: Eq. 4 (CHUMLEA, et al 1998), Eq. 13 (BAPEN, 2006) (comprimento da ulna), Eq. 14 (BAPEN, 2006) [altura do joelho], Eq. 21 (Silveira, et al 1994). Apenas uma equação superestimou a prevalência, utilizando-se a Eq. 22 (RABITO, 2008). Em consonância para o diagnóstico de excesso de peso, a equação de Rabito, et al, (2008), mesmo tendo apresentado alto valor de sensibilidade, apresentou valores de Kappa abaixo de 0,81, bem como baixa frequência absoluta (valores menores do que 5) na casela correspondente aos falsos negativos. Isso pode representar limitações no tocante a análise de acurácia e interferir na estimativa da prevalência de magreza. (tabela 4 e 5). A equação 22, de Rabito (2008), utiliza idade e medidas antropométricas como comprimento da ulna, hemi envergadura. Apesar de altos valores de acurácia apresentados ressalta-se que para algumas equações observaram-se valores de frequências absolutas menores que 5 para pelo menos uma categoria. Isto pode representar limitações na análise de acurácia considerando que a prevalência dos desfechos está relacionada à acurácia. De fato, foi observado superestimação da prevalência de magreza comparando-se o diagnóstico do IMC real com o IMC com a estatura estimada por esta equação (tabela 3). No presente estudo observou-se que as estimativas da prevalência foram modificadas dependendo da equação de predição da estatura utilizada. Este resultado é relevante uma vez que a prevalência pode ser sub ou superestimada, o que gera impactos nas intervenções coletivas. Além disso, pode alterar o diagnóstico clínico- nutricional individual. Dos estudos encontrados na literatura, apenas quatro foram 40 identificados abordando a comparação entre equações preditivas de estatura no diagnóstico de IMC (CAMPOS 2012, MELO et al, 2014, HENZ, 2016, SILVA, 2016). Nestes estudos, foram comparadas geralmente duas equações, as de Chumlea et al (1985), Chumlea et al (1988) e Rabito (2008). Destaca-se que no presente estudo foram comparadas 23 equações de predição da estatura, o que apresenta originalidade, e permitiu verificar amplamente a aplicabilidade dessas medidas alternativas em população de idosos institucionalizados. A saúde nutricional dos idosos tem sido uma grande preocupação com o processo de envelhecimento da população, uma vez que está intimamente relacionado com morbidade e mortalidade neste grupo etário. O IMC se comporta como um sinalizador deste risco. Barreto et al. (2003) demonstraram que, com o uso do IMC, a obesidade entre idosos era mais comum nas mulheres e a prevalência da mesma reduzia-se com a idade. Dados similares foram encontrados emoutros estudos com idosos no Brasil (CABRERA; JACOB FILHO, 2001; SANTOS, et al., 2005). Deve-se salientar que esses estudos utilizaram apenas a medida da estatura convencional para obtenção do IMC (MORENO, 2010) Algumas observações devem ser feitas em relação ao delineamento metodológico deste trabalho. Apesar das dificuldades em comparar os nossos resultados com os de outros estudos, devido à escassez de trabalhos avaliando diagnostico do IMC pela estatura estimada em idosos institucionalizados, as informações aqui contidas consistem em uma rica fonte de dados descritivos e exploratórios da situação nutricional desta população. Os dados apresentados foram obtidos sob metodologia rigorosa que incluiu valores de concordância excelente, acima de 90% de acurácia e sensibilidade, o que aponta para a relevância dos resultados. Dessa forma, o estudo foi de grande importância para estudos populacionais e programas em saúde utilizarem a melhor equação para estimativa da estatura entre tantas que são apresentadas para serem utilizadas. Devido a isso, evita-se erros ao avaliar um grupo de idosos para diagnosticar o IMC correto. 41 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS As equações que apresentaram valores mais acurados, sensíveis e com excelente concordância para identificar o diagnóstico nutricional para magreza em idosos institucionalizados foram Eq. 1 (Chumlea et al, 1985), Eq. 12 (Palloni; Guend, 2005), Eq. 19 para chilenos (Lera, et al, 2005). Em contrapartida para o excesso de peso a única equação que apresentou elevada sensibilidade foi a Eq. 22 (Rabito et al, 2008), porém apresentou superestimação da prevalência de excesso de peso. Neste sentido, esta equação pode ser utilizada com cautela, uma vez que neste estudo nenhuma equação de predição de estatura utilizada para o diagnóstico do IMC em relação ao excesso de peso foi recomendada conforme os critérios estabelecidos. Diante dos resultados, evidencia-se a necessidade de intervenções nutricionais nesse grupo, para detectar a mudança do estado nutricional antropométrico rotineiro. Sugerem-se mais estudos para diagnostico de IMC com equações de estimativa para avaliar os distúrbios nutricionais em idosos, como a Magreza e o Excesso de peso. Existe lacuna na literatura com estudos que avaliem a mudança do estado nutricional desse público com equações de estimativa de estatura, já que alguns idosos têm alguma impossibilidade para deambular ou conseguir ficar de pé. Por isso, é necessário a assistências em saúde, promoção e prevenção para esse grupo populacional, onde muitas vezes é esquecido pelas políticas públicas de saúde. REFERÊNCIAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 283, de 26 de setembro de 2005. ACUÑA, Kátia; CRUZ, Thomaz. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arq bras endocrinol metab, v. 48, n. 3, p. 345- 61, 2004. ALBERTINI, Silvia. Sarcopenia e estado nutricional de idosos: uma revisão da literatura. 2015. BARBOSA, A. R. et al. 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