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Educação Inclusiva no Brasil


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FACULDADE ISEAT/IPEMIG
MARCUS ROBERTO PEREIRA
O PROFESSOR E A EDUCAÇAO INCLUSIVA NO BRASIL.
BELO HORIZONTE – MG
2019
FACULDADE ISEAT/IPEMIG
MARCUS ROBERTO PEREIRA
O PROFESSOR E A EDUCAÇAO INCLUSIVA NO BRASIL.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade Nova Ateneu/IPEMIG como pré-requisito para obtenção do título de especialista em: EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA.
BELO HORIZONTE – MG
2019
RESUMO 
Este trabalho tem como tema “O professor e a educação Inclusiva no Brasil”. A Educação Especial no Brasil durante muitos anos passou por um longo processo de transformação histórica e política e de forma lenta veio se evoluindo à medida que os interessados reivindicaram seus direitos através de incansáveis “lutas”, garantindo um olhar humanitário sem distinção. Mais do que garantir a presença de alunos na escola, é esperado que os mesmos possam se desenvolver de acordo com suas capacidades e tempo. Para isso devem ser empregados recursos tanto material como profissional adequados. Esse presente trabalho se caracteriza, como uma pesquisa bibliográfica, que tem como objetivo identificar o caminho percorrido pela educação especial e formação profissional ao logo da história; identificar os conceitos de inclusão e integração; analisar a construção do currículo de formação docente da educação básica em relação à educação especial; analisar o papel do educador frente ao processo de inclusão; analisar os resultados do trabalho docente ao longo dos anos frente ao aluno especial. Justifica-se o presente estudo por entender que a educação especial não é algo “à parte”, mas sim parte de um todo que integra uma realidade de diversidade e unidade, assumindo, a cada ano, importância maior, dentro da perspectiva de atender as crescentes exigências de uma sociedade em processo de renovação e de busca incessante da democracia, uma sociedade humana que deseja igualdade de acesso à informação, ao conhecimento e aos meios necessários para a formação de sua plena cidadania.
Palavras-chave: Inclusão Social, Formação docente, Necessidades Especiais, Políticas Públicas Educacionais.
 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................5
CAPITULO 1 - A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL ...........6
CAPITULO 2 - O ITINERÁRIO LEGISLATIVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL…8
CAPITULO 3 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS DO EDUCADOR.........11
CONCLUSÃO ..........................................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................19
Introdução
	Com o presente artigo, pretende-se compreender o processo de formação do professor frente aos desafios de uma escola e sociedade inclusiva, bem como também a compreensão da evolução do sistema educacional para o perfeito atendimento ao portador de necessidades especiais.
	Assim como a sociedade sofreu importantes transformações ao longo dos anos em sua história e política, também a educação especial no Brasil passou por um processo de evolução. Muitas conquistas foram alcançadas, porém a discriminação e preconceitos lamentavelmente marcaram presença na vida de muitas pessoas na história da Educação Especial Brasileira. Conhecer um pouco dessa história se faz necessário para compreendermos como e quando surgiu a necessidade do preparo profissional para lidar com os desafios que se tornaram constantes ao longo dos tempos.
	Em função disso, o estudo tem por objetivos identificar os avanços em relação à educação das crianças com necessidades especiais no Brasil; verificar a composição das Leis e decretos relacionados à educação especial no Brasil; discutir sobre a necessidade de formação à Educação Especial e Inclusiva a todos os professores atuantes na educação básica; Estudar a evolução do currículo de formação de professores da Educação Básica.
	A sociedade é diversa em se tratando da composição de seus membros. A escola é parte da sociedade com sua representatividade pessoal, sendo assim tanto a sociedade como as escolas devem ser ambientes de inclusão, respeito e amor a todas as pessoas independentemente do estado físico e/ou psicológico em que se encontra.
CAPITULO 1 – A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
Pessoas com algum tipo de “deficiência viveram por muitos anos a margem da sociedade sendo rejeitadas muitas vezes por seus próprios familiares, quase sempre viviam escondidas, trancadas em suas casas sem nenhum tipo de ajuda da sociedade sofrendo o preconceito e discriminação, mas a partir do século XIX, no Brasil, a história começa a mudar com a organização de grupos de pessoas que atendiam pessoas que apresentavam deficiências como a cegueira e a surdez, mas o atendimento educacional a essas pessoas somente veio a ser iniciado em meados do século XX .
Em 1854 com a participação de Dom Pedro II foi fundado o Imperial Instituto de Meninos cegos, atual Instituto Benjamin Constant, na cidade do Rio de janeiro. Em 1957 foi criado o Imperial Instituto dos Surdos Mudos, que logo depois foi denominado Instituto Nacional de Surdos (INES) que atendia meninos surdos que possuíam entre sete e quatorze anos de idade, já se vê ai certa preocupação por parte de grupos humanitários que começam ações com um olhar diferencial para a pessoa portadora de deficiências. Em 1883, ocorreu o 1º Congresso de Instrução Pública que colocava em questão o currículo e a formação de professores para cegos e surdos, sendo a primeira ação que busca especificamente a capacitação do profissional para trabalhar junto ao portador de deficiências. A partir de 1900 já havia sinais de que a sociedade já demonstrava interesse em relação às pessoas que apresentavam necessidades educacionais específicas e, tal fato desencadeou o crescimento do número de trabalhos científicos e técnicos, assim como a realização de congressos e a criação de estabelecimentos de ensino tanto públicos como privados direcionados a esse público. Diante desse cenário se comprova que ao contrário do que muitos pensam a luta pelo desenvolvimento e evolução da Educação Especial no Brasil não é tão recente. Percebe-se que há algum tempo já se desenvolviam serviços que atendiam ás pessoas com deficiência. No entanto, a preocupação efetiva referente ao setor educacional só foi ocorrer anos mais tarde. Entre 1957 e 1993 várias iniciativas demonstravam que o governo federal já se mobilizava e que havia interesses e cobranças por parte da sociedade e organizações, que desencadearam os primeiros decretos que amparavam o portador de deficiência, foram criadas campanhas com esse objetivo, sendo que a primeira campanha estava voltada para a Educação do Surdo Brasileiro de acordo com o Decreto Federal nº. 42.728, de 03 de dezembro de 1957, tendo sido instalada no INES. Anos depois, José Espíndola Veiga criou a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficientes da Visão, que foi atrelada ao instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro, seis anos mais tarde, também no Rio de Janeiro apoiada pelo Ministro da Educação e Cultura da época, Pedro Paulo Penido, foi fundada a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais onde era promovido nacionalmente um trabalho efetivo voltado para a educação, o treinamento, a reabilitação e a assistência educacional às crianças com deficiência mental. Um avanço importante na legislação específica aconteceu em 1971, com a aprovação da lei de nº. 5.692 que previa em seu artigo 9º um tratamento especial aos “excepcionais” e, a partir daí, várias ações foram desenvolvidas com o intuito de implantar as novas diretrizes e fases para o ensino fundamental e médio. Dois anos mais tarde, foi criado o Centro Nacional de Educação Especial - CENESP, que tinha como objetivo promover a expansão e a melhoria do atendimento aos alunos com necessidades educacionais específicas, extinguindo a Campanha Nacional de Educação de Cegos e a Campanha Nacional deEducação e Reabilitação de Deficientes Mentais. Em 1986, este centro é transformado na Secretaria de Educação Especial - SESP, mas mantém a mesma estrutura e competência do CENESP, porém sua localização é transferida do Rio de Janeiro para Brasília. Em 15 de março de 1990, a SESP é extinta e as atribuições da Educação Especial passam a ser da Secretaria Nacional de Educação Básica – SENEB, passando o IBC e o INES a serem vinculados a esse novo órgão. Em 1996 a LDB concretiza a obrigatoriedade da inclusão nas escolas do Brasil, temos aí o início de uma nova etapa onde se inicia um processo de democratização do ensino especial no Brasil, mas que vem com um grande desafio que é o de estar preparado para dar atendimento de qualidade a todos os alunos.
CAPÍTULO 2 – O ITINERÁRIO LEGISLATIVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL.
Além dos Decretos e Leis mencionados no capítulo anterior não podia ser deixado de relacionar as demais legislações de caráter fundamental que alavancou um novo capítulo na história da Educação Especial.
 A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) traz a fundamentação da Educação Especial, que vem amparada no Capítulo II – Da União em seu Art.23 que afirma que “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] II. cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; Capítulo III – da educação, da cultura e do desporto - Seção I – Da educação: Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. [...] Art.208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] III. atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Em 1990 a Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente –ECA no artigo 55 , reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Também nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva. Como vem sendo relacionado até aqui o Brasil, desde 1961, garante educação de alunos deficientes na rede comum de ensino e, em 1996, reforçado pela Declaração de Salamanca (1994) também resguarda atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades educacionais específicas, preferencialmente na rede regular de ensino. Em 2001 foi aprovado o documento de Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, que atentava para a constituição de escolas inclusivas públicas indicando que a educação especial deve ocorrer tanto nas escolas públicas como nas privadas da rede regular de ensino. Assim podemos perceber que o Brasil está no aspecto geral compromissado com as condições de qualidades de ensino das pessoas deficientes, porém em outros momentos o que prevalece é o aspecto quantitativo, ou seja, de resultados, pois as ações são realizadas com o intuito de justificar os compromissos assumidos no âmbito internacional, como por exemplo, com a Declaração de Salamanca firmada com a Organização das Nações Unidas - ONU, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO e o Banco Mundial. A finalidade desse documento é garantir legalmente que os alunos com necessidades educacionais específicas sejam incluídos em toda a Educação Básica, sendo necessário que as instituições educativas se estruturem tanto no que diz respeito à infraestrutura física, quanto curricular, isto é as escolas devem se preparar para receber ampla variedade de alunos. Também é essencial destacar que, em 2003, o Ministério da Educação deu origem ao “Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade”, que tem como prioridade transformar as unidades educativas em unidades inclusivas promovendo a formação de gestores e educadores nas cidades do Brasil. As escolas regulares com orientação para educação inclusiva são o meio mais eficaz no combate às atitudes discriminatórias, propiciando condições para o desenvolvimento de comunidades integradas, base da construção da sociedade inclusiva e obtenção de uma real educação para todos (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 09 apud STOBÄUS; MOSQUERA, 2003, P.21)
Em 2005 são organizados centros de referências para os alunos com altas habilidades e superdotação. Esses centros passam a ser implantados em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal como o objetivo de orientar famílias e promover a formação continuada para garantir o acesso e a permanência desses alunos na rede pública de ensino. Também nessa década, documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994) passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva. Já em 2007 é lançado o Plano de Desenvolvimento Educacional (PDE) que busca por meio de eixos superar a dicotomia entre educação especial e educação regular.
O Decreto n°7084/2010, ao dispor sobre os programas nacionais de materiais didáticos, estabelece no artigo 28, que o Ministério da Educação adotará mecanismos para promoção da acessibilidade nos programas de material didático destinado aos estudantes da educação especial e professores das escolas de educação básica públicas. A fim de promover políticas públicas de inclusão social das pessoas com deficiência, dentre as quais, aquelas que efetivam um sistema educacional inclusivo, nos termos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, instituiu-se, por meio do Decreto n°7612/2011, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência –Viver sem Limite. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do espectro Autista é criada pela Lei nº 12.764/2012. Além de consolidar um conjunto de direitos, esta lei em seu artigo 7º, veda a recusa de matrícula à pessoas com qualquer tipo de deficiência e estabelece punição para o gestor escolar ou autoridade competente que pratique esse ato discriminatório. Ancorada nas deliberações da Conferência Nacional de Educação –CONAE/ 2010, a Lei nº 13.005/2014, que institui o Plano Nacional de Educação –PNE, no inciso III, parágrafo 1º, do artigo 8º, determina que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios garantam o atendimento as necessidades específicas na educação especial, assegurado o sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades. Com base neste pressuposto, a meta 4 e respectivas estratégias objetivam universalizar, para as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, na faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado. O AEE é ofertado preferencialmente na rede regular de ensino, podendo ser realizado por meio de convênios com instituições especializadas, sem prejuízo do sistema educacional inclusivo.
CAPITULO 3 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESAFIOS DO EDUCADOR
MITTLER (2003) vem nos dizer que a inclusão não diz respeito a colocar as crianças nas escolas regulares, mas a mudar as escolas para torná-las mais responsivas às necessidades de todas as crianças; diz respeito a ajudar todos os professores a aceitarem a responsabilidade quanto à aprendizagem de todas as crianças nas suas escolas e prepará-los para ensinar aquelas que estão atualmente excluídas por qualquer razão.
A Educação Inclusiva exige um novo olhar, uma nova escola e, sobretudo um educador preparado que saiba olhar para as competências dos alunos e não apenas para suas limitações, um educador que entende que cada aluno é único e tem o seu tempo para o desenvolvimento e aprendizagem. Para isso é mister que haja uma formação inicial e continuada conectados coma realidade de seus alunos na sua diversidade.
Como relatado nos capítulos anteriores o sistema educacional brasileiro passou por grandes e importantes mudanças nos últimos anos e tem conseguido cada vez mais respeitar a diversidade, garantindo a convivência e a aprendizagem. Para isso o sistema conta com as redes de apoio existentes que são compostas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família, tornando-se um sistema de suporte permanente e efetivo para os alunos especiais incluídos, bem como para seus professores, pois a Educação Especial não é mais vista como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de recursos que a escola regular deverá dispor para atender à diversidade de seus alunos.
Não diferente da escola tradicional, o papel do educador sempre foi intervir nas atividades que o aluno ainda não tem autonomia para realizar proporcionando meios para que ele venha a se desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. 
Dado à diversidade da turma e que cada estudante tem sua característica e necessidades próprias, alguns estudantes poderão requerer apoio e recursos diferenciados, tornando o processo mais lento. Com essa compreensão o educador precisa respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem e utilizar dos meios existentes para compensar ou suprir a deficiência do aluno especial, pois os conteúdos escolares são objetos da aprendizagem e aos alunos cabe atribuir significados e construir conhecimentos e o professor assume a função de mediar esse processo proporcionando meios para que se possa efetivar. É com essa dinâmica que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos levando-se em conta os diferentes estilos, ritmos e interesses de aprendizagem de cada um.
Na formação profissional foi oferecida ao professor conhecimentos em algumas áreas que são fundamentais para o dia a dia de seu trabalho podendo ser citados como exemplo a estatística, a psicologia, a sociologia, a didática e outras. Esses conhecimentos são de fundamental importância para o desenvolvimento do trabalho do educador, pois o trabalho com a mediação da aprendizagem exige um estudo permanente que se renova a cada dia com a realidade que se depara na sala de aula das escolas brasileira. Todo esse processo faz do professor um pesquisador que pressupõem um planejamento que aborde além do conteúdo a ser levado para sala de aula, as ferramentas necessárias para a mediação do processo levando em conta a realidade de cada aluno e suas necessidades. 
O planejamento exige flexibilidade na abordagem do conteúdo, na promoção de múltiplas formas de participação nas atividades educacionais e na recepção dos diversos modos de expressão dos alunos.
O professor consciente da importância de adequar seu planejamento de acordo com as necessidades dos alunos, pode se sentir despreparado para identificar suas necessidades e avaliá-los. Por isso, deverá buscar novos conhecimentos e melhorar sua formação, aprendendo novas formas de pensar e agir para atender as demandas exigidas em sua atuação profissional, entendendo que hoje seu universo de trabalho é bem distinto das décadas anteriores.
Para conhecer seus alunos, suas competências, suas necessidades educacionais específicas e possíveis formas de aprendizagem, o professor precisa de tempo. Reconhecer que cada aluno pertencente ao grupo dependerá da comunicação e da interação eficaz entre professor-aluno, aluno-aluno, assim como da observação constante durante todo o processo de aprendizagem. Lembrando que a comunicação se faz essencial para a mesma.
Durante muito tempo aprendemos que era preciso identificar o que os alunos não sabiam e quais eram as limitações. Quando conhecemos as características de determinadas deficiências reconhecemos suas restrições. Sabemos, por exemplo, que o aluno com deficiência visual não acessará as aulas pela visão, pois sua condição restritiva é sensorial. Muitas vezes, identificar as limitações pode ter um efeito paralisante. Por outro lado, se identificamos as competências, encontramos alternativas de ensino e condições favoráveis à participação nas aulas e à aprendizagem.
Não podemos deixar de mencionar que a disposição do professor diante da classe influencia diretamente a motivação e o comportamento dos alunos. Para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, é necessário que o professor demonstre que está disponível e tenha atitude positiva para criar uma atmosfera acolhedora na classe. Porém, é preciso lembrar que esse novo desafio não deve ser encarado somente pelo professor. Ele deve pertencer a uma rede de apoio e sentir-se ajudado por toda a equipe de gestores e profissionais da educação especial.
Agora outro ponto crucial neste processo é a formação continuada do professor que possibilita a ele a atualização e a transformação de sua prática profissional. O acesso ao conhecimento e o exercício da reflexão permitem a “ressignificação” dos princípios e a possibilidade de mudar os paradigmas já 
Formação continuada deve considerar a prática e as experiências do professor. Educar na diversidade exige um direcionamento para o estudo de práticas pedagógicas que valorizem as diferenças e a diversidade nas salas de aula. Devem ser considerados dois importantes eixos na formação e atualização dos profissionais: o primeiro refere-se ao conteúdo e o segundo, à forma de desenvolvê-lo.
O programa curricular dos cursos de formação de professores prioriza o estudo das deficiências quanto às suas caracterizações e condições específicas. Esse programa mantém o modelo conhecido da Educação especial, que sobrepõe a formação do especialista à formação do professor comum.
Nessa configuração, os conteúdos parecem apontar para a falta de temas pragmáticos no processo de ensino e aprendizagem; a ausência da articulação entre educação especial, rede de apoio e o ensino comum, e a carência das dimensões da perspectiva inclusiva. São visíveis no currículo as falhas de conteúdo relacionadas aos serviços de apoio inseridos na escola, à integração com a família, ao papel dos gestores, à gestão da sala de aula, etc.
Quanto à metodologia, vários estudos afirmam que os processos de análise e reflexão da própria ação são um importante instrumento para a transformação da prática do professor. Há necessidade de as informações, nos cursos iniciais, serem atualizadas e inter-relacionadas com o cotidiano escolar.
Pesquisas apontam que as lacunas presentes nos cursos de formação podem deixar a prática dos professores desconectada da realidade dos alunos. Vale destacar que a metodologia dos programas de atualização deve considerar a prática, as experiências e o saber fazer do professor. Quer dizer, é preciso considerá-lo protagonista no contexto em que atua. Uma boa alternativa para a atualização profissional é a implementação de espaços de discussão em que se valorize a observação, análise e reflexão crítica sobre a própria prática, com a participação de toda a equipe na própria unidade escolar.
Os profissionais da educação especial e dos serviços de apoio podem complementar essa formação, participando de reuniões ou proferindo encontros e cursos na própria unidade. Os gestores poderão exercer o papel de mediadores, ao articular o conhecimento dos profissionais da educação especial com as necessidades e experiências dos professores da sala regular. Professores que têm a oportunidade de participar de cursos, também podem atuar como multiplicadores de conhecimento para a equipe.
Quando o conceito de inclusão escolar é efetivamente compreendido, dificuldades vivenciadas na prática são solucionadas. Muitas vezes, valores pré-concebidos pelas pessoas, informações incorretas, até mesmo a falta de informação e de conhecimento constituem os maiores obstáculos à prática inclusiva.
Não há dúvidas que o educador deu passos significativos no processo de transformaçãoque a escola vivencia nos últimos dez anos. O professor não pode mais ser responsabilizado pelo discurso da resistência ou da negação. A educação inclusiva já é realidade no ensino regular e isso se deve aos esforços dos educadores.
Estamos vivendo um momento de ajustar as necessidades dos profissionais da educação às necessidades dos alunos. Para isso, direcionemos agora os nossos esforços na atuação dos gestores, no aproveitamento dos recursos, na reorganização dos sistemas de ensino para que seja possível guiar o professor, como propulsor que é; apoiá-lo a não esperar esquemas pré-definidos; acompanhá-lo na construção dos saberes - para que possa, com autonomia, efetivar a sala de aula inclusiva e tornar-se sujeito da aprendizagem e de sua atuação profissional.
O repensar sobre a formação docente ganhou nova perspectiva em 2009 (BRASIL, 2009) com a aprovação do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR), proposto para atender à exigência legal da formação mínima necessária para todos os professores. Tal plano, que articula as instituições públicas de ensino superior e as secretarias estaduais e municipais de educação, busca concretizar as ações do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (PDE), objetivando que todos os docentes atuantes na educação básica tenham acesso a um curso de nível superior. De acordo com o PARFOR, o docente que ainda não possua a formação inicial mínima exigida poderá graduar-se na primeira licenciatura, na segunda licenciatura (neste caso para aqueles que atuem fora da sua área de formação), ou ainda poderá obter formação pedagógica (neste caso para aqueles com formação em bacharelado, mas sem licenciatura), na modalidade presencial ou à distância. Para os docentes que já possuam a formação exigida são oferecidos cursos à distância de aperfeiçoamento e especialização em diversas áreas, entre os quais o curso na área de educação especial, pensado prioritariamente para professores que atuem em salas de recursos multifuncionais (MEC, 2012). Apesar desta iniciativa emergencial, que se propôs a sanar a ausência da formação pedagógica que atinge cerca de 30% dos professores brasileiros, alguns problemas já puderam ser rapidamente observados. Além do diálogo por vezes insuficiente entre as esferas federal, estadual e municipal do poder, a pouca observância da possibilidade de aplicação prática dos conteúdos desenvolvidos nos cursos é apontada como ponto negativo. Destaca-se ainda que a baixa remuneração oferecida aos professores torna a carreira docente pouco atrativa no Brasil e faz com que pessoas muitas vezes mal preparadas atuem no segmento. Dessa forma, ainda persiste o desafio do governo de oferecer melhor capacitação aos docentes atuantes na educação básica.
No entanto, cabe ressaltar que a formação dos futuros professores, e não apenas daqueles já atuantes, também deve ser discutida. Voltando-se especificamente à educação especial, observa-se a necessidade que sejam estabelecidas diretrizes claras nos cursos de pedagogia e licenciaturas sobre os conteúdos mínimos a serem oferecidos, de modo que sejam formados professores com habilidades para lidar com a inclusão da diversidade na sala de aula. Além da inserção de disciplinas que abordem as questões da educação especial, uma alternativa interessante para enfatizar o vínculo com a atividade prática seria que algumas disciplinas dos cursos, que tradicionalmente tratam apenas dos alunos ditos "normais", também incluíssem no seu corpo de conteúdos aspectos relacionados aos alunos com necessidades educacionais especiais.
A primeira iniciativa no sentido de inclusão de conteúdos veio em 1994, por meio do da Portaria 1793 do Ministério da Educação (BRASIL, 1994), que recomendava que os cursos de Pedagogia e todas as licenciaturas inserissem nas suas grades ao menos uma disciplina que abordasse a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Talvez por se tratar apenas de uma recomendação, entretanto, o fato é que muitos cursos não incluíram a referida disciplina, mostrando que a Portaria isoladamente seria insuficiente para garantir tal mudança.
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores na Educação Básica (CNE, 2002) é destacado que as instituições de ensino superior devem formar professores aptos a lidar com as questões da diversidade na escola. Mais especificamente no sexto artigo, as Diretrizes deixam clara a importância de conteúdos que contemplem os alunos com necessidades educacionais especiais. No entanto, apesar de serem feitas recomendações relevantes, novamente não são colocadas orientações claras sobre a obrigatoriedade da inserção de conteúdos. Ainda em 2002, com a promulgação da lei 10.436 (BRASIL, 2002), tornou-se obrigatória a inclusão nos cursos de formação de professores uma disciplina que abordasse o ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Tal inserção, embora tenha representado certo avanço, ainda mostra-se insuficiente, pois, embora os egressos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas tenham noções básicas sobre LIBRAS, isso não garante que possuam conhecimento suficiente para efetivamente incluir o aluno surdo.
Analisando-se as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia e para as diversas licenciaturas (CNE, 2002; VITALIANO; DALL'ACQUA, 2012), novamente é possível evidenciar a falta de especificidade no que se refere aos conteúdos exigidos referentes à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. De fato, chama a atenção, especialmente nos cursos de licenciatura, como praticamente nada é mencionado sobre a educação especial. Um curso que se destaca é a licenciatura em Educação Física, que pontua em suas diretrizes a necessidade da formação de um professor com conhecimentos sobre as especificidades de pessoas com deficiência. Nas demais, nada é mencionado pontualmente sobre a preparação do profissional para atuar com alunos com necessidades educacionais especiais. Para o curso de Pedagogia, embora fosse plausível esperar direcionamentos mais detalhados no sentido do ensino inclusivo, comenta-se apenas de maneira ampla a importância de se formar professores com conhecimentos sobre alunos com necessidades educacionais especiais, porém sem fazer menção específica sobre os direcionamentos para que essa meta seja atingida.
 CONCLUSÃO
Conclui-se com o presente trabalho que o desafio é permanente, que a evolução e plenificação exige um trabalho de responsabilidade que atinge uma rede de profissionais que não podem medir esforços em se aperfeiçoar e buscar práticas acopladas a tecnologia, que se torna uma ferramenta que ajuda diminuir a distância entre o educando especial e sua participação na construção da sociedade, acreditando que é possível apesar de suas limitações. A luta pelos direitos como vimos encabeça um currículo de muitas décadas e que a cada ano assume novas proporções e ganha força na mídia, o olhar humanitário deve superar as dificuldades e as conquistas não podem parar, pois a cada ano aumenta gradativamente a clientela de alunos com essa características exigindo uma formação profissional cada vez mais direcionada. As instituições de ensino superior que formam profissionais da educação devem cada vez mais estar voltada para o trabalho científico que venha oferecer um suporte aos educadores em geral para que possam trabalhar com tranquilidade. Os educadores devem procurar uma atualização constante de sua prática pedagógica, para isso deve buscar um preparo eficiente e um estudo perene. E cabe a sociedade valorizar o ser humano em todas as suas dimensões garantindo a integração, o amor e o respeito à pessoa portadora de necessidades especiais, pois a luta é de todos.
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