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Nome: Rafaella Luara Oliveira Bernal Matrícula: 201602003653 Estágio: 3 PRÁTICA SIMULADA III (PENAL) – CCJ0047 Caso Concreto 2 Descrição Pedro, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das redes sociais existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus amigos, parentes e colegas de trabalho. Além disso, também utiliza constantemente as ferramentas da Internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no mundo contemporâneo. No dia 19/04/2016, sábado, Pedro comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma reunião à noite com parentes e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por meio da rede social, publicando postagem alusiva à comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus contatos. Helena, vizinha e ex-namorada de Pedro, que também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da comemoração. Então, de seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de Icaraí, em Niterói, publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Pedro. Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte comentário: não sei o motivo da comemoração, já que Pedro não passa de um idiota, bêbado, porco, irresponsável e sem vergonha e, com o propósito de prejudicar Pedro perante seus colegas de trabalho e denegrir sua reputação acrescentou, ainda, ele trabalha todo dia embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo! Imediatamente, Pedro, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de Helena em seu perfil pessoal. Pedro, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Marcos, Miguel e Manuel, que estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Pedro tentou disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser realizada. No dia seguinte, Pedro procurou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia ser visualizada. Passados quatro meses da data dos fatos, Pedro procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você, na qualidade de advogado de Pedro, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. Indique também o último dia para oferecimento da peça cabível. CASO CONCRETO 2 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI / RJ Processo n° Ref.: Inquérito Policial n° PEDRO, nacionalidade, estado civil, engenheiro, RG, CPF, residente e domiciliado na Rua, número, bairro, Niterói, Rio de Janeiro, CEP, e-mail, por intermédio de seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, procuração anexa nos termos do artigo 44 CPP, oferecer QUEIXA CRIME, com fundamento nos artigos 30 e 41 CPP, e 100, parágrafo 2º CP, em face de HELENA, nacionalidade na rua, número, bairro na praia de Icaraí, Niterói, Rio de Janeiro, CEP, e-mail, pelos motivos que a seguir passa a expor: DOS FATOS O querelante que possui perfil em uma das redes sociais existentes na internet, na manhã do seu aniversário, dia 19/04/2016, a utilizou como ferramenta para divulgar que faria uma comemoração para festejar a data em uma famosa churrascaria. Na mesma data de divulgação da comemoração do querelante, a querelada publicou na rede social, no perfil pessoal do querelante, diversas ofensas a seguir descritas: “Não sei o motivo da comemoração, já que Pedro não passa de um idiota, bêbado, porco, irresponsável e sem vergonha!” “Ele trabalha todo dia embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar ambulância para socorrê-lo” O querelado tomou ciência das ofensas no mesmo dia, na presença de seus amigos Marcos, Miguel e Manuel. DO DIREITO Portanto, Excelência, é inegável que a querelada, Helena, praticou os crimes de injúria, artigo 140 CP, e difamação, artigo 139 CP, em concurso formal imperfeito, artigo 70, segunda parte CP. O Querelante foi chamado de “idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha” em sua página pessoal em uma rede social, estado evidente a intenção da querelada em injuriá-lo. Ademais, a querelada imputou fato ofensivo à honra do querelante, ao afirmar “ele trabalha todo dia embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar ambulância para socorrê-lo”. Por fim, é importante ressaltar que os crimes ocorreram por meio de rede social, na internet, meio que facilita a divulgação da injúria e da difamação, sendo necessária a incidência da causa de aumento de pena de 1/3 do artigo 141, inciso III CP. Nas palavras do doutrinador Bitencourt Cezar Roberto no livro Código penal comentado (2019, 10 ed, p. 355): “A Injúria trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, não sendo exigida nenhuma condição ou qualidade especial do sujeito ativo; formal, pois, apesar de descrever ação e resultado, não é necessário que a vítima se sinta ofendida com as atribuições depreciativas que sofre, sendo suficiente que a conduta injuriosa tenha idoneidade para ofender alguém de discernimento; ou seja, consuma-se independentemente de o sujeito ativo conseguir obter o resultado pretendido, que é o dano à dignidade ou ao decoro do ofendido; instantâneo, consuma-se no momento em que a ofensa chega ao conhecimento do ofendido; comissivo, realiza-se com uma ação de fazer; dificilmente poderá ser praticado através de conduta omissiva, embora, doutrinariamente, seja admissível; doloso, somente pode ser executado sob a forma dolosa, não havendo previsão de modalidade culposa. Trata-se, em regra, de crime simples, pois atinge somente um bem jurídico, a honra pessoal ou profissional; na injúria real, contudo, o crime é complexo, ofendendo dois bens jurídicos: a honra, que, in casu, é o bem jurídico principalmente visado, e a integridade física, secundariamente visada. Pode ser, finalmente, unissubsistente (via oral), completando-secom ato único, e plurissubsistente (por escrito), encerrando um iter, que permite fracionamento (elaboração do escrito e recepção do conteúdo pelo destinatário).” Nesse sentido é jurisprudência do STJ: Penal. Agravo regimental no recurso especial. Calúnia. Injúria e difamação contra procuradora do trabalho. Ausência de manifestação inequívoca da vontade. Concessão de habeas corpus pelo tribunal a quo. Trancamento da ação penal. Inversão do julgado. Impossibilidade. Súmula 7/stj. Agravo improvido. 1. Nos termos da Súmula 714 do STF, É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. 2. A representação, nos crimes de ação penal pública condicionada, prescinde de formalidade, sendo suficiente a demonstração inequívoca do interesse da vítima ou de seu representante na persecução criminal. 3. Concluindo o Tribunal a quo que não teria sido comprovada a manifestação inequívoca de vontade necessária à instauração da ação penal, a reversão do julgado encontra óbice na Súmula 7 do STJ. 4. Agravo improvido. (STJ. REsp 1586879/MS. T6 – 6ª TURMA Ministro NEFI CORDEIRO (1159). Julgado em 03/03/2020) DOS PEDIDOS Isto posto, requer: A) A designação de audiência preliminar ou conciliação; B) A citação da querelada para tomar conhecimento e oferecer resposta no prazo; C) O recebimento da queixa; D) A oitiva das testemunhas arroladas; E) A condenação da querelada pelo crime de injúria (artigo 140 CP), e pelo crime de difamação (artigo 139 CP), com causa de aumento de pena (artigo 141,III CP) em concurso formal imperfeito (artigo 70 segunda parte CP) F) A fixação de indenização por danos morais, nos termos do artigo 387, IV CPP. DAS PROVAS Rol de testemunhas 1. Marcos – Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, e-mail, residente e domiciliado na rua, número, bairro, cidade, estado, CEP; 2. Miguel – Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, e-mail, residente e domiciliado na rua, número, bairro, cidade, estado, CEP; 3. Manuel – Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, residente e domiciliado na rua, número, bairro, cidade, estado, CEP, e-mail; 4. Nome – Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, residente e domiciliado na rua, número, bairro, cidade, estado, CEP, e-mail; 5. Nome – Nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF, residente e domiciliado na rua, número, bairro, cidade, estado, CEP, e-mail; Nestes termos, Pede deferimento. Niterói, 18/10/2016 Advogado/ OAB
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