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Roteiro de Estudos_Processo Civil II

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ROTEIRO DE ESTUDOS – DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
PROCEDIMENTO COMUM:
É POSSÍVEL QUE AS PARTES, DE COMUM ACORDO, MODIFIQUEM OS PRAZOS PROCESSUAIS E A DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA? 
Sim de acordo com os artigos 190 e 191 do NCPC.
"Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo."
Já sobre os prazos processuais, o art. 191 estabelece:
"Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso. 
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.  
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário."
CONTESTAÇÃO 
PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE E DAR IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA
A contestação, estabelecida como uma das formas de resposta do réu encontra-se descrita nos artigos 300 a 303 do Código de Processo Civil:
As partes na relação processual são os sujeitos ativos e passivos da relação de direito substancial que nela se controverte. 
Resposta do Réu
Réu é aquele contra quem ou em relação a quem se pede a prestação jurisdicional. Cabe a ele, oportunamente oferecer a Contestação, caso seja a resposta mais adequada ao caso. 
O réu, quando citado, pode ter diversas reações, que vão desde a omissão até a apresentação de pedido contra o autor, passando pela rendição e pela defesa propriamente dita. Como também, a impugnação ao valor da causa e a decisão do réu pela utilização de algumas das figuras de intervenção de terceiros.
Direito de Defesa
O direito de defesa é assegurado pela Constituição Federal, art. 5º, LV. Ao réu é assegurado o direito de pleitear um provimento jurisdicional que indefira a pretensão do autor. Em sua defesa o réu não busca o reconhecimento de uma afirmação de direito, mas sim excluir o direito do autor. Apenas excepcionalmente, e sempre expressamente previsto, pode o réu, na defesa, formular pedido, mas a regra é que o direito de defesa se expresse na tentativa, que o réu faz, de buscar a improcedência do pedido do autor.
Obs. Importante dizer que o réu não está obrigado a se defender, pois a defesa não é nem uma obrigação, nem um dever. Ao tomar conhecimento da demanda contra si proposta, pode o réu exercitar o direito de defesa ou não.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ:
QUE SITUAÇÕES OCASIONAM O IMPEDIMENTO E A SUSPEIÇÃO DO JUIZ? 
Tanto o impedimento quanto as suspeição ocorrem quando se encontra algum fator que fere o Princípio da Imparcialidade no processo civil, que diz que o juiz a julgar a ação deve ser igualmente imparcial para com ambas as partes.
As hipóteses de impedimento são de teor objetivo, ou seja, são mais fáceis de serem percebidas e também mais graves. Estão fundamentados no art. 144 seus incisos e §§ do NCPC.
Pode ser reconhecido de ofício pelo juiz ou por qualquer das partes no decorrer do processo até o trânsito em julgado de sua sentença. Porém, se não for reconhecida até tal momento, cabe ação rescisória pela parte que sentir-se lesada. 
Obs. Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.
As hipóteses de suspeição tem um teor mais subjetivo, menos explícito que as do impedimento; sendo mais difíceis de perceber. Esta não gera nulidade absoluta no processo. Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz ou pelas partes até 15 dias depois da ciência da hipótese de suspeição. Porém, se passado esse prazo sem manifestação das partes, não cabe ação rescisória. Sua fundamentação está no art. 145 incisos e §§ do NCPC.
PROVAS: 
DOCUMENTAL – DOCUMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS POSSUEM O MESMO VALOR PROBANTE? 
 Prevê o legislador, apesar da não hierarquia das provas, que são insubstituíveis os documentos públicos exigidos por lei.
A prova documental no processo civil brasileiro, possuindo diferentes valores probatórios (mesmo o Código Civil, levando a regra, que não há hierarquia entre elas), abrange diversas formas de obter a verdade processual, podendo ser pública ou privada.
Provas documentais em sentido estrito são aquelas necessariamente escritas, tanto públicas quanto privadas. Divididas, doutrinariamente, como instrumentais ou documentais.
Na definição de Carnelitti “documento é uma coisa capaz de representar um fato”. 
Humberto Theodoro Júnior diz que “documento é o resultado de uma obra humana, que tenha por objetivo a fixação ou retratação material de algum acontecimento”.
TESTEMUNHAL - QUEM PODE SER TESTEMUNHA? QUEM NÃO PODE? EM QUE MOMENTO AS TESTEMUNHAS PRESTAM DEPOIMENTO? PENALIDADE PARA A TESTEMUNHA QUE MENTIR. 
Nos termos do artigo 202 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa poderá ser testemunha.
A lei ao dizer pessoa, está fazendo menção a pessoa natural, o ser humano, seja ele homem ou mulher, portanto, pessoas jurídicas não podem ser testemunhas, nesses casos quem irá servir como testemunha é o diretor, administrador, sócio da pessoa jurídica, etc. Nos termos do artigo 206, ninguém poderá se recusar a depor, contudo, o mesmo artigo prever que, ‘’poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.’’
Essa recusa é em decorrência da proximidade e do parentesco, contudo o final do artigo 206 do CPP diz que a testemunha não poderá se recusar a depor quando não for possível, por outro modo, obter a prova do fato.
ATA NOTARIAL – O QUE É? 
A Ata Notarial (Objetivamente) é o meio pelo qual, registram-se fatos com confiabilidade e detalhes, havendo a possibilidade de ser complementada com documentos sonoros e fotográficos. Tal registro é realizado por notário competente e a requerimento de interessado. “Instrumento público autorizado por notário competente, a requerimento de uma pessoa com interesse legítimo e que, fundamentada nos princípios da função imparcial e independente, pública e responsável, tem por objetivo constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é a de ser um instrumento de prova em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada, administrativa registral, e, inclusive, integradores de uma atuação jurídica não negocial ou de um processo negocial complexo, para sua preparação, constatação ou execução.” (José Antonio Escartin Ipiens).
COMO É FEITA? 
Art. 384.
A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, o instituto da Ata Notarial tornou-se mais conhecido, sendo considerado por muitos como nova ferramenta probante, no então, apesar de não acompanhar a denominação Ata Notarial expressamente, a lavratura da Ata Notarial já tal possibilidade já era protegida pelo ordenamento jurídico brasileiro, por meio do Código de Processo Civil de 1973 em seu artigo 364. 
Posteriormente, o instituto também fora amparado pela Lei Federal nº. 8.935 de 1994, mas especificamente no capítulo II, seção II da legislação: 
“Artigo 1º - Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”.
 Artigo 6º -Aos notários compete:
[...]
III – Autentica fatos.
Artigo 7º - Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I – lavrar escrituras e procurações públicas;
II – lavrar testamentos e procurações públicas;
III – lavrar atas notariais”.
PARA QUE SERVE?
A título exemplificativo, essas são algumas das modalidades de Atas Notariais, sendo, praticamente, impossível exauri-las, uma vez que o Direito enquanto ciência acompanha a sociedade e esta está em constante evolução, o que significa dizer que o Instituto da Ata Notarial, poderá servir como meio probante em situações futuras novas e ainda impensadas hodiernamente.
- NOTORIEDADE: Nesta, é solicitado do tabelião que constate a existência de fato e/ou a capacidade de determinada pessoa.
- PRESENÇA E DECLARAÇÃO: Nesta, o tabelião narra, com fidelidade e em linguagem jurídica, o declarado pelo solicitante.
- FATOS NA REDE DE COMPUTADORES (internet): Nesta, o tabelião acessa o endereço eletrônico, verifica o conteúdo, materializa e certifica o conteúdo, especificando a data e horário de acesso. 
- FATOS EM DILIGÊNCIA: Nesta, é possível o desdobramento em diversas hipóteses. Comumente, o solicitante requer a constatação de um fato em alguma parte da cidade, respeitando a competência Territorial
Notadamente, esse instituto é valioso e sua eficácia é inconteste tanto para o ordenamento jurídico brasileiro, quanto na esfera administrativa, isso porque, se não constitui prova de plano, no mínimo direciona e abrevia a conclusão probante.
JUIZADOS ESPECIAIS ESTADUAIS E FEDERAIS:
Os juizados especiais são um importante meio de acesso à justiça, pois permitem que cidadãos busquem soluções para seus conflitos cotidianos de forma rápida, eficiente e gratuita. Eles são órgãos do Poder Judiciário, disciplinados pela Lei n.º 9.099/95. Leis estaduais criam e regulamentam em cada unidade da federação esses órgãos e, âmbito Federal, a Lei n.º 10.259/01. Quem pode entrar com ação nesses juizados?
As pessoas físicas capazes, as microempresas, as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, as sociedades de crédito ao microempreendedor. Não podem ser partes em ações nos juizados especiais o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.
Em âmbito Federal, podem ser parte autora em processos civis as pessoas físicas, as microempresas e as empresas de pequeno porte. Já a União, as autarquias, as fundações e as empresas públicas federais serão sempre rés.
Nos processos criminais, autor é sempre o Ministério Público.
 
Os Juizados Especiais Cíveis servem para conciliar, julgar e executar causas de menor complexidade, tais como: ações de despejo para uso próprio; possessórias sobre bens imóveis; de arrendamento rural e de parceria agrícola; de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; de ressarcimento por danos causados em acidentes de veículos, ressalvados os casos de processo de execução; de cobrança de seguro, relativo aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; de cobrança de honorários dos profissionais liberais, salvo o disposto em legislação especial.
Os Juizados Especiais Cíveis Federais foram instituídos pela Lei n.º 10.259/01, impondo um novo padrão processual, objetivando acelerar o exame dos processos que envolvem questões de pequena repercussão econômica e menor complexidade, ante a redução dos prazos, a eliminação do duplo grau obrigatório, o cumprimento da sentença independentemente do precatório, o tratamento igualitário entre a Fazenda Pública e as demais partes, o agravo que deixa de ser de instrumento e passa apenas a ser retido, os recursos da sentença, com efeito, tão-somente devolutivo, a eliminação do processo autônomo de execução, a simplificação das providências para citação e intimação, além da aplicação dos princípios da oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e de economia processual.
LIMITE DO VALOR DAS CAUSAS PARA CADA UM DELES. 
O juizados especiais são um importante meio de acesso à justiça, pois permitem que cidadãos busquem soluções para seus conflitos cotidianos de forma rápida, eficiente e gratuita. Eles são órgãos do Poder Judiciário, disciplinados pela Lei n.º 9.099/95. Leis estaduais criam e regulamentam em cada unidade da federação esses órgãos e, âmbito Federal, a Lei n.º 10.259/01. O valor é de 40 salários mínimos para os estaduais, importante salientar que é possível que o objeto da ação tenha mais que 40 salários mínimos (teto legal), porém nesse caso presume-se a renúncia do (a) autor(a) ao valor que excede o teto.
Há alguma exceção para o teto legal nos Juizados Especiais Cíveis? Sim, mas muitas pessoas não sabem que há algumas ações que podem ser propostas nos Juizados Especiais Cíveis independente do valor da causa, podendo, além disso, ter condenações acima de 40 salários mínimos.
São elas (Art.1063 do Novo Código de Processo Civil C/C Enunciado nº 58 do XL Fonaje):
>de arrendamento rural e de parceria agrícola;
>de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
>de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
>de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
>de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
>de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;
>que versem sobre revogação de doação;
>ação de despejo para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio ( Art. 47 III da Lei 8245/91 C/C Conclusão nº 4 do XL FONAJE).
A possibilidade de ações possessórias, que não tenham como objeto bens imóveis para uso residencial de ascendente ou descendente, cujo valor do imóvel não ultrapasse 40 salários mínimos.
É cabível em sede de Juizado Especial Cível execução de título extrajudicial de quaisquer que sejam os títulos executivos, desde que estes não tenham valor superior ao teto legal (40 salários mínimos).
Na esfera Federal, os juizados cíveis conciliam e julgam as causas da Justiça Federal até o limite de 60 salários mínimos, exceto as causas dispostas nos incisos I, II, III e IV, §1º, Art. 3º, da Lei nº 10.259/01.
Os criminais conciliam, julgam e executam infrações penais de menor potencial ofensivo. Os federais criminais processam e julgam as mesmas causas quando de competência da Justiça Federal. Em todos os casos, os juizados devem respeitar as regras de conexão (quando algumas infrações possuem vínculo entre si) e continência (quando um fato criminoso contém outros).
São consideradas causas de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes com pena máxima de dois anos.
É NECESSÁRIO ADVOGADO(a)? 
É necessário o patrocínio da ação por advogado(a) Caso o valor seja maior que 20 salários mínimos nos JECs, caso seja abaixo desse valor não é preciso contratar um advogado, mas para recorrer sempre será necessária a contratação de um advogado independente do valor da causa. Obs. Diferentemente dos JECs, nos JEFs não há necessidade de advogado para nenhuma causa. Só existe um limite, que é 60 salários mínimos.
AÇÃO RESCISÓRIA
Ação rescisória é espécie de sucedâneo recursal externo, ação autônoma que instrumentaliza meio de impugnação que tem como fito presente hipóteses específicas, desconstituir coisa julgada oriunda de decisão judicial transitada em julgado.
Logo em seu artigo 966, o Código de Processo Civil de 2015 inova ao substituir o vocábulo “sentença”, constante do antigo artigo 485 do CPC/73, por decisão, alcançando sentença, decisão interlocutória, acórdão e decisão monocrática. A mudança consagra evolução do sistema, que prestigiou a teoria dos capítulos das decisões como ilustram os artigos 356, § 3º, 1.009, § 3º, e 1.013, § 5º,do CPC/15, culminando na previsão expressa de cabimento de rescisória apenas contra a parcela do julgado, a teor do § 3º do artigo 966, como, aliás, já admitia a jurisprudência sobre o tema.
QUANDO É CABÍVEL?
No que tange às hipóteses autorizadoras da rescisão de julgado, iniciamos pelo inciso I do artigo 966, que traz a hipótese de decisão proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz, merecendo registro que não se exige, para que exsurja o cabimento, prévia sentença penal condenatória e nem, mesmo, investigação criminal, eis que a comprovação dos elementos ensejadores da rescisão poderá ser feita no bojo da própria rescisória, o mesmo raciocínio se aplicando ao inciso III, abordado mais adiante.
O inciso II, por sua vez, prevê a possibilidade de desconstituição da decisão proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente. No caso da incompetência absoluta, particularmente, a análise do dispositivo merece ser feita à luz da regra inserta no artigo 64, § 4º, o que quer dizer que virtual decisão de desconstituição com fulcro no mencionado inciso II haverá de ser, por prudência, expressa a respeito da interrupção dos efeitos do julgado rescindendo, quando não incursionar, de pronto, em novo julgamento de mérito, a teor dos artigos 968, I, e 974.
Já no inciso III, há a menção à decisão resultante de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei. A inserção da coação e da simulação representaram novidades importantes em relação ao Código anterior.
O inciso IV prevê a rescisória contra decisão ofensiva a coisa julgada previamente produzida. Na doutrina, há o entendimento de que uma segunda decisão em ação com identidade de elementos em relação a outro feito anteriormente julgado definitivamente, a vulnerar a coisa julgada, seria, por conseguinte, e a rigor, juridicamente inexistente, premissa essa que redundaria na desnecessidade de aviamento de rescisória, eis que a inexistência do segundo julgado seria passível de ser suscitada por qualquer via e a qualquer tempo. Não se olvida a controvérsia sobre o tema. Sem embargo, aderida à posição supra, e observado o prazo decadencial de dois anos, a ação rescisória surgiria como instrumento adicional para invocação do ponto.
O inciso V do artigo 966 destoa bastante do antecedente inciso V do artigo 485 do CPC/73. No Código anterior, a previsão era no sentido de ser cabível a rescisória contra sentença que violasse “literal disposição de lei”; no Código atual, lado outro, há a menção a decisão “que violar manifestamente norma jurídica”.
Cuida-se, uma vez mais, de adaptação do Código à jurisprudência já existente sob a vigência do CPC/73, no sentido de admitir rescisória com base em afronta a princípio, valendo os registros, ademais, quanto ao ponto, de que a norma tida por violada dispensa o prequestionamento pela decisão rescindenda; o óbice imposto pela Súmula 343/STF tem merecido atenuação pela jurisprudência em prol da segurança jurídica. A par desses dois pontos, igualmente válido anotarem que a jurisprudência anterior, que afastava o cabimento de rescisória por afronta a súmula de tribunal, acaba sofrendo relativização pelo § 5º do artigo 966 do NCPC, que soa caber rescisória “contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.” De se notar, pois, que também a rescisória há de funcionar como recurso extremo para realização do distinguishing.
A decisão fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória segue incólume no inciso VI do artigo 966.
Indo além, o inciso VII do artigo 966 traz a hipótese de obtenção de obtenção de prova nova cuja existência era ignorada pelo autor da rescisória ou de que não pode fazer uso por motivo alheio à sua vontade. Há inequívoca ampliação do âmbito de vigência material da norma, que, no CPC/73, limitava a prova nova a documento, sendo interessante o debate ao qual remetemos o leitor sobre se o exame de DNA seria abarcado pela norma e/ou se autorizaria a revisitação de caso de julgado mesmo após o prazo decadencial de dois anos, mercê da “ponderação” entre dignidade da pessoa humana e segurança jurídica, subjacente a investigações de paternidade.
O inciso VIII do artigo 485 do CPC/73 previa o fundamento para invalidação da confissão, desistência ou transação como hipótese para manejo da rescisória. O § 4º do artigo 966 do CPC/15 transferiu para a ação anulatória o ataque contra “os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução”, no que andou bem, sob o prisma do aprimoramento técnico, para afinar-se sistematicamente com os artigos 393 e 657.
Por fim, no que concerne ao rol do artigo 966, o inciso IX admite rescisão da decisão fundada em erro de fato verificável do exame dos autos, assim considerado, nos termos do § 1º, a admissão de fato inexistente, a redação é paradoxal, ou o reconhecimento como inexistente de fato efetivamente ocorrido, a redação é redundante, indispensável, em todo caso, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. A expressão “verificável do exame dos autos” é inovadora, e torna sensivelmente mais clara a norma em relação ao Código anterior.
Cabe anotação apartada sobre o parágrafo 5º do artigo 968, que dispõe que “reconhecida à incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar no § 2º do art. 966 ou tiver sido substituída por decisão posterior”. Sobre o ponto, havia jurisprudência tranquila no sentido de que a rescisória aforada em tribunal incompetente induziria pronta extinção do processo sem resolução do mérito. O CPC/15, todavia, quiçá em homenagem à primazia da decisão do mérito, afinada com a razoável duração do processo, passou a admitir correção para prosseguimento regular do feito.
O artigo 969 passou a prever expressamente que a “propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória”. É que a força executiva oriunda de cognição exauriente não merece atenuação pela simples propositura da demanda rescisória, senão quando houver decisão em sentido contrário, ainda que precária.
Caminhando para o fim, embora por ocasião da tramitação do então projeto do novo Código de Processo Civil se tenha cogitado redução, o prazo para aviamento da ação rescisória foi mantido em dois anos, consoante dispõe o artigo 975, que trouxe consigo redação ajustada: cuidando-se de decadência, a adoção da expressão “o direito à rescisão se extingue” representou evolução em relação à previsão “o direito de propor ação rescisória”, contida no CPC/73.
Não se pode ignorar, de mais a mais, que o mesmo artigo 975 consignou que o termo inicial será o “trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.” Exemplificando, transitando em julgado decisão parcial de mérito, o termo inicial para contagem do prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória contra essa decisão, de acordo com o CPC/15, somente se iniciará posteriormente, quando transitar em julgado futura sentença que decida o restante da matéria (res in judicium deducta).
Há aí, contudo, um problema, sobre o qual já se cuidou nesta coluna, mas que merece ser repisado. É que embora o CPC/15 tenha inovado ao prever expressamente a ação rescisória contra a decisão parcial de mérito, a jurisprudência já caminhava nesse sentido. O STJ, então, enfrentando a questão a respeito da identificação do termo inicial do prazo decadencial paraajuizamento da rescisória contra decisão parcial de mérito, editou a Súmula 401, nestes termos: “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.” O raciocínio foi o de que “sendo a ação una e indivisível, não há que se falar em fracionamento da sentença/acórdão, o que afasta a possibilidade do seu trânsito em julgado parcial”.
Até aqui, a conclusão natural seria a de que o CPC/15 teria prestigiado a jurisprudência do STJ e positivado a súmula 401. Ocorre que o STF, enfrentando recurso extraordinário contra acórdão do STJ que aplicou a súmula 401, concluiu pela inconstitucionalidade da unidade do termo inicial por violação ao artigo 5º, XXXVI, da CF, nos seguintes termos: “O prazo para formalização da rescisória, em homenagem à natureza fundamental da coisa julgada, só pode iniciar-se de modo independente, relativo a cada decisão autônoma, a partir da preclusão maior progressiva.”
Isso quer dizer que o entendimento atual do STF seria pela inconstitucionalidade do artigo 975 do CPC/15. Nada obstante, haja vista que a decisão daquela Corte foi proferida em controle difuso, não sendo possível pressupor a eficácia transcendental dos motivos determinantes15, e tendo presente à presunção de constitucionalidade das leis, o afastamento da aplicação do artigo 975 dependerá de necessária declaração de inconstitucionalidade em controle difuso ou concentrado. Até lá, a norma é válida e vigente.
Ainda a título de novidade, e com isto concluímos este breve exame bem veio a calhar os §§ 1º a 3º, que prorrogam o prazo decadencial para o primeiro dia útil subsequente quando esse expirasse durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense; e que diferiram o termo inicial do prazo para a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de cinco anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, na hipótese do inciso VII do artigo 966, e para a ciência da simulação ou da colusão das partes pelo terceiro prejudicado ou pelo Ministério Público, na hipótese do inciso II, também do artigo 966.
QUAL O ÓRGÃO COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO RESCISÓRIA?
Volta-se à análise de uma relevante controvérsia quanto à competência para julgamento de rescisórias calcadas no art. 485, V do Código de Processo Civil, “O juiz não resolverá o mérito quando: reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;”, quando os vícios arguidos para lastrear o pedido rescisório tiverem sido perpetrados por órgãos jurisdicionais distintos, no processo de conhecimento.
Como sabido, a definição do Tribunal competente para apreciar as ações desconstitutivas de coisas julgadas por violação a literal dispositivo de lei variará conforme o Juízo que afrontou o ordenamento jurídico no processo originário. Se o órgão responsável pela violação à lei foi o Juízo de Primeiro Grau ou um Tribunal inferior, será do mencionado Tribunal a competência para a análise da rescisória. Se, por outro lado, a violação à lei tiver sido empreendida por um Tribunal superior, será ele o responsável pelo judicium rescindens. Entretanto, a prática forense demonstra que podem surgir coisas julgadas com várias afrontas à lei, sendo que somente algumas delas foram perpetradas pelo Juiz de Primeiro Grau ou pelo Tribunal de base, enquanto as outras advieram da atuação do Tribunal superior.
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO?
No que se refere ao prazo para a interposição da ação rescisória (merecendo ai, maior destaque na presente atividade, o que será abordado, frisa-se que existem duas situações de excepcionalidade em que não se observa controvérsias, nem doutrinária, nem jurisprudencial: a primeira, quanto ao prazo decadencial de oito anos, previsto no art. 8º-C, da Lei nº 6.739/79, incluído nesta pela Lei nº 10.267/2001, conforme transcrito: Art. 8oC É de oito anos, contados do trânsito em julgado da decisão, o prazo para ajuizamento de ação rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de terras públicas rurais.
Para que o processo possa alcançar a máxima eficiência, seu procedimento e suas regras devem ajustar-se às peculiaridades do sujeito, do objeto e da finalidade. O processo, como se costuma afirmar, é um instrumento que deve adaptar-se aos valores e fins jurídicos do direito material envolvido na causa. (LACERDA, Galeno, apud DIDIER JÚNIOR, 2010, p. 378).
Já a segunda hipótese que excepciona o prazo decadencial bienal previsto para interposição da ação rescisória, é no que diz respeito aos absolutamente incapazes. Recente julgado do STJ confirma a incontroversa da citada previsão: Res Nº 1.165.735 - MG (2009/0217638-0). RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO. Data do julgamento: 06/09/2011. Data da publicação: DJe de 06/10/2011. 
Extrai-se do referido julgado que, nessa hipótese, enquanto durar a incapacidade absoluta do sujeito, contra este não se opera a decadência. Com relação à contagem de prazo em dobro para a Fazenda Pública, a discussão tombou solucionada, haja vista decisões do STF proferidas na ADINs 1.753/98 e 1.910/2001 propostas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil questionando as Medidas Provisórias nº 1.577/97 e 1.703-18/98, que conferiam prazo diferenciado (cinco e quatro anos, respectivamente) para a Fazenda Pública ajuizar ação rescisória. No entendimento da Corte Suprema, mudanças drásticas em ação rescisória que impliquem retardamento da execução devem ser resistidas.
Doutrinadores como Fredie Didier, Paula Sarno e Rafael Oliveira apontam que nem toda decisão judicial que tenha por conteúdo uma das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269 do CPC será uma sentença. Isto porque a fase de conhecimento nem sempre será encerrada por meio de sentença. Caso haja recurso, prolongando a discussão da causa, ou mesmo seja hipótese de demanda de competência originária de tribunal, o ato que encerrará o procedimento será acórdão ou decisão monocrática de tribunal, e não sentença. (SILVA, 2012).
A decisão prolatada que pode ser considerada sentença, nesse diapasão, deve ter o conteúdo do art. 267 ou 269 do CPC e finalizar a atividade cognitiva do magistrado em primeiro grau de jurisdição, pois assim, estará resolvendo o litígio (art. 269) ou declarando não ser isso possível (art. 267) “em relação à integralidade das ações ajuizadas ou daquelas que remanescerem depois que parte delas tiver sido julgada, no mesmo processo”, conforme entendimento de Teresa Arruda Alvim Wambier, Luiz Rodrigues Wambier e José Miguel Medina (apud SILVA, 2012).
STJ Súmula nº 401: Prazo Decadencial da Ação Rescisória - Termo Inicial. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial.
Embora o entendimento que vem se consolidando no STJ aponte para a não aceitação do capítulo de sentença, o que também é posição majoritária na doutrina, as críticas a esse posicionamento têm crescido bastante. Por apresentar discussões extremamente conflituosas e controversas envolvendo, afinal, grande parte da doutrina e Cortes Superiores, não se espera esgotar o tema aqui apresentado, tampouco se tem a pretensão de apresentar solução vitoriosa para o problema enfrentado. Entretanto, buscou-se aqui atingir ao máximo possível em um resumo dos principais objetivos do estudo, apontando como solução viável, a que vem sendo defendida pela parcela doutrinária que entende como mais eficiente e viável a possibilidade de execução e impugnação de capítulos da sentença que já tenham operado o seu trânsito em julgado.
Resta bastante clara a preocupação de vários doutrinadores e juristas, além do próprio Poder Judiciário, acerca da garantia de uma razoável duração do processo, outro mandamento constitucional fundamental, inserido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, na Carta Magna brasileira, em seu art. 5º, LXXVIII que, caso não produza urgentemente seus efeitos, conduzirá o sistema judiciário a um verdadeiro colapso.
Evidente, portanto,que se espera das Cortes brasileiras, a pacificação do tema, com a consequente unificação de entendimento que melhor atenda aos anseios políticos e sociais, evitando o perecimento do Direito, e a consequente derrocada da JUSTIÇA!
Art. 970. O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum. 
Art. 972 NCPC. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.
Art. 973 NCPC. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente. Art. 
975. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
§ 1º Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense.
§ 2º Se fundada a ação no inciso VII do art. 966 NCPC,  o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
§ 3º Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.
 
Art. 144.  Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I. em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II. de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III. quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV. quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V. quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI. quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII. em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII. em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX. quando promover ação contra a parte ou seu advog

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