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Terapia Nutricional na Doença Celíaca. Centro Universitário IBMR Profa. Gabriella Belfort Doença Celíaca “Enteropatia crônica do intestino delgado, de caráter autoimune, desencadeada pela exposição ao glúten (principal fração proteica presente no trigo, centeio e cevada) em indivíduos geneticamente predispostos.” Carvalho et al., 2008 EPIDEMIOLOGIA Estados Unidos : 3 a 13% apresentam DC 10 a 15% sabem que tem a doença e estão sendo tratados. 2 milhões de pessoas no Brasil; Incidência: 1:400 pessoas De cada 8 pessoas que possuem a doença apenas 1 tem diagnóstico CNS, 2013; JAMA, 2014. Epidemiologia Mais frequente no sexo feminino (2:1) Compromete principalmente crianças entre 6 meses e 5 anos de idade. Início do quadro nas formas clássicas entre 1 e 3 anos, mas sintomatologia pode ocorrer em qualquer idade. Apresenta caráter hereditário CNS, 2013; JAMA, 2014. Glúten PROLAMINA GLUTELINA TRIGO PROTEÍNA LECITINA GLÚTEN GLIADINA ALPHA BETA GAMA TRANSGLUTAMINASE GLIADINA DEAMIDADA GLUTENINA Fisiopatologia Bastos e Silveira, 2016 Distúrbios relacionados ao glúten G. Czaja-Bulsa et al., 2015 Sensibilidade ao glúten não celíaca • “Indivíduos que desenvolvem sintomas extra- intestinais quando consomem alimentos que contem glúten e se sentem melhor ao realizar uma dieta sem glúten, mas não possuem DC ou alergia ao trigo” (2015 –Critério Salerno). • Avaliação via dieta isenta de glúten; • Sinais gastrointestinais e extraintestinais:inchaço, dor abdominal, diarréia, cansaço, dor de cabeça, fadiga crônica, dor nas articulações ou nos músculos . Fisiopatologia Classificação da DC Clássica ou Típica Não Clássica ou Atípica Assintomática ou Silenciosa MS, 2015 Sintomas Clássica ou Típica Diarreia crônica, Distensão Abdominal e Perda de Peso Redução de gordura no tecido subcutâneo, atrofia de musculatura glútea, Anemia, falta de apetite, alteração de humor, vômitos MS, 2015 APRESENTAÇÃO DA DC NA FORMA CLÁSSICA Fonte: FENACELBRA, 2010. Sintomas Não Clássica ou Atípica Baixa estatura Anemia ferropriva Deficiência de folato/B12 Hipoplasia do esmalte dentário Artragias/artrite Constipação intestinal refratária Atraso puberal Irregularidade menstrual Epilepsia Neuropatia periférica Úlcera aftosa Fraqueza e perda de peso MS, 2015 Sintomas Assintomática ou Silenciosa Alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com DC, na ausência de manifestações clínicas. Condições que podem estar associadas a DC: Diabetes tipo 1, distúrbios da tireóide, hepatite autoimune, história familiar Síndromes genéticas que podem estar associadas a DC: Síndrome de Down, Turner, Willians. MS, 2015 Dermatite Dermatite Herpetiforme Diagnóstico Padrão-Ouro Endoscopia digestiva alta com biópsia do intestino delgado exame histopatológico Estágios da Lesão Instestinal Estágio 0 (padrão pré-infiltrativo), com fragmento sem alterações histológicas (normal); Estágio I (padrão infiltrativo), em que a arquitetura da mucosa apresenta-se normal com aumento do infiltrado dos linfócitos intraepiteliais (LIE); Estágio II (lesão hiperplásica), caracterizado por alargamento das criptas e aumento do número de LIE; Estágio III (padrão destrutivo), em que há presença de atrofia vilositária, hiperplasia críptica e aumento do número de LIE; Estágio IV (padrão hipoplásico), caracterizado por atrofia total com hipoplasia críptica, considerada forma possivelmente irreversível. MS, 2015 Diagnóstico Marcadores Sorológicos: Anticorpo Antigliadina Anticorpo Antiendomíseo* Anticorpo Antitransglutaminase (TTG)* SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE ** SUPERIORES Deve ser realizada em vigência da dieta com glúten!. MS, 2015 Diagnóstico 1. Na evidência de sintomas ou sinais das formas clássica e atípica da DC e para indivíduos que fazem parte de grupos de risco, especialmente se sintomáticos: dosagem do anticorpo antitransglutaminase recombinante humana da classe IgA (TTG) e da imunoglobulina A (IgA) 2. Resultado alterado indicação de biópsia do intestino delgado 3. Biopsia alterada Confirma-se o diagnóstico 4. Biópsia normal Descarta-se o diagnóstico, mas rever exame histopatológico MS, 2015 Tratamento Dieta Isenta de Glúten, excluindo-se os alimentos que contenham trigo, centeio e cevada para o resto da vida! MS, 2015 TERAPIA NUTRICIONAL Conduta Nutricional Realizar avaliação clínica, bioquímica, antropométrica detalhada. Avaliação do consumo alimentar detalhada Recordatório 24 horas/Diário Alimentar VET ajustado as necessidades do paciente. Fracionamento: 5 a 6 refeições/dia Orientar lista de alimentos que contém glúten e que não devem ser consumidos EXCLUSÃO TOTAL DE GLÚTEN DA DIETA Shiroma, et al., 2009; Penagini et al., 2013 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:"Shiroma, Glaucia Midori" Alimentos contra -Indicados Alimentos Base/frações do glúten: TRIGO (gliadina) AVEIA (avenina) CENTEIO (secalina) MALTE /CEVADA (hordeína) FENACELBRA, 2010 Alimentos/Ingredientes Contra-Indicados Alimentos/Ingredientes Trigo, Farinha de trigo (bolos, biscoitos, pães, tortas) Leguminosas industrializadas* Semolina Frutas na forma de doces, cremes e massas* Gérmen de trigo Preparações à milanesa ou à dorê Farelo de Trigo Preparações com molho branco que leve farinha de trigo Aveia em flocos, farelo ou farinha Embutidos (salsichas, linguiças, salame, salaminho, patês, frios, carnes processadas) Centeio, farinha de centeio Leite e derivados que contenham malte (Ovomaltine ou Toddy) Malte, xarope, extrato de malte Queijos fundidos ou massa para fondue GLÚTEN FREE Cereais Arroz Milho Sorgo Painço Amaranto Quinua Trigo sarraceno Vegetais Frutas Oleaginosas Leguminosas Óleos vegetais Laticínios Carnes Ovos Penagini et al., 2013 Prescrição dietética • Dieta adequada em energia, macro e micronutrientes, para idade e sexo, com adicional energético se necessário. • Adequar oferta de alimentos que não possuam glúten. Diário Alimentar. Questionário de Frequência Semi – Quantitativo? Penagini et al., 2013 Possíveis carências nutricionais Ferro Ácido fólico B12 Cálcio Calorias/proteínas Fibras Pode ocorrer intolerância à lactose e sacarose temporárias ( 2 a 4 semanas), devido ao dano nas vilosidades da mucosa intestinal. Penagini et al., 2013; Carvalho et al., 2008; MS, 2015 Kupper, 2005 • Amostra: 31 pacientes com DC entre 3 e 25 anos de idade. • A DC não foi prejudicial a este grupo de pacientes. Rev Med Minas Gerais 2014; 24(4): 457-463457 Nutrientes Anti-inflamatórios e anti-oxidantes Ômega -3 Carotenóides Vitamina C Vitamina E Contaminação por arsênico inorgânico: Associação com Câncer de pele, pulmão e bexiga (IARC ,2004) Quanto maior a quantidade de arroz ingerida Maior o consumo de Arsênico Valor de consumo ,entre pacientes com DC, foi considerado seguro ( 0,3 -0,8 µg/Kg/dia – IARC, 2004 ). Ingestão média 0,61-0,71 µg/Kg/dia Maior conteúdo de arsênico no arroz integral que no polido Munera-Picazo et al., 2014. Trocas saudáveis Alimentos Convencionais Alimentos sem glúten Pão francês Pão de fécula de batata Tapioca Cuzcus Pão de milho caseiro Bolinho de arroz Pão de queijo Canjica de millho Biscoitos Biscoitos à base de farinha de milho ou arroz ou araruta, pipoca Macarrão de trigo Macarrão de arroz Alimentos confundidores Alimentos Processados/IndustrializadosSorvetes Curry em pó Pudim Sopa industrializada Molhos prontos Farofa industrializada Caldo de Carne, salsicha Iogurtes Polpa de fruta Achocolatados em pó, Chocolates, caldas, chicletes. Batata -chips Amendoim japonês Frios Amido modificado, misturas de arroz Proteína vegetal hidrolisada Glutamato monossódico Café instantâneos, refeições prontas salgadinhos, molho de soja Orientar possível contaminação cruzada Alimentos naturalmente isentos de glúten, mas que podem estar contaminados: Alimentos vendidos a granel – grãos, sementes/oleaginosas, ervas/condimentos, chás, etc. Produtos isentos de glúten manipulados na mesma área física e/ou maquinário utilizado para os que contem glúten – farinhas, polvilho, chocolates, grãos, etc. Queijos e frios fatiados em padarias Café previamente moído, em padarias, bares e lanchonetes (pode estar contaminado com cevada) Biscoitos de polvilho e pão de queijo preparados em padaria ou ambientes onde se trabalha com farinha de trigo Batata frita em restaurante e festas (óleo re- utilizado de outras frituras – pastel, salgadinho, empanados) Alimentos no balcão dos restaurantes self service (podem ser contaminados pela troca de talheres, na hora de servir) Molhos, sopas e feijão em restaurantes (podem ter adição de farinha de trigo, como espessante) Fonte: FENACELBRA, 2017 Leitura de Rótulo • Orientar a leitura de rótulos de alimentos sempre. • Atentar a expressões “CONTÉM GLÚTEN” ou “PODE CONTER TRAÇOS DE GLÚTEN”. Estes alimentos não devem ser consumidos! • “A Lei no 10.674, de maio de 2003 (BRASIL, 2003), obriga que os produtos alimentícios comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca”. Fenacelbra, 2010 ESTRATÉGIAS PARA MANUTENÇÃO DA DIETA GLUTEN FREE Orientar familiares sobre a doença Atenção na compra de alimentos! Higiene e cuidado no preparo de refeições em casa Atenção com preparações culinárias muito elaboradas! Fenacelbra, 2010 RECEITAS Fenacelbra, 2010 RECEITAS Ingredientes Rende: 30 cookies 2 xícaras (520 g) de pasta de amendoim 2 xícaras (400 g) de açúcar 4 ovos, batidos 1 1/2 xícara (165 g) de nozes picadas (opcional) Modo de preparo Preaqueça o forno a 180 ºC. Forre um tabuleiro com papel vegetal. Bata a pasta de amendoim, os ovos e o açúcar até formar um creme. Se quiser, acrescente as nozes. Em colheradas, ponha os cookies no tabuleiro. Asse os cookies por 10 a 12 minutos ou até que estejam levemente corados. Antes de servir os cookies, deixe que esfriem no tabuleiro durante 5 a 10 a minutos. COOKIE SEM GLÚTEN Exercício • G.J.C, de 6 anos de idade, sexo masculino, compareceu ao consultório de Nutrição, com a queixa de que a criança apresenta infecções de repetições, falta de apetite e má alimentação, segundo relato da mãe. Sem história de outras doenças e outras intercorrências. Após avaliação antropométrica foi identificado: • Peso = 16 Kg; Estatura: 107 cm • A responsável relatou ainda que a criança estava com diagnóstico de xeroftalmia. Não apresentava exames bioquímicos recentes. • Função intestinal: irregular, evacuações a cada 3 dias, e em formato de “bolinhas”. Exercício • Qual o diagnóstico nutricional da criança com base nos dados antropométricos? • A criança apresenta alguma intercorrência clínica? • De acordo com a recomendação de energia da FAO/OMS (2001), qual seria o VET que você planejaria a esta criança? • Qual seria a sua orientação qualitativa para esta criança, com base nas informações disponíveis? Recomendação de Energia (FAO/OMS, 2001)
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