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XAROPES Prof. Ana Paula Zanini Frasson Tecnologia Farmacêutica II DEFINIÇÃO E GENERALIDADES • Xarope: • sirop (francês) • sirupus ou syrupus (latim) • charab (árabe) = bebida • Também chamados sacaróleos. • São preparações farmacêuticas líquidas, cujo veículo é a água purificada contendo uma elevada concentração de açúcares, como a sacarose ou glicose, conferindo propriedades edulcorantes e conservantes, em concentração próxima da saturação, adicionado ou não de princípios medicamentosos. • Apresentam cerca de 80-85% (p/V) de açúcar. DEFINIÇÃO E GENERALIDADES • É uma solução oral caracterizada pela alta viscosidade, conferida pela presença de sacarose ou outros açúcares ou outros agentes espessantes e edulcorantes na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes e/ou corantes autorizados. Quando não se destinam ao consumo imediato, devem ser adicionados de conservantes antimicrobianos autorizados. Farmacopeia Brasileira 6 ed. (2019). AÇÕES • Energética: fonte de glicose • Edulcorante: pode ser usado para corrigir sabor desagradável de fármacos em outras formas farmacêuticas (suspensões, soluções, drágeas...) e o próprio xarope apresenta sabor agradável. • Conservante: como são soluções próximas a saturação, são hipertônicas em relação aos micro-organismos causando plasmólise, devido a desidratação desses micro- organismos. COMPOSIÇÃO • SACAROSE: • Extraída da cana-de-açúcar e beterraba. • Molécula constituída por glicose + frutose • Corresponde a 80 – 85 % (p/V) + Açúcar Invertido: • Formado por 1 glicose + 1 frutose. • Resulta da hidrólise da sacarose, provocada pelo aquecimento, por ação de ácidos orgânicos, ou minerais ou pela enzima invertase. • O açúcar invertido é menos solúvel que a sacarose e tende a precipitar, o que é indesejável pois o meio torna-se menos hipertônico, tornando-se suscetível à ação microbiana. C12H22O11 + H2O C6H12O6 + C6H12O6 Sacarose Glicose Frutose Fatores que favorecem a inversão da sacarose: • Luz • baixa densidade • aquecimento excessivo • presença de fungos (que podem acidificar o meio) • CO2 SUBSTITUTOS DA SACAROSE: • para diabéticos e crianças pequenas que não possuem enzimas para desdobrar a sacarose. • AÇÚCARES: • Ciclamato • Sacarina • Galactose • Frutose • Glicose • LÍQUIDOS VISCOSOS: • Sorbitol • Propilenoglicol • Glicerina • SUBSTÂNCIAS NÃO- GLICOGÊNICAS: • Metilcelulose • Hidroxietilcelulose VEÍCULOS: • ÁGUA: • Destilada • Deionizada • pura do ponto de vista microbiológico. • SOLUÇÕES EXTRATIVAS: • exemplos: decocto ou infuso. XAROPE SIMPLES • Veículo para produtos líquidos contendo fármacos hidrossolúveis. Possibilita a correção de sabores desagradáveis de formulações. No xarope o açúcar está próximo à saturação, formando uma solução hipertônica. XAROPE DIETÉTICO • Veículo para produtos líquidos contendo fármacos hidrossolúveis. Possibilita a correção de sabores desagradáveis de formulações. Indicado para pacientes diabéticos ou com sobrepeso PREPARO DOS XAROPES • Basicamente, para preparar um xarope deve-se dissolver o açúcar na água (xarope simples) ou em soluções medicamentosas (soluções salinas, soluções de fármacos orgânicos, digestos, infusos, macerados, hidrolatos, etc.) a) Preparo do Veículo • Processos extrativos: maceração, decocção,... • Líquido simples: destilação ou deionização. • Líquido medicamentoso: simples dissolução do princípio ativo no veículo. Vantagens: incorporação de fármacos termolábeis não ocorre inversão da sacarose o xarope fica incolor Desvantagens: diminui a solubilidade do açúcar (mais demorado) não elimina o CO2 da água não esteriliza o xarope Possível presença de fungos como Penicillium e Aspergillus, algas, bactérias e leveduras b) Métodos de dissolução do açúcar no veículo: A Frio: b) Métodos de dissolução do açúcar no veículo: A Quente: Vantagens: aumenta a solubilidade do açúcar elimina o CO2 da água esteriliza o xarope Desvantagens: caramelização do açúcar (tom acastanhado) possibilidade de inversão da sacarose c) Aquecimento do Xarope • Tempo e temperatura: 10 minutos a 100oC. • Recipientes: cobre estanhado, aço inox ou panela alouçada com tampa. • Finalidade: ajustar a densidade. • Densidade muito baixa (pouco viscoso): levar ao banho-maria. • Densidade muito alta (muito viscoso): acrescentar água. Densidade ideal: d = 1,32 a 15o C ou 1,26 a 105o C Formulário Nacional 2 ed., 2012 • Em recipiente adequado dissolver a sacarose em 50 mL de água em banho-maria, com agitação constante. Esfriar, completar o volume com água purificada, homogeneizar e filtrar. A temperatura do banho-maria não deve ultrapassar 80 °C. d) Processos de Filtração e Clarificação • Filtração: • Papel • Algodão envolto em gaze: para evitar que as fibras sejam carreadas pelo xarope • Placas de Amianto • Filtros Millipore®: filtra e esteriliza devido ao tamanho dos poros. • Albumina: • Fixa as impurezas por atração eletrostática. • Ocorre coagulação pelo aquecimento • Retira-se com escumadeira. • Se necessário filtrar com gaze. Cuidados: • Pode fixar princípios ativos • Incompatível com álcool, taninos e goma arábica. d) Processos de Filtração e Clarificação • Pasta de Papel: (tipo papel filtro). • Pasta de Dethan 1 g papel / 1 L de xarope • Atração eletrostática Método: • Misturar o papel ao xarope em gral • Retirar com escumadeira ou filtrar com gaze. • Carvão: para descorar o açúcar d) Processos de Filtração e Clarificação Recomendado pelo Formulário Nacional FATORES QUE PODEM CAUSAR ALTERAÇÕES • Efeitos Ambientais: • CO2 e água • Luz: alterações de cor, aumento da velocidade de degradação de certos princípios ativos. • Contaminação Microbiana: • Alteração de pH • Desenvolvimento de toxinas • Turvação do meio • Aquecimento: • Hidrólise • Inversão da sacarose • Caramelização do açúcar • Decomposição de princípios ativos termolábeis FATORES QUE PODEM CAUSAR ALTERAÇÕES • Reações Internas: • Precipitação do açúcar invertido • Alterações de pH • Interações dos componentes do xarope: entre fármacos, adjuvantes e sacarose • Modo de Preparo: • Fermentação: crescimento de fungos (tempo insuficiente de fervura). • Cristalização: precipitação da glicose pelo excesso de fervura. • Neste caso a fermentação também é favorecida, devido à diminuição da densidade. FATORES QUE PODEM CAUSAR ALTERAÇÕES CONSERVAÇÃO DOS XAROPES • Nipagin/Nipasol: 1-2 g/L • o-fenil fenol: 1:15.000 • p-hidroxibenzoato de propila: 1:5.000 • Álcool: 3-5% • Processo de Appert: • Encher bem os fracos e fechar hermeticamente; • Esterilizar em autoclave durante 15 min; • Resfriar e manter bem fechado ao abrigo da luz e calor. ACONDICIONAMENTO • Vidro âmbar • Frasco de polietileno ARMAZENAGEM • Em locais secos e frescos (15 – 25o C), ao abrigo da luz. • Temperaturas elevadas: hidrólise da sacarose • Temperaturas baixas: cristalização CONTROLE DA QUALIDADE DOS XAROPES • Os ensaios dos xaropes consistem em: • características organolépticas (cor, odor, aspecto e sabor); • ensaios físicos (viscosidade, propriedades polarimétricas e densidade); • ensaios químicos (avaliação do teor de sacarose e de açúcar invertido, avaliação do teor de princípios ativos); • pesquisa de falsificação (avaliada por via química ou polarimétrica). REFERÊNCIAS • AULTON, M. Delineamento de formas farmacêuticas. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. • LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H.; KANIG, J. Teoria e Prática na Indústria Farmacêutica. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. v. 2. • PRISTA, L. N.; ALVES, A. C.; MORGADO, R. Tecnologia Farmacêutica. 6 ed. Vol. I. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2003.
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