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Caderno de Direito Processual Civil II

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Direito Processual Civil II
Vinicius Condé Carias
Prof.: Márcio Carvalho Faria (marciocfaria@gmail.com)
Matérias:
· Teoria Geral dos Processos
· Recursos em Espécie
· Ação Rescisória
· Teoria Geral da Execução
· Execução em Espécie
Livros: 
· Curso de Direito Processual Civil, vol. III, Fred Diddier.
· Lições de Direito Processual Civil, vol, II, Alexandre Câmara.
· Recursos no Processo Civil, Patricia Pizzou e Gilson Mirsanda.
· Comentários ao CPC, vol.V, José Carlos Barbosa Moreira.
Sites:
· Revista Eletrônica da UERJ. www.redp.com.br
· Mundo Jurídico. www.mundojuridico.adv.br
· Associação Brasileira de Direito Processual Civil. www.abdpc.org.com
· www.direitoprocessual.org.br
· www.migalhas.com.br
Avaliação:
	1º TVC – 28.05 (seg), às 8h.
UNIDADE I: TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1) Conceito de Recurso
	Para José Carlos Barbosa Moreira, “recurso é o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento da decisão judicial que se quer impugnar”.
	Destrinchando esse conceito.
1 – “remédio voluntário”
	Utilizar-se de um recurso, para um homem médio, pode ser confundido com uma ação judicial. Todavia, tecnicamente, o recurso não se confunde com a ação judicial. 
	Vamos trabalhar com o recurso jurídico (não financeiro, não híbrido, etc.). Sendo mais específico, nosso objeto de estudo será o recurso stricto sensu, ou seja, recurso no processo civil comum. Portanto, não serão trabalhados recursos trabalhistas, penais ou eleitorais. 
	A ideia do recurso é “curar” a decisão judicial que esta com um problema, um vício; daí o prof Barbosa Moreira falar em remédio. Além de ser um remédio é, ainda, um remédio voluntário. 
	Portanto, temos como primeira característica (elemento, princípio) do recurso a voluntariedade. Só existe recurso se houver vontade; logo, não existe recurso ex officio (de ofício). Se não há vontade, não se fala em recurso. 
	Existe um instrumento no art. 475, CPC que se chama “remessa necessária ou obrigatória”, que se parece com recurso, tem efeitos de recurso, mas se difere por não possuir o elemento da voluntariedade. De acordo com esse artigo, quando o autor vence o processo contra o poder público, tendo a causa um valor maior que 60 salários mínimos e a sentença não está embasada em súmula do STJ ou STF, aplica-se a remessa necessária. Ou seja, o juiz deve obrigatoriamente mandar o processo ao tribunal, mesmo que ninguém entre com um recurso. O tribunal pode, então, verificar a ocorrência de um vício, por exemplo. O que se teve foi uma remessa necessária, e não um recurso, justamente por não haver voluntariedade.
	Obs.: até o ano passado entendia-se que, se o Tribunal confirmasse a sentença de 1º grau, a Procuradoria poderia recorrer. Hoje, contudo, entende-se que ela não pode mais.
	Se não é recurso, qual é a natureza jurídica da remessa obrigatória? A natureza jurídica da remessa obrigatória é de condição de eficácia da sentença. Logo, a sentença proferida em juízo é válida, existe, mas não é eficaz; por isso, ela não pode ser executada. Essa obrigatoriedade existe porque o processo, neste caso, trata do bem público. O legislador viu a necessidade de o processo passar pelo tribunal para evitar prejuízo ao erário.
	A remessa necessária foi criada para proteger o interesse público. Porém, tal fundamento é questionado hoje por ofender a paridade de armas, o princípio do contraditório. Isso porque o poder público conta com pessoas qualificadas para defendê-lo juridicamente (os procuradores), as quais passaram por processos de seleção rigorosos. Os procuradores tem o poder-dever de garantir o interesse público, inclusive sob pena de punição administrativa, civil e penal. 
	Outro problema da remessa necessária está na Súmula 45 do STJ, que assim dispõe: “No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”. Sabe-se que outra função da remessa necessária é a de melhorar a prestação jurisdicional, pois quando há duas análises, provavelmente a segunda será melhor do que a primeira. Não obstante, a súmula 45 do STJ proibiu a reforma da sentença em grau de remessa necessária que piore a condenação da Fazenda Pública. As partes deveriam ter condições iguais, porém, o acórdão piorar a situação do autor, mantê-la, mas não pode piorar para a União. Não existe o princípio “na duvida pró-fisco”. Isso fere a isonomia, por isso muitos autores dizem que a súmula 45 é inconstitucional. O STF não julga isso porque diz que é problema de legalidade, cabendo ao STJ, e há essa Súmula 45 do STJ. 
2 – “dentro do mesmo processo”
	O recurso prorroga a ação, isto é, ele é uma continuidade daquela ação que começa quando se distribui a petição inicial. Isso significa que o recurso é um instrumento manejado na mesma relação jurídica que existe no primeiro grau de jurisdição, não ensejando nova relação jurídica. Não significa estar dentro dos mesmos autos, sim da mesma relação jurídica. 
	É importante ter isso em vista porque, como a ação rescisória, há ataques de ação em primeiro grau que não estão no mesmo processo. 
3 – “a reforma, a invalidação, a integração ou o esclarecimento”
	Estes são os 4 objetivos do recurso. Reformar, invalidar (cassar ou anular), esclarecer ou integrar. Os dois primeiros são os principais, 90% dos recursos possuem essas funções. As outras duas são próprias de um recurso chamado de Embargos de Declaração (EDcl).
 A reforma é pedida quando a decisão possui um error in judicando (erro de julgamento). Ex.: o juiz condena a União a pagar um valor, mas esquece de condenar ao pagamento de juros ou então arbitra um valor menor. Se o tribunal reconhecer que houve esse erro, haverá a reforma (feita pelo próprio tribunal).
Já em caso de error in procedendo (erro de procedimento), em regra, dá ensejo a uma anulação, e não uma reforma. Neste caso, o processo volta para o juiz de 1º grau para proferir uma nova sentença. Ex.: Fazenda Nacional não é intimada para produzir provas.
Normalmente as questões ligadas ao error in judicando estão ligados ao direito material e as relacionadas ao error in procedendo, ao direito processual.
Os objetivos de esclarecimento e integração são obtidos por meio do recurso chamado Embargos de Declaração, previsto nos arts. 535 a 538, CPC. No caso do esclarecimento, o juiz se expressa de uma forma obscura, que o sujeito não entenderá o que está ali escrito. Já a integração será necessária para completar uma sentença que esteja incompleta, faltando algo, ou seja, a sentença é infra petita (aquela na qual falta alguma coisa).
4 – “da decisão judicial que se quer impugnar”
	O objetivo do recurso é impugnar a decisão judicial, mas não é qualquer decisão judicial que é recorrível. Ou seja, nem toda decisão judicial admite recurso. Ex.: art. 504, CPC: “dos despachos não cabe recurso”. 
	No primeiro grau de jurisdição (juiz singular) pode haver 3 tipos de decisão: Sentença, decisão interlocutória e despacho.
	Despacho é um pronunciamento sem cunho decisório que serve para dar prosseguimento ao processo. Quem deve fazer o processo andar é o juiz. O processo começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso judicial – sistema presidencialista. O Juiz é o presidente do processo, é ele quem o faz andar, através do despacho, intimando a parte, nomeando perito, etc.. Contra despacho não cabe recurso.
	A decisão interlocutória é um pronunciamento com cunho decisório, mas não é uma sentença. Para diferenciar se um provimento do juiz é uma decisão interlocutória ou uma sentença, deve-se analisá-lo no caso concreto. 
	Ex.: o autor entra com uma ação de revisão contratual contra o banco e, liminarmente, pede para depositar em juízo o valor correspondente das parcelas contratuais. A decisão do juiz que concede ou não a liminar é uma decisão interlocutória. Já a decisão do juiz que julga o pedido de revisão contratual será uma sentença.
	Decisão Interlocutória significa “entre locuções”. Antigamente se dizia queas locuções mais importantes do juiz seriam o recebimento da petição inicial e a sentença. Tudo que fosse proferido neste meio seria decisão interlocutória, contanto que não fosse despacho. 
2) Natureza Jurídica
	Existem 2 correntes doutrinárias sobre a natureza jurídica do recurso:
· A corrente majoritária vê o recurso como a continuação do exercício do direito de ação; e
· A corrente minoritária diz que o recurso inaugura uma nova demanda.
2.1) Continuação do Exercício do Direito de Ação. 
	O recurso é a continuidade do exercício do direito de ação. Quando se entra com a petição inicial, ou, se réu, é citado, está-se exercendo o direito de ação. Ao se interpor um recurso, tem-se a continuidade da mesma relação jurídica iniciada com o exercício do direito de ação. Um dos efeitos do recurso é prorrogar a litispendência. Enquanto se tem recurso, não há trânsito em julgado. É uma mesma demanda, mesmo com personagens diferentes. Aquele que foi autor não necessariamente será autor do recurso, podendo ele ter ganhado em primeira instância. Os polos, nesse caso, se invertem, mas é a mesma ação. 
2.2) Nova Demanda
	O recurso, para essa corrente, inaugura uma nova demanda. O fundamento dessa corrente minoritária é o fato de que, como não necessariamente as partes são as mesmas, haveria uma nova relação jurídica. 
	Ex.: juiz: José; autor: Arthur; réu: Ricardo. O juiz será modificado; provavelmente será o Tribunal colegiado; o autor pode ser Ricardo, caso tenha perdido em primeira instância. 
	Porém, o que ocorre é apenas uma troca de polos, mantendo-se a mesma relação jurídica. 
3) Fundamentos do Direito de Recorrer
· Psicológico
· Humano
	Por que existe o recurso? O recurso não é só jurídico. Sua existência não decorre apenas do plano jurídico. Os seres humanos não estão acostumados a receber “não”; estão acostumados a ter uma segunda chance. Na nossa cabeça, ficamos mais confortáveis quando sabemos que existe uma segunda chance, ainda que não a utilizemos. É uma segurança aos seres humanos, sendo um fundamento psicológico. 
· Jurídico
	O recurso melhora a prestação jurisdicional. O fato de existirem vários recursos faz com que, em tese, o Direito seja melhor trabalhado. “Duas cabeças pensam melhor que uma”; em tese, os desembargadores são mais experientes e, por isso, suas decisões são melhores. Assim como, em tese, os Ministros possuem mais saber jurídico que o juiz de primeiro grau. O fato de existir o recurso faz com que o direito seja mais bem trabalhado. Direito é aquilo que você pede e o juiz dá, e melhor será o direito quanto mais alta a hierarquia do juiz. 
· Político 	
	O recurso está ligado a uma questão política. Embora existam órgãos de fiscalização, como a Corregedoria e o CNJ, o principal fiscal do juiz é o recurso, fazendo com que ele fundamente bem sua decisão, tenha cuidado na hora de decidir. O recurso evita a arbitrariedade. 
	Os juízes trabalhistas julgam de forma mais arbitrária, porque na Justiça do Trabalho, como não cabe recurso, a decisão é mais rápida e menos fundamentada.
	Então, o maior fiscal do juiz é o recurso, sem dúvida. A ideia do recurso faz com que se tenha um controle efetivo do juiz. 
4) Princípios Recursais
a) Duplo Grau de Jurisdição
· Princípio Constitucional?
· Princípio Constitucional Explícito?
· Ordenamento Hierárquico
· Recursos Expressamente Dispostos na CF 88
· Nelson Nery: “Garantia Fundamental de Boa Justiça”
· Princípio: Ponderação Permitida (?)
Discute-se se o principio do duplo grau é um principio constitucional. A doutrina e jurisprudência já avaliaram tal questão decidindo que o duplo grau é um princípio constitucional implícito.
Se não houvesse o duplo grau na constituição, o constituinte não teria criado o recurso. Se o recurso é a principal forma de manifestação do duplo grau, é claro que este é um principio constitucional.
A principal competência dos tribunais é a recursal. Se tirássemos os recursos, não seriam necessários tantos tribunais. Para a doutrina, o princípio do duplo grau de jurisdição está implícito justamente por conta da própria estrutura hierárquica do poder judiciário estabelecida na CF. 
O fato de existir um princípio não impede que exista outro. A ideia da ponderação existe: deve-se sopesar os princípios. Então, há a possibilidade de mitigação dos princípios, inclusive do princípio do duplo grau de jurisdição. O próprio CPC determina que algumas decisões judiciais são irrecorríveis. 
O STF entende que a mitigação do princípio do duplo grau de jurisdição é constitucional, de modo que ele deve ser ponderado com outras questões. Ex.: Art. 5º, LXXVIII: princípio da duração razoável do processo quanto menos recursos, mais rápido será o processo.
Assim, o duplo grau é um princípio implícito, constitucional, podendo ser mitigado.
No Brasil, o sistema vigente é o presidencialista unitário: o juiz, em primeiro grau, julga sozinho, e no tribunal, o julgamento é colegiado (normalmente 3 julgadores). Isso é diferente da França, em que predomina a Colegialidade. 
A Lei 9.756/1998 alterou o art. 557, CPC, que passou a permitir que, em alguns casos excepcionais, o recurso pode ser julgado monocraticamente, visando à celeridade processual. Porém, como a colegialidade é ínsita ao duplo grau, alguns dizem que a lei 9.756 ofende o princípio do duplo grau de jurisdição, sendo, portanto, inconstitucional. Mas, como a lei está aqui até hoje, esse argumento foi refutado, sob a justificativa da ponderação. 
	O duplo grau se liga a uma segunda análise, sendo por uma ou mais pessoas. O princípio da colegialidade, então, é importante, mas não é indispensável. Ex.:se naquela matéria já houver súmula do STJ, o relator não precisa chamar a turma para julgar, podendo julgar sozinho, por ter um precedente forte. 
	Obs.: Decisão monocrática é aquela tomada por apenas um julgador, pelo relator. Lembrando que a turma é formada pelo relator, revisor e vogal.
 
O professor Nelson Nery Junior defende que o princípio do duplo grau é uma “garantia fundamental de boa justiça”, pois elimina as arbitrariedades.
b) Taxatividade
· Previsão em Lei Federal (art. 22, I, CF)
· A CF prevê alguns recursos. Ex: art. 102, III, CF
· Lei estadual / distrital / municipal
· Atos Infralegais
· Vontade das Partes
· Art. 496, CPC (rol não exclusivo)
O principio da taxatividade diz que os recursos possuem rol taxativo, a ser discriminado em leis federais. 
Segundo o art. 496, CPC, são cabíveis os seguintes recursos:
· Apelação;
· Agravo;
· Embargos infringentes;
· Embargos de declaração;
· Recurso ordinário;
· Recurso especial;
· Recurso extraordinário;
· Embargos de divergência
O art. 496 foi criado junto com o CPC, tendo o legislador inserido outros recursos sem mexer neste artigo. O rol é taxativo, mas não é taxativo no art. 496, mas sim nas leis federais. Para saber quais são os recursos cabíveis, deve-se analisar as demais leis federais, e não somente o CPC. Ex.: Lei 6.830/80, art. 34 - Embargos Infringentes; o art. 496, CPC prevê embargos infringentes, mas são diferentes. 
O art. 22, I, CF impõe que compete à União legislar sobre direito processual. Somente as leis federais, pois, podem criar, modificar ou extinguir recursos. Leis estadual, municipal ou distrital não podem legislar sobre recursos. Se uma lei não pode, por maior razão atos infralegais também não podem.
Existem recursos que estão previstos na CF, como o art. 102, III. 
A vontade das partes também não pode criar, modificar ou extinguir recursos, apenas a lei. As partes podem convencionar a suspensão do processo por 6 meses, contanto que não se trate de direitos indisponíveis. Esse é um exemplo da importância das partes; a lei dá-lhes essa possibilidade. 
Por conta do Princípio da Taxatividade, apenas lei federal pode regulamentar o recurso. As partes, porém, podem abrir mão do prazo do recurso, ou seja, podem não recorrer. Não podem, contudo, aumentar o prazo legal.
c) Singularidade
· Para cada decisão um recurso cabível
· Unidade ou Unirrecorribilidade
· Ligação com o Cabimento
·Exceções: RE/Resp (s. 126/STJ)
· EDcl não são considerados nesse princípio
	O princípio da singularidade é chamado também de princípio da unicidade ou da unirrecorribilidade.
	De acordo com esse princípio, para cada decisão recorrível, há apenas um e somente um recurso cabível. Inicialmente se identifica qual é a decisão judicial, para posteriormente verificar qual o recurso cabível. Apenas um recurso é capaz de impugnar uma decisão. 	Deve-se olhar o rol taxativo de recursos previstos na lei federal e ver qual deles se encaixa no caso concreto. 
	Então, a singularidade está ligada à admissibilidade do recurso. Se for para entrar com o recurso A e a parte entra com o B, em regra ele não será cabível. 	 
	Existe uma exceção: é possível a interposição simultânea de Recurso Especial (Resp) e Recurso Extraordinário (RE).
Súmula 126 do STJ: “É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê‑lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.”
	Os embargos de declaração (EDcl) não são considerados nesse princípio. Os EDcl servem para esclarecer ou integrar a decisão. Eles são um recurso sui generis, e, por isso, não entram nessa regra. Podem ser interpostos junto ou não com outro recurso. 
d) Consumação
· Ligação com a preclusão
· Rigor recursal
· Impossibilidade de:	- completar
 	- modificar
 	- ratificar
· Garantia mais alta a instância, maior rigor.
	O princípio da consumação também é chamado de princípio da absorção. 
	O princípio da consumação tem ligação com a preclusão. Sabe-se que a preclusão é a perda da faculdade de se praticar um ato. A coisa julgada formal gera preclusão máxima. O fundamento da preclusão é permitir que o processo caminhe, evitando atrasos, retrocessos.
	A preclusão pode ser de 3 tipos: temporal, consumativa ou lógica.
- Preclusão temporal: ocorre quando há a perda do prazo para se praticar o ato.
- Preclusão lógica: ocorre quando a parte pratica um ato (omissivo ou comissivo) incompatível com a prática de outro. Isso em respeito ao princípio da lealdade e da boa-fé (art. 14, II, CPC), assim como ao venire contra factum proprium. Ex.: paga a condenação, e depois entra com recurso.
- Preclusão consumativa: ocorre quando a parte pratica um ato que, uma vez consumado, impossibilita a prática de outro que vise a modificar, extinguir ou retificar aquele ato praticado anteriormente.
	A preclusão é rigorosa em grau de recurso. Em primeiro grau pode-se emendar a petição inicial, por exemplo. Em grau de recurso, a preclusão é rígida e é tão mais rígida quanto maior a hierarquia. A preclusão consumativa, ligada ao princípio da consumação, vale tanto para o recorrente, quanto para o recorrido. Não se pode, por exemplo, completar as razões ou contarrazões de um recurso. 
	Obs.: Há uma corrente minoritária, defendida por Barbosa Moreira, que admite a possibilidade de se completar, modificar, ou ratificar o recurso dentro do prazo. 
e) Princípio da Proibição da reformatio in pejus 
	Significa proibição da reforma para pior, ou seja, o recurso não pode piorar a situação daquele que recorreu. Se a decisão do recurso pudesse ser para pior, provavelmente o recorrente não teria interesse em recorrer. 
	Esse princípio não está expresso, mas está ligado ao duplo grau de jurisdição, pois, caso esse princípio não existisse, haveria uma mitigação indevida do duplo grau. 
	
	A reforma da decisão para melhor é a outra face da moeda; chama-se reformatio 
in mellius, que também é vedada pelo ordenamento. Assim, não pode o órgão ad quem, ao julgar o recurso, melhorar a situação do recorrente além do que foi pedido por este, sob pena de proferir decisão ultra ou extra petita.
	
	Exemplos:
A) Parte contrária não recorre: o sujeito que recorreu sai com a mesma situação ou melhorada (tendo como limite seu pedido, para evitar a reformatio in mellius). 
B) Parte contrária também recorre: o Tribunal pode dar qualquer decisão entre nada ou o limite do pedido. Isso não configura reformatio in pejus porque esta só ocorre no âmbito de um dos recursos. Isso é efeito natural do provimento do recurso da parte contrária. 
C) Parte contrária recorre também, mas diminuindo o valor apenas: a parte autora quer aumentar de 5 para 8 o valor da condenação. A parte ré quer diminuir de 5 para 3. O Tribunal decide por 2. É uma decisão reformatio in pejus ou in mellius, dependendo da parte analisada.
	As matérias de ordem pública não respeitam o princípio da proibição da reformatio in pejus. 
	O tribunal pode verificar de ofício a existência de matérias de ordem pública, sobre as quais não é necessário que a parte faça o pedido para que sejam reconhecidas, como, por exemplo, a prescrição e a decadência, que, se reconhecidas, geram sentença de mérito.
	Ex.: em sede de recurso, o tribunal percebe que ocorreu decadência, até então não notada pelo juiz e pelo réu. Nesse caso, não opera a preclusão para o judiciário. O Tribunal, então, vai conhecer essa matéria de ofício e, se verificar que realmente ocorreu a decadência, julga improcedente o pedido por força do art. 269, IV, CPC, pedido tal que fora julgado parcialmente procedente em primeiro grau. Então, o sujeito tinha pedido 10, ganhado 5, e acabou sem nada, porque as matérias de ordem pública são mais importantes do que o efeito devolutivo, e, por isso, não sofrem a incidência da reformatio in pejus.
	Mas a doutrina traz 2 argumentos sobre a incidência do princípio da reformatio in pejus sobre matérias de ordem pública:
- 1º argumento: o direito italiano diferencia “conhecer de ofício” e “decidir de ofício”. 		Conhecer de ofício significa que o judiciário deve conhecer da matéria até então não levantada. Já decidir de oficio, sem observar o contraditório e a ampla defesa, é proibido.
	No exemplo dado: o tribunal verifica que não foi enfrentada a questão da decadência em 1º grau, que aparenta estar presente. O tribunal, então, intima as partes para apresentarem sua posição sobre a questão. Aqui se respeita os princípios do contraditório e da ampla defesa. É o procedimento correto que se deve adotar.
	Já no caso de decidir de ofício o tribunal surpreende as partes, é o chamado “Julgamento Surpresa”, que viola o contraditório prévio.
	Obs.: O projeto do novo CPC prevê exatamente que nenhuma questão pode ser julgada pelo juiz sem antes ser ouvidas as partes, sob pena de nulidade.
	Obs.: CPC, art. 301 – traz matérias de ordem pública; logo, deve o juiz conhecê-las de ofício, exceto o compromisso arbitral (§4º).
- 2º argumento: Fredie Didier defende que, mesmo para as matérias de ordem pública, dever-se-ia respeitar os limites do pedido. 
	Ex.: o autor entrou com 5, pediu para aumentar para 8. Embora tenha direito a 8, ele não pode ganhar isso porque operou a decadência. Entretanto, não pode ganhar 0, pois isso violaria o princípio da proibição da reformatio in pejus. 
	Então, para Didier, mesmo as matérias de ordem pública devem respeitar o princípio da proibição da reformatio in pejus. Essa concepção é minoritária.
	Segundo Luiz Guilherme Marinoni: 
f) Princípio da Fungibilidade
	
	Fungível é aquilo que pode ser trocado por outro sem qualquer prejuízo.
- princípio da instrumentalidade das formas (art. 244, CPC) 
- zona cinzenta
- boa-fé processual (art. 14, II, CPC)
	Segundo o princípio da instrumentalidade das formas, previsto no art. 244, CPC, não se deve descartar o ato processual eivado de vícios sanáveis. Deve-se salvar o máximo possível do ato. Deve-se deixar de lado o formalismo vazio, para tentar buscar o mérito.
	O professor Carlos Alberto Alvaro de Oliveira (UFRS) diferencia o “formalismo valorativo” do “formalismo excessivo”. Para ele, o formalismo já é algo que não nos agrada, mas existem formalismos importantes. 
	O processo, assim, possui regras que têm fundamento. Ex.: o autor entra com a petição inicial, depois o réu deve ser citado. Issoé uma regra, um formalismo que tem razão de ser, possui valor, é um formalismo valorativo. Mas também possui regras que não têm fundamento, que estão na lei por força de entendimentos jurisprudenciais sem sentido. Ex.: o STJ diz que não pode preencher a guia para pagamento das custas com caneta, tem que ser por computador - formalismo excessivo.
	 Sabe-se que, para cada decisão, existe apenas um recurso cabível (princípio da singularidade). Mas há o que a doutrina chama de “zona cinzenta”, dúvida objetiva, ou seja, não se tem claro qual é a hipótese de recurso para aquela decisão judicial. É aquele caso que ainda não se fixou de forma pacífica qual o recurso no caso concreto. Isso acontece devido a mudanças na lei, também porque, embora exista a lei, a questão ainda não foi enfrentada. 
	A dúvida objetiva é, por natureza, temporária, em algum momento a questão será pacificada. Todavia, durante o período de instabilidade, não é razoável exigir do recorrente um único recurso cabível, uma vez que nem a jurisprudência nem a doutrina sabem qual é. Mas isso não significa que existam dois recursos. Cabe apenas um, mas não se sabe ainda qual é. Ou é A ou é B, ainda não se sabe qual é naquele instante.
	Assim, no caso de dúvida objetiva, aplica-se o princípio da fungibilidade: devem ser aceitos todos os recursos para os quais ainda não há uma definição certa sobre qual decisão eles são cabíveis. Esses recursos serão aceitos (fungibilidade) até que se tenha uma definição de qual é o recurso certo para aquela decisão. O Juiz aproveita o ato processual e dá prosseguimento ao julgamento (instrumentalidade das formas) mesmo ele achando que é o B, e o recorrente entrando com o A.
- requisitos: 
a) dúvida objetiva
b) inexistência de erro grosseiro
c) boa-fé
d) prazo menor
	Para a aplicação do princípio da fungibilidade quanto a um recurso, devem-se preencher cumulativamente todos os requisitos acima. Vejamos:
 
1º) dúvida objetiva – não se confunde com dúvida subjetiva, que é aquela que está na cabeça do requerente. A dúvida subjetiva não gera a aplicação do princípio da fungibilidade. Geralmente, ela está ligada ao erro grosseiro. A dúvida objetiva decorre do sistema. 
2º) não existir erro grosseiro
	Ex.: há um pronunciamento do juiz (sentença ou decisão interlocutória) e uma das partes entra com Embargos de Divergência (recurso só cabível no STF e STJ). É um erro grosseiro.
	Ex.: há dúvida objetiva entre o recurso A e B e a parte entra com o C. Também é um erro grosseiro.
3º) boa fé
	Para evitar que alguém se aproveite da lacuna do sistema (dúvida objetiva) de má-fé, tem-se como requisito a boa-fé.
	Como é dificil aferir a boa-fé, tem-se outro requisito: o prazo menor.
4º) prazo menor
	Se existe uma dúvida objetiva entre 2 recursos, o recorrente deve interpor o recurso (A ou B) observando o prazo menor dentre os recursos possíveis. Desta maneira, o recorrente demonstra que poderia ter escolhido qualquer dos recursos cabíveis.
	Obs.: Nelson Nery entende que não é razoável exigir a questão do prazo menor. Para ele, são requisitos apenas a dúvida objetiva e a inexistência de erro grosseiro. É uma corrente minoritária. 
Ex.: Edcl ou Ag. Interno contra decisão monocrática omissa.
	O CPC determina que:
· Contra decisão monocrática cabe Agravo Interno (557, §1º)
· Contra decisão omissa cabe Embargos de Declaração (535, II)
	E se houver uma decisão monocrática omissa? O STF diz que o recurso cabível é o Ag. Interno. Por outro lado, a maioria do STJ entende que o caso é de EDcl.
	Nota-se aqui um caso de dúvida objetiva, cabendo tanto um quanto outro recurso, até que se solidifique o entendimento. Nesse sentido, o autor, demonstrando que seu caso encaixa-se nessa situação, pode entrar com Ag. Interno, e o tribunal, se achar que o certo era EDcl, vai converter para este (ou vice-versa). 
	É aconselhável que se peça a fungibilidade, pois, talvez, o juiz não enxerga que é caso de dúvida objetiva. Porém, se o autor não pedir, o Tribunal, por ser questão do sistema, pode reconhecer de ofício.
	Obs.: decisão monocrática é aquela dada por um único desembargador ou ministro no tribunal (relator).
	 
g) Princípio da Irrecorribilidade em separado das interlocutórias.
	
- “em separado”: que gera a suspensão do processo
- medida de efetividade
- agravos sem efeito suspensivo
	ope legis (ex: art. 558)
	Decisões interlocutórias são aquelas em que o juiz não resolve o processo, apenas decide sobre questões incidentais. Ex: (in)defere uma liminar, designa uma perícia, etc.. Essas decisões, via de regra, são recorríveis.
	Embora sejam recorríveis, as decisões interlocutórias estão sujeitas ao princípio da irrecorribilidade em separado, ou seja, o recurso NÃO gera a suspensão do processo. 
	Até 1994, valia o princípio da recorribilidade em separado, ou seja, o recurso de uma interlocutória gerava a suspensão do processo. Entretanto, como as partes utilizavam-se dessa regra para atrasar o processo, tendo em vista que toda decisão interlocutória admite recurso e no processo o juiz profere inúmeras delas, o legislador adotou o princípio da irrecorribilidade ou não recorribilidade em separado para as interlocutórias. 
	O princípio da irrecorribilidade em separado (não suspensão do processo) gera efetividade, celeridade.
	
	O efeito suspensivo pode ser ope legis (por força de lei) ou ope judics (por decisão judicial). Antes de 1994, no caso das decisões interlocutórias, o efeito suspensivo era ope legis. Hoje, porém, o efeito é ope judics, ou seja, o juiz deve analisar no caso concreto se é caso de efeito suspensivo.
	Em regra, portanto, o agravo não tem efeito suspensivo; porém, o juiz, no caso concreto, pode determinar a necessidade de suspensão do processo (efeito suspensivo ope judics).
5) Classificação
	Existem inúmeras maneiras de classificação dos recursos. O professor escolheu 4 classificações.
5.1) Quanto ao índice de recorribilidade
	
· Total 
· Parcial (art. 515, caput)
	Ex: o autor entra com pedido de danos morais, materiais (R$50 mil) e lucros cessantes. O juiz indefere os danos morais e os lucros cessantes, e defere os danos materiais (R$30 mil). O autor, inconformado, recorre.
	Ele pode recorrer dos danos materiais, dos danos morais e dos lucros cessantes. Nesse caso o recurso é total, pois recorreu de todos os pedidos que ele fez.
	Mas se o autor recorrer apenas dos danos morais e dos lucros cessantes, estando conformado com o valor de danos materiais, nesse caso, o recurso será parcial, pois ele não recorreu de todos os pedidos.
Obs.: relação com o efeito devolutivo e a capacidade recursal
	Para definir se um recurso é total ou parcial, não basta analisar somente a decisão judicial, é preciso olhar também a capacidade do recurso. 
	Ex. acima: o acórdão (decisão colegiada de 2º grau) nega o direito material e os danos morais por votação unânime, e também nega os lucros cessantes, mas não por votação unânime, mas por votação por maioria (2x1).
	Sabe-se que o recurso Embargos infringentes só tem capacidade de recorrer quanto à parte não unanime do acórdão. 
	Sendo assim, caso a parte interponha embargos infringentes quanto aos lucros cessantes, o recurso será total, porque ele impugna tudo que ele pode (a parte não unânime; os demais pedidos serão atacados por outro recurso).
5.2) Quanto à fundamentação
· Livre – ex.: Apel
· Restrito / vinculado – ex.: REsp 
	No recurso de fundamentação livre, qualquer argumento pode ser utilizado. Ex: apelação - os contornos da argumentação são amplos.
	No recurso de fundamentação restrita, a lei e/ou a CF colocam limitações quanto à fundamentação. Ex.: REsp - só pode ser alegado aquilo que está na CF (art. 105, III, CF). Se alegar qualquer coisa fora do escrito lá, o julgador não admitirá o recurso, ou poderá reconhecer parcialmente.
5.3) Quanto ao objeto tutelado
· Ordinário 
· Excepcional / extraordinário
	A expressão “ordinário” tem ligação com a expressão ordem, comum; logo, extraordinário é aquilo que está fora da ordem, do comum.
	Recurso ordinário é aqueledo dia a dia, comum. Os recursos ordinários são aqueles que permitem a revisão dos fatos e do direito, podendo impugnar livremente tanto matérias fáticas quanto jurídicas. São as vias ordinárias (1º grau – juiz de direito e 2º grau – tribunal) que julgam os recursos ordinários. 
	Além das vias ordinárias, há as vias extraordinárias, que compreendem o STF e o STJ. Eles julgam os recursos extraordinários.
	São recursos extraordinários o “recurso extraordinário” (RE – 102, III, CF), o “recursos especial” (REsp – 105, III, CF) e os “embargos de divergência” (EDiv - 546, CPC). Nesses recursos não se discute matéria fática (súmula 7 do STJ), mas apenas o direito objetivo: no STJ, as leis federais; e no STF, a CF.
Súmula 7 do STJ: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial”.
	Obs.: alguns entendem que a classificação quanto ao objeto tutelado não é valida, como Barbosa Moreira. Para ele, o recurso extraordinário é aquele que está fora da ordem, ou seja, fora do sistema e, portanto, não seria admissível, pois todos os recursos estão previstos no sistema.
5.4) Quanto à forma de interposição
· Principal ou independente
· Adesivo (art. 500)
	A primeira oração do art. 500 traz o recurso principal; o restante, o recurso adesivo. Vejamos:
Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as exigências legais (Recurso principal). Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder;
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto.
Parágrafo único - Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.
	Digamos que, embora tenha seu pedido julgado parcialmente procedente, o autor está satisfeito com a decisão judicial, por isso não recorre, e espera que a parte ré não recorra e que ocorra o trânsito em julgado da sentença. Mas, se a parte contrária recorrer, o autor será intimado para responder o recurso, e, já que houve o recurso da parte ré, o autor pode recorrer adesivamente. 
	O recurso adesivo é feito num segundo momento: depois que acabou o prazo do recurso principal, a parte pode, se desejar, além de apresentar as contrarrazões, entrar com o recurso adesivo.
	O autor não queria recorrer, mas só o fez porque a outra parte recorreu. Este será o recurso principal, ao qual estará ligado o recurso adesivo (só será julgado depois do recurso principal). 
	O recurso adesivo segue a lógica do “acessório segue o principal”, determinando a lei que ele fica “subordinado” ao recurso principal. O recurso adesivo, portanto, depende do recurso principal. Se o recurso principal não for admitido (ex.: não pagamento de custas), o recurso adesivo ficará prejudicado. 
	Podemos, então, dizer que o recurso adesivo apresenta como vantagem o maior prazo para recorrer, e como desvantagem a acessoriedade.
	Aconselha-se a parte que desejar recorrer a não se valer do recurso adesivo, mas sim do principal. Ela só deve fazer o adesivo quando não queria recorrer, mas, como a parte contrária recorreu, ela aproveita e o faz, porém adesivamente.
	Obs.: Barbosa Moreira fala que o recurso adesivo é um “contra-estímulo ao direito de recorrer”.
Art. 500, I – será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder.
	O prazo para recurso corre de forma comum para as partes. O mesmo primeiro dia de prazo para o autor é o mesmo primeiro dia para o réu. Como os prazos correm de forma simultânea, não há como saber se a outra parte vai ou não recorrer; por isso o legislador criou o recurso adesivo. O sujeito não quer recorrer e espera: se a outra parte não recorrer, ocorrerá o trânsito em julgado; mas, se a parte contrária recorrer, ele entra com o recurso adesivo. 
	O recurso adesivo é apresentado junto com as contrarrazões, mas em peças separadas. Apresentam-se duas petições: uma são as contrarrazões ao recurso da outra parte, e outra é o recurso adesivo. São coisas diferentes, mas ajuizadas juntas, pois o prazo para o recurso adesivo é o mesmo das contrarrazões. A ausência de um impõe a preclusão consumativa do outro. A parte tem 15 dias para apresentar as contrarrazões, possuindo igual prazo para apresentar o recurso adesivo. Digamos que no 5º dia a parte apresente as contrarrazões, ela não poderá apresentar depois o recurso adesivo, pois operou a preclusão consumativa.
	Essa regra, no entanto, não vale para algumas pessoas no processo que têm privilégios, como prazos diferenciados. Por ex, a Fazenda Pública e o MP possuem prazo em dobro para recorrer (art. 188, CPC). O prazo diferenciado é apenas para o ato de interposição de recurso. O ato de responder o recurso (contrarrazões) não é contado em dobro. Logo, nesse caso, a jurisprudência entende que não é necessário fazer a interposição de recurso cumulado com as contrarrazões. É possível fazer somente as contrarrazões e depois apresentar o recurso adesivo.
	Atenção! A fazenda pública e o MP possuem prazo em dobro apenas para recorrer. Não é para apresentar as contrarrazões.
Requisitos:
a) Previsão legal (art. 500, II)
b) Sucumbência recíproca
c) Observância dos mesmos requisitos do principal
d) Inexistência, pelo aderente, de recurso principal
a) Previsão legal 
	Não são todas as hipóteses recursais que admitem o recurso adesivo. Apenas alguns o admitem:
Art. 500, II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial;
	Além desses recursos expressos no CPC, a jurisprudência do STJ admite a interposição de recurso adesivo também na hipótese do Recurso Ordinário (RO) do art. 539, II, “b”, CPC. 
Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário:
(...)
II – pelo Superior Tribunal de Justiça:
(...)
b) as causas em que forem partes, de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
	Portanto, são 5 as hipóteses de recursos que admitem o recurso adesivo.
b) Sucumbência recíproca
	Vicente Greco Filho diz que a sucumbência é “a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi obtido”. 
	Ex.1: o autor queria 10, obteve 8, enquanto a parte ré não queria nada e teve que pagar os 8. As 2 partes sucumbiram (sucumbência recíproca); logo, se uma das partes recorrer, a outra parte pode recorrer adesivamente.
	Ex. 2: o autor queria 10 e obteve 0; já o réu não queria pagar nada, obtendo o que queria. Nesse caso, apenas o autor sucumbiu.
	A ideia de sucumbência recíproca é ínsita à ideia do recurso adesivo. Isso porque constitui uma das condições de admissibilidade do recurso o interesse de agir, e, como a parte não sucumbiu, ela não possui tal interesse. Portanto, se uma das partes não sucumbir, não há motivo para recorrer adesivamente.
	
Art. 500, caput – “...sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte...”
	Quando fala em vencidoS, quer dizer que ambos devem sucumbir.
c) Observância dos mesmos requisitos do principal
	Se o recorrente principal usou o Recurso A, a outra parte tem que usar o mesmo Recurso A. É como se fosse um espelho. Ambos têm os mesmos requisitos.
	Assim, por exemplo, se um tiver que pagar 300 reais de custas, o outro tem que pagar também 300, exceto certas particularidades, como o caso da Fazenda Pública, que não precisa pagar custas no ato da interposição (somente no final do processo).
	Se o prazo do recurso principal são 15 dias, também serão de 15 dias o prazo para o recurso adesivo.
d) Inexistênciapelo aderente de recurso principal
	Ambas as partes recorrem no prazo principal. Intimam-se as partes para responderem o recurso alheio. A mesma parte não pode, no entanto, fazer recurso principal e depois adesivo (Princípio da Consumação). Quando se recorre de forma principal e independente, ‘acaba’ seu direito de recorrer, não tendo direito ao recurso adesivo. 
	Obs.: alguns chamam o recurso adesivo de recurso condicionado ou subordinado. Isso porque ele está subordinado ao juízo de admissibilidade do recurso principal. 
Atenção! O recurso adesivo não está subordinado ao juízo de mérito do recurso principal. Isso não faria sentido!
	
6) Juízo de Admissibilidade (JA) e Juízo de Mérito (JM) recursais
	Existe uma diferenciação entre a admissibilidade e o mérito do recurso.
	
Juízo de Admissibilidade:
· Em regra, matéria de ordem pública (obs.: 526, p. ú)
· Prévio e indispensável ao JM
· Em regra, dúplice
· O 1º JA não vincula o 2º JA
· Positivo: implícito e/ou sem motivação, salvo para RE e REsp
· Negativo: sempre explícito e motivado, pois é recorrível
· Admissão / conhecimento / seguimento
· Natureza declaratória com eficácia ex nunc
Obs.: a tempestividade, a boa-fé e a Súmula 401/STJ
	
	A tarefa do processualista é não deixar que os problemas da admissibilidade atrapalhem o mérito, que é tarefa do direito material.
	Ex.: a parte tem um direito líquido e certo, mas perde o prazo para pedi-lo. Embora tenha faticamente o direito, juridicamente está impossibilitada porque ocorreu a preclusão temporal.
 (
JM
)
 (
2º JA
)Analogia: 
 (
Juízo 
ad quem
)	
 (
1º JA
)
 (
Juízo 
a quo
)
	
	O juízo de admissibilidade feito em grau recursal, em regra, é dúplice, ou seja, ele é feito num 1º momento e depois é refeito. Para poder analisar a admissibilidade do recurso, é preciso ser feito o juízo a quo e o juizo ad quem. 
	O juízo a quo é o juízo recorrido, é contra quem o recorrente entrou com o recurso. Na maioria dos casos, é o juiz de 1º grau o competente para fazer o 1º juízo de admissibilidade. Somente depois disso é que o recurso vai para o juízo ad quem.
	No juízo ad quem é refeito o juízo de admissibilidade. Não há vinculação entre os 2 juízos. 
	Obs.: Existem recursos que só possuem um juízo de admissibilidade. Há outros que possuem 4. Mas a regra são 2.
	Por que é necessário fazer 2 juízos de admissibilidade? Ex.: dada uma sentença, a parte tem até o dia 10 para recorrer. Só que ela oferece o recurso no dia 15. Intempestividade. No dia 10 a sentença faz coisa julgada. Esta é garantia fundamental – art. 5º, XXXVI. Pode acontecer de o juiz de 1º grau não atentar para o fato da intempestividade, por isso colocou-se mais um juízo de admissibilidade.
	Os requisitos de admissibilidade do recurso estão relacionados, em regra, à matéria de ordem pública, que é aquela que não precisa ser alegada pela parte contrária. Assim, cabe ao juiz conhecê-la de ofício.
	Exceção: existe apenas um requisito de admissibilidade do agravo de instrumento que não é matéria de ordem pública (526, p. ú). Logo, o juiz não é obrigado a analisá-lo se a parte não falar nada.
	Atenção! O juízo de admissibilidade é prévio e indispensável ao juízo de mérito.
	O juízo de admissibilidade pode ser positivo ou negativo. Será positivo quando o recurso for aceito; será negativo quando for negado.
- Juízo de admissibilidade positivo: para a jurisprudência, se o recurso for admitido, não há necessidade de a decisão judicial ser motivada. O juiz sequer precisa se expressar. Isso é comum no 2º juízo de admissibilidade, o tribunal já começa analisando o juízo de mérito.
	Qual a razão de se permitir isso? É uma razão prática, pois a decisão que admite recurso é irrecorrível. Logo a jurisprudência entendeu que não precisa motivar. Mas o professor deixa um questionamento: a CF determina, no seu art. 93, que todas as decisões judiciais devem ser motivadas. Ele questiona que não está escrito “todas as decisões recorríveis...”. 
	Capelleti diz que o juiz se legitima através da motivação, trazendo à sociedade e às partes o argumento que fundamentou sua decisão. O professor questiona até que ponto é legítima uma decisão não motivada, ainda que seja irrecorrível. Ele acrescenta ainda que a fundamentação tem que ser analítica (destrinchando tudo) e não sintética (do tipo “atendidos os requesitos de admissibilidade, encaminho os autos....”).
	
- Juízo de admissibilidade negativo: se o requisito de admissibilidade for negativo, ou seja, se o recurso for negado, ele tem que ser motivado, pois a decisão será recorrível.
	Alguns termos próprios indicam que o juiz está fazendo o juízo de admissibilidade e o juízo de mérito. Quando está analisando o juízo de admissibilidade, ele usa “admissão”, “conhecimento”, “seguimento”. No caso de juízo de mérito, o juiz usa a expressão “provimento” (o recurso foi provido, desprovido, improvido). 
	Obs.: a expressão “procedente” é típica de juízo de 1º grau, e no 2º grau é usado “provimento”. Mas há acórdãos que colocam “procedente”.
- Quais são a natureza e a eficácia do juízo de admissibilidade?
	Quanto à natureza, a doutrina majoritária entende que o juízo de admissibilidade é declaratório, ou seja, é uma decisão que declara a admissibilidade, a qual já existia desde a interposição do recurso.
	O problema é a eficácia dessa decisão. Para todos os requisitos de admissibilidade, exceto em caso de tempestividade, é pacífico que o efeito será ex nunc (ou seja, não retroage). 
	Obs.: Ação rescisória: tem o prazo de 2 anos a partir do trânsito em julgado.
	Se a eficácia for ex nunc, o prazo para a interposição da ação rescisória começa a contar no dia do trânsito em julgado da decisão que inadmitiu o recurso. 
	Se a eficácia for ex tunc, haverá uma insegurança jurídica. Imagine o caso de uma decisão inadmitir o recurso depois de 2 anos. Assim, não caberia ação rescisória, pois a interposição do recurso já se deu há mais de 2 anos. 
	Ex.1: a parte interpõe recurso em março de 2012. Em fevereiro de 2013, o juiz inadmite o recurso, ocorrendo o trânsito em julgado da sua decisão. O art. 495, CPC diz que cabe ação rescisória no prazo de 2 anos, a contar do trânsito em julgado da decisão judicial. Se a eficácia da decisão judicial for ex tunc, o recorrente poderia entrar com ação rescisória até março de 2014. Se a eficácia for ex nunc, cabe ação rescisória até fevereiro de 2015.
	Ex.2: imagine o mesmo caso, só que agora a decisão saia em fevereiro de 2015. Nesta hipótese, já o prazo para que a parte ajuizasse uma ação rescisória teria encerrado.
	Por isso, a jurisprudência adotou o entendimento de que o efeito da decisão judicial que julga a admissibilidade do recurso é, em regra, ex nunc.
	Não obstante, existe a polêmica acerca da tempestividade. O STJ entendia que todos os requisitos de admissibilidade eram ex nunc, exceto a tempestividade. O problema é que isso gerava insegurança jurídica. Em virtude disso, o STJ adotou novo posicionamento, conforme a súmula 401:
Súmula 401 / STJ – “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”
	O STJ criou uma ficção jurídica para dar segurança jurídica. Assim, a decisão que declarar intempestivo o recurso tem eficácia ex nunc. 
	Ex.: em março há a interposição do recurso de apelação. O juiz inadmite o recurso em abril, interpondo Ag. Instrumento, inadmitido, cabendo Ag. Interno, embargos de declaração, cabendo REsp, etc.. Digamos que isso demore 10 anos. A ação rescisória caberá dentro de 2 anos a partir do final dos 10 anos.
	
	A súmula 401, entretanto, não fala de 2 exceções: a boa-fé e o erro grosseiro. Se for verificado que o recurso está sendo utilizado de má-fé ou que contém um erro grosseiro, o efeito não será ex nunc, mas sim ex tunc. 
Recordando: 
· Juízo a quo – juízo contra o qual se está recorrendo. O juízo a quo, via de regra, é o competente para realizar o 1º juízo de admissibilidade.
· Juízo ad quem – é o juízo de destino. É quem vai analisar o mérito do recurso. Éo responsável por fazer o 2º juízo de admissibilidade e também o juízo de mérito. Ex.: apelação – o juízo a quo é o juiz de 1º grau, e o juízo ad quem é o Tribunal (2º grau).
Juízo de Mérito:
· Análise e enfrentamento do pedido recursal
· Reforma, invalidação, esclarecimento, integração
· JM recursal # JM de causa
· Motivado e explícito
· Visa a corrigir:
- error in judicando
- error in procedendo
· Vício:
	- dentro da decisão
	- fora da decisão, mas com reflexo nela
· JM recursal # JM ação
· realizado pelo juízo ad quem
	O juízo de mérito serve para sanar o vício que eventualmente existe na decisão judicial. Esse erro pode ser um erro de procedimento ou erro de julgamento.
	
- Error in procedendo – é aquele que dá ensejo a uma invalidação, cassação ou anulação da decisão judicial; normalmente está ligado a questões processuais; o tribunal não pode dar um provimento, ele deve devolver os autos ao juízo a quo para proferir nova decisão.
	Ex.: o autor, por equívoco, só pediu a citação de um réu num processo que era caso de litisconsórcio passivo necessário. O juiz dá procedente o pedido do autor. Aquele que não foi citado entra com apelação. A lei diz que, nesse caso, a sentença vai ser anulada. É um caso de erro in procedendo. O tribunal não pode dar uma sentença de mérito, pois o réu não citado não contestou, não apresentou provas, etc.. Da mesma forma, não pode o tribunal determinar a improcedência do pedido para o autor, julgando o juízo de mérito. Nesse caso, o erro não está dentro da sentença (é externo, mas com reflexos nela).
	
- Error in judicando – é aquele erro relacionado ao julgamento do mérito da causa. 
	Ex.: o autor pediu danos materiais e morais, mas o juiz não analisou os danos morais. Trata-se de um erro de julgamento.
	Os erros de procedimento e de julgamento podem aparecer dentro ou fora da sentença de mérito. 
	Em geral, o erro de procedimento gera anulação da sentença, enquanto o de julgamento leva a reforma (efeito substitutivo – o tribunal retira a sentença inquinada e coloca outra no lugar). Ex.: o juiz de 1º grau diz que o autor não tem direito a danos morais; o tribunal vem e dá outra decisão, concedendo os danos morais.
	Juízo de mérito recursal não se confunde com juízo de mérito da ação. Eles podem coincidir, mas não necessariamente são iguais.
	Ex. 1: mulher que não foi citada. No recurso, a mulher alega que este deve ser provido porque ela não foi citada e a lei, neste caso, determina a anulação da sentença. O mérito do recurso é reconhecer que não houve citação. Já o mérito da ação é outro, como, por ex, uma revisão contratual.
	Ex. 2: 3 réus (João, Pedro e Maria). O juiz diz que João não é parte legítima. Pedro e Maria tem que pagar a Manoel. Este recorre contra João, para considerá-lo legítimo. O mérito da causa é pagar o valor da causa. Já o mérito do recurso é considerar João como parte legítima. 
	O mérito recursal varia de recurso para recurso.
	Ex.3: o autor - sócio minoritário - entra com pedido de antecipação de tutela para suspensão de determinada assembleia, sob a alegação de que ele não foi formalmente informado do seu conteúdo, que era para deliberar sobre sua exclusão. O juiz indefere o pedido. O autor entra com agravo. O mérito do recurso é reformar a decisão judicial que indefere a liminar.
	Existem recursos em que o juízo a quo realiza o juízo de admissibilidade e também o juízo de mérito (ex.: EDcl). Mas a regra é que o juízo de mérito é realizado pelo juízo ad quem.
	O mérito, em regra, está ligado ao direito material. Para chegar ao mérito, é preciso passar pelos requisitos de admissibilidade. 
7) Requisitos de admissibilidade do recurso
· Genéricos – são aqueles comuns a quase todas as espécies recursais. Ex.: prazo (tempestividade). Todo recurso tem o requisito do prazo.
· Específicos – são aqueles que só estão presentes em determinado recurso. Ex.: repercussão geral é requisito específico do RE.
	Outra classificação (JCBM):
· Intrínsecos – são aqueles requisitos que dizem respeito ao próprio direito de recorrer. Ex.: legitimidade, interesse em recorrer. 
· Extrínsecos – estão ligados ao modo de exercício do direito de recorrer. Ex.: prazo, preparo, regularidade formal, etc.. A pessoa tem o direito de recorrer (requisito intrínseco), mas na hora de externalizar (requisitos extrínsecos), ela não tem.
	Os requisitos específicos serão vistos dentro dos recursos em espécie. Vejamos, então, os requisitos genéricos:
7.1) Cabimento (496)
	- ligação com taxatividade e singularidade
	- “possibilidade jurídica” do recurso
	- a decisão é recorrível? Qual o recurso cabível?
	- análise conjunta da decisão do recurso a ser interposto
- Art. 496
	Obs.: Dentro do CPC, 90% dos recursos estão previstos no art. 496. Mas, atenção, existem outros recursos.
	
	A palavra “cabíveis” traduz o requisito do cabimento. Para que um recurso seja cabível, a decisão tem que ser recorrível e, além disso, deve-se interpor o recurso adequado para aquela decisão específica (lembrando que para cada decisão existe apenas um único recurso – p. da singularidade). 
	Assim, se uma decisão for irrecorrível ou, se recorrível, apresentar um recurso inadequado, faltará o requisito do cabimento; logo, o recurso será inadmitido.
	Deve-se fazer 2 perguntas para diagnosticar o requisito do cabimento:
	
1ª pergunta: a decisão judicial é recorrível? Se sim:
2ª pergunta: qual a espécie recursal que cabe para esta decisão? Dentro das possibilidades, deve-se escolher aquele que é cabível naquele caso.
	
	Ex.: o juiz não admite o recurso por um motivo X. Aí o tribunal também indefere o recurso pelo mesmo motivo X. Serão 2 recursos diferentes.
	O cabimento tem ligação com a taxatividade e a singularidade. 
	Obs.: Alexandre Câmara faz um paralelo entre as condições da ação e as condições do recurso. Uma das condições da ação é a possibilidade jurídica do pedido; da mesma forma, ele diz que uma das “condições” do recurso é a possibilidade jurídico do pedido. Ele diz que o recurso do cabimento é a “possibilidade jurídica” do pedido (ver artigo do Câmara chamado “requisitos de admissibilidade dos recursos civis”).
7.2) Legitimidade (499)
	- equivalente à legitimidade ad causam
	-	partes
		3º juridicamente interessado
		MP
	Sabe-se que o recurso é uma continuidade do direito de ação. Se é preciso ter legitimidade para entrar com uma ação, da mesma forma é preciso ter legitimidade para entrar ou para responder um recurso.
	O art. 499, CPC traz os legitimados para entrar com o recurso, são eles:
· Partes;
· Terceiro juridicamente interessado; e
· MP.
	As partes, obviamente, podem entrar com o recurso (pois se elas possuem legitimidade para entrar com a ação, com igual razão podem entrar com o recurso). 
	O terceiro juridicamente interessado também pode entrar com recurso. Sabe-se que a coisa julgada faz “lei entre as partes”, ou seja, a decisão judicial prolatada afeta somente as partes, e não a terceiros. A eficácia da decisão, em regra, é interpartes. Por que um terceiro iria recorrer se a decisão não lhe afeta? 
	Há uma diferença importante entre a eficácia da decisão e a autoridade da decisão. A eficácia da decisão só vale para as partes; mas a autoridade da coisa julgada vale para todos. 
	Ex.1: está tramitando na 2ª vara de família uma ação de divórcio entre Gabi e José. O juiz decreta o divórcio. Se Paula quiser casar com José, ela pode, pois a decisão que decretou o divórcio vale para todos, e não somente para as partes. 
	Ex.2: eu ganhei uma herança num processo judicial. Depois eu quero vender essa herança. A eficácia da decisão vale só para as partes do processo judicial de inventário. Mas depois as pessoas, e não somente as partes, têm que respeitar a autoridade da decisão.
	Então, por que o 3º quer recorrer de uma decisão que diz respeito somente às partes? Porque pode ser mais vantajoso para ele entrar com um recurso do que esperar o trânsito em julgado para entrar com uma anulatória, por ex. 
	Ex.: mulher que não foi citada na ação que envolvia os bens imóveis.Se ela não foi citada, a decisão não vale para ela. A decisão transita em julgado. Aí depois ela tem que entrar com uma ação judicial, o que pode ser trabalhoso.
	Somente o terceiro juridicamente interessado pode entrar com o recurso. Não é simplesmente o terceiro interessado. Tem que ter um interesse jurídico, ou seja, não é amoroso, econômico, etc..
	Além das partes e do terceiro juridicamente interessado, o art. 499 diz que o MP pode recorrer. Mas ele não pode fazer isso indistintamente. Segundo o §2º, “o Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei”. Se ele é parte, consequentemente ele pode recorrer (não precisava da previsão da 1ª parte do §2º). O MP é fiscal da lei quando ele deve intervir nas causas previstas no art. 82, CPC.
	Art. 499, §1º - “Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial”. 	Ex.: Professor e Pedro estão litigando. Sai a sentença e o professor entra com recurso. Não precisa demonstrar a legitimidade, pois ele é parte. Mas digamos que um terceiro juridicamente interessado entre com recurso. Ele precisa demonstrar que tem interesse jurídico na causa, pois senão o juiz não vai admitir o seu recurso. 
Obs.: juiz e auxiliares do juízo
	Será que o juiz pode recorrer? Será que os auxiliares podem? 
	Ex.: a parte pede uma prova pericial e o juiz nomeia um perito. Este perito estipula o preço pela perícia. O juiz não concorda com o preço e determina um valor menor e multa diária em caso de descumprimento. O perito, então, pode recorrer? 
	Problema: o perito não é parte, 3º juridicamente interessado e nem MP. Mas a jurisprudência admite o recurso do perito (o perito é um auxiliar do juízo). A mesma coisa vale para o intérprete. Qualquer auxiliar do juízo pode, excepcionalmente, recorrer, quando ele puder ser prejudicado com a decisão judicial (no exemplo, o perito teria que pagar multa).
	O juiz pode recorrer? A parte entra com o instituto chamado incidente de suspeição, pelo fato de o juiz ser amigo íntimo ou inimigo da parte. O juiz indefere o pedido e a parte recorre ao tribunal, que defere o pedido. O juiz pode recorrer para demonstrar que ele não é suspeito (pois isso pode atrapalhar na carreira). 
Obs.2: legitimidade adesiva (500) < legitimidade principal (499)
	Legitimidade para fazer recurso adesivo: autor e parte. O MP e o terceiro juridicamente interessado não podem fazer recurso adesivo. Por isso o professor colocou que a legitimidade adesiva é menor do que a legitimidade principal.
	
7.3) Interesse em recorrer
	- equivalente ao interesse de agir
	-	necessidade
		adequação
	- normalmente, está ligado à sucumbência
	O interesse em recorrer é equivalente ao interesse de agir, só que agora em grau recursal. Logo, o recurso tem que ter necessidade e adequação. 
	Terá interesse recursal aquele que foi prejudicado pela sentença judicial. Por isso, fala-se que o interesse em recorrer está ligado à sucumbência. Se ocorrer a sucumbência, pode haver o recurso.
Obs.: sucumbência: direta ou indireta
	
	É preciso tomar cuidado com a diferença entre sucumbência direta e sucumbência indireta. Ambas ensejam a possibilidade de recorrer.
	Sucumbência direta – é aquela que acontece na mesma relação jurídica processual. São os casos acima. Ex.: o autor pediu A e não ganhou.
	Sucumbência indireta (ou oblíqua). Ex.1: estão litigando Márcio e Tábata. Márcio entra com uma ação e Tábata contesta brilhantemente. O autor, então, escolhe desistir do processo para evitar uma derrota. O juiz homologa a desistência (sentença de mérito). A Tábata resolve recorrer. Nesse caso, não houve sucumbência direta (ela não perdeu nada). Mas há uma sucumbência indireta, pois, embora ela não tenha perdido a causa, ela pode vir a perder numa próxima ação. A Tábata entra com recurso alegando que, uma vez citada, a desistência da ação fica condicionada a sua anuência. Então, aqui há a sucumbência indireta, pois há a possibilidade de sofrer uma nova demanda.
	Ex.2: ação popular – qualquer cidadão pode entrar. O polo passivo sempre é detentor de mandato eletivo. A coisa julgada na ação popular tem uma peculiaridade. Ela é secundum eventum probationes, ou seja, só impede a propositura de outra ação se a improcedência se der com total possibilidade de produção de provas. A lei da ação popular diz que se a improcedência do pedido for por falta de provas, ela não impede a repropositura da demanda. 	Ex.: um cidadão entra com ação popular alegando fraude. O juiz julga improcedente por falta de provas. Mas há provas. O prefeito então pode recorrer, para que haja o trânsito em julgado da ação popular. Não é caso de sucumbência direta, não é nesse processo (não houve análise de mérito); há sucumbência indireta, pois o prefeito quer evitar que possa haver um novo processo contra ele.
Obs.: EDcl e o interesse recursal amplo
	Os EDcl servem para esclarecer ou integrar uma decisão judicial. Servem para melhorar a prestação jurisdicional. A decisão está obscura e isso é ruim.
	A doutrina diz que os EDcl possuem interesse amplo, logo não precisam de sucumbência, pois o que se busca é a melhor prestação jurisdicional.	
	
	A sucumbência é importante, mas ela não é essencial para que haja recurso. O MP, por ex, quando não for parte, não sucumbi. Por isso, o professor falou que normalmente o interesse em recorrer está ligado à sucumbência. Mas, por ex, no caso do MP e de EDcl pode não haver sucumbência.
7.4) Tempestividade
	Tempestividade quer dizer observância do prazo. O sistema recursal brasileiro trabalha com o modo rígido de prazo, ou seja, se a parte perder o prazo por minutos, horas, dias, ocorre a preclusão temporal.
	O projeto do novo CPC prevê uma regra diferente. Eventuais nulidades sanáveis, desde que de pequena monta, poderão ser desconsideradas de acordo com o mérito. Assim, por ex, se uma causa for manifestamente injusta ou houver uma jurisprudência clara, admite a análise do mérito mesmo fora do prazo.
	- Prazos:
		* legais
		* próprios
		* peremptórios
	Os prazos classificam-se em legais (previstos na lei) e judiciais (o juiz determina. Ex.: marcar audiência). 
	Os prazos recursais são legais, não existe flexibilidade.
	Além disso, os prazos podem ser próprios ou impróprios. Prazos próprios são aqueles que se a parte perder, não poderá mais praticar o ato; prazos impróprios são aqueles que não trazem prejuízos se não forem praticados. Ex.: os prazos do juiz são impróprios (ex.: tem 5 dias para julgar o recurso). 
	Os prazos recursais são próprios, ou seja, se perder o prazo, não pode mais interpor o recurso. Pode ocorrer também o chamado “prazo in albis” (em branco), ou seja, durante o tempo para recurso não houve interposição. 
	
	Os prazos podem ser peremptórios ou dilatórios. Prazos peremptórios são aqueles que não admitem ampliação; já os dilatórios admitem. 
	Os prazos recursais são peremptórios, ou seja, não admitem dilação, ampliação, eles estão fixados na lei.
	Obs.: o STJ diz que, em caso de morte do advogado, o prazo só será devolvido para a parte se este for o único cadastrado nos autos. 
	Obs.: em caso de intimação errada, a parte pode pedir a republicação da decisão, sendo que o prazo começará a valer dessa nova decisão.
	- Protocolo
		* físico
		* virtual (eletrônico)
		* postal
		* integrado
		* descentralizado
	O recurso deve ser protocolado. O protocolo pode ser físico (imprime-se a petição em 2 vias, leva-a ao protocolo e autentica-a). Também pode ser virtual (feita pelo site do tribunal). O protocolo físico é feito até o fim de expediente do tribunal. Já o protocolo virtual vale até 23h59 do dia.
	Além disso, tem o protocolo postal. Alguns tribunais possuem convênio com os Correios, permitindo que o protocolo seja feito nas agências credenciadas. Antes, se o recorrente enviasse a petição recursal pelos Correios, o prazo da interposição era contado somente quando a petição chegasse ao tribunal;contudo, hoje, o prazo da interposição vale a partir do momento em que se faz o protocolo nos Correios.
	Há também o protocolo integrado. Ex.: estou em JF e quero juntar uma petição em Abre Campo. O autor faz a petição do recurso endereçada para a Comarca que ele quer, mas protocola na Comarca onde está, automaticamente a petição será enviada.
	Existe ainda o protocolo descentralizado: quero entrar com uma petição em uma Turma do Tribunal, que se encontra na Capital. Assim, o autor entra com a petição na Comarca onde se encontra, e a petição será encaminhada para o Tribunal. 
	- regra geral: 15 dias (508)
		
		Obs.:	- 5 dias: EDcl, Ag. Interno
			- 10 dias: Ag. Instrumento e Ag. nos próprios autos
	O prazo recursal, como regra, é de 15 dias (508). Mas há exceções, podendo ser de 5 dias ou de 10 dias.
	Obs.: MP e Fazenda pública possuem prazo em dobro para recorrer.
	- Preclusão temporal - não cumprido o prazo, ocorre a preclusão temporal.
	- Forma de contagem - exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento. Se este cair em dia não útil, prorroga-se para o dia útil seguinte.
7.5) Preparo (511, 515)
	- pagamento + comprovação
		* Custas
		* Emolumentos
	O recurso deve ser preparado, ou seja, munido do preparo. Preparo significa um ato complexo, ou seja, o pagamento das custas e emolumentos e sua comprovação.
	
	Obs.: fazendo uma analogia, o casamento é um ato complexo, pois é preciso um procedimento, tem que requerer, observar um prazo, apresentar testemunhas, etc..
	A natureza do preparo é de taxa. É uma espécie tributária vinculada, ou seja, pagou, recebeu a prestação. 
	O preparo é um ato complexo porque, para se consumar, é preciso fazer vários procedimentos. O preparo compreende: comprar a guia, preenchê-la corretamente, pagá-la e comprovar o pagamento. O pagamento do preparo se dá em 3 vias (uma para o banco, uma para o processo e outra para o autor). Se não for pago o preparo, o recurso diz-se “deserto” (esta expressão é típica do recurso – 509, 511). A deserção significa que o autor não cumpriu corretamente o ato de preparo.
	- regra: preparo simultâneo
		Exceções: JEC’s (48h)
	A regra no processo civil é que o preparo é simultâneo, ou seja, a petição do recurso deve ser juntada com o preparo. Não pode juntar a petição e depois juntar o preparo. 
	Mas essa regra tem uma exceção: Juizados Especiais Cíveis. Aqui não vale a regra do preparo imediato. Quando se fizer um recurso para impugnar a decisão, o preparo pode ser comprovado em até 48 horas.
	Na justiça comum, rito ordinário ou sumário, o preparo deve ser imediato e simultâneo. 
	- valor definido de acordo com o tipo de recurso, o tribunal e/ou a localização 	geográfica.
	Fazer o preparo não é simples, pois as taxas variam de acordo com o tipo de recurso, tipo de justiça e local em que o requerente se encontra. 
	Exs.: o preparo do REsp é diferente da apelação; o preparo de uma apelação na justiça estadual é diferente de uma apelação na justiça federal; o preparo de uma apelação da justiça de MG é diferente de uma da justiça do RJ. 
	- preparo inferior pode ser complementado, em 5 dias.
- art. 511, §2º
	Em virtude dessas inúmeras variáveis, o legislador permitiu que o preparo inferior seja complementado em 5 dias, sob pena de deserção. Complementar não quer dizer fazer. Se pagar a menos, pode complementar; se pagar a mais, pode pedir a diferença através da repetição do indébito.
	A possibilidade de complementação não acontece nos JEC’s. A justificativa é que, como no JEC tem o prazo de 48h após a sentença para fazer o preparo, a parte já teve a oportunidade de analisar corretamente os atos que compõem o preparo. Além disso, garante-se celeridade.
	- dispensa de preparo:
		* subjetiva. Ex.: MP
		* objetiva. Ex.: EDcl
	Há casos em que ocorre a dispensa de preparo. Por ex, o recurso pode ser gratuito, são os casos de dispensa objetiva (ex.: EDcl). Mas há casos em que o preparo não precisa ser pago porque a pessoa que recorre tem a prerrogativa de não pagar (ex.: MP, Fazenda Pública, amparados pela justiça gratuita).
	Obs.: “dupla dispensa de preparo” - há ao mesmo tempo uma dispensa objetiva e uma dispensa subjetiva. Ex.: se o MP entrar com um EDcl. 
	- relevação ou adiamento: força maior comprovada
	Quando acontecer um fato alheio à vontade da parte que impeça ou dificulte o pagamento do preparo, a parte pode pedir ao juiz o adiamento ou relevação para pagá-lo. Esse pedido tem que ser provado (ex.: em caso de enchente, junte o jornal).
	A decisão do juiz que concede o adiamento ou a relevação é irrecorrível. A decisão que não concede é recorrível (519).
	- preenchimento das guias
	O STJ diz que o erro no preenchimento das guias é causa de deserção. É como se o preparo não fosse feito.
	O professor questiona esse posicionamento do STJ, pois, se é permitido complementar o preparo, também deveria ser permitido corrigir o erro no preenchimento.
	Obs.: emolumentos: são as despesas que o Judiciário terá com o processo. Ex.: valor que deve ser pago aos Correios para encaminhar e retornar com o processo do tribunal; autenticação de documento; etc..
7.6) Regularidade formal (514)
	- observância das formalidades atinentes a cada recurso
	- formalismo valorativo x formalismo excessivo
	-	qualificação das partes
		Fundamentação
		Pedido recursal
	- 2 petições (?)
	- pode variar conforme o recurso
	- protocolo no juízo a quo (exceção: Ag. Instrumento – 522)
	- petição escrita (exceções: EDcl nos JEC’s e Ag. Retido em AIJ)
	Em regra, o protocolo deve ser feito no juízo a quo. Exceção: Ag. Instrumento deve ser protocolado no juízo ad quem (524).
	
- Art. 514
	Traz as formalidades que devem conter o recurso da apelação: petição (escrita), dirigida ao juízo a quo, os nomes e qualificações das partes (esta é dispensável, pois as partes já estão qualificadas no processo), fundamentos de fato e de direito e pedido de nova decisão. Tudo isso deve ser feito junto, sob pena de preclusão consumativa. O apelante deve impugnar os fundamentos da decisão. Além disso, deve ter um pedido (anulação total ou parcial da sentença, reforma da sentença, etc.).
	
	Esses requisitos previstos para a apelação valem, em regra, para todos os recursos. Assim, pode-se dizer que são requisitos formais genéricos: qualificação das partes, fundamentação e pedido recursal.
	É comum os advogados, ao recorrerem, apresentarem 2 petições. Uma é “petição de interposição” e a outra é a “petição de razões”. Isso não está previsto na lei, mas é uma praxe forense. Isso facilita o juízo de admissibilidade do juízo a quo, pois ele analisa somente a petição de interposição. Obviamente, se o advogado não fizer as 2 petições, seu recurso não será inadmitido e nem desprovido, pois a lei não obriga que seja feito assim.
	No art. 518, §1º está um requisito de admissibilidade do recurso, qual seja, a sentença não pode estar embasada em súmula do STJ e STF. Há mais um requisito de admissibilidade, portanto, para a apelação que se estende aos demais recursos. Desta forma, quando o juiz a quo for fazer o 1º JA, ele terá que analisar também a petição de razões. Por isso, alguns defendem o abandono dessa prática, pois tanto o juízo a quo quanto o juízo ad quem precisam analisar os fundamentos da decisão para ver se estão embasados em súmula do STJ ou do STF.
	Em regra, o recurso deve ser escrito. Exceção: recurso de EDcl no JEC pode ser feito oralmente. Quando for uma Ag. Retido em AIJ, também pode ser oral.
	Qual a letra, seu tamanho, espaçamento devem ser utilizados? Isso são formalismos excessivos, logo vale a instrumentalidade das formas. 
Obs.: STF e a tentativa de padronização de petições	
	A ex-ministra do STF Ellen Grace tentou padronizar as petições. Mas não deu certo.
7.7) Inexistência de fato impeditivo/extintivo do direito de recorrer (501 a 503)
- requisitos “negativos”
	
	Na verdade, não é apenas um, mas são 3 requisitos que formam um grupo. São requisitos negativos, ou seja, para que o recurso seja admitido, eles não podem estar presentes.Dos arts. 501 a 503 infere-se que são requisitos negativos: a aceitação, a renúncia e a desistência.
6.7.1) Renúncia
- ato unilateral
- poderes especiais (art. 38)
- realizado antes da interposição do recurso (abre-se mão do direito de recorrer), mas depois da decisão
- realizado, normalmente, para que decisão transite logo em julgado
	Renunciar ao direito significa que a parte decide não recorrer depois do trânsito em julgado, abrindo mão do seu direito.
	Na maioria das vezes, a renúncia está ligada a um acordo. A parte, nesse caso, dada a sentença de mérito, manifesta seu desejo de não recorrer. O trânsito em julgado se opera a partir deste momento. Se não houvesse a renúncia, seria preciso esperar o trânsito em julgado e o decurso do prazo recursal para que o pagamento da condenação fosse feito.
	Ex.: planos de parcelamento no direito tributário. Uma empresa está devendo vários tributos, então o governo cria um plano de parcelamento para essa empresa determinado as parcelas, isentando-a de juros e multa, determinando que ela não pode entrar em juízo; se tiver uma causa, ela deve renunciar ao direito de recorrer. Caso a empresa aceite esse plano de parcelamento, ela diz, por ex, que renuncia ao direito de recorrer.
	Portanto, a renúncia é um fato extintivo do direito de recorrer. Uma vez renunciado, não pode mais voltar atrás, em respeito ao p. do venire contra factum proprium. Não se pode “renunciar a renúncia”, pois quando se renuncia, cria-se na outra parte a expectativa legítima que não irá recorrer.
	Se a parte passar uma procuração ad judicia (poderes gerais para representar em juízo), o advogado não terá poderes especiais, dentre eles o de renunciar. Assim, ele não pode renunciar ao direito de recorrer. O juiz, portanto, vai verificar se o advogado tem ou não poderes especiais para renunciar. Se tiver, o juiz homologa a renúncia. 
	O ato de renúncia é unilateral, ou seja, independe da parte contrária e até mesmo do litisconsórcio (502). Ex.: Marcio e Vinicius estão litigando contra Isadora. Sai a sentença e os 2 têm negado o pedido. Marcio não quer recorrer, mas Vinicius sim. Marcio pode renunciar ao direito de recorrer; e Vinicius poderá recorrer. A Isadora não pode dizer que Marcio não pode renunciar.
	
	A renúncia é um ônus; logo, a parte tem a faculdade de praticar o ato, se não fizer, sofre as consequências.
	A renúncia só pode ser feita depois de proferida a decisão judicial; ou seja, o direito de recorrer só nasce quando a decisão surge. Não tem como renunciar um direito que ainda não possui. Por outro lado, o direito de renúncia extingue-se quando terminado o prazo para recorrer.
	Obs.: alguns autores falam em renúncia expressa e tácita. Dizem que o fato da parte não recorrer caracteriza uma renúncia tácita. Mas não se pode inferir isso, pois pode a parte ter perdido o prazo. Por isso o professor não usa essa classificação.
	Obs.: a renúncia pode ser feita oralmente na própria audiência em que o juiz proferir a sentença. 
	Obs.: é de praxe fazer o seguinte: dada a sentença, uma das partes diz para a outra não recorrer, propondo uma conciliação; aconselha-se a parte a, junto com a petição renunciando o direito, anexar um documento comprovando o acordo.
6.7.2) Desistência 
- ato unilateral 
- preclusão lógica
-	Expressa
	Tácita (ex.: não ratificação do Ag. Retido)
- poderes especiais (38)
- realizado depois da interposição do recurso, mas antes do seu julgamento (colocação em pauta)
Obs.: os Resp’s repetitivos
	A desistência é um ato unilateral, exige poderes especiais, e dispensa da aquiescência do litisconsórcio. Assemelha-se, portanto, à renúncia. A diferença entre ambas é o momento da prática do ato. A renúncia é prévia, ou seja, a parte renuncia antes de fazer o recurso. Já a desistência é posterior, ou seja, a parte faz o recurso e, antes de sair a decisão, fala que não quer mais. Os motivos para desistir são inúmeros. 
	A desistência, assim como a renúncia, é um ato imotivado, ou seja, a parte desistente não precisa expor as razões pelas quais está desistindo do recurso.
	
	O advogado precisa ter poderes especiais (na procuração) para desistir. Se tiver, o juiz homologa.
	Até quando pode desistir? Não pode haver desistência depois de proferida a decisão do recurso. O ato do julgamento impede que haja desistência. 
	Mas não é só o julgamento que proíbe a desistência. Existe uma corrente jurisprudencial do STJ que diz que, a partir do momento em que o recurso foi colocado na pauta de julgamento, não pode haver mais a desistência, pois surge para ambas as partes um direito adquirido ao julgamento do recurso.
	Pode acontecer de o recurso ser colocado na pauta de julgamento, mas não ser julgado; ele é adiado, sem prazo certo (adiado sine die). Nesta situação, é possível a desistência do recurso. 
	
	Obs.: As partes devem ser intimadas previamente – 48h – ao julgamento do recurso para se prepararem.
	Obs.: o projeto do novo CPC prevê a possibilidade de sustentação oral para todos os recursos.
	Obs.: REsp repetitivos – para este tipo de recurso, existe uma particularidade no que diz respeito à desistência. Veremos isso quando estudarmos REsp.
	A desistência pode ser expressa ou tácita. Expressa é aquela feita por meio de uma petição. Mas pode ser tácita (ex.: não retificação do Ag. Retido). 
	Quando se faz um pedido de desistência, o juiz ou relator analisa se esse pedido é tempestivo e se o advogado tem poderes especiais. O juiz não entra no mérito da causa. 	A homologação é declaratória, ou seja, apenas atesta o ato praticado; logo, uma vez juntada a petição de desistência, não pode a pessoa desistir dela. 
	
	A desistência é ato unilateral, ou seja, não depende de anuência da parte contrária, tampouco de homologação judicial (501).
	Curiosidade! O TRF da 1ª região vem admitindo a “desistência da desistência de recorrer”, sob a justificativa de que, como o recurso pode demorar a ser julgado, se ocorrer uma “guinada jurisprudencial” (mudança de posicionamento de um tribunal), é justo que a parte possa voltar atrás. Mas os processualistas não aceitam isso; só que é um expediente que tende a acontecer na prática.
6.7.3) Aceitação 
- anuência
- preclusão lógica
-	expressa
	Tácita
- lealdade (14, II)
- pode o ato ser praticado pela parte sem o advogado (a aceitação tácita)
	O recurso é um ato de inconformismo. Assim, ou a parte aceita a decisão ou ela recorre. 
	Se ela aceitou a decisão, não pode depois recorrer, pois ocorreu a preclusão lógica, em respeito ao princípio da proibição do venire contra factum propium. Quando a parte demonstra que aceita a decisão, ela cria na esfera da outra parte uma expectativa legitima de direito; logo, em respeito ao princípio da lealdade processual (14, II), a parte perdeu seu direito de recorrer.
	A aceitação pode ser expressa ou tácita. Esta é mais comum. Ex.: o juiz decidiu que a parte tinha que entregar o carro; ela vai e entrega espontaneamente no 3º dia do prazo para recurso; ela não pode no 7º dia recorrer. A aceitação expressa é difícil de acontecer (a parte diz expressamente que concorda com a decisão do juiz).
	Aceitar tacitamente não é a mesma coisa que cumprir a decisão provisoriamente. Existe a chamada execução provisória. Ex.: existem recursos que não têm efeito suspensivo, como a ação de alimentos; a parte não quer pagar porque entende não ser o pai, tendo interposto um recurso; o juiz diz que o recurso não tem efeito suspensivo; a mãe entra com um pedido de execução provisória.
	
	E se houver divergências entre a parte e seu advogado?
	Ex.1: decisão desfavorável para parte, devendo pagar R$10 mil. O advogado está fazendo o recurso e avisa a parte sobre o ocorrido. A parte, espontaneamente, paga o valor, sem comunicar ao advogado. Este, depois, entra com recurso sem saber do pagamento do seu cliente. A parte contrária apresenta nas suas contrarrazões que houve a aceitação. Tem-se neste caso um ato do advogado contrário da parte. Qual ato é válido?
	Ex.2: digamos que agora a parte vai ao fórum

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