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Resumo de Subjetividade

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Letícia Becker -2020Resumo de Subjetividade 
Subjetividade na Atenção à Saúde
Trabalho em Saúde
Toda e qualquer atividade humana é um ato produtivo. O ato do trabalho é como uma escola, interferindo na forma de pensar e agir . Através da história , ocorreram variações da sociedade e sua maneira de organizar o trabalho.
· Saúde , a cartografia do trabalho vivo :
· Intersecção partilhada (trabalhador + usuário) → prestação de serviço
· Intersecção objetal(trabalhador) → objeto → usuário
Cada trabalhador carrega sua caixa de ferramentas , a qual eles utilizam para fazer seu trabalho. Na área da saúde , essa caixa é chamada de valises tecnológicas. Nas valises ,os trabalhadores ( de forma individual e coletiva), têm suas ferramentas-máquinas (estetoscópio, seringa), seus conhecimentos e saberes tecnológicos (o seu saber/fazer clínico) e suas relações com todos os outros (como os atos de fala) que participam da produção e consumo do seu trabalho. 
· Trabalho em saúde: O trabalho vivo em ato é o trabalho humano no exato momento em que é executado e que determina a produção do cuidado. Mas o trabalho vivo interage todo o tempo com instrumentos, normas, máquinas, formando assim um processo de trabalho, no qual interage diversos tipos de tecnologias. Estas formas de interação configuram um certo modo de produzir cuidado. Todo trabalho é mediado por tecnologias e depende da forma como elas se comportam no processo de trabalho. Há processos mais criativos, centrados nas relações e processos mais presos à lógica dos instrumentos duros.
· O trabalho e suas tecnologias: 
· Valise das mãos - tecnologia dura (equipamentos utilizados para chegar ao diagnóstico); 
· Valise da cabeça - tecnologia leve-dura (saber clínico); 
· Valise das relações - tecnologia leve (relação médico-paciente); 
 A dimensão própria e cuidadora é presente em qualquer prática de saúde e não sobre um recorte profissional, que visa produzir: processos de fala e escuta; relação intercessora com o mundo subjetivo do usuário e o modo como ele constrói suas necessidades de saúde; relações de acolhimento e vínculo; posicionamento ético; articulações de saberes para projeto terapêutico. 
 O trabalhador de saúde é sempre coletivo ( trabalho em saúde é sempre realizado por um coletivo). Não há trabalhador da saúde que dê conta sozinho do mundo das necessidades de saúde. Uma caixa de ferramentas de um é necessária para completar a do outro. O trabalhador sempre depende desta troca. Somos operadores da construção do cuidado e portadores de valises tecnológicas, sendo a valise das tecnologias leves, que produz relações, igual para todos.
· Pactuação do Processo de trabalho: Não se dá apenas em processos de negociação, mas estrutura-se a partir de conflitos e tensões vividos no cenário de produção da saúde, seja na gestão ou na assistência. O debate em torno do processo de trabalho tem se mostrado extremamente importante para a compreensão da organização da assistência à saúde e, fundamentalmente, de sua potência transformadora. Reestruturar processos de trabalho e potencializar o trabalho vivo e as valises das relações como fontes de energia criativa e criadora de um novo momento na configuração do modelo de assistência à saúde. O trabalho médico é um desafio para a atual transição tecnológica comandada pelo capital financeiro.
Modo Hegemônico de Produção do Cuidado, Medicalização e Subjetividade
· Histórico: 
· Antiguidade (4000 AC – 476 DC): medicina mágico religiosa. 
· No Ocidente (Grécia): buscavam explicação não sobrenatural.
· Pai da medicina ocidental (Hipócrates, 460AC - 370AC): saúde é fruto do equilíbrio dos humores e a doença o desequilíbrio dos mesmos. 
· Idade Média (476DC - 1453): Período das Trevas, explicação sobrenatural das doenças, proibição de pesquisas com seres humanos e estagnação do conhecimento. 
· Idade Moderna (século XVI): economia feudalista (capitalismo), sociedade rural e urbana, e política .Ocorreu a formação do estado moderno (monarquia nacional com centralização do poder)-cultura do teocentrismo. 
· Rene Descartes (1596 - 1650): paradigma dualista e mecanicista. Mente e corpo → entidades separadas. Corpo = máquina com peças defeituosas que devem ser consertadas. 
· Princípio do Automatismo: compara o corpo ao relógio que funciona sem o pensamento (digestão, circulação e respiração); A concepção cartesiana e mecanicista do processo saúde doença vem dai. 
· Paradigma Cartesiano: para conhecer o todo é preciso fragmentá-lo em seus componentes e estudar cada um deles separadamente. Possibilitando os estudos aprofundados das doenças e futuramente o surgimento das especialidades médicas. 
· Positivismo (Século XIX): propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e metafísica. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma verdadeira de conhecimento. Não consideram os conhecimentos ligado as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. O progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos. 
 
· Descoberta da Microbiologia: A teoria microbiana (confirmada no final do século XIX) contribuiu para legitimar a teoria da unicausalidade das doenças, desconsiderando os diversos determinantes sociais. Precursores do Modelo Biomédico: correntes filosóficas somadas às descobertas científicas: cartesianismo + mecanicismo + positivismo + microbiologia →contribuíram para a construção do modelo biomédico flexneriano. 
· Abraham Flexner (Século XX): pesquisador social e educador norte-americano, filho de judeus alemães; Conduziu a reforma no ensino médico norte americano; Visitou 155 escolas de medicina nos Estados Unidos e publicou o Relatório de Flexner (1910). Modelo Biomédico ou Flexneriano: corpo humano visto como máquina, doenças como algo concreto, que não varia em pessoas e lugares, e surge como defeitos de peças dessas máquinas.
· Exames investigam o interior para o diagnóstico e tratamentos são centrados em medicamentos e cirurgias. Saber científico foi difundido nas escolas médicas. Perspectiva exclusivamente biologicista da doença. Negação da determinação social da saúde. Formação clínica em hospitais; estímulo à disciplinaridade, numa abordagem reducionista do conhecimento. Do ponto de vista pedagógico é considerado massificador. Relacionamento autoritário com os doentes - paradigma do cuidado hospitalar. 
Passivo / Hospitalocêntrico / Individualista (abordagem reducionista). Tende à superespecialização, com efeitos nocivos sobre a formação do profissional de saúde.
Segundo a prática de saúde, dele resultam os efeitos: educação superior elitizada; subordinação do ensino à pesquisa; fomento à mercantilização da medicina e privatização da atenção em saúde ;e controle social da prática pelas corporações profissionais; ação profissional nesse ambiente de ideias e valores( tende a transformar toda queixa em síndrome, transtorno ou doença de caráter biológico, desvinculando a vida vivida pelo paciente no contexto biopsicossocial) .Houve desvalorização dos outros saberes e práticas curadoras tradicionais (medicina chinesa, homeopatia, saber popular). Os interesses econômicos estimularam um “Modelo de Assistência à Saúde” baseado no consumo de consultas médicas, procedimentos, equipamentos, medicamentos e na oferta de atenção especializada. 
· Medicalização: processo sócio-cultural que transforma em necessidades médicas, as vivências, os sofrimentos e as dores que eram antes, administrados no ambiente familiar e comunitário, através de técnicas de cuidado autóctones.
Muitas vezes, acentua a realização de procedimentos profissionalizados, diagnóstico terapêuticas, desnecessários e danosos aos usuários, desvaloriza a abordagem do modo de vida, os fatores subjetivos e sociais do processo saúde-doença. Excesso de função e de uso de uma ferramenta social-tecnológica pode induzir a uma resultado paradoxal: hospital quer produzir doença. Iatrogenia social e cultural.Na iatrogenia clínica e individual, indivíduos “consumidores vorazes” de mais tecnologias e cuidados especializados causam dependência. Saúde está decaindo, pois a capacidade de ação das pessoas sobre sua própria vida, ambiente e saúde, sobre suas vivências e sofrimentos cotidianos estão diminuindo. 
· Equilibrar: pressão da academia quanto ao modelo reducionista, mecanicista, cartesiano, positivista, curativo e a própria sociedade adaptada a esse sistema. Qualidade do atendimento, resolutividade, utilização de tecnologias leves (trabalho vivo) e desmedicalização. 
· A Experiência Complexa e os Olhares Reducionistas: não ao reducionismo→ as críticas recorrentes ao setor da saúde, na década de 1960 em todo o mundo, denominada “crise da medicina”, evidenciaram o descompromisso com a realidade e as necessidades da população. Estas constatações provocaram intensa movimentação nos meios acadêmicos, instituições internacionais de saúde (OMS, Organização Panamericana de Saúde e outras), governos e fundações internacionais. 
· Fritjof Capra: 1982 ( desconstrução de paradigmas antigos) cartesiano, reducionista e positivista. Propõe a utilização de uma concepção holística do ser humano. O todo é maior do que a simples soma das suas partes (Aristóteles). Visão ecológica do ser. Subjetividade. 
· Subjetividade: reconhecimento de singularidades; acolhimento( escutar e oferecer espaço para o outro fala)r; uso equilibrado das tecnologias; estímulo a autonomia e protagonismo no cuidado à saúde.
 A subjetividade dos profissionais também precisa ser considerada (suas decisões também devem ser baseadas em suas questões subjetivas no entendimento do adoecer humano, e não só no conhecimento científico, para não atuarem da mesma maneira com todos os pacientes). É necessário haver mudanças no cotidiano do fazer em saúde, na prestação das ações em saúde, na clínica realizada pelos diversos profissionais.
· Clínica ampliada: inclui além da doença, a pessoa e seu contexto e se responsabiliza pela cura, reabilitação, prevenção e proteção individual e coletiva. Para ampliar a escuta, olhar e percepção dos profissionais é necessário a aquisição de novos saberes e recursos tecnológicos, vindo dos campos da sociologia, antropologia, psicologia, psicanálise, educação, saúde pública e saber popular. Atividades em grupo, visitas domiciliares, atividades em outras instituições, redes socais de apoio são espaços para estas práticas acontecerem. 
 Há necessidade de reorganização do sistema e da formação de profissionais para sustentar esse tipo de reforma contra a medicalização. 
· 1994 - ESF foi orientada a lidar centralmente com os programas de saúde, com protocolos diagnósticos e terapêuticos definidos buscando integralidade na assistência. 
· 2003 - Política Nacional de Humanização promulgada para fornecer as diretrizes para um atendimento humanizado (Tema dos Seminários). 
· Espiritualidade: Universidades psiquiátricas e especialistas analisam a incidência de sentimentos nas manifestações de doenças e apontam o perdão como meio de cura. Niterói - Uma prova dessa mudança é a disciplina optativa Medicina e Espiritualidade na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Os mestres da cadeira trabalham com a ideia de medicina integrativa seguindo conceitos da Carta de Ottawa, que conclamou em 1986 organizações sociais e a OMS a esforços para um novo padrão de Saúde.
Direitos dos Usuários do SUS
1988 -Título VIII - Da Ordem Social; Capítulo II - Da Seguridade Social ;Seção II - Da Saúde 
· O Direito à Saúde: Artigo 196 - Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e aos acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
· Saúde e Direitos dos Usuários: 
· CF/88 - Art 196: dispõe sobre o acesso universal e igualitário às ações e serviços à saúde. 
· Lei Orgânica da Saúde 8080/90: dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços. 
· Lei 8142/90: dispõe sobre as condições de participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intragovernamentais de recursos financeiros. 
· Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS: necessidade de promover mudanças nas práticas de atenção e gestão que fortaleçam o protagonismo dos sujeitos e os direitos do cidadão. 
· SUS: é uma conquista do povo brasileiro pelo direito à saúde (construção contínua). 
· Carta dos Direitos dos Usuários - evidencia ser a cidadania uma dimensão indissociável para a produção de saúde. Aprovada pela portaria nº675 de 30 de março de 2006. Revogada pela portaria nº1820 de 13 de agosto de 2009. 
· Objetivo: promover o respeito destes direitos e assegurar seu reconhecimento efetivo e sua aplicação. Necessidade de promover mudanças de atitude em todas as práticas de atenção e gestão que fortaleçam a autonomia e o direito do cidadão. 
· Redação: Ministério da Saúde / Conselho Nacional de Saúde / Comissão Intergestora Tripartite. 
· Base Legal: Constituição Federal (Art 196) / Lei 8080/90 / Lei 8142/90 
· Desafio: fazer com que esses direito sejam construídos e reinventados no dia a dia do SUS, nas batalhas da população por ver respeitada suas formas de viver, de cuidar da saúde, de opinar e interferir nas políticas públicas (1ªversão 2009 / atualização 2017). 
· Princípios: Todo cidadão tem direito ao: 
1- Acesso ordenado e organizado ao SUS (Art 2º da portaria 1820/2009); 
2- Tratamento adequado e efetivo para seu problema (Art 3º da portaria 1820/2009); 
3- Atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação (Art 4º da portaria 1820/2009); 
4- Atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos (Art 5º da portaria 1820/2009); 
5- Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu atendimento aconteça de forma adequada (Art 6º da portaria 1820/2009); 
6- Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores de saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos (Art 8º da portaria 182/2009); 
· Acesso Ordenado e Organizado ao SUS: para promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde; acesso será preferencialmente nos serviços de atenção básica; quem estiver em estado grave e/ou maior sofrimento precisa ser atendido com prioridade; UBS próxima à moradia; proteção e prevenção de riscos à saúde individual e coletiva e ao ambiente, bem como informações de vigilância sanitária e epidemiológica; informações claras e completas para melhor acesso às unidades (endereço, telefone, horário de funcionamento, nomes dos profissionais, etc); fim das barreiras arquitetônicas e de comunicabilidade (deficientes, idosos e gestantes); remoção segura garantida em caso de risco de vida ou lesão grave; atenção especializada por indicação clínica considerando critérios de vulnerabilidade clínica e social (centrais de regulação); diretrizes da HumanizaSUS: rede integrada - “Todo cidadão deve dispor de uma rede de atenção na qual Unidade de Saúde, hospital, ambulatório de especialidades, serviços de diagnóstico e tratamento se comprometam de forma articulada pelo cuidado”. 
· Todo cidadão tem direito ao acesso adequado e efetivo ao seu problema: presteza, tecnologia apropriada e condições de trabalho adequadas para os profissionais da saúde; Informações sobre o estado de saúde e apresentação das diferentes alternativas clínicas de tratamento ao usuário e seus próximos de maneira clara, e compreensível, vista aberta na internação; registro legível, claro e detalhado no prontuário dos dados clínicos do processo de atendimento, internação e responsáveis; receitas e prescrições legíveis, com nome dos genéricos, posologia e dosagem sem códigos nem abreviaturas; continuidade da atenção com apoio domiciliar e em centros de reabilitação, serviços de maior ou menos complexidade e treinamento para auto-cuidados ou cuidadosda família; encaminhamentos para outras unidades de saúde observando: resumo da história clínica, hipóteses clínicas, tratamento, evolução e motivo do encaminhamento, identificação da unidade de referência e referenciada.
· Todo cidadão tem direito a um atendimento humanizado e sem discriminação: Identificação nominal, respeitosa e sem preconceito; profissionais responsabilizados pela atenção identificados com crachás; consultas, procedimentos e internações com segurança e respeito à integridade física e moral, à privacidade e conforto, aos valores éticos, culturais e religiosos; criança ou adolescente, em caso de internação, continuidade das atividades escolares e recreação; recebimento, quando internado, de visita de médico de sua preferência, que não pertença à unidade de internação, sendo facultado a este profissional o acesso ao prontuário; opção pelo local de morte; direito a acompanhante de livre escolha (parturiente, criança, adolescente, pessoas com deficiência e idosos).
· Todo cidadão deve ter respeitados os seus direitos de paciente: todo paciente tem direito de pedir para ver seu prontuário sempre que quiser; liberdade de permitir ou recusar qualquer procedimento médico, consentindo isso; não podendo ser submetido a nenhum exame sem saber; indicação de um representante legal de sua livre escolha, a quem confiará a tomada de decisões para a eventualidade de se tornar incapaz de exercer sua autonomia; receber ou recusar assistência religiosa, psicológica e social.
· Todo cidadão tem responsabilidades: prestar informações apropriadas nos atendimentos, consultas e internações; manifestar a compreensão sobre as informações /orientações recebidas e, em caso de dúvidas, solicitar esclarecimentos; seguir o plano de tratamento recomendado pelo profissional e equipe de saúde responsável pelo cuidado, participando ativamente do projeto terapêutico para melhorar sua saúde; informar ao profissional de saúde sobre qualquer mudança inesperada de sua condição de saúde.
· Todo cidadão deve comprometer-se a: contribuir ao bem estar para todos que circulam no ambiente de saúde; ter sempre disponível para apresentação seus documentos e resultados de exames que permaneçam em seu poder; atentar para a situação de sua vida cotidiana em que sua saúde ou da comunidade a que pertença esteja em risco e as possibilidades de redução da vulnerabilidade ao adoecimento; comunicar os serviços de saúde e/o à vigilância sanitária irregularidades relacionadas ao uso e oferta de produtos e serviços que afetem a saúde, em ambientes públicos e privados.
· Todos devem cumprir o que diz a carta dos direitos dos usuários da saúde: os representantes do governo federal, estadual e municipal devem se empenhar para que os direitos do cidadão sejam respeitados. 
· Os gestores das três esferas de governo do SUS se comprometem a: promover o respeito e o cumprimento desses direitos e deveres com a adoção das medidas necessárias para sua efetivação; incentivar e implementar formas de participação dos trabalhadores e usuários nos órgãos de participação social do SUS; promover atualizações necessárias nos regimentos/estatutos dos serviços de saúde adequando-os a esta carta; incentivar a criação de espaços coletivos para o compartilhamento de processos de planejamento, execução e avaliação da gestão e do cuidado; adotar formas para o cumprimento efetivo da legislação e normatizações de saúde; promover melhorias contínuas na rede SUS como: 
1- Informatização para implantar o cartão SUS e o prontuário eletrônico; 
2- Qualificar o atendimento aos serviços de saúde; 
3- Melhorar as condições de trabalho; 
4- Reduzir as filas; 
5- Ampliar e facilitar o acesso nos diferentes serviços de saúde; 
· Defesa dos direitos dos usuários: no campo do direito, a saúde se coloca como um direito social. Os direitos sociais dos cidadãos vão além do âmbito da regulamentação jurídica formal. Marilena Chauí afirma que os cidadãos são sujeitos de direitos e que onde tais direitos não existam nem estejam garantidos (direito e dever de lutar e exigir por eles.)
· Princípios: 
1º Todo cidadão tem direito a ser atendido com ordem e organização.
 2º Todo cidadão tem direito a ter um atendimento com qualidade.
 3º Todo cidadão tem direito a um tratamento humanizado e sem nenhuma discriminação.
 4º Todo cidadão deve ter respeitados os seus direitos de pacientes. 
5º Todo cidadão também tem deveres na hora de buscar atendimento de saúde. 
6º Todos devem cumprir o que diz a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde.
Abordagem Histórica das Representações Sociais de Saúde e Doença
Saúde / Doença / Subjetividade 
 É necessário estudar essa relação para compreender a dinâmica subjetiva que ronda a profissão médica ,os aspectos subjetivos presentes no adoecer e entender a participação do social neste contexto que serve de alicerce para edificar e justificar uma prática médica. 
 Nos primórdios de uma raça humana ou ainda quando se poderia imaginar uma visão de humanos que percorriam grandes extensões territoriais em busca de sua sobrevivência não havia noção do coletivo e nem tão pouco de saúde ou doença. A própria noção do morrer ainda estaria sendo construída. Provavelmente dando sentido ao que chamamos de estar vivos. Souza e Oliveira - “A percepção da saúde e doença de cada indivíduo está relacionada com a sua percepção de vida marcados por diferenças culturais, sociais econômicas e individuais, isso permitem coexistirem concepções distintas em distintos momentos, em diferentes sociedades”. Elas também dizem que cada sociedade compreende e enfrenta a saúde e a doença de acordo com sua própria cultura e com o momento histórico que está vivendo ,ou seja, a compreensão de saúde tem alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida que indivíduos e coletividades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação. Ter condições mínimas de saúde foi algo construído em meio ao nascimento do que chamamos de meios sociais. As regras de convivências trouxeram também as necessidades de leis que observassem meios de evitar o adoecer e a Higiene redefine nosso espaço social. Construindo o que seria qualidade de vida. O nascimento do “ser saudável” se dá no nascimento do meio social onde envolve religiosidade, comportamentos, conhecimentos e no futuro o nascimento de uma ciência que seria baseada no ato de cuidar, curar e em sua última extensão prevenir. Entender sobre as representações sociais que cercam nossos meios é saber representar o papel do saudável e do doentil. 
· Subjetividade: 
· O que é: Individualidade. Percepção sobre o mundo do indivíduo. Observações sobre o mundo a sua volta, sobre o futuro e sobre sua realidade. Refere-se ao que é pessoal e produto dos conceitos cognitivos do indivíduo que foram montados ao longo de sua vida. 
· Como a saúde deve pensar a subjetividade no contexto do adoecimento humano :
1- Qual o papel da doença hoje em nossa sociedade? 
2- Quanto não somos influenciados pelos nossos rituais que visam basicamente evitar o adoecer? 
3- Viver pode ser comparado a simplesmente buscar evitar o adoecer? 
 Socialmente o humano se organiza e ao longo dos séculos e se constitui em um ser que teve que aprender a viver em grandes centros que trouxeram não só os problemas sociais, econômicos, mas também uma nova visão sobre o que seria permanecer vivo. Existe alguém completamente saudável? Ou completamente doente? Em um momento mais atual, se observa que há uma grande relação entre esse que adoece, o que cura e o que assite. Os estudos no século passado com as tribos indígenas e as observações com o papel dos xamãs das tribos percebeu a estreita relação que existia de confiança entre o curandeiro e a tribo. O doente é uma parte do processo, mas a relação de confiança é fundamental. 
Nasce a crença na cura. Relação entre omeio social (tribo) e o Xamã. Esse doente quer participar e é a representação do social. Ele pode ter inclusive ganhos com o adoecer. Ganhos como o ganho do contexto social, religioso, interação médico-paciente, recebe atenção, retoma a família e revive o viver ao se perder a própria vida. 
 Para melhor compreender a relação entre Saúde/Doença/Subjetividade é necessário entender: 
· Nascimento da percepção do adoecer; 
· Quando e como se dá a noção do adoecer?;
· Quando foi que se percebeu os sentimento pessoais e quando provavelmente o humano parou para e buscou perceber se poderia estar doente ou saudável?; 
 A noção do adoecer surge com a noção de poder curar ou voltar ao estado anterior, se é que é possível. Curar seria uma ideia de melhorar condição que estava (era algo ruim e que se pode chamar de doença). Isso só foi possível perceber mais claramente ao perceber a necessidade do nascimento social, sociedade e meios coletivos e a necessidade de ter saúde. Se há quem fique doente, então se justifica o nascimento de quem vai curar em meio ao plano subjetivo social. 
 Quem autoriza a tua ação é a aceitação do meio social. O meio social (tribo) legitima e legaliza a sua existência ,confere o poder de cura. O doente precisa do curador e o curador precisa do doente. Podemos pensar até que dependemos das desgraças sociais humanas existirem para continuar e justificar a nossa existência de quem cuida . Saber sobre uma abordagem histórica das representações sociais da saúde vai enriquecer o nosso viver profissional. 
Afim de fundamentar a prática do profissional da saúde, leva a pensar mais que a doença, refletir sobre o doente e sobre quem cuida, saber mais sobre o seu meio social em que nasce aquela doença, e a mantém , recursos que se tem para intervir e visar a cura, o papel médico no contexto presente, como quem quer mudar não só o doente, mas o meio social. 
Política Nacional de Humanização
 Política que atravessa diferentes ações e instâncias gestoras do SUS, transversal com princípios que norteiam todo o sistema único de saúde. Visa fortalecer o SUS como política pública de saúde. Quando uma política pública de saúde cruza todos os níveis de atenção, com suas normas, diretrizes e recomendações, chamamos de política transversal do SUS. Sua finalidade é fortalecer o SUS enquanto direito do cidadão de ter um atendimento humanizado.
· Finalidade de PNH: 
· Humanização: valorização do envolvimento dos diferentes sujeitos - usuários, trabalhadores e gestores. É necessário fazer com que estes membros tenham protagonismo e voz ativa. 
· Valores: autonomia e protagonismo dos sujeitos - as pessoas que participam do sistema devem ser ouvidas e estimuladas quanto à sua criatividade no processo de criação do SUS; co-responsbilidade entre eles - todos são responsáveis pelo SUS; estabelecimento de vínculos solidários - o alcance na prática ocorre através das reuniões participativas; construção de redes de cooperação e participação coletiva no processo de gestão - colabora para valorizar o indivíduo. 
· Princípios Norteadores: ideias cruciais que precisam ser colocadas em prática para garantir os objetivos da PNH. 
· Valorização da dimensão subjetiva, coletiva e social em todas as práticas de atenção e gestão no SUS (fortalecimento dos direitos do cidadão, respeito às reivindicações de gênero, cor/etnia, orientação/expressão sexual etc);
· Fortalecimento do trabalho em equipe multiprofissional com atuação transdisciplinar; 
· Apoio a construção de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de saúde e produção de sujeitos; 
· Construção da autonomia e protagosnismo dos sujeitos e coletivos implicados na rede do SUS; 
· Co-responsabilidade desses sujeitos nos processos de gestão e atenção;
· Democratização das relações de trabalho e valorização dos trabalhadores da saúde, estimulando processo de educação permanente (ser ouvido e ser ativo melhora a saúde mental do trabalhador); 
· Valorização da ambiência, com organização de espaços de trabalho saudáveis e acolhedores.
· Dispositivos da PNH: Os dispositivos a seguir são entendidos como “tecnologias” ou “modos de fazer”. É revolucionária na forma de fazer e promover saúde, principalmente pela estimulação e valorização do indivíduo, através do acolhimento e pelo ato de ouvir. 
· Acolhimento com classificação de risco: não ocorre mais por ordem de chegada. Coloca em prática o princípio da equidade. 
· Ambiência: proporcionar um ambiente salubre de trabalho. 
· Equipes de referência e de apoio matricial (Clínica Ampliada): equipe de referência apoia os profissionais de AB para resolver os problemas cotidianos. A clínica ampliada é enxergar as situações e o indivíduo como um todo. 
· Projeto singular e projeto de saúde coletiva (Clínica Ampliada): projeto exclusivo que trata cada pessoa da maneira com que ela precisa. Enxerga o paciente como um ser único e desenvolve um plano exclusivo para cada um. 
· Colegiado de Gestão: gestores + trabalhadores + usuários. 
· Contratos de gestão: metas a serem cumpridas - planos de trabalhos que cada pessoa da equipe precisa cumprir para atingir a meta. 
· Sistema de escuta qualificada (ouvidoria, gerência de “portas abertas”) para usuários e trabalhadores - pesquisa de satisfação; 
· Visita aberta, direito a acompanhante e envolvimento no Projeto Terapêutico: Para que o paciente se sinta acolhido pelo grupo familiar. 
· Programa de qualidade de vida para o trabalhador
· Grupo Técnico de Humanização (GTH) com plano de trabalho definido.
· Parâmetros para implementação da PNH hospitalar (Nível B): .Existência de GTH com plano de trabalho definido; 
· Garantia de visita aberta e presença do acompanhante; 
· Mecanismos de recepção com acolhimento dos usuários;
· Mecanismos de escuta para usuários e trabalhadores;
· Equipe multiprofissional (minimamente médico e enfermeiro) de referência para cada paciente, com horário pré-agendado para recebimentos dos familiares; 
· Existência de desospitalização/cuidados domiciliares. 
· Garantia de continuidade da assistência, com ativação de redes de cuidado para viabilizar a integralidade; 
· Garantia de participação dos trabalhadores em atividades de educação permanente (equipe se reúne para discutir e melhorar a rotina de trabalho); 
· Atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores, contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho; 
· Organização do trabalho com bases discutidas coletivamente e com definição de eixos avaliativos, avançando na implementação de contratos internos de gestão. 
· Parâmetros para o Nível A: mesmos do nível B, acrescidos de: ouvidoria funcionando; equipe multiprofissional completa como referência; conselho de gestão participativa; acolhimento com classificação de risco na sua porta de Urgência; projeto de educação permanente, com atividades sistemáticas de capacitação que contemple a PNH. 
Etnografia no Processo de Saúde e Doença
Estudar a Etnografia no processo saúde e doença é buscar as influências culturais que levam um determinado grupo ou sociedade a ter certos comportamentos, enfatizando os comportamentos da sociedade que favorecem a saúde e aqueles comportamentos que favorecem a doença. 
· Etnografia: método utilizado pela antropologia na coleta de dados. Utilizada pelos antropólogos com o intuito de descrever os costumes e as tradições de um grupo humano. Este estudo ajuda a conhecer a identidade de uma comunidade humana que se desenvolve num âmbito sociocultural concreto. O antropólogo usa a etnografia, como elemento de pesquisa, e também usa os métodos qualitativos e quantitativos, conseguindo levantar dados necessários para descrever a sociedade quanto seus costumes, práticas e crenças. É muito importante que o antropólogo tenha uma visão neutra (não etnocêntrica) para que sua pesquisa não tenha o viés das suas concepções de mundo (se houver, a pesquisa perde sua credibilidade). 
Na prática →O antropólogo precisa vivenciar algumas experiências vividasnaquele ambiente para realizar a pesquisa etnográfica . As vezes o profissional se expõe a alguns riscos que só quem vivencia pode entender. Ter alteridade (e empatia) ,pois só conseguimos vivenciar se nos colocarmos no lugar do outro. A palavra alteridade significa ser o outro, portanto designa o exercício de colocar-se no lugar do outro, de perceber o outro como uma pessoa singular e objetiva. O antropólogo faz uso da alteridade como recurso para poder tentar enxergar o mundo como o outro enxerga, e descrever de forma mais natural e neutra possível essas experiências. Uma experiência etnográfica na saúde requer um texto que fale do afetar mútuo de duas culturas, em que um pesquisador e interlocutor contribuem com a matéria-prima dos sentidos e valores subjacentes ao encontro alteritário, que possibilita compreender o processo saúde/doença e aprimorar o cuidado em dado contexto. 
No Brasil, o estudo da Antropologia por meio da etnografia, principalmente relacionada ao conceito saúde-doença, ganhou força e estrutura a partir da década de 70, com a reforma sanitária e posteriormente com a promulgação da constituição e construção do SUS. Parte da organização política do país também percebeu a necessidade de buscar o diagnóstico das reais necessidades da população para a criação das políticas públicas, tanto que recentemente foi criado um Departamento de Design Etnográfico (2016), que busca proporcionar a imersão de servidores na experiência e realidade vivida pelos cidadãos, suas reais necessidades, expectativas e dificuldades
· Antropologia: “o estudo do homem”, seu objetivo é o estudo holístico do ser humano e suas origens, desenvolvimento, organização social e políticas, religiões, línguas e arte (artefatos produzidos). Estudar de forma integral o processo histórico do homem até os dias atuais. Como ciência foi reconhecida apartir do século XVIII, sendo que os primórdios aconteceram a partir do século V a.C., com Heródoto, que descrevia suas viagens e expedições. Como exemplo de descrito antropológico, temos a Carta de Pero Vaz de Caminha, que descrevia diariamente a rotina das expedições portuguesas no Brasil (informações referentes à cultura, língua, vestimentas, hierarquia). 
· Antropologia e a Etnografia: O processo evolutivo das sociedades humanas contribuíram para o surgimento da Antropologia. O neocolonialismo justificando a submissão de alguns povos e listando como superiores e inferiores usou a antropologia para justiçar algumas injustiças no começo. Muitos conceitos, com o tempo, foram extintos por práticas mais justas e humanas. Após a 1ªGuerra Mundial, os direitos humanos passam a ser mais valorizados, o que favorece os conceitos da Antropologia atual. A “descoberta do continente americano”, emergência do capitalismo comercial e dos Estados Nacionais da Europa Ocidental, o neo-colonialismo europeu, o positivismo e o evolucionismo científico na Europa, foram indispensáveis para a formação da Antropologia. 
· Evolução do Conceito da Antropologia: 
· Antropologia Evolucionista: principal representante é Edward Taylor .Para ele existia uma cultura superior e preponderante. As sociedades estariam em diferentes estágios evolutivos, sendo a cultura europeia, branca e cristã superior .Outro representante é Morgan, que traz conceitos e classifica a sociedade segundo aspectos, dizendo que algumas civilizações mais primitivas beirandm a selvageria, que evolui para a barbárie até chegar no estado civilizado que seria a cultura europeia. 
· Antropologia Funcionalista: Malinowski fundou todo o conceito de antropologia no seu tempo, introduzindo conceitos de antropologia na antropologia funcionalista, que combate os aspectos do etnocentrismo e evolucionismo. Discordava da incoerência atribuída pelos ocidentais às sociedades primitivas, contramão do etnocentrismo e do evolucionismo vigentes na época. Ele inventou as bases do método etnográfico, que transformou a antropologia para sempre ( a observação participante) , a partir da convivência por longos períodos com certa população , focando nas interrelações e nos vários aspectos da sociedade na tentativa de abranger sua complexidade ao invés de trabalhar à distância compilando fatos. Seu objetivo era compreender o ponto de vista dos nativos. Em 1922 publicou a obra “Argonautas do Pacífico Ocidental” , descrição inédita da vivacidade de uma cultura. Sua proposta de rever os conceitos da Antropologia, em que a antropologia funcionalista se baseia, traz a importância do antropólogo estar inserido na sociedade em que está sendo pesquisada (objetivo da ação participante de vivenciar o dia-a-dia e trazer aspectos culturais importantes como a forma que veem o mundo). Considera a sociedade um sistema complexo, cujas partes trabalham juntas para a solidariedade e estabilidade. Compara a sociedade com o corpo humano (cada órgão um segmento da sociedade que precisa estar em equilíbrio para a harmonia do todo.) 
· Antropologia Estruturalista: Claude Levi Strauss propõe o entendimento que os elementos da cultura humana devem ser entendidos face a sua relação com o sistema ou estrutura maior. Os mecanismos sociais refletem o domínio da cultura sobre a natureza. Nesse contexto de vivenciar a rotina da sociedade, a etnografia, envolvendo a observação participante dos aspectos da vida, se interessa em saber o que ela é no presente. 
· Antropologia Médica: estuda como as pessoas em diferentes culturas e grupos sociais, explicam as causas dos problemas de saúde, tipos de tratamentos nos quais acreditam e a quem recorrem quando adoecem. É o estudo do sofrimento humano e das etapas pelas quais as pessoas passam para explica-lo e aliviá-lo. Para que as práticas em saúde funcionem quando aplicadas em uma determinada população, é necessário conhecer essa população, sendo a antropologia uma ferramenta essencial para desvendar as reais necessidades de uma população.
Quando falamos em identificar as reais necessidades de uma população aos processos terapêuticos, devemos considerar três subsistemas: 
1- Informal: expressão da cultura popular, inclui o indivíduo, família, rede social (remédios caseiros, repouso, suporte emocional, práticas religiosas);
2- Popular: especialistas de cura não profissionais (curandeiros, benzedeiras); 
3- Profissional: formado pelas profissões legalmente reconhecidas (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos). A escolha da prática depende do oferecimento dos serviços de saúde públicos nessa determinada comunidade e a facilidade do acesso. 
 A antropologia médica aponta os limites da tecnologia biomédica quando queremos mudar o estado de saúde de uma população que está associado ao seu modo de vida e ao seu universo social e cultural, que influenciam na adoção de comportamentos de prevenção e utilização dos serviços de saúde.
· Etnocentrismo: consiste em julgar, a partir de padrões culturais próprios, como certo ou errado, feio ou bonito, normal ou anormal, os comportamentos e as formas de ver o mundo dos outros, desqualificando suas práticas e até negando sua humanidade. É comum na antropologia evolucionista. 
 Seguindo a lógica do quanto a cultura interfere no comportamento humano, podemos dar sequência entendendo que as sociedades têm significados e coerências próprios, assim que para a antropologia, a cultura segue as necessidades do indivíduo, e essa sociedade cria as instituições (econômicas, jurídicas, políticas e educativas) de acordo com a sua necessidade, que deem respostas coletivas e organizadas, resultando em soluções que articulam o social, biológico e psicológico. Assim a cultura passa a ser representada através de uma lente sobre a qual determinada sociedade vê o mundo (sendo diferente a forma que cada indivíduo vê o mundo de acordo com a sociedade em que cada um foi criado).

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