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Embriologia CLIVAGEM DO ZIGOTO A clivagem consiste em divisões mitóticas repetidas do zigoto, resultando em rápido aumento do número de células. A divisão do zigoto inicia-se cerca de 30 horas após a fecundação. Essas células embrionárias – os blastômeros – tornam-se menores a cada divisão por clivagem. A clivagem ocorre normalmente quando o zigoto passa pela tuba uterina. Durante a clivagem, o zigoto ainda se situa dentro da zona pelúcida. Após o estágio de 8 células, os blastômeros mudam sua forma e se agrupam firmemente uns com os outros – a compactação – para formar uma bola compactada de células. Esse fenômeno provavelmente é mediado por glicoproteínas de adesão de superfície celular. A compactação permite uma maior interação célula com célula e é um pré-requisito para a segregação de células internas que formam a massa celular interna. Quando já existem 12 a 32 blastômeros, o concepto é chamado de mórula. As células internas da mórula – massa celular interna, ou embrioblasto – estão circundadas por uma camada de blastômeros achatados que formam o trofoblasto. Uma proteína imunossupressora – o fator inicial de gravidez – é secretada pelas células trofoblásticas e surge no soro materno dentro de 24 a 48 horas após a fecundação. Fator inicial de gravidez forma a base do teste de gravidez aplicável durante os primeiros 10 dias de desenvolvimento. FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO Logo após a mórula ter alcançado o útero (cerca de 4 dias após a fecundação), o fluido da cavidade uterina passa através da zona pelúcida para formar um espaço preenchido por fluido – a cavidade blastocística – no interior da mórula. Como o fluido aumenta na cavidade, os blastômeros são separados em duas partes: ❋ O trofoblasto, uma delgada camada celular externa que formará a parte embrionária da placenta. ❋ O embrioblasto, um grupo de blastômeros localizados centralmente que dará origem ao embrião. Durante esse estágio, o concepto é chamado de blastocisto. O embrioblasto agora se projeta para a cavidade blastocística e o trofoblasto forma a parede do blastocisto. Após o blastocisto permanecer suspenso no fluido da cavidade uterina por cerca de 2 dias, a zona pelúcida se degenera e desaparece. a degeneração da zona pelúcida permite ao blastocisto aumentar rapidamente de tamanho. Enquanto está flutuando livremente na cavidade uterina, o embrião obtém nutrição das secreções das glândulas uterinas. Cerca de 6 dias após a fecundação (20º dia de um ciclo menstrual regular de 28 dias), o blastocisto adere ao epitélio endometrial. Logo que ele adere ao epitélio endometrial, o trofoblasto começa a proliferar rapidamente e se diferencia em duas camadas: ❋ O citotrofoblasto, a camada interna de células. ❋ O sinciciotrofoblásto, a camada externa consistindo em uma massa multinucleada (nenhum limite celular pode ser observado) formada pela fusão de células. Os prolongamentos digitiformes do sinciciotrofoblásto se estendem para o epitélio endometrial e invadem o tecido conjuntivo. No fim da 1ª semana, o blastocisto está superficialmente implantado na camada compacta do endométrio e obtém sua nutrição dos tecidos maternos erodidos. O sinciciotrofoblásto altamente invasivo se expande rapidamente adjacente ao embrioblasto – o pólo embrionário. O sinciciotrofoblásto produz enzimas proteolíticas que erodem os tecidos maternos, possibilitando ao blastocisto “implantar-se” dentro do endométrio. IMPLANTAÇÃO A implantação do blastocisto completa-se durante a segunda semana do desenvolvimento embrionário. À Embriologia medida que esse processo prossegue, ocorrem no embrioblasto mudanças que produzem um disco embrionário bilaminar composto de duas camadas, epiblasto e hipoblasto. O disco embrionário origina as camadas germinativas que formam todos os tecidos e órgãos do embrião. As estruturas extra-embrionárias que se formam durante a segunda semana são a cavidade amniótica, o âmnio, o saco vitelino, o pedículo de conexão e o saco coriônico. A implantação do blastocisto começa no fim da primeira semana. O sinciciotrofoblásto erosivo invade o tecido conjuntivo endometrial, que sustenta os capilares uterinos e as glândulas. À medida que isso ocorre, o blastocisto vagarosamente se aprofunda no endométrio. As células sinciciotrofoblásticas deslocam as células endometriais na parte central do sitio de implantação. As células endometriais sofrem apoptose, o que facilita a invasão. As enzimas proteolíticas produzidas pelo sinciciotrofoblásto estão envolvidas nesse processo. As células do tecido conjuntivo em torno do sítio de implantação acumulam glicogênio e lipídios, assumindo um aspecto poliédrico. Algumas dessas células - as células deciduais - degeneram adjacentes a região de penetração do sinciciotrofoblásto. O sinciciotrofoblásto engloba essas células em degeneração que fornecem uma rica fonte para a nutrição embrionária. À medida que o blastocisto se implanta, o trofoblasto aumenta o contato com o endométrio e se diferencia em duas camadas: ❋ O citotrofoblasto, uma camada de células mononucleadas mitoticamente ativa e que forma novas células trofoblásticas que migram para a massa crescente de sinciciotrofoblásto, onde se fundem e perdem suas membranas celulares. ❋ O sinciciotrofoblásto, uma massa multinucleada que se expande rapidamente na qual nenhum limite celular é visível. O sinciciotrofoblásto produz um hormônio, gonadotrofina coriônica humana (hCG), que entra no sangue materno presente nas lacunas do sinciciotrofoblásto. A hCG mantem a atividade hormonal do corpo lúteo no ovário durante a gravidez e forma a base dos testes de gravidez. Radioimunoensaios altamente sensíveis são usados para detectar hCG. No fim da segunda semana, o sinciciotrofoblásto produz uma quantidade de hCG suficiente para dar um teste positivo para a gravidez, mesmo que a mulher não saiba que está gravida. FORMAÇÃO DA CAVIDADE AMNIÓTICA E DO DISCO EMBRIONÁRIO Com a progressão da implantação, ocorrem mudanças no embrioblasto que resultam na formação de uma placa Embriologia bilaminar quase circular de células achatadas - o disco bilaminar – formado por duas camadas: ❋ O epiblasto, uma camada mais espessa, constituída por células colunares altas, relacionadas com a cavidade amniótica. ❋ O hipoblasto, uma camada mais fina, composta por pequenas células cuboides adjacentes à cavidade exocelômica. Concomitantemente, aparece um pequeno espaço no embrioblasto, que é o primórdio da cavidade amniótica. Logo as células amniogênicas, denominadas amnioblastos, se separam do epiblasto e se organizam para formar uma fina membrana, o âmnio, que envolve a cavidade amniótica. O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica e está perifericamente em continuidade com o âmnio. O hipoblasto forma o teto da cavidade exocelômica e está em continuidade com as células que migram do hipoblasto para formar a membrana exocelômica. Essa membrana circunda a cavidade blastocística e reveste a superfície interna do citotrofoblasto. A membrana exocelômica e a cavidade logo se modificam para formar o saco vitelino primitivo. O disco embrionário situa-se agora entre a cavidade amniótica e o saco vitelino primitivo. As células do endoderma do saco vitelino formam uma camada de tecido conjuntivo livremente arranjada, o mesoderma extra-embrionário, que circunda o âmnio e o saco vitelino. Assim que se formam o âmnio, o disco embrionário e o saco vitelino primitivo, surgem cavidades isoladas, as lacunas, no sinciciotrofoblásto. Essas lacunas logo se tornam preenchidas por uma mistura de sangue materno proveniente dos capilares endometriais rompidos e restos celulares das glândulas uterinas erodidas. No 10º dia, o embrião humano está completamente implantado no endométrio. Por aproximadamente2 dias, há uma falha no epitélio endometrial que é preenchido por um tampão, um coagulo sanguíneo fibrinoso. Por volta do 12º dia, o epitélio quase totalmente regenerado recobre o tampão. FINAL DA 2ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO ❋ Diferenciação do mesoderma extraembrionário; ❋ Formação do saco vitelino secundário; ❋ Formação do córion/saco coriônico/cavidade coriônica; ❋ Formação das vilosidades coriônicas primarias; ❋ Formação da placa pré-cordal. Enquanto ocorrem mudanças no trofoblasto e no endométrio, o mesoderma extra-embrionário cresce, e surgem no seu interior espaços celômicos extra- embrionários isolados. Esses espaços fundem-se rapidamente e formam uma grande cavidade isolada, o celoma extra-embrionário. Essa cavidade preenchida por fluido envolve o âmnio e o saco vitelino, exceto onde eles estão aderidos ao córion pelo pedículo do embrião. Com a formação do celoma extra-embrionário, o saco vitelino primitivo diminui de tamanho e se forma um pequeno saco vitelino secundário. Durante a formação do saco vitelino secundário, uma grande parte do saco vitelino primitivo de destaca. O saco vitelino, não contem vitelo. Ele pode ter papel na transferência seletiva de nutrientes para o disco embrionário. O trofoblasto absorve o fluido nutritivo das redes lacunares no sinciciotrofoblásto, que é, então, transferido ao embrião. DESENVOLVIMENTO DO SACO CORIÔNICO O fim da segunda semana é caracterizado pelo surgimento das vilosidades coriônicas primarias. A proliferação das células citotrofoblasticas produz extensões celulares que crescem para dentro do sinciciotrofoblásto. Acredita-se que o crescimento dessas extensões seja induzido pelo mesoderma somático extra- embrionário subjacente. As projeções celulares formam as vilosidades coriônicas primarias, que são o primeiro estágio no desenvolvimento das vilosidades coriônicas da Embriologia placenta. O celoma extra-embrionário divide o mesoderma extra-embrionário em duas camadas: ❋ O mesoderma somático extra-embrionário, que reveste o trofoblasto e cobre o âmnio. ❋ O mesoderma esplâncnico extra-embrionário, que envolve p saco vitelino. O mesoderma somático extra-embrionário e as duas camadas de trofoblasto formam o córion. O córion forma a parede do saco coriônico. O embrião com os sacos vitelino e amniótico estão suspensos na cavidade coriônica pelo pedículo do embrião. ❋ O ultrassom transvaginal (sonografia endovaginal faz a mensuração do diâmetro do saco coriônico (avaliação do desenvolvimento embrionário inicial e da progressão da gravidez). O embrião no 14º dia ainda tem a forma de um disco embrionário bilaminar, mas as células endodérmicas, em uma área localizada, são agora colunares e formam uma área circular espessada, denominada placa pré-cordal, que indica o futuro local da boca e um importante organizador da região da cabeça. ❋ Proliferação de células do citotrofoblasto que invadem o sinciciotrofoblásto (induzidas pelo mesoderma somático extraembrionário subjacente) Formação das vilosidades coriônicas primárias (1º estágio no desenvolvimento das vilosidades coriônicas da placenta). 3ª SEMANA DE DESENVOLVIMENTO ❋ É a semana que se segue a ausência do primeiro período menstrual, ou seja, 5 semanas após o início do último período menstrual. O rápido desenvolvimento do embrião do disco embrionário é caracterizado por: ❋ Aparecimento da linha primitiva; ❋ Desenvolvimento da notocorda; Diferenciação das três camadas germinativas. GASTRULAÇÃO A gastrulação é o processo pelo qual o disco bilaminar é convertido em uma disco embrionário trilaminar. Esse processo é o início da morfogênese. A gastrulação se inicia com a formação da linha primitiva. Cada uma das três camadas germinativas do disco embrionário dá origem a tecidos e órgãos específicos: ❋ O ectoderma dá origem à epiderme, ao sistema nervoso, à retina e a muitas outras estruturas. ❋ O endoderma é a fonte dos revestimentos epiteliais das vias respiratórias e do trato gastrointestinal, incluindo as glândulas que se abrem no trato gastrointestinal e as células glandulares dos órgãos associados, tais como o fígado e o pâncreas. ❋ O mesoderma dá origem ao revestimento do músculo liso, aos tecidos conjuntivos e aos vasos associados a tecidos e a órgãos. Forma a maior parte do sistema cardiovascular e dá origem às células sanguíneas e à medula óssea, aos ossos, aos músculos estriados e a órgãos do sistema reprodutivo e secretor.
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