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Pensando a família no processo de escolha profissional

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
Faculdade de Psicologia – Campi Coração Eucarístico 
Estágio X – Orientação Profissional - 8°p. / Noite 
Professor: Wanderley Chieppe Felippe 
Estagiárias: Natália Quintino Barbosa, Vanessa Silva Melo 
 
RESUMO 
Texto: Pensando a família no processo de escolha profissional (Maria Luiza Dias. In 
Delba T. R. Barros et al. (Org.) Arquitetura de uma ocupação: Orientação Profissional 
Teoria e Prática. São Paulo: Vetor, 2003. v. 3 p. 259-275). 
 
A família enquanto sistema possui a função socializante, como também, modelos 
de valores e aspectos afetivos formadores de preferências e rejeições. Os significados 
atribuídos pelos pais influenciam o desenvolvimento dos filhos, constituindo assim, as 
referências e as bases de sustentação da construção do “Eu”. 
Para a construção da eficácia na orientação profissional é primordial compreender 
que os “nossos interesses são frutos da relação psicodinâmica com as experiências que 
temos no mundo e que, por isso, poderemos desenvolver habilidades que no momento 
não possuímos.” (DIAS, cap. 14, p.3) 
Sobretudo, a Orientação Profissional irá atuar de maneira cooperativa junto ao 
orientado afim de rever suas percepções sobre as profissões. Além de compreender os 
aspectos inter-relacionados: individuo x desenvolvimento intrapsíquico x realidade e 
imaginário familiar x inserção de classe. O orientador possui o papel de co-contrutor da 
estrutura simbólica para à facilitação da escolha profissional, convidando-o a reflexão 
sobre a sua realidade, ampliando a visão para o direcionamento e o vínculo com o futuro. 
Por sua vez, a promoção do autoconhecimento afim de clarear os interesses, valores e 
aptidões do mesmo. 
“OP deve voltar-se a esse referencial: às fantasias e aos desejos 
presentes no sujeito, à sua operacionalidade, às suas implicações na 
continuidade de sua vida, universo esse permeado a todo tempo pela 
visão de mundo constituída dentro das relações familiares e com outras 
figuras significativas presentes no processo de socialização de uma 
pessoa.” (DIAS, cap. 14, p.5) 
 
Em análise, o orientador deve preocupar-se com a observações latentes em relação 
ao que o orientado prefere ou não fazer, e essa deve estar pautada contexto familiar e 
como este se retroalimenta. Contudo, é necessário haver uma ressignificação da realidade 
para traçar estratégias para o futuro, considerando as relações inconscientes e as 
manifestações não-verbais. 
A tomada de decisão por uma escolha pressupõe o luto daquilo que não pode ser 
escolhido, sendo assim, ocorrem um ganho e uma perda. Nesse processo, toda a família 
mobiliza-se em função dos sonhos e das idealizações e projeções feitas aos filhos. 
A escolha sintomática está relacionada aos conflitos e as tentativas de solucionar 
problemas emocionais de ordem familiar e/ou pessoal. Nesse contexto, a escolha torna-
se um sintoma do grupo em ansiedade partilhadas e identificações projetivas. De acordo 
com Klein, a identificação projetiva trata se “de um mecanismo no qual uma combinação 
de partes cindidas do Eu é projetada em outra pessoa.” (DIAS, cap. 14, p.7). Dessa forma, 
a escolha pode ser uma tentativa de reparar aquilo que está danificado no indivíduo. Sendo 
importante elucidar o conjunto de significados inconscientes, identificando as quais 
objetos internos a escolha profissional está associada. 
É importante pensar sobre a influência da família na escolha profissional do 
sujeito, os pais trazem sua visão sobre o que poderia ser melhor para o filho e o que ele 
poderia fazer bem, preocupando-se com um futuro bem-sucedido e um trabalho bem 
remunerado para o filho, afirmando que é preciso ter um bom salário e uma boa posição 
no mercado de trabalho. 
Muitos pais ainda pensam de forma tradicional, sugerindo ao filho carreiras que 
historicamente são valorizadas pela sociedade, como, medicina, direito, engenharia e 
outras, muitas vezes não considerando o cenário atual para tais profissões. Esse 
movimento reafirma as concepções dominantes que reverberam sobre as profissões. 
Em geral, famílias que buscam a Orientação Profissional para seus filhos trazem 
demandas e/ou queixas que podem ser observadas com certa frequência, como, famílias 
que se apresentam com o desejo de que o jovem seja feliz; Famílias que querem exercer 
o total controle; Famílias desenganjadas; Famílias cujo primeiro critério diz respeito às 
condições do mercado de trabalho. 
Dias nos sugere atividades para serem aplicadas durante o processo de 
atendimento do cliente em OP. A autora salienta que quando não é possível ter a presença 
dos pais em alguma sessão, seja na OP individual ou em grupo é importante que sejam 
incluídas atividades que possam colher as representações sobre o jovem e o mundo 
ocupacional presentes no imaginário familiar. Traremos alguns exemplos, entrevistar os 
pais sobre o porquê a escolha de seu nome; solicitar que o orientado peça uma carta a 
seus pais dizendo como vêem seu momento de escolha profissional; frases para 
completar, sendo algumas dirigidas ao tema da família; Genoprofissiograma; histórias e 
uso de humor (tirinhas situacionais); role-playing dos papeis dos pais e brasão da família. 
A autora ressalta que certamente o indivíduo chegará para o processo de OP 
cercado de visões e pressões familiares. Sendo assim, ratifica-se a importância da inclusão 
dos pais e/ou outros membros da família em entrevistas com o orientado ou de atividades 
que fomentem a reflexão sobre esse universo em sua Orientação Profissional. 
 
“A “cultura” do grupo familiar será internalizada pelo sujeito e estará 
ativa. Em alguns momentos, a escolha profissional, influenciada pelos 
dilemas familiares, poderá, mesmo, transforma-se em sintoma de grupo 
– expressão de ansiedade e conflitos compartilhados” (DIAS, cap. 14, 
p.16)

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