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Projecto de Pesquisa de Mestrado - Japao

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Tema: Reflexões sobre a Cooperação Internacional Japonesa Para o desenvolvimento em África: Estudo do caso da JICA em Moçambique
Introdução e apresentação
A temática da cooperação internacional para o desenvolvimento encontra as suas origens no European Recovery Program (Plano Marshal), em 1948, que visava a reconstrução na Europa Ocidental Capitalista pós-Segunda Guerra Mundial através da ajuda financeira norte-americana estimada em mais de 14 bilhões de dólares EUA e culminou com a criação do Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). A partir de 1960, os países membros do CAD e OCDE, receptores a ajuda norte-americana, passaram a ser conhecidos como doadores tradicionais e dominaram a temática da CID até nos finais do século XX. Entretanto, os princípios século XXI são marcados pelo crescente envolvimento das potências emergentes na CID (com o advento da Cooperação Sul-Sul) e pelo levantamento do debate sobre a efectividade e eficácia da CID em África, pois muitos dos países receptores de ajuda (de que grande parte dos países africanos são parte) tê, desde 1950, recebido avultadas quantias monetárias e assistência técnica para o desenvolvimento mas, entretanto, muitos deles encontram-se cada vez mais pobres.
De facto, a CID na forma de AOD, cooperação Norte-Sul, Sul-Sul, parcerias publico-privadas entre outras, constituem ferramentas imprescindíveis para o arranque das nações do terceiro mundo rumo ao desenvolvimento, entretanto, poucas tem sido os avanços económicos daqueles países. Por exemplo, Moçambique que vem recebendo ajuda financeira desde o contexto de luta de libertação nacional e actualmente projectos em sectores como saúde, educação, agricultura e infra-estruturas são financiados por parceiros tanto do Norte como do Sul. Por isso que, a presente pesquisa tenciona abordar sobre a Cooperação Internacional Japonesa Para o desenvolvimento em África: Estudo do caso da JICA em Moçambique, analisando os factores que influenciam positiva e negativamente nas contribuições dessa cooperação no desenvolvimento económico de Moçambique.
Quanto a abordagem, a pesquisa, será do geral para o particular, isto é, analisar-se-ia as contribuições da Cooperação Internacional Japonesa no desenvolvimento económico dos países africanos como principal foco no JICA em Moçambique, na expectativa de aferir as contribuições e os factores que afectam nas contribuições da CID no desenvolvimento dos países receptores, de forma geral. 
Contextualização
Para além da reconfiguração de uma Nova Ordem Mundial do pós-Guerra fria, o surgimento de novos polos de poder com as chamadas potências emergentes – na Asia, Médio Oriente e na América Latina, os princípios dos anos 1990 foram caracterizados pela consolidação de uma nova agenda das relações internacionais com prioridade na cooperação para o desenvolvimento, para além manutenção da paz, preocupação pelas questões ambientais, mudanças climáticas, epidemias e direitos humanos (Kissinger, 2003: 23; Milani, 2014:42).
No quadro da cooperação para o desenvolvimento, dede 1990 o governo japonês integrou várias missões humanitárias e de manutenção de paz por todo o mundo (MoFA, 2011: 5). Em África há que assinalar a integração na United Nations Operation in Mozambique (ONUMOZ), onde esteve presente entre Maio de 1993 e Janeiro de 1995, as Humanitarian Relief Operations (HR) entre Setembro de 1994 e Dezembro de 1994, no Ruanda ou as United Nations Missions in Sudan (UNMIS), desde Outubro de 2008 até 2011. Para além destas há que referenciar os esforços de consolidação da paz (peacebuilding) desenvolvidos noutros pontos do continente africano (Tabela 11) e o suporte dado aos diversos Centros de Treino das Operações de Manutenção de Paz (PKO Training Centers) – Egipto, Mali, Benim, Gana, Nigéria, Camarões, Quénia, Ruanda, África do Sul. 
Entretanto, o ano de 1993 marca o início de uma nova era da presença japonesa em África através da instituição da Tokyo International Conference on African Development (TICAD). A TICAD foi lançada pelo governo japonês como intenção de sustentar a sua posição de estado proactivo na assistência aos países africanos menos desenvolvidos e através do qual o governo japonês pretende promover o diálogo político de alto nível entre líderes africanos e seus parceiros; e 2) mobilizar apoio para iniciativas de autodesenvolvimento (Saiote, 2014:58). É no contexto da escalada japonesa em África que assiste-se a transformação da Japonese International cooperation Agency (JICA) foi transformada numa instiruicao de cooperação internacional e independente sobre a alçaada da qual é coordenada a Assistencia Oficial ao Desenvolvimento Japonesa, ainda, neste ano, foi aberto o escritório da JICA através da qual se desenvolvem vários projectos financiados pelo governo japonês voltados ao desenvolvimento da economia local e regional, acções para o meio ambiente e mudanças climáticas e desenvolvimento humano e fortalecimento institucional(JICA, 2016:2).
Justificativa
O tema ganha relevância num contexto em que cresce o levantamento do debate sobre a eficácia e efectividade da CID, da necessidade de se mensurar as suas contribuições no desenvolvimento/crescimento económico dos países receptores e que os intervenientes (tanto os países doadores, receptores como os técnicos envolvidos na implementação, gestão dos projectos como a população local e beneficiaria) são chamados a pensar nos sectores prioritários e aos procedimentos a considerar e ter em atenção na execução e implementação dos projectos de desenvolvimento local nas mais diversificadas áreas de interesse.
A relevância da pesquisa pode, ainda, ser visualizada nas seguintes dimensões: Na dimensão prática, a pesquisa é imprescindível pois procura aferir as políticas que tanto a parte japonesa como a africana levam em conta na identificação das áreas prioritárias na execução da sua CID, concretamente a JICA em Moçambique. E, por fim, na dimensão académica, a pesquisa contribuirá nos debates sobre a eficácia da CID trazendo a importância ou a necessidade de consensualização dos métodos usados na mensuração das contribuições da CID no desenvolvimento do local receptor.
Objectivos da Pesquisa
· Reflectir em torno das contribuições da cooperação internacional japonesa no desenvolvimento de África: estudo do caso da JICA em Moçambique
Objectivos específicos
· Identificar os projectos e iniciativas de cooperação internacional japonesa desenvolvidos em África (concretamente os projectos e iniciativas da JICA em Moçambique);
· Discutir em torno dos factores que influencia negativa ou positivamente na implementação das iniciativas e projectos de cooperação japonesa em África (Concretamente os projectos e iniciativas da JICA em Moçambique)
· Avaliar a contribuição da cooperação internacional japonesa na promoção do desenvolvimento África (Concretamente os projectos e iniciativas da JICA em Moçambique).
Formulação do problema
A Cooperação internacional nas suas mais variadas formas (desde ajuda internacional ao IDE) constituem ferramentas imprescindíveis para crescimento e desenvolvimento económico dos países receptores. Como afirma Diniz (2006:260), não se pode ignorar o efeito multiplicador tanto dos fluxos de capitais resultantes da ajuda externa como da assistência técnica nas mais variadas forma. Poi, enquanto fonte de capitais permanentes exerce um efeito directo sobre o ritmo de acumulação de capitais (a); reforça a inserção dos países receptores nas redes internacionais de comércio e permite a integração das empresas domésticas em cadeias globais de aprovisionamento e de produção (b); promove directamente e incentiva indirectamente a transferência de tecnologias, do know-how, estimulando assim, o aumento do capital humano qualificado e contribui, a prazo, para a melhoria da produtividade factorial (Barros,2010:10). Entretanto, Herbert (2012, p. 67) aponta que, apesar de mais de US$ 1,8 trilhões em ODA estarem a ser drenados à Áfricadesde 1950, a pobreza no continente continuou a se expandir. Ao exemplo do Moçambique que na década passada (1990 a 2000) recebeu de ajuda externa um montante avaliados na ordem de US$ 65.6 per capita por ano, entretanto, pais enfrenta problemas graves de pobreza extrema, desemprego, analfabetismo, corrupção, dependência e endividamento externo, epidemias como o HIV/SIDA, cólera, desnutrição crónica, entre outros.
É na perspectiva de compreender o lento take off para o desenvolvimento dos países receptores de ajuda como Moçambique, o presente projecto tem como pergunta farol: qual é o contributo da cooperação internacional japonesa no desenvolvimento dos países africanos, vistos a luz da JICA em Moçambique? 
Com o propósito de responder a questão levantada, formulou-se as seguintes hipóteses: 1- os principais projectos e iniciativas desenvolvidas pela JICA em Moçambique são o PROSAVAN, a concessão de empréstimo para o melhoramento da estrada Mamdinba-Lichinga e a iniciativa de ABE; 2- a definição de sectores prioritários e a avaliação conjunta da viabilidade dos projectos aliada a criação de mecanismos eficientes de gestão conjunta dos mesmos são alguns dos factores que podem afectar a eficácia e efectividade (positiva ou negativamente) dos projectos implementados pela JICA em Moçambique; 3 – a cooperação japonesa contribui positivamente na promoção do desenvolvimento económico através de iniciativas que possibilitam a segurança alimentar e a diversificação da produção agrícola em Moçambique como é o caso do PROSAVANA.
Procedimentos Metodológicos
Quanto a metodologia, para a presente pesquisa, usar-se-ía o método hipotético-dedutivo[footnoteRef:1] com o suporte do método estatístico[footnoteRef:2] que permitirá analisar a cooperação internacional japonesa para o desenvolvimento em África, e aferir em termos estatísticos as contribuições das iniciativas da JICA no desenvolvimento económico de Moçambique. [1: No método hipotético-dedutivo, de acordo com Kaplan (1972:12): "...o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as conseqüências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue".] [2: Este método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Há que se considerar, porém, que as explicações obtidas mediante a utilização do método estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de serem verdadeiras (Gil, 2008:17).] 
Relativamente aos procedimentos técnicos, a pesquisa guiar-se-ia com a pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica permitirá a consulta de livros, artigos científicos, revistas científicas em torno da cooperação internacional japonesa para o desenvolvimento em África. E, a pesquisa documental terá como foco consulta e análise de documentos sobre as iniciativas da JICA em Moçambique.
De modo a ter acessibilidade em dados ou informações, serão de aplicação para a presente pesquisa as técnicas de recolha de dados concretamente a entrevista e o inquérito. A entrevista permitirá o acesso de informações tanto, do pessoal técnico afrente da cooperação japonesa (JICA), da moçambicana como da população beneficiária dos projectos financiados pela JICA no que tange a contribuição dos mesmos no desenvolvimento económico e aspectos adjacentes.
Sendo assim, a população assim como a amostra para o estudo será estratificada, ou seja, por um lado teremos o pessoal técnico da área de cooperação e execução dos projectos da JICA em Moçambique e por outro lado, a população que se beneficia dos projectos executados. E, para determinar a população e a amostra será feita a soma dos extractos (pessoal técnico afrente da cooperação japonesa (JICA), da moçambicana como da população beneficiária dos projectos).
Referencias Bibliográficas (Por organizar…)
HERBERT, Ross. Sixty years of development aid: shifting goals and perverse incentives. In: CHATURVEDI, Sachin; FUES, Thomas; SIDIROPOULOS, Elizabeth. (Eds.). Development cooperation and emerging powers: new partners or old patterns? New York: Zed Books, 2012.
SOUZA, Andre de Mello. Repensando a Cooperação internacional para o desenvolvimento, Brasilia; Ipea (Eds.), 2014, 277pp.