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Adaptações neuromusculares e metabólicas ao exercício físico O músculo esquelético humano é um maleável tecido orgânico que apresenta como principalcaracterística uma eximia capacidade adaptativa neurofisiológica, metabólica e morfológica, que se expressa diante de estímulos advindos do exercício físico. A quebra do Equilíbrio Durante a atividade física ocorre uma quebra do equilíbrio homeostático. • O organismo tenta se adaptar a este desequilíbrio, alterando vários parâmetros bioquímicos, fisiológicos e biomecânicos; • Se a atividade física passa a ser rotineira estas alterações tendem a permanecer enquanto esta rotina for mantida. Principais adaptações Respostas adaptativas ao exercício físico • Adaptações agudas: Acontecem durante e imediatamente após a atividade física. Podem ser fisiológicas ou biomecânicas. Exemplos: aumento da frequência cardíaca e da pressão; aumento da temperatura corporal; aumento da frequência respiratória. • Adaptações crônicas: Ocorrem após a sistemática realização de atividade física. Exemplos: bradicardia, hipertrofia muscular, aumento massa magra, aumento da potência aeróbia, aumento da densidade mineral óssea. Força muscular Força muscular Definida como a força ou tensão que um músculo ou, mais corretamente, um grupo muscular consegue exercer contra uma resistência, em um esforço máximo. MCArdle et al. (2003, p. 472) afirmam que a estimulação das alterações estruturais e funcionais que aprimoram o desempenho dos músculos em determinadas tarefas constitui-se como o principal objetivo do treinamento com exercícios. Força muscular O desenvolvimento da força motora envolve, principalmente, mecanismos de adaptações neural e morfológica. Estudos demonstraram que nas etapas iniciais do treinamento (4-6 semanas), os ganhos de força são obtidos preferencialmente através de adaptações neurais. Após esse período inicial, a contribuição das adaptações morfológicas aumenta. Força muscular Treinamento Contrações concêntricas, Contrações isométricas, Contrações concêntricas e excêntricas Contrações excêntricas isoladas. *Treinamentos que envolviam a realização de ações excêntricas, isoladas ou combinadas às ações concêntricas, se mostraram mais eficazes para o ganho de força e hipertrofia Fadiga muscular Fadiga muscular é definida como a incapacidade de se manter o rendimento durante o exercício físico intenso ou prolongado. Seria a inabilidade do músculo esquelético de gerar elevados níveis de força muscular ou mantê-los durante um determinado tempo Treinamento Anaeróbico Anaeróbio: incrementos de força, potência e a ocorrência da Hipertrofia muscular como suas principais respostas representantes. Treinamento Anaeróbico As respostas adaptativas neurofisiológicas caracterizam- se, principalmente, pelo aprimoramento da relação entre os estímulos provenientes no sistema nervoso central e o recrutamento de unidades funcionais de movimento, as unidades motoras (MCARDLEetal.,2003,p.405). Uma maior freqüência de descargas elétrico- neurais que ocorrem para promover a contração muscular. O aumento da força promovido predominantemente pelo treinamento com pesos é a principal resposta neurofisiológica que ocorre como adaptação ao exercício, estando diretamente relacionada à aquisição de uma maior coordenação intra e intermuscular. Bacurau e Navarro e Weineck Treinamento Anaeróbico Às respostas morfológicas e metabólicas, atribui-se uma série modificações estruturais e bioquímicas: Aumento das reservas energéticas glicolíticas e de fosfocreatina, Acréscimo do número e volume das mitocôndrias, Incremento da seção transversal (hipertrofia), Aprimoramento da ação de determinadas enzimas, entre outros (MCARDLE et al.,FOLLAND;WILLIAMS) Treinamento Anaeróbico As adaptações dependerão estão intimamente relacionada a dois fatores de potencial interferência, que são: O tipo de exercício executado características pessoais do individuo que o realiza. Princípios do treinamento Princípio da individualidade biológica(ou diferenças individuais) Sobrecarga Continuidade(ou reversibilidade) Especificidade. Princípio da individualidade biológica Estudos demonstram que composições de fibra muscular, estabelecidas geneticamente, proporcionam distintos tipos de desempenho muscular frente a divergentes estímulos físicos. Princípios da continuidade Perda das aptações fisiológicas e de desempenho ocorre rapidamente quando uma pessoa encerra sua participação no exercício regular. Princípios da continuidade Atletas de handebol apresentam significativas reduções na potência do arremesso de bola após passarem por um período de destreinamento. Marques e González(Badillo (2006) Idosos após vivenciarem curtos períodos sem realizar treinamento de força, apresentaram significantes reduções de força e potência. Kalapotharakos et al. Princípios da sobrecarga Aspectos qualitativos do exercício físico precisam ser analisados criteriosamente para que seja possível o alcance das respostas adaptativas desejáveis (GENTIL). Princípios da sobrecarga Takarada et al., Takarada e Ishii Burgomaster et al. verificaram que exercícios realizados com metodologias específicas, baixa intensidade e oclusão vascular, demonstraram produzir maiores níveis de hipertrofia muscular que os efetuados com cargas altas e intensas. Princípio da especificidade Pesquisas realizadas por Hawley mostraram que o número e o tamanho das mitocôndrias do músculo esquelético humano aumentam em detrimento de estímulos advindos de prolongados treinamentos de endurance. Por outro lado, diante da aplicação de treinamentos com pesos, Hubal et al, Seger e Thorstenson e Phillips evidenciaram incrementos de força e aumentos da seção transversal dos grupos musculares exercitados com altas cargas de trabalho. Exercício físico e as adaptações neuromusculares • Exercício anaeróbio -Curta duração e alta intensidade, -Predominantemente, o envolvimento de vias de produção energética rápidas e imediatas; -Atividades que envolvem arremessos, saltos e sprints com também, intensas e repetidas contrações musculares (treinamento com peso) Exercício físico e as adaptações neuromusculares Força e Potência Maior frequência de descarga de estímulos neuro-elétricos; Maiores velocidades de condução dos estímulos neuroelétricos Maior sincronização intramuscular, onde o tempo deliberação do potencial de ação e o conseqüente recrutamento de unidades motoras se apresenta reduzido; Adaptações corticais; aprimoramento da ação dos motoneurônios e neurônios sensoriais provenientes da medula espinhal; Superiores capacidade de recrutamento de fibras musculares específicas, contração rápida Aperfeiçoamento da coordenação intermuscular Segundo Folland e Williams, o mencionado aprimoramento, que tem aumento da força e da potência muscular como principais respostas, é viabilizado devido à ocorrência de alterações em fatores intervenientes como: Respostas adaptativas morfológicas Treinamento Anaeróbico 1. Conversão entre os subtipos de fibra muscular Transformação do Tipo de Fibra Treinamento Anaeróbico Quanto a questão da hipertrofia/hiperplasia, sabe-se que, de acordo com o princípio do tamanho, o exercício de força ativa todos os tipos de unidades motoras disponíveis, incluindo, portanto, aquelas contendo as fibras do tipo I e II. Dessa forma, o treinamento de força resulta no aumento de ambos os tipos de fibra. Por meio desse treinamento, porém, as fibras do tipo II aumentam até duas vezes mais do que as fibras do tipo I. A credita-se que esse processo ocorra principalmente por meio do aumento das proteínas dentro da célula e de uma elevação no número e tamanho das miofibrilas Classificações das Fibras Musculares 1873, anatomista francês Louis Antoine Ranvier A mioglobina (Mb) contendo ferro é uma das proteínas que transporta oxigênio (O2 ), sendo o principal transportador intracelular de O2 nos tecidos musculares, alémde estocar oxigênio nos músculos. Coloração branca Coloração vermelha Vs Classificações das Fibras Musculares Fibra Tipo I lenta vermelha oxidativa Fibra Tipo IIA (intermediária) rápida branca oxidat/Glicol. Fibra Tipo IIB rápida branca Glicolitica Fibras brancas Fibras vermelhas CAPILARES Características Funcionais das Unidades Motoras As unidades motoras dos músculos lentos são mais constantemente ativadas com uma frequência menor de disparo que os músculos rápidos. Isso sugere que as diferenças entre as características mecânicas destes músculos são decorrentes de diferenças do padrão de atividade de seus nervos motores. Dubowitz, 1985 Retículo sarcoplasmático e o treinamento anaeróbio Este sistema exerce uma função de extrema importância por ser responsável em conduzir o potencial de ação que chega à membrana externa para o interior da célula. É também no referido retículo, que estão localizadas as bombas de cálcio que viabilizam o processo de liberação e remoção desse íon no sarcoplasma da fibra, possibilitando dessa forma, a contração e o relaxamento muscular. Estudos evidenciam acréscimos de conteúdo do retículo sarcoplasmáticos conseqüentes aumentos na velocidade de liberação e remoção do cálcio do sarcoplasma miofibrilar. ORTENBLADetal.,2000 Adaptações musculares Treinamento Anaeróbico Por HIPERTROFIA, do número de filamentos de actina, miosina e de sarcômeros do volume das células musculares. Isto é consequência do Por HIPERPLASIA, ocorre do número de células no músculo. *As pesquisas atuais, indicam, que em humanos isto só ocorre com o uso de esteroides anabólicos. Adaptações musculares Treinamento Anaeróbico • HIPERTROFIA AGUDA, sarcoplasmática e transitória, resultante do aumento do volume muscular durante uma sessão de treinamento, devido principalmente ao acúmulo de líquido nos espaços intersticial e intracelular. Adaptações musculares Treinamento Anaeróbico • HIPERTROFIA CRÔNICA ocorre durante longo período de treinamento de força, está diretamente relacionada com as modificações na secção transversal. Considera-se também o aumento de miofibrilas, número de filamentos de actina-miosina, conteúdo sarcoplasmático, tecido conjuntivo ou combinação de todos estes fatores. Aumento volumétrico do músculo está associado a fatores como sexo, idade, percentual de composição de fibras musculares de contração rápida e lenta, mecanismos de proliferação celular, estimulação das células satélites, entre outras. Células satélites são células progenitoras mononucleares encontradas em músculos maduros entre a lâmina basal e o sarcolema. Estas células são capazes de se diferenciar e se fundir para aumentar o número de fibras musculares existentes e formar novas fibras Ativação de Células satélites Ação regenerativa e construtora promovida por um conjunto de células denominadas satélites. Segundo Toigo e Boutellier (2006), essas células são pequenas estruturas com alta densidade de material genético, que ficam localizadas entre a lâmina basal e o sarcolema das fibras musculares. Em adultos normais, as mesmas se apresentam predominantemente inativas. Entretanto, quando estímulos adequados são efetivados, as células satélites, para possibilitar respostas adaptativas adequadas, entram em um ciclo de ativação com o objetivo de viabilizar o processo de construção e reparo muscular. Reservas de substratos energéticos Estudos clássicos como os realizados por Saltin et al. (1974) e MacDougalletal(1977), bem como atuais desenvolvidos por Burgomaster et al(2006,2008), afirmam que em amostras de biópsias musculares obtidas antes e após o treinamentos de força e sprits, foi possível encontrar aumentos significativos nos níveis de repouso de ATP, fosfato e creatina(PCr), creatina livre e glicogênio nos músculos treinados. Durante o treinamento de resistência ocorrem alterações do recrutamento neural, profundas mudanças no metabolismo energético e na morfologia, aumento das fibras tipo I e da área de secção transversa, aumento da capacidade oxidativa e resistência à fadiga durante prolongadas atividades contrátil. No treinamento de força ocorre aumento do mecanismo translacional e atividade das células satélites, acentuando a síntese de proteínas e a área de secção transversa do músculo. (FAVIER; BENOIT; FREYSSENET, 2006; COFFEY; HAWLEY, 2007; FOLLAND; WILLIANS, 2007; RATAMESS et al., 2009). Adaptações neurais O aumento da força muscular frente à atividade física ocorre por dois grandes mecanismos, denominado de adaptações neurais e musculares. As adaptações neurais são responsáveis pelo aprendizado, mudanças intermusculares e coordenação das musculaturas agonistas, antagonistas e sinergistas. Adaptações neurais O rápido ganho de força nas primeiras duas semanas de um programa de treinamento ocorre devido às adaptações neurais, principalmente pelo aumento de carga e os diferentes estímulos de treinamento ao qual o músculo está exposto. Estas adaptações iniciais maximizam futuros ganhos de força, particularmente a adaptação morfológica, que ocorre com o treinamento contínuo e regular (FOLLAND; WILLIANS, 2007). Adaptações neurais • Aumento na capacidade de recrutamento nas unidades motoras, bem como no aumento na freqüência de disparo dessas unidades motoras. • Redução da coativação dos músculos antagonistas • Inibição da ativação do órgão tendinoso de Golgi durante a produção de tensão máxima do músculo. • Maior sincronismo de fibras musculares. Os fatores neurais como o aumento do recrutamento das unidades motoras, a coativação dos músculos agonistas e antagonistas e a redução de inibição autogênica dos órgãos tendinosos de golgi, são os que mais contribuem durante as primeiras oito a dez semanas de treinamento, sendo que após esse período a sua contribuição é reduzida (RATAMESS et al., 2009). Adaptações neurais As adaptações neurais predominam durante curtos períodos de treinamento. A hipertrofia muscular inicia-se nas primeiras seis semanas de treinamento de força por meio da mudança de quantidade e qualidades de proteínas, concomitantemente as adaptações neurais (BARROSO; TRICOLI; UGRINOWITSCH, 2005; FARINATTI; SILVA, 2007). Existe uma inter-relação entre as adaptações neurais e hipertrofia na expressão de força e resistência muscular (RATAMESS et al., 2009). Quando um individuo inicia o treinamento, no primeiro momento ele vai passar por uma fase de adaptação neurológica que irá ser a principal responsável pelo aumento da produção de força desse individuo (Figura 1) sem mostrar aumento do tamanho da musculatura, pois nas fases iniciais do treinamento de força o aumento da força ocorre antes da hipertrofia muscular (MAIOR; ALVES, 2003; CUNHA et al., 2011). Treino aeróbio Longa duração da atividade contrátil dos músculos envolvidos em determinados tipos de movimento, Baixa e/ou média intensidade exigida para a realização. Equilíbrio existente entre a demanda, exigida pelo exercício, e oferta de oxigênio. Alterações benéficas nos sistemas cardiovascular e pulmonar, Treino aeróbio Howley; Spargo (2007) destacam que adaptações neurofisiológicas promovidas por atividades como corridas de média e longa distância, são expressas por: Maior grau de aperfeiçoamento na coordenação intermuscular Elevados níveis de economia de movimento e esforço. Adaptações metabólicas Treino aeróbio Maior capacidade do músculo em produzir de energia através da via oxidativa, principalmente, proveniente do metabolismo dos lipídios. Adaptações cardíacas e pulmonares associada a um elevado fluxo sanguíneo que decorre de uma maior vascularização do músculo treinado, Aperfeiçoamento da atividade respiratória local proporcionada por maiores e mais numerosas mitocôndrias. Adaptações metabólicas Treino aeróbio Quanto à atividademitocondrial: O treino aeróbio capacita as mitocôndrias musculares a aumentarem a geração do ATP aerobiamente. As adaptações fisiológicas mitocôndriais são expressas por meio de uma maior eficiência na captação e efetiva utilização do oxigênio, assim como pelo aperfeiçoamento de recrutamento do metabolismo dos lipídios para a produção de energia. Atenuação da participação das vias glicolítica e fosfogênica, que, conjuntamente, reduz a produção de lactato e a ação deletéria dos mecanismos envolvidos o estabelecimento da fadigamuscular Resumindo... • Aumento do número e tamanho das mitocôndrias • Aumento da atividade no ciclo de Krebs • Aumento das reservas de glicogênio • Aumento das reservas de triglicerídeos • Aumento da atividade de enzimas na ativação, transporte de degradação de ácidos graxos • Melhora do sistema ATP-CP • Melhora da capacidade aeróbia (fast e slow fibers)
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