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Patologização e Medicalização da Infância e Adolescência Patologização E o movimento de criação de doenças, morbidades, anormalidades, e distúrbios de qualquer ordem ou comportamento. Medicalização É o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina Na sociedade atual, há um evidente crescimento exponencial no número de alunos, crianças e adolescentes, diagnosticados e medicalizados na tentativa de serem encaixados em determinados padrões de comportamento. Recorre-se às patologias para justificar a não-aprendizagem escolar, num esforço conjunto de pais, educadores e médicos, a fim de classificar, categorizar e, por fim, normatizar, num processo cruel de culpabilização da criança, retirando qualquer responsabilidade alheia a ela. Com isso a patologização tem se alastrado nas escolas brasileiras, tornando-se parte da realidade de muitas crianças. Nos últimos anos vemos discurso médico sendo cada vez mais usado por leigos, e com isso tem se tornado o discurso comum: " Ele é hiperativo"; " Esse daí tem algum problema... Não é normal!; Deve ser disléxico!. Os médicos continuam em seu papel de emitir laudos e medicar as crianças, mas agora acompanhados de professores e pais que "diagnosticam ", independente da forma, o fato é que a criança acaba por ser rotulada. A problematização do discurso da medicalização advém do fato de que nele deixa-se de olhar para o contexto no qual o sujeito está inserido, retirando-o de sua história, de seus conflitos e de seu sofrimento, e deixando de buscar as causas e soluções. Afinal é muito mais fácil medicar do que entender. Um exemplo muito comum dessa patologização é o diagnostico errado de TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, no qual a medicalização desnecessária causa efeitos colaterais como insônia, taquicardia e perda de peso e além dos efeitos orgânicos, podemos destacar os efeitos prejudiciais na constituição psíquica da criança, na contextualização e manutenção dela em um lugar de doença, passando a ser rotulada. A falta de conhecimento, a falta de competência e o deslize para resolver e entender sobre a dificuldade do estudante, gera transtornos e grandes dificuldades, assim como crianças e adolescentes podem receber o rótulo de TDAH, existem inúmeras a qual com essa patologia podem passar desapercebidos e não receber o tratamento. O processo para o diagnóstico da patologia é cheio de armadilhas e enfrenta certas dificuldades no meio de sua realização, o diagnostico é diferenciado pois não envolve problemas físicos e até outros quadros patológicos. A primeira dificuldade é a inexistência de testes físicos, neurológicos e psicológicos que podem comprovar a presença do TDAH. Uma segunda dificuldade é que 80% das crianças num consultório se comportam como se não existissem problema ficando silenciosamente, dificultando ao profissional condições para identificar os sintomas do transtorno. O Brasil vive uma epidemia de diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, transtorno de oposição desafiadora, depressão, dislexia e autismo em crianças e adolescentes. Entre 5% a 17% de crianças encaminhadas para serviços de especialidades médicas recebem uma receita com medicações extremamente perigosas, como psicoestimulantes, antidepressivos e antipsicóticos. "a aprendizagem e os modos de ser e agir têm sido alvos da medicalização, transformando as crianças em consumidores de tratamentos, medicamentos e terapias“ A criança brinca, faz birra, chora e tenta impor sua vontade. Mas hoje em dia, quando ela corre um pouco mais é dita como hiperativa, se fala muito, é rotulada de desatenta e se troca letras no processo de alfabetização - o que é esperado - dizem que ela tem dislexia. Sofrimento Psíquico na Infância e Adolescência. Janin é Psicóloga e Psicanalista Argentina. Presidente do Fórum Infâncias, Associação Civil contra a medicalização e patologização da infância. Tema que perpassa por seus estudos e livros.Uma das críticas realizada por Janin é a realização de diagnósticos indiscriminados e precoces na infância. Ressalta que o sofrimento costuma ser desmentido na sociedade atual, na qual o que parece interessar é o rendimento. Passamos a ser robôs a serviço dos interesses de uma minoria, nos apresentamos como peças de uma maquinaria que nos desconhece como sujeitos desejantes e pensantes. Esquecemos que as crianças e adolescentes são sujeitos em vias de transformações. Não levando-se em conta que a infância e a adolescência são épocas de desenvolvimento, de transformação, em que os outros ocupam um lugar fundamental. Desta forma, sempre é possível apostar e investir na mudança. “Infâncias e adolescências diagnosticadas na base de testes, protocolos e questionários padronizados, nos quais não se leva em conta suas particularidades. Infâncias e adolescências que caem alterados e que não são reconhecidos em sua singularidade nem em suas múltiplas possibilidades”. Muitas vezes são patologizados sem serem escutados. Precisamos mudar nosso olhar.
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