Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos URIANÁLISE - CARACTERÍSTICAS GERAIS, COLETA E TESTES QUÍMICOS Olá aluno (a)! Nesse material estudaremos Urianálise I, sendo esse conteúdo dividido em duas partes: Urianálise I e Urianálise II. Na primeira parte do conteúdo iremos abordar as Características Gerais, Coleta e Testes Químicos, visando nortear os futuros profissionais da área da Bioquímica o processamento das amostras e análises. Assim, nesse material irei trazer Urianálise I, com enfoque no processamento inicial. 1. INTRODUÇÃO No organismo humano, o órgão secretor de urina é o rim. Esta função ele a realiza fundamentalmente na porção tubular dos néfrons, através de processos bioquímicos, ou seja, síntese da amônia e do ácido hipúrico, seleção e reabsorção de substâncias úteis que atravessam o filtro glomerular e concentração de eletrólitos. Devido a essa função o rim é um dos órgãos fundamentais na manutenção dos equilíbrios hidroeletrolítico e ácido-básico, indispensáveis à homeostasia de meio interno e, portanto, à continuação da vida. A urina é de composição que varia em torno das seguintes proporções: água 95%; resíduos orgânicos 3,7% e resíduos inorgânicos 1,3%. A análise quantitativa e qualitativa desses componentes pode fornecer grande número de elementos na pesquisa da fisiopatologia renal, na qual o exame de urina é considerado um dos mais importantes, bem como para inúmeras outras afecções localizadas em outros setores do organismo. 3 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos 2. COLETA DE URINA Um perfeito exame de urina depende, em primeiro lugar, de uma perfeita colheita do material para isso, observar o seguinte: • Colher toda a primeira micção, logo após se levantar pela manhã (O laboratório fornece os frascos adequados ou então usar frasco de vidro claro, muito bem lavado, bem enxaguado e seco, preparado na véspera); • Homens deverão urinar diretamente dentro do frasco; • Mulheres urinarão dentro de um vaso, previamente muito bem lavado e seco e 4 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos imediatamente, deixar a urina em repouso, agitando o vaso, despejar toda urina dentro do frasco (o exame dos depósitos é muito importante) se a paciente estiver menstruada, informar ao médico do laboratório; • Crianças pequenas e lactantes usarão coletores de urina de plástico que o laboratório fornece a pedido; • A urina deverá ser trazida imediatamente ao laboratório. Caso isso não seja possível, o frasco (bem fechado) dentro de recipiente “isopor” com gelo; • Não deixar a urina coletada por longo tempo no vaso; • Não deixar a urina em frasco aberto ou mal fechado; • Não deixar a urina em local quente; • Não deixar a urina exposta ao sol. 3. PROCESSAMENTO DA URINA A urina ao chegar ao laboratório é registrada, identificação e a seguir o frasco é agitado vigorosamente, durante alguns segundos até ressuspender todos os elementos figurados. Imediatamente ela é despejada numa proveta graduada ou seu volume é lido no próprio coletor graduado, anotando o seu volume. A seguir, sem que haja tempo para a deposição do sedimento, são transferidas alíquotas da urina para dois tubos: O primeiro, um tubo cônico de centrifugação de 15mL graduado, que recebe 10mL de urina. O mesmo processo se estende à todas as urinas, que vão se enfileirando nas estantes, sobre o balcão de acordo com a numeração recebida. Os tubos, contendo as urinas dos pacientes são centrifugados 5 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos a 2500 rpm durante 5 minutos. 4. TESTES QUÍMICOS A tira reagente utilizada para a determinação do pH, densidade e a pesquisa de elementos químicos no exame de urina rotina é constituída por um suporte plástico contendo áreas impregnadas com reagentes químicos. Uma reação de cor se desenvolve quando as áreas de química seca entram em contato com a urina. 4.1 INFLUÊNCIAS PRÉ-ANALÍTICAS 6 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos Imagem 8. Variáveis Pré-Analíticas Fonte: labtest.com.br/wp-content/uploads/2016/09/Infotec_Tira_de_Urina.pdf 7 Farmácia – Urianálise - Características Gerais, Coleta e Testes Químicos REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.R.E. Hemocultura: recomendações de coleta, processamento e interpretação dos resultados. J. Infect. Control, 2012. Centro de Medicina Diagnóstica Fleury. Manual de Exames. São Paulo: Fleury, 2003. STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. Editorial Premier, 3ª Edição, 2000. Manual de Vigilância Sanitária Sobre o Transporte de Material Biológico Humano para fins de Diagnóstico Clínico. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2015. Material de Coleta de Material Biológico. Laboratório Central Hospital São Paulo, 2014/2015. MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. NETTER, F.H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Exame de urina de rotina. Coleta de urina de 24 horas. In: Gestão da fase pré-analítica. Rio de Janeiro (Brasil), 2010. Autor: Professor Ramon Rodrigues Sá 2 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento URIANÁLISE - TESTES FÍSICOS E EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO Olá aluno (a)! Nesse material estudaremos Urianálise II, sendo esse conteúdo dividido em duas partes: Urianálise I e Urianálise II. Na segunda parte do conteúdo iremos abordar os Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento, visando nortear os futuros profissionais da área da Bioquímica o processamento das amostras e análises. Assim, nesse material irei trazer Urianálise II, com enfoque no processamento final. 1. INTRODUÇÃO A urianálise é um teste laboratorial simples, não invasivo e de baixo custo que pode rapidamente fornecer valiosas informações a respeito do trato urinário e de outros sistemas corporais. Uma avaliação urinária completa (incluindo análise de tiras reagentes, densidade específica e exame do sedimento urinário) deve ser realizada, mesmo que um dos componentes não mostre anormalidades. A avaliação do sedimento pode alertar aos clínicos importantes problemas quando o paciente ainda se encontra assintomático. Além disso, a precoce detecção de algumas doenças pode conduzir a uma melhor sobrevida. Combinando a urianálise com a avaliação bioquímica, histórico e exame físico do paciente, várias patologias podem ser incluídas ou excluídas do diagnóstico diferencial. 3 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento Uma das provas mais solicitadas rotineiramente, do ponto de vista do laboratório clínico, é o exame geral de urina. O exame de urina completo inclui exames físico, químico e microscópico. Cada um deles tem seu valor, sendo os dois primeiros de execução mais simples e o último sendo considerado moderadamente complexo. A observação das características físicas é mantida até hoje, que antes consistia na observação da turvação, odor, volume, cor, viscosidade e até mesmo a presença ou não de açúcar em certas amostras, porém com a modernização nas análises e devido ao uso de novas tecnologias laboratoriais, a análise bioquímica e o exame microscópio do sedimento urinário. 4 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento 2. TESTE FÍSICO 2.1 COR A urina normal é tipicamente incolor e amarela à inspeção visual. Amostras de urina concentrada podem apresentar uma coloração âmbar, ao passo que amostras diluídas mostram-se amarela claras. No entanto, a coloração da urina nunca deve ser utilizada para a determinação da gravidade específica. Existem inúmeros pigmentos endógenos e exógenos que podem levar a uma coloração anormal da urina, sendo as cores mais observadas a vermelha, a marrom e a preta, em casos de hematúria, hemoglobinúria emioglobinúria, além da bilirrubinúria. A centrifugação de uma urina com coloração alterada pode diferenciar entre hematúria verdadeira e hemoglobinúria ou mioglobinúria, pois os eritrócitos íntegros sedimentam no fundo da amostra, evidenciando um sobrenadante limpo. Pacientes com bilirrubinúria tipicamente apresentam bilirrubinemia. 2.2 TURBIDEZ Da mesma forma que a cor, a turbidez da urina pode ser influenciada pela concentração urinária. Uma amostra concentrada está mais propensa à turbidez do que uma amostra diluída. Leucócitos, eritrócitos, cristais, bactérias, muco, lipídeos e materiais contaminantes podem aumentar a turbidez da amostra. A avaliação do sedimento urinário auxilia a elucidar a causa da turbidez aumentada. 2.3 DENSIDADE URINÁRIA A massa específica da urina ou densidade absoluta é um indicador muito útil para avaliar concentração urinária. Recentes estudos demonstram que a densidade não é influenciada pelo tempo de armazenamento da amostra. A densidade deve ser analisada com tiras reagentes. A densidade é um teste muito útil para a avaliação da capacidade de diluição e concentração renal, pois a perda da habilidade de concentração costuma ser o primeiro sinal de doença tubular renal. 5 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento 3. ANÁLISE DO SEDIMENTO A análise microscópica do sedimento urinário consiste na busca de células e partículas presentes na urina (eritrócitos, leucócitos, bactérias, cilindros, entre outros). Embora a análise do sedimento forneça informações essenciais sobre o estado funcional dos rins, o exame de urina é um procedimento de alta demanda que requer trabalho laboratorial manual intenso e gera um custo aos laboratórios, pois para se que obtenha resultados de qualidade há a necessidade de mão de obra qualificada. 6 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento 3.1 CILINDROS Os cilindros formam-se nos túbulos renais a partir de mucoproteínas (proteína de Tamm Horsfall ou Uromodulina) secretadas pelas células epitéliais tublares. Estas proteínas se condensam formando os cilindros hialinos. Os cilindros hialinos podem adquirir debris celulares e tornarem-se cilindros granulares. Quando estes cilindros envelhecem e/ou se deterioram e se solidificam nos túbulos, ocorre a formação dos 7 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento cilindros céreos. Uma urina normal pode conter poucos cilindro hialinos e granulosos, mas uma quantidade maior destas estruturas reflete uma patologia renal, mais precisamente uma doença tubular aguda. Inflamação ou hemorragia renal podem levar à formação de cilindros leucocitários ou eritrocitários, respectivamente. Os cilindros podem ser depositados na bexiga intermitente, podendo se desintegrar rapidamente em urinas velhas ou alcalinas. Então, a ausência de cilindros não exclui uma doença tubular renal. 3.2 CÉLULAS Baixas quantidades de eritrócitos e leucócitos podem ser encontrados em urinas normais. Também deve ser encontrado um pequeno número de células epiteliais transicionais, porém em casos de irritação/inflamação da bexiga pode ser observado um aumento na quantidade destas células. A urina também pode conter células epiteliais escamosas da uretra ou vagina. Células epiteliais ureterais e renais são observadas em número bastante reduzido em urinas de pacientes normais. 3.3 CRISTAIS A presença de cristalúria é influenciada pelo pH urinário, densidade urinária, saturação de precursores na urina e presença de promotores ou inibidores de cristais. Pacientes com amostras de urina muito concentradas, com altas concentrações de substâncias cristalogênicas ou com reduzida taxa de fluxo renal estão predispostos à formação de cristais. 3.4 OUTROS ACHADOS Bacteriúria pode refletir contaminação ou inflamação, sendo que resposta inflamatória associada dá suporte à inflamação, mas nem sempre está presente. Outros organismos, como nematódeos (ou seus ovos), leveduras e hifas podem ser identificados ocasionalmente. Muco e espermatozoides também podem ser observados. 8 Farmácia – Urianálise - Testes Físicos e Exame Microscópico do Sedimento REFERÊNCIAS ARAÚJO, M.R.E. Hemocultura: recomendações de coleta, processamento e interpretação dos resultados. J. Infect. Control, 2012. Centro de Medicina Diagnóstica Fleury. Manual de Exames. São Paulo: Fleury, 2003. STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. Editorial Premier, 3ª Edição, 2000. Manual de Vigilância Sanitária Sobre o Transporte de Material Biológico Humano para fins de Diagnóstico Clínico. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2015. Material de Coleta de Material Biológico. Laboratório Central Hospital São Paulo, 2014/2015. MOORE, K.L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. NETTER, F.H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Exame de urina de rotina. Coleta de urina de 24 horas. In: Gestão da fase pré-analítica. Rio de Janeiro (Brasil), 2010. Autor: Professor Ramon Rodrigues Sá
Compartilhar