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Gestão Avançada de Marketing Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Isabel Maria Miranda Rodrigues Revisão Textual: Profa. Ms. Rosemary Toffoli Administração de Portfólio de Produtos • Conceituação de Produto • Classificação dos Produtos • Ciclo de Vida do Produto • Marcas (Branding) • Compostos de Produtos X Linhas de Produtos · O principal objetivo desta unidade é entender os principais elementos que compõem a gestão do produto e como a marca pode favorecer seu posicionamento e agregar valor para o cliente. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta unidade discutiremos a administração de produtos existentes (variedade de produtos de uma empresa), suas respectivas categorias, elencando algumas ações adotadas pelas empresas para o desenvolvimento de linhas e compostos de produtos. Complementando com estratégias de marketing adequadas para cada estágio do ciclo de vida do produto, bem como a apresentação e discussão sobre Marcas que podem auxiliar no posicionamento do produto e agregar, por sua vez, valor para os consumidores. ORIENTAÇÕES Administração de Portfólio de Produtos UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Contextualização Vamos iniciar esta Unidade, refletindo sobre a importância da Administração de Portfólio de Produtos como uma estratégia que possibilita a organização enfrentar a concorrência de forma mais competitiva, com base na compreensão da dinâmica do mercado em que atua e das necessidades do consumidor. Mini caso OMO O setor de higiene, em especial destinado à lavagem de roupas, é interessante para se analisar as estratégias envolvendo produtos. Como é possível verificar em qualquer prateleira de supermercado, a concorrência mostra-se forte e presente, tanto direta quanto indiretamente. Em relação aos sabões em pó, ela se dá por diversas marcas e produtos similares, como sabão em pedra e o sabão líquido. A importância do segmento é altíssima, visto que é o maior faturamento, de acordo com a pesquisa da ACNielsen, movimentando R$3,1 bilhões e/ou 30,4% total do setor. Portanto, trata-se de um setor vasto que possui alta concorrência. Tal situação favorece o consumidor, uma vez que este possui maior possibilidade de escolha de seus produtos, porém torna o trabalho de adequação às expectativas e às necessidades do público mais complexo para as empresas. Tendo tal cenário em mente, a marca OMO – do grupo Unilever, iniciou uma estratégia de diversificação de produtos, aumentando sua oferta e adequando-se a diferentes necessidades do consumidor diretamente, atendendo melhor aos mais variados perfis de consumo da marca. A linha conta hoje com sete produtos, sendo eles: OMO Multiação Active Clean, indicado para lavagens mais pesadas; Multiação Tanquinho, para lavanges que não são feitas em máquina; Comort Classic, que traz em sua fórmula um toque de amaciante, assim como o Comfort Aloe Vera e Comfort Pétalas de Violeta e o Ylang Ylang, mudando o perfume em cada versão; OMO Progress, destinado a roupas brancas e coloridas; e, o Baby apresenta uma fórmula mais delicada para roupas infantis. Do Omo Máquina, passando pelo Cores e demais lançamentos, a marca estabilizou- se com sete produtos que atendem a diferentes necessidades do público (em 2009). Segundo pesquisa Top of Mind da Folha de S. Paulo, há 16 anos, OMO é a primeira marca a ser lembrada pelos consumidores quando se fala em sabão em pó, OMO também é top de lembrança de marca da categoria. O alto share of mind da marca é possibilitado por diversos fatores além dos mencionados, mas pode-se observar que o equilíbrio entre necessidades do consumidor e os potenciais da empresa, tratando- se de produto, contribui para tais números – afinal, há uma gama de produtos que representam a marca. Fonte: adaptado de Yanaze, M.H [et al.]. Gestão de Marketing e Comunicação: avanços e aplicações. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2011 (página 365) 6 7 Conceituação de Produto Inicialmente, é necessário o entendimento do que é Produto. O Produto, de modo geral, pode ser definido como algo que possa ser ofertado ao mercado e atenda às necessidades e/ou desejos do consumidor, seja ele pessoa física (consumidor final) ou pessoa jurídica (consumidor organizacional). O mercado passa por transformações constantemente, é fundamental, para a sobrevivência e a manutenção de sua competitividade, as empresas inovarem, especialmente com a criação de novos produtos para atender às mais diferentes demandas do mercado, altamente competitivo. Porém, é importante ressaltar que, antes da empresa pensar no desenvolvimento de um novo produto e/ou serviço, é necessário fazer uma análise de seu portfólio de produtos, ou seja, administrar de forma eficiente os produtos existentes. E, para tal análise, faremos a classificação dos produtos. Classifi cação dos Produtos A fim de melhorarmos nossa compreensão quanto ao elemento Produto do composto de marketing, as empresas fazem a seguinte classificação: Produtos de Consumo (destinados ao consumidor - pessoa física) e Produtos Industriais (destinados às organizações – pessoa jurídica), também faz parte desta classificação se são duráveis ou não duráveis. Produtos de Consumo Quanto aos Produtos de Consumo (Bens de Consumo), podem ser agrupados por categoria, conforme quadro1. Quadro 1: Categorias Básicas de Produtos de Consumo - Churchill (2012, p.242) Categorias Básicas de Produtos de Consumo Categorias Tipo de Decisão de Compra Preço Promoção Distribuição Conveniência Tomada de decisão rotineira; baixo envolvimento; pouco tempo de decisão; pouca busca de informações Relativamente Baixo Mídia de Massa Ampla Compra Comparada Tomada de decisão limitada; envolvimento moderado; mais tempo de decisão; mais busca de informações Moderado Mídia de massa; alguma ênfase em vendas pessoais Seletiva Especialidade Tomada de decisão extensiva; alto envolvimento; tempo de decisão longo; busca de muitas informações Relativamente caro Mídia de massa; mais ênfase em vendas pessoais Exclusiva 7 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Para que possamos melhorar nossa compreensão, vamos abordar cada uma dessas categorias. Produtos de Conveniência: comprados com frequência, não exige por parte do consumidor muito esforço e tempo na sua aquisição. Sua distribuição é ampla ou intensiva, ou seja, é possível encontrá-los facilmente em diferentes pontos de venda. Exemplo: compra de alimentos, produtos de higiene e limpeza etc. Produtos de Compra Comparada: esta categoria exige um pouco mais de esforço e tempo do consumidor. De modo geral, o consumidor antes de adquirir costuma fazer pesquisas para optar pela melhor alternativa, seja, por conta das características, qualidade, preço, marca, conveniência etc. Os preços tendem a ser mais caros do que os produtos de conveniência. Sua distribuição é Extensiva, ou seja, é possível encontrá-los em um número menor de pontos de venda. Exemplo: Eletrodomésticos, equipamentos eletrônicos, alguns tipos de vestuário etc. Produtos de Especialidade: tendem a ser únicos ou diferenciados na sua especialidade. São comprados com pouca frequência e propensão, pelas suas características, costuma ser mais caro. Sua distribuição é Exclusiva, é possível encontrá-los apenas em alguns pontos de venda. Exemplo: produtos de luxo (carros, roupas, joias etc.), imóveis, universidades, entre outros. Produtos não Procurados: embora pareça antagônico, são produtos não procurados e às vezes desconhecido por parte do consumidor. Havendo, portanto, a necessidade das empresas investirem nas estratégias de comunicação, a fim de demonstrar a importância destes produtos e/ou serviços. Estes produtos podem ser de conveniência, compra comparada ou ainda de especialidade. Exemplo: Seguro de Vida, Exames de rotina, uma nova tecnologia etc. Produtos Industriais São denominados produtos industriais aqueles, normalmente, adquiridos por empresas (compradores ou consumidores organizacionais),necessários para a produção e/ou desenvolvimento de um serviço, tais como, máquinas e equipamentos, matéria prima, serviços etc. Os produtos industriais também apresentam algumas categorias, de acordo com Churchill, 2012, p. 243, apontadas a seguir: • Instalações: “bens industriais não portáteis”, em geral, de grande porte, adquiridos e instalados, a fim de produzir bens e/ou serviços. Exemplo: linha de montagem. 8 9 • Equipamento Acessório: “bens portáteis”, como, por exemplo, uma ferramenta que pode ser utilizada para a produção de um bem, porém, não faz parte do produto final. • Componentes: “peças e materiais processados que fazem parte do produto acabado”. Exemplo: motor de automóvel. • Matéria-prima: é um material não processado, que poderá ser transformado em “partes componentes” ou um produto acabado. O algodão, por exemplo, é uma matéria prima, uma vez processado, poderá ser transformado em tecido. • Suprimentos: são considerados como bens industriais, os quais são utilizados em um processo de produção, porém, não fazem parte do produto final, por exemplo, material de escritório, iluminação (lâmpadas) etc. • Serviços empresariais: são considerados como produtos “intangíveis”, uma das categorias do serviço, responsável pelo suporte das atividades de uma empresa. Muitas empresas costumam, por exemplo, contratar empresas de consultoria, treinamento, terceiriza o setor de limpeza, departamento jurídico, serviços de entrega, entre outros. Os produtos ainda podem ser classificados como: • Bens duráveis: podem ser usados por um longo período de tempo. Exemplo: geladeira, carro, TV etc. • Bens não duráveis: usados por um espaço menor de tempo, muitas vezes são consumidos imediatamente. Exemplo: alimentos, produtos de limpeza etc. • Serviço: “é qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte oferece à outra e que não resulta em propriedade de nada”. (KOTLER, 2000, p.448). Entende-se por intangível algo que não pode ser visto, sentido, provado antes de ser comprado. Exemplo: um corte de cabelo, conserto de um automóvel, lavagem de roupas etc. 9 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Ciclo de Vida do Produto É muito importante para uma organização estar atenta às mudanças que ocorrem no mercado, especialmente, quanto às necessidades e desejos dos consumidores que, naturalmente, mudam ou podem mudar, como o seu estilo de vida, grupos de referência, avanços tecnológicos dentre outras variáveis que podem levar os consumidores a terem necessidades ou desejos por produtos e/ou serviços diferenciados ou, até mesmo, novas marcas. Muitas empresas trabalham com o que chamamos de obsolescência planejada ou programada, percebida ou funcional. • Obsolescência Planejada ou Programada: normalmente ocorre com produtos eletrônicos, automóveis e eletrodomésticos. Esta “técnica” estimula o consumo, pois o bem é projetado de tal forma que a sua durabilidade ou funcionalidade tenha uma expectativa de vida reduzida. • Obsolescência Percebida: é estimulada pelas estratégias de comunicação das empresas, como as propagandas, merchandising etc., apresentando produtos com mudanças por vezes insignificantes, que estimulam o consumidor a comprar. Podemos citar, como exemplo, algumas marcas de celulares, que criam uma falsa percepção de que o produto que você tem, mesmo que atenda à s suas necessidades, precisa ser trocado, por conta de incorporar melhoria no software que utiliza o giroscópio do celular para acender a lanterna ou a câmera e aplicativo que incorpora a função de controle remoto. • Obsolescência Funcional: alguns autores classificam a obsolescência funcional em legítima ou induzida. A legítima pode ser os computadores, por conta do avanço da tecnologia, muitos equipamentos ficaram obsoletos, deixando até de existir e surgindo novos produtos como notebook, netbook, tablet etc. Já a induzida pode ser exemplificada com as impressoras, as quais, muitas vezes, o conserto fica mais caro que a compra de uma nova ou situações em que não encontramos peças para reposição, levando a compra de um novo produto. Portanto, as empresas precisam criar uma forma de avaliar qual ou (quais) produtos podem ser mantidos, retirados do mercado ou até mesmo reposicionados, e para tal podem utilizar o estudo do ciclo de vida do seu portfólio de produtos. O Ciclo de Vida do Produto (CVP) tem como base o entendimento e análise da evolução dos resultados de cada produto ou linha de produtos, ou seja, nível de vendas X lucratividade, conforme figura 1. Complementando, Churchill (2012, p.243), afirma, que “os produtos, como os seres vivos, podem ser vistos passando por certos estágios de seu ciclo de vida. O ciclo de vida do produto é, portanto, um modelo dos estágios do histórico de vendas e lucros de um produto”. 10 11 Introdução Vendas totais no mercado Lucros totais no mercado Crescimento Maturidade Declínio Tempo U ni da de s m on et ár ia s Figura 1: Ciclo de Vida do Produto (CVP) - adaptado de Churchill (2012, p.245). Ainda de acordo com o autor, o Ciclo de Vida do Produto (CVP) pode ser divido em quatro estágios: Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio. • Introdução: esta fase corresponde ao lançamento do produto no mercado. O produto costuma ter um crescimento de vendas lento, apresentando muitas vezes resultados inexistentes ou negativos nas vendas. Este resultado é decorrente dos altos investimentos da empresa no desenvolvimento, produção e marketing (criar consciência do produto e persuadir o consumidor a experimentação) para a colocação do produto no mercado. • Crescimento: nesta fase há uma aceitação do produto pelo mercado, aumento desta forma a venda e melhoria nas margens de lucro. O grande desafio das empresas, nesta fase, é acompanhar a demanda e afastar a concorrência. • Maturidade: nesta fase o produto já é conhecido no mercado é há manutenção do nível de vendas, em alguns casos, o nível é elevado. • Declínio: nesta fase há uma diminuição do volume de vendas. A empresa precisa estar atenta, pois o declínio das vendas pode ocorrer em função da entrada de uma nova tecnologia, mudança de comportamento do consumidor, dentre outras variáveis. Após análise desta situação, pode optar por dar descontinuidade no produto (tirar do mercado), manter o produto, caso seja ainda lucrativo ou reposicionar o produto no mercado. 11 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Para melhor entendimento, observe os quadros 2, 3, 4 e 5 que apresentam um resumo das características, objetivos e estratégias de marketing do Ciclo de Vida do Produto (CVP): Quadro 2: Estágio de Introdução – adaptado de Churchill (2012, p.247) Estágio de Introdução Vendas Baixa Custos Alto custo por cliente Lucros Negativo ou baixo Objetivos de Marketing Criar consciência do produto e persuadir o consumidor a experimetação. Produto De modo geral é oferecida uma versão básica do produto Preço Geralmente alto, para recuperação dos investimentos feitos para o desenvolvimento do produto Distribuição Normalmente é utilizada a distribuição seletiva Propaganda Tem inicialmente, o objetivo de construir conscientização do produto entre adotantes imediatos e distribuição. Quadro 3: Estágio de Crescimento – adaptado de Churchill (2012, p.247). Estágio de Crescimento Categorias Tipo de Decisão de Compra Vendas As vendas começam a se expandir de maneira mais rápida Custos Custo médio por cliente Lucros A empresa começa a ter lucro crescente Objetivos de Marketing Maximizar a participação de mercado Produto Oferecer novas características ao produto, como por exemplo, serviços, aumentando o valor agregado Preço Preço para penetrar no mercado Distribuição Desenvolver distribuição intensiva, dependendo do produto Propaganda Continuar investindo na construção da conscientização do produto entre adotantes imediatos e distribuidores. Quadro 4: Estágio de Maturidade - adaptado de Churchill (2012, p.247).Estágio de Maturidade Categorias Tipo de Decisão de Compra Vendas Níveis elevados de venda Custos Menor custo por cliente Lucros Lucros altos Objetivos de Marketing Maximização dos lucros e defender participação de mercado Produto O ideal é investir na diversificação de marcas e modelos Preço O preço deve estar próximo ao praticado pela concorrência ou um pouco abaixo (dependendo do cenário) Distribuição Intensiva (disponibilizar o produto em um número maior de distribuidores) Propaganda Intensificar ações de comunicação, reforçando a diferença e beneficios da marca. 12 13 Quadro 5: Estágio de Declínio - adaptado de Churchill (2012, p.247). Estágio de Declínio Categorias Tipo de Decisão de Compra Vendas Vendas mais baixas (declínio Custos Baixos por clientes Lucros Lucros começam a cair Objetivos de Marketing A empresa deve reduzir gastos com o produto e tirar maior proveito da marca Produto Eliminar modelos de menor rentabilidade Preço Reduzir o preço Distribuição Seletivo (eliminar canais de menor lucratividade) Propaganda Reduzir investimentos em estratégias de comunicação O Ciclo de Vida do Produto, apresenta limitações que requerem cautela no seu uso par ao desenvolvimento de estratégias. Por exemplo, o período de tempo que um produto permanecerá no mercado em cada estágio é desconhecido e não pode ser previsto com precisão. Assim, embora seja provável que todos os estágios venham a ocorrer para um produto bem sucedido, os profi ssionais de marketing não podem prever quando um estágio terminará e outro começará, a fi m de adaptar suas estratégias no momento apropriado. Fonte: Churchill, 2012, p.247-248 Ex pl or Marcas (Branding) Uma marca pode ser tão importante ou mais do que um produto. Muitos consumidores dão preferência à compra de determinadas marcas, independente dos benefícios ofertados pelo produto. Estes consumidores por sua vez estão dispostos a pagar mais pelo produto por conta dos benefícios (tangíveis ou intangíveis) ofertados pela marca. Exemplificando, temos uma variedade de marcas de produtos esportivos disponíveis no mercado, com diferentes atributos, benefícios e preços. Porém, alguns consumidores por status, prestígio ou qualquer outro sentimento preferem comprar marcas mais caras, como Nike, Reebok, Adidas, Puma etc., em detrimento de outras. Muitos consumidores também possuem um sentimento de lealdade a algumas marcas, como algumas donas de casa que são leiais ao sabão em pó OMO, ao fermento biológico Pó Royal, dentre outros produtos disponíveis no mercado. Vale ressaltar que todo produto vem acompanhado de uma marca. Marcas podem gerar associações positivas ou não, além de facilitar a identificação de um produto. Vamos melhorar nossa compreensão, entendendo melhor o que é uma marca e seus benefícios. 13 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos • Marca: é uma das possibilidades diferenciar, de tornar distinto um produto na mente do consumidor. Para Churchill (2012, p.250), a marca pode ser um “nome, termo, design, símbolo ou qualquer outra característica que identifique um bem ou serviço de um vendedor como distinto dos bens e serviços de outros vendedores”. Porém, é preciso também considerar que a marca representa a identidade da empresa, bem como seus valores. Vale destacar que a extensão de uma marca “bem sucedida”, ou seja, bem avaliada pelos consumidores, propicie a empresa que novos produtos lançados no mercado tenham as mesmas conotações (conceitos) positivas que os produtos já comercializados na mente do consumidor. Exemplo: Nestlé. Os consumidores da marca Nestlé, de modo geral, avaliam positivamente seus produtos e quando a Nestlé lança um novo produto no mercado, os consumidores tendem a experimentá- los em função de uma experiência positiva com a marca. Marcas e suas Terminologias • Marca Nominal: pode ser representada, expressa através de palavras. Exemplos: Boticário e Natura . Fonte: brandsoftheworld.com • Símbolo de Marca: uma parte da marca que não pode ser representadas ou expressa através de palavras. São representadas através de símbolos ou design gráfico. Exemplos: McDonald’s , Nike e Puma. Fonte: brandsoftheworld.com • Marca Registrada: apresenta “status legal”, em função de registro no governo federal, o que permite exclusividade para a empresa. 14 15 • Marca de Serviço: apresenta as mesmas características da Marca Registrada. Exemplo: Lavanderia 5 à Sec e a operadora Oi. Fonte: brandsoftheworld.com • Marca Comercial: “nome legal sob o qual uma empresa opera. Exemplo: Nestlé é a marca comercial de uma empresa que possui diversas marcas nominais, tal como Nescafé”. (CHURCHILL, 2012, P.251). • Extensão de Marca: a fim de explorar melhor o valor de uma marca consolidada, muitas empresas como Honda, Siemens, GE, dentre outras, desenvolvem novos produtos mantendo a marca nominal. Exemplo: A General Eletric (GE) possui uma diversidade de produtos, tais como lâmpadas, eletrodomésticos, câmeras fotográficas, motores de avião etc. • Marca de Família: esta é uma situação relativamente incomum, quando toda a linha de produtos apresenta a mesma marca nominal. Exemplo: Gillette. A Gillette usa a marca da família Gillette Series para uma linha de produtos de barbear masculinos, antiperspirantes/desodorantes e loções pós-barba. Para benefi ciar-se da visão positiva dos consumidores a respeito da lâmina de barbear Sensor da Gillette, a empresa anuncia a Gillette Series com o mesmo slogan usado para a lâmina: “Gillette: sua melhor imagem”. Como nesse exemplo, uma marca da família é benéfi ca quando a marca tem uma boa reputação que possa ser transportada de um produto para outro. Um consumidor que goste da lâmina Sensor, por exemplo, poderia fi car favoravelmente predisposto a experimentar outros produtos de barbear da Gillette. Fonte: Churchill (2012, p.251). Ex pl or Tipos de Marcas As marcas podem ser classificadas em Marca do Fabricante, Marca Própria e Marca Genérica. Marca do Fabricante: é de propriedade e uso do fabricante. Podemos citar como exemplo a Procter & Gamble (P&G) que, dentre outros produtos, fabrica o sabão em pó Ariel. É fundamental para a empresa tratar “muito bem a sua marca”, pois, se a relação do consumidor com a marca for positiva, pode levá-los a consumir outros produtos da marca. A P&G dispõe de uma grande variedade de produtos, com suas respectivas marcas nominais, vejam os exemplos a seguir: 15 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Fonte: brandsoftheworld.com • Marca Própria: muitos grupos de varejistas ou atacadistas passaram a desenvolver suas próprias marcas, disputando uma fatia importante do mercado, em diversos segmentos e categorias de produtos. A Marca Própria em alguns produtos pode ter um preço de 20% a menos em relação à marca líder. Atualmente é um mercado bastante disputado e há muitos consumidores fiéis às Marcas Próprias. São mais lucrativas, é possível o controle da qualidade do produto, promoção e preço e como desvantagem não é possível uma distribuição intensiva. Alguns exemplos de Marcas Próprias do Grupo Pão de Açúcar , Carrefour e Walmart: Fonte: brandsoftheworld.com 16 17 • Marcas Genéricas: ou produtos genéricos, podem ser identificados apenas “por sua classe genérica, tais como frutas, doces e outras miudezas em geral”, de acordo com Churchill (2012, p.153). No Brasil, as marcas genéricas ganharam a preferência de muitos consumidores, especialmente, no segmento farmacêutico. Algumas linhas de produtos chegam a ter preços até 65% mais baratos em relação a Marcas de Fabricantes. Fonte: portal.anvisa.gov.br No governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), criou-se a oportunidade de ter acesso à compra de remédios genéricos nas farmácias, ou seja, os remédios são conhecidos pelos seus nomes científi cos e podem ser comprados por preços inferiores quando comparados àqueles detentores de marcas. Mais algumas indústrias já investemna divulgação de suas marcas nos remédios genéricos, por exemplo, a Eurofarma e a Medley, como uma forma de diferenciação. Fonte: Serralvo (2008, p.28-29) Ex pl or Seleção de Marca É fundamental para uma empresa alguns cuidados com a marca. Como dissemos anteriormente, a marca pode gerar associações positivas ou não e levar o consumidor a experimentar outras linhas de produtos ofertadas pela empresa, além de diferenciar seu produto frente à concorrência. As marcas podem gerar, de acordo com Churchill (2012, p.255), “sentimentos positivos como confiança, credibilidade, segurança e força”. Uma boa marca nominal deve considerar algumas variáveis, ilustrado na figura 2. Para Churchill (2012, p.255) os profissionais de marketing devem considerar os seguintes critérios: • Indicar os benefícios oferecidos pelos produtos. O supermercado Dia indica, por exemplo, que é um local de compras com valores mais acessíveis e Bom Bril (bom brilho). 17 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos • Ser positiva, distinta, fácil de falar e de lembrar. As sandálias Havaianas da Alpargatas, palha de aço Bombril, creme dental Colgate, Gol etc. • O nome deve ter coerência com a imagem do produto e da organização. Sadia (alimentos), Tok & Stok (móveis e decorações) etc. • O nome da marca precisa estar registrada e permitida legalmente. • O nome deve ter tradução fácil e não deve ser ofensiva em outros idiomas. Algumas empresas para evitarem problemas, criam nomes que não tem nenhum tipo de associação e fáceis de pronunciar, tal como a BIC, Kodak etc. Figura 2: Critérios para Seleção de uma Marca Importante! Benefícios do Uso da Marca É muito difícil encontrar um produto que não possua uma marca. Até mesmo produtos chamados de commodities, como carne, legumes e frutas, caracterizados pela falta de diferenciação em que o preço é fator de escolha, passam por um período de transformação no que se refere às marcas. Hoje, muitos desses produtos também são identificados por meio de marcas, seja do produtor ou do distribuidor, mostrando, assim, a força que uma marca pode exercer no consumidor na hora da compra. Exemplificando, as Maçãs da Turma da Mônica, os diversos tipos de carne da Friboi etc. Um exemplo de produto commodity é o café, porém a Starbucks, uma cafeteria norte- americana de Seattle, Estados Unidos, conseguiu modificar todo o conceito de venda de café graças à construção de uma marca. Ao vender uma xícara de café a um preço superior ao comercializado no mercado, a companhia está propiciando aos seus clientes não só o café como bebida, mas também uma experiência agradável em razão de toda a ambientação da loja. A Starbucks chegou recentemente ao Brasil, com lojas em shoppings de São Paulo, no mesmo estilo americano, porém, com algumas adaptações de seus produtos à cultura brasileira, pretendo expandir-se rapidamente no país. Fonte: Adaptado de Serralvo (2008, p.28-29) Trocando ideias... 18 19 Compostos de Produtos X Linhas de Produtos Denominamos de Compostos de Produtos a variedade de produtos ofertados pelas empresas para o mercado. De modo geral, as empresas oferecem ao mercado mais de um produto. Exemplificando, a empresa Tok & Stok é especializada em produtos para casa, escritório, decoração etc. As empresas também tiram proveito destes compostos e passam a desenvolver Linhas de Produtos. Para melhorarmos nossa compreensão, vamos usar o exemplo da Tok & Stok apresentado na figura 2. Sofá Home Luminária Pilar Poltrona So�a Estante Fort Sala Banquinho Bubu Carrinho Rock Baú Feliz Armário Massif Quarto Luminárias Cestos Roller Tubo CD’s Porta-lápis Escritório Figura 2: Exemplo de composto de produtos - adaptado de Churchill (2012, p.259). Observe que o composto de produtos da Tok & Stok, de acordo com a figura 2, são: Produtos para Sala, Produtos para o Quarto e Produtos para o Escritório. E a linha de produtos? A linha de produtos consiste na diversidade de produtos para cada composto e tem como principais características canais de distribuição, clientes e uso comum. No entendimento de Churchill (2012), temos, ainda, complementando o composto dos produtos, três outros elementos a serem considerados: Extensão, Profundidade e Consistência. • Extensão: refere-se ao número de linhas de produtos comercializadas pela empresa. • Profundidade: refere-se ao número médio de produtos em cada linha de produto. • Consistência: refere-se à semelhança das linhas de produtos com relação a matéria-prima, quesitos de produção, canais de distribuição dentre outros. 19 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos A fim de podemos visualizar na prática estes elementos, observe a figura 3, que apresenta a extensão e profundidade do composto de produtos da Dona Benta da empresa J. Macêdo , uma das líderes em vendas nas categorias de farinha de trigo e misturas para bolo. Extennsão e Profundidade de Compostos de Produtos Selecionados da Dona Benta (Estratégia da Marca) PR OF UN DI DA DE EXTENSÃO Farinha Massas Misturas para Bolos Fermentos Misturas para pães Farinha de trigo com Fermento 1kg Lasanha Direto ao Forno Bolinho de Chuva Laranja Fermento Biológico Seco - Fermix - 10kg Pão Caseiro Farinha de trigo tipo 1- 1kg (papel)* Macarrão Ave - Maria Ovos Bolinho de Chuva Tradicional Fermento Biológico Seco - Fermix - 125kg Pão de Queijo Farinha de trigo tipo 1- 1kg (plástico)** Macarrão Ave - Maria Sêmola Bolo Chocolatíssimo Brownie Fermento Biológico Seco - Fermix -500g Pão Integral Farinha de trigo tipo 1- 5kg (papel)* Macarrão Espaguete Comum Bolo Chocolatíssimo Chocolate Cremoso Fermento Químico Tradicional 100g Farinha de trigo tipo 1- 5kg (plástico)** Macarrão Espaguete Ovos Bolo Chocolatíssimo Suiço Farinha de Trigo Reserva Especial - 1kg Macarrão Espaguete Sêmola Bolo Sabor Abacaxi Farinha de Trigo Reserva Especial - 1kg ( embalada a vácuo Macarrão Linguine Ovos Bolo Sabor Aipin Farinha de Trigo Integral - 1kg (embalada a vácuo) Bolo Sabor Baunilha Bolo Sabor Cenoura Figura 3: Extensão e Profundidade de Compostos de Produtos Selecionados da Dona Benta (Estratégia da Marca). Obs: *Embalagem de papel - ** Embalagem plástica A partir destas informações, as empresas podem avaliar melhor o desempenho de seus compostos de produtos (portfólio de produtos). É possível fazer análise e estimativas do desempenho de suas linhas de extensão e profundidade, podendo a empresa acrescentar, eliminar ou modificar uma linha inteira de produtos. É possível para esta análise o estudo do Ciclo de Vida de cada produto, pois, muitas vezes, modificar um produto é benéfico para a organização, especialmente, se implicar no aumento das vendas e dos lucros. Churchill (2012, p.264), faz a seguinte observação, Acrescentar produtos é uma fonte de crescimento importante se isso não enfraquecer a imagem da marca ou da organização ou sua capacidade de manter alta qualidade. Por outro lado, eliminar um produto, embora possa causar certo descontentamento entre os clientes, possibilita à empresa investir mais nos produtos de maior lucratividade. 20 21 Material Complementar Leia matéria interessante que conta a história das Havaianas, disponível no link abaixo: Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leituras Havaianas Leia matéria interessante que conta a história das Havaianas. Disponível em: http://goo.gl/AxONka Melissa não é um calçado, mas um objeto de design que ultrapassa forma e conteúdo chegando à verdadeira mensagem que quer transmitir: a do plástico como opção Veja também, a trajetória e curiosidades da Marca Melissa. Disponível em: http://goo.gl/zH6MZI Vídeos Uma história de sucesso Assista ao vídeo acima, pois além de contar a história de um dos refrigerantes mais vendidos no mundo, apresenta as transformações do produto ao longo do tempo. Disponível em: https://goo.gl/jYiSMI Para complementar, assista à entrevista de Maximiliano TozziniBavaresco (Max Bavaresco) da Sonne Branding, concedida a TV UOL que fala sobre a gestão de marcas ou Branding e de como construir uma marca de sucesso. Disponível em: https://goo.gl/8SRV48 21 UNIDADE Administração de Portfólio de Produtos Referências CHURCHILL, G. A.; PETER, J. PAUL. Marketing: criando valor para os clientes. 3.ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. CROCCO, Luciano [et al]. Decisões de Marketing: os 4Ps. São Paulo: Saraiva, 2006. (Marketing; v2). KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. SERRALVO, F.A. (Org). Gestão de Marcas no contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008. 22
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