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Hematologia Nina 1 É uma doença autoimune idiopática. Caracterizada pela presença de anticorpos antiplaquetas que inativam e aceleram a remoção das plaquetas pelo baço. Os alvos desses anticorpos são as glicoproteínas IIb/IIIa e Ib/IX que ficam na membrana das plaquetas. No entanto, alguns pacientes com a doença não apresentam esses marcadores. Ocorre também uma inibição da liberação das plaquetas na medula por meio da interferência dos megacariócito. A PTI é um diagnóstico de exclusão: Primeiramente, deve-se realizar um esfregaço de sangue periférico para excluir a possibilidade de se tratar de uma pseudotrombocitopenia. Posteriormente, deve-se excluir causas secundárias para plaquetopenia: medicações, HIV, HCV, outras doenças auto-imunes, neoplasias linfoproliferativas (como linfomas). Ou seja, pedir: Sorologias FAN A dosagem de anticorpos antiplaqueta não é útil na prática clínica, dada sua baixa sensibilidade e especificidade. Devido ao processo acelerado de remoção das plaquetas, o baço pode estar discretamente aumentado, principalmente em crianças. Outros sinais que não devem estar presentes são febre, perda ponderal, outras citopenias e linfadenopatias. Exceção: se um portador de PTI apresentar sangramento importante (agudo ou crônico), ele pode ficar anêmico! O que fará o quadro parecer uma leucemia aguda (doença que costuma causar bicitopenia: anemia + plaquetopenia). Nas leucemias agudas, outras manifestações – ausentes na PTI – são esperadas (ex.: hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, febre, perda ponderal etc.). Quando fazer biópsia de medula óssea? Paciente com mais de 60 anos. Presença de outras citopenias inexplicadas Ausência de resposta ao tto para PTI. O paciente pode apresentar sangramento, conforme o nível de plaquetopenia. A doença afeta a hemostasia primária, então, normalmente o sangramento é do tipo mucocutâneo (ex.: petéquias e equimoses, epistaxe, menorragia). Na PTI, as plaquetas precisam baixar mais para causar sangramento pois há um predomínio de plaquetas jovens que não mais ativas (a plaquetas mais “velhas” são removidas pelo baço). Normalmente o paciente permanece assintomático até que a contagem plaquetária caia abaixo de 20.000/ml... Plaquetopenias extremas (< 5.000/ml) são capazes de justificar sangramentos teciduais profundos, incluindo hemorragia cerebral (< 1% dos pacientes). Bolhas hemorrágicas na mucosa oral e/ou hemorragias retinianas no exame de fundo de olho são prenúncios de uma possível hemorragia cerebral em curto prazo. PTI em adultos x PTI na infância: Nos adultos: doença geralmente crônica que requer tratamento. Predomina no sexo feminino com pico de incidência entre os 20- 40 anos. Na infância: normalmente ocorre de maneira aguda e é autolimitada, geralmente não requer tratamento pois tem caráter benigno. Hematologia Nina 2 PTI Infantil: Doença hemorrágica mais frequente da infância. Pico entre 2-5 anos. Geralmente ocorre após uma infecção viral ou vacinação. Geralmente dura apenas alguns meses. De 10 a 20% desenvolvem a doença crônica. Os principais fatores de risco para cronicidade são: sexo feminino; início após a idade de 10 anos; (3) presença de outros autoanticorpos. PTI crônica em adultos: Quando tratar? Quando as plaquetas estiverem abaixo de 20-30mil (mesmo na ausência de sintomas) Quando o paciente apresenta sangramento significativo (independente da contagem de plaquetas). O tratamento consiste em CORTICOTERAPIA: Prednisona 1 mg/kg/dia por 7-10 dias, seguido de desmame progressivo ou dexametasona 40 mg/dia durante 4 dias a cada 2 semanas, repetindo por 4 ciclos. Observa-se resposta em 3 a 5 dias. Pode-se associar ao corticoide imunoglobulina humana IV imunoglobulina anti-D (somente para pacientes com fator RH positivo). A imunoglobulina tem como principal vantagem seu efeito mais rápido (resposta em torno de 24-36h). Sua desvantagem são os efeitos adversos mais graves, como hipersensibilidade. O mecanismo de ação das imunoglobulinas é a saturação dos receptores de imunoglobulina nos macrófagos esplênicos. Se o paciente não responder ao tratamento com corticoide, ou se ele recidivar após a tentativa de desmame, indica-se uma abordagem de segunda linha, uso de Rituximab, um anticorpo monoclonal anti-CD20 (375 mg/m2 IV, 1x por semana, durante 4 semanas) e o uso de Agonistas do Receptor de Trombopoietina, como o Romiplostim (1 mcg/kg SC 1x semana) ou o Eltrombopag (50 mg/dia VO). Se mesmo após o tto de segunda linha o paciente não responder, é indicada a esplenectomia (abordagem videolaparoscópica). Lembrar que o paciente deve ser vacinado 2 semanas antes contra vacinado contra pneumococo, Haemophilus influenzae tipo b e meningococo. A meta terapêutica deve ser a manutenção é > 30.000/ml na ausência de sangramento. Se for uma paciente gestante a meta é manter entre 10.000-30.000/ml no primeiro trimestre, > 30.000/ml no segundo e terceiros trimestres, e > 50.000 antes do parto (tanto vaginal quanto por cesárea). Caso a gestante seja refratária ao tratamento clínico e necessite de esplenectomia, esta deverá ser realizada preferencialmente no primeiro ou no segundo trimestres. Hematologia Nina 3 Transfusão de plaquetas: NÃO deve ser feito de rotina pois as plaquetas são prontamente opsonizadas e removidas da circulação. No entanto, se o paciente chegar na emergência com sangramento agudo e grave, deve- se transfundir plaquetas. PTI aguda na infância: Em crianças a recomendação é observar o paciente e orientar a família sobre a adoção de medidas preventivas para evitar traumas e sangramentos. É recomendado que se evite medicações que afetem a hemostasia (ASS, AINEs, anticoagulantes...). Quando usar o tratamento medicamentoso? Um breve curso de glicocorticoide está indicado para pacientes com sangramento clinicamente significativo porém sem ameaça à vida (ex.: epistaxe, hematúria, hematoquezia). Também em caso de plaquetopenia grave (<10 mil). Se o quadro de hemorragia recidivar, costuma-se prescrever o glicocorticoide na menor dose efetiva (geralmente entre 2,5- 5 mg VO/2x dia) até resolução espontânea da PTI ou desmame gradual completo. Na ausência de resposta à corticoterapia, esta não deve ser mantida em longo prazo, devido a sua enorme toxicidade na faixa etária pediátrica... Pacientes corticorrefratários ou corticodependentes devem partir sem demora para o tratamento de segunda linha (Rituximab e os agonistas do receptor de trombopoietina). Quando o paciente não responde em > 12 meses aos tratamentos de primeira e segunda linha, pode-se considerar a realização de esplenectomia, de preferência pela via videolaparoscópica. Recomenda-se postergar a cirurgia até que o paciente atinja a idade de cinco anos. Além de realizar as vacinas duas semanas antes. PTI Induzida por drogas: Acontece com uma pequena porcentagem dos pacientes. Principalmente pela ingestão de Quinidina ou Heparina. No caso da quinidina um anticorpo dirigido à droga também pode reagir contra a glicoproteína IIb/IIIa. No caso da heparina ocorre a formação de anticorpos contra o complexo heparina-fator 4 plaquetário. A trombocitopenia induzida por heparina costuma ocorrer em 5-10% dos casos, entre 5-15 dias após o início da heparinização, e geralmente cursa com contagem plaquetária entre 50.000-100.000/mm3, voltando ao normal poucos dias após a suspensão da droga. Em casos mais graves, pode ocorrer “síndrome do trombo branco”. O tto é descontinuar a medicação. Trombocitopenia gestacional: Acomete 7% das gestantes. A queda das plaquetas geralmente não é grave >100mil. E pode ocorrer passagem dos anticorpos por via placentária causando trombocitopenia neonatal. PTI no Lúpus Eritematoso Sistêmico: A PTI relacionada a LES têm quadro clínico semelhante a PTI crônica e o tto é o mesmo. Tto para sangramentoagudo grave (ex.: hemorragia cerebral, hemorragia digestiva), recomenda-se que todas as medidas anteriormente citadas (corticoide, IVIG ou anti-D, transfusão de plaquetas) sejam ministradas ao mesmo tempo. Hematologia Nina 4 PTI na infecção pelo HIV: Ocorre em 40% dos pacientes, mesmo na fase assintomática. Em alguns casos a PTI é o sintoma inicial da doença. O tratamento é realizado com Zidovudina (AZT). Evitar corticoides.
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