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APRESENTAÇÃO Este volume do Plano Ambiental está dividido em três partes, onde são apresentados diagnósticos e prognósticos do Ambiente Natural, do Ambiente Construído e das Atividades Sócio-econômicas em Cachoeirinha. Trata-se de uma exposição detalhada de dados e informações, ilustrados por tabelas, gráficos, figuras, fotografias e mapas sobre treze temas imprescindíveis ao processo de planejamento ambiental. Os diagnósticos consistem na identificação, caracterização e mapeamento de todos os ecossistemas naturais, antrópicos e das principais atividades responsáveis pelas alterações ambientais. Os principais problemas ambientais e as respectivas atividades causadoras foram identificados e caracterizados para cada fator do ambiente natural e construído. Alguns prognósticos foram estabelecidos com base em dados estatísticos e previsões oficiais insuficientes. Todas estas informações foram reunidas e analisadas pela equipe de planejamento, junto com o acervo de dados do Volume 1, visando à identificação dos problemas ambientais existentes e à proposição das ações apresentadas no Volume 3. Engº Mario Buede Teixeira Coordenador 2 EQUIPE EXECUTORA Coordenação - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira Legislação ambiental - Advogado Me. Orci Paulino Bretanha Teixeira Administração ambiental - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira Saúde pública - Drª. Lúcia Beatriz Lopes Ferreira Mardini Abastecimento de água e esgotamento sanitário - Engº Dr. Fábio Moreira da Silva Educação ambiental - Bióloga Esp. Kenya Ribeiro de Souza Demandas da comunidade - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia Qualidade do ar e emissões atmosféricas - Químico Dr. Marçal José Rodrigues Pires Acadêmica Heldiane Souza dos Santos Geologia, geomorfologia e mineração - Geóloga Fabiana Silveira de Farias Paleontologia - Bióloga Esp. Patrícia Alano Perez Recursos hídricos e clima - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia Solos, agropecuária e silvicultura - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira Vegetação - Bióloga Esp. Gilda Goulart Fauna - Biólogo Esp. Cristiano Minuzzo Marin Arqueologia - Arqueóloga Drª. Gislene Monticelli Patrimônio histórico e cultural - Historiador Esp. Júnior Marques Domiks Uso atual da terra - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia Assentamentos habitacionais irregulares - Arquiteta Me. Maria Celina Santos de Oliveira Resíduos sólidos - Engº Esp. Adriano Locatelli da Rosa Efluentes líquidos - Engº Dr. Fábio Moreira da Silva Zoneamento - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia Cartografia - Geógrafo Dr. Régis Alexandre Lahm Geógrafo Me. Donarte dos Santos Júnior Impressão de cartas - Publicitário Me. Lucas Sgorla de Almeida 3 SUMÁRIO PARTE 1 – AMBIENTE NATURAL........................................................................................................... 5 1. QUALIDADE DO AR E CLIMA.............................................................................................................. 7 1.1. QUALIDADE DO AR ...................................................................................................................... 7 1.1.1. Diagnóstico............................................................................................................................................. 7 1.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 12 1.2. CLIMA........................................................................................................................................... 13 1.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 13 2. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA. .................................................................. 21 2.1. GEOLOGIA................................................................................................................................... 21 2.1.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 21 2.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 25 2.2. GEOMORFOLOGIA ..................................................................................................................... 25 2.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 25 2.2.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 28 2.3. PALEONTOLOGIA ....................................................................................................................... 28 3. RECURSOS HÍDRICOS...................................................................................................................... 31 3.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 31 3.1.1. Legislação e Sistema Estadual de Recursos Hídricos.......................................................................... 31 3.1.2. Recursos hídricos superficiais .............................................................................................................. 33 3.1.3. Recursos hídricos subterrâneos ........................................................................................................... 43 3.1.4. Problemas ............................................................................................................................................ 44 3.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 45 4. SOLOS ................................................................................................................................................ 47 4.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 47 4.1.1. Capacidade de uso agrícola do solo..................................................................................................... 47 4.1.2. Problemas ............................................................................................................................................ 48 5. VEGETAÇÃO ...................................................................................................................................... 49 5.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 49 5.1.1. Aspectos legais e administrativos......................................................................................................... 49 5.1.2. Formações vegetais ............................................................................................................................. 50 5.1.3. Vegetação urbana ................................................................................................................................ 54 5.1.4. Problemas ............................................................................................................................................ 57 5.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 58 6. FAUNA ................................................................................................................................................59 6.1. FAUNA NATIVA ........................................................................................................................... 59 6.1.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 59 6.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 68 6.2. FAUNA EXÓTICA......................................................................................................................... 69 6.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 69 6.2.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 70 PARTE 2 – AMBIENTE CONSTRUÍDO .................................................................................................. 71 7. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO....................................................................................................... 73 7.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 73 7.1.1. Conservação e pesquisas sobre patrimônio arqueológico ................................................................... 73 7.1.2. Problemas atuais .................................................................................................................................. 76 7.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 77 8. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL ......................................................................................... 79 8.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 80 8.1.1. História do Município ............................................................................................................................ 80 8.1.2. Bens imóveis declarados como de interesse Histórico e Cultural para o Município ............................. 84 8.1.3. Outros bens imóveis de interesse Histórico Cultural ............................................................................ 85 8.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 86 4 PARTE 3 – ATIVIDADES SÓCIO-ECONÔMICAS................................................................................. 89 9. USO ATUAL DA TERRA..................................................................................................................... 91 9.1. DIAGNÓSTICO............................................................................................................................. 91 9.1.1. Problemas .............................................................................................................................................94 9.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 94 10. ASSENTAMENTOS HABITACIONAIS IRREGULARES.................................................................. 95 10.1. DIAGNÓSTICO........................................................................................................................... 96 10.1.1. Assentamentos irregulares..................................................................................................................96 10.1.2. Programas e projetos para assentamentos irregulares.......................................................................98 10.1.3. Problemas ambientais nos assentamentos irregulares.......................................................................99 10.2. PROGNÓSTICO......................................................................................................................... 99 11. AGROPECUÁRIA E SILVICULTURA............................................................................................. 101 11.1. DIAGNÓSTICO......................................................................................................................... 101 11.2. PROGNÓSTICO....................................................................................................................... 102 12. MINERAÇÃO................................................................................................................................... 103 12.1. DIAGNÓSTICO......................................................................................................................... 103 12.2. PROGNÓSTICO....................................................................................................................... 104 13. INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS DE SAÚDE...................................................................... 105 13.1. RESÍDUOS SÓLIDOS.............................................................................................................. 105 13.1.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................106 13.1.2. Prognóstico .......................................................................................................................................109 13.2. EFLUENTES LÍQUIDOS .......................................................................................................... 111 13.2.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................111 13.2.2. Prognóstico .......................................................................................................................................122 13.3. EMISSÕES ATMOSFÉRICAS ................................................................................................. 123 13.3.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 133 Parte 1 AMBIENTE NATURAL PARTE 1 – AMBIENTE NATURAL Capítulo 1 – QUALIDADE DO AR E CLIMA Capítulo 2 – GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA Capítulo 3 – RECURSOS HÍDRICOS Capítulo 4 – SOLOS Capítulo 5 – VEGETAÇÃO Capítulo 6 – FAUNA 6 Capítulo 1 1. QUALIDADE DO AR E CLIMA QUALIDADE DO AR E CLIMA A atmosfera é o primeiro fator do ambiente físico a ser analisado e o seu conhecimento é fundamental para a saúde humana e para o estudo dos ecossistemas naturais, especialmente relativos à vegetação e à fauna. Este capítulo trata da qualidade do ar e das condições climáticas ocorrentes no Município de Cachoeirinha. 1.1. QUALIDADE DO AR O diagnóstico e o prognóstico da qualidade do ar no Município, a seguir apresentados, visam contribuir para a identificação de problemas atuais e futuros e para a proposição de programas e projetos que minimizem os impactos negativos ocorrentes. Nesse sentido, foram utilizados dados secundários obtidos junto a diversos órgãos estaduais e federais (FEPAM, Metroplan, Ministérios dos Transportes, IBGE, entre outros). Também foi feita uma visita técnica ao Município visando identificar fontes potenciais e coletar dados sobre a poluição do ar. No relatório do IBGE (2005) sobre o perfil ambiental dos Municípios brasileiros, os gestores municipaisde Cachoeirinha consideraram (em 2002) que havia problemas relacionados à poluição do ar. Segundo essa percepção, as fontes dessa poluição estavam associadas às atividades industriais e aos veículos automotores. Entretanto, na época ainda não havia fiscalização referente ao combate da poluição de veículos automotores nem um programa de monitoramento da qualidade do ar. Os dados ora apresentados corroboram com a visão dos gestores municipais, indicando que os impactos relacionados à poluição do ar devem ser melhor avaliados no Município. 1.1.1. Diagnóstico A qualidade do ar é determinada pela quantidade de poluentes lançados à atmosfera bem como pela dinâmica de circulação atmosférica. As condições climáticas, meteorológicas, geográficas e topográficas vão determinar essa dinâmica e, consequentemente, o grau de poluição do ar. Nas cidades, essa dinâmica, que comanda a dispersão dos poluentes lançados ao ar, é modificada em função das edificações que podem gerar cânions urbanos que dificultam a circulação e ilhas de calor nas áreas mais urbanizadas. Segundo a ABNT, a Poluição do Ar é a alteração da composição ou das propriedades do ar por toda e qualquer forma de matéria e/ou energia, estranha ou não à sua composição normal que possa ou venha a causar: danos à saúde, fauna, flora e materiais ou prejuízos à segurança, ao uso e gozo da propriedade, à economia e ao bem estar da comunidade. Os poluentes atmosféricos podem apresentar efeitos local/regional e/ou global. Os principais poluentes com efeitos local/regional são: monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), compostos orgânicos voláteis (COV), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), material particulado (MP), oxidantes fotoquímicos (p.ex.: ozônio - O3). Cabe destacar também, em função de sua toxicidade, benzeno, formaldeído, 1-3 butadieno, mercúrio, chumbo etc. Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 8 O Efeito Global da poluição atmosférica é devido aos poluentes de longa permanência na atmosfera (dezenas a centenas de anos) que têm efeito também no clima do planeta. Principais poluentes que intensificam o Efeito Estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), compostos clorofluorcarbono (CFCs) e principais responsáveis pelo buraco de ozônio: CFCs. a) Aspectos Legais O Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA instituiu, através da Resolução CONAMA nº 005/89, o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR. Trata- se de um dos instrumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem estar das populações e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o desenvolvimento econômico e social do país de forma ambientalmente segura. Estabelece que as áreas, em todo o território nacional, devem ser enquadradas em três classes de usos pretendidos, visando à implementação de uma política de não deterioração significativa da qualidade do ar. A Resolução CONAMA 003/90, em seu artigo 2º, fixa valores para padrões de qualidade do ar (Tabela 1.1), definidos em primários e secundários: • Padrões Primários de Qualidade do ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população; • Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Tabela 1.1. Padrões nacionais de qualidade do ar externo (Resolução CONAMA 003/90). Padrões Primários Padrões Secundários Poluente Tempo amostragem (µg m-3) (ppm) (µg m-3) (ppm) Método de medição Partículas totais em suspensão PTS 24 h a Anual b 240 80 150 60 Amostrador de grande volume Fumaça 24 h a Anual b 150 60 100 40 Refletância Partículas inaláveis PM10 24 h a Anual b 150 50 150 50 Separação Inercial/Filtração Dióxido de enxofre SO2 24 h a Anual c 365 80 0,14 0,03 100 40 0,04 0,015 Pararosanilina Dióxido de nitrogênio NO2 1 h a Anual c 320 100 0,25 0,05 190 100 0,15 0,05 Quimiluminescência em fase gasosa Monóxido de carbono CO 1 h a 8 h a 40.000 10.000 35 9 40.000 10.000 35 9 Infravermelho não dispersivo Oxidantes fotoquímicos O3 1 h a 160 0,08 160 0,08 Quimiluminescência a - não deve ser excedido mais que uma vez ao ano; b - média geométrica anual; c - média aritmética anual O Código Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (Lei nº 11.520), em atendimento à Resolução CONAMA nº 005/89, estabelece as seguintes classes de uso: • Área Classe I: são assim classificadas todas as áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Unidades de Conservação, estâncias hidrominerais e hidrotermais - nacionais, estaduais e municipais - onde deverá ser mantida a qualidade do ar em nível o mais próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica; QUALIDADE DO AR E CLIMA 9 • Área Classe II: são assim classificadas todas as áreas não classificadas como I ou III; • Área Classe III: são assim classificadas todas as áreas que abrigam Distritos Industriais criados por legislação própria. Em função deste conjunto de legislações, conclui-se que os Padrões de Qualidade do Ar aplicáveis ao Município de Cachoeirinha, exceto ao distrito industrial, são os Padrões Secundários (Tabela 1.1). Além da Lei Orgânica de 03/04/90, o Município possui as seguintes leis referentes à qualidade do ar e poluição atmosférica: nº 859/8, nº 1172/91, nº 1408/94, nº 1218/92, nº 1339/92, nº 1408/94 e nº 1508/95. b) Efeitos na saúde e no ambiente Os danos ou efeitos deletérios da poluição do ar podem ser verificados na saúde da população, na fauna e na vegetação, nos recursos hídricos, e nos materiais. Os efeitos da poluição atmosférica na saúde podem provocar doenças agudas e/ou crônicas, encurtando a vida, causando dano ao crescimento e em casos extremos, levar até a morte. Doenças respiratórias e cardiovasculares são as mais associadas à deterioração da qualidade do ar, principalmente nos indivíduos mais suscetíveis, crianças e idosos. Estudos feitos em São Paulo mostraram que nos dias mais poluídos, o número de crianças atendidas em prontos-socorros cresce cerca de 30% e a mortalidade, principalmente de idosos, é 15% maior e verifica-se também aumento de 10% no registro de internações por problemas cardiovasculares. Os custos associados a esses problemas de saúde poderiam ser reduzidos pela metade se os índices da poluição em São Paulo retornassem aos valores determinados pelos padrões de qualidade do ar. Sintomas adversos, tais como irritação sensorial e desconforto, prejuízo da visibilidade ou outros efeitos da poluição do ar são suficientes para levar ocasionar a troca de local de residência ou de emprego. Os materiais podem sofrem também danos através de processos de abrasão, deposição, ataque químico e corrosão eletroquímica. A vegetação é também afetada pelos poluentes atmosféricos através da: a) redução da fotossíntese por sedimentação de partículas nas folhas; b) deposição de poluentes no solo e assimilação pelas raízes. A quantificação dos impactos econômicos da poluição do ar é complexa. Entretanto, um estudo preliminar do Banco Mundial indica alguns valores que podem ser tomados como base no que concerne às externalidades negativas associadas às emissões veiculares. Através dos dados da Tabela 1.2 observa-se que o poluente de maior custo social é o material particulado com 30.050 US$/t. Essa indicação, apesar das limitações inerentes a qualquer estimativa desse gênero, deve ser levada em conta nas estratégias de minimização dos impactos que possam apresentar o maior ganho para a população. Tabela 1.2. Externalidades negativas da poluição veicular. Emissão de poluenteCusto social estimado ( US$/t ) CO2 20¹ CO 1.000² NOx 2,500¹ SOx 800¹ HC 2,200² MP 30,050¹ 1) Valores estimados pelo Banco Mundial em US$ de 1993. 2) Valores estimados pelo Center for Renewable Energy and Sustainable Development - US$ de 1989. Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 10 c) Monitoramento do Ar A FEPAM é o órgão responsável pelo monitoramento da qualidade do ar no Estado do Rio Grande do Sul. Desde 1980, realiza o monitoramento da qualidade do ar de alguns poluentes através de estações semi-automáticas, que realizam amostragem e análise de Partículas Totais em Suspensão (PTS) e Dióxido de Enxofre (SO2) (Tabela 1.1). Atualmente existem sete estações automáticas fixas e uma móvel, garantindo uma gama maior de parâmetros analisados; como partículas inaláveis (PM10), monóxido de carbono, ozônio, óxidos de nitrogênio, H2S, etc.. A localização e os parâmetros medidos em cada uma dessas estações estão indicados na Tabela 1.3. Tabela 1.3. Estações de monitoramento da qualidade do ar no RS e parâmetros monitorados. Nº Município Estação Parâmetros de Monitoramento Rede Automática 1 Porto Alegre Centro/Rodoviária PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 2 Porto Alegre Santa Cecília/Silva PI10, SO2, CO, NOx, O3 3 Porto Alegre Jardim Botânico/ESEF PI10, SO2, CO, NOx, O3 4 Canoas Canoas/V Comar PI10, SO2, O3 5 Sapucaia do Sul Sapucaia do Sul/SESI PI10, SO2, CO, NOx, O3 6 Triunfo Montenegro/Polo Petroquímico PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 7 Caxias do Sul Caxias do Sul/São José PI10, SO2 - Móvel PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 Rede Manual 1 Porto Alegre 8º DISME PI10, PTS, SO2 2 Porto Alegre Benjamin Constant (desativada) PTS, SO2 3 Porto Alegre CEASA PI10, PTS, SO2 4 Charqueadas CORSAN PI10, PTS, SO2 5 Estância Velha Hospital Getúlio Vargas PTS, SO2 6 Montenegro Parque Centenário PTS, SO2 7 Triunfo Pólo Petroquímico PTS, SO2 8 Caxias do Sul Centro Adm. Municipal PTS, SO2 9 Rio Grande CORSAN PTS, SO2 10 Rio Grande Praça Montevidéu PTS, SO2 11 Rio Grande CEEE PTS, SO2 12 Rio Grande Rádio Cassino PTS, SO2 Em função da complexidade das informações técnicas e da necessidade de uma comunicação mais rápida e efetiva com a população, a FEPAM adotou o uso de Índices de Qualidade do Ar (IQAr), utilizado pela maioria das agências e órgãos ambientais (EPA, Cetesb, etc.). Segundo a FEPAM (2003), o IQAr, tem como objetivo principal proporcionar à população o entendimento sobre a qualidade do ar local, em relação a diversos poluentes atmosféricos amostrados nas estações de monitoramento. O índice é calculado utilizando ferramenta matemática, que transforma as concentrações medidas dos diversos poluentes em um único valor adimensional possibilitando a comparação com os limites legais de concentração para os diversos poluentes (Quadro 1.1). QUALIDADE DO AR E CLIMA 11 Na ultrapassagem dos Padrões Primários de Qualidade do Ar para mais de um poluente, na mesma estação, todos serão divulgados, identificados pela qualidade Inadequada (IQAr maior que 100). A qualidade Má (IQAr maior que 200) indica a ultrapassagem do Nível de Atenção, a qualidade Péssima indica a ultrapassagem do Nível de Alerta e a qualidade Crítica, a ultrapassagem do Nível de Emergência. Ressaltamos que os índices até a classificação Regular, atendem os Padrões Primários de Qualidade do Ar (Quadro 1.2). Infelizmente nenhuma dessas estações de monitoramento está instalada no Município de Cachoeirinha. Também não foram encontrados registros de monitoramento da qualidade do ar no Município, nem por outros órgãos ambientais (IBAMA, Sec. Meio Ambiente) nem por indústrias em funcionamento ou no momento da concessão da licença ambiental (EIA/RIMA). Por outro lado, a partir dos dados de monitoramento das estações automáticas na região (em Sapucaia do Sul/SESI, com seis poluentes analisados, e em Canoas/v Comar, com três poluentes analisados), pode-se inferir que a qualidade do ar deve apresentar algum grau de comprometimento. Quadro 1.1. Padrões e classificação da qualidade do ar adotados pela FEPAM. Qualidade Índice Níveis de Cautela PTS PI10 SO2 NO2 CO O3 sobre a Saúde (µg/m 3) (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (ppm) (µg/m 3) Boa 0-50 0-80 0-50 0-80 0-100 0-4,5 0-80 Regular 51-100 81-240 51-150 81-365 101-320 4,5-9,0 81-160 Inadequada 101-200 Grupos Sensíveis 241-375 151-250 366-576 321-1130 9,1-12,4 161-322 *Insalubre 316-375 * 577-800 * 12,5-15,0 * 323-400 Má 201 - 300 Muito Insalubre 376-625 251-350 801-1600 1131-2260 15-30 401-800 351-420 * Péssima 301 - 400 Perigoso 626-875 421-500 1601-21002261-3000 31-40 801-1000 Crítica Acima de 400 Muito Perigoso > 875 > 500 > 2100 > 3000 > 40 >1000 Fonte: www.fepam.rs.gov.br Quadro 1.2. Níveis de qualidade do ar adotados pela FEPAM e relação com os padrões CONAMA. Qualidade Índice Padrões de Qualidade do Ar * - CONAMA Boa 0-50 Abaixo da metade dos Padrão de Qualidade * Regular 51-100 Abaixo da metade dos Padrões de Qualidade ** Inadequada 101-199 Acima dos Padrões de Qualidade Má 201 - 299 Acima do Nível de Atenção Péssima 301 - 399 Acima do Nível de Emergência Crítica Acima de 400 Acima do Nível de Alerta Resolução CONAMA nº 03 de 28/06/1990. * Atende ao padrão primário anual, ou 50% do padrões primário de curto período** Atende ao padrões primários Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 12 d) Problemas atuais Levando em conta as tendências observadas nos últimos anos em regiões monitoradas, os poluentes com maior impacto na qualidade do ar no Município devem ser os oxidantes fotoquímicos e seus precursores (NOx e VOCs), bem como o material particulado, em especial as partículas inaláveis (PI10). Com base no monitoramento da FEPAM, o percentual relativo de cada poluente nos episódios de qualidade do ar Regular para o período de 2002 no RS, indica o ozônio como responsável por 40% dos episódios, seguido pelas Partículas Inaláveis, com 31%, NO2 22%, CO com 6% e SO2, somente com 1%. Verifica-se que, para as estações de monitoramento mais próximas à Cachoeirinha, o ozônio teve uma contribuição ainda mais importante (63% dos episódios em Canoas/V COMAR e 55% na estação Sapucaia/SESI). Em Sapucaia há influência de fontes industriais, como por exemplo, indústrias siderúrgica, têxtil e petroquímica, localizadas próximas à estação de monitoramento, já em Canoas a influência de veículos automotores bem como do transporte de emissões de áreas próximas, poderiam explicar esse fenômeno. Os oxidantes fotoquímicos, em especial o ozônio, são denominados poluentes secundários, devido não serem emitidos diretamente por nenhuma fonte, mas sim produzidos na atmosfera através de reações envolvendo outros poluentes e a radiação solar. As concentrações desses compostos têm aumentando significativamente nos últimos anos, principalmente na periferia das grandes cidades, face ao aumento da emissão de seus precursores (NOx e HC), mormente oriundos de fontes móveis, e às dificuldades de controle. No âmbito da administração municipal, a SMMA possui um setor de fiscalização que atua através de blitz e atendimento a denúncias da população. Em 2006, a Secretaria atendeu a 93 casos de queima de lixo, que representam 7,5 % do total de ocorrências, colocando este problema de poluição do ar em 5º lugar no Município. O sistema de classificação do órgão ambiental não é muito claro e outras denúncias relacionadas à poluição atmosférica podem estar sendo cadastradas em outros itens. A SMMA indica como principais problemas relacionados à poluição atmosférica no Município as áreas do Distrito Industrial, a Estação de Tratamento de Esgotos da Corsan e a Av. Flores da Cunha, principal via de circulação de Cachoeirinha. Estas áreas foram indicadas como impactadas por “poluição aérea” no Plano Diretor Participativo(PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006). Como não há registros de fiscalizações da SMMA ou denúncias da população em relação a essas áreas específicas, acredita-se que essa hierarquização é feita bem mais sobre base do senso comum do que de dados objetivos. 1.1.2. Prognóstico Não há previsões disponíveis de órgãos competentes sobre a qualidade do ar em Cachoeirinha para os próximos anos, face à inexistência de inventários quantitativos recentes de emissões atmosféricas, conforme se pode constatar no diagnóstico apresentado no capítulo 13 (vide página 123, Emissões atmosféricas). Existem, também, incertezas sobre a instalação de novos empreendimentos potencialmente poluidores no Município, em curto prazo. Há possibilidade de instalação futura de duas usinas termelétricas na região, sendo uma a gás natural e outra a carvão. Dentro desse contexto cabe citar um estudo sobre o impacto das emissões de NOx pela instalação de uma Termelétrica a Gás Natural (Ecoplan, 2001) em Gravataí. Os autores do estudo modelizaram as concentrações superficiais de NOx esperadas por essa nova usina levando em consideração as outras centrais térmicas já instaladas ou QUALIDADE DO AR E CLIMA 13 projetadas na região (REFAP, Termosul, Jacuí I, Usina Térmica Gaúcha). O estudo indicou que a instalação da usina não alteraria o cenário padrão (outras quatro usinas em operação) e que a mesma iria determinar concentrações máximas de NOx de 18-22 g/m3, nos cenários considerados. Finalmente, os autores indicam que os máximos horários de concentração de NO2 devem ser 91% inferiores ao padrão secundário de qualidade do ar (CONAMA, 1990), para cenários realistas. É muito provável, no entanto, um cenário futuro, de curto prazo, em que os problemas atuais, detectados no diagnóstico, continuem a existir, caso os projetos específicos para monitoramento, fiscalização e proteção da qualidade do ar, previstos pelo governo municipal, não sejam colocados em prática, conforme informações da SMMA. Isto significa que a qualidade do ar poderá piorar. 1.2. CLIMA O conhecimento do clima é fundamental para o estudo dos ecossistemas naturais e antrópicos. As condições climáticas somadas aos dados hidrológicos auxiliam na previsão de enchentes, na agricultura, na qualidade de vida das pessoas e no comportamento da qualidade do ar. Neste ano, em especial, a proliferação dos mosquitos em toda a região metropolitana é atribuída ao clima chuvoso e altas temperaturas, condições ideais para o seu desenvolvimento, inclusive do mosquito da dengue. O Meteorologista-Chefe da Metsul Meteorologia, Eugenio Hackbart, também biólogo, ressalta que as condições atmosféricas quentes e úmidas favorecem a proliferação de insetos. Decorrente da atuação do episodio do El Nino, com volumes excessivos de chuva, o Mato Grosso do Sul, Argentina e Paraguai estão com uma epidemia de dengue. No Rio Grande do Sul já há registros no norte do Estado e não esta associada à espécie que esta atacando o vale dos Sinos. Hoje, as questões climáticas estão na pauta dos estudos de instituições internacionais e veiculadas diariamente pelos meios de comunicação. A poluição, o desmatamento da mata ciliar e das áreas de preservação somada a paisagem construída tem afetado o micro clima. Os reflexos já podem ser sentidos pelas ilhas de calor, pela falta de chuvas ou ocorrência de fenômenos, como tornados, ciclones e trombas d’água. 1.2.1. Diagnóstico a) Conceitos climáticos O clima é a natureza atmosférica composta por fenômenos meteorológicos que atuam em determinada área geográfica, que se repete nas diferentes estações do ano, cada vez mais influenciadas pela ação do homem. A seguir são apresentados alguns conceitos climáticos de importância para o diagnóstico � Radiação Os raios solares incidem de forma desigual na terra, determinando diferentes temperaturas. O calor que aquece a terra provém da radiação que é absorvida pela superfície terrestre e irradiada para a camada da atmosfera em forma de radiação infravermelha, o calor. A radiação, além de determinar a temperatura do ar, determina também a pressão atmosférica. Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 14 � Pressão atmosférica É definida como a força que o ar exerce sobre a superfície terrestre. O ar quente, que é leve exerce menor pressão do que o ar frio que é pesado. Assim temos zona de baixa e alta pressão atmosférica conhecidos como ciclones e anticiclones. � Ciclones e Anticiclone Quando a pressão atmosférica decresce para o centro em regiões de ar quente, em forma de espiral, temos um ciclone que concentra o ar e promove a chuva. Quando a pressão atmosférica cresce para o centro tem-se um anticiclone. Estando o centro de alta pressão relacionado às regiões de ar frio, temos um anticiclone que dispersa o ar e não promove a formação de chuvas. São três os centros de ação que se registram no Rio Grande do Sul, dois centros de alta pressão, o anticiclone Polar e o anticiclone do Atlântico e um centro de baixa pressão, o ciclone do Chaco, Os centros de alta e baixa pressão atuam em conjunto com as massas de ar e determinam o clima de uma região. � Massas de ar As massas de ar avançam e recuam sobre uma região trazendo características próprias de umidade e temperatura e determinando as condições do tempo. � El Niño e la Niña O fenômeno El Niño ocorre quando há um aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial e la Niña quando há resfriamento. A La Nina tem como principal impacto um período de menos chuva sobre o Sul do Brasil, enquanto não influencia diretamente no regime de chuvas do verão em outras regiões. O último episódio de La Niña ocorreu entre o segundo semestre de 1998, todo ano de 1999 e no primeiro semestre de 2000. Na América do Sul a região mais suscetível aos efeitos da La Niña é a região do Pampa, que inclui o sul do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. b) Estações Meteorológicas O conhecimento do clima regional e micro climas dependem dos registros das Estações Climatológicas e Meteorológicas localizadas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Não há Serviço Municipal de Meteorologia, mas podem ser obtidos dados das seguintes instituições: • Estação Experimental do Instituto Riograndense do Arroz. Possui Estação Meteorológica Automática localizada no Município, com as seguintes coordenadas geográficas: 29°55’30”Lat. S e 50°58’21” Long. W e altitude de 7 metros de altitude. Os dados são atualizados a cada 30 minutos (horário de Brasília) e enviados para o Setor de Agrometeorologia da FEPAGRO. Foram utilizados neste diagnóstico. • Instituto Nacional de Meteorologia – 8° Distrito de Meteorologia. Possui Estação localizada em Porto Alegre, onde são registrados e disponibilizados dados referentes a temperatura, precipitação, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, evaporação, insolação e ventos. • Somar Meteorologia - Apresenta o cenário climático da Região Sul e divulga diariamente dados climáticos e meteorológicos, tendo como fontes o CPTEC/INPE, NCPE/NOAA, IRVOGP E ECMWE. • Rede de Estações Meteorológicas de Climatologia Urbana do Rio Grande do Sul, sob responsabilidade do prof. Eugenio Jaekel Hackbart. QUALIDADE DO AR E CLIMA 15 c) Fatores Estáticos e Dinâmicos � Localização geográfica e condições físicas O Município está localizado, na sua maior extensão, na Bacia do Rio Gravataí e abrange uma pequena área da Bacia do Rio dos Sinos. Com um relevo suavemente ondulado a cidade se desenvolveu ao longo dos divisores de água e na planície do rio Gravataí. O clima do Município caracteriza-se pela presença de chuvas, sem a existência de um período seco ao longo de um ano normal. Em 07/07/07, o Site da Defesa Civil registrou a ocorrência de estiagem. � Classificação climática Devido à adoçãode diversos sistemas de classificação climática, existem diferentes denominações para caracterizar o clima do Rio Grande do Sul. Segundo o sistema de Koeppen, o Rio Grande do Sul se enquadra na zona fundamental temperada úmida ou Cf. Este tipo de divide em duas variedades específicas, a Cfa e a Cfb. Em Cachoeirinha predomina a Cfa que se caracteriza por apresentar chuvas durante todos os meses do ano e possuir a temperatura do mês mais quente superior a 22 ºC, e a do mês mais frio superior a 3 ºC. A regionalização climática com base em parâmetros hídricos identifica para a Depressão Central, região geográfica onde se localiza o território municipal, os climas úmido e subúmido. � Sistemas de circulação atmosférica Segundo Monteiro (1968), as principais massas de ar e correntes perturbadoras que afetam o clima do Rio Grande do Sul são: • Massa Tropical Atlântica (Ta) com atividade o ano inteiro, com emissões do quadrante norte formado pelo Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul. Com origem oceânica esta massa é quente e úmida. • Massa Polar Atlântica (Pa) atua durante o ano todo, mas é mais intensa no inverno. Constituiu-se numa massa de ar fria, vinda da Patagônia, pode receber reforço do ar frio da vertente oeste dos Antes, influência do El Nino. Sua direção é norte–sul, mas pode também se deslocar no sentido SO-NE. Sempre provoca queda de temperatura. • Massa tropical Continental (Tc), Esta massa ocorre com freqüência no verão. Seu avanço provoca temperaturas elevadas com ocorrência de trovoadas e fortes aguaceiros. As massas de ar produzem correntes perturbadoras, provocando tempo instável e fortes aguaceiros. Em Cachoeirinha atravessam as correntes de leste /nordeste e correntes do sul d) Elementos climáticos Os dados mensais dos elementos climáticos apresentados a seguir, foram fornecidos pelo Setor de Agrometeorologia da FEPAGRO e se referem a quatro anos (2003, 2004, 2005 e 2006). Não há dados de outubro e dezembro de 2005 e novembro e dezembro de 2006. • Temperatura Cachoeirinha está entre os Municípios com temperatura média anual mais elevada, junto com Gravataí e São Leopoldo. A temperatura máxima absoluta ocorrida foi de 39,8 ºC, em janeiro de 2005 e de 2006, enquanto que a mínima absoluta foi de -0,2 ºC, em julho de 2004. Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 16 As temperaturas médias mensais, mínimas absolutas, mínimas mensais, máximas mensais e máximas absolutas estão na Tabela 1.4, Tabela 1.5, Tabela 1.6, Tabela 1.7. e Tabela 1.8. Tabela 1.4. Temperatura média mensal. Mês 2003 2004 2005 2006 Janeiro 27,1 27,6 26,7 26,7 Fevereiro 28,0 26,3 25,9 25,8 Março 26,4 25,1 25,3 25,3 Abril 21,2 24,7 20,9 20,9 Maio 19,0 17,2 19,0 19,0 Junho 18,3 16,8 18,1 18,1 Julho 16,0 14,3 15,5 15,5 Agosto 16,1 16,1 17,5 17,5 Setembro 18,0 19,6 16,5 16,5 Outubro 21,9 20,3 26,8 Novembro 23,8 22,1 23,7 Dezembro 24,8 24,6 Tabela 1.5. Temperatura mínima absoluta. Mês 2003 2004 2005 2006 Janeiro 14,7 9,8 9,8 9,8 Fevereiro 12,7 14,0 14,1 14,6 Março 13,4 10,5 12,8 12,8 Abril 9,8 8,0 1,9 1,9 Maio 3,8 3,0 4,0 4,0 Junho 4,0 0,2 4,0 4,0 Julho 2,5 -0,2 0,1 0,1 Agosto 3,0 2,8 5,0 5,0 Setembro 3,8 5,0 4,6 4,6 Outubro 6,8 6,0 13,8 Novembro 8,0 8,4 7,3 Dezembro 8,9 12,0 Menor temperatura ocorrida no mês. Tabela 1.6. Temperatura mínima mensal. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 18,9 18,3 17,9 17,9 Fevereiro 20,1 17,2 18,5 18,8 Março 18,8 16,1 17,2 17,2 Abril 14,5 16,2 13,8 13,8 Maio 10,8 10,4 11,8 11,8 Junho 11,7 9,6 12,2 12,2 Julho 9,2 7,3 8,4 8,4 Agosto 7,8 7,9 11,7 11,7 Setembro 9,4 11,9 10,7 10,7 Outubro 13,3 11,5 20,1 Novembro 14,8 14,7 15,2 Dezembro 16,4 16,1 Temperatura média das mínimas no mês. QUALIDADE DO AR E CLIMA 17 Tabela 1.7. Temperatura máxima mensal. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 33,5 33,8 32,4 32,4 Fevereiro 35,2 33,1 31,0 30,2 Março 32,0 32,8 30,3 30,3 Abril 28,9 32,0 25,3 25,3 Maio 26,2 21,7 24,1 24,1 Junho 24,4 22,0 22,9 22,9 Julho 22,4 19,2 21,0 21,0 Agosto 22,4 21,3 22,7 22,7 Setembro 25,0 24,6 20,4 20,4 Outubro 28,3 25,3 32,3 Novembro 30,0 27,1 28,8 Dezembro 31,5 29,6 Temperatura média das máximas no mês. Tabela 1.8. Temperatura máxima absoluta. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 36,8 36,8 39,8 39,8 Fevereiro 39,6 36,6 34,9 35,8 Março 38,7 36,6 38,0 38,0 Abril 33,0 36,4 36,2 36,2 Maio 31,8 30,9 31,3 31,3 Junho 29,2 30,0 30,6 30,6 Julho 31,0 30,2 32,0 32,0 Agosto 33,4 31,5 31,8 31,8 Setembro 35,4 36,9 29,8 29,8 Outubro 35,8 32,1 39,8 Novembro 36,4 34,4 37,8 Dezembro 35,8 36,0 Maior temperatura ocorrida no mês. • Umidade relativa do ar A umidade relativa do ar média anual está em torno de 76% e a extrema absoluta, neste período, foi de 27.3% em março de 2003. A umidade relativa do ar média mensal e a mínima absoluta mensal estão apresentadas na Tabela 1.9 e na Tabela 1.10. Tabela 1.9. Umidade relativa média mensal. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 77,0 74,1 75,5 75,5 Fevereiro 76,5 79,5 78,7 80,3 Março 76,2 75,5 78,8 78,8 Abril 79,1 74,3 86,6 86,6 Maio 76,9 84,6 83,2 83,2 Junho 83,3 84,2 87,5 87,5 Julho 81,3 82,8 82,1 82,1 Agosto 75,3 81,8 84,6 84,6 Setembro 75,5 83,2 84,5 84,5 Outubro 76,2 76,5 80,8 Novembro 75,1 76,6 76,2 Dezembro 74,0 75,2 Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 18 Tabela 1.10. Umidade relativa mínima absoluta mensal (%) Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 52,8 53,5 62,5 62,5 Fevereiro 59,3 47,8 60,3 68,0 Março 27,3 60,0 58,5 58,5 Abril 54,8 56,8 72,5 72,5 Maio 58,8 56,5 72,3 72,3 Junho 65,0 63,3 28,0 28,0 Julho 48,3 70,8 76,5 76,5 Agosto 54,5 60,8 67,5 67,5 Setembro 63,5 58,0 69,0 69,0 Outubro 63,8 70,3 68,8 Novembro 39,3 72,0 61,0 Dezembro 54,3 63,0 • Precipitação pluviométrica As médias anuais foram de 150,3 mm (em 2003) e de 101,0 mm (em 2004). O maior índice mensal foi de 319,5 mm (fev.2003) e o menor índice mensal foi de 32,6 mm (mar.2004). Tabela 1.11. Precipitação Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 145,8 33,0 32,8 32,8 Fevereiro 319,5 67,7 61,5 58,7 Março 66,6 32,6 217,0 217,0 Abril 138,7 98,3 55,8 55,8 Maio 114,2 161,4 175,4 175,4 Junho 171,8 76,1 35,3 35,3 Julho 177,0 199,3 65,4 65,4 Agosto 71,2 67,8 180,5 180,5 Setembro 89,7 219,9 144,1 144,1 Outubro 197,4 97,1 310,1 187,6 Novembro 106,8 114,5 83,7 Dezembro 205,9 44,7 • Evaporação As médias mensais de evaporação apresentam maiores valores no período de outubro a janeiro e as menores nos meses de junho e julho, conforme apresentadas na Tabela 1.12. Tabela 1.12. Evaporação Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 126,9 127,9 190,7 190,7 Fevereiro 97,9 118,1 147,7 114,7 Março 95,1 123,4 150,0 150,0 Abril 79,4 111,1 78,8 78,8 Maio 73,5 70,7 77,8 77,8 Junho 61,8 66,7 51,9 51,9 Julho 55,2 72,6 82,5 82,5 Agosto 83,0 82,3 97,1 97,1 Setembro 76,9 105,9 95,5 95,5 Outubro 106,6 135,2 118,6 124,3 Novembro 110,6 146,7 155,9 Dezembro 131,4 176,5 QUALIDADE DO AR E CLIMA 19 e) Fenômenos atmosféricos • Insolação (Brilho solar) As médias mensais estão na Tabela 1.13. A media anual varia em torno de 2.369 h. Tabela 1.13. Insolação. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 289,8 271,9 301,0 301,0 Fevereiro 203,8 280,5 227,4 217,8 Março 223,8 263,5 227,3 227,3 Abril 187,3 226,5 142,7 142,7 Maio 180,4 152,5 156,2 156,2 Junho 100,5 147,1 131,7 131,7 Julho 147,5 189,4 196,0 196,0 Agosto 196,6 178,3 141,6 141,6 Setembro 162,8 146,5 150,1 150,1 Outubro 227,0 284,7 237,7 Novembro 226,1 213,0 267,4 Dezembro 223,5 274,7 • Ventos Quanto à velocidade, maior intensidade se concentra em dezembro e a calmaria em junho (Tabela 1.14). No tocante à direção, os ventos predominantes são de leste/sudeste, com ocorrênciaem todas as estações, e ventos de noroeste, no verão e no inverno (Tabela 1.15). Tabela 1.14. Velocidade dos ventos. Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro 3,6 3,7 3,2 3,2 Fevereiro 3,1 2,6 2,8 2,5 Março 3,2 3,2 2,1 2,1 Abril 3,2 2,6 1,3 1,3 Maio 3,3 2,6 1,6 1,6 Junho 2,8 2,2 1,2 1,2 Julho 2,7 2,1 1,8 1,8 Agosto 3,5 2,1 2,3 2,3 Setembro 3,8 2,9 3,4 3,4 Outubro 4,0 2,9 2,4 Novembro 3,8 3,0 2,7 Dezembro 4,4 4,0 Tabela 1.15. Direção dos ventos Ano 2003 2004 2005 2006 Janeiro SE SE SE SE Fevereiro NW SE SE SE Março SE SE SE SE Abril SE SE C C Maio SE SE SE SE Junho SE SE C C Julho SE SE NW NW Agosto SE SE SE SE Setembro SE SE SE SE Outubro SE SE SE Novembro SE SE SE Dezembro SE SE Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 20 A título de exemplo, a seguir são apresentadas as formas de apresentação dos dados meteorológicos coletados pela Estação Meteorológica Automática da Estação Experimental do Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, atualizados a cada 30 minutos. Os dados se referem ao dia 02.03.2007 e foram obtidos às 17h 29 min. Temperatura do ar Umidade relativa do ar Densidade do Ar Temperatura do Solo (profundidade 5,00 cm) Chuva Diária Chuva do Mês Chuva do Ano Direção do Vento Velocidade do Vento Capítulo 2 2. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA Este capítulo objetiva a apresentação da situação atual e de curto prazo da geologia, da geomorfologia e da paleontologia no Município de Cachoeirinha. Para a elaboração do diagnóstico e prognóstico desses importantes temas, foram buscados dados e informações secundárias em diversas fontes. Os elementos coletados foram analisados e discutidos de forma interdisciplinar com a equipe de elaboração do Plano Ambiental. Primeiramente, foi efetivada uma revisão bibliográfica dirigida e visitas às seguintes instituições: Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional - METROPLAN, Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais - CPRM, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM. Também foram pesquisados dados e informações no site da Fundação Estadual de Proteção Ambiental - Fepam. Todas as fotografias são de maio de 2007. Foi dirigido um pedido de dados e informações sobre geologia e geomorfologia à SMMA, que foi atendido por técnico do órgão. Este mesmo técnico realizou avaliação pessoal sobre a situação atual e futura dos referidos temas, a pedido da equipe de planejamento. As respostas foram analisadas, estruturadas em um modelo multicritério, discutidas com o avaliador e integradas a este Plano. Para completar o conhecimento da situação atual e estabelecer um prognóstico de curto prazo, foi realizada uma visita expedita ao território municipal, especialmente focada na identificação e caracterização de problemas. 2.1. GEOLOGIA 2.1.1. Diagnóstico Para caracterizar a geologia regional, considerou-se a área da Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA, onde existem quatro domínios tectono-estruturais, compartimentados a partir de suas características quanto à origem, ambiente deposicional, características lito- estruturais e idade (CPRM, 1998), apresentados a seguir. • Dorsal de Canguçu É representado, na RMPA, pelo Complexo Gnáissico Arroio dos Ratos e compreende ortognaisses tonalíticos a granodioríticos localizados na porção sudoeste. • Cinturão Dom Feliciano É representado pela suíte homônima, constituindo-se por rochas graníticas não deformadas associadas a vulcânicas ácidas como dacitos, riolitos e riodacitos. Distribui-se na porção sudoeste e mais amplamente na porção centro-sul, sendo que nos Municípios de Porto Alegre e Viamão ocorrem associados metagranitos monzograníticos pertencentes ao Complexo Granito-Gnáissico Pinheiro Machado. Capítulo 2 22 • Bacia do Paraná; É representada por rochas de idade permiana e triássica que ocorrem na porção norte da RMPA. A seqüência gonduânica é representada na região pelas seguintes unidades estratigráficas: • Grupo Guatá. Formação Rio Bonito. Compreende siltitos cinza e folhelhos carbonosos, com leitos e camadas de carvão e arenitos cinza-esbranquiçados, finos a grosseiros, com estratificação cruzada paralela e acanalada; • Grupo Passa Dois. Formação Rio do Rasto. Composta por arenitos finos, siltitos e argilitos com laminações paralela, cruzada, acanalada, ondulação e estruturas internas tipo climbing, linsen e wavy; • Grupo Rosário do Sul. Formações Santa Maria e Sanga do Cabral. Caracteriza-se por uma seqüência indiferenciada de interdigitações de siltitos e argilitos vermelhos, maciços e arenitos médios a grosseiros; • Grupo São Bento. Formações Botucatu e Serra Geral. Ocorrem amplamente na RMPA e compõem uma sequência vulcano-sedimentar. A Formação Botucatu caracteriza-se por arenitos cor rosa-clara, finos a médios, com estratificação cruzada acanalada de grande porte. Já a Formação Serra Geral é composta por sucessivos derrames de composição básica a intermediária. • Planície Costeira e Aluviões. Este domínio distribui-se por toda a área da RMPA e associados a relevos acidentados, ocorrem depósitos gravitacionais de encosta (aluviões e coluviões) de idade tércio-quaternária, gradando para sistemas de leques aluviais e canais anastomosados, recobrindo rochas sedimentares da Bacia do Paraná e granitóides do embasamento cristalino. Os maciços do embasamento cristalino apresentam os contornos delineados pelos sedimentos cenozóicos da Planície Costeira do limite leste e Aluviões mais internamente. São depósitos-quaternários relacionados a distintos ambientes de deposição como os de planícies lagunares, barreiras marinhas, depósitos paludais incluindo turfas e depósitos eólicos de margem lagunar. Os depósitos aluvionares, principalmente distribuídos na frente do Delta do Jacuí são representados por corpos arenosos, de granulação fina a média, com porções subordinadas de silte e argilas nas extensas planícies aluviais, inclusive nos terrenos sedimentares da Bacia do Paraná. A geologia local do Município de Cachoeirinha é composta por rochas sedimentares da Bacia do Paraná e Depósitos Cenozóicos (Quadro 2.1), cuja distribuição espacial é apresentada na Carta 1 - Geologia, na escala 1:20.000, encartada no volume 4. a) Bacia do Paraná A Bacia do Paraná é uma extensa depressão deposicional localizada na porção centro- leste do continente sul-americano, cobrindo cerca de 1.600.000 km², sendo que deste total 1.000.000 km² estão inseridos em território brasileiro. Tem sido objeto de estudo por diversos pesquisadores e, desde os trabalhos de White (1908), inúmeras classificações para suas litologias foram propostas, muitas destas inadequadas. Na porção norte e centro-leste do Município, ocorrem a Formação Rio do Rasto e a Formação Sanga do Cabral/Formação Rosário do Sul, com extensão territorial representativa (Figura 2.1). GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 23 Quadro 2.1. Unidades Lito-estratigráficas C E N O Z Ó IC O M E S O Z Ó IC O P A LE O Z Ó IC O Q U A T E R N Á R IO T E R C IÁ R IO T R IÁ S S IC O P E R M IA N O DEPÓSITOS CENOZÓICOS BACIA DO PARANÁ BACIA DO PARANÁ Depósitos Quaternários. Não individualizados. Sistema Laguna Barreira desenvolvido ao longo da margem interna da Bacia de Pelotas em quatro ciclos de regressão e transgressão marinha Formação Sanga do Cabral/Formação Rosário do Sul. Arenitos médios a finos e subordinadamente arenitos muito finos e siltitos, grãos angulares e subarredondados, mal selecionados. Formação Rio do Rasto. Siltitos e arenitos finos esverdeados e arroxeados e, na porção superior, argilitos e siltitos vermelhos com intercalações lenticulares de arenito fino. Depósitos Gravitacionais de Encosta.Conglomerados diamictitos, arenitos conglomeráticos, arenitos e lamitos de cores avermelhadas, maciços ou com estruturas acanaladas. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA (2006). Figura 2.1. Área de incidência de rochas da Bacia do Paraná (Jardim do Bosque). • Formação Rio do Rasto Esta formação ocupa uma área de 4,608 km² e compreende os sedimentos permianos (250 a 285 Ma) essencialmente clásticos de cores variegadas. Ocorrem siltitos e arenitos finos esverdeados e arroxeados e, na porção superior, argilitos e siltitos vermelhos com intercalações lenticulares de arenitos finos. O termo Rio do Rasto é devido a White (1906) que usou para denominar a seqüência sedimentar que ocorre nas cabeceiras do rio homônimo ao longo da estrada Lauro Mülller-São Joaquim/SC. Capítulo 2 24 • Formação Sanga do Cabral / Formação Rosário do Sul Esta formação ocupa uma área de 13,612 km² e constitui-se principalmente de arenitos médios e finos e, subordinadamente, de arenitos muito finos e siltitos, grãos angulares e subarredondados, mal selecionados, de idade triássica (215 a 250 Ma). As cores dos sedimentos são avermelhadas, comparecendo também tons rosados e amarelados e, mais raramente, cinza esverdeados. Na porção superior ocorrem sedimentos essencialmente pelíticos de cores vermelhas. b) Depósitos Cenozóicos Compreendem os depósitos gravitacionais de encostas (aluviões e coluviões) de idade Tércio-quaternária e os depósitos quaternários da planície costeira. Distribuem-se em faixas marginais ao longo do rio Gravataí e arroios Sapucaia, Brigadeiro e Passinhos. • Depósitos gravitacionais de encostas (aluviões e coluviões) Estes depósitos, com uma área de 5.764 km², constituem-se de leques aluviais alimentados principalmente pelo Escudo Pré Cambriano. Desenvolveram morfologia de cunha de clásticos que se espessam no interior da Bacia de Pelotas. Englobam um conjunto de fácies sedimentares resultante de processos de transporte associado aos ambientes de encosta de terras altas. As flutuações entre climas áridos e úmidos no Tércio Superior e Quaternário tiveram grande influência no desenvolvimento deste sistema deposicional. Compreendem conglomerados, diamictitos, arenitos conglomeráticos, arenitos e lamitos de cores avermelhadas, maciços ou com estruturas acanaladas. • Depósitos quaternários Estes depósitos ocupam uma área de 20,436 km² e constitue um sistema de laguna- barreira desenvolvido ao longo da margem interna da Bacia de Pelotas em 4 ciclos sucessivos de transgressão e regressão marinha. Não estão individualizados no Mapa Geológico 1:50.000 do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006). São depósitos relacionados a distintos ambientes de deposição como os de planícies lagunares, barreiras marinhas, depósitos paludais incluindo turfas e depósitos eólicos de margem lagunar. Ocorrem em altitudes comumente muito baixas, o que lhe conferem um relevo plano a muito suavemente ondulado (Figura 2.2). Figura 2.2. Área de incidência de Depósitos Quaternários (junto ao dique do rio Gravataí). GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 25 c) Problemas Para a identificação dos problemas ambientais da geologia, foram considerados os dados e informações fornecidos pela SMMA, a avaliação do técnico da SMMA, as demandas da comunidade, extraídas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006), e visita realizada à área para reconhecimento geral. São os seguintes: • poluição do subsolo - Disposição inadequada de resíduos sólidos, saneamento básico deficiente e despejo de efluentes industriais sem tratamento prévio. • movimentos de massa - Corte de vegetação em margens de cursos d’água, cortes de terrenos inadequados, fiscalização deficiente; 2.1.2. Prognóstico Como não existem programas ou projetos na área da geologia em andamento ou a executar, conforme informação prestada pelo Município, o prognóstico é de que os problemas ambientais identificados irão persistir. 2.2. GEOMORFOLOGIA 2.2.1. Diagnóstico O conhecimento da geomorfologia proporciona um suporte qualitativo ao planejamento territorial, voltado principalmente para o estudo do modelado e sua evolução. Sua importância está na interação entre o equilíbrio dinâmico existente entre os diversos componentes de um ambiente como a ação climática, o modelado com grau de declividade, as formas de relevo, as litologias, a rede de drenagem com sua densidade, os solos, a vegetação e a ação do homem. Por isso, é um instrumento fundamental no processo de tomada de decisão no planejamento ambiental. Para caracterizar a geomorfologia regional, considerou-se a área da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Conforme o Levantamento de Recursos Naturais da Folha Porto Alegre Folhas SH.21/22 e SI.22, elaborado pelo Projeto RADAMBRASIL (IBGE, 1986), o relevo da RMPA é caracterizado por três grandes domínios morfoestruturais: Depósitos Sedimentares; Bacias e Coberturas Sedimentares; Embasamento em Estilos Complexos. a) Domínio Depósitos Sedimentares Corresponde a Região Geomorfológica Planície Costeira Interna. Esta é caracterizada por diversos tipos de modelados de acumulação associados principalmente a ambientes fluvial e lagunar. Distribui-se amplamente na porção leste, oeste e sul da RMPA, com maior representatividade nos Municípios de Viamão e Eldorado do Sul. Capítulo 2 26 b) Domínio Bacias e Coberturas Sedimentares Corresponde às unidades geomorfológicas Serra Geral, Patamares da Serra Geral e Depressão do Rio Jacuí. Este domínio distribui-se na porção norte nos Municípios de Estância Velha, Ivoti, Dois Irmãos e Nova Hartz. As unidades geomorfológicas Serra Geral e Patamares da Serra Geral ocorrem de forma associada compondo a borda do relevo do Planalto das Araucárias. A dissecação diferencial com controle estrutural comandado pela tectônica desenvolveu profundo entalhamento fluvial expondo rochas vulcânicas e sedimentares da Bacia do Paraná. A unidade Depressão do Rio Jacuí caracteriza-se por modelados de dissecação homogênea com relevo sem grandes variações altimétricas com predomínio de coxilhas. c) Domínio Embasamento em Estilos Complexos Corresponde a Região Planalto Sul-Riograndense, com ocorrência de granitóides e gnaisses. O relevo é intensamente dissecado, configurando colinas, interflúvios geralmente tabulares e encostas íngremes. Ocorrem em duas grandes áreas distribuídas na porção centro- sul e sudoeste da RMPA, atingindo amplamente os Municípios de Porto Alegre, Viamão, Eldorado do Sul e Triunfo. A geomorfologia local de Cachoeirinha apresenta dois destes domínios geomorfológicos: Depósitos Sedimentares e Bacias e Coberturas Sedimentares. Eles podem ser individualizados por fatores geológicos (material rochoso e sua organização) e elementos geomorfogenéticos diferenciados (processos de erosão e sedimentação que atuaram sobre material rochoso) (Quadro 2.2). Quadro 2.2. Divisão geomorfológica do Município de Cachoeirinha. Domínio Região Unidade Formas de relevo Planície e Terraços Lagunares Relevo plano de acumulação Depósitos Sedimentares Planície Costeira Interna Planície Lagunar Áreas planas e baixas Bacias e Coberturas Sedimentares Depressão Central Gaúcha Depressão rio Jacuí Superfície aplainada, coxilhas, ruptura de declive A Carta 2 - Hipsometria, na escala 1:20.000, encartada no volume 4, oferece uma clara visão da predominância das formas de relevo plano ocorrentes no Município (Figura 2.3). Granitóides de Porto Alegre Depósitos Sedimentares Bacia e Coberturas Sedimentares Figura 2.3. Domínios geomorfológicos em Cachoeirinha - Loteamento Jardim do Bosque. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 27 a) Domínio Depósitos Sedimentares Compõe-se de sedimentosquaternários de origem continental e marinha como depósitos aluvionares, material detrítico-coluvial e depósitos eólicos sub-atuais. Encontram-se planícies e terraços marinhos e lagunares junto de áreas planas resultantes da convergência de leques coluviais e depósitos de enxurradas. Caracteriza-se por uma região plana, homogênea e sem dissecação. Compreende a Região Geomorfológica Planície Costeira Interna, que se subdivide em Unidade Planície e Terraços Lagunares e Unidade Planície Lagunar. • Unidade Geomorfológica Planícies e Terraços Lagunares Está relacionada a sistemas deposicionais que se desenvolveram na Planície Costeira: Sistema Lagunar e Sistema de Leques Aluviais. Estes sistemas originaram-se em relevos de acumulação flúvio-lacustres apresentando diferentes formas: leitos de canais de arroios anastomosados, terraços lagunares e banhados. De extensão territorial representativa em Cachoeirinha, ocorre como faixas marginais ao logo do rio Gravataí (Figura 2.4), arroio Brigadeiro e arroio Passinhos. Corresponde a áreas planas sem dissecação onde as formas de relevo são do tipo acumulação com altitude de até 5m, como a planície inundável ao longo do rio Gravataí que apresenta alto risco de enchentes de longa duração. Características como escoamento freático e superficial difusos, presença de solos hidromórficos, baixas declividades (0 a 1%), nível freático pouco profundo ou aflorante tornam estas áreas inadequadas à ocupação urbana. Os movimentos de massa estão relacionados aos desbarrancamentos das margens de canais fluviais, além de transporte superficial de sedimentos em porções instáveis. Figura 2.4. Unidade Geomorfológica Planície e Terraços Lagunares. Local: IRGA. • Unidade Geomorfológica Planície Lagunar Constitui-se de sedimentos areno-síltico-argilosos de origem flúvio-lagunar. Caracteriza- se por áreas planas, sem dissecação sujeitas a inundações sazonais e de baixa duração. Distribui-se na porção norte do Município, como faixa marginal ao longo do arroio Sapucaia. Capítulo 2 28 b) Domínio Bacia e Coberturas Sedimentares O Domínio Bacia e Coberturas Sedimentares envolve rochas da Bacia do Paraná das áreas de sedimentação paleozóica e mesozóica. Nas rochas sedimentares, os processos erosivos geraram depressões nas quais se encontram amplas formas alongadas, conhecidas regionalmente como coxilhas, ao lado de superfícies planas, rampeadas, configurando relevo planar. O Domínio Bacias e Coberturas Sedimentares envolve rochas da Bacia do Paraná, tanto nas fases de sedimentação paleozóica e mesozóica, quanto da fase vulcânica juro-cretácia, esta última não incidente em Cachoeirinha. Nas rochas sedimentares os processos erosivos geraram depressões, nas quais se encontram amplas formas alongadas, conhecidas como coxilhas, ao lado de superfícies planas, rampeadas, configurando relevo planar. Compreende a Região Geomorfológica Depressão Central Gaúcha subdividida em Unidade Depressão do Rio Jacuí. A Unidade Depressão do Rio Jacuí é a forma de relevo dominante no território municipal. Caracteriza-se por relevo suavemente ondulado com altitudes que variam de 15 a 55 metros. Sua formação associa-se a processos de dissecação homogênea e deposição flúvio- alúvio-lacustre. Dominam as formas alongadas de topo convexo, denominadas coxilhas. c) Problemas Para a identificação dos problemas ambientais da geomorfologia, foram consideradas as informações fornecidas pela SMMA, a avaliação individual do técnico da SMMA, as demandas da comunidade, extraídas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006), e visita realizada à área para reconhecimento geral. São os seguintes: • Erosão Fluvial - Supressão da mata ciliar, ocupação urbana em planície de inundação, alteração do regime hídrico; • Assoreamento - Supressão da mata ciliar, ocupação urbana em planície de inundação, alteração do regime hídrico; • Movimentos de Massa - Taludes inadequados, eliminação da cobertura vegetal, fiscalização deficiente. 2.2.2. Prognóstico Como não se tem informação sobre a existência de programas ou projetos na área da geomorfologia, conforme informação prestada pela administração municipal, o prognóstico é de que os problemas ambientais identificados irão persistir. 2.3. PALEONTOLOGIA O diagnóstico do potencial fossilífero existente no Município de Cachoeirinha, a seguir apresentado, está baseado em dados da literatura, não tendo sido realizadas visitas locais. Foram consultados estudos técnicos e científicos realizados na área e publicados na forma de relatórios e artigos científicos, bem como a Carta 1 - Geologia, apresentada no volume 4. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 29 A maior parte do Município encontra-se situada sobre depósitos Quaternários e aluvionares, que apresentam um menor potencial fossilífero. Entre as formações geológicas mapeadas no Município, quatro são predominantemente aflorantes: depósitos sedimentares do Quaternário, Formação Sanga do Cabral ou Rosário do Sul, Formação Rio do Rasto e depósitos aluvionares. As duas formações, Rio do Rasto e Sanga do Cabral, que afloram no Município são reconhecidamente altamente fossilíferas, representando depósitos permianos (250 m.a.) e triássicos (230 m.a.) respectivamente, em vários pontos do estado. Registros de fósseis de animais e vegetais reportados para estas formações são abundantes principalmente na depressão central, atestando a natureza fossilífera destas unidades (Lavina, 1984; Barberena & Dias, 1998; Malabarba et al., 2003; Dias & Schultz, 3002; Dias-da-Silva et al, 2005). Apesar deste potencial, até o momento inexistem registros de fósseis para o Município. A inexistência desses registros pode ser devido à pouca prospecção paleontológica na área. É provável que futuras prospecções possam vir a revelar afloramentos fossilíferos em Cachoeirinha. Capítulo 3 3. RECURSOS HÍDRICOS RECURSOS HÍDRICOS O conhecimento dos mananciais hídricos superficiais e subterrâneos do Município é fundamental para o planejamento de ações de proteção, preservação e de uso racional da água. Estes recursos de água destinam-se ao consumo humano, à manutenção da vegetação e da fauna, ao uso industrial e agrícola, para a descarga de esgotos urbanos e industriais e outros usos econômicos. Os dados apresentados foram obtidos junto a METROPLAN, FEPAM, CORSAN, sites da SEMA e FEPAM, Secretaria Municipal do Planejamento de Cachoeirinha, visitas realizadas ao Município e com base na bibliografia (vide referências bibliográficas). 3.1. DIAGNÓSTICO 3.1.1. Legislação e Sistema Estadual de Recursos Hídricos A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), estabelece, no capítulo III, art. 26, que “...as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma de lei, às decorrentes de obras da União...” estão incluídos entre os bens dos estados federados. Esta institui no art. 21, inciso XIX, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A Lei Federal nº 9.433 / 1997 (Lei das Águas) institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH). Esta lei estabelece os Planos de Recursos Hídricos como instrumentos de planejamento, devendo ser elaborados em nível Nacional, Estadual e das Bacias Hidrográficas. A Agência Nacional de Água (ANA), responsável pela implementação da PNRH, tem sua criação estabelecida pela Lei Federal n.º 9.984 / 2000. A Lei Estadual n.º 10.330 / 1994 estabelece o Sistema Estadual de Proteção Ambiental - SISEPRA, visando à elaboração, implementação e ao controle da política ambiental do Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, o SISEPRA é compostopelo Fundo Estadual do Meio Ambiente - FEMA, e pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA (SEMA, 2006). O FEMA destina-se à captação de recursos (Federais, Estaduais, Municipais e outras fontes) para a proteção a proteção e a conservação do meio ambiente. O CONSEMA é o órgão superior do Sistema Estadual de Proteção Ambiental, o qual tem caráter deliberativo e normativo, e é responsável pela aprovação e acompanhamento da implementação da Política Estadual do Meio Ambiente. Seus membros são representantes da sociedade civil, governo, organizações não-governamentais, federação de trabalhadores, do setor produtivo e universidades, A interação entre os componentes do SISEPRA e o do Sistema Estadual de Recursos Hídricos ocorre visando à coordenação integrada de programas, projetos e planos (SEMA, 2006). A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul de 1989, art. 171, capítulo II, institui “o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, integrado ao Sistema Nacional de Gerenciamento desses recursos (SNGRH), adotando as bacias hidrográficas como as unidades básicas de planejamento e gestão, observados os aspectos de uso e ocupação do solo”. Regulamentando Capítulo 3 32 este artigo da constituição estadual, a Lei Estadual 10.350 / 1994 (Lei Gaúcha das Águas), instituiu o Sistema Estadual dos Recursos Hídricos. Esta lei, além de dispor sobre as atribuições dos diferentes órgãos que compõem o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, estabelece os instrumentos de planejamento e gerenciamento que devem ser utilizados na gestão desses recursos. Os instrumentos de planejamento são os seguintes (Gutiérrez, 2001): • Plano Estadual de Recursos Hídricos, elaborado pelo Departamento de Recursos Hídricos e aprovado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (ambos vinculados à Secretaria Estadual de Meio Ambiente); • Planos de Bacia Hidrográfica, elaborados pelas Agências de região hidrográfica e aprovados pelos respectivos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica. Destaca-se que o Plano Estadual de Recursos Hídricos encontra-se em elaboração, devendo estar concluído até o final de 2007. (SEMA, 2007). Os instrumentos de gerenciamento previstos na Lei Estadual 10.350 / 1994 são os seguintes: • Outorga de direito do uso da água (regulamentado pelo Decreto Estadual 37.033 / 1996), emitida pelo Departamento de Recursos Hídricos ou pela FEPAM. ; • Cobrança pelo uso da água. Os usos da água que podem ser objetos de cobrança são os seguintes: disponível no ambiente (água bruta); serviços de captação, regularização, transporte, tratamento e distribuição de água ou serviços de abastecimento (já cobrados pelas companhias de saneamento); serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação final de esgotos ou serviço de esgotamento sanitário (já cobrados); e como receptor de resíduos. A aprovação dos valores a serem cobrados pelos usos da água é uma das atribuições dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (art. 19 da Lei 10.350 / 1994). Outros dois instrumentos utilizados como ferramentas da política de recursos hídricos, apesar de não serem citados explicitamente na Lei 10.350 / 1994 para este fim, são: • Enquadramento das águas em classes de uso, conforme a Resolução CONAMA n.º 357 / 2005, considerado instrumento de planejamento do meio ambiente. • Licenciamento ambiental concedido pelo órgão ambiental do Estado, considerado instrumento de gestão. O Sistema Estadual de Recursos Hídricos (SERH) caracteriza-se por um modelo de gestão descentralizado quanto às decisões e pela ampla participação da sociedade organizada em Comitês de Bacias Hidrográficas. Desta forma, há possibilidade de uma participação efetiva da sociedade, apesar do Estado ter o domínio sobre as águas territoriais, superficiais e subterrâneas. Para a implementação da Política de Recursos Hídricos, um dos principais objetivos do SERH, dividiu-se o estado em três regiões hidrográficas (do Guaíba, do Uruguai e das Bacias Litorâneas), os quais compreendem as bacias hidrográficas (SEMA, 2006). Conforme a divisão hidrográfica vigente, o Rio Grande do Sul é integrado por 25 bacias hidrográficas, sendo que 22 são de rios de domínio estadual (excetuando-se as bacias hidrográficas do Quarai, Negro e Mampituba). Nestas 22 bacias hidrográficas, encontram-se instituídos 20 Comitês, entre os quais está o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, que pertencem à região hidrográfica do Guaíba (SEMA, 2007). Os órgãos que constituem o Sistema Estadual de Recursos Hídricos são o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (CRH-RS), o Departamento de Recursos Hídricos (DRH), os Comitês de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas (CGBH), as Agências de Regiões Hidrográficas (ARH) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM). Dentre estes órgãos as Agências de Região Hidrográficas constituem a RECURSOS HÍDRICOS 33 única parte integrante do SERH que ainda não foi instituída. Atualmente, através de convênio do DRH e UNESCO, estão sendo desenvolvidos estudos com o objetivo de definir o melhor perfil institucional para as Agências de Região Hidrográfica, bem como as suas personalidades jurídicas (SEMA, 2007). Apesar de o SERH vir suprindo a inexistência das Agências de Região Hidrográficas por meio da contratação de serviços e estudos com terceiros, destaca-se que estas exercem papel fundamental quanto à implementação da cobrança pelo uso da água (essencial à materialização dos Planos de Bacia Hidrográfica), quanto ao fornecimento de subsídios para os Comitês de Gerenciamento de Bacia, e por fim quanto à subsistência operacional do Sistema Estadual de Recursos Hídricos (SEMA, 2007). Os Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas representam a instância básica de participação da sociedade no SERH, tratando-se de colegiados instituídos pelo Governo do Estado. A proporção de representatividade em cada comitê é de 40 % para os representantes dos usuários da água, 40 % aos representantes da população e 20 % aos representantes de órgão públicos da administração direta estadual e federal (SEMA, 2006). O Comitê Sinos de Preservação, Gerenciamento e Pesquisa da Bacia dos Sinos foi o primeiro a ser criado no Brasil, em 1988. Apresenta uma composição muito abrangente que envolve todos os setores significativos da bacia. Neste período verificou se que o efetivo gerenciamento dos recursos hídricos está fora do alcance legal, entretanto as Secretarias Estaduais desenvolvem várias ações. Para a sub-bacia do arroio Sapucaia, foi criado o Fórum do Arroio Sapucaia, coordenado pela METROPLAN, cujos debates estão no momento relacionados à continuação da RS 10 até a Lomba Grande, como uma das alternativas da BR 116. O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí foi criado mediante o Decreto Estadual nº 33.125 / 1989. A composição deste comitê e sua integração ao SERH são determinadas pelo Decreto Estadual 39.640 / 1999, sendo que o regime interno foi aprovado pela Resolução CRH 001/00 (Gutiérrez, 2001). As principais funções dos comitês de bacia são as de encaminhar ao DRH as propostas locais para o Plano Estadual de Recursos Hídricos, conhecer e manifestar-se sobre o Plano Estadual de Recursos Hídricos, aprovar o Plano da respectiva Bacia Hidrográfica, apreciar o relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos, propor o enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica, aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água, realizar o rateio dos custos de obras de interesse de uso comum, aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos e compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, diminuindo, em primeira instância, os eventuais conflitos (SEMA, 2007). A Lei nº 11.362 / 1999 introduziu modificações na estrutura organizacional do Estado,
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