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Volume 2

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APRESENTAÇÃO 
 
 
Este volume do Plano Ambiental está dividido em três partes, onde são 
apresentados diagnósticos e prognósticos do Ambiente Natural, do Ambiente Construído e 
das Atividades Sócio-econômicas em Cachoeirinha. Trata-se de uma exposição detalhada de 
dados e informações, ilustrados por tabelas, gráficos, figuras, fotografias e mapas sobre treze 
temas imprescindíveis ao processo de planejamento ambiental. 
 
Os diagnósticos consistem na identificação, caracterização e mapeamento de todos 
os ecossistemas naturais, antrópicos e das principais atividades responsáveis pelas alterações 
ambientais. Os principais problemas ambientais e as respectivas atividades causadoras foram 
identificados e caracterizados para cada fator do ambiente natural e construído. Alguns 
prognósticos foram estabelecidos com base em dados estatísticos e previsões oficiais 
insuficientes. 
 
Todas estas informações foram reunidas e analisadas pela equipe de planejamento, 
junto com o acervo de dados do Volume 1, visando à identificação dos problemas ambientais 
existentes e à proposição das ações apresentadas no Volume 3. 
 
 
 
Engº Mario Buede Teixeira 
Coordenador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
EQUIPE EXECUTORA 
 
 
Coordenação - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira 
 
 
Legislação ambiental - Advogado Me. Orci Paulino Bretanha Teixeira 
 
Administração ambiental - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira 
 
Saúde pública - Drª. Lúcia Beatriz Lopes Ferreira Mardini 
 
Abastecimento de água e esgotamento sanitário - Engº Dr. Fábio Moreira da Silva 
 
Educação ambiental - Bióloga Esp. Kenya Ribeiro de Souza 
 
Demandas da comunidade - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia 
 
Qualidade do ar e emissões atmosféricas - Químico Dr. Marçal José Rodrigues Pires 
 Acadêmica Heldiane Souza dos Santos 
 
Geologia, geomorfologia e mineração - Geóloga Fabiana Silveira de Farias 
 
Paleontologia - Bióloga Esp. Patrícia Alano Perez 
 
Recursos hídricos e clima - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia 
 
Solos, agropecuária e silvicultura - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira 
 
Vegetação - Bióloga Esp. Gilda Goulart 
 
Fauna - Biólogo Esp. Cristiano Minuzzo Marin 
 
Arqueologia - Arqueóloga Drª. Gislene Monticelli 
 
Patrimônio histórico e cultural - Historiador Esp. Júnior Marques Domiks 
 
Uso atual da terra - Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia 
 
Assentamentos habitacionais irregulares - Arquiteta Me. Maria Celina Santos de Oliveira 
 
Resíduos sólidos - Engº Esp. Adriano Locatelli da Rosa 
 
Efluentes líquidos - Engº Dr. Fábio Moreira da Silva 
 
Zoneamento - Engº Agrônomo Dr. Mario Buede Teixeira 
 Geógrafa Me. Irani Schönhofen Garcia 
 
Cartografia - Geógrafo Dr. Régis Alexandre Lahm 
 Geógrafo Me. Donarte dos Santos Júnior 
 
Impressão de cartas - Publicitário Me. Lucas Sgorla de Almeida 
 
 
 3 
 
SUMÁRIO 
 
PARTE 1 – AMBIENTE NATURAL........................................................................................................... 5 
 
1. QUALIDADE DO AR E CLIMA.............................................................................................................. 7 
1.1. QUALIDADE DO AR ...................................................................................................................... 7 
1.1.1. Diagnóstico............................................................................................................................................. 7 
1.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 12 
1.2. CLIMA........................................................................................................................................... 13 
1.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 13 
 
2. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA. .................................................................. 21 
2.1. GEOLOGIA................................................................................................................................... 21 
2.1.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 21 
2.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 25 
2.2. GEOMORFOLOGIA ..................................................................................................................... 25 
2.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 25 
2.2.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 28 
2.3. PALEONTOLOGIA ....................................................................................................................... 28 
 
3. RECURSOS HÍDRICOS...................................................................................................................... 31 
3.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 31 
3.1.1. Legislação e Sistema Estadual de Recursos Hídricos.......................................................................... 31 
3.1.2. Recursos hídricos superficiais .............................................................................................................. 33 
3.1.3. Recursos hídricos subterrâneos ........................................................................................................... 43 
3.1.4. Problemas ............................................................................................................................................ 44 
3.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 45 
 
4. SOLOS ................................................................................................................................................ 47 
4.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 47 
4.1.1. Capacidade de uso agrícola do solo..................................................................................................... 47 
4.1.2. Problemas ............................................................................................................................................ 48 
 
5. VEGETAÇÃO ...................................................................................................................................... 49 
5.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 49 
5.1.1. Aspectos legais e administrativos......................................................................................................... 49 
5.1.2. Formações vegetais ............................................................................................................................. 50 
5.1.3. Vegetação urbana ................................................................................................................................ 54 
5.1.4. Problemas ............................................................................................................................................ 57 
5.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 58 
 
6. FAUNA ................................................................................................................................................59 
6.1. FAUNA NATIVA ........................................................................................................................... 59 
6.1.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 59 
6.1.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 68 
6.2. FAUNA EXÓTICA......................................................................................................................... 69 
6.2.1. Diagnóstico........................................................................................................................................... 69 
6.2.2. Prognóstico........................................................................................................................................... 70 
 
PARTE 2 – AMBIENTE CONSTRUÍDO .................................................................................................. 71 
 
7. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO....................................................................................................... 73 
7.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 73 
7.1.1. Conservação e pesquisas sobre patrimônio arqueológico ................................................................... 73 
7.1.2. Problemas atuais .................................................................................................................................. 76 
7.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 77 
 
8. PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL ......................................................................................... 79 
8.1. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 80 
8.1.1. História do Município ............................................................................................................................ 80 
8.1.2. Bens imóveis declarados como de interesse Histórico e Cultural para o Município ............................. 84 
8.1.3. Outros bens imóveis de interesse Histórico Cultural ............................................................................ 85 
8.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 86 
 4 
 
PARTE 3 – ATIVIDADES SÓCIO-ECONÔMICAS................................................................................. 89 
 
9. USO ATUAL DA TERRA..................................................................................................................... 91 
9.1. DIAGNÓSTICO............................................................................................................................. 91 
9.1.1. Problemas .............................................................................................................................................94 
9.2. PROGNÓSTICO........................................................................................................................... 94 
 
10. ASSENTAMENTOS HABITACIONAIS IRREGULARES.................................................................. 95 
10.1. DIAGNÓSTICO........................................................................................................................... 96 
10.1.1. Assentamentos irregulares..................................................................................................................96 
10.1.2. Programas e projetos para assentamentos irregulares.......................................................................98 
10.1.3. Problemas ambientais nos assentamentos irregulares.......................................................................99 
10.2. PROGNÓSTICO......................................................................................................................... 99 
 
11. AGROPECUÁRIA E SILVICULTURA............................................................................................. 101 
11.1. DIAGNÓSTICO......................................................................................................................... 101 
11.2. PROGNÓSTICO....................................................................................................................... 102 
 
12. MINERAÇÃO................................................................................................................................... 103 
12.1. DIAGNÓSTICO......................................................................................................................... 103 
12.2. PROGNÓSTICO....................................................................................................................... 104 
 
13. INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS DE SAÚDE...................................................................... 105 
13.1. RESÍDUOS SÓLIDOS.............................................................................................................. 105 
13.1.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................106 
13.1.2. Prognóstico .......................................................................................................................................109 
13.2. EFLUENTES LÍQUIDOS .......................................................................................................... 111 
13.2.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................111 
13.2.2. Prognóstico .......................................................................................................................................122 
13.3. EMISSÕES ATMOSFÉRICAS ................................................................................................. 123 
13.3.1. Diagnóstico .......................................................................................................................................123 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 133 
 
 
 
 
 
Parte 1 
 
AMBIENTE NATURAL 
 
PARTE 1 – AMBIENTE NATURAL 
 
 
 
Capítulo 1 – QUALIDADE DO AR E CLIMA 
Capítulo 2 – GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA 
Capítulo 3 – RECURSOS HÍDRICOS 
Capítulo 4 – SOLOS 
Capítulo 5 – VEGETAÇÃO 
Capítulo 6 – FAUNA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
1. QUALIDADE DO AR E CLIMA 
QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 
 
 A atmosfera é o primeiro fator do ambiente físico a ser analisado e o seu conhecimento 
é fundamental para a saúde humana e para o estudo dos ecossistemas naturais, especialmente 
relativos à vegetação e à fauna. Este capítulo trata da qualidade do ar e das condições 
climáticas ocorrentes no Município de Cachoeirinha. 
 
 
 
1.1. QUALIDADE DO AR 
 
O diagnóstico e o prognóstico da qualidade do ar no Município, a seguir apresentados, 
visam contribuir para a identificação de problemas atuais e futuros e para a proposição de 
programas e projetos que minimizem os impactos negativos ocorrentes. 
 
Nesse sentido, foram utilizados dados secundários obtidos junto a diversos órgãos 
estaduais e federais (FEPAM, Metroplan, Ministérios dos Transportes, IBGE, entre outros). 
Também foi feita uma visita técnica ao Município visando identificar fontes potenciais e coletar 
dados sobre a poluição do ar. 
 
No relatório do IBGE (2005) sobre o perfil ambiental dos Municípios brasileiros, os 
gestores municipaisde Cachoeirinha consideraram (em 2002) que havia problemas 
relacionados à poluição do ar. Segundo essa percepção, as fontes dessa poluição estavam 
associadas às atividades industriais e aos veículos automotores. Entretanto, na época ainda 
não havia fiscalização referente ao combate da poluição de veículos automotores nem um 
programa de monitoramento da qualidade do ar. Os dados ora apresentados corroboram com a 
visão dos gestores municipais, indicando que os impactos relacionados à poluição do ar devem 
ser melhor avaliados no Município. 
 
 
 
1.1.1. Diagnóstico 
 
A qualidade do ar é determinada pela quantidade de poluentes lançados à atmosfera 
bem como pela dinâmica de circulação atmosférica. As condições climáticas, meteorológicas, 
geográficas e topográficas vão determinar essa dinâmica e, consequentemente, o grau de 
poluição do ar. Nas cidades, essa dinâmica, que comanda a dispersão dos poluentes lançados 
ao ar, é modificada em função das edificações que podem gerar cânions urbanos que dificultam 
a circulação e ilhas de calor nas áreas mais urbanizadas. 
 
Segundo a ABNT, a Poluição do Ar é a alteração da composição ou das propriedades do 
ar por toda e qualquer forma de matéria e/ou energia, estranha ou não à sua composição 
normal que possa ou venha a causar: danos à saúde, fauna, flora e materiais ou prejuízos à 
segurança, ao uso e gozo da propriedade, à economia e ao bem estar da comunidade. 
 
Os poluentes atmosféricos podem apresentar efeitos local/regional e/ou global. Os 
principais poluentes com efeitos local/regional são: monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos 
(HC), compostos orgânicos voláteis (COV), óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio 
(NOx), material particulado (MP), oxidantes fotoquímicos (p.ex.: ozônio - O3). Cabe destacar 
também, em função de sua toxicidade, benzeno, formaldeído, 1-3 butadieno, mercúrio, chumbo 
etc. 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 8 
 
O Efeito Global da poluição atmosférica é devido aos poluentes de longa permanência 
na atmosfera (dezenas a centenas de anos) que têm efeito também no clima do planeta. 
Principais poluentes que intensificam o Efeito Estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), 
óxido nitroso (N2O), compostos clorofluorcarbono (CFCs) e principais responsáveis pelo buraco 
de ozônio: CFCs. 
 
 
a) Aspectos Legais 
 
O Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA instituiu, através da Resolução 
CONAMA nº 005/89, o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR. Trata-
se de um dos instrumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem estar 
das populações e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o desenvolvimento 
econômico e social do país de forma ambientalmente segura. Estabelece que as áreas, em todo 
o território nacional, devem ser enquadradas em três classes de usos pretendidos, visando à 
implementação de uma política de não deterioração significativa da qualidade do ar. 
 
A Resolução CONAMA 003/90, em seu artigo 2º, fixa valores para padrões de qualidade 
do ar (Tabela 1.1), definidos em primários e secundários: 
 
• Padrões Primários de Qualidade do ar são as concentrações de poluentes que, 
ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população; 
• Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes abaixo 
das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim 
como o mínimo dano à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. 
 
 
Tabela 1.1. Padrões nacionais de qualidade do ar externo (Resolução CONAMA 003/90). 
 
Padrões Primários Padrões Secundários 
Poluente 
Tempo 
amostragem (µg m-3) (ppm) (µg m-3) (ppm) 
Método de medição 
Partículas 
totais em 
suspensão 
PTS 
 
24 h a 
Anual b 
240 
80 
 
150 
60 
 
Amostrador de 
grande volume 
Fumaça 
24 h a 
Anual b 
150 
60 
 
100 
40 
 Refletância 
Partículas 
inaláveis 
PM10 
24 h a 
Anual b 
150 
50 
 
150 
50 
 
Separação 
Inercial/Filtração 
Dióxido de 
enxofre 
SO2 
24 h a 
Anual c 
365 
80 
0,14 
0,03 
100 
40 
0,04 
0,015 
Pararosanilina 
Dióxido de 
nitrogênio 
NO2 
1 h a 
Anual c 
320 
100 
0,25 
0,05 
190 
100 
0,15 
0,05 
Quimiluminescência 
em fase gasosa 
Monóxido de 
carbono 
CO 
1 h a 
8 h a 
40.000 
10.000 
35 
9 
40.000 
10.000 
35 
9 
Infravermelho não 
dispersivo 
Oxidantes 
fotoquímicos 
O3 1 h a 160 0,08 160 0,08 Quimiluminescência 
a - não deve ser excedido mais que uma vez ao ano; b - média geométrica anual; 
c - média aritmética anual 
 
 
O Código Estadual de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (Lei nº 11.520), 
em atendimento à Resolução CONAMA nº 005/89, estabelece as seguintes classes de uso: 
 
• Área Classe I: são assim classificadas todas as áreas de preservação, lazer e turismo, 
tais como Unidades de Conservação, estâncias hidrominerais e hidrotermais - nacionais, 
estaduais e municipais - onde deverá ser mantida a qualidade do ar em nível o mais 
próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica; 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 9 
• Área Classe II: são assim classificadas todas as áreas não classificadas como I ou III; 
 
• Área Classe III: são assim classificadas todas as áreas que abrigam Distritos Industriais 
criados por legislação própria. 
 
Em função deste conjunto de legislações, conclui-se que os Padrões de Qualidade do Ar 
aplicáveis ao Município de Cachoeirinha, exceto ao distrito industrial, são os Padrões 
Secundários (Tabela 1.1). Além da Lei Orgânica de 03/04/90, o Município possui as seguintes 
leis referentes à qualidade do ar e poluição atmosférica: nº 859/8, nº 1172/91, nº 1408/94, nº 
1218/92, nº 1339/92, nº 1408/94 e nº 1508/95. 
 
 
 
b) Efeitos na saúde e no ambiente 
 
 Os danos ou efeitos deletérios da poluição do ar podem ser verificados na saúde da 
população, na fauna e na vegetação, nos recursos hídricos, e nos materiais. Os efeitos da 
poluição atmosférica na saúde podem provocar doenças agudas e/ou crônicas, encurtando a 
vida, causando dano ao crescimento e em casos extremos, levar até a morte. Doenças 
respiratórias e cardiovasculares são as mais associadas à deterioração da qualidade do ar, 
principalmente nos indivíduos mais suscetíveis, crianças e idosos. 
 
 Estudos feitos em São Paulo mostraram que nos dias mais poluídos, o número de 
crianças atendidas em prontos-socorros cresce cerca de 30% e a mortalidade, principalmente 
de idosos, é 15% maior e verifica-se também aumento de 10% no registro de internações por 
problemas cardiovasculares. Os custos associados a esses problemas de saúde poderiam ser 
reduzidos pela metade se os índices da poluição em São Paulo retornassem aos valores 
determinados pelos padrões de qualidade do ar. 
 
Sintomas adversos, tais como irritação sensorial e desconforto, prejuízo da visibilidade 
ou outros efeitos da poluição do ar são suficientes para levar ocasionar a troca de local de 
residência ou de emprego. 
 
 Os materiais podem sofrem também danos através de processos de abrasão, 
deposição, ataque químico e corrosão eletroquímica. A vegetação é também afetada pelos 
poluentes atmosféricos através da: a) redução da fotossíntese por sedimentação de partículas 
nas folhas; b) deposição de poluentes no solo e assimilação pelas raízes. 
 
 A quantificação dos impactos econômicos da poluição do ar é complexa. Entretanto, um 
estudo preliminar do Banco Mundial indica alguns valores que podem ser tomados como base 
no que concerne às externalidades negativas associadas às emissões veiculares. Através dos 
dados da Tabela 1.2 observa-se que o poluente de maior custo social é o material particulado 
com 30.050 US$/t. Essa indicação, apesar das limitações inerentes a qualquer estimativa desse 
gênero, deve ser levada em conta nas estratégias de minimização dos impactos que possam 
apresentar o maior ganho para a população. 
 
Tabela 1.2. Externalidades negativas da poluição veicular. 
 
Emissão de poluenteCusto social estimado ( US$/t ) 
CO2 20¹ 
CO 1.000² 
NOx 2,500¹ 
SOx 800¹ 
HC 2,200² 
MP 30,050¹ 
 
1) Valores estimados pelo Banco Mundial em US$ de 1993. 
2) Valores estimados pelo Center for Renewable Energy and Sustainable Development - US$ de 1989. 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 10 
 
c) Monitoramento do Ar 
 
A FEPAM é o órgão responsável pelo monitoramento da qualidade do ar no Estado do 
Rio Grande do Sul. Desde 1980, realiza o monitoramento da qualidade do ar de alguns 
poluentes através de estações semi-automáticas, que realizam amostragem e análise de 
Partículas Totais em Suspensão (PTS) e Dióxido de Enxofre (SO2) (Tabela 1.1). Atualmente 
existem sete estações automáticas fixas e uma móvel, garantindo uma gama maior de 
parâmetros analisados; como partículas inaláveis (PM10), monóxido de carbono, ozônio, óxidos 
de nitrogênio, H2S, etc.. A localização e os parâmetros medidos em cada uma dessas estações 
estão indicados na Tabela 1.3. 
 
 
Tabela 1.3. Estações de monitoramento da qualidade do ar no RS e parâmetros monitorados. 
 
Nº Município Estação Parâmetros de Monitoramento 
Rede Automática 
1 Porto Alegre Centro/Rodoviária PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 
2 Porto Alegre Santa Cecília/Silva PI10, SO2, CO, NOx, O3 
3 Porto Alegre Jardim Botânico/ESEF PI10, SO2, CO, NOx, O3 
4 Canoas Canoas/V Comar PI10, SO2, O3 
5 Sapucaia do Sul Sapucaia do Sul/SESI PI10, SO2, CO, NOx, O3 
6 Triunfo Montenegro/Polo Petroquímico PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 
7 Caxias do Sul Caxias do Sul/São José PI10, SO2 
- Móvel PI10, SO2, H2S, CO, NOx, O3 
Rede Manual 
1 Porto Alegre 8º DISME PI10, PTS, SO2 
2 Porto Alegre Benjamin Constant (desativada) PTS, SO2 
3 Porto Alegre CEASA PI10, PTS, SO2 
4 Charqueadas CORSAN PI10, PTS, SO2 
5 Estância Velha Hospital Getúlio Vargas PTS, SO2 
6 Montenegro Parque Centenário PTS, SO2 
7 Triunfo Pólo Petroquímico PTS, SO2 
8 Caxias do Sul Centro Adm. Municipal PTS, SO2 
9 Rio Grande CORSAN PTS, SO2 
10 Rio Grande Praça Montevidéu PTS, SO2 
11 Rio Grande CEEE PTS, SO2 
12 Rio Grande Rádio Cassino PTS, SO2 
 
 
Em função da complexidade das informações técnicas e da necessidade de uma 
comunicação mais rápida e efetiva com a população, a FEPAM adotou o uso de Índices de 
Qualidade do Ar (IQAr), utilizado pela maioria das agências e órgãos ambientais (EPA, Cetesb, 
etc.). Segundo a FEPAM (2003), o IQAr, tem como objetivo principal proporcionar à população 
o entendimento sobre a qualidade do ar local, em relação a diversos poluentes atmosféricos 
amostrados nas estações de monitoramento. O índice é calculado utilizando ferramenta 
matemática, que transforma as concentrações medidas dos diversos poluentes em um único 
valor adimensional possibilitando a comparação com os limites legais de concentração para os 
diversos poluentes (Quadro 1.1). 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 11 
 
Na ultrapassagem dos Padrões Primários de Qualidade do Ar para mais de um poluente, 
na mesma estação, todos serão divulgados, identificados pela qualidade Inadequada (IQAr 
maior que 100). A qualidade Má (IQAr maior que 200) indica a ultrapassagem do Nível de 
Atenção, a qualidade Péssima indica a ultrapassagem do Nível de Alerta e a qualidade Crítica, 
a ultrapassagem do Nível de Emergência. Ressaltamos que os índices até a classificação 
Regular, atendem os Padrões Primários de Qualidade do Ar (Quadro 1.2). 
 
Infelizmente nenhuma dessas estações de monitoramento está instalada no Município 
de Cachoeirinha. Também não foram encontrados registros de monitoramento da qualidade do 
ar no Município, nem por outros órgãos ambientais (IBAMA, Sec. Meio Ambiente) nem por 
indústrias em funcionamento ou no momento da concessão da licença ambiental (EIA/RIMA). 
 
Por outro lado, a partir dos dados de monitoramento das estações automáticas na região 
(em Sapucaia do Sul/SESI, com seis poluentes analisados, e em Canoas/v Comar, com três 
poluentes analisados), pode-se inferir que a qualidade do ar deve apresentar algum grau de 
comprometimento. 
 
 
Quadro 1.1. Padrões e classificação da qualidade do ar adotados pela FEPAM. 
 
Qualidade Índice Níveis de Cautela PTS PI10 SO2 NO2 CO O3
sobre a Saúde (µg/m
3) (µg/m3) (µg/m3) (µg/m3) (ppm) (µg/m
3)
Boa 0-50 0-80 0-50 0-80 0-100 0-4,5 0-80
Regular 51-100 81-240 51-150 81-365 101-320 4,5-9,0 81-160
Inadequada 101-200 Grupos Sensíveis 241-375 151-250 366-576 321-1130 9,1-12,4 161-322
*Insalubre 316-375 * 577-800 * 12,5-15,0 * 323-400
Má 201 - 300 Muito Insalubre 376-625 251-350 801-1600 1131-2260 15-30 401-800
351-420 *
Péssima 301 - 400 Perigoso 626-875 421-500 1601-21002261-3000 31-40 801-1000
Crítica Acima de 400 Muito Perigoso > 875 > 500 > 2100 > 3000 > 40 >1000
 
Fonte: www.fepam.rs.gov.br 
 
 
 
Quadro 1.2. Níveis de qualidade do ar adotados pela FEPAM e relação com os padrões 
CONAMA. 
 
Qualidade Índice Padrões de Qualidade do Ar * - CONAMA
Boa 0-50 Abaixo da metade dos Padrão de Qualidade *
Regular 51-100 Abaixo da metade dos Padrões de Qualidade **
Inadequada 101-199 Acima dos Padrões de Qualidade
Má 201 - 299 Acima do Nível de Atenção
Péssima 301 - 399 Acima do Nível de Emergência
Crítica Acima de 400 Acima do Nível de Alerta
Resolução CONAMA nº 03 de 28/06/1990.
* Atende ao padrão primário anual, ou 50% do padrões primário de curto
período** Atende ao padrões primários
 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 12 
 
d) Problemas atuais 
 
Levando em conta as tendências observadas nos últimos anos em regiões monitoradas, 
os poluentes com maior impacto na qualidade do ar no Município devem ser os oxidantes 
fotoquímicos e seus precursores (NOx e VOCs), bem como o material particulado, em especial 
as partículas inaláveis (PI10). 
 
Com base no monitoramento da FEPAM, o percentual relativo de cada poluente nos 
episódios de qualidade do ar Regular para o período de 2002 no RS, indica o ozônio como 
responsável por 40% dos episódios, seguido pelas Partículas Inaláveis, com 31%, NO2 22%, 
CO com 6% e SO2, somente com 1%. Verifica-se que, para as estações de monitoramento 
mais próximas à Cachoeirinha, o ozônio teve uma contribuição ainda mais importante (63% dos 
episódios em Canoas/V COMAR e 55% na estação Sapucaia/SESI). Em Sapucaia há influência 
de fontes industriais, como por exemplo, indústrias siderúrgica, têxtil e petroquímica, localizadas 
próximas à estação de monitoramento, já em Canoas a influência de veículos automotores bem 
como do transporte de emissões de áreas próximas, poderiam explicar esse fenômeno. 
 
Os oxidantes fotoquímicos, em especial o ozônio, são denominados poluentes 
secundários, devido não serem emitidos diretamente por nenhuma fonte, mas sim produzidos 
na atmosfera através de reações envolvendo outros poluentes e a radiação solar. As 
concentrações desses compostos têm aumentando significativamente nos últimos anos, 
principalmente na periferia das grandes cidades, face ao aumento da emissão de seus 
precursores (NOx e HC), mormente oriundos de fontes móveis, e às dificuldades de controle. 
 
No âmbito da administração municipal, a SMMA possui um setor de fiscalização que 
atua através de blitz e atendimento a denúncias da população. Em 2006, a Secretaria atendeu a 
93 casos de queima de lixo, que representam 7,5 % do total de ocorrências, colocando este 
problema de poluição do ar em 5º lugar no Município. O sistema de classificação do órgão 
ambiental não é muito claro e outras denúncias relacionadas à poluição atmosférica podem 
estar sendo cadastradas em outros itens. 
 
A SMMA indica como principais problemas relacionados à poluição atmosférica no 
Município as áreas do Distrito Industrial, a Estação de Tratamento de Esgotos da Corsan e a 
Av. Flores da Cunha, principal via de circulação de Cachoeirinha. Estas áreas foram indicadas 
como impactadas por “poluição aérea” no Plano Diretor Participativo(PREFEITURA 
MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006). Como não há registros de fiscalizações da SMMA ou 
denúncias da população em relação a essas áreas específicas, acredita-se que essa 
hierarquização é feita bem mais sobre base do senso comum do que de dados objetivos. 
 
 
 
 
1.1.2. Prognóstico 
 
 
Não há previsões disponíveis de órgãos competentes sobre a qualidade do ar em 
Cachoeirinha para os próximos anos, face à inexistência de inventários quantitativos recentes 
de emissões atmosféricas, conforme se pode constatar no diagnóstico apresentado no capítulo 
13 (vide página 123, Emissões atmosféricas). Existem, também, incertezas sobre a instalação 
de novos empreendimentos potencialmente poluidores no Município, em curto prazo. 
 
Há possibilidade de instalação futura de duas usinas termelétricas na região, sendo uma 
a gás natural e outra a carvão. Dentro desse contexto cabe citar um estudo sobre o impacto das 
emissões de NOx pela instalação de uma Termelétrica a Gás Natural (Ecoplan, 2001) em 
Gravataí. Os autores do estudo modelizaram as concentrações superficiais de NOx esperadas 
por essa nova usina levando em consideração as outras centrais térmicas já instaladas ou 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 13 
projetadas na região (REFAP, Termosul, Jacuí I, Usina Térmica Gaúcha). O estudo indicou que 
a instalação da usina não alteraria o cenário padrão (outras quatro usinas em operação) e que a 
mesma iria determinar concentrações máximas de NOx de 18-22 g/m3, nos cenários 
considerados. Finalmente, os autores indicam que os máximos horários de concentração de 
NO2 devem ser 91% inferiores ao padrão secundário de qualidade do ar (CONAMA, 1990), para 
cenários realistas. 
 
É muito provável, no entanto, um cenário futuro, de curto prazo, em que os problemas 
atuais, detectados no diagnóstico, continuem a existir, caso os projetos específicos para 
monitoramento, fiscalização e proteção da qualidade do ar, previstos pelo governo municipal, 
não sejam colocados em prática, conforme informações da SMMA. Isto significa que a 
qualidade do ar poderá piorar. 
 
 
 
 
 
1.2. CLIMA 
 
 
O conhecimento do clima é fundamental para o estudo dos ecossistemas naturais e 
antrópicos. As condições climáticas somadas aos dados hidrológicos auxiliam na previsão de 
enchentes, na agricultura, na qualidade de vida das pessoas e no comportamento da qualidade 
do ar. Neste ano, em especial, a proliferação dos mosquitos em toda a região metropolitana é 
atribuída ao clima chuvoso e altas temperaturas, condições ideais para o seu desenvolvimento, 
inclusive do mosquito da dengue. 
 
O Meteorologista-Chefe da Metsul Meteorologia, Eugenio Hackbart, também biólogo, 
ressalta que as condições atmosféricas quentes e úmidas favorecem a proliferação de insetos. 
Decorrente da atuação do episodio do El Nino, com volumes excessivos de chuva, o Mato 
Grosso do Sul, Argentina e Paraguai estão com uma epidemia de dengue. No Rio Grande do 
Sul já há registros no norte do Estado e não esta associada à espécie que esta atacando o vale 
dos Sinos. 
 
Hoje, as questões climáticas estão na pauta dos estudos de instituições internacionais e 
veiculadas diariamente pelos meios de comunicação. A poluição, o desmatamento da mata 
ciliar e das áreas de preservação somada a paisagem construída tem afetado o micro clima. Os 
reflexos já podem ser sentidos pelas ilhas de calor, pela falta de chuvas ou ocorrência de 
fenômenos, como tornados, ciclones e trombas d’água. 
 
 
 
1.2.1. Diagnóstico 
 
 
a) Conceitos climáticos 
 
O clima é a natureza atmosférica composta por fenômenos meteorológicos que atuam 
em determinada área geográfica, que se repete nas diferentes estações do ano, cada vez mais 
influenciadas pela ação do homem. A seguir são apresentados alguns conceitos climáticos de 
importância para o diagnóstico 
 
� Radiação 
Os raios solares incidem de forma desigual na terra, determinando diferentes temperaturas. O 
calor que aquece a terra provém da radiação que é absorvida pela superfície terrestre e 
irradiada para a camada da atmosfera em forma de radiação infravermelha, o calor. A radiação, 
além de determinar a temperatura do ar, determina também a pressão atmosférica. 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 14 
 
� Pressão atmosférica 
 
É definida como a força que o ar exerce sobre a superfície terrestre. O ar quente, que é leve 
exerce menor pressão do que o ar frio que é pesado. Assim temos zona de baixa e alta pressão 
atmosférica conhecidos como ciclones e anticiclones. 
 
� Ciclones e Anticiclone 
 
 Quando a pressão atmosférica decresce para o centro em regiões de ar quente, em forma de 
espiral, temos um ciclone que concentra o ar e promove a chuva. 
Quando a pressão atmosférica cresce para o centro tem-se um anticiclone. Estando o centro de 
alta pressão relacionado às regiões de ar frio, temos um anticiclone que dispersa o ar e não 
promove a formação de chuvas. 
São três os centros de ação que se registram no Rio Grande do Sul, dois centros de alta 
pressão, o anticiclone Polar e o anticiclone do Atlântico e um centro de baixa pressão, o ciclone 
do Chaco, Os centros de alta e baixa pressão atuam em conjunto com as massas de ar e 
determinam o clima de uma região. 
 
� Massas de ar 
 
As massas de ar avançam e recuam sobre uma região trazendo características próprias de 
umidade e temperatura e determinando as condições do tempo. 
 
� El Niño e la Niña 
 
O fenômeno El Niño ocorre quando há um aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial e la 
Niña quando há resfriamento. A La Nina tem como principal impacto um período de menos 
chuva sobre o Sul do Brasil, enquanto não influencia diretamente no regime de chuvas do verão 
em outras regiões. O último episódio de La Niña ocorreu entre o segundo semestre de 1998, 
todo ano de 1999 e no primeiro semestre de 2000. Na América do Sul a região mais suscetível 
aos efeitos da La Niña é a região do Pampa, que inclui o sul do Rio Grande do Sul, Uruguai e 
Argentina. 
 
 
 
b) Estações Meteorológicas 
 
O conhecimento do clima regional e micro climas dependem dos registros das Estações 
Climatológicas e Meteorológicas localizadas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Não há 
Serviço Municipal de Meteorologia, mas podem ser obtidos dados das seguintes instituições: 
 
• Estação Experimental do Instituto Riograndense do Arroz. Possui Estação Meteorológica 
Automática localizada no Município, com as seguintes coordenadas geográficas: 
29°55’30”Lat. S e 50°58’21” Long. W e altitude de 7 metros de altitude. Os dados são 
atualizados a cada 30 minutos (horário de Brasília) e enviados para o Setor de 
Agrometeorologia da FEPAGRO. Foram utilizados neste diagnóstico. 
 
• Instituto Nacional de Meteorologia – 8° Distrito de Meteorologia. Possui Estação localizada 
em Porto Alegre, onde são registrados e disponibilizados dados referentes a temperatura, 
precipitação, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, evaporação, insolação e ventos. 
 
• Somar Meteorologia - Apresenta o cenário climático da Região Sul e divulga diariamente 
dados climáticos e meteorológicos, tendo como fontes o CPTEC/INPE, NCPE/NOAA, 
IRVOGP E ECMWE. 
 
• Rede de Estações Meteorológicas de Climatologia Urbana do Rio Grande do Sul, sob 
responsabilidade do prof. Eugenio Jaekel Hackbart. 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 15 
 
c) Fatores Estáticos e Dinâmicos 
 
� Localização geográfica e condições físicas 
 
O Município está localizado, na sua maior extensão, na Bacia do Rio Gravataí e abrange 
uma pequena área da Bacia do Rio dos Sinos. Com um relevo suavemente ondulado a cidade 
se desenvolveu ao longo dos divisores de água e na planície do rio Gravataí. 
O clima do Município caracteriza-se pela presença de chuvas, sem a existência de um 
período seco ao longo de um ano normal. Em 07/07/07, o Site da Defesa Civil registrou a 
ocorrência de estiagem. 
 
� Classificação climática 
 
Devido à adoçãode diversos sistemas de classificação climática, existem diferentes 
denominações para caracterizar o clima do Rio Grande do Sul. Segundo o sistema de Koeppen, 
o Rio Grande do Sul se enquadra na zona fundamental temperada úmida ou Cf. Este tipo de 
divide em duas variedades específicas, a Cfa e a Cfb. 
 
Em Cachoeirinha predomina a Cfa que se caracteriza por apresentar chuvas durante 
todos os meses do ano e possuir a temperatura do mês mais quente superior a 22 ºC, e a do 
mês mais frio superior a 3 ºC. 
 
A regionalização climática com base em parâmetros hídricos identifica para a Depressão 
Central, região geográfica onde se localiza o território municipal, os climas úmido e subúmido. 
 
� Sistemas de circulação atmosférica 
 
 Segundo Monteiro (1968), as principais massas de ar e correntes perturbadoras que 
afetam o clima do Rio Grande do Sul são: 
• Massa Tropical Atlântica (Ta) com atividade o ano inteiro, com emissões do quadrante norte 
formado pelo Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul. Com origem oceânica esta massa é 
quente e úmida. 
• Massa Polar Atlântica (Pa) atua durante o ano todo, mas é mais intensa no inverno. 
Constituiu-se numa massa de ar fria, vinda da Patagônia, pode receber reforço do ar frio da 
vertente oeste dos Antes, influência do El Nino. Sua direção é norte–sul, mas pode também 
se deslocar no sentido SO-NE. Sempre provoca queda de temperatura. 
• Massa tropical Continental (Tc), Esta massa ocorre com freqüência no verão. Seu avanço 
provoca temperaturas elevadas com ocorrência de trovoadas e fortes aguaceiros. 
 
As massas de ar produzem correntes perturbadoras, provocando tempo instável e fortes 
aguaceiros. Em Cachoeirinha atravessam as correntes de leste /nordeste e correntes do sul 
 
 
 
d) Elementos climáticos 
 
Os dados mensais dos elementos climáticos apresentados a seguir, foram fornecidos 
pelo Setor de Agrometeorologia da FEPAGRO e se referem a quatro anos (2003, 2004, 2005 e 
2006). Não há dados de outubro e dezembro de 2005 e novembro e dezembro de 2006. 
 
 
• Temperatura 
 
Cachoeirinha está entre os Municípios com temperatura média anual mais elevada, junto 
com Gravataí e São Leopoldo. A temperatura máxima absoluta ocorrida foi de 39,8 ºC, em 
janeiro de 2005 e de 2006, enquanto que a mínima absoluta foi de -0,2 ºC, em julho de 2004. 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 16 
As temperaturas médias mensais, mínimas absolutas, mínimas mensais, máximas 
mensais e máximas absolutas estão na Tabela 1.4, Tabela 1.5, Tabela 1.6, Tabela 1.7. e 
Tabela 1.8. 
 
 
Tabela 1.4. Temperatura média mensal. 
 
Mês 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 27,1 27,6 26,7 26,7 
Fevereiro 28,0 26,3 25,9 25,8 
Março 26,4 25,1 25,3 25,3 
Abril 21,2 24,7 20,9 20,9 
Maio 19,0 17,2 19,0 19,0 
Junho 18,3 16,8 18,1 18,1 
Julho 16,0 14,3 15,5 15,5 
Agosto 16,1 16,1 17,5 17,5 
Setembro 18,0 19,6 16,5 16,5 
Outubro 21,9 20,3 26,8 
Novembro 23,8 22,1 23,7 
Dezembro 24,8 24,6 
 
 
 
Tabela 1.5. Temperatura mínima absoluta. 
 
Mês 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 14,7 9,8 9,8 9,8 
Fevereiro 12,7 14,0 14,1 14,6 
Março 13,4 10,5 12,8 12,8 
Abril 9,8 8,0 1,9 1,9 
Maio 3,8 3,0 4,0 4,0 
Junho 4,0 0,2 4,0 4,0 
Julho 2,5 -0,2 0,1 0,1 
Agosto 3,0 2,8 5,0 5,0 
Setembro 3,8 5,0 4,6 4,6 
Outubro 6,8 6,0 13,8 
Novembro 8,0 8,4 7,3 
Dezembro 8,9 12,0 
 
Menor temperatura ocorrida no mês. 
 
 
Tabela 1.6. Temperatura mínima mensal. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 18,9 18,3 17,9 17,9 
Fevereiro 20,1 17,2 18,5 18,8 
Março 18,8 16,1 17,2 17,2 
Abril 14,5 16,2 13,8 13,8 
Maio 10,8 10,4 11,8 11,8 
Junho 11,7 9,6 12,2 12,2 
Julho 9,2 7,3 8,4 8,4 
Agosto 7,8 7,9 11,7 11,7 
Setembro 9,4 11,9 10,7 10,7 
Outubro 13,3 11,5 20,1 
Novembro 14,8 14,7 15,2 
Dezembro 16,4 16,1 
 
Temperatura média das mínimas no mês. 
 
 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 17 
Tabela 1.7. Temperatura máxima mensal. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 33,5 33,8 32,4 32,4 
Fevereiro 35,2 33,1 31,0 30,2 
Março 32,0 32,8 30,3 30,3 
Abril 28,9 32,0 25,3 25,3 
Maio 26,2 21,7 24,1 24,1 
Junho 24,4 22,0 22,9 22,9 
Julho 22,4 19,2 21,0 21,0 
Agosto 22,4 21,3 22,7 22,7 
Setembro 25,0 24,6 20,4 20,4 
Outubro 28,3 25,3 32,3 
Novembro 30,0 27,1 28,8 
Dezembro 31,5 29,6 
 
Temperatura média das máximas no mês. 
 
 
Tabela 1.8. Temperatura máxima absoluta. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 36,8 36,8 39,8 39,8 
Fevereiro 39,6 36,6 34,9 35,8 
Março 38,7 36,6 38,0 38,0 
Abril 33,0 36,4 36,2 36,2 
Maio 31,8 30,9 31,3 31,3 
Junho 29,2 30,0 30,6 30,6 
Julho 31,0 30,2 32,0 32,0 
Agosto 33,4 31,5 31,8 31,8 
Setembro 35,4 36,9 29,8 29,8 
Outubro 35,8 32,1 39,8 
Novembro 36,4 34,4 37,8 
Dezembro 35,8 36,0 
 
Maior temperatura ocorrida no mês. 
 
 
• Umidade relativa do ar 
 
A umidade relativa do ar média anual está em torno de 76% e a extrema absoluta, neste 
período, foi de 27.3% em março de 2003. A umidade relativa do ar média mensal e a mínima 
absoluta mensal estão apresentadas na Tabela 1.9 e na Tabela 1.10. 
 
 
Tabela 1.9. Umidade relativa média mensal. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 77,0 74,1 75,5 75,5 
Fevereiro 76,5 79,5 78,7 80,3 
Março 76,2 75,5 78,8 78,8 
Abril 79,1 74,3 86,6 86,6 
Maio 76,9 84,6 83,2 83,2 
Junho 83,3 84,2 87,5 87,5 
Julho 81,3 82,8 82,1 82,1 
Agosto 75,3 81,8 84,6 84,6 
Setembro 75,5 83,2 84,5 84,5 
Outubro 76,2 76,5 80,8 
Novembro 75,1 76,6 76,2 
Dezembro 74,0 75,2 
 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 18 
Tabela 1.10. Umidade relativa mínima absoluta mensal (%) 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 52,8 53,5 62,5 62,5 
Fevereiro 59,3 47,8 60,3 68,0 
Março 27,3 60,0 58,5 58,5 
Abril 54,8 56,8 72,5 72,5 
Maio 58,8 56,5 72,3 72,3 
Junho 65,0 63,3 28,0 28,0 
Julho 48,3 70,8 76,5 76,5 
Agosto 54,5 60,8 67,5 67,5 
Setembro 63,5 58,0 69,0 69,0 
Outubro 63,8 70,3 68,8 
Novembro 39,3 72,0 61,0 
Dezembro 54,3 63,0 
 
 
 
• Precipitação pluviométrica 
 
As médias anuais foram de 150,3 mm (em 2003) e de 101,0 mm (em 2004). O maior 
índice mensal foi de 319,5 mm (fev.2003) e o menor índice mensal foi de 32,6 mm (mar.2004). 
 
Tabela 1.11. Precipitação 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 145,8 33,0 32,8 32,8 
Fevereiro 319,5 67,7 61,5 58,7 
Março 66,6 32,6 217,0 217,0 
Abril 138,7 98,3 55,8 55,8 
Maio 114,2 161,4 175,4 175,4 
Junho 171,8 76,1 35,3 35,3 
Julho 177,0 199,3 65,4 65,4 
Agosto 71,2 67,8 180,5 180,5 
Setembro 89,7 219,9 144,1 144,1 
Outubro 197,4 97,1 310,1 187,6 
Novembro 106,8 114,5 83,7 
Dezembro 205,9 44,7 
 
 
• Evaporação 
 
As médias mensais de evaporação apresentam maiores valores no período de outubro a 
janeiro e as menores nos meses de junho e julho, conforme apresentadas na Tabela 1.12. 
 
Tabela 1.12. Evaporação 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 126,9 127,9 190,7 190,7 
Fevereiro 97,9 118,1 147,7 114,7 
Março 95,1 123,4 150,0 150,0 
Abril 79,4 111,1 78,8 78,8 
Maio 73,5 70,7 77,8 77,8 
Junho 61,8 66,7 51,9 51,9 
Julho 55,2 72,6 82,5 82,5 
Agosto 83,0 82,3 97,1 97,1 
Setembro 76,9 105,9 95,5 95,5 
Outubro 106,6 135,2 118,6 124,3 
Novembro 110,6 146,7 155,9 
Dezembro 131,4 176,5 
 QUALIDADE DO AR E CLIMA 
 
 19 
e) Fenômenos atmosféricos 
 
• Insolação (Brilho solar) 
 
As médias mensais estão na Tabela 1.13. A media anual varia em torno de 2.369 h. 
 
Tabela 1.13. Insolação. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 289,8 271,9 301,0 301,0 
Fevereiro 203,8 280,5 227,4 217,8 
Março 223,8 263,5 227,3 227,3 
Abril 187,3 226,5 142,7 142,7 
Maio 180,4 152,5 156,2 156,2 
Junho 100,5 147,1 131,7 131,7 
Julho 147,5 189,4 196,0 196,0 
Agosto 196,6 178,3 141,6 141,6 
Setembro 162,8 146,5 150,1 150,1 
Outubro 227,0 284,7 237,7 
Novembro 226,1 213,0 267,4 
Dezembro 223,5 274,7 
 
 
• Ventos 
 
Quanto à velocidade, maior intensidade se concentra em dezembro e a calmaria em 
junho (Tabela 1.14). No tocante à direção, os ventos predominantes são de leste/sudeste, com 
ocorrênciaem todas as estações, e ventos de noroeste, no verão e no inverno (Tabela 1.15). 
 
 
Tabela 1.14. Velocidade dos ventos. 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro 3,6 3,7 3,2 3,2 
Fevereiro 3,1 2,6 2,8 2,5 
Março 3,2 3,2 2,1 2,1 
Abril 3,2 2,6 1,3 1,3 
Maio 3,3 2,6 1,6 1,6 
Junho 2,8 2,2 1,2 1,2 
Julho 2,7 2,1 1,8 1,8 
Agosto 3,5 2,1 2,3 2,3 
Setembro 3,8 2,9 3,4 3,4 
Outubro 4,0 2,9 2,4 
Novembro 3,8 3,0 2,7 
Dezembro 4,4 4,0 
 
 
Tabela 1.15. Direção dos ventos 
 
Ano 2003 2004 2005 2006 
Janeiro SE SE SE SE 
Fevereiro NW SE SE SE 
Março SE SE SE SE 
Abril SE SE C C 
Maio SE SE SE SE 
Junho SE SE C C 
Julho SE SE NW NW 
Agosto SE SE SE SE 
Setembro SE SE SE SE 
Outubro SE SE SE 
Novembro SE SE SE 
Dezembro SE SE 
Capítulo 1 ___________________________________________________________________ 
 
 20 
A título de exemplo, a seguir são apresentadas as formas de apresentação dos dados 
meteorológicos coletados pela Estação Meteorológica Automática da Estação Experimental do 
Instituto Riograndense do Arroz – IRGA, atualizados a cada 30 minutos. Os dados se referem 
ao dia 02.03.2007 e foram obtidos às 17h 29 min. 
 
 
Temperatura do ar Umidade relativa do ar Densidade do Ar 
Temperatura do Solo 
(profundidade 5,00 cm) 
 
 
 
Chuva Diária Chuva do Mês Chuva do Ano 
 
 
 
Direção do Vento Velocidade do Vento 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
 
2. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PALEONTOLOGIA. 
GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA 
E PALEONTOLOGIA 
 
 
 
Este capítulo objetiva a apresentação da situação atual e de curto prazo da geologia, da 
geomorfologia e da paleontologia no Município de Cachoeirinha. Para a elaboração do 
diagnóstico e prognóstico desses importantes temas, foram buscados dados e informações 
secundárias em diversas fontes. Os elementos coletados foram analisados e discutidos de 
forma interdisciplinar com a equipe de elaboração do Plano Ambiental. 
 
Primeiramente, foi efetivada uma revisão bibliográfica dirigida e visitas às seguintes 
instituições: Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional - METROPLAN, 
Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais - CPRM, Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul - UFRGS, Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM. Também foram 
pesquisados dados e informações no site da Fundação Estadual de Proteção Ambiental - 
Fepam. Todas as fotografias são de maio de 2007. 
 
Foi dirigido um pedido de dados e informações sobre geologia e geomorfologia à SMMA, 
que foi atendido por técnico do órgão. Este mesmo técnico realizou avaliação pessoal sobre a 
situação atual e futura dos referidos temas, a pedido da equipe de planejamento. As respostas 
foram analisadas, estruturadas em um modelo multicritério, discutidas com o avaliador e 
integradas a este Plano. Para completar o conhecimento da situação atual e estabelecer um 
prognóstico de curto prazo, foi realizada uma visita expedita ao território municipal, 
especialmente focada na identificação e caracterização de problemas. 
 
 
 
2.1. GEOLOGIA 
 
 
2.1.1. Diagnóstico 
 
Para caracterizar a geologia regional, considerou-se a área da Região Metropolitana de 
Porto Alegre - RMPA, onde existem quatro domínios tectono-estruturais, compartimentados a 
partir de suas características quanto à origem, ambiente deposicional, características lito-
estruturais e idade (CPRM, 1998), apresentados a seguir. 
 
 
• Dorsal de Canguçu 
 
É representado, na RMPA, pelo Complexo Gnáissico Arroio dos Ratos e compreende 
ortognaisses tonalíticos a granodioríticos localizados na porção sudoeste. 
 
 
• Cinturão Dom Feliciano 
 
É representado pela suíte homônima, constituindo-se por rochas graníticas não 
deformadas associadas a vulcânicas ácidas como dacitos, riolitos e riodacitos. Distribui-se na 
porção sudoeste e mais amplamente na porção centro-sul, sendo que nos Municípios de Porto 
Alegre e Viamão ocorrem associados metagranitos monzograníticos pertencentes ao Complexo 
Granito-Gnáissico Pinheiro Machado. 
Capítulo 2 
 22 
 
• Bacia do Paraná; 
É representada por rochas de idade permiana e triássica que ocorrem na porção norte 
da RMPA. A seqüência gonduânica é representada na região pelas seguintes unidades 
estratigráficas: 
 
• Grupo Guatá. Formação Rio Bonito. Compreende siltitos cinza e folhelhos carbonosos, com 
leitos e camadas de carvão e arenitos cinza-esbranquiçados, finos a grosseiros, com 
estratificação cruzada paralela e acanalada; 
 
• Grupo Passa Dois. Formação Rio do Rasto. Composta por arenitos finos, siltitos e argilitos 
com laminações paralela, cruzada, acanalada, ondulação e estruturas internas tipo climbing, 
linsen e wavy; 
 
• Grupo Rosário do Sul. Formações Santa Maria e Sanga do Cabral. Caracteriza-se por uma 
seqüência indiferenciada de interdigitações de siltitos e argilitos vermelhos, maciços e 
arenitos médios a grosseiros; 
 
• Grupo São Bento. Formações Botucatu e Serra Geral. Ocorrem amplamente na RMPA e 
compõem uma sequência vulcano-sedimentar. A Formação Botucatu caracteriza-se por 
arenitos cor rosa-clara, finos a médios, com estratificação cruzada acanalada de grande 
porte. Já a Formação Serra Geral é composta por sucessivos derrames de composição 
básica a intermediária. 
 
 
• Planície Costeira e Aluviões. 
 
Este domínio distribui-se por toda a área da RMPA e associados a relevos acidentados, 
ocorrem depósitos gravitacionais de encosta (aluviões e coluviões) de idade tércio-quaternária, 
gradando para sistemas de leques aluviais e canais anastomosados, recobrindo rochas 
sedimentares da Bacia do Paraná e granitóides do embasamento cristalino. 
 
Os maciços do embasamento cristalino apresentam os contornos delineados pelos 
sedimentos cenozóicos da Planície Costeira do limite leste e Aluviões mais internamente. São 
depósitos-quaternários relacionados a distintos ambientes de deposição como os de planícies 
lagunares, barreiras marinhas, depósitos paludais incluindo turfas e depósitos eólicos de 
margem lagunar. Os depósitos aluvionares, principalmente distribuídos na frente do Delta do 
Jacuí são representados por corpos arenosos, de granulação fina a média, com porções 
subordinadas de silte e argilas nas extensas planícies aluviais, inclusive nos terrenos 
sedimentares da Bacia do Paraná. 
 
 
A geologia local do Município de Cachoeirinha é composta por rochas sedimentares da 
Bacia do Paraná e Depósitos Cenozóicos (Quadro 2.1), cuja distribuição espacial é 
apresentada na Carta 1 - Geologia, na escala 1:20.000, encartada no volume 4. 
 
 
a) Bacia do Paraná 
 
A Bacia do Paraná é uma extensa depressão deposicional localizada na porção centro-
leste do continente sul-americano, cobrindo cerca de 1.600.000 km², sendo que deste total 
1.000.000 km² estão inseridos em território brasileiro. Tem sido objeto de estudo por diversos 
pesquisadores e, desde os trabalhos de White (1908), inúmeras classificações para suas 
litologias foram propostas, muitas destas inadequadas. 
Na porção norte e centro-leste do Município, ocorrem a Formação Rio do Rasto e a 
Formação Sanga do Cabral/Formação Rosário do Sul, com extensão territorial representativa 
(Figura 2.1). 
 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 
 
 23 
 
Quadro 2.1. Unidades Lito-estratigráficas 
 
C
E
N
O
Z
Ó
IC
O
M
E
S
O
Z
Ó
IC
O
P
A
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Q
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C
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R
IÁ
S
S
IC
O
P
E
R
M
IA
N
O
DEPÓSITOS CENOZÓICOS
BACIA DO PARANÁ
BACIA DO PARANÁ
Depósitos Quaternários. Não individualizados.
 Sistema Laguna Barreira desenvolvido ao longo
da margem interna da Bacia de Pelotas em quatro
ciclos de regressão e transgressão marinha
Formação Sanga do Cabral/Formação Rosário 
do Sul. Arenitos médios a finos e subordinadamente
arenitos muito finos e siltitos, grãos angulares
e subarredondados, mal selecionados.
Formação Rio do Rasto. Siltitos e arenitos finos
esverdeados e arroxeados e, na porção superior,
argilitos e siltitos vermelhos com intercalações
lenticulares de arenito fino.
Depósitos Gravitacionais de Encosta.Conglomerados
diamictitos, arenitos conglomeráticos, arenitos e 
lamitos de cores avermelhadas, maciços ou com
estruturas acanaladas.
 
 
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA (2006). 
 
 
 
 
 
Figura 2.1. Área de incidência de rochas da Bacia do Paraná (Jardim do Bosque). 
 
 
• Formação Rio do Rasto 
 
Esta formação ocupa uma área de 4,608 km² e compreende os sedimentos permianos 
(250 a 285 Ma) essencialmente clásticos de cores variegadas. Ocorrem siltitos e arenitos finos 
esverdeados e arroxeados e, na porção superior, argilitos e siltitos vermelhos com intercalações 
lenticulares de arenitos finos. 
O termo Rio do Rasto é devido a White (1906) que usou para denominar a seqüência 
sedimentar que ocorre nas cabeceiras do rio homônimo ao longo da estrada Lauro Mülller-São 
Joaquim/SC. 
Capítulo 2 
 24 
• Formação Sanga do Cabral / Formação Rosário do Sul 
 
Esta formação ocupa uma área de 13,612 km² e constitui-se principalmente de arenitos 
médios e finos e, subordinadamente, de arenitos muito finos e siltitos, grãos angulares e 
subarredondados, mal selecionados, de idade triássica (215 a 250 Ma). As cores dos 
sedimentos são avermelhadas, comparecendo também tons rosados e amarelados e, mais 
raramente, cinza esverdeados. Na porção superior ocorrem sedimentos essencialmente 
pelíticos de cores vermelhas. 
 
 
 
b) Depósitos Cenozóicos 
 
Compreendem os depósitos gravitacionais de encostas (aluviões e coluviões) de idade 
Tércio-quaternária e os depósitos quaternários da planície costeira. Distribuem-se em faixas 
marginais ao longo do rio Gravataí e arroios Sapucaia, Brigadeiro e Passinhos. 
 
• Depósitos gravitacionais de encostas (aluviões e coluviões) 
 
Estes depósitos, com uma área de 5.764 km², constituem-se de leques aluviais 
alimentados principalmente pelo Escudo Pré Cambriano. Desenvolveram morfologia de cunha 
de clásticos que se espessam no interior da Bacia de Pelotas. Englobam um conjunto de fácies 
sedimentares resultante de processos de transporte associado aos ambientes de encosta de 
terras altas. As flutuações entre climas áridos e úmidos no Tércio Superior e Quaternário 
tiveram grande influência no desenvolvimento deste sistema deposicional. 
Compreendem conglomerados, diamictitos, arenitos conglomeráticos, arenitos e lamitos 
de cores avermelhadas, maciços ou com estruturas acanaladas. 
 
 
• Depósitos quaternários 
 
Estes depósitos ocupam uma área de 20,436 km² e constitue um sistema de laguna-
barreira desenvolvido ao longo da margem interna da Bacia de Pelotas em 4 ciclos sucessivos 
de transgressão e regressão marinha. Não estão individualizados no Mapa Geológico 1:50.000 
do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRINHA, 2006). 
 
São depósitos relacionados a distintos ambientes de deposição como os de planícies 
lagunares, barreiras marinhas, depósitos paludais incluindo turfas e depósitos eólicos de 
margem lagunar. Ocorrem em altitudes comumente muito baixas, o que lhe conferem um relevo 
plano a muito suavemente ondulado (Figura 2.2). 
 
 
 
Figura 2.2. Área de incidência de Depósitos Quaternários (junto ao dique do rio Gravataí). 
 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 
 
 25 
 
 
 
c) Problemas 
 
Para a identificação dos problemas ambientais da geologia, foram considerados os 
dados e informações fornecidos pela SMMA, a avaliação do técnico da SMMA, as demandas da 
comunidade, extraídas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE 
CACHOEIRINHA, 2006), e visita realizada à área para reconhecimento geral. São os seguintes: 
 
• poluição do subsolo - Disposição inadequada de resíduos sólidos, saneamento básico 
deficiente e despejo de efluentes industriais sem tratamento prévio. 
 
• movimentos de massa - Corte de vegetação em margens de cursos d’água, cortes de 
terrenos inadequados, fiscalização deficiente; 
 
 
 
 
2.1.2. Prognóstico 
 
Como não existem programas ou projetos na área da geologia em andamento ou a 
executar, conforme informação prestada pelo Município, o prognóstico é de que os problemas 
ambientais identificados irão persistir. 
 
 
 
 
2.2. GEOMORFOLOGIA 
 
 
2.2.1. Diagnóstico 
 
O conhecimento da geomorfologia proporciona um suporte qualitativo ao planejamento 
territorial, voltado principalmente para o estudo do modelado e sua evolução. Sua importância 
está na interação entre o equilíbrio dinâmico existente entre os diversos componentes de um 
ambiente como a ação climática, o modelado com grau de declividade, as formas de relevo, as 
litologias, a rede de drenagem com sua densidade, os solos, a vegetação e a ação do homem. 
Por isso, é um instrumento fundamental no processo de tomada de decisão no planejamento 
ambiental. 
 
Para caracterizar a geomorfologia regional, considerou-se a área da Região 
Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Conforme o Levantamento de Recursos Naturais da 
Folha Porto Alegre Folhas SH.21/22 e SI.22, elaborado pelo Projeto RADAMBRASIL (IBGE, 
1986), o relevo da RMPA é caracterizado por três grandes domínios morfoestruturais: Depósitos 
Sedimentares; Bacias e Coberturas Sedimentares; Embasamento em Estilos Complexos. 
 
 
a) Domínio Depósitos Sedimentares 
 
Corresponde a Região Geomorfológica Planície Costeira Interna. Esta é caracterizada 
por diversos tipos de modelados de acumulação associados principalmente a ambientes fluvial 
e lagunar. Distribui-se amplamente na porção leste, oeste e sul da RMPA, com maior 
representatividade nos Municípios de Viamão e Eldorado do Sul. 
 
 
 
Capítulo 2 
 26 
 
b) Domínio Bacias e Coberturas Sedimentares 
 
Corresponde às unidades geomorfológicas Serra Geral, Patamares da Serra Geral e 
Depressão do Rio Jacuí. Este domínio distribui-se na porção norte nos Municípios de Estância 
Velha, Ivoti, Dois Irmãos e Nova Hartz. As unidades geomorfológicas Serra Geral e Patamares 
da Serra Geral ocorrem de forma associada compondo a borda do relevo do Planalto das 
Araucárias. A dissecação diferencial com controle estrutural comandado pela tectônica 
desenvolveu profundo entalhamento fluvial expondo rochas vulcânicas e sedimentares da Bacia 
do Paraná. A unidade Depressão do Rio Jacuí caracteriza-se por modelados de dissecação 
homogênea com relevo sem grandes variações altimétricas com predomínio de coxilhas. 
 
 
c) Domínio Embasamento em Estilos Complexos 
 
Corresponde a Região Planalto Sul-Riograndense, com ocorrência de granitóides e 
gnaisses. O relevo é intensamente dissecado, configurando colinas, interflúvios geralmente 
tabulares e encostas íngremes. Ocorrem em duas grandes áreas distribuídas na porção centro-
sul e sudoeste da RMPA, atingindo amplamente os Municípios de Porto Alegre, Viamão, 
Eldorado do Sul e Triunfo. 
 
 
A geomorfologia local de Cachoeirinha apresenta dois destes domínios 
geomorfológicos: Depósitos Sedimentares e Bacias e Coberturas Sedimentares. Eles podem 
ser individualizados por fatores geológicos (material rochoso e sua organização) e elementos 
geomorfogenéticos diferenciados (processos de erosão e sedimentação que atuaram sobre 
material rochoso) (Quadro 2.2). 
 
 
Quadro 2.2. Divisão geomorfológica do Município de Cachoeirinha. 
 
Domínio Região Unidade Formas de relevo 
Planície e Terraços Lagunares 
Relevo plano de 
acumulação 
Depósitos 
Sedimentares 
Planície Costeira Interna 
Planície Lagunar Áreas planas e baixas 
Bacias e 
Coberturas 
Sedimentares 
Depressão Central Gaúcha Depressão rio Jacuí 
Superfície aplainada, 
coxilhas, ruptura de declive 
 
 
A Carta 2 - Hipsometria, na escala 1:20.000, encartada no volume 4, oferece uma clara 
visão da predominância das formas de relevo plano ocorrentes no Município (Figura 2.3). 
 
Granitóides de
Porto Alegre
Depósitos 
Sedimentares
Bacia e Coberturas 
Sedimentares
 
 
Figura 2.3. Domínios geomorfológicos em Cachoeirinha - Loteamento Jardim do Bosque. 
 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 
 
 27 
 
a) Domínio Depósitos Sedimentares 
 
Compõe-se de sedimentosquaternários de origem continental e marinha como 
depósitos aluvionares, material detrítico-coluvial e depósitos eólicos sub-atuais. Encontram-se 
planícies e terraços marinhos e lagunares junto de áreas planas resultantes da convergência de 
leques coluviais e depósitos de enxurradas. 
 
Caracteriza-se por uma região plana, homogênea e sem dissecação. Compreende a 
Região Geomorfológica Planície Costeira Interna, que se subdivide em Unidade Planície e 
Terraços Lagunares e Unidade Planície Lagunar. 
 
 
• Unidade Geomorfológica Planícies e Terraços Lagunares 
 
Está relacionada a sistemas deposicionais que se desenvolveram na Planície Costeira: 
Sistema Lagunar e Sistema de Leques Aluviais. Estes sistemas originaram-se em relevos de 
acumulação flúvio-lacustres apresentando diferentes formas: leitos de canais de arroios 
anastomosados, terraços lagunares e banhados. 
 
De extensão territorial representativa em Cachoeirinha, ocorre como faixas marginais ao 
logo do rio Gravataí (Figura 2.4), arroio Brigadeiro e arroio Passinhos. Corresponde a áreas 
planas sem dissecação onde as formas de relevo são do tipo acumulação com altitude de até 
5m, como a planície inundável ao longo do rio Gravataí que apresenta alto risco de enchentes 
de longa duração. 
 
Características como escoamento freático e superficial difusos, presença de solos 
hidromórficos, baixas declividades (0 a 1%), nível freático pouco profundo ou aflorante tornam 
estas áreas inadequadas à ocupação urbana. Os movimentos de massa estão relacionados aos 
desbarrancamentos das margens de canais fluviais, além de transporte superficial de 
sedimentos em porções instáveis. 
 
 
 
 
Figura 2.4. Unidade Geomorfológica Planície e Terraços Lagunares. Local: IRGA. 
 
 
• Unidade Geomorfológica Planície Lagunar 
 
Constitui-se de sedimentos areno-síltico-argilosos de origem flúvio-lagunar. Caracteriza-
se por áreas planas, sem dissecação sujeitas a inundações sazonais e de baixa duração. 
Distribui-se na porção norte do Município, como faixa marginal ao longo do arroio Sapucaia. 
 
 
Capítulo 2 
 28 
 
b) Domínio Bacia e Coberturas Sedimentares 
 
O Domínio Bacia e Coberturas Sedimentares envolve rochas da Bacia do Paraná das 
áreas de sedimentação paleozóica e mesozóica. Nas rochas sedimentares, os processos 
erosivos geraram depressões nas quais se encontram amplas formas alongadas, conhecidas 
regionalmente como coxilhas, ao lado de superfícies planas, rampeadas, configurando relevo 
planar. 
 
O Domínio Bacias e Coberturas Sedimentares envolve rochas da Bacia do Paraná, tanto 
nas fases de sedimentação paleozóica e mesozóica, quanto da fase vulcânica juro-cretácia, 
esta última não incidente em Cachoeirinha. Nas rochas sedimentares os processos erosivos 
geraram depressões, nas quais se encontram amplas formas alongadas, conhecidas como 
coxilhas, ao lado de superfícies planas, rampeadas, configurando relevo planar. Compreende a 
Região Geomorfológica Depressão Central Gaúcha subdividida em Unidade Depressão do Rio 
Jacuí. 
A Unidade Depressão do Rio Jacuí é a forma de relevo dominante no território 
municipal. Caracteriza-se por relevo suavemente ondulado com altitudes que variam de 15 a 55 
metros. Sua formação associa-se a processos de dissecação homogênea e deposição flúvio-
alúvio-lacustre. Dominam as formas alongadas de topo convexo, denominadas coxilhas. 
 
 
 
c) Problemas 
 
Para a identificação dos problemas ambientais da geomorfologia, foram consideradas as 
informações fornecidas pela SMMA, a avaliação individual do técnico da SMMA, as demandas 
da comunidade, extraídas do Plano Diretor Participativo (PREFEITURA MUNICIPAL DE 
CACHOEIRINHA, 2006), e visita realizada à área para reconhecimento geral. São os seguintes: 
 
 
• Erosão Fluvial - Supressão da mata ciliar, ocupação urbana em planície de inundação, 
alteração do regime hídrico; 
 
• Assoreamento - Supressão da mata ciliar, ocupação urbana em planície de inundação, 
alteração do regime hídrico; 
 
• Movimentos de Massa - Taludes inadequados, eliminação da cobertura vegetal, fiscalização 
deficiente. 
 
 
 
2.2.2. Prognóstico 
 
Como não se tem informação sobre a existência de programas ou projetos na área da 
geomorfologia, conforme informação prestada pela administração municipal, o prognóstico é de 
que os problemas ambientais identificados irão persistir. 
 
 
 
 
2.3. PALEONTOLOGIA 
 
O diagnóstico do potencial fossilífero existente no Município de Cachoeirinha, a seguir 
apresentado, está baseado em dados da literatura, não tendo sido realizadas visitas locais. 
Foram consultados estudos técnicos e científicos realizados na área e publicados na forma de 
relatórios e artigos científicos, bem como a Carta 1 - Geologia, apresentada no volume 4. 
 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA 
 
 29 
 
A maior parte do Município encontra-se situada sobre depósitos Quaternários e 
aluvionares, que apresentam um menor potencial fossilífero. Entre as formações geológicas 
mapeadas no Município, quatro são predominantemente aflorantes: depósitos sedimentares do 
Quaternário, Formação Sanga do Cabral ou Rosário do Sul, Formação Rio do Rasto e 
depósitos aluvionares. 
 
As duas formações, Rio do Rasto e Sanga do Cabral, que afloram no Município são 
reconhecidamente altamente fossilíferas, representando depósitos permianos (250 m.a.) e 
triássicos (230 m.a.) respectivamente, em vários pontos do estado. Registros de fósseis de 
animais e vegetais reportados para estas formações são abundantes principalmente na 
depressão central, atestando a natureza fossilífera destas unidades (Lavina, 1984; Barberena & 
Dias, 1998; Malabarba et al., 2003; Dias & Schultz, 3002; Dias-da-Silva et al, 2005). Apesar 
deste potencial, até o momento inexistem registros de fósseis para o Município. A inexistência 
desses registros pode ser devido à pouca prospecção paleontológica na área. É provável que 
futuras prospecções possam vir a revelar afloramentos fossilíferos em Cachoeirinha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
3. RECURSOS HÍDRICOS 
RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
 
O conhecimento dos mananciais hídricos superficiais e subterrâneos do Município é 
fundamental para o planejamento de ações de proteção, preservação e de uso racional da 
água. Estes recursos de água destinam-se ao consumo humano, à manutenção da vegetação e 
da fauna, ao uso industrial e agrícola, para a descarga de esgotos urbanos e industriais e outros 
usos econômicos. 
 
Os dados apresentados foram obtidos junto a METROPLAN, FEPAM, CORSAN, sites 
da SEMA e FEPAM, Secretaria Municipal do Planejamento de Cachoeirinha, visitas realizadas 
ao Município e com base na bibliografia (vide referências bibliográficas). 
 
 
 
 
3.1. DIAGNÓSTICO 
 
 
 
3.1.1. Legislação e Sistema Estadual de Recursos Hídricos 
 
 A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), estabelece, no capítulo III, art. 
26, que “...as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma de lei, às decorrentes de obras da União...” estão incluídos 
entre os bens dos estados federados. Esta institui no art. 21, inciso XIX, o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
 
 A Lei Federal nº 9.433 / 1997 (Lei das Águas) institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (PNRH) e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH). 
Esta lei estabelece os Planos de Recursos Hídricos como instrumentos de planejamento, 
devendo ser elaborados em nível Nacional, Estadual e das Bacias Hidrográficas. 
 
A Agência Nacional de Água (ANA), responsável pela implementação da PNRH, tem sua 
criação estabelecida pela Lei Federal n.º 9.984 / 2000. 
 
A Lei Estadual n.º 10.330 / 1994 estabelece o Sistema Estadual de Proteção Ambiental - 
SISEPRA, visando à elaboração, implementação e ao controle da política ambiental do Estado 
do Rio Grande do Sul. Para tanto, o SISEPRA é compostopelo Fundo Estadual do Meio 
Ambiente - FEMA, e pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA (SEMA, 2006). O 
FEMA destina-se à captação de recursos (Federais, Estaduais, Municipais e outras fontes) para 
a proteção a proteção e a conservação do meio ambiente. O CONSEMA é o órgão superior do 
Sistema Estadual de Proteção Ambiental, o qual tem caráter deliberativo e normativo, e é 
responsável pela aprovação e acompanhamento da implementação da Política Estadual do 
Meio Ambiente. Seus membros são representantes da sociedade civil, governo, organizações 
não-governamentais, federação de trabalhadores, do setor produtivo e universidades, A 
interação entre os componentes do SISEPRA e o do Sistema Estadual de Recursos Hídricos 
ocorre visando à coordenação integrada de programas, projetos e planos (SEMA, 2006). 
 
A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul de 1989, art. 171, capítulo II, institui “o 
Sistema Estadual de Recursos Hídricos, integrado ao Sistema Nacional de Gerenciamento 
desses recursos (SNGRH), adotando as bacias hidrográficas como as unidades básicas de 
planejamento e gestão, observados os aspectos de uso e ocupação do solo”. Regulamentando 
Capítulo 3 
 32 
este artigo da constituição estadual, a Lei Estadual 10.350 / 1994 (Lei Gaúcha das Águas), 
instituiu o Sistema Estadual dos Recursos Hídricos. 
Esta lei, além de dispor sobre as atribuições dos diferentes órgãos que compõem o 
Sistema Estadual de Recursos Hídricos, estabelece os instrumentos de planejamento e 
gerenciamento que devem ser utilizados na gestão desses recursos. Os instrumentos de 
planejamento são os seguintes (Gutiérrez, 2001): 
 
• Plano Estadual de Recursos Hídricos, elaborado pelo Departamento de Recursos Hídricos 
e aprovado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (ambos vinculados à Secretaria 
Estadual de Meio Ambiente); 
• Planos de Bacia Hidrográfica, elaborados pelas Agências de região hidrográfica e 
aprovados pelos respectivos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica. 
 
Destaca-se que o Plano Estadual de Recursos Hídricos encontra-se em elaboração, 
devendo estar concluído até o final de 2007. (SEMA, 2007). 
 
 Os instrumentos de gerenciamento previstos na Lei Estadual 10.350 / 1994 são os 
seguintes: 
• Outorga de direito do uso da água (regulamentado pelo Decreto Estadual 37.033 / 1996), 
emitida pelo Departamento de Recursos Hídricos ou pela FEPAM. ; 
• Cobrança pelo uso da água. Os usos da água que podem ser objetos de cobrança são os 
seguintes: disponível no ambiente (água bruta); serviços de captação, regularização, 
transporte, tratamento e distribuição de água ou serviços de abastecimento (já cobrados 
pelas companhias de saneamento); serviços de coleta, transporte, tratamento e destinação 
final de esgotos ou serviço de esgotamento sanitário (já cobrados); e como receptor de 
resíduos. A aprovação dos valores a serem cobrados pelos usos da água é uma das 
atribuições dos Comitês de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica (art. 19 da Lei 10.350 / 
1994). 
 
 Outros dois instrumentos utilizados como ferramentas da política de recursos hídricos, 
apesar de não serem citados explicitamente na Lei 10.350 / 1994 para este fim, são: 
• Enquadramento das águas em classes de uso, conforme a Resolução CONAMA n.º 357 / 
2005, considerado instrumento de planejamento do meio ambiente. 
• Licenciamento ambiental concedido pelo órgão ambiental do Estado, considerado 
instrumento de gestão. 
 
 
O Sistema Estadual de Recursos Hídricos (SERH) caracteriza-se por um modelo de 
gestão descentralizado quanto às decisões e pela ampla participação da sociedade organizada 
em Comitês de Bacias Hidrográficas. Desta forma, há possibilidade de uma participação efetiva 
da sociedade, apesar do Estado ter o domínio sobre as águas territoriais, superficiais e 
subterrâneas. Para a implementação da Política de Recursos Hídricos, um dos principais 
objetivos do SERH, dividiu-se o estado em três regiões hidrográficas (do Guaíba, do Uruguai e 
das Bacias Litorâneas), os quais compreendem as bacias hidrográficas (SEMA, 2006). 
 
Conforme a divisão hidrográfica vigente, o Rio Grande do Sul é integrado por 25 bacias 
hidrográficas, sendo que 22 são de rios de domínio estadual (excetuando-se as bacias 
hidrográficas do Quarai, Negro e Mampituba). Nestas 22 bacias hidrográficas, encontram-se 
instituídos 20 Comitês, entre os quais está o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos e o 
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, que pertencem à região hidrográfica do Guaíba 
(SEMA, 2007). 
 
 Os órgãos que constituem o Sistema Estadual de Recursos Hídricos são o Conselho de 
Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (CRH-RS), o Departamento de Recursos Hídricos 
(DRH), os Comitês de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas (CGBH), as Agências de 
Regiões Hidrográficas (ARH) e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz 
Roessler (FEPAM). Dentre estes órgãos as Agências de Região Hidrográficas constituem a 
 RECURSOS HÍDRICOS 
 
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única parte integrante do SERH que ainda não foi instituída. Atualmente, através de convênio 
do DRH e UNESCO, estão sendo desenvolvidos estudos com o objetivo de definir o melhor 
perfil institucional para as Agências de Região Hidrográfica, bem como as suas personalidades 
jurídicas (SEMA, 2007). 
 
 Apesar de o SERH vir suprindo a inexistência das Agências de Região Hidrográficas por 
meio da contratação de serviços e estudos com terceiros, destaca-se que estas exercem papel 
fundamental quanto à implementação da cobrança pelo uso da água (essencial à 
materialização dos Planos de Bacia Hidrográfica), quanto ao fornecimento de subsídios para os 
Comitês de Gerenciamento de Bacia, e por fim quanto à subsistência operacional do Sistema 
Estadual de Recursos Hídricos (SEMA, 2007). 
 
 Os Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas representam a instância básica 
de participação da sociedade no SERH, tratando-se de colegiados instituídos pelo Governo do 
Estado. A proporção de representatividade em cada comitê é de 40 % para os representantes 
dos usuários da água, 40 % aos representantes da população e 20 % aos representantes de 
órgão públicos da administração direta estadual e federal (SEMA, 2006). 
 
O Comitê Sinos de Preservação, Gerenciamento e Pesquisa da Bacia dos Sinos foi o 
primeiro a ser criado no Brasil, em 1988. Apresenta uma composição muito abrangente que 
envolve todos os setores significativos da bacia. Neste período verificou se que o efetivo 
gerenciamento dos recursos hídricos está fora do alcance legal, entretanto as Secretarias 
Estaduais desenvolvem várias ações. Para a sub-bacia do arroio Sapucaia, foi criado o Fórum 
do Arroio Sapucaia, coordenado pela METROPLAN, cujos debates estão no momento 
relacionados à continuação da RS 10 até a Lomba Grande, como uma das alternativas da BR 
116. 
 
O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí foi criado 
mediante o Decreto Estadual nº 33.125 / 1989. A composição deste comitê e sua integração ao 
SERH são determinadas pelo Decreto Estadual 39.640 / 1999, sendo que o regime interno foi 
aprovado pela Resolução CRH 001/00 (Gutiérrez, 2001). 
 
As principais funções dos comitês de bacia são as de encaminhar ao DRH as propostas 
locais para o Plano Estadual de Recursos Hídricos, conhecer e manifestar-se sobre o Plano 
Estadual de Recursos Hídricos, aprovar o Plano da respectiva Bacia Hidrográfica, apreciar o 
relatório anual sobre a situação dos recursos hídricos, propor o enquadramento dos corpos de 
água da bacia hidrográfica, aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água, realizar o 
rateio dos custos de obras de interesse de uso comum, aprovar os programas anuais e 
plurianuais de investimentos e compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, 
diminuindo, em primeira instância, os eventuais conflitos (SEMA, 2007). 
 
 A Lei nº 11.362 / 1999 introduziu modificações na estrutura organizacional do Estado,

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