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MODELO PARECER JURÍDICO

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Nome: RONIEL DESTEFANI ALVES MIRANDA 
 
Docente: ------------------- 
Curso: DIREITO 
Disciplina: LABORATÓRIO DE PRÁTICA – I 
Turma: A Período: 3º semestre Data: 23/06/2020 
 
Considere o caso concreto apresentado na primeira parte da A3: 
 
Saori Kido foi submetida a cirurgia para remoção de cálculos renais em um 
hospital privado da sua cidade. A intervenção foi realizada por uma equipe 
médica, cujo médico cirurgião é o Drº Shiryu Dragon da Silva; responsável 
técnico pela cirurgia. 
 
Ocorre que, após ter alta, 2 dias após a cirurgia, Saori Kido passou a ter febre 
e teve que retornar ao Hospital, onde ficou constatado que durante o 
procedimento, houve perfuração do fígado da paciente, motivo pelo qual a 
levou a se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou sequelas 
devido a trombose que teve durante o procedimento e uma grande cicatriz na 
região abdominal. 
 
Partindo dessa narrativa, como advogado procurado por Saori Kido, produza um parecer 
jurídico para a solicitante (Saori Kido), a instruindo e informando sobre seus eventuais 
direitos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARECER JURÍDICO 
 
Solicitante: SAORI KIDO ARRUDA ALVES, brasileira, RG 0138435-9 SSP/MT, CPF: 
128422581-51, podendo ser encontrada no telefone (65) 99901-6418, endereço de e-mail 
saorikidoprodutosdebeleza@hotmail.com, residente e domiciliada na Rua A, nº856, Bairro 
Jardim Paraiso, com CEP 78.200-5200, na cidade de Cáceres, Estado de Mato Grosso. 
 
Assunto: Solicitação de parecer atinente aos seus direitos proveniente da conduta por parte da 
prestação de serviços. 
Ementa: RESPONSABILDIADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ERRO 
MÉDICO. 
Relatório: Saori Kido foi submetida a cirurgia para remoção de cálculos renais em um hospital 
privado da sua cidade. A intervenção foi realizada por uma equipe médica, cujo médico 
cirurgião é o Drº Shiryu Dragon da Silva; responsável técnico pela cirurgia. Ocorre que, após 
ter alta, 2 dias após a cirurgia, Saori Kido passou a ter febre e teve que retornar ao Hospital, 
onde ficou constatado que durante o procedimento, houve perfuração do fígado da paciente, 
motivo pelo qual a levou a se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou sequelas 
devido a trombose que teve durante o procedimento e uma grande cicatriz na região abdominal. 
É o relatório. Passo a opinar. 
 
Fundamentação: 
O solicitante deve buscar a instituição privada hospitalar para dialogar sobre as 
devidas indenização por danos oriundos da prestação médica, pois no tocante a uma pessoa 
fisica quanto consumidor-paciente e tanto uma instiuição que fornece serviços para tratamento 
de saúde há no que se falar em relação consumerista, conforme se depreende da leitura da lei 
n.8.078, de 1998, nos termos do arts seguintes. 
Art. 2.º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que 
adiquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Art. 3.º Fornecedor é toda pessoa fisica ou jurídica, pública ou 
privada, nacional ou extrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolven atividades de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importanção, 
exportação, distribuição ou cormecialização de produtos ou 
prestação de serviços. 
Percebe-se que há os institutos subjetivos para o liame jurídico de consumo como, 
de um lado, a consumidora-paciente desttinatária final, e de outro, a instituição hospitalar 
privada fornecedora de serviços. Contudo, nesse contexto, há no que se falar na existência da 
prestação de serviço, mediante remuneração e, por isso, traz a incidência da relação de consumo 
inteira, em seu aspecto objetivo, ou seja, a prestação de serviço propriamente dita, consoante 
prevê o Código de Defesa do Consumidor vigente, do artigo supracitado, em seu parágrafo 
segundo. 
§2.º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de 
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
Então, com este panorama amplo dos institutos jurídicos trazidas por legislações 
infraconstitucionais, entende-se desde já que não há dúvidas em ser uma relação de consumo 
completa. 
 Assim, além do ente hospitalar de direito privado, no seu sentido de suporte, 
estrututa, leitos higienizados, aporte necessário para realização de cirurgia e afins, é substancial 
 
seu quadro de profissionais capacitados no que tange a saúde humana, contratados pelo hospital, 
sendo por meio deste opera-se o papel fundamental de tratar, cuidar e observar o progesso do 
paciente. 
No entanto, como se percebe ante o fato concreto e inadimissível, não é o ocorre, 
de acordo as abordagens cientificas e jurídicas redigidas não só aspecto moral, mas também 
relacionado ao estético como está percepitível a cicatriz enorme na região abdominal. 
Portanto, tendo a ocorrência de um acidente de consumo a Lei Maior garante direito 
à indenização ao consumidor decorrente de rompimento de uma prática certa, sendo estes os 
danos materias, morais, e também há de acentuar os danos estéticos. Para ilustrar o 
entendimento em lato sensu (em sentido amplo) dos danos de acordo com sua natureza jurídica, 
o Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (aposentado) Rizzatto Nunes, traz a 
acepção desse instituto do âmbito extrapatrimonial, em seu livro Curso de Direito do 
Consumidor, 2018, pg. 252. 
 
“Moral, pode-se dizer, é tudo aquilo que está fora da esfera 
material, patrimonial do indivíduo. Diz respeito à alma, aquela 
parte única que compõe sua intimidade. (...) Assim, o dano 
moral é aquele que afeta a paz interior de cada um. Atinge o 
sentimento da pessoa, o decoro, o ego, a honra, enfim, tudo 
aquilo que não tem valor econômico, mas que lhe causa dor e 
sofrimento. É, pois, a dor física e/ou psicológica sentida pelo 
indivíduo”. (Grifo nosso). 
Nesse contexto, entende-se que o consumidor-paciente padece justamente pelos 
erros médicos acometidos e, por consequência, ocasionando sequelas devido a trombose que 
incidiu em ocasião da realização do novo procedimento. Dessa forma, atingindo internamente 
o seu intelectual, no qual vai carregar isso para toda sua trajetória, bem como a marca afixada 
em sua pele. 
Diante dos fatos descritos autênticos, a jurisprudência vem firmando no sentido de 
que há possiblidade de indenização por danos morais decorrentes da conduta do profissional 
liberal incorporado no quadro hospitalar, conforme acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito 
Federal e dos Territórios. 
 
CIVIL E CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. 
FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MÉDICO. 
REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO MÉDICO DE RISCO 
SEM AVALIAÇÃO DA EFETIVA NECESSIDADE. CULPA 
COMPROVADA. VIOLAÇÃO DE INFORMAÇÃO. ATO 
ILÍCITO. DANO MORAL CARACTERIZADO. 2. Do cojeto 
do conjunto probatório constatou-se que o paciente foi exposto 
a risco sem prova da necessidade do procedimento, o que 
caracteriza culpa, por violação do dever de cuidado. 2. Se 
previsível o risco do procedimento médico, é dever do 
médico informa-lo ao paciente (CDC, art. 6º, III; CC, art. 15) 
5. Comprovada a falha na prestação do serviço, ressoa indene 
de dúvidas a violação aos direitos da persoalidade, razão pela 
qual surge o dever de indenizar a títulos de danos morais, 
devendo ser considerada a proporcionalidade e razoabilidade da 
condenação em face do dano sofrido pela parte ofendida e o seu 
caráter compensatório e inibidor, mediante o exame das 
circunstâncias do caso concreto. (Apelação Cível Nº 0703356-
14.2019.8.07.0005, Sexta Turma Cível, Tribunal de Justiça 
DFT, Relator: Arquibalo Carneiro, Julgado em 
 
27/05/2020). 
Ainda mais, como depreende do recorte da jurispudrência supracitada é necessário 
que o médico informe também de possível risco advinda da realização do procedimento, bemcomo pode resultar do erro médico dever de indenizar a parte por danos morais, logo, se for o 
caso, também danos estéticos. Portanto, o solicitante teve seu figado perfurado, em razão de 
submeter a cirurgia para extração de calculos renais. 
Percebe-se que diante dos fatos descritos o médico inscrito no quadro da instituição 
hospitalar privada, agiu com ausência de cautela, onde resultou em sequelas na solicitante, 
contudo, no que diz respeito a responsablidade dos profissionais liberais esta é um exceção da 
regra geral do Código de Defesa do Consumidor, no qual o mesmo precisa de aferição entre a 
conduta e culpa, isto é, a responsabalidade do médico é pessoal (subjetiva). Assim, entende a 
legislação consumerista. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos. 
§4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. 
Desse modo, a responsabilidade do médico é sempre subjetiva, dependente de 
verificação de culpa, onde incorpora-se ao caso concreto no qual deveria agir com dedicação e 
zelo para o atendimento proprício ao consumidor-paciente. Ao mesmo tempo, comprovada a 
veracidade do erro médico, alcança a instituição hospitalar privada, sendo então necessária a 
demostração de culpa do profissional liberal. 
Nessa perpectiva, é fundamental um relação de confiança entre o paciente e o 
médico, desse modo, cedendo todas as infomações necessárias acerca do procedimento a ser 
realizado, bem como eventuais riscos oriduindos da mesma atividade exercida, levando em 
consideração eminentemente a integridade fisica e intelectual do paciente. Neste panorama, 
dispõe Cadernos de Saúde Pública, com a temática, A relação paciente-médico: para uma 
humanização da prática médica. 
“Esta proposta, em relação a qual várias outras convergem, 
aspira pelo nascimento de uma nova imagem profissional, 
responsável pela efetiva promoção de saúde, ao considerar o 
paciente em sua integridade física, psíquica e social, e não 
somente de um ponto de vista biolófico” (Cassel, 1982; Hahn, 
1995; Wulff et al., 1995). 
Diante do exposto, o solicitante tem a possiblidade de requerer, com fulcro nos 
dispositivos acima: 
a) Indenização por danos morais; 
b) Indenização por danos estéticos; 
 
Conclusão: 
Ante o exposto, entende-se que a consumidora-paciente pode requerer tanto na via 
judicial como extrajudicial, os direitos de reparação do dano decorrente da cirurgia médica 
ocasionando sequelas, podendo, inclusive, demandar danos estéticos, em virtude da marca 
extensa fixada proveniente da falha na prestação de serviço, onde teve que submeter a uma 
segunda cirurgia. 
É o parecer. 
 
Cáceres, 23 de junho de 2020. 
Roniel Destefani Alves Miranda 
 
OAB/MT 19.803

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