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VIRGÍNIA DE CARLI ATM 2018/2 DOR E ANALGESIA DOR: A dor é um mecanismo de proteção. Qdo os tecidos são lesionados, a pessoa que tenha perdido a sensação de dor (por exemplo, lesão da medula espinhal), não sentirá a dor, e não procurará revolver o problema da lesão tecidual. Doença na qual a pessoa não sente dor → pessoa desprovida de nociceptores. TIPOS DE DOR: DOR RÁPIDA: surge 0,1 s após o estímulo doloroso. É descrita como dor pontual, dor em agulhada, dor aguda e dor elétrica. Ela é sentida qdo a pele é cortada por uma faca, penetrada por uma agulha ou qdo a pele é agudamente queimada, ou em choques elétricos. A dor pontual rápida não é sentida nos tecidos mais profundos do corpo. DOR LENTA: começa 1 s ou mais após o estímulo doloroso, aumentando lentamente durante vários segundos ou minutos. Possui vários nomes, como dor em queimação, dor pulsátil, dor persistente, dor nauseante e dor crônica. Geralmente associada à destruição tecidual. Pode levar ao sofrimento prolongado. Pode ocorrer na pele, e em quase todos os órgãos ou tecidos profundos. Os receptores p/ dor são terminações nervosas livres, dispersos nas camadas superficiais de pele e em certos tecidos internos como periósteo, paredes das artérias, superfícies articulares, a foice e o tentório da abobada craniana. A dor pode ser desencadeada por 3 tipos de estímulos: estímulos dolorosos mecânicos, térmicos e químicos. A dor rápida é desencadeada pelos estímulos mecânicos e térmicos e a dor lenta pelos 3 tipos. Alguns tipos de subst. excitam o tipo químico de dor, como: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso, existem outras subst. que ↑ a sensibilidade das terminações nervosas, mas não excitam diretamente essas terminações, como prostaglandina e substância P. As subst. químicas são importantes p/ estimulação do tipo de dor lenta e persistente que ocorre após lesão tecidual. Substância Algiogênica: substâncias que provocam dor. DOR REFERIDA: é sentida a distância do local onde realmente está ocorrendo o estímulo nos nociceptores. Isto acontece porque as fibras sensitivas dos dois locais diferentes entram no mesmo segmento da medula, ou seja, entram juntas no corno posterior da medula e seguem até o córtex sensitivo, onde são "conscientizadas" no giro pós-central no mesmo local, e ocorre lá uma confusão na localização da dor. A dor geralmente é sentida na parte do corpo que tem mais nociceptores, que uma dessas fibras inerva. É uma dor difusa, por exemplo, na dor anginosa, ao invés de ser sentida na região retroesternal é sentida na face medial do braço, pois as fibras desses dois locais entram juntas na medula e seguem até o córtex onde são conscientizadas no mesmo local. NATUREZA NÃO ADAPTATIVA DOS RECEPTORES: os receptores p/ dor se adaptam muito pouco ou não se adaptam, o que é muito importante. Em certas situações, a excitação das fibras dolorosas fica progressivamente maior à medida que o estímulo persiste. Esse ↑ de sensibilidade dos receptores p/ dor é chamado de hiperalgesia. INTENSIDADE DA LESÃO TECIDUAL COMO ESTÍMULO P/ DOR: A pessoa começa a sentir dor → pele aquecida à mais de 45ºC ou esfriada a menos de 5ºC. Outras causas de dor: infecção bacteriana, isquemia dos tecidos, contusão dos tecidos, inflamação, espasmo muscular. A intensidade da dor se relaciona com a frequência de potenciais de ação. Ela se correlaciona ao ↑ local da concentração de íons potássio. Ou ao ↑de enzimas proteolíticas que diretamente as terminações nervosas e estimulam a dor por fazer as membranas nervosas mais permeáveis aos íons. A Isquemia Tecidual causa dor. Qdo o fluxo sang. p/ um tecido é interrompido, o tecido fica dolorido em poucos minutos. E qto ↑ o metabolismo desse tecido → mais rapidamente a dor aparece. Umas das explicações p/ essa dor é o acúmulo de acido láctico nos tecidos devido ao metabolismo anaeróbio. Outra explicação é que agentes químicos como a bradicinina e as enzimas proteolíticas sejam formadas nos tecidos por causa do dano celular e que esses agentes, junto com o acido láctico estimulem as terminações nervosas p/ dor. O Espasmo Muscular causa dor: Essa dor provavelmente resulta em parte do efeito direto do espasmo muscular na estimulação de receptores p/ dor mecanossensíveis; mas tb pode resultar do efeito indireto do espasmo muscular comprimindo vasos sanguíneos e levando à isquemia. VIAS P/ TRANSMISSÃO DOS SINAIS DOLOROSOS AO SNC: FIBRA MIELÍNICA A δ FIBRA AMIELÍNICA C Rápida Lenta Neurotransmissor → Glutamato Neurotransmissor → Substância P Estímulo Mecânico ou Térmico Estímulo Mecânico, Térmico e Químico. Dor e Temperatura Dor Maior velocidade, geralmente dor parietal. Menor velocidade, geralmente dor mais difícil de ser localizada. Dor mal localizada, dor tipo lenta. Geralmente dor visceral. Lâmina de Hexle: laminas do corno posterior. São 10 lâminas. Existem duas vias que correspondem principalmente aos dois tipos de dor: via para dor pontual rápida e via para dor lenta crônica. Devido ao sistema duplo de inervação para dor, o estímulo doloroso súbito, causa sensação dolorosa dupla: dor pontual rápida (transmitida p/ cérebro pelas fibras mielínicas A δ), seguida de dor lenta (transmitidas pelas fibras amielínicas C). A dor pontual avisa a pessoa do perigo → reação de se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a ↑ com o passar do tempo. As fibras da dor terminam em neurônios nos cornos dorsais. Ao entrar na medula os sinais dolorosos tomam duas vias p/ o encéfalo: O trato neoespinotalâmico e o trato paleoespinotalâmico. TRATO NEOESPINOTALÂMICO: as fibras A δ, ao entrar na medula, terminam na sua maioria na lamina I dos cornos dorsais, excitam os neurônios de segunda ordem do trato neoespinotalâmico. Esses neurônios dão origem a fibras longas que cruzam imediatamente p/ o lado oposto anteriormente ao canal epindimário e depois ascendem para o encéfalo nas colunas anterolaterais. Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas áreas reticulares do tronco cerebral, mas a maioria segue ate o tálamo sem interrupção. Do tálamo são transmitidas ao córtex somatossensorial. Capacidade do SNC em localizar a Dor Rápida no Corpo: A dor pontual rápida é localizada com muito mais precisão que a dor lenta. Porém, se não houver a estimulação simultânea dos receptores táteis, a dor rápida pode ser mal localizada ( receptores táteis - coluna dorsal-lemnisco medial). Acredita-se que o glutamato seja a substância neurotransmissora secretada nas terminações nervosas p/ dor do tipo A δ. Esse é um neurotransmissor excitatório. TRATO PALEOESPINOTALÂMICO: é um sistema muito mais antigo. Transmite dor principalmente por fibras periféricas crônicas tipo C(amielínicas C). As fibras periféricas, ao entrar na medula, terminam na substância gelatinosa (sinapse do neurônio 1° com 2°) dos cornos dorsais. Depois, a maior parte dos sinais passa por um ou mais neurônios de fibra curta, antes de entrar na lamina 5 (tb no corno dorsal). Depois os últimos neurônios da serie dão origem a axônios longos que se unem, na sua maioria, às fibras da via de dor rápida, passando primeiro p/ o lado oposto da medula anteriormente ao canal epindimário. Depois ascendem para o encéfalo pela via anterolateral. Termina de modo difuso no tronco cerebral. Cerca de 1/10 a ¼ ascende até o tálamo. De áreas do tronco, vários neurônios de fibras curtas transmitem sinais ascendentes da dor p/ hipotálamo. A localização da dor transmitida pela via paleoespinotalâmica é muito imprecisa. Acredita-se que a substância P seja o neurotransmissor secretado nas terminações nervosas p/ dor tipo C. Ele é liberado lentamente, com sua concentração aumentando em segundos, e gera uma sensação mais duradoura. Trato de Lissauer: conjunto de fibras que seprojetam p/ baixo e p/ cima. A perda da motricidade e da sensibilidade (em caso de trauma) ocorre não só 2 níveis para baixo, como também 2 níveis para cima. Seringomielia: Se ocorrer dilatação do canal epindimário, pode haver problemas relacionados com dor e temperatura, pois pode haverá compressão das fibras. ANALGESIA NO ENCEFALO E NA MEDULA ESPINHAL: A capacidade do próprio encéfalo de suprimir as aferências de sinais dolorosos p/ o sistema nervoso → Sistema de Analgesia. Subst. endógenas que atuam na modulação da dor → extremamente associado ao stress. VIA DESCENDENTE MODULADORA DA DOR : o sistema de analgesia é formado por 3 grandes componentes: ÁREAS PERIVENTRICULARES E SUBST. CINZENTA PERIAQUEDUTAL(do mesencéfalo e da região superior que circunda o aqueduto de Sylvius e porções do III e IV ventrículos). Os neurônios dessas áreas enviam sinais p/ o NÚCLEO MAGNO DA RAFE (localizado na região inferior da ponte e superior do bulbo) e O NÚCLEO RETICULAR PARAGIGANTOCELULAR (localizado no bulbo). Desses núcleos a ordem é transmitida p/ o COMPLEXO INIBITÓRIO DA DOR, localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. Nesse ponto,os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes de ela ser transmitida para o encéfalo. Vários neurotransmissores estão envolvidos no sistema de analgesia, mas, destacam-se a ENCEFALINA e a SEROTONINA. Acredita-se que a encefalina cause as inibições pré-sinápticas e pós- sinápticas das fibras de dor, os aferentes do tipo C a A δ em suas sinapses nos cornos dorsais na subst. gelatinosa. Assim, o sistema de analgesia pode bloquear os sinais dolorosos no ponto de entrada inicial p/ medula espinhal. Os OPIOIDES atuam em diversos outros pontos do sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Existem outros fármacos que alteram a excitabilidade dos neurônios, por meio da ação sobre os receptores sinápticos. Na analgesia ocorre ↓ frequência dos potenciais de ação. Os opioides alteram a qualidade da percepção dolorosa no encéfalo, a dor ainda é sentida, mas não é mais percebida como tão nociva. Já os analgésicos locais dão alivio de curta duração da dor, por bloquearem a condução dos impulsos neurais ao longo das fibras dolorosas de primeira ordem. SEDAÇÃO ≠ ANALGESIA. Pode-se ter um paciente sedado, mas com dor. Portanto deve-se sedar e analgesiar o paciente → em alguns casos opta-se por analgésico central.