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engenharia economica semana 4


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79UNIDADE IV
Na unidade anterior, nós estudamos a microeconomia e verificamos o comportamento de mercados, 
empresas e famílias em relação à demanda, oferta etc., mas, se buscar pela memória, lembrará que lá 
utilizamos uma condição coeteris paribus, isto é, tudo mais constante. Na microeconomia, o estudo é 
feito de forma isolada, não levando em consideração variações de mercado, políticas (cambiais, fiscais, 
de países etc.).
Agora, vamos tratar de um conceito de economia de forma mais ampla, a macroeconomia. Segundo 
Vasconcellos (2009, p. 187), macroeconomia:
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use 
seu leitor de QR Code.
 “
é o ramo da teoria econômica que trata da evolução da econo-
mia como um todo, analisando a determinação e o comporta-
mento dos grandes agregados, como renda e produto nacionais, 
investimento, poupança e consumo agregados, nível geral de 
preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de 
juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio.
O conceito do autor é bem completo e demonstra a importância de 
uma análise mais ampla, pois, hoje em dia, com o mundo globalizado, 
os efeitos de mudanças em outros países e regiões afetam, de forma 
significativa e rápida, a economia de um determinado local. Ainda se-
gundo Vasconcellos (2009), a macroeconomia preocupa em analisar 
questões conjunturais de curto prazo, como desemprego e inflação.
Para Mendes (2012), é interessante o estudo da macroeconomia, 
pois ela dará parâmetros e critérios que auxiliam na análise da eco-
nomia do país. Toda análise traz consigo a necessidade de se utilizar 
critérios que permitam saber se o país, empresa, família, seja lá o que 
for analisado, está bem ou mal. No entanto, para isso, é necessário 
ter um parâmetro para comparação. O autor cita como exemplo 
dois critérios de análises muito importantes para se conhecer o 
nível de produção de um país e utilizados por todos os países do 
mundo - o PIB e o PNB.
Macroeconomia
83UNIDADE IV
Segundo Mendes (2012), há uma relação importante entre essas variáveis, e existem três formas de 
se analisar as atividades econômicas de um país: PIB, óptica da despesa (dispêndio) e a renda. Sendo 
que o PIB, segundo o autor, que é um dos principais índices como visto anteriormente, poderá ser 
medido pela seguinte identidade macroeconômica:
DEMANDA = OFERTA AGREGADA (PIB) = RENDA
DEMANDA
OFERTA 
AGREGADA
RENDA
Corresponde aos gastos de um país em um determinado 
ano. É composto por: consumo agregado, investimento 
privado, gasto público e exportações.
Formada pela produção nacional mais as importações.
Composta pelos salários, lucros, juros e aluguéis.
A política macroeconômica, visando atender as metas que foram citadas anteriormente, precisa lançar 
mão de instrumentos de controle que auxiliem o governo a atingir seus objetivos. Segundo os autores 
da economia, os principais são: política fiscal, política monetária e política cambial. Que analisaremos 
separadamente a seguir.
87UNIDADE IV
Segundo o autor, o governo, por meio do banco central, utilizará das seguintes fer-
ramentas para realizar esse controle:
Essa autonomia é única e 
exclusiva do banco central, 
que controlará a quantida-
de de moeda no mercado, 
emitindo moedas quando 
for necessário. 
Essa ferramenta consiste em empréstimos realizados pelo Banco Central aos bancos 
comerciais. Podem ser realizados por motivos de liquidez, para, por exemplo, uma 
eventual compensação de cheques, ou podem ser realizados os chamados redescon-
tos especiais ou seletivos, que possuem como objetivo beneficiar setores específicos, 
tais como financiamento de compra de máquinas agrícolas.
Também conhecido como depósito 
compulsório, refere-se à quantia 
que todos os bancos comerciais 
são obrigados a fazer no banco 
central. É uma espécie de seguro 
para caso o banco tenha problema.
Consiste na compra e venda de títulos públicos pelo governo. Pode ser realizado em 
dois momentos e com finalidades diferentes. No caso de venda de títulos públicos, 
o interesse do governo é diminuir um pouco a liquidez, ou seja, parte do dinheiro 
que está nas mãos da população em geral volta para os cofres do governo com o 
pagamento desse títulos. Já no caso de compra dos títulos, o governo terá a intenção 
inversa, isto é, ao comprar os títulos, o dinheiro irá para o mercado, aumentando a 
liquidez e capacidade de compra dos consumidores. Podemos ver que essa é uma 
ferramenta direta da quantidade de moeda no mercado.
EMISSÃO DE MOEDAS
REDESCONTOS
RESERVAS COMPULSÓRIAS
OPEN MARKET
Outra ferramenta da política monetária importante, segundo Mendes (2012), são as taxas de juros. É 
um assunto muito debatido e todas as vezes que assistimos, ou lemos, algo a respeito, ela aparece. No 
Brasil, é a chamada Selic. Para Mendes (2012), essa é uma taxa básica da economia e referência para 
toda as demais aplicações.
88 Macroeconomia
Mas o que seriam as taxas de juros? Basica-
mente, seria um valor pago pelo empréstimo 
do dinheiro realizado. De acordo com Mendes 
(2012), a taxa de juros se forma na interação da 
demanda e oferta de moeda. É como se pensásse-
mos da seguinte forma: uma pessoa (ou empresa) 
precisa de dinheiro em espécie (liquidez) para 
realização de algum investimento ou compra de 
algum bem, porém ele não possui esse dinheiro. 
Ele poderá recorrer a um banco comercial (ou 
agente financeiro) que fornecerá esse dinheiro 
de imediato. Porém, será cobrada uma espécie de 
taxa de aluguel desse dinheiro, ou seja, no período 
em que houver a dívida, é pago um valor do em-
préstimo, mais um pedaço de amortização dessa 
dívida. Estudaremos isso com mais detalhes na 
Unidade 6 desse livro. Outra forma de pagamento 
de juros seria na modalidade de investimentos. De 
forma contrária ao que falamos, nos investimen-
tos, as pessoas (empresas) possuem um dinheiro 
que não utilizarão de imediato. Assim, podem 
ganhar mais no mercado financeiro. Procuram 
bancos comerciais (ou agentes financeiros) e “em-
prestam” o seu dinheiro para que seja aplicado no 
mercado de capitais. Nesse momento, será pago 
ao proprietário do dinheiro um valor de juros 
durante o período em que o dinheiro ficou “em-
prestado”. Vale salientar que nem sempre os valo-
res pagos em investimentos são os mesmos pagos 
em empréstimos. Geralmente, as taxas cobradas 
pelos bancos para que eles emprestem dinheiro 
são maiores que as taxas pagas em investimentos. 
Segundo Mendes (2012), isso pode ser explicado 
por fatores como Impostos, altos custos operacio-
nais de bancos, inadimplência (risco) e os altos 
percentuais de recolhimentos compulsórios.
É importante salientar que os sistema bancário 
comercial é formado por agentes que estão auto-
rizados, pelo BACEN, a receberem depósitos à 
vista: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal 
e os Bancos Comerciais. Estes serão regulamen-
tados e fiscalizados pelo governo. É preciso tomar 
cuidado com agentes financeiros que aparecem 
oferecendo empréstimos e taxas, a princípio, con-
vidativas, mas que poderão causar uma dor de 
cabeça no futuro. 
As taxas de Juros definidas pelo Governo são:
• Sistema Especial de Liquidação e de Cus-
tódia (SELIC): taxa de negociação dos títulos 
públicos que vimos anteriormente. Seu valor 
em Julho de 2017 era de 10,15% ao ano, se-
gundo o Banco Central.
• Taxa referencial de Juros (TR): utilizada na 
remuneração de caderneta de poupança, 
FGTS. A taxa teve um rendimento acumulado 
no ano de 2016 de 2,0125, segundo o Banco 
Central.
• Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP): essa é 
a taxa utilizada pelo Banco Nacional de De-
senvolvimento e Social (BNDES). A taxa, em 
julho de 2017, estava em 0,5833% ao mês, 
segundo o site da receita Federal.
Fonte: Mendes (2012).
90 Macroeconomia
A política cambial é interessante para enten-
dermos algumas coisas importantes na economia. 
Cada país, praticamente,possui sua moeda própria. 
É preciso criar um critério para se realizar rela-
ções comerciais com agentes cujas moedas não 
são as mesmas, pois, caso contrário, não teremos 
como chegar a um consenso de valores. Mendes 
(2012) chama atenção para um fato interessante: 
seria fácil para o Brasil, por exemplo, ao obter uma 
dívida com países credores, emitir moeda (Real) 
para saldar a dívida. Porém não é bem assim que 
funciona. O Real não é uma moeda aceita interna-
cionalmente como, por exemplo, acontece com o 
Dólar e o Euro, que são moedas fortes em todos os 
países do mundo. Para conseguir, então, saldar as 
dívidas externas, é necessário que sejam incorpo-
radas ao mercado brasileiro moedas estrangeiras. E 
como fazer isso? As duas melhores formas seriam 
a exportação de produtos brasileiros e captação de 
investidores estrangeiros no mercado local.
O Brasil, em relação ao mercado mundial, 
encontra-se numa posição desconfortável. Se-
gundo o site Comex do Brasil1, a nossa partição 
no mercado mundial ficou, pela primeira vez, em 
2016, abaixo de 1%. Isso deve-se a vários fatores 
importantes de se analisar. Dentre eles, segundo 
Mendes (2012), somente algo em torno de 0,7 % 
das empresas brasileiras exportam seus produtos. 
Outro fator importante, que afeta diretamente na 
produção e exportação de produtos, é a política 
cambial. Segundo diversos sites especializados 
no assunto, 7 entre 10 produtos mais exportados 
pelo Brasil vêm do agronegócio. E ainda existe 
a exportação de matéria prima para indústria, 
como o minério. Isto é, exportamos muita ma-
téria-prima e produtos do agronegócio e impor-
tamos produtos manufaturados, que geralmente 
são mais caros por estarem embutidos no preço 
todo do Know How de produção.
E quais seriam as ferramentas para o mercado cambial? Segundo Mendes (2012), elas são:
• Intervenção no mercado cambial: nada mais do que um controle sobre a taxa de câmbio, 
em que é possível valorizá-la ou desvalorizá-la, de acordo com as necessidades do mercado. A 
taxa de câmbio é o valor correspondente da moeda estrangeira no país naquele momento. Pela 
taxa de câmbio, é possível estimular a exportação e desestimular a importação de produtos, ou 
o contrário. Segundo o autor, existem três regimes cambiais:
a) Taxas Fixas: predefinidas pelas autoridades monetárias.
b) Taxas Variáveis: taxas flutuantes formadas livremente pelo mercado.
c) Taxas administrativas: que seriam um meio-termo entre as duas primeiras.
• Políticas comerciais: neste caso, seria uma forma de proteção com imposição de tarifas, em 
que é possível fixar uma cota de importação (ou exportação).
• Tratamento ao capital Estrangeiro: visa interferir no fluxo de mercadoria e serviços.
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BAIDYA, T. K. N.; AIUBE, F. A. L.; MENDES, M. R. C.; BATISTA, F. R. S. Fundamentos de Microeconomia. 
Rio de Janeiro: Interciência, 2014.
MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson, 2012.
RYBA, A.; LENZI, E. K.; LENZI, M. K. Elementos de Engenharia Econômica. 2. ed. Curitiba: Intersaberes, 2016. 
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia Micro e Macro. Belo Horizonte: Atlas, 2009.
REFERÊNCIAS ONLINE
1Em <http://www.comexdobrasil.com/participacao-do-brasil-no-comercio-mundial-devera-ficar-pela-primei-
ra-vez-abaixo-de-1/>. Acesso em: 23 jul. 2018
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1. A.
2. B.
3. Nesta questão, é esperado que o aluno leia, analise e escreva, de forma resumida, as políticas fiscal, mo-
netária e cambial, com todas as suas ferramentas de controle. 
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