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Resumo de Semiologia Pediátrica, Neurológica e Geriátrica

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Prévia do material em texto

Prefácio 
Meu nome é Andressa Ferreira Andrade, sou estudante de Medicina no Centro 
Universitário de Patos de Minas. 
Para confecção deste resumo foram utilizados o livro de Semiologia do Celmo 
Celeno Porto, e também a guia de Habilidades Clínicas, baseada no livro de 
Semiologia de Mario Lopez. 
O sumário foi organizado de acordo com as guias de Habilidades Clínicas, por isso 
existe uma correlação dos assuntos. 
O objetivo do resumo é proporcionar para as pessoas o conhecimento sobre os assuntos descritos no sumário, 
incluindo a teoria e a prática, criando uma relação harmônica entre ambas. 
O meu maior desejo em confeccionar esses resumos é ajudar quem esteja precisando de ajuda, por amar tanto a 
semiologia resolvi materializar esse amor, na forma desse resumo. 
 
 
 
I want to say I live each day, until I die 
And all that I had something in, somebody's life 
The hearts I had touched will be the proof that I leave 
That I made a difference and this world will see 
I was here 
 
 
 
 
“A vida encolhe ou se expande à medida da coragem de cada um” 
 Anaïs Nin 
Sumário 
 Semiologia Pediátrica 
- Anamnese da criança 
- Exame físico 
- Anamnese do adolescente 
- Exame de Oroscopia 
- Exame de Otoscopia 
- Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho 
 
 Semiologia Neurológica 
- Homúnculo de Penfield 
- Dermátomos 
- Exame de Sensibilidade 
- Exame dos Pares de Nervos Cranianos 
- Ausculta Cardiovascular 
- Ausculta Pulmonar 
- Medida do Índice Tornozelo Braquial 
 
 Semiologia Geriátrica 
- Anamnese Geriátrica 
- Exames de Avaliação Cognitiva 
 
 
 
 
 
 
 
 SEMIOLOGIA PEDIÁTRICA 
▪ Anamnese da Criança 
A anamnese do recém-nascido (RN) inclui as etapas anteriores ao seu 
nascimento. Os fatores gestacionais e as condições periparto 
adquirem importância fundamental para faixa etária. 
Inicia-se a avaliação pela identificação com o nome, sexo, idade, 
etnia, naturalidade (nesta faixa etária, geralmente coincide com a 
procedência), filiação, endereço. 
A queixa principal e a anamnese são informadas pelo responsável, de acordo com sua capacidade de observação 
e de percepção do que está ocorrendo com a criança. 
O médico deve estar atento ao fato de que, muitas vezes, a queixa dos responsáveis pode induzir a um falso 
diagnóstico, como no caso da mãe que se queixa que o RN está com dor pelo fato de o bebê estar chorando. 
Observa-se, porém, que ao ser amamentado, fica saciado e dorme, findando seu choro. Assim, conclui-se que a 
queixa de "dor" não procedia. Na verdade o RN estava faminto! 
→Interrogatório Sintomatológico 
- Geral: Informar-se sobre o sono do RN: se dorme bem (especificar quantas horas ao dia- as horas de sono 
diárias diminuem de aproximadamente 16,5 h de sono/dia na primeira semana de vida para cerca de 15,5 h de 
sono/dia ao final do primeiro mês de vida); questionar se há irritabilidade, prostração ou dificuldade para 
amamentar. 
- Sistema tegumentar: Pápulas, manchas, placas, descamações, alterações da cor da pele (icterícia, por exemplo). 
- Sistema cardiovascular: Dispneia ao amamentar, edema, cianose. 
- Sistema respiratório: Congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório, roncos, sibilos. 
- Sistema gastrintestinal: Ritmo intestinal, características das fezes, vômitos. 
- Sistema geniturinário: Número de micções (estimular cuidador a observar quantas fraldas o RN molha por 
dia), características da urina (cor, odor, quantidade). No caso do sexo masculino, questionar se o jato urinário é 
forte e se ocorre projeção a longa distância ou se é fraco e curto (possibilidade de válvula de uretra posterior). 
→ Antecedentes 
Antecedentes do RN e familiares: 
• Com relação à gestação: duração da gestação (se o RN foi pré-termo- menos de 37 semanas; termo- de 37 a 
42 semanas; ou pós-termo - acima de 42 semanas); se houve intercorrências (diabetes melito gestacional, 
infecções como, por exemplo, infecção do trato urinário poucos dias antes do parto); via do parto (natural ou 
cesariana); exames complementares realizados pela mãe (sorologias maternas gestacionais para toxoplasmose, 
hepatites B e C, HTLV, HIV I e II, citomegalovírus, sífilis, rubéola, doença de Chagas; se foi constatada alguma 
alteração do feto no ultrassom gestacional); tipo sanguíneo materno ABO-Rh. 
• Com relação ao recém-nascido: se ocorreu alguma intercorrência no parto (aspiração de mecônio, trabalho de 
parto prolongado); qual a condição do RN ao nascimento (verificar boletim de Apgar na caderneta de saúde da 
criança, se houve choro logo após o nascimento e cianose prolongada); se foram necessárias manobras de 
reanimação neonatal, se foi necessário oxigênio, passagem por UTI neonatal. Caso tenha sido necessária, pedir 
relatório detalhado de alta hospitalar da UTI neonatal. Verificar uso de antibióticos, hemoderivados, necessidade 
de ventilação mecânica e por quantos dias. Verificar se houve intercorrências, comorbidades, procedimentos 
médicos. Questionar grupo sanguíneo ABO-Rh do RN, se houve icterícia, edema. Questionar peso e estatura e 
idade gestacional ao nascimento. Também perguntar sobre doenças diagnosticadas até o momento, como alergias, 
e sobre os medicamentos em uso 
• Com relação à família: identificar doenças familiares nos parentes de primeiro e segundo graus (pais, irmãos, 
avós, tios, primos). Questionar sobre casos de síndromes clínicas na família e doenças raras ou que sejam 
frequentes entre os familiares. 
• Imunizações/vacinação: verificar caderneta de saúde da criança. O recém-nascido deve ter recebido BCG e 
primeira dose da vacina anti-hepatite B no primeiro dia de vida. 
→ Alimentação 
Verificar se o RN está em aleitamento materno exclusivo (AME), estimulando-o e parabenizando a mãe por tal 
conduta. Enfatizar a importância do AME para o melhor desenvolvimento do RN. Já são de senso comum os 
benefícios do aleitamento materno exclusivo até o 6° mês de vida do bebê. Caso tenha ocorrido o desmame, 
questionar o motivo. Caso a mãe ainda tenha leite, propor um plano para retornar à lactação materna exclusiva. 
Caso não seja possível, identificar o leite em uso, modo de preparação (diluição, cuidados de higiene) e 
oferecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
→ Desenvolvimento neuropsicomotor 
No desenvolvimento do RN, até a 4a semana de vida, é esperado que em posição prona mantenha atitude fletida, 
gire a cabeça de um lado para o outro. Quando suspenso ventralmente, espera-se que a cabeça fique pendida. Na 
posição supina, fica geralmente fletido, um pouco rígido. Pode fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão. 
Quando vira o corpo, apresenta "olhos de boneca': Tem preferência visual pela face humana. Para a avaliação do 
desenvolvimento psicológico, é importante observar o estabelecimento da relação mãe-filho, que nessa fase pode 
ser avaliado pela maneira de a mãe relacionar-se com o bebê, tal como: a mãe fala com a criança em um estilo 
particularmente dirigido (manhês), propondo algo à criança e aguarda a sua reação. 
→ Avaliação do lactente ao escolar 
É importante que a anamnese não seja direcionada e que seja 
passiva o tanto quanto possível. Não é raro que os pais ou 
responsáveis, que costumam desempenhar o papel de intermediador 
do paciente, sejam interrompidos de forma inadvertida e com 
frequência pelo profissional de saúde, antes que seja exposto o raciocínio e a história clínica completa. 
• Anamnese do lactente ao escolar 
→ Anamnese do lactente 
Essa fase da vida da criança é marcada por rápido crescimento e intenso desenvolvimento. As interações entre 
pais e filhos mudam cotidianamente, obrigando estes a se adaptar à nova realidade. Decorre daí a necessidade de 
explorar os compromissos, dúvidas e preocupações dos pais na anamnese. 
Recomenda-se avaliar o cotidiano da criança, registrando seus padrões e a adequação da alimentação, do sono, 
suas funções fisiológicas, suarelação com a família e os cuidados domésticos para prevenir acidentes. As 
principais preocupações são com o ritmo do crescimento e a aparência física do lactente. Algumas dúvidas mais 
frequentes estão relacionadas com os lactentes jovens e dizem respeito à cicatrização do coto umbilical, 
ocorrência de exantemas, primeiras enfermidades, como resfriado ou febre, erupção de dentes, uso de 
medicamentos e vitaminas, reações a imunizações, bem como a avaliação da visão e da audição do bebê. 
A constituição dos laços afetivos é ponto fundamental da consulta pediátrica para avaliação do desenvolvimento, 
e os pais devem ser arguidos sobre seus sentimentos com relação ao filho, por exemplo, se sentem que estão 
seguros para o cuidado, e sobre o reencontro da rotina de vida adequada para toda a família. Os pais devem ainda 
ser incentivados a relatar o temperamento do lactente- irritadiço ou calmo-, a previsibilidade do comportamento 
e sua reação aos comportamentos típicos da criança, por exemplo, ao choro ou à irritação. 
Nos lactentes mais velhos, devem-se buscar evidências que indiquem ansiedade com a separação e insegurança 
diante de estranhos. Essas reações devem ser explicadas aos pais. 
Para avaliação dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM), a abordagem começa com uma 
pergunta geral, como: "O que ele está fazendo atualmente?': A partir dessa pergunta, comparam-se as respostas 
obtidas a uma escala de padrões de desenvolvimento. O Ministério da Saúde disponibilizou, em 2002, uma 
ferramenta de avaliação do DNPM, em que nas áreas em cinza ocorrem 90% das novas aquisições do 
desenvolvimento. Em crianças maiores, o desempenho escolar é uma maneira de se avaliar o DNPM. 
A história familiar, incluindo saúde, hábitos de vida e questões psicossociais, é tópico essencial e deve incluir 
os antecedentes e as condições atuais de saúde da família, a adaptação da família ao bebê, o envolvimento do 
cônjuge nos cuidados com a criança, a inserção do trabalho na rotina familiar, as providências para os cuidados 
diários e a rivalidade entre irmãos. As condições ambientais devem fazer parte do inquérito, particularmente as 
questões sobre tabagismo na família, no domicílio, se há umidade e ventilação da casa. 
Os hábitos alimentares da família devem receber atenção especial, e os saudáveis devem ser estimulados, 
levando em conta que o paladar e preferências são cultivados desde os primeiros anos de vida e são fundamentais 
para uma vida saudável. 
 
→Anamnese do pré-escolar e escolar 
Esse período da vida da criança é marcado por intensa atividade motora com rápida aquisição de habilidades, 
linguagem e grande capacidade de aprendizagem. Por isso, é importante durante a consulta avaliar a dinâmica 
familiar e o estilo pessoal da criança e da família, com objetivo de promover integração e atender às necessidades 
da criança em desenvolvimento. Também é o período em que se deve proceder às triagens sensoriais formais para 
verificar as condições para aprendizagem. 
Na anamnese exploram-se as dúvidas e preocupações dos pais. A partir de 3-4 anos, deve-se estabelecer também 
um diálogo com a criança durante a consulta. Para avaliar o cotidiano da criança, pergunta-se sobre a alimentação, 
a participação nas refeições familiares, padrões de lanches e recusa de alimentos, além da conduta dos 
responsáveis com relação às recusas alimentares. Outros tópicos incluem padrões e preocupações com o sono, 
especialmente o despertar noturno perturbado, progressos e dificuldades no treinamento esfincteriano, cuidados 
dentários e medidas de prevenção de acidentes. As habilidades motoras e a sociabilidade também devem ser 
motivo de questionamentos. Nas crianças maiores, indaga-se sobre a prática de esportes e exercícios físicos na 
rotina diária, estimulando-as. Sobre as preocupações com doenças, solicita-se a avaliação dos pais com relação à 
saúde geral da criança a infecções comuns da infância e reações alérgicas. 
O desenvolvimento deve ter um enfoque especial na consulta da criança nessa faixa etária e pode ser abordado 
nos conteúdos afetivo e cognitivo. No afetivo, os pais são incentivados a descrever as reações do pré-escolar que 
oscilam entre as manifestações de dependência e independência, evidenciada por comportamentos que alternam 
entre desejos de exploração do ambiente e pessoas, negativismo, ansiedade de separação e dificuldade para 
controlar os impulsos. Além disso, exploram-se as brincadeiras preferidas e a integração entre o pré-escolar e os 
demais familiares. Para o escolar, as perguntas concentram-se em descrições do estilo de comportamento (p. ex., 
extrovertido, tímido), adaptação ao ritmo de um ano escolar formal e interações com os colegas. A rivalidade 
entre irmãos e o papel da criança na vida familiar também devem ser abordados e avaliados no desenvolvimento 
da criança. No cognitivo, a principal observação no pré-escolar deve ser com o conteúdo e a complexidade da 
linguagem. Aos 2 anos de idade, cerca de 50% da fala da criança deve ser inteligível. Erros de articulação, como 
substituir “R” por “L” ou “C” por “T”, são comuns e normais nesse momento. Aos 4 anos, quase toda a fala da 
criança deve ser compreensível. Outros tópicos incluem as evidências de curiosidade e de interesse em objetos 
ou pessoas que não estejam presentes. No escolar, devem ser observados o desempenho da criança na escola, o 
que gosta e desgosta na escola, notas, absenteísmo e repetência. 
O inquérito ainda deve incluir a história familiar, caso não seja conhecida pelo médico, e inclui antecedentes e 
as condições atuais de saúde da família. 
O exame físico da criança deve ser sempre realizado com paciência e gentileza, desde a fala em tom e momentos 
adequados até a modo de manipular ou conter o paciente. Os procedimentos mais "temidos" ou dolorosos, em 
geral, são os finais, devem ser sempre previamente informados ao paciente e não devem ser suprimidos por 
vontade dos pais ou da criança. O exame físico, em consulta de primeira vez, retorno ou na emergência, deve ser 
sempre completo. O exame físico tem início quando o paciente é recebido pelo médico no consultório e seu estado 
geral -grau de atividade ou prostração, fácies, desconforto respiratório, irritabilidade e choro fácil, cianose e 
edemas - pode ser facilmente identificado. A avaliação geral, a propedêutica cardiorrespiratória, abdominal, entre 
outras, não sofrerão alterações dramáticas em lactentes, pré-escolares e escolares. 
Em geral, os lactentes também são examinados em decúbitos, ou seja, iniciando-se o exame com paciente em 
decúbito dorsal, a ausculta respiratória, por exemplo, será realizada em toda a região torácica anterior. Somente 
após a avaliação do estado geral e de todos os sistemas possíveis no decúbito dorsal, o médico passará ao exame 
dos aparelhos e sistemas com o paciente em decúbito ventral. Na criança maior, capaz de se sentar e compreender 
ordens simples, o exame físico se assemelha ao do adulto, por aparelhos e sistemas e não em decúbitos. 
A avaliação do crescimento e desenvolvimento faz parte das ações básicas de saúde em pediatria. Para avaliação 
do crescimento pondero estatural, dispõe-se de várias curvas de crescimento (curva de Marcondes, curva da 
Organização Mundial da Saúde - OMS, curva dos Centers for Disease Control - CDC etc.), que estratificam as 
crianças em percentis ou escores Z (quantidade de desvios padrões acima ou abaixo da média). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exame Físico da Criança 
 
Anamnese do Adolescente 
Tendo em vista os aspectos especiais da relação médico-paciente na adolescência, a realização da anamnese 
tem também características próprias. Uma pequena parte é feita com o familiar que estiver acompanhando o 
adolescente, mas o restante é realizada apenascom o adolescente. 
No primeiro tempo da consulta, são investigados os antecedentes familiares, pessoais fisiológicos (tipo de parto, 
peso ao nascimento, condições do nascimento, alimentação pregressa especialmente nos dois primeiros anos de 
vida, desenvolvimento neuropsicomotor) e patológicos e a imunização. 
Devem ser feitos questionamentos sobre a queixa principal e a história da doença atual. 
No segundo tempo, em que deve estar presente apenas o adolescente, a investigação da alimentação atual, dos 
hábitos de vida (prática de exercícios, uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas), vida escolar, relações com pais e 
irmãos, relações sociais: amigos, namoro, educação sexual e vida sexual, se pertinente, e trabalho. É claro que 
tudo isso deve ser feito com cuidado, respeitando-se a personalidade do adolescente e levando-se em conta sua 
idade. Em seguida são repetidas a pesquisa da queixa principal e a história da doença atual. 
Esses dois itens podem repetir o que foi dito anteriormente pelo familiar, mas algumas vezes se obtêm mais dados 
ou histórias diferentes, até contraditórias. Às vezes a consulta é motivada mais por preocupação da família do 
que do próprio adolescente. Em alguns casos, pode estar disfarçando problemas comportamentais; em outros, 
queixas emocionais, manifestadas somaticamente. Nessas circunstâncias, o médico tem que usar sua perspicácia 
e sensibilidade para captar o verdadeiro motivo da consulta. Em seguida, aplica o interrogatório sintomatológico, 
de acordo com as normas gerais. 
O envolvimento afetivo do médico com relação à queixa principal, especialmente quando se trata de problemas 
mais graves, pode levá-lo a descurar da investigação dos aspectos globais da vida do adolescente, o que seria 
desastroso. Isso ocorre porque as enfermidades não incidem simplesmente sobre um organismo, mas sim sobre 
um ser humano, inserido em uma família e em uma sociedade, principalmente no caso dos adolescentes, que 
vivem um momento muito especial de sua trajetória. 
Guia para realização de Oroscopia 
1. Prepare o material separando a lanterna e o abaixador de língua; 
2. Explique ao paciente e seu acompanhante que irá realizar o exame; 
3. Conferir se está com as pilhas; 
4. Se posicionar a frente do paciente se o mesmo estiver sentado ou ao lado de sua 
cabeça se estiver deitado; 
5. Acender o aparelho; 
6. Direcionar o foco de luz para a cavidade oral tomando-se o cuidado para não 
encostar a lanterna no paciente; 
7. Com a outra mão segurar o abaixador de língua; 
8. Posicioná-lo afastando as bochechas para observar as mucosas; 
9. Observar dentes e palato duro; 
10. Observar assoalho da boca; 
11. Abaixar a língua posicionando o abaixador na porção média da mesma; 
12. Observar amígdalas, pilares amigdalianos, úvula, palato mole e faringe; 
13. Retirar o abaixador da boca; 
14. Desligar a lanterna; 
15. Jogar no lixo o abaixador; 
16. Guardar a lanterna em local adequado. 
Guia para realização de Otoscopia 
1. Prepare o material separando o otoscópio e o espéculo apropriado de acordo 
com a idade do paciente; 
2. Explique ao paciente e seu acompanhante que irá realizar o exame; 
3. Conferir se está com as pilhas; 
4. Se posicionar ao lado do paciente (que pode estar sentado ou deitado); 
5. Acender o aparelho; 
6. Posicionar o otoscópio colocando cerca de 1/3 do espéculo dentro do conduto 
auditivo externo do paciente; 
7. Tracione levemente a porção superior do pavilhão auditivo para fora e para 
cima (no lactente tracione para baixo já que a membrana inferior é fortemente 
oblíqua para dentro); 
8. Posicione seu olho próximo ao visor do aparelho; 
9. Observe a membrana timpânica que é translúcida, acinzentada. Observe também o triângulo luminoso e o cabo 
do martelo; 
10. Retire o aparelho do ouvido; 
11. Desligue-o; 
12. Limpe o espéculo com algodão e álcool incluindo a parte interna do mesmo; 
13. Guarde-o em local adequado. 
Guia do Teste do Olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho 
1. Prepare o material separando o oftalmoscópio; 
2. Explique ao paciente e seu acompanhante que irá realizar o exame; 
3. Conferir se está com as pilhas; 
4. Apagar as luzes. Mesmo com as luzes apagadas o ambiente deve ser escuro; 
5. Se posicionar a cerca de 30 cm do paciente (que pode estar sentado ou deitado); 
6. Retirar os óculos se for o caso; 
7. Acender o aparelho; 
8. Posicionar o oftalmoscópio encostado na sobrancelha direita ou esquerda, sendo que o orifício do aparelho 
deve ficar na altura da sua pupila; 
9. Direcionar o foco luminoso para os olhos do paciente; 
10. Examinar os olhos comparativamente avaliando a simetria da cor; 
11. Observar a luz que varia do laranja ao avermelhado. 
12. Afaste o aparelho dos olhos; 
13. Desligue-o; 
14. Guarde-o em local adequado. 
SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA 
• Homúnculo de Penfield 
“As mãos, a língua, os órgãos genitais e as características faciais são 
extremamente importantes, pois oferecem às pessoas milhares de 
informações sensoriais. Desta forma, ocupam muito espaço no 
cérebro.” 
Do latim homunculus «homem pequeno», o “Homúnculo de Penfield” 
apresenta-se como uma representação das funções do ser humano: uma 
imagem corporal que o homem tem dele mesmo. 
Esse mapa do córtex cerebral foi desenvolvido pelo Dr. Wilder Penfield (1891-1976), neurocirurgião canadiano, 
quando cuidava de pacientes com epilepsia. O seu trabalho permitiu reconhecer a correspondência de regiões 
cerebrais com áreas do corpo humano. 
Penfield percebeu que ao estimular e forma fina e eletricamente o córtex cerebral dos pacientes podia provocar e 
controlar as crises de epilepsia, e assim descobrir o foco da enfermidade. 
Podemos assim definir o homúnculo, como a representação diagramática proporcional do corpo animal em 
relação às partes destes, representadas no córtex somestésico e motor. 
 
• Dermátomos 
 
Os dermátomos são definidos como território cutâneo representado por um segmento específico da medula 
espinal, uma área da pele que é inervada por um único nervo espinhal. Especificamente, eles são controlados por 
neurônios sensoriais que surgem de um gânglio do nervo espinhal. A palavra "Dermatoma" deriva do grego e é 
dividida em "dermat", que significa "pele" e "oma", que significa "massa", podendo significar “áreas da pele”. 
De forma simplificada, os dermátomos são determinadas áreas do corpo inervados por um nervo que sai da coluna 
vertebral. Esses nervos estão relacionados entre si, uma vez que se originaram dos mesmos grupos somáticos 
(Somites são estruturas formadas nos lados do tubo neural durante a quarta semana do desenvolvimento humano) 
durante o desenvolvimento embrionário. 
→Tipos de dermátomos 
Os dermátomos, como a coluna, são divididos em quatro seções: cervical, torácica, lombar e sacral. Cada 
dermátomo é classificado de acordo com o nervo espinhal que o inerva. Ou seja, o sétimo nervo cervical inerva 
o dermátomo C7. Este dermátomo daria sensibilidade à pele do ombro, algumas partes do braço e os dedos 
indicador e anular. 
Dermatoma Cervical: Eles nutrem a pele do pescoço, pescoço, costas, braços e mãos. 
Dermátomos Torácicos: Estes cobrem a pele do interior do braço, peito, abdômen e a área do meio das costas. 
Dermatomas lombares: Eles nutrem a pele que está na região lombar, na área frontal das pernas, nas coxas 
externas e na parte superior e inferior dos pés. 
Dermátomos Sacrais: Estes cobrem a pele das áreas genital e anal, a parte de trás das pernas, a parte de trás das 
coxas e panturrilhas, além da borda externa dos pés. 
• Exame de Sensibilidade 
Reflexos exteroceptivos ou superficiais: Nesses reflexos, o estímulo é feito na pele ou na mucosa externa, por 
meio de um estilete rombo. Alguns reflexos mucosos serão vistos quando os nervos cranianos forem estudados. 
Os reflexos cutâneos habitualmente examinados são definidos a seguir. 
Reflexo cutâneo-plantar: Estando o paciente em decúbitodorsal, com os membros 
inferiores estendidos, o examinador estimula superficialmente a região plantar, 
próximo à borda lateral e no sentido posteroanterior, fazendo um leve semicírculo na 
parte mais anterior. 
A resposta normal é representada pela flexão dos dedos. A abolição desse reflexo 
ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão 
da via piramidal. A inversão da resposta normal, ou seja, a extensão do hálux (os demais 
podem ou não apresentar abertura em forma de leque), constitui o sinal de Babinski, 
um dos mais importantes elementos semiológicos do sistema nervoso que indica lesão 
da via piramidal ou corticoespinal. 
A) Exame da Sensibilidade Tátil 
Material necessário: pincel de cerdas finas (martelo) ou algodão. 
1) Mostrar o objeto a ser testado ao paciente explicando que irá tocar sua pele. 
2) Examine sempre comparando áreas simétricas. Tocar a pele ou os pelos do paciente 
com o pincel de cerdas finas e solicitar ao paciente que diga sim ao sentir o estímulo. 
Tocar a pele 3 vezes e perguntar a ele quantas vezes o tocou. 
3) Caso haja área de alteração delimitar a região com caneta para comparação com outros 
testes. 
4) Registre no prontuário através de cores ou desenhos. 
 
 
B) Exame de Sensibilidade Dolorosa 
Material necessário: alfinete, agulha ou estilete com ponta afilada. 
1) Mostrar o objeto a ser testado ao paciente explicando que irá tocar sua pele. 
2) Examine sempre comparando áreas simétricas. Solicitar ao paciente que o avise logo que 
receber uma picada. 
3) Caso haja área de alteração delimitar a região com caneta para comparação com outros 
testes. 
4) Registre no prontuário através de cores ou desenhos distintos. 
C) Exame de Sensibilidade Térmica 
Material necessário: tubo com água quente (+43°C) e outro com água fria (+10°C) 
ou com cubos de gelo. 
1) Examine sempre comparando áreas simétricas. Solicitar ao paciente que o avise 
logo que perceber se a sensação é de frio ou quente. 
2) Caso haja área de alteração role o tubo da área alterada para a área normal para 
melhor delimitação. 
3) Registre no prontuário através de cores ou desenhos distintos. 
Reflexos proprioceptivos, profundos, musculares ou miotáticos 
Reconhecem-se os tipos fásicos ou clônicos, e os tônicos ou posturais. Na pesquisa dos reflexos miotáticos fásicos 
ou clônicos, o estímulo é feito pela percussão com o martelo de reflexos do tendão do músculo a ser examinado. 
De rotina, são investigados os reflexos aquileu, patelar, flexor dos dedos, supinador, pronador, bicipital e 
tricipital. No Quadro 176.3 estão listados os elementos semiológicos fundamentais desses reflexos. 
 
Pela maneira especial como é provocado, o clônus do pé e da rótula é colocado à parte do quadro geral dos 
reflexos, os quais consistem na contração sucessiva, clônica, do tríceps sural e dos quadríceps, respectivamente, 
quando o estiramento rápido do músculo em questão é provocado e mantido. 
São encontrados na lesão da via piramidal e sempre acompanhados de exaltação dos reflexos daqueles músculos. 
Os reflexos miotáticos fásicos podem estar: normais, abolidos, diminuídos, vivos ou exaltados. Suas alterações 
podem ser simétricas ou não. O registro dos resultados deve ser feito literalmente ou por meio de sinais 
convencionais, da seguinte maneira: 
• Arreflexia ou reflexo abolido: 0 
• Hiporreflexia ou reflexo diminuído: - 
• Normorreflexia ou reflexo normal: + 
• Reflexo vivo: ++ 
• Hiper-reflexia ou reflexo exaltado: +++. 
A arreflexia ou hiporreflexia são encontradas comumente nas lesões que interrompem o arco reflexo 
(poliomielite, polineuropatia periférica, miopatia), e a hiperreflexia nas lesões da via piramidal (acidente vascular 
cerebral, neoplasia, doença desmielinizante, traumatismo). É possível, todavia, obter resposta diminuída ou 
aumentada, mesmo na ausência de doença. A experiência do examinador, somada aos outros dados semiológicos, 
possibilitará a correta interpretação dos achados. 
Nos pacientes com lesão do cerebelo, é comum a resposta em pêndulo do reflexo patelar (reflexo patelar 
pendular), consequência da hipotonia. A assimetria nas respostas dos reflexos tem grande importância, porque 
evidencia anormalidade neurológica, sendo necessário ser bem analisada conjuntamente com os outros elementos 
semióticos. 
A) Exame de Sensibilidade Dolorosa Profunda 
1) Comprimir vigorosamente tendões e músculos: tendão de Aquiles, 
musculatura da panturrilha. 
2) Hiperextender as articulações dos quirodáctilos. 
3) Examine sempre comparando áreas simétricas. 
4) Registre no prontuário. 
B) Exame de Sensibilidade Cinético-Postural 
1) Examine sempre comparando áreas simétricas. 
2) Peça para o paciente ficar com a musculatura bem relaxada. Os primeiros movimentos 
devem ter amplitude aumentada para melhor exemplificação, sendo que depois, 
devem ter amplitude reduzida e movimentos suaves. 
3) Apreenda o 1º dedo do pé ou da mão do paciente pelas faces lateral e medial. 
Flexione ou estenda o dedo e peça para o paciente informar se o mesmo está para 
cima ou para baixo. 
4) Repita o teste com as articulações proximais: interfalangeanas, metacarpianas, 
punho, cotovelo e ombro. 
5) Registre no prontuário. 
C) Exame de Sensibilidade Vibratória ou Palestesia 
1) Examine sempre comparando áreas simétricas, no caso as proeminências ósseas. 
2) Demonstre ao paciente o que será feito: aplique o diapasão em movimentos sobre o 
externo e depois com ele parado. Peça ao paciente para informar se sente a vibração ou 
somente a pressão do diapasão. 
3) Inicie o exame nos membros inferiores: falanges distais, maléolos, tuberosidades 
tibiais e cristas ilíacas. 
4) Agora teste os membros superiores: falanges distais dos polegares, tuberosidades 
do radial e ulnar, epicôndilos umerais, olécranos e acrômios. 
5) Teste o púbis. 
6) Registre no prontuário. 
 
• Exame dos Pares de Nervos Cranianos 
Os 12 nervos cranianos têm origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros, 
que, por sinal, não têm características morfológicas de nervo, e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, 
cuja origem se encontra na medula cervical. 
→ I Nervo olfatório: As impressões olfatórias são recolhidas pelos receptores da mucosa nasal e conduzidas aos 
centros corticais da olfação, situados nos hipocampos, após atravessarem os dois lobos frontais. 
No exame da olfação, empregam-se substâncias com odores conhecidos: café, canela, cravo, tabaco, álcool etc. 
De olhos fechados, o paciente deve reconhecer o aroma que o examinador colocar diante de cada narina. 
Afastadas as condições que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado comum, atrofia de mucosa), as 
alterações deficitárias (hiposmia e anosmia) ganham maior significado clínico, pois dependem de distúrbios 
neurológicos, como sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória. 
De outra parte, existem alterações da olfação por lesões corticais que compreendem os seguintes tipos: 
• Parosmia, que consiste na perversão do olfato 
• Alucinações olfatórias 
• Cacosmia, a qual é uma sensação olfatória desagradável na ausência de qualquer substância capaz de originar 
odor. 
Essas manifestações, às vezes referidas durante a anamnese, têm de ser levadas em consideração, pois podem 
representar verdadeiras crises epilépticas, por lesão do úncus hipocampal. São chamadas crises epilépticas 
uncinadas. 
Guia para Exame do Nervo Olfatório (I Par Craniano): 
Material necessário: recipientes contento substâncias aromáticas amplamente conhecidas. Exemplo: café, álcool, 
tabaco, canela, etc. 
→ Técnica: 
- Explicar o teste ao paciente; 
- Pedir para que o paciente feche os olhos; 
- O examinador irá tampar a narina contralateral a que será testada; 
- Oferecer as substâncias para olfação (idealmente 2), alternando de forma aleatória e testando separadamenteas 
duas narinas. 
→ Resultado alterado: 
- Anosmia: ausência completa de olfação 
- Hiposmia: diminuição da olfação 
- Hiperosmia: aumento da olfação 
- Parosmia: perversão da olfação 
→ II Nervo óptico: As imagens são recolhidas na retina por meio dos cones e bastonetes, e conduzidas ao centro 
da visão no lobo occipital, pelos axônios que constituem o nervo, o quiasma e o trato óptico, o corpo geniculado 
lateral e as radiações ópticas. 
O nervo óptico é examinado da seguinte maneira: 
• Acuidade visual: Pede-se ao paciente que diga o que vê na sala de exame (na parede, na mesa) ou leia alguma 
coisa. Examina-se cada olho em separado. Havendo diminuição da acuidade, fala-se em ambliopia; quando 
abolida, constitui-se em amaurose. Ambas podem ser uni ou bilaterais e costumam ser causadas por neurite 
retrobulbar, neoplasias e hipertensão intracraniana 
• Campo visual: Sentado, o paciente fixa um ponto na face do examinador, postado à sua frente. O examinador 
desloca um objeto nos sentidos horizontal e vertical, e o paciente dirá até que ponto está "percebendo" o objeto 
nas várias posições. Cada olho é examinado separadamente. A isso se denomina avaliação do campo visual ou 
campimetria. As alterações campimétricas causadas por neoplasias, infecções e desmielinização são anotadas em 
relação ao campo visual, e não à retina. Assim, hemianopsia homônima direita significa perda da metade direita 
do campo visual. Esta e outras alterações podem ser mais bem observadas na figura. 
 
• Fundoscopia: Com o oftalmoscópio, o fundo de olho toma-se perfeitamente visível. O neurologista não pode 
prescindir desse exame, que constitui verdadeira biopsia incruenta. Podem ser reconhecidos o tecido nervoso 
(retina e papila óptica) e os vasos (artérias, veias e capilares), que evidenciam fielmente o que se passa com as 
estruturas análogas na cavidade craniana. Entre as alterações que podem ser encontradas, destacam-se: a palidez 
da papila, a qual significa atrofia do nervo óptico; a estase bilateral da papila, que traduz hipertensão intracraniana, 
e as modificações das arteríolas, que aparecem na hipertensão arterial. 
Guia para Fundoscopia Direta ou Exame de Fundo de Olho (II Par de Nervo Craniano) 
O oftalmoscópio permite ter uma imagem direta do fundo ocular com uma ampliação aproximada da imagem de 
14x a 16x. 
- PREPARAÇÃO: 
- Reconhecer as estruturas do oftalmoscópio; 
- O exame é melhor realizado numa sala parcial ou completamente escura; 
- Solicita-se ao doente que tenha os dois olhos abertos e fixe um objeto à distância, à mesma altura dos seus olhos, 
mantendo os olhos fixos o quanto possível e sobretudo não seguindo a direção do feixe de luz; 
- O paciente e o médico deverão estar posicionados na frente um do outro. As suas cabeças deverão estar à mesma 
altura um do outro; 
- O médico deverá usar o seu olho direito para examinar o olho direito do doente e vice-versa. Será conveniente 
segurar o oftalmoscópio verticalmente na mão direita quando se examina o olho direito do paciente e na mão 
esquerda quando se examina o olho esquerdo; 
- O dedo indicador deverá estar sempre colocado no disco de rotação do oftalmoscópio, deste modo possibilitando 
colocar lentes convexas (+) ou côncavas (-), consoante sejam hipermetropes ou míopes, deste modo neutralizando 
as anomalias de refração do doente e do próprio olho do médico; 
- O exame do fundo ocular é realizado habitualmente sem a dilatação da pupila, sendo utilizado mais 
frequentemente para a sua observação o feixe de luz redondo do oftalmoscópio; 
- O feixe redondo de maior diâmetro utiliza-se para visualizar grandes áreas retinianas; 
- O feixe redondo de menor diâmetro permite visualizar melhor a mácula e as estruturas que necessitam de uma 
melhor definição; 
- O feixe vertical é usualmente utilizado para definir melhor as alterações de relevo da superfície retiniana; 
- O feixe de luz verde usa-se para uma melhor definição das fibras nervosas; 
- Quando se pretende visualizar alguma estrutura com um detalhe mais rigoroso pode efetuar-se a dilatação da 
pupila tomando o cuidado de avaliar-se sumariamente a abertura do ângulo iridocorneano, pela profundidade da 
câmara anterior; 
- Para tal, a gonioscopia é o exame padrão-ouro, porém realizada somente pelo oftalmologista através da lâmpada 
de fenda. Entretanto, pode-se estimar o ângulo com a iluminação perpendicular com lanterna. 
 
- Se for um ângulo estreito, não devemos efetuar a dilatação pupilar, pois existe um risco eminente de glaucoma 
agudo do ângulo fechado; 
- Os fármacos devem ser usados em 1 gota, aguardando 20 minutos para iniciar o exame e os 
utilizados mais frequentemente são isolado ou conjuntamente: 
- TROPICIL TOP 1% (tropicamida) 
- MIDRIODAVI 1% (cloridrato de ciclopentolato) 
- DAVINEFRINA (cloridatro de fenilefrina) 
→ O EXAME: 
Passo 1 – Técnica do Reflexo Vermelho (TRV): À distância de aproximadamente 
um braço do examinador, iluminam-se simultaneamente os olhos, com a maior 
abertura do diafragma, examinando-os através do oftalmoscópio. A presença de 
turbidez ou pontos enegrecidos sugere opacidade de meio ocular (TRV anormal), 
devendo-se encaminhar ao oftalmologista. 
Passo 2 – Análise da Papila ou Disco Óptico: 
- Aproxima-se o máximo possível, sempre buscando a visualização do reflexo vermelho até que apareça alguma 
estrutura do fundo de olho; 
- Focaliza-se a imagem, utilizando o conjunto de lentes do oftalmoscópio para corrigir defeitos de refração do 
examinador ou do paciente; 
- A seguir, deve-se localizar a papila óptica, procurando-a cerca de 20-30° em relação à linha média da face. Se 
visualizar primeiro um vaso sanguíneo, deverá seguir-se a sua direção até a papila óptica, iniciando-se o exame 
a partir daí; 
- Analisa-se a papila quanto a: 
 Cor: coloração deve ser rósea. 
 Forma: deve ser arredondada ou oval. 
 Limite: as bordas devem ser bem definidas, podendo haver leve borramento da borda nasal. 
 Escavação fisiológica: depressão central de cor mais pálida correspondendo a cerca de 30 a 40 % do 
diâmetro da papila. 
 
 
Normal 
Papiledema agudo Papiledema 
Glaucoma 
↑ de pressão intracraniana 
↑ de pressão dentro da retina 
 
Passo 3 – Análise dos Vasos: De dentro do olho, emergem da papila, artéria e veia central da retina, dividindo-
se nos ramos temporal superior, nasal superior, temporal inferior e nasal inferior. 
Analisa-se a trajetória (retilínea), o reflexo arteriolar normal (até 1/3 do diâmetro), e a relação do diâmetro 
arteriovenoso (2:3). No cruzamento A-V, as artérias cruzam as veias mantendo o seu trânsito e lúmen vascular 
inalterado. 
Passo 4 – Análise da Retina: Após a análise dos vasos, passamos a apreciar a retina como um todo, 
caracterizando coloração e uniformidade. É importante notar que algumas variações de coloração são fisiológicas 
e dependem da pigmentação de cada indivíduo. Procura-se por hemorragias ou exsudados patológicos. Para uma 
visualização mais abrangente da retina pela fundoscopia direta, é necessário realizar algumas manobras. Pede-se 
ao paciente para olhar para cima, visualizando a retina superior; para baixo, visualizando a retina inferior; para 
dentro (adução), visualizando a retina nasal; e para fora (abdução), visualizando a retina temporal. 
Passo 5 – Análise da mácula: 
- A visualização da mácula é feita por último, uma vez que essa região é mais sensível à luminosidade, provocando 
desconforto e escotomas; 
- É uma área avermelhada escura, arredondada e mais escura do que o resto da retina. Não tem vasos sanguíneos; 
- Para visualizá-la, pede-se ao paciente olhar diretamente para a luz; 
- Localiza-se temporal ao disco óptico, a uma distância aproximada de mais 2 diâmetros papilares do bordo 
temporal do disco óptico, ligeiramente abaixo da linha horizontal que divide a papila; 
- Em indivíduos jovens, percebe-se um reflexo na região mais central (reflexo foveolar). 
Utiliza-sea abertura em alvo para verificar a centralização macular (no estrabismo, a fóvea pode não estar 
centrada). 
Guia para Teste do Campo visual ou Campimetria de Confrontação (II Par de Nervo Craniano) 
1° Tempo: 
1) Examinador deve sentar a um metro de distância do paciente; 
2) Solicitar ao paciente que fixe seus olhos no nariz do examinador e que não os mova; 
3) O examinador estende seus braços em posição horizontal de tal forma que fiquem equidistante entre ele e o 
examinado; 
4) O examinador apresenta então estímulos (dedo, caneta, foco luminoso, brinquedo...) e pede ao paciente para 
reconhecê-los. 
2° Tempo: 
1) Cada um, examinador e paciente, oclui olho correspondente (exemplo: esquerdo do examinador e direito do 
paciente); 
2) Paciente e examinador se olham fixamente no nariz; 
3) O examinador coloca o dedo equidistante de ambos os olhos; 
4) O examinador movimenta esse dedo dentro do campo visual, afastando-o progressivamente, pedindo ao 
paciente que indique em que momento deixa de ver o dedo; 
5) Repete o mesmo procedimento para o outro olho; 
6) Supondo que o campo visual do examinador é normal, pode-se avaliar se o do paciente apresenta ou não 
alterações. 
 
Guia para Medida da Acuidade Visual (II Par de Nervo Craniano) 
Preparo do ambiente: 
1) O local deve ser calmo, bem iluminado e sem ofuscamento. A luz deve vir por trás ou dos lados da pessoa que 
vai ser submetida ao teste. Deve-se evitar que a luz incida diretamente sobre a Escala de Sinais de Snellen; 
2) A Escala de Sinais de Snellen deve ser colocada numa parede a uma distância de cinco metros da pessoa a ser 
examinada; 
3) O profissional responsável pela triagem deve fazer uma marca no piso com giz ou fita adesiva, colocando a 
cadeira de exame de forma que as pernas traseiras desta coincidam com a linha demarcada; 
4) Deve-se verificar, ainda, se as linhas de optotipos correspondentes 0,8 a 1,0 estão situadas ao nível dos olhos 
do examinado; 
Preparo para aplicação do teste: 
1) O profissional deve explicar e demonstrar o que vai fazer; 
2) Deve-se colocar a pessoa próxima à Escala de Sinais de Snellen e pedir-lhe que indique a direção para onde 
está voltado cada optotipo; 
3) O profissional deve ensinar o examinado a cobrir o olho sem comprimi-lo e lembrá-lo que, mesmo sob o 
oclusor, os dois olhos devem ficar abertos. 
A aplicação da técnica: 
1) A pessoa que usar óculos para longe deve mantê-los durante o teste; 
2) Para apontar o optotipo o profissional deve colocar o apontador em posição vertical, passando em cima e 
repousando abaixo do optotipo; 
3) A medida da acuidade visual sempre deve ser realizada primeiramente no olho direito iniciando com optotipos 
maiores e continuando a sequência da leitura até onde a pessoa consiga enxergar sem dificuldade; 
4) É muito comum a troca da anotação dos dados do olho direito com o olho esquerdo. Por isso, anotar sempre 
os resultados do olho direito entes de iniciar o teste com o olho esquerdo; 
5) O profissional deve mostrar pelo menos dois optotipos de cada linha. Se o examinado tiver alguma dificuldade 
numa determinada linha, mostrar um número maior de sinais da mesma linha. Caso a dificuldade continue, voltar 
à linha anterior; 
6) A acuidade visual registrada será o número decimal ao lado esquerdo da última linha em que a pessoa consiga 
enxergar mais da metade dos optotipos. Exemplo: numa linha com 6 optotipos, o examinado deverá enxergar no 
mínimo 4; 
7) Todos os pacientes que não atingirem 0,7 devem ser retestados. Valerá o resultado em que a medida da 
acuidade visual foi maior. É comum ocorrer erros na primeira medida; 
8) Se a pessoa que estiver sendo examinada não conseguir identificar corretamente o optotipo maior, deverá ser 
anotado Acuidade Visual (AV) como menor que 0,1 (<0,1). 
 
→III Nervo oculomotor, IV nervo troclear e VI nervo abducente 
Esses três nervos são examinados em conjunto, pois inervam os vários músculos que têm por função a motilidade 
dos globos oculares. Tais músculos compreendem o reto mediai, o reto superior, o reto inferior, o oblíquo inferior 
(inervados pelo oculomotor), o oblíquo superior (inervado pelo troclear) e o reto lateral (inervado pelo 
abducente). O III nervo inerva também a musculatura elevadora da pálpebra. A investigação semiológica desses 
nervos pode ser sistematizada da seguinte maneira. 
Motilidade extrínseca: A posição do globo ocular é dada pelo funcionamento harmônico dos vários músculos. 
Caso haja predomínio de um deles (por paresia ou paralisia de seu antagonista), ocorre o que se chama estrabismo 
(desvio do olho de seu eixo normal), que pode ser horizontal (convergente ou divergente) ou vertical (superior 
ou inferior), e isso vai depender se o desvio é em uma ou em outra direção. Na presença de estrabismo, pelo 
menos na fase inicial, o paciente reclama de visão dupla ou diplopia. 
O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: estando o paciente 
com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. No 
exame simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular, que é feita aproximando gradativamente um 
objeto dos olhos do paciente. 
A Figura 176.22 mostra o esquema da paralisia da musculatura extrínseca dos olhos. 
 
As causas mais frequentes de lesões dos nervos oculomotores são traumatismos, diabetes melito, aneurisma 
intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasias da região selar. 
Motilidade intrínseca: O exame da pupila é feito em seguida ao estudo da motilidade extrínseca dos globos 
oculares. A íris é formada por fibras musculares lisas e apresenta uma camada externa, radiada, inervada pelo 
simpático cervical, e uma camada interna, circular, que recebe a inervação parassimpática. Esta tem origem no 
mesencéfalo, no núcleo de Edinger-Westphal, e suas raízes alcançam o olho por intermédio do III nervo, que 
constitui a sua via eferente. A via aferente corresponde às fibras pupilomotoras, as quais têm origem na retina e 
transitam pelo nervo óptico. 
A pupila é normalmente circular, bem centrada e tem um diâmetro de 2 a 4 mm. Ressalte-se que o diâmetro 
pupilar é o resultado do funcionamento equilibrado entre os dois sistemas autônomos - simpático e 
parassimpático. 
A irregularidade do contorno pupilar é chamada discoria; quando o diâmetro se acha aumentado, fala-se em 
midríase; o contrário, miose; a igualdade de diâmetros denomina-se isocoria; e a desigualdade, anisocoria: 
 
Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso (lanterna de bolso) e pela convergência 
ocular. Em ambiente de pouca luminosidade, o paciente deve olhar para um ponto mais distante. O examinador 
incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a 
contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. 
Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto, e as pupilas se contrairão normalmente - é o reflexo da 
acomodação. Os reflexos podem estar normais, diminuídos ou abolidos. A abolição pode abranger todos os 
reflexos ou ser dissociada. Assim, na lesão unilateral do oculomotor, a pupila entra em midríase homolateral 
(predomínio do simpático) e não responde a estímulo algum - é chamada midríase paralítica. A pupila oposta 
permanece normal. Na lesão bilateral da via aferente (fibras pupilomotoras que estão juntas com o nervo óptico), 
os reflexos fotomotor direto ou consensual estão abolidos, enquanto o reflexo de acomodação está preservado. 
Outro exemplo é representado pela lesão da via aferente do lado direito: se o estímulo for aplicado à direita, os 
reflexos direto e consensual estarão abolidos; se for à esquerda, ambos os reflexos estarão normais, o que significa 
que o reflexo de acomodação está preservado. 
Existem duas alterações pupilares, classicamente conhecidas, quesão o sinal de Argyll-Robertson e a síndrome 
de Claude Bernard-Homer. 
O sinal de Argyll-Robertson consiste basicamente em miose bilateral, abolição do reflexo fotomotor e presença 
do reflexo de acomodação. 
Foi tido por muito tempo como patognomônico da sífilis nervosa. Na verdade, sabe-se hoje que ele pode depender 
de várias outras causas. A lesão responsável pelo sinal de Argyll-Robertson situa-se na região periaquedutal, no 
mesencéfalo. 
A síndrome de Claude Bernard-Horner é caracterizada por miose, enoftalrnia e diminuição da fenda palpebral. 
Decorre de lesão do simpático cervical (traumatismo, neoplasia do ápice pulmonar, pós-cirurgia cervical). 
Guia para Exame do Grupo Oculomotor (III, IV e VI Pares de Nervo Craniano) 
Função: inervam a musculatura extrínseca do olho (IIIº, IVº e VIº) e a musculatura intrínseca (pupilar) do olho 
(IIIº). 
Músculos Oculomotores 
-Reto superior 
-Reto inferior 
-Reto medial Vias internucleares 
-Oblíquo inferior 
-Oblíquo superior} IVº Par 
-Reto lateral} VIº Par 
Pesquisar: 
1) Diplopia: estrabismo 
- Deslocar um objeto pelo campo visual na direção do músculo parético. Caso haja aumento da diplopia pode-se 
inferir qual músculo foi afetado. 
 
 
}
 
 
IIIº PAR 
2) Exploração de Motilidade Extrínseca 
A) Ocular: 
- Fixar a cabeça do paciente com a mão esquerda na distância de um braço do examinador. 
- Com o indicador da mão direita fazer movimentos em todas as direções. 
- Repetir as manobras com o outro olho. 
B) Palpebral: 
- Verificar simetria das bordas ciliares com a íris 
3) Exploração de Motilidade Intrínseca – Reflexos Pupilares 
A) Fotomotor 
- Ambiente com pouca luz 
- Paciente deve olhar para longe 
- Ocluir o olho não examinado 
- Incidir feixe de luz sobre a pupila 
- Pupila se contrairá 
- Examinar um olho de cada vez 
B) Consensual 
- Ambiente com pouca luz 
- Paciente deve olhar para longe 
- Incidir feixe de luz sobre a pupila 
- Pupila do outro olho se contrairá 
- Examinar um olho de cada vez 
C) Acomodação-Convergência 
- Paciente deve olhar para o infinito: pupilas se dilatam 
- Pedir que olhe para o seu dedo a 15cm: convergência ocular com contração pupilar 
→ V Nervo trigêmeo: O trigêmeo é nervo misto, constituído de várias raízes: 
• Raiz motora, representada pelo nervo mastigador, que inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, 
masseter e pterigóideos). Avalia-se a lesão unilateral da raiz motora pela observação dos seguintes elementos: 
- Atrofia das regiões temporais e masseterinas 
- A abertura da boca promove desvio da mandíbula para o lado da lesão 
- Ao trincar os dentes, nota-se debilidade do lado paralisado 
- Há dificuldade do movimento de lateralização da mandíbula 
• Raízes sensoriais que compreendem os nervos oftálmico, maxilar e mandibular, 
cuja distribuição na face se vê na figura: 
As raízes sensoriais responsabilizam-se pela sensibilidade geral da metade anterior 
do segmento cefálico. 
O exame dessas raízes é semelhante ao da sensibilidade superficial, estudada 
anteriormente, cabendo apenas acrescentar a pesquisa da sensibilidade corneana, 
feita com uma mecha de algodão que toca suavemente entre a esclerótica e a córnea. 
O paciente deve estar com os olhos virados para o lado oposto, a fim de perceber o menos possível a prova. A 
resposta normal é a contração do orbicular das pálpebras, daí a denominação de reflexo córneo-palpebral. 
As alterações do trigêmeo podem ser consequência de herpes-zóster, traumatismo e neoplasias. Comprometida a 
raiz sensorial, o paciente vai referir dor, limitada à área correspondente à sua distribuição. Em tais casos, usa-se 
a designação de neuralgia do trigêmeo ou de trigeminalgia. Cumpre diferenciar a trigeminalgia secundária da 
essencial ou idiopática. Entre as características que as diferenciam, sobressai o fato de que, na essencial, não se 
encontram alterações objetivas deficitárias de sensibilidade da face, enquanto, na secundária, tais alterações estão 
presentes. 
Guia para Exame do Nervo Trigêmeo (V Par de Nervo Craniano) 
Função: sensibilidade facial e motricidade dos músculos mastigatórios (ramos oftálmico, maxilar e mandibular) 
Função Motora: 
A) Inspeção: 
- Observar posição da mandíbula 
- Observar a região da fossa temporal 
B) Palpação: 
- Pedir ao paciente que mastigue 
- Palpar a fossa temporal observando a força e tônus musculares 
- Pedir ao paciente que feche a boca com força 
- Palpar a fossa temporal observando a tensão muscular 
- Solicitar ao paciente para abrir a boca; observar desvio 
- Solicitar que o paciente abra e feche a boca 
C) Reflexo Corneano 
- Pedir ao paciente que olhe para o lado 
- Encostar um algodão vagarosamente na córnea oposta ao lado para o qual o paciente está olhando 
- Espera-se que o paciente feche os olhos 
D)Reflexo Masseterino 
- Pedir ao paciente que deixe a boca semi aberta 
- Colocar o indicador paralelo ao lábio inferior do paciente 
- Percutir com o martelo sobre o dedo 
- Espera-se um leve fechamento da boca 
Função Sensitiva: 
A) Sensibilidade superficial 
- Passe um algodão nos lados direito e esquerdo da face 
- Investigue dor 
- Investigue sensibilidade térmica 
→ VII Nervo facial: Do ponto de vista semiológico, interessa a parte motora do nervo facial, a qual se divide 
anátomo clinicamente em dois ramos – temporofacial e cervicofacial -, os quais se distribuem para a musculatura 
da mímica facial. 
Para fazer o exame do nervo facial, solicita-se ao paciente enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as 
pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma ou músculo cutilar do 
pescoço. Na paralisia unilateral, observam-se lagoftalmia (o olho permanece sempre aberto); ausência do ato de 
piscar; epífora (lacrimejamento); desvio da boca para o lado normal, sobretudo quando se pede ao paciente que 
mostre os dentes ou abra amplamente a boca, e incapacidade para contrair o platisma, assobiar e manter a boca 
inflada. A paralisia da face se chama prosopoplegia e, 
quando bilateral, fala-se em diplegia facial. 
Cerca de 80% dessas paralisias são chamadas a frigore e têm 
caráter benigno. Admite-se, atualmente, que essas paralisias 
sejam provocadas por infecções virais, acompanhadas de 
reação edematosa do nervo. Outras causas incluem o 
diabetes melito, as neoplasias, a otite média, os 
traumatismos, o herpes-zóster e a hanseníase. Na 
hanseníase, a paralisia pode ser incompleta do tipo 
ramuscular, isto é, apenas ramos terminais são lesados. 
Tem importância prática a distinção entre a paralisia por 
lesão do nervo facial (paralisia infranuclear ou periférica) e 
aquela por lesão da via corticonuclear ou feixe geniculado 
(paralisia central ou supranuclear). No tipo periférico, toda 
a hemiface homolateral é comprometida, enquanto, na 
central, somente a metade inferior da face contralateral se 
mostra alterada. Este último tipo ocorre com frequência nos 
acidentes vasculares e nas neoplasias cerebrais. 
Resta fazer algumas considerações sobre o nervo intermédio ou nervo intermediário de Wrisberg, que tem curto 
trajeto junto ao nervo facial. Por um de seus ramos principais (corda do tímpano), o nervo intermédio recolhe as 
impressões gustativas dos dois terços anteriores da língua. 
Às vezes, na vigência de paralisia facial periférica, é possível caracterizar alguma anormalidade da gustação, seja 
por informação do paciente, seja mediante exame desse sensório. Para isso, são empregadas soluções saturadas 
com os sabores doce, amargo, salgado e ácido, colocadas na língua para serem identificadas pelo paciente. Não 
se esqueça de que, entre uma e outra prova, a boca deve ser lavada convenientemente. 
Guia para Exame do Nervo Facial (VII Par de Nervo Craniano) 
Função: movimentar a musculatura mímica, sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua, glândulas 
lacrimais, submandibular e sublingual, sensibilidadeextereoceptiva de uma parte da orelha. 
Função Motora: 
Inspeção: 
- Observar a face do paciente em repouso 
- Pedir que o paciente enrugue a fronte, feche os olhos com força, abra a boca 
- Pedir que o paciente mostre os dentes, encha a boca de ar 
- Pedir que o paciente abra a boca contra a força do examinador 
Função Sensitiva: 
Sensibilidade gustativa 
- Pedir que o paciente mostre a língua 
- Coloque alternadamente algodão embebido em substâncias salgada, amarga, doce 
e azeda 
- Pergunte se o paciente sente gosto e se pode identificá-lo 
- Limpar a boca com água entre os exames 
- Examinar apenas os 2/3 anteriores 
Sensibilidade Extereoceptiva 
- Testar a sensibilidade tátil da orelha com algodão ou pincel. 
→ VIII Nervo vestibulococlear: É constituído por duas raízes: a coclear, incumbida da audição, e a vestibular, 
responsável pelo equilíbrio. O VIII nervo é objeto da neuro-otologia, à qual compete seu exame por requerer 
aparelhagem especializada. 
No exame neurológico de rotina, faz-se apenas uma exploração mais ou menos grosseira das duas raízes, coclear 
e vestibular, desse nervo. 
A raiz coclear é avaliada pelos seguintes dados e manobras: 
• Diminuição gradativa da intensidade da voz natural 
• Voz cochichada 
• Atrito suave das polpas digitais próximo ao ouvido 
• Prova de Rinne, que consiste em aplicar o diapasão na região mastoide. Quando o paciente deixar de ouvir a 
vibração, coloca-se o aparelho próximo ao conduto auditivo. Em condições normais, o paciente acusa a percepção 
do som (Rinne positivo). Transmissão óssea mais prolongada que a aérea (Rinne negativo) significa deficiência 
auditiva de condução. 
As alterações auditivas são representadas por sintomas deficitários (hipoacusia) ou de estimulação (zumbido, 
hiperacusia e alucinações). Afastadas as causas de diminuição ou a abolição da acuidade por transmissão aérea 
(tamponamento por cerume, otosclerose), as causas mais comuns de lesão da raiz coclear são a rubéola, o 
neurinoma, a fratura do rochedo, a intoxicação medicamentosa e a síndrome de Méniere. 
Já os sintomas irritativos (zumbidos) podem estar ou não associados a déficit de audição, ou depender de focos 
corticais (alucinações), ou, ainda, acompanhar a paralisia facial periférica (hiperacusia). 
O acometimento da raiz vestibular é reconhecível pela anamnese, quando as queixas do paciente incluem estado 
vertiginoso, náuseas, vômitos e desequilíbrio. A vertigem corresponde a uma incômoda e ilusória sensação de 
deslocamento do corpo ou dos objetos, sem alteração de consciência. 
A investigação da raiz vestibular compreende a pesquisa de nistagmo, desvio lateral durante a marcha, desvio 
postural, sinal de Romberg e provas calórica e rotatória. 
O nistagmo consiste em movimentos oculares ritmados, com dois componentes: um rápido e outro lento. O 
nistagmo pode ser espontâneo ou provocado e compreende os tipos horizontal, vertical, rotatório e misto. 
Quando há desvio postural durante a marcha, observa-se lateropulsão para o lado da lesão. Se o paciente estiver 
de pé ou sentado com os olhos fechados e os membros superiores estendidos para frente e elevados em ângulo 
reto com o corpo, os braços irão desviar-se para o lado do labirinto lesado, e o corpo tenderá a cair para este 
mesmo lado. Sinal de Romberg positivo, com desequilíbrio do corpo para o lado lesado. 
Provas calórica e rotatória: São realizadas em gabinete de neurootologia, pois requerem equipamento 
especializado. Pelo estímulo dos labirintos com água quente e fria (prova calórica) e uma cadeira giratória (prova 
rotatória), é possível diagnosticar comprometimento do nervo vestibular e de suas vias. 
As causas de lesões da raiz vestibular são as mesmas que comprometem a coclear. Em algumas situações clínicas, 
ambos os ramos são comprometidos simultaneamente, como no caso da clássica síndrome de Méniere, a qual 
consiste em crises de zumbidos, vertigens, desequilíbrio, náuseas e vômitos, além de gradativa hipoacusia que se 
agrava a cada novo episódio. 
Guia para Exame do Nervo Vestibulococlear (VIII Par de Nervo Craniano) 
Função: Ramo coclear – audição Ramo vestibular – equilíbrio, postura 
Exame coclear: investiga alteração auditiva e determina se a alteração é do tipo perceptiva (neurossensorial) ou 
transmissiva (condução) 
- Ocluir o ouvido não explorado com algodão 
- Aproximar um relógio (ou falar baixo ou atritar mecha de cabelos entre os dedos) do ouvido do paciente 
- Afastar o relógio do ouvido pedindo que o paciente avise quando parar de ouvir 
- Repetir o exame no outro ouvido 
- Comparar as respostas 
Quando há alteração auditiva: 
- Determinar se a surdez é de transmissão ou de percepção realizando as Provas de Weber e de Rinne 
- Prova de Weber: 
- Material: diapasão de 256 Hz 
- Vibrar o diapasão 
- Colocá-lo na fronte do paciente 
- Resultados: Weber indiferente (audição normal bilateral), Weber lateralizado para o melhor ou pior lado 
- Hipoacusia neurossensorial: o som é melhor percebido no ouvido onde a audição é melhor 
- Hipoacusia de condução: o som é melhor percebido no ouvido onde a audição é pior 
- Prova de Rinne 
- Material: diapasão de 256 Hz 
- Vibrar o diapasão 
- Colocá-lo na mastoide 
- Colocá-lo ao lado do ouvido 
- Repetir do outro lado 
- Resultados: Rinne normal ou positivo (audição normal e hipoacusia neurossensorial), Rinne negativo 
(hipoacusia de transmissão) 
- Princípio: a via aérea é mais sensível que a via óssea 
- Hipoacusia neurossensorial: o som é melhor percebido com o diapasão ao lado do ouvido 
- Hipoacusia de condução: o som é melhor percebido ao contato com a mastóide 
Exame vestibular: 
a) Nistagmo: 
- Solicitar ao paciente que olhe para cima, para baixo, para as laterais 
b) Desvio postural: 
- Prova do desvio dos indicadores de Barany: 
- Pedir ao paciente para fechar os olhos 
- Solicitar ao paciente que estenda seus braços horizontalmente, com os indicadores apontados para frente 
- Destruição unilateral do labirinto: braços se movem na direção do lado afetado 
- Irritação unilateral do labirinto: braços se movem na direção do lado são 
- Sinal de Romberg: 
- Paciente em pé com braços estendidos ao lado do corpo 
- Pedir ao paciente para fechar os olhos 
- Lesão unilateral: tendência a queda ipsilateral 
c) Alterações da marcha - Marcha em estrela de Babinski-Weil: 
- Pedir ao paciente para fechar os olhos 
- Solicitar ao paciente que dê alguns passos para frente e para trás 
- Repetir este procedimento de 5 a 7 vezes 
- Lesão unilateral: tendência ao desvio da marcha para o lado lesado 
- Manobra da marcha sobre o mesmo lugar: 
- Pedir ao paciente para fechar os olhos 
- Orientá-lo a dar passos no mesmo lugar levantando bem os joelhos 
- Lesão unilateral: paciente roda sobre seu próprio eixo vertical na direção do lado lesado 
d) Provas calóricas 
- Realizar otoscopia 
- Deitar o paciente com a cabeça fletida a 30° 
- Instilar água quente ou fria no conduto auditivo externo 
- Observar latência entre a instilação de água e o aparecimento de nistagmo (normal 40 segundos) e sua duração 
(normal 100 segundos) 
- Observar se o labirinto se encontra normo, hipo ou hiperfuncionante. 
→ IX Nervo glossofaríngeo e X nervo vago: Pelas estreitas ligações quanto à origem, ao trajeto e à distribuição, 
esses nervos são examinados em conjunto. Algumas funções estão imbricadas entre si; outras, porém, 
correspondem a um ou a outro nervo especificamente. O exame do X nervo inclui o ramo interno do XI, que é 
motor, tem origem bulbar e se une em curto trajeto ao nervo vago. 
A lesão unilateral do glossofaríngeo pode exteriorizar-se por distúrbios da gustação do terço posterior da língua 
(hipogeusia e ageusia); no entanto, esse exame não é habitualmente realizado. Pode aparecer disfagia. Mais 
raramente ocorre dor, em tudo semelhante à trigeminalgia, exceto quanto à sede, que é na fossa amigdaliana. 
Na lesão unilateral do IXe do X nervos, observam-se: desvio do véu palatino para o lado normal, quando o 
paciente pronuncia as vogais a ou e; desvio da parede posterior da faringe para o lado normal (sinal da cortina) 
pela cuidadosa estimulação; disfagia com regurgitação de líquidos pelo nariz, e diminuição ou abolição do reflexo 
velopalatino. 
A lesão isolada do X nervo, a qual envolve apenas o ramo laríngeo, determina considerável disfonia. A porção 
autonômica (nervo vago) não é examinada rotineiramente. 
As causas mais frequentes de lesão dos nervos IX e X, ou de seus ramos, são: neuropatia diftérica, neoplasia do 
mediastino, esclerose lateral amiotrófica, siringobulbia e traumatismo. 
Guia para Exame do Nervo Glossofaríngeo (IX Par de Nervo Craniano) 
Função: mecanismos deglutivos, sensibilidade gustativa no 1/3 posterior da língua, sensibilidade da mucosa 
amigdaliana, trompa de Eustáquio, véu palatino, parede da faringe, inervação parassimpática da parótida, 
extereocepção de uma pequena porção do pavilhão auricular, pele do conduto auditivo externo. 
- Raramente há patologia que afeta apenas este nervo. Geralmente há lesão do Xº e XIº Pares (emergem juntos 
do crânio) 
Sensibilidade Gustativa 
- Pedir ao paciente para mostrar a língua 
- Coloque alternadamente algodão embebido em substâncias salgada, amarga, doce e azeda 
- Pergunte se o paciente sente gosto e se pode identifica-lo 
- Limpar a boca com água entre os exames 
- Examinar apenas o 1/3 posterior 
Sensibilidade da região posterior da faringe, dos pilares e do véu palatino 
- Peça ao paciente que abra a boca 
- Com um abaixador de língua encoste nestas regiões 
Reflexo faríngeo 
- Encoste um abaixador de língua na parede posterior da faringe 
- Observe a contração das paredes 
- Solicite que o paciente pronuncie a letra A com a boca bem aberta 
- Nos casos patológicos não há movimentação da parede no lado lesado 
Guia para Exame do Nervo Vago (X Par de Nervo Craniano) 
Função: inervação motora do véu palatino, faringe e laringe, inervação parassimpática para as vísceras torácicas 
e abdominais, recebe informação da sensibilidade visceral, sensibilidade superficial de pequena porção do 
pavilhão auricular e da pele do conduto auditivo externo. 
Função motora do véu palatino 
- Paciente deve abrir a boca 
- Observar: sua posição, tensão, posição da úvula e da rafe média em repouso 
- Pedir ao paciente que diga A; observar os elementos anteriores 
- Em caso de paralisia unilateral há desvio das estruturas para o lado são 
- Pedir ao paciente para beber um copo de água 
- Na paresia velopalatina há refluído de água pelo nariz 
Função motora da laringe 
- Examina-se através de rinoscopia posterior ou laringoscopia 
- Lesões unilaterais provocarão paralisia da corda vocal ipsilateral 
Prova de função parassimpática 
- Pedir ao paciente para abrir a boca 
- Encostar um abaixador de língua na parede posterior da faringe 
- Observar se há reflexo nauseoso 
→ XI Nervo acessório: Essencialmente motor, interessa aqui o exame do ramo externo, de origem medular 
cervical, de trajeto ascendente, que penetra na cavidade craniana pelo forame occipital e dela sai pelo forame 
jugular, juntamente com os nervos IX e X. Inerva os músculos esternocleidomastóideo e a porção superior do 
trapézio. A lesão do acessório por traumatismo, esclerose lateral amiotrófica ou siringomielia tem como 
consequência atrofia desses músculos, deficiência na elevação do ombro (trapézio) e na rotação da cabeça para o 
lado oposto (esternocleidomastóideo) do músculo comprometido. 
Guia para Exame do Nervo Acessório (XI Par de Nervo Craniano) 
Função: inervação da laringe, do trapézio e esternocleidomastóideo 
Inspeção: 
- Pedir ao paciente para tirar a camisa 
- Observar assimetria da musculatura do pescoço, ombro e escápula 
Função motora: 
- Pedir ao paciente que levante os braços em posição horizontal 
- Palpar músculos do ombro 
- Pedir ao paciente que abaixe os braços e os deixe ao lado do corpo 
- Colocar as mãos sobre os ombros do paciente forçando-os para baixo 
- Pedir ao paciente que os levante 
- Colocar uma mão em um lado da cabeça do paciente e oferecer resistência 
- Pedir que ele gire o pescoço para o mesmo lado onde está sua mão 
→ XII Nervo hipoglosso: Trata-se de um nervo exclusivamente motor, o qual se origina no bulbo e se dirige 
para os músculos da língua. Investiga-se o hipoglosso pela inspeção da língua - no interior da boca ou 
exteriorizada -, movimentando-a para todos os lados, forçando-a de modo que vá de encontro à bochecha e, por 
fim, palpando-a, para avaliação de sua consistência. 
Nas lesões unilaterais do hipoglosso, observam-se atrofia e fasciculação na metade comprometida. Ao ser 
exteriorizada, a ponta da língua se desvia para o lado da lesão. Às vezes, ocorre disartria para as consoantes 
linguais. Nas lesões bilaterais, as manifestações compreendem atrofia, fasciculação, paralisia, acentuada disartria 
e dificuldade para mastigar e deglutir (a língua auxilia esses atos). 
As causas da lesão do hipoglosso são praticamente as mesmas já assinaladas para os nervos IX, X e XI. 
Guia para Exame do Nervo Hipoglosso (XII Par de Nervo Craniano) 
Função: inervação da musculatura da língua. 
Inspeção: 
- Pedir ao paciente para abrir a boca 
- Observar trofismo da língua e fasciculações 
Palpação: 
- Palpar cada hemilíngua entre o polegar e indicador 
- Comparar os lados 
Função motora: 
- Pedir ao paciente que ponha a língua para fora movimentando-a em todas as direções 
- Lesão provoca hemiatrofia ipsilateral com fasciculações e desvio para o lado afetado. 
• Ausculta Cardiovascular 
A ausculta do coração continua sendo um recurso indispensável para o 
diagnóstico das enfermidades cardíacas, mesmo quando se dispõe de 
todos os métodos complementares existentes. 
→Focos ou áreas de ausculta: A demarcação de focos ou áreas de 
ausculta não significa que o examinador colocará o receptor do 
estetoscópio apenas nesses locais. Em uma ausculta cardíaca correta, 
todo o precórdio e as regiões circunvizinhas, incluindo a região axilar 
esquerda, o dorso e o pescoço, precisam ser auscultados. Os clássicos focos servem como pontos de referência 
porque, nas regiões correspondentes a eles, encontram-se as informações mais pertinentes às respectivas valvas. 
Não se esqueça também de que os focos de ausculta 
não correspondem às localizações anatômicas das 
valvas que lhes emprestam o nome. Como mostra a 
Figura das valvas e dos anéis orovalvares concentra-
se na região correspondente à metade inferior do 
esterno, enquanto os focos ou áreas de ausculta 
localizam-se nas seguintes regiões: 
O foco ou área mitral situa-se no 5° espaço 
intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e 
corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração. Cumpre salientar, todavia, que, nos pacientes com cardiomegalia 
acentuada, este foco desloca-se lateralmente na direção da linha axilar anterior. Por isso, antes de começar a 
ausculta do coração, é indispensável localizar o ictus cordis, pois, nesta área, melhor serão percebidos os 
fenômenos estetoacústicos - alterações de bulhas, estalidos, sopros -originados em uma valva mitral estenótica 
e/ou insuficiente. 
O foco ou área pulmonar localiza-se no 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. É neste foco em que 
se têm as condições ideais para a análise dos desdobramentos - fisiológico ou patológico - da 2ª bulha pulmonar. 
Cumpre notar que os fenômenos acústicos originados nas valvas pulmonares, normais ou lesadas, são audíveis 
apenas nesta área, pouco ou nada se irradiando para os demais focos. 
O foco ou área aórtica situa-se no 2° espaço intercostal direito, justaesternal. No entanto, deve-se estar 
consciente de que, muitas vezes, o melhor local para perceber os fenômenos acústicos de origem aórtica é a área 
compreendida entre o 3° e o 4º espaço intercostal esquerdo, nas proximidades do esterno, à qual se dá adenominação de foco aórtico acessório. 
O foco ou área tricúspide corresponde à base do apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos 
acústicos originados na valva tricúspide - principalmente o sopro sistólico indicativo de insuficiência desta valva 
– costumam ser mais percebidos nas proximidades da área mitral. Por isso, como se verá mais adiante, é 
indispensável auscultar o coração durante a inspiração profunda, com o que se obtém intensificação do sopro se 
ele for de origem tricúspide. 
Fazem parte da rotina de ausculta do coração outras áreas no precórdio e nas adjacências, dentre as quais se 
destacam as seguintes: 
• Borda esternal esquerda, que corresponde à região situada entre a área pulmonar e a tricúspide 
• Borda esternal direita, que vai do foco aórtico ao 5º espaço intercostal direito, justaesternal 
• Endoápex ou mesocárdio, que é a área situada entre o foco tricúspide, o foco mitral e o aórtico acessório 
• Regiões infra e supraclaviculares, direita e esquerda 
• Regiões laterais do pescoço, muito importantes para a caracterização do sopro de estenose aórtica cuja irradiação 
segue a direção do fluxo sanguíneo ejetado pelo ventrículo esquerdo 
• Regiões interescapulovertebrais, principalmente a região interescapulovertebral esquerda, em que melhor se 
ausculta, com frequência, o sopro da persistência do canal arterial. 
→Semiotécnica 
Para fazer uma boa ausculta do coração, o examinador deve levar em conta os seguintes aspectos: o estetoscópio, 
ambiente em que se faz ausculta, posição do paciente e do examinador, orientação do paciente, escolha do 
receptor adequado, aplicação correta do receptor, manobras especiais. 
- Estetoscópio: Existem vários modelos de estetoscópio, todos eles constituídos dos mesmos componentes, com 
pequenas variações na forma e na qualidade do material, sem que isso altere 
de maneira significativa a capacidade de captar, ampliar e conduzir os sons 
produzidos no coração. 
Seus componentes são as olivas ou peças auriculares, uma armação metálica 
provida de mola, tubos de borracha e receptores. 
Olivas auriculares ou peças auriculares são pequenas peças cônicas que 
propiciam uma perfeita adaptação ao meato auditivo, de modo a criar um 
sistema fechado entre o ouvido e o aparelho. 
A armação metálica provida de mola põe em comunicação as peças auriculares com os tubos de borracha. A 
armação metálica, ao se encurvar para dentro, desvia-se ligeiramente para frente, de modo a estabelecer uma 
conexão retilínea entre esta e o conduto auditivo. A mola metálica serve para proporcionar um perfeito ajuste do 
aparelho. É necessário que a mola não seja muito rígida nem muito flexível; no primeiro caso, torna-se incômoda; 
no segundo, a conexão fica imperfeita, com prejuízo para a transmissão dos sons. 
Os tubos de borracha, em geral, têm um diâmetro entre 0,3 e 0,5 cm e comprimento de 25 a 30 cm. Essas 
medidas são consideradas as que possibilitam o melhor rendimento acústico para o aparelho. 
Os receptores podem ser de 2 tipos: o de campânula e o de diafragma. A campânula usual tem um diâmetro de 
2,5 cm. O receptor de campânula é mais sensível aos sons de menor frequência. O receptor de diafragma dispõe 
de uma membrana semirrígida e tem diâmetro de 3 a 3,5 cm. Este último tipo é adequado para a ausculta em 
geral. Há conveniência em adotar um modelo que tenha acoplado os 2 tipos de receptores, acrescido de um 
mecanismo que ponha em ação o receptor que se queira usar. 
- Ambiente de ausculta: Um ambiente silencioso é condição indispensável para levar a cabo uma boa ausculta, 
pois os ruídos cardíacos são de pequena intensidade e, para ouvi-los, é necessário completo silêncio. Conversas, 
barulhos produzidos por veículos e outras máquinas impossibilitam a realização de uma boa ausculta. 
- Posição do paciente e do examinador: O médico e o paciente devem posicionar-se comodamente no momento 
da ausculta, que será efetuada com o paciente nas posições deitada, sentada e em decúbito lateral esquerdo. Às 
vezes, usa-se outra posição na qual o paciente se põe de pé, debruçando-se sobre a mesa de exame ou sobre o 
próprio leito. 
A posição padrão é o decúbito dorsal com a cabeça apoiada em um 
pequeno travesseiro, com o tórax completamente descoberto. O 
médico fica do lado direito, de pé ou sentado, conforme a altura da 
cama ou da mesa de exame. 
Outra posição de rotina é com o paciente de pé ou sentado na beira 
do leito ou em uma cadeira, com o tórax ligeiramente inclinado para 
frente. O examinador põe-se de pé do lado direito do doente. Esta 
última posição é mais propícia para a ausculta dos fenômenos 
estetoacústicos originados na base do coração. 
Uma terceira posição é a do paciente deitado em decúbito lateral 
esquerdo com a mão esquerda na cabeça (desse modo, evita-se que o 
braço fique acolado ao tórax, impedindo livre acesso ao precórdio). 
O médico continua de pé do lado direito. Esta posição é mais adequada para auscultar os fenômenos da área 
mitral. Assim, algumas vezes, a 3ª bulha é mais audível em decúbito lateral esquerdo. Fato corriqueiro, também, 
é a melhor audibilidade do sopro diastólico da estenose mitral nesta posição. 
Quando há hipofonese das bulhas ou quando se quer exacerbar os sons originados na base do coração, solicita-
se ao paciente que assuma a posição de pé, debruçando-se sobre a mesa de exame. Assim postado, obtém-se 
maior aproximação do coração à parede torácica, tomando as bulhas e os outros sons mais audíveis. 
- Orientação do paciente: As solicitações feitas ao doente devem ser claras. Assim, quando se deseja que ele 
altere seu modo de respirar- aumentar a amplitude, inspirar profundamente, expirar de modo forçado, parar a 
respiração -, isso deve ser feito em linguagem simples e clara. Quando se deseja, por exemplo, que o paciente 
faça uma expiração forçada, a melhor maneira de obtê-la será pedir-lhe que esvazie o peito soprando todo o ar 
que for possível. 
- Escolha do receptor adequado: Esta escolha inclui o tipo e o tamanho do receptor. De maneira geral, deve ser 
usado o receptor de diafragma de menor diâmetro, sendo efetuada toda a ausculta com ele. Contudo, algumas 
particularidades de valor prático devem ser ressaltadas, destacando-se o fato de que o receptor de diafragma é 
mais apropriado para ouvir ruídos de alta frequência, enquanto a campânula capta melhor os ruídos de baixa 
frequência (p. ex., ruflar da estenose mitral). 
- Aplicação correta do receptor: O receptor, seja do tipo de diafragma ou de campânula, deve ficar levemente 
apoiado sobre a pele, procurando-se, ao mesmo tempo, obter uma perfeita coaptação de suas bordas na área que 
está sendo auscultada. A correta aplicação do receptor impedirá a captação de ruídos ambientais que vão interferir 
na percepção dos sons. Além disso, a compressão intensa da campânula sobre a pele transforma-a em um receptor 
de diafragma (a própria pele do paciente distendida fortemente pelas bordas do receptor faz o papel de 
membrana), anulando a sua vantagem na ausculta de ruídos de baixa frequência. Por fim, é necessário enfatizar 
que o receptor é colocado diretamente sobre a pele e nunca sobre a roupa do paciente. 
 - Manobras especiais: Com relativa frequência, é conveniente lançar mão de alguns artifícios durante a 
ausculta cardíaca com o objetivo de tomar mais nítidos ou complementar os dados estetoacústicos. As mais usadas 
são as manobras respiratórias (inspiração ou expiração forçadas), o exercício físico e o uso de medicamentos que 
agem sobre o sistema circulatório. Nos momentos oportunos, serão feitas referências a estes procedimentos. 
→ Objetivos da ausculta do coração 
Ao se auscultar o coração, os seguintes aspectos devem ser sistematicamente considerados: bulhas cardíacas, 
ritmo e frequência cardíaca, ritmos tríplices, alterações das bulhas cardíacas, cliques ou estalidos, sopros, ruído 
da pericardite constritiva, atrito pericárdico

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