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MATERIAL DIDÁTICO INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DA QUALIDADE U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................. 03 UNIDADE 2 – ENGENHARIA DA QUALIDADE ..................................................... 06 2.1 Origem e evolução ............................................................................................ 06 2.2 Qualidade total .................................................................................................. 11 UNIDADE 3 – AMBIENTES DE ATUAÇÃO DA ENGENHARIA DA QUALIDADE ........................................................................................................... 19 3.1 Qualidade no ambiente industrial ...................................................................... 23 3.2 Qualidade na área de prestação de serviços .................................................... 25 3.3 Qualidade na pequena empresa ....................................................................... 30 3.4 Qualidade no serviço público ............................................................................ 33 3.5 Qualidade no setor agroalimentar ..................................................................... 34 UNIDADE 4 – SISTEMAS DE NORMALIZAÇÃO .................................................. 38 4.1 Sistema Internacional ........................................................................................ 38 4.2 Série ISO 9000 .................................................................................................. 40 4.3 Série ISO TS 16949 .......................................................................................... 45 UNIDADE 5 – QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE ........................................... 48 5.1 ISO 14000 ......................................................................................................... 51 5.2 ISO 26000 ......................................................................................................... 53 5.3 OHSAS 18001 ................................................................................................... 60 UNIDADE 6 – AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ....................................................... 63 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 65 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO Abordar temas trabalhados pela Engenharia da Qualidade requer delinear alguns conceitos, dentre eles a própria qualidade, termo que pode ser utilizado das mais diversas formas e nos mais variados contextos. Para Moraes (2004), qualidade pode ser abordada como processo de ordenação das atividades organizacionais (quanto mais uma empresa ordena sua atividade mais apresenta qualidade); como atributo do produto (quanto mais atributos intrínsecos ao produto, quando comparado aos produtos concorrentes em mesma faixa de consumo, quanto mais agradável ao consumidor final, quanto mais barato em comparação com os produtos concorrentes em mesma faixa de consumo e quanto mais aprimorado o processo produtivo que dá origem a produto então tanto maior será a qualidade); e, por último, qualidade pode ser abordada como uso de ferramenta de gestão, pelo uso de programas característicos como os 5’s; Ciclo PDCA; Sigma, dentre outros. De maneira simplificada, pode-se inferir que “um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo, às expectativas do cliente” (LAET, 1998 apud BALSANELLI; JERICÓ, 2005, p. 398). A melhoria da qualidade tem como característica ser um processo contínuo, gradual e permanente que acontece por meio de sua avaliação, a qual só tem sentido na medida em que serve para tomar decisões concretas. Conforme Bonato (2007, p.60), “Avaliação, nesse sentido, é entendida como diagnosticar uma realidade para poder estabelecer a intervenção, sendo um poderoso instrumento de mudança social que serve de lastro para uma ação modernizadora (...)”. Ao comparar dois objetos, um pode ser melhor em relação ao outro, ou seja, em algum aspecto um é superior ao outro, daí pode-se inferir que a qualidade nasce da diferença e não da igualdade. O objeto entendido de modo concreto (como um carro que é melhor que outro, pois tem maior potência), como sistema de ação ou de produção (como uma Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 linha de montagem que é melhor que outra porque é mais produtiva), como sistema estruturado de ideias, saberes e conhecimentos (como uma teoria é superior a outra porque corresponde melhor à realidade dos fatos) ou como condição situacional (como um serviço que atende melhor a um cliente do que um outro) pode ser avaliado, pode ser compreendido e pode ser comparado com seus similares. E é a partir da diferença que emerge da comparação que se constitui o que tem maior qualidade ao se eleger o mais perfeito, o mais desejável, o mais acurado (MORAES; FRANCO; SILVA, 2010, p. 04). Gerir qualidade significa garantir que produtos e serviços sejam adequados ao uso a que se destinam. Essa adequação depende de múltiplos itens e deve evoluir. Como não se sabe, em princípio, quais itens refletem de forma mais bem caracterizada essa adequação, considera-se que todos sejam relevantes – se assim não fosse, deveriam ser eliminados por representar custos extras ou perdas para a organização. Por outro lado, como se sabe, o mercado muda; a qualidade, então, precisa ser dinâmica o suficiente para mover-se sempre no sentido de evoluir (PALADINI, 2011). De imediato, podemos inferir que a Gestão da Qualidade envolve toda a organização e desenvolve-se ao longo do tempo, de forma contínua e progressiva. Ela é, portanto, abrangente e evolutiva. Não é um esforço temporário, mas algo que se faz sempre, ou seja, a Gestão da Qualidade é, antes de tudo, uma característica que identifica a organização e, por isso, confunde-se com ela. Só poderia, assim, ser ampla e permanente. Pois bem, definir e implementar sistemas de gestão e de garantia de qualidade nas organizações são as principais funções dos Engenheiros de Qualidade. Estes sistemas visam dirigir e controlar uma organização no que respeita à qualidade e constituem um conjunto de normas e procedimentos que as organizações devem cumprir para que os bens que produzem e/ou os serviços que prestam sejam de qualidade, isto é, que satisfaçam – ou até ultrapassem – as necessidades e expectativas dos seus clientes. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 Para que este objetivo seja atingido, estes sistemas devem abrangere envolver de forma ativa todos os recursos humanos da organização, independentemente das suas funções ou nível hierárquico. O trabalho destes engenheiros traduz-se, assim, em criar, melhorar, redefinir ou suprimir atividades, procedimentos e processos inerentes ao funcionamento das organizações, com vista à introdução de melhorias em todos os seus setores. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 UNIDADE 2 – ENGENHARIA DA QUALIDADE 2.1 Origem e evolução A história da qualidade se confunde com a história dos artesãos que até o século XVII, eram os profissionais que produziam a maior parte dos bens. Com inúmeras especializações e denominações, essa classe abarcava praticamente todas as profissões liberais então existentes: pintores, escultores, marceneiros, vidraceiros, sapateiros, arquitetos, armeiros e assim por diante. O ofício era ensinado aos aprendizes, muitas vezes membros da família ou para jovens talentosos, os quais passavam a dominar a técnica e se tornavam os novos artesãos. Os mestres inspecionavam com cuidado as tarefas realizadas o que já nos faz pensar em qualidade, afinal, somente após suficientemente qualificados estes novos aprendizes poderiam exercer o ofício de forma autônoma. Os artesãos uniam-se em corporações de ofício, que tinham finalidade similar a dos atuais sindicatos e conselhos profissionais: regulamentar a profissão, impedir o seu exercício ilícito e conter a concorrência desleal. Para registrar-se, os candidatos ao ofício submetiam-se a um exame em que sua habilidade era cuidadosamente avaliada. Do ponto de vista da qualidade, os bons artesãos eram capazes de realizar obras refinadas e de grande complexidade e detinham o domínio completo do ciclo de produção, já que negociavam com o cliente o serviço a ser realizado, executavam estudos e provas, selecionavam os materiais e as técnicas mais adequadas, construíam o bem e o entregavam. Cada bem produzido era personalizado e incorporava inúmeros detalhes solicitados pelo cliente: o número de variações é quase ilimitado (PALADINI, 2012). O padrão de qualidade do artesão era, em geral, muito elevado e resultava na plena satisfação do cliente. A sua produtividade era, porém, limitada e a competição era mantida sob controle pelas corporações de ofício. O grande senão do trabalho artesanal era o alto preço de cada peça ou de um serviço, que limitava o seu acesso a uns poucos consumidores privilegiados. Essa situação pouco mudaria Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 até meados do século XVII, quando o crescimento do comércio europeu alavancou o aumento da produção e o surgimento das primeiras manufaturas, nas quais um proprietário, em geral um comerciante, dava emprego a um certo número de artesãos que trabalhavam por um salário e a produção era organizada sob o princípio da divisão do trabalho. A produção em massa seria viabilizada justamente pelos preços reduzidos por unidade produzida, com a consequente ampliação do mercado, permitindo o acesso de pessoas de classes mais baixas a inúmeros produtos antes escassos. As mudanças no modo de produção iriam, também, modificar a percepção e o tratamento da qualidade (LINS, 2010). A partir das invenções da imprensa de tipos (séc. XV) e do tear hidráulico (séc. XVIII), ficara demonstrada a possibilidade de mecanizar o trabalho e produzir um bem em série. Mas foi em 1776, com o desenvolvimento da máquina a vapor por James Watt, que o homem passou a dispor de um recurso prático para substituir o trabalho humano ou a tração animal por outro tipo de energia. Uma das atividades rapidamente mecanizada foi a produção de têxteis. A partir de então, a velocidade da máquina passava a impor o ritmo da produção e os locais de trabalho passavam a ser construídos em função das necessidades impostas pelos equipamentos: era o nascimento das fábricas. O homem, antes um artesão, passa a ser um operário coadjuvante da máquina. A produção torna-se padronizada e o número de opções colocadas à disposição do cliente é limitado. O trabalho é rotineiro e padronizado e o trabalhador perde o contato com o cliente e com a visão global dos objetivos da empresa. É a divisão do trabalho entre aqueles que pensam (gerentes, administradores, engenheiros) e aqueles que executam (operários) (CHIAVENATO, 1983). Nesse contexto a quantidade de falhas, de desperdício e de acidentes do trabalho era elevada, em função das limitações das máquinas, do despreparo dos operários e do precário desenvolvimento das técnicas administrativas. Começavam, então, a ser implantadas a inspeção final de produto e a supervisão do trabalho. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 A necessidade de estruturar as indústrias e de dar-lhes uma organização adequada, melhorando a sua eficiência e produtividade, levou a diversos estudos sobre o seu funcionamento, o seu papel na economia e a sua administração. Os principais economistas políticos dos séculos XVIII e XIX ocuparam-se, eventualmente, desses temas. Também surgiram, nesse período, as primeiras iniciativas para se criar sistemas de medidas e normas industriais. Mas foi no início do século XX, com os trabalhos de Fayol e de Taylor, que a moderna administração de empresas consolidou-se. Os seus trabalhos têm, até hoje, uma profunda influência na forma como as organizações operam e se estruturam e na visão predominante sobre a qualidade. Fayol lançou os conceitos de unidade de comando (cada funcionário tem apenas um supervisor), unidade de direção (cada equipe tem apenas um líder e um plano de trabalho), centralização (concentração da autoridade no topo da hierarquia) e cadeia escalar (organização hierárquica da empresa), distinguindo as funções de linha e as funções de assessoramento. Por sua vez, Taylor criou a administração científica; idealizou diversas formas de remuneração que premiassem os profissionais mais produtivos, pois acreditava que o homem fosse estimulado pelo dinheiro, uma espécie de homo economicus que encontrava no salário a sua razão de trabalhar. Defendeu a otimização do local do trabalho e o adestramento do operário. Formalizou os conceitos de divisão do trabalho, de especialização profissional e de administração pela exceção. Embora os princípios da administração científica tivessem um imediato sucesso, a sua principal influência ocorreu na década de 1950, quando as multinacionais norte-americanas se consolidaram em grande númerode países, na esteira do sucesso do produto americano no período do pós-guerra, e multiplicaram as suas instalações fabris para atender localmente os mercados que vinham explorando. As teorias da administração científica e da administração clássica, apesar de terem colocado em evidência diversos aspectos importantes da atividade gerencial, trouxeram alguns problemas crônicos para as empresas que as aplicaram. O foco na Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 estrutura organizacional levava a uma administração deficiente dos aspectos humanos, o estímulo à divisão do trabalho e à especialização prejudicava a colaboração entre as pessoas, a ênfase na busca de eficácia através da coordenação de atividades em vários níveis hierárquicos sucessivos originava estruturas organizacionais complexas e caras, bem como forçava um relacionamento autocrático entre gerentes e subalternos. Agregue-se que a abordagem normativa e prescritiva dessas escolas, de aplicação genérica, excluía uma compreensão das peculiaridades culturais de cada empresa (LINS, 2010). Esses problemas refletiam-se claramente na produção industrial. As administrações das empresas conviviam com problemas constantes de baixa produtividade, absenteísmo, rotatividade de mão de obra, furtos e sabotagens. As margens de lucro, porém, eram extremamente elevadas, principalmente em função da baixa remuneração da mão de obra e do baixo custo dos insumos. O ambiente dentro das empresas era, geralmente, de conflito e de temor. Os procedimentos de inspeção e de supervisão eram fonte de disputas e de desentendimentos. Nas empresas, a divisão funcional levou à criação dos Departamentos de Controle da Qualidade e ao aperfeiçoamento das técnicas de inspeção. No Brasil, as filiais de multinacionais aqui instaladas começaram a adotar essa estrutura da “função qualidade” por volta de 1930. Na década de 1930, a inspeção por amostragem começa a ser adotada nos EUA, sendo aperfeiçoada, principalmente, graças aos trabalhos de Harold F. Dodge (1893-1974), dos Laboratórios Bell, que também desenvolveria as primeiras tabelas para planejar o processo de inspeção, os chamados planos de inspeção. Ainda no século XX, as experiências de Elton Mayo (relações humanas no trabalho) influenciaram o estudo da administração, os quais desdobraram-se na análise dos papéis da liderança, no estudo da formação e das atividades das equipes, dos papéis da compensação e da frustração no desempenho profissional e em diversos outros aspectos que iriam consolidar a moderna visão da gestão da qualidade total. Durante a década de 1920, o estatístico Walter Shewhart (1891-1967), dos Laboratórios Bell, desenvolveu os conceitos básicos da moderna engenharia da Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 qualidade e os apresentou na obra Economic Control of Quality of Manufactured Products, de 1931. Shewhart entendia que o operário era perfeitamente capaz de compreender, observar e controlar a sua produção e dedicou-se a desenvolver técnicas para tal. Introduziu, então, os conceitos de controle estatístico de processos e de ciclo de melhoria contínua, que foram aplicados, experimentalmente, na fábrica de Hawthorne, já no final dos anos 1920. Shewhart concebeu um processo como uma certa combinação de fatores (equipamentos, recursos humanos, metodologia, ferramental e matéria-prima), que gera um produto ou serviço com determinadas características. Assim, se desejarmos mudar alguma característica desse bem ou serviço, deveremos alterar algum desses fatores ou a sua combinação, o que caracteriza um novo processo (LINS, 2010). Ao executar sua atividade, o operário coloca o processo em andamento. Shewhart constatou que, ao acompanharmos alguma característica dos bens sucessivamente produzidos, certas variações eram observadas. Se estas fossem estatisticamente aleatórias, o processo estaria “sob controle”. Se apresentassem, porém, um viés sistemático, haveria alguma “causa especial” que o provocava e que poderia ser eliminada. Controlar um processo significa, portanto, estabelecer um ciclo em que o processo é observado e ajustado continuamente, eliminando-se causas especiais quando estas ocorressem. Para tal, Shewhart desenvolveu cartas de controle, gráficos em que são lançados valores medidos em amostras retiradas da produção e que mostram se o processo está sob controle. Em princípio, se o processo está sob controle, os valores coletados deverão comportar-se, em termos de grandeza e frequência, de forma compatível com uma distribuição normal. Se obtivermos, por exemplo, valores muito afastados da média esperada, estes deverão ser raros. Por outro lado, qualquer tendência que não seja explicável como uma ocorrência aleatória compatível com a distribuição normal deverá ser objeto de análise, pois indicará que alguma causa bem definida está tirando o processo de controle. Quando um processo está sob controle, as causas identificáveis para desvios sistemáticos foram eliminadas. Apenas variações aleatórias persistem. O Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 processo está, então, em sua melhor qualidade dentro de fatores de custo razoáveis. O método denomina-se Controle Estatístico de Processos (CEP). O CEP oferece diversas vantagens como ferramenta de controle da qualidade: é relativamente simples de ser elaborado, podendo ficar a cargo do próprio operador de um equipamento ou executor de um serviço; permite um ajuste contínuo do processo, mantendo-o sob controle; oferece uma visão gráfica do andamento do processo e permite avaliar a sua capacidade. Além disso, o seu custo é, geralmente, inferior ao de uma inspeção por amostragem executada no produto acabado. Outro importante conceito introduzido por Shewhart foi o ciclo de melhoria contínua. Ele defendia uma abordagem sistematizada para a solução de qualquer problema na empresa. O modelo de Shewhart baseia-se na execução cíclica e sistemática de quatro etapas na análise de um problema: planejar; executar, examinar e ajustar. Enfim, os conceitos de engenharia da qualidade foram amplamente utilizados no esforço de guerra americano durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, porém, dada a disponibilidade de mercado e as amplas margens de lucro de que as empresas norte-americanas dispunham, essas técnicas foram abandonadas e as corporações retornaram a uma administração taylorista convencional, até este início de século onde a qualidade leva competitividade e longevidade para as organizações. 2.2 Qualidade total A moderna concepção de gestão da qualidade total, que consolidaria a engenharia da qualidade num corpo de conhecimentos consistente, desenvolveu-se nos anos 1950 a partir dos trabalhos de Armand V. Feigenbaum, Joseph M. Juran e Winston Edwards Deming. Deming, também um estatístico, contribuiu para o desenvolvimento de procedimentos estatísticos adotados pelo censo americano a partir de 1940. Durante Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 a Segunda Guerra, prestou consultoria às empresas norte-americanas na implantação de sistemas de controleda qualidade. Após a guerra, desiludido pelo abandono dessas técnicas, aceitou um convite para ir ao Japão prestar apoio à recuperação da indústria daquele país. Lá, Deming divulgou os conceitos de melhoria contínua e de controle estatístico de processos (CEP). Também defendeu os conceitos de aplicação do controle da qualidade em todas as áreas da empresa e do envolvimento e liderança da alta administração para a melhoria da qualidade. Contrariando as posições da administração científica, Deming diz que “o consumidor é a peça mais importante da linha de produção”. Resumiu os seus ensinamentos em 14 pontos apresentados no livro Out of the Crisis, de 1982: I - crie constância de propósito para a melhoria do produto e do serviço; II - adote a nova filosofia. Qualidade tem de se tornar a nova religião; III - deixe de depender de inspeção maciça; IV - acabe com a prática de fazer negócios apenas pelo preço; V - aperfeiçoe constantemente e para sempre o sistema de produção e de serviço; VI - institua o treinamento e o retreinamento; VII - institua a liderança. Liderar é “a” tarefa do gerente; VIII - elimine o temor; IX - derrube as barreiras entre áreas do staff; X - elimine slogans, exortações e metas; XI - elimine quotas numéricas; XII - remova as barreiras ao orgulho pelo trabalho bem feito; XIII - institua um vigoroso programa de educação; XIV - aja. Tome a iniciativa para alcançar a transformação. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 É importante notar que tais orientações não são prescritivas. Deming, ao contrário de outros estudiosos da administração, não oferece “receitas de bolo” de aplicação geral, mas um conjunto de princípios a serem adaptados à cultura de cada organização. Joseph M. Juran (1904-2008), talvez o mais conceituado consultor em gestão da qualidade da atualidade, iniciou em 1924 suas atividades como engenheiro, empresário e consultor. Em 1950 enunciou a aplicação do princípio de Pareto aos problemas gerenciais, segundo o qual poucas causas são responsáveis pela maior parte das ocorrências de um problema e um grande número de possíveis causas são irrelevantes. Sugeriu, também, a implementação de sistemas da qualidade através de três etapas distintas, planejamento, controle e melhoria, e desenvolveu inúmeros artigos e uma dúzia de livros, entre os quais o Juran’s Quality Handbook, hoje talvez o mais importante manual de engenharia e gestão da qualidade. Juran define a qualidade como a “adequação ao uso” do produto ou serviço e atribui grande importância à evolução contínua da qualidade, envolvendo o ciclo completo de desenvolvimento, produção e comercialização de produtos e de serviços. É defensor da concepção da qualidade, desde o projeto, e da contabilização de custos da qualidade. Armand V. Feigenbaum lançou o conceito de qualidade total em seu livro Total Quality Control, de 1951. A sua abordagem é sistêmica: entende que a qualidade deve ser projetada, deve ser “embutida” no produto ou no serviço. Não se consegue qualidade apenas eliminando falhas ou inspecionando. Assim, é necessário especificar e implantar uma estrutura de trabalho para toda a organização, documentada, com procedimentos técnicos e gerenciais integrados, para coordenar as ações dos trabalhadores e dos equipamentos, de modo a garantir a satisfação do cliente a custos competitivos. A gestão da qualidade total pode ser definida como um conjunto integrado e sistêmico de procedimentos que visam coordenar as ações das pessoas de uma organização, com o objetivo de se melhorar continuamente a qualidade de produtos e de serviços, a qualidade dos processos e a qualidade de vida na organização, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 dentro de um enfoque preventivo. Pode ser desenvolvida de inúmeras formas, embora as várias implementações incluam, usualmente, diversos elementos comuns tais como procedimentos de planejamento e de desdobramento de diretrizes para as várias áreas da empresa, um sistema de informações e de documentação sobre processos, procedimentos de feedback para aproveitar a análise dos dados na melhoria da qualidade, procedimentos de acompanhamento e de treinamento de recursos humanos para a qualidade, métodos e técnicas de prevenção e de controle da qualidade, auditorias preventivas ou avaliativas e procedimentos para o acompanhamento das expectativas e da satisfação do cliente e de feedback dessas informações a todas as operações da empresa. A partir dos anos 50, os japoneses iniciaram o desenvolvimento de programas de melhoria da qualidade. Rapidamente, porém, começaram a desenvolver novas técnicas e sistemas de produção que permitiram alcançar um elevado grau de qualidade, associado a níveis de falhas e de perdas ínfimas, medidas em ppm (partes por milhão) aproximando-se, na prática, do ideal de produção com “zero erro”. De início, desenvolveram técnicas para trabalhar em equipe e melhor aproveitar a competência de profissionais em apoiar a melhoria de processos, tais como os círculos de controle da qualidade. Os CCQ consistem em times que se reúnem voluntariamente para estudar, analisar e resolver problemas de qualidade de seu interesse. Kaoru Ishikawa, já falecido, foi um dos seus principais estimuladores. Posteriormente, desenvolveram novas formas de organização da produção, com o objetivo de otimizar a ocupação de espaço, devido ao alto custo da ocupação do solo no Japão, através da eliminação de estoques pelo sistema just-in-time, em que o produto é manufaturado no momento em que é feito o pedido, sem estoques intermediários na linha de produção. O controle da produção é feito por cartões (kanban). As limitações de espaço levaram, também, a técnicas de melhoria da limpeza e organização do local de trabalho, como o 5S (os “cinco sensos”) (LINS, 2010). Desenvolveram, ainda, técnicas para flexibilizar a produção, pois, em função do just-in-time, a empresa não sabe exatamente que produto, entre os vários que Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 tem em catálogo, será solicitada a fabricar num dado momento. Por esse motivo, cada equipe tem que estar preparada para trabalhar com diversos produtos e mudar a configuração do processo em poucos instantes. É o conceito de célula flexível de manufatura. Shigeo Shingo desenvolveu um conjunto de técnicas para a rápida reconfiguração de processos, denominado SMED (single-minute change of die). Para melhorar os projetos, permitindo o uso de componentes menos críticos sem perda de qualidade, adotaram-se as técnicas de projeto robusto, desenvolvidas por Genichi Taguchi, que tornam o processo pouco influenciado por fatores externos, em função de características previstas no projeto. Para chegar-se ao completo domínio de tais técnicas e incorporá-las ao processo produtivo, é necessário trilhar um longo caminho, que se inicia pela preparação cultural da empresa. O foco da gestão japonesa está na preparação do profissional, que domina plenamente, quase que por reflexo, as técnicas de trabalho em equipe, de organização e limpeza do local de trabalho, de abordagem sistematizada dos problemas. Nos anos 1980, a indústria japonesa já oferecia ao cliente a possibilidade de escolha de inúmeras opções de configuração do produto que irá adquirir e oproduzia quase que “por encomenda”. Graças à sua organização do trabalho, era capaz de recuperar o ideal da produção artesanal: um produto personalizado, tecnicamente perfeito, com um número quase ilimitado de alternativas à disposição do cliente. Apesar da agressiva competição no mercado global, as grandes corporações daquele país avançaram sobre o consumidor ocidental e implantaram indústrias em inúmeros países. O desafio japonês às indústrias ocidentais, nesse contexto, assemelhava-se ao desafio da esfinge: “decifra-me ou te devoro”. E os norte-americanos e europeus debruçaram-se sobre os métodos orientais em busca de uma resposta. A partir de então, nos anos 80, três abordagens distintas a respeito da gestão da qualidade evoluíram e se consolidaram. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 No Japão era dada ênfase à formação do homem, à organização do local de trabalho, ao trabalho em equipe e à criação de um ambiente de fidelidade mútua entre a empresa e o profissional, marcado pela estabilidade no emprego e pela resistência à sindicalização, com o objetivo de alcançar elevado grau de competitividade do seu produto no mercado. Nos EUA, o tratamento da qualidade desenvolveu-se a partir das indústrias bélica e nuclear e foi fortemente influenciado pelas exigências de segurança dessas aplicações. O estudo das falhas de segurança nessas áreas levou à conclusão de que estas eram provocadas, em boa parte dos casos, por problemas de natureza sistêmica. A visão norte-americana ficou centrada em assegurar que o sistema da qualidade fosse consistente e confiável, garantindo que o produto final atendesse às especificações estabelecidas. Tal abordagem denominava-se, então, de Garantia da Qualidade. A postura europeia enfatizou, por sua vez, a relação fornecedor-cliente pelo lado da certificação dos fornecedores. Tal orientação decorria das necessidades de unificação do mercado comum europeu, que criava oportunidades de mercado nos vários países da comunidade. Assim, por exemplo, uma empresa grega poderia fornecer produtos para parceiros alemães, britânicos ou italianos. Para tal, em vez de necessitar de uma certificação de cada cliente, a empresa seria auditada uma única vez, por auditores independentes qualificados, dentro de critérios padronizados descritos nas normas ISO-9000. Essa certificação era aceita em todos os países da CEE e representava um requisito para acesso a esses mercados. No Brasil não houve uma tendência predominante. As empresas do setor automobilístico e de autopeças adotaram preponderantemente o modelo norte- americano. Já no setor siderúrgico, diversas empresas implantaram projetos de orientação japonesa. A certificação ISO-9000, por sua vez, tornou-se a coqueluche dos anos 90 e foi bastante procurada por empresas do setor eletroeletrônico, de informática e de serviços (LINS, 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 A engenharia da qualidade passa hoje por um período de síntese. Nos anos 90, por exemplo, a certificação de fornecedores pelos critérios da ISO-9000 generalizou-se, dando origem a normas específicas de determinadas indústrias, a exemplo da indústria automotiva norte-americana, que criou as normas QS-9000. A mesma tendência pode ser observada para outras práticas da qualidade, o que vem levando a uma compreensão mais uniforme dos conceitos de sistema da qualidade e de gestão total da qualidade nos diversos países. Outra forte tendência ao final do século XX é a incorporação de conceitos de preservação ambiental e responsabilidade ética e de cidadania à prática da qualidade: não basta tratar a qualidade de produtos e serviços com vista à satisfação do cliente e à lucratividade, mas é preciso, também, minimizar as externalidades decorrentes da produção, promovendo o tratamento de dejetos e resíduos, oferecendo condições salariais e de vida adequadas ao trabalhador e apoiando a comunidade. Um resultado dessa tendência foi a criação das normas ISO-14000 para certificação ambiental de fornecedores. Também é importante a postura dos governos nacionais de adoção dos princípios da qualidade, seja em suas próprias organizações, seja como estratégia de desenvolvimento, através de exigências de certificações, da criação de prêmios ou da montagem de programas governamentais. As leis de proteção ao consumidor também estimulam a adoção da gestão da qualidade e determinam aspectos importantes do sistema da qualidade, pela necessidade de se manter registros das operações da empresa, em virtude das implicações legais de eventuais falhas que venham a chegar ao consumidor. Hoje o fornecedor é responsável pelo fato do produto, pelas garantias implícitas quanto ao seu uso e fica sujeito à inversão do ônus da prova no caso de dano ou falha, cabendo-lhe comprovar a qualidade do seu produto ou serviço. Nos EUA, por exemplo, em 1997, uma indústria de hambúrgueres foi levada a pedir falência porque havia colocado no mercado lotes de produtos contaminados e não era capaz de rastrear os problemas que conduziram à contaminação. Desse Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 modo, toda a produção ficou sob suspeição, comprometendo a viabilidade do negócio1. Nesse sentido, o aprendizado das práticas da qualidade vem sendo incorporado à formação profissional de todos aqueles que estejam envolvidos com o projeto, a produção e a oferta de bens e serviços. A engenharia da qualidade está deixando de ser uma disciplina especializada para gradualmente tornar-se mais um conhecimento básico de profissionais de todas as áreas. 1 A Hudson Foods ocupava um segmento importante do mercado de hambúrgueres, sendo fornecedora da Wal-Mart, Burger King, Safeway e outras empresas de grande porte. Um controle da qualidade inadequado na fábrica que produziu o lote com problemas, situada no estado de Nebraska, sujeitou a indústria a fazer um recall de 12.000 toneladas de hambúrgueres e a enfrentar dezenas de processos, levando à decisão de pedir falência (Time. “An Inedible Beef Stew”. 150(9). 1º de setembro de 1997) (LINS, 2010, p. 13). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 UNIDADE 3 – AMBIENTES DE ATUAÇÃO DA ENGENHARIA DA QUALIDADE Há diferentes ambientes em que a Gestão da Qualidade se desenvolve. Esses ambientes estão relacionados à atividade produtiva, ao porte da empresa, à natureza do produto ou ao serviço da organização, etc. Observa-se, em todos esses casos, uma unicidade de filosofia, embora haja diversidade de métodos e várias formas de desenvolver e avaliar o processo gerencial da qualidade. De forma muito ampla, considera-se que a Gestão da Qualidade envolve ações produtivas de três naturezas distintas: as atividades industriais, a geração de serviços e a estruturação de métodos. Atividades industriais são aquelas voltadas para a produção de bens tangíveis, ou seja, produtos que existem fisicamente, de forma concreta. Em geral, associam-se esses produtos às fábricas (sejam cerâmicas sejampadarias) – daí se identificarem as atividades industriais como atividades de fabricação. Entretanto, podem envolver, também, montadoras (como no caso de carros ou de alguns eletrodomésticos), “desmontadoras” (como no caso de frigoríficos que abatem aves), processamento de insumos básicos (como beneficiamento de fumo), etc. (PALADINI, 2011). Exemplos de bens tangíveis são carros, eletrodomésticos, roupas, azulejos, máquinas, etc. Já o processo de geração de serviços envolve a produção de bens intangíveis. O serviço é sempre uma ação desenvolvida por terceiros, em atendimento à solicitação explícita, específica e bem definida de um usuário determinado. Em geral, esses terceiros habilitam-se a realizar o serviço por possuírem qualificação própria (em maior ou menor grau de especialização) para tanto. Alguns exemplos de serviços seriam os bancos; clínicas; hotéis; setor de comunicações como Correios, Telefonia; transporte de pessoas, valores, bens em geral ou especiais; atividades específicas, como no caso de cirurgias, massagens, lavação ou conserto de carros; limpeza e conservação de ambientes; segurança de Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 pessoas ou ambientes; atividades do setor público como fornecimento de carteiras de motorista, ações de utilidade pública, saúde, etc.; fornecimento de energia elétrica ou água; igrejas; entrega, distribuição e armazenagem. Existem atividades mistas, que envolvem produtos e serviços, como no caso do comércio. Tende-se, porém, a classificar a atividade comercial genericamente como serviço, na medida em que, na verdade, o pessoal da loja não fabrica os produtos. A avaliação da atividade comercial, nesse contexto, envolve mais o atendimento – e aí se caracteriza fortemente a noção de serviço. Igual dúvida persiste na atividade agrícola, em que a tendência atual é a de que a agricultura envolve a produção de bens tangíveis e inclui serviços; nos processos de reprodução de documentos; nos restaurantes e rotisserias; na atividade básica das agências de publicidade ou confecção de roupas sob medida - em que há serviço e bem tangível produzidos simultaneamente. Para esses casos, o procedimento mais usual parece ser o de classificar as diversas atividades, individualmente, sem especificar um rótulo único para todas. As atividades relativas à estruturação de métodos dizem respeito aos tipos de ação executada por terceiros sob forma de orientação geral para a execução de um conjunto de tarefas. Genericamente, os métodos poderiam ser classificados como o processo de transferência de informações, know-how ou tecnologia. Observa-se, então, que aquilo que se fornece ou transfere é a forma de execução de uma atividade. A atividade, em si, não é executada. Nesse caso, o “produto” vendido é o modo de fazer, ou seja, uma receita, uma fórmula, uma metodologia, etc. São atividades típicas na área de métodos: fornecimento de receitas, listagens de procedimentos a desenvolver, bulas de execução, metodologias, esquemas de trabalho, roteiros lógicos; transferência de informações devidamente organizadas, analisadas, quantificadas, ponderadas, comentadas, condensadas ou ampliadas, etc.; processos produtivos aqui classificados envolvendo empresas de informática, que projetam, estruturam, desenvolvem e instalam softwares; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 assessoria técnica para a operação de equipamentos, métodos de trabalho, formação de pessoal etc.; atividades de consultoria especializada; programas (em rádio ou televisão) e reportagens (em jornais ou revistas) que ensinam a preparar alimentos, lavar roupas, organizar livros etc.; licenciamentos e franquias. Empresas na área de informática possuem os três tipos de processo: os fabricantes de computadores vendem bens tangíveis; os fabricantes de softwares vendem métodos; e, as empresas autônomas de instalação e assistência técnica fornecem serviços. Costumava-se identificar, genericamente, os resultados das atividades de fabricação, ou das atividades industriais, como produtos; os demais, como serviços (em rigor, serviços e métodos também são produtos, já que são resultados de um processo produtivo). Essa identificação justifica-se na medida em que há muitas similaridades entre serviços e métodos, sob muitos aspectos. Já o termo produto, como sinônimo de bem tangível, é decorrente da imposição da linguagem comum e de hábitos correntes. De forma técnica, as seguintes definições deveriam ser empregadas: produto – resultado de qualquer processo produtivo; bens tangíveis – produtos que existem fisicamente; serviços – desenvolvimento de atividades a pedido de terceiros; métodos – transferência do modo de desenvolver uma atividade. Embora similares, os conceitos de métodos guardam uma diferença fundamental em relação aos serviços: envolvem a presença de um terceiro elemento. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 De fato, no caso da prestação de um serviço, há uma relação direta entre quem o solicitou e quem o presta. A relação acaba aí. Por exemplo: o posto lava um carro. A relação envolve, assim, o posto e o proprietário do carro. Já na área de métodos, a relação envolve mais um elemento. Se a apresentadora da televisão passa uma receita ao telespectador, ele vai produzir um bolo. A pessoa que vai comer o bolo está envolvida no processo, com um papel fundamental: é ela quem vai julgar, em última análise, a receita. Há, assim, uma diferença claramente configurada. Essa diferença fica visível no caso das escolas. Se a meta de uma universidade é transferir um diploma a um estudante, a universidade é uma empresa de serviços. Não é o que deveria ocorrer, contudo. De fato, os clientes das universidades não são os alunos, mas a sociedade, para quem os futuros engenheiros, médicos ou dentistas prestarão serviços. Por isso, as escolas transferem informações, tecnologias, metodologias, etc. Todavia, quem julga a qualidade das escolas é a sociedade, que, em última análise, vai beneficiar-se (ou não) dos serviços dos ex-alunos. Quando entendida como empresa de serviços, o papel das escolas é o de “fabricar” diplomas e transferi-los aos alunos. Sem dúvida, não deveria ser este o objetivo de uma escola. A sociedade é sempre o terceiro elemento envolvido no processo (PALADINI, 2011). Do ponto de vista estritamente teórico, os procedimentos da Gestão da Qualidade são aplicáveis a qualquer processo produtivo. Por isso, não fariam distinção entre os processos que envolvem bens tangíveis, serviços ou métodos. Entretanto, a prática mostra que os mecanismos de gestão em cada caso são muito diversos – principalmente confrontando bens tangíveis e serviços. Dessa forma, tem-se feito a distinção entre o processo de gestão para a situação industrial (que inclui, fundamentalmente, bens tangíveis) e para as situações de serviços e métodos. Para o primeiro caso, tem-se adotado o nome “produtos”; para o segundo, “serviços”. As duas situações – produtos e serviços – têm diferenças que precisam ser analisadas com cuidado no momento de definir o modelo de gestão a adotar. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 De fato, pode-se mesmo afirmar que cada modelo de atividade produtiva envolve um processo de gestão para a qualidade, com características próprias. Há, porém, características que são comuns às várias atividades produtivas. Faremos uma breve análise das situações específicas a cada modelo de ação produtiva; em seguida, às situações comuns aos três modelos. 3.1 Qualidade no ambiente industrial O ambiente industrial envolve a produção de bens tangíveis e, por isso, tem uma característica básica específica: a possibilidade de separar, com nitidez, o processo produtivo da ação de utilização ou consumo do produto. Dessa forma, no ambiente industrial, a Gestão da Qualidade centra-se no processo produtivo – a partir de onde se pode gerar um produto perfeitamente adequado ao uso. A qualidade, assim, aparece no produto – resultado do processo. As características gerais da Gestão da Qualidade nesse ambiente são as seguintes: a) a produção e o consumo são nitidamente separados; b) os processos produtivos possuem informações precisas e são repetidos várias vezes. Isso os torna perfeitamente conhecidos, documentados e controláveis. Geram-se, então, as bases para a normalização e a automatização de muitos procedimentos; c) a Gestão da Qualidade é notadamente marcada por ações em busca de melhorias no processo, que envolvem eficiência e produtividade, em um primeiro momento, e eficácia logo a seguir. Por isso, o conceito elementar da qualidade nesse ambiente é o de “ausência de defeitos”; de fato, não há como um produto adequar-se à finalidade a que se destina se possui algum tipo de defeito; d) a avaliação da qualidade dos processos centra-se em elementos e pontos básicos de controle. Os elementos envolvem ações corretivas, preventivas e procedimentos de consolidação do processo. Os pontos básicos são Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 situações ou componentes críticos do processo, bem definidos e caracterizados. Para o cliente, todo o esforço pela qualidade, feito pela organização, aparece no produto. Assim, ele avalia a qualidade no próprio produto – como, por exemplo, pelo suporte que a organização oferece ao produto em uso, o qual envolve informações básicas sobre uso (manuais), instalação, assistência técnica, etc. A avaliação da qualidade dos produtos oferece uma facilidade importante: existe a possibilidade de desenvolver medições diretas, feitas no produto, que caracterizam seus elementos básicos em escalas numéricas. Há um número menor de medições subjetivas se comparadas, por exemplo, com os serviços; e) a Gestão da Qualidade tende a salientar as potencialidades da empresa, isto é, o que o processo sabe fazer melhor. Esses pontos fortes conferem aos produtos uma marca específica, que os diferenciará no mercado e possibilitará obter a fidelidade do consumidor. Os produtos, assim, são resultantes dos processos; por isso, concentra-se nestes últimos a atenção da Gestão da Qualidade; f) os processos industriais tendem a envolver elevado número de atividades de suporte (que inclui o processo produtivo) e pequena interação direta com o cliente. A Gestão da Qualidade, desse modo, volta-se para a organização do processo, até como forma de facilitar a interação com o cliente. A Gestão da Qualidade no ambiente industrial prioriza o processo produtivo, não perde de vista o objetivo básico da empresa. É compreensível que seja assim: se a meta da organização é adequar o produto ao uso, fica evidenciado que o processo se direciona para o cliente, justificando-se a execução de operações e a alocação de recursos que convirjam exclusivamente para este fim. Caberá à Gestão da Qualidade definir o papel e, mais do que isso, a contribuição de cada atividade. Em função do nível de participação da atividade na adequação do produto ao uso, determina-se o grau de prioridade que ela requer. Este parece o critério básico da Gestão da Qualidade para definir a atenção com que deve considerar cada ação do processo produtivo. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 Ao lado desse critério, a ação da Gestão da Qualidade no ambiente industrial dispõe de uma estratégia básica de atuação, que envolve a integração de todas as operações num único direcionamento e finalidade. Esse procedimento torna-se mais simples nos ambientes industriais em função da facilidade de determinar, com precisão, os procedimentos elementares que os compõem e, assim, direcioná-los para as metas de todo o processo. A Gestão da Qualidade aplicada ao ambiente industrial gerou um modelo administrativo específico: a Gestão da Qualidade no processo. Em linhas gerais, podem-se observar alguns princípios fundamentais pelos quais a Gestão da Qualidade no processo industrial se guia. Esses princípios envolvem indicadores como os seguintes: aumento da satisfação do cliente; menor probabilidade de geração de defeitos; melhoria constante nos métodos de trabalho; atividades desenvolvidas sem gerar nenhum tipo de desperdício; atividades geradas de forma a agregar valor ao processo ou ao produto; atenção ao maior número possível de elementos do processo produtivo. A ação da Gestão da Qualidade em ambientes industriais fica, desse modo, bem definida, tanto quanto a seu objetivo básico (atenção ao cliente) como quanto à estratégia a adotar para atingi-lo (otimização do processo produtivo) (PALADINI, 2011). 3.2 Qualidade na área de prestação de serviços A área de prestação de serviços envolve a produção de serviços propriamente ditos e a estruturação de métodos. Ao contrário do caso industrial, não há possibilidade aqui de se separar, com nitidez, o processo produtivo da prestação do serviço – ambos se confundem. Dessa forma, no ambiente de prestação de serviços, a Gestão da Qualidade centra-se fundamentalmente na interação com o usuário. É nesse processo interativo que a qualidade aparece. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 As características gerais da Gestão da Qualidade nesse ambiente são as seguintes: produção e consumo são simultâneos e não há como definir onde termina uma e começa o outro; os processos produtivos não possuem informações objetivas a respeito de suas operações, que nem sempre se repetem com frequência. Por isso, a gestão desses processos deve ser altamente flexível e adaptável a momentos, situações, contextos, etc.; a Gestão da Qualidade é notadamente direcionada para ações em busca de maior contato com o cliente, definição de seus interesses, preferências, exigências, necessidades, conveniências, enfim, tudo o que ele possa considerar relevante no processo de prestação do serviço. Em um primeiro momento, portanto, a Gestão da Qualidade prioriza a eficácia; a seguir, a eficiência e a produtividade. O conceito elementar da qualidade nesse ambiente, assim, é o de perfeita adaptação do processo ao cliente; a avaliação da qualidade centra-se apenas em elementos – não há pontos de controle específicos que possam ser identificados. Os elementos envolvem sempre a interação com o usuário. Não há como empregar ações corretivas, apenas preventivas, baseadas em situações análogas ocorridas no passado. A Gestão da Qualidade,dessa forma, prioriza um projeto de avaliação global, que envolve qualquer aspecto da interação com o cliente. Enfatiza-se, também, a busca de um aprimoramento contínuo, sempre mais próximo do que efetivamente o cliente deseja. O modelo preventivo destaca mecanismos de rápida adaptação do processo às exigências expressas pelo cliente. Entre outros aspectos, esses mecanismos envolvem procedimentos de rápida reação a erros e falhas de atendimento. Para o cliente, a avaliação do serviço depende de como ele próprio relaciona-se com a empresa – por exemplo, pelo suporte que recebe na execução do serviço (facilidades disponíveis, atenção no atendimento, pronta resposta às formulações e solicitações feitas etc.). A avaliação da qualidade de serviços e métodos nem sempre possui mecanismos de medição direta e, no mais das vezes, envolve preferências, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 nem sempre bem definidas, e análises subjetivas. Além disso, não é possível centralizar a produção do serviço, o que, com frequência, compromete o controle pela falta de unicidade, similaridade e coerência dos métodos de avaliação. Como não há forma de inspecionar um serviço antes que ele seja prestado, nem sequer há meios de obter amostras do serviço, a Gestão da Qualidade não conta com procedimentos prévios de avaliação do serviço (ele é feito sempre ao vivo – nunca se pode recorrer ao videotape). Entre outras restrições, essa característica dos serviços compromete a fixação de padrões da qualidade; nesse ambiente, a Gestão da Qualidade enfatiza o direcionamento da empresa para um modelo específico de relacionamento com o cliente. Esse aspecto confere ao modelo de atendimento uma característica específica, que diferenciará a empresa no mercado e possibilitará obter a fidelidade do usuário. A qualidade, observe-se, resulta do modelo de interação com o cliente. Por isso, concentra-se nele a atenção da Gestão da Qualidade; em serviços e métodos, ocorre pequeno número de atividades de suporte e grande interação com o cliente. Nessas atividades “interativas” concentra-se a Gestão da Qualidade; o serviço não pode dispor da propriedade da estocagem. Isso requer um modelo de gestão que torne a oferta adequada à demanda. O serviço não tem como ser produzido antecipadamente; nem pode ser utilizado em momentos posteriores à sua geração. Se ocorrerem excessos de oferta haverá perdas – da mesma forma que haverá falta de atendimento se houver maior consumo que o esperado. Em ambos os casos, há aumento de custos. Cabe à Gestão da Qualidade evitar que isso ocorra, por meio de um processo de flexibilização (às vezes, nem sempre simples). Um elemento que altera inteiramente o processo de Gestão da Qualidade no setor de serviços é o fato de, por estar fisicamente presente em sua geração, o cliente interfere na produção de serviços. O atendimento pleno ao cliente, portanto, envolve expectativas expressas por ele durante o próprio processo e requer extrema flexibilidade, criatividade e capacidade de adaptação. A presença física do cliente Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 durante o desenvolvimento do processo produtivo cria o que alguns autores chamam de “co-produção” (Tenner e DeToro, 1992:41; Albrecht e Zemke, 1985:36-37 apud PALADINI, 2011), um mecanismo que permite rápida realimentação do processo, mas exige elevado grau de flexibilidade no processo gerencial. Em resumo, são as seguintes, as principais características de serviços e métodos: são intangíveis; não podem ser “possuídos”; não há estoques; prevalece o ser humano como agente produtivo; sua meta operacional é a flexibilidade; enfatiza muito o valor percebido pelo usuário; depende do efeito sistêmico de novos serviços; considera-se fundamental avaliar a complexidade, a oportunidade, a conveniência e a abrangência do serviço oferecido. Esses itens tendem a ter valor estratégico para as organizações. Costumam-se cometer alguns equívocos ao definir um modelo de Gestão da Qualidade voltado para serviços e métodos. Os mais comuns são os seguintes: persiste a ideia de que há serviços menos importantes, com menor relevância e, por isso, menos dependentes de boa qualidade. Isso se nota, com frequência, em algumas áreas “menos nobres” dos bancos, como o atendimento a usuários que não possuem poder aquisitivo significativo. Para esses casos, a diferença técnica entre consumidores e clientes deve ser fortemente levada em conta; acredita-se que o serviço não requer tecnologia, sendo sempre artesanal. A automação de serviços tem sido um dos fatores crescentemente lembrados para destruir essa bobagem; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 da mesma forma, supõe-se que o serviço dispensa aporte de capital. Para diferenciar-se, investimentos de grande porte podem ser necessários; continua sendo associada a prestação de serviços a ações de pequena escala. Uma agência de turismo que pense assim dificilmente sobreviverá; ainda há quem adote a ideia de que o serviço dispensa estudo, análise e pesquisa. Por isso, deixa-se de ganhar dinheiro com ações estratégicas; por fim, pensa-se que toda avaliação em serviços é subjetiva. Como se fosse questão de subjetividade uma pessoa receber um bom ou um mau atendimento em uma loja, por exemplo. Além disso, considere-se que: a) em ambientes de serviços e métodos mantêm-se os mesmos conceitos da qualidade utilizados em ambientes industriais. Todavia, mudam-se as estratégias; b) bens tangíveis muitas vezes são considerados apenas como a “personificação física” de serviços. De fato, ao adquirir um litro de leite, o usuário na verdade deseja o serviço prestado pelas características nutritivas do produto. Em termos estratégicos, a produção de serviços parece ser o setor econômico que tem maior potencial atualmente, e manterá esta posição de destaque a curto prazo. Isso embora haja, estranhamente, quem ache que investir na qualidade do serviço não vale a pena, porque serviços não produzem empregos, riqueza ou renda. Basta lembrar que a atividade produtiva de maior impacto econômico no mundo hoje – turismo – está nesta área. Ainda em termos estratégicos, é bom lembrar que a agregação de serviços a bens tangíveis (assistência técnica a eletrodomésticos), de serviços a novos serviços (exames laboratoriais na própria clínica médica), de métodos aos serviços (restaurantes que vendem receitas) ou de métodos a bens tangíveis (manual de melhor utilização de equipamentos) é a tendência mais natural (PALADINI, 2011). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 3.3 Qualidade na pequena empresa Um dos maiores (dos muitos) mitos que sempre cercaram a Gestão da Qualidade refere-se ao porte da empresa. Criou-se, e persistiu por muito tempo, a ideia de que qualidade depende do porte da empresa e, mais especificamente, de que a Gestão da Qualidade é um processo exclusivo de empresas de grande porte. Há, infelizmente, um elemento que contribui para solidificar essa ideia falsa. Existe um grande número de programas daqualidade desenvolvidos no Brasil para pequenas empresas que, implantados em muitas organizações ou mesmo em grupos de empresas, obtiveram resultados pouco animadores. Ocorre, porém, que isso se deve à falha do programa e não das empresas que o receberam. Alguns desses programas costumam chegar às cidades prometendo resolver todos os problemas das pequenas e microempresas. Cria uma expectativa que dificilmente consegue concretizar-se, até porque fornece a ideia de que, de um modo ou de outro, o programa vai dar certo. A frustração gerada a seguir é difícil de ser revertida. Muitos desses programas centram-se em conceitos e estratégias que são muito simplificados, para fornecer uma ideia de que são fáceis de implantar e totalmente viáveis. Isso acaba por desvirtuar a correta noção da qualidade e comprometer as estratégias; ainda pesa contra tais programas a acusação de priorizar o processo de implantação e omitir esforços nas áreas de manutenção e consolidação do programa (ações após a implantação). Criou-se a ideia de que o primeiro processo – transferência do modelo de implantação – é rentável para os institutos que fornecem os programas, enquanto os outros dois (manutenção das ações e consolidação das estratégias) não o são. Por isso, fixam-se atenção e esforços só no primeiro. Por outro lado, estes programas têm o mérito de chamar a atenção das empresas de pequeno porte para a questão da qualidade, sobretudo para sua importância e vantagens. Não há como negar que existem muitos indícios de que a Gestão da Qualidade é uma realidade na pequena empresa. Note-se, para citar um dado, o Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 número crescente de empresas de pequeno porte que servem como exemplo de excelência em serviços, processos e produtos. Nos Estados Unidos, um número expressivo de empresas que trabalham com tecnologia de alta qualidade é de pequeno porte, uma situação que começa a repetir-se no Brasil, sobretudo nas áreas de Informática (tanto software como hardware), processamento de imagens, projeto e construção de dispositivos para setores industriais específicos; serviços especializados, etc.(PALADINI, 2011). Contribuiu, para isso, o movimento da terceirização, a partir do qual muitos profissionais de empresas de grande porte, que investem em qualidade, passam a ser microempresários, carregando para as empresas que fundaram, noções e prioridades aprendidas em seus empregos anteriores, e desenvolvendo-os ainda mais. A terceirização trouxe outro incentivo à qualidade das pequenas empresas. Ao se credenciarem para assumir parte do processo produtivo de uma grande empresa, torna-se imprescindível às pequenas organizações apresentar qualidade em processos, produtos e serviços. Isso, por si só, já justifica o investimento na área. Há que se considerar, ainda, que qualquer empresa, independentemente de seu porte, tem objetivos de sobrevivência e crescimento. E há um senso comum de que, para sobreviver, a empresa precisa garantir que seus produtos e serviços sejam comprados – o que requer que eles possuam características de operação que os diferenciem dos demais, isto é, qualidade. É importante notar que investir em preço é um risco imenso para a pequena empresa. De fato, trabalhando com capital de giro menor e recursos mais limitados, torna-se difícil enfrentar empresas de grande porte, que possuem condições de oferecer menores preços tanto porque possuem reserva de capital para cobrir até vendas abaixo do valor de custo quanto pelo fato de, por possuírem grande número de itens em estoque, recuperam em determinados itens o que deixam de ganhar em outros. A diversificação de produtos e a solidez financeira, dessa forma, são elementos que favorecem a grande empresa, sendo difícil, para empresas menores, competir nesse terreno. O mesmo se pode dizer dos prazos de entrega, da cordialidade no atendimento ou até mesmo da localização física da empresa. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 Dados estatísticos recentes informam que, no Brasil, os índices de mortalidade das microempresas no primeiro ano de vida são de 80%. Há vários fatores relevantes, externos às empresas, que contribuem para isso. Em geral, as dificuldades apontadas para o fracasso envolvem componentes financeiros, relativos à falta de acesso ao crédito ou dinheiro caro, e legislação que tributa a ação da microempresa de forma excessiva. Entretanto, é também verdade que muitas empresas de pequeno porte não sobrevivem exatamente porque não se diferenciam, investindo pouco em qualidade de produtos e serviços aos clientes. A concorrência, assim, rapidamente as traga. Além do esforço de sobrevivência para manter mercados, qualquer empresa aspira crescer, o que só ocorre se puder contar com novos mercados. Isso significa desmontar situações consolidadas, o que só se dará se a empresa tiver elementos de venda superiores aos existentes. Como preço e prazo não funcionam aqui, resta a qualidade como única alternativa viável. Cabe ainda notar que qualquer empresa opera com objetivos de redução de custo e produtividade, até pelas mesmas razões acima expostas. E qualidade começa exatamente com essas questões. Paladini (2011) ressalta, por fim, que existem elementos que facilitam a viabilização dos processos da Gestão da Qualidade e que só pequenas empresas possuem. Alguns exemplos: visão de conjunto facilitada; flexibilidade administrativa; mão de obra mais facilmente envolvida; decisões quase sempre abrangentes e integração entre recursos. Há, ainda, um fato que evidencia ser mais fácil implantar qualidade na pequena empresa: muitas estratégias utilizadas nas empresas de maior porte envolvem células de produção, trabalho em pequenos grupos, mini fábricas, etc., ou seja, recursos que visam, exatamente, imitar pequenas empresas. É a grande empresa buscando transplantar, para si, as facilidades próprias das pequenas e micro organizações. Esses aspectos mostram qual caminho parece mais adequado para viabilizar um processo de Gestão da Qualidade na pequena empresa: mostrar as vantagens que o programa traz para a empresa. Como descrito, são vários os benefícios que o programa traz para a pequena empresa; são várias as Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 características das pequenas empresas que facilitam a implantação do programa da qualidade; portanto, competir pela qualidade parece mais viável para a pequena empresa do que competir pelo preço. Contudo, isso exige diferenciação de serviços e produtos, ou seja, qualidade. Enfim, o processo administrativo da pequena empresa pode ser visto como uma vantagem estratégica. E pode-se tirar partido dele para estruturar o próprio processo de Gestão da Qualidade e mostrar que as estratégias de Gestão da Qualidade podem dar certo em qualquer empresa, independentemente de área, setor ou porte. 3.4 Qualidade no serviço público Três questões têm sido colocadas quando se trata de analisar o ambiente do serviço público e a possibilidade de desenvolver programas da qualidade nesse contexto: por que qualidade no serviço público? e por que neste exato momento? e como gerar qualidade no serviço público? Além do esforço de sobrevivência para manter mercados, qualquer empresa aspira crescer, oque só ocorre se puder contar com novos mercados. A qualidade pode ser a chave de acesso a eles (PALADINI, 2011). Há muitos elementos que as pequenas empresas possuem que facilitam a implantação da Gestão da Qualidade. É evidente que os governos precisam, com urgência, de programas da qualidade e produtividade, sobretudo em termos de gestão. Há variadas razões para isto: a principal decorre da exigência da própria população. Para estruturar um modelo de Gestão da Qualidade para o serviço público é fundamental considerar a cultura vigente e as especificidades de atuação dos servidores públicos. Por isso, qualquer programa nesta área deve ter características próprias, específicas. A estratégia básica de motivação, por exemplo, é a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 estruturação de programas da qualidade voltados, em primeiro lugar, para a produção de benefícios para os próprios funcionários. A propriedade que caracteriza a qualidade no serviço público é a transitividade: o funcionário repassa para a sociedade os benefícios (como também as restrições) de sua satisfação no trabalho. A qualidade de seu atendimento, assim, é diretamente proporcional à qualidade de suas relações com o empregador, no caso, o Estado. 3.5 Qualidade de produtos agroalimentares Quando se trata de qualidade no setor agroalimentar facilmente temos observado a coexistência de princípios, instrumentos e métodos para garantia da qualidade. Os sistemas de gestão da qualidade aplicados no setor agroalimentar parecem seguir o mesmo padrão operacional: primeiro aplicar os princípios da garantia da qualidade para depois de ter os processos elaborando produtos de qualidade assegurada, implementar os princípios do gerenciamento estratégico da qualidade, como forma de manter e elevar o nível já assegurado da qualidade do produto e dos processos envolvidos. Dentre os vários modelos de gestão da qualidade aplicados ao setor agroalimentar, temos Excellence Model – European Foundation of Quality Management Excellence Model (EFQM), o Tracefish, o Safe, Quality Food 2000 (SQF 2000), as normas ISO e outros modelos de menor aplicação no setor produtivo. Quando se trata de produtos agroalimentares, algumas de suas especificidades exigem que a gestão da qualidade enfatize características específicas para que se torne eficaz nesse setor produtivo, como valorizar ainda mais a padronização e adotar sistemas de garantia da qualidade que enfatizem a segurança do alimento, por se tratar de produtos que podem afetar a saúde humana. Existem formas diferentes para seguir a sistemática da qualidade, sendo elas: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 sistema nacional de garantia da qualidade – é um sistema que procura garantir que os produtos foram produzidos da maneira prescrita, desde a produção rural até o ponto de venda referente à determinada nação, respeitando até mesmo a cultura do país; sistema de garantia da qualidade de propriedade – procura garantir ao consumidor final a qualidade do produto, utilizando-se da marca própria. Assim, nesse caso, a fonte de informação para o consumidor é a marca do produto; padrões de garantia da qualidade voluntária – nesse caso a série ISO 9000 é o principal exemplo. Essencialmente, essa série centra-se em dois aspectos fundamentais: (a) a confirmação de que a empresa fixou políticas e práticas de qualidade adequadas para o seu funcionamento; e, (b) a confirmação de que as políticas e práticas fixadas são seguidas por todos na empresa. Além dessas, são outras formas de sistematizar a gestão da qualidade: sistemas internacionais de garantia da qualidade – são sistemas aplicados em diferentes países, tendo o intuito da padronização dos sistemas de gestão da qualidade nesses países diversos. O exemplo que melhor ilustra tais sistemas são o conjunto de normas da International Organization for Standardization (ISO) e os padrões do Codex Alimentarius; sistemas industriais de garantia da qualidade voluntária – são sistemas constituídos por normas ou códigos determinados por associações comerciais ou industriais, sendo que alguns estão completamente autorregulados e outros abrem mão de auditores, assessores e inspetores. São exemplos desse tipo de sistema de garantia os fornecidos pela British Meat Manufacturers Association (BMMA) e pela British Frozen Food Federation (BFFF); marcas de qualidade – esses sistemas compreendem os produtos de marca própria dos distribuidores, também denominados produtos de marca própria. Esses sistemas são desenvolvidos por terceiros, buscando atender a normas muito específicas. Nesses casos, a grande parte dos proprietários das marcas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 realizam auditorias técnicas com seus fornecedores, a intervalos regulares ou internalizam auditores nos fornecedores para esse fim. Quando os fornecedores apresentam certificações da série ISO 9000, os esforços de auditoria podem ser minimizados, reduzindo o risco de duplicação de esforços quando um produtor fabrica produtos para várias marcas próprias de distribuidores. Muitas cadeias varejistas como Carrefour, Eroski, Mercadona, Marks e Spencer, J. Sainsbury, Albert Heine, Safeway, Tesco, Asda apresentam suas marcas próprias com normas específicas que fazem referência cruzada ou incluem parte das normas da série ISO 9000; marcas de confiança – são sistemas de garantia da qualidade que tratam de prover, a determinado produto, um selo que garanta a presença nele de alguma característica particular de produção ou composição, ou seja, a marca confirma que o produto foi fabricado empregando o material prescrito. diretrizes e códigos de práticas – são editados no Brasil, principalmente pelo Ministério da Saúde, por meio da Anvisa. Na Espanha, por exemplo, a publicação e revisão se dá em diversos níveis, partindo do âmbito comunitário por meio de conselhos, passando por organismo privados como os conselhos reguladores e instituições Inter profissionais, mas todas subordinadas ao Ministério de Agricultura, Pesca e Alimentação. O Codex Alimentarius é o principal exemplo de diretrizes e códigos de práticas (BORRÁS; TOLEDO, 2006). Vale guardar... A qualidade, enquanto adequação ao uso, cria uma nova organização dos esforços dentro da empresa. Daí a utilidade de estruturarem-se três ambientes básicos da qualidade: in-line, on-line e off-line. Esses são os ambientes nos quais a qualidade é produzida. Caracterizam o ambiente da qualidade in-line: ausência de defeitos, capacidade de produção, estratégias de operação da empresa, produtividade otimização de processos e atendimento às especificações. A qualidade in-line possui Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 uma restrição importante: não considera o cliente, suas necessidades e conveniências, nem as estratégias de mercado. Caracterizam a qualidade off-line: suporte à produção; atividades que influenciam ou afetam o processo produtivo. As áreas típicas são a gestão, a organização, o marketing e os projetos. Caracterizam a qualidade on-line:
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