Buscar

Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle na Indústria Cervejeira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP 
 
 
 
 
THAÍS DE ALBUQUERQUE RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) na 
Indústria Cervejeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lorena, 2015 
2 
 
THAÍS DE ALBUQUERQUE RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) na 
Indústria Cervejeira 
 
 
 
Monografia apresentada à Escola 
de Engenharia de Lorena da 
Universidade de São Paulo como 
requisito parcial à obtenção do grau 
de Engenharia Bioquímica. 
 
Orientador: Prof. Ismael Maciel de Mancilha 
 
 
Lorena, 2015 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 Agradeço primeiramente ao meu avô Salvador Custódio, por todo amor, 
carinho e preocupação. Existem pessoas que são exemplos em nossas vidas e o 
senhor definitivamente é o maior deles para mim. 
 Agradeço aos meus pais Rosane e Marcelo, pelo amor incondicional e esforço 
para que todos os meus sonhos se tornassem realidade. Mesmo de longe (ou muito 
longe), nossos corações estão sempre em sintonia. 
 Agradeço a minha irmã Marcela, minha parceira e amiga de todas as horas. E 
desejo boas-vindas ao mundo das ciências exatas. 
 Agradeço a minha madrinha Maria Auxiliadora por estar sempre ao meu lado, 
por tantos momentos especiais, pelo carinho de mãe, conselhos e conversas. 
Agradeço ao meu professor e orientador neste trabalho Ismael Maciel de 
Mancilha, por compartilhar uma pequena parte do seu conhecimento, pela paciência e 
atenção. 
Agradeço ao meu orientador, professor e amigo Arnaldo Márcio pelas 
palavras de incentivo, confiança e amizade sempre. Minha formação não teria sido a 
mesma sem seu exemplo e seus ensinamentos. 
Agradeço as amigas Maria Clara e Carolina, pela amizade que já dura mais de 
uma década. Com vocês ao meu lado, vi que sempre há um riso mesmo nos 
momentos mais difíceis. 
 Agradeço ao meu amigo Felipe Silva, por quem muitas vezes eu fui desafiada 
a ser uma engenheira melhor. Sua amizade e compreensão são únicas e permanentes 
para mim. 
 Agradeço a minha amiga Aline Tirelli, que reapareceu em minha vida e foi 
muito especial durante todo o período da faculdade. Que nossos caminhos continuem 
se cruzando sempre que possível. 
 Agradeço ao meu amigo Rhyan Lellis, com quem eu sempre pude contar 
desde a época da escola e onde sei que posso sempre encontrar e risos e momentos 
bons. 
 Por fim, agradeço a todos os familiares que sempre me apoiaram nessa difícil 
e gratificante jornada da Engenharia e a todos os amigos e colegas que fizeram parte 
desta etapa da minha vida. 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Voar num limite improvável 
Tocar o inacessível ao chão 
É a minha lei, minha questão 
Virar esse mundo, cravar esse chão 
Não me importa saber 
Se é terrível demais 
Quantas guerras terei que vencer 
Por um pouco de paz (...) 
E assim, seja lá como for 
Vai ter fim a infinita aflição 
E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível chão” 
Chico Buarque 
7 
 
Resumo 
Rodrigues, T.A. Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle 
(APPCC) na Indústria Cervejeira. Monografia (Trabalho de Conclusão de 
Curso de Engenharia Bioquímica) – Escola de Engenharia de Lorena, 
Universidade de São Paulo, Lorena. 2015. 
 
O presente trabalho tem por objetivo discutir sobre a aplicação do 
sistema de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) em 
uma cervejaria, visando a identificação de potenciais pontos de perigos 
na indústria cervejeira. Buscou-se também sugerir medidas de controle 
para os pontos críticos observados, visando à garantia de oferecimento de 
um produto seguro ao consumidor. Assim, considerando as diferentes 
etapas do processo cervejeiro, verificou-se que os principais pontos de 
perigo estão relacionados à contaminação microbiológica durante a 
fabricação da cerveja e presença de corpos estranhos na cerveja 
envasada. Além disso, verificou-se que a maioria das medidas de 
controle é dependente do treinamento da equipe de operação e 
supervisores nos padrões operacionais e inspeção de processos, além da 
participação efetiva dos colaboradores nos programas relacionados às 
boas práticas de fabricação. 
 
 
Palavras-chave: APPCC, Indústria Cervejeira, Cerveja 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Abstract 
Rodrigues, T.A. Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP) 
applied to Brewing Industry. Monograph paper in Biochemical 
Engeneering – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São 
Paulo, Lorena. 2015. 
 
The current paper has the goal of discussing about the application of 
HACCP’s system in a brew industry, aiming the identification of 
potencial hazard points. Another goal was suggest control tools applied 
to the obseverd crictical point aiming the guarantee of offering a safe 
product to the consumers. Therefore, considering the different steps of 
the brew process, it was verified that the main hazard points are related to 
microbiological contamination during the brew and the presence of 
physical contaminants on the packaged beer. Moreover, it was noticed 
that most of the control tools are dependent of training the team of 
operation and the supervisors in the operational patterns, besides the 
participation of everyone in the programs related to good practices of 
fabrication. 
 
Key words: HACCP, Brewing Industry, Beer 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Tabela de íons e seus efeitos sobre o metabolismo da 
levedura. Fonte: KUNZE, 1999 .......................................................,....19 
Tabela 2 – Tabela contendo as enzimas atuantes na mostura, bem como 
suas temperaturas de ativação, temperaturas ótima e funções. Fonte: 
PALMER, 2006 ......................................................................................23 
Tabela 3 – Tabela contendo possíveis pontos de perigo e medidas de 
controle sugeridas aplicadas ao processo de fabricação de cerveja......43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Planta de uma indústria cervejeira. Fonte: MEDEIROS, 2010 
..................................................................................................................18 
Figura 2– Fluxograma de uma árvore decisória para identificação de um 
PCC. Fonte: WHO, 1997........................................................................ 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................12 
2. OBJETIVOS ....................................................................................... 12 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................ 12 
3.1. A história da produção de cerveja ................................................12 
3.2. A produção de cerveja no Brasil ................................................. .13 
3.3. Tipos de Cerveja ...........................................................................15 
3.4. O processo de fabricação de cerveja ............................................17 
 3.4.1. Matérias Primas ............................................................ 18 
 3.4.2. Elaboração do Mosto (Brassagem) ................................21 
 3.4.3. Fermentação ..................................................................25 
 3.4.4. Filtração ....................................................................... 29 
 3.4.5. Envase .......................................................................... 30 
 3.4.6. Pasteurização ................................................................30 
3.5. O Sistema de Análise de Pontos Críticos de Controle (APPCC) 
.............................................................................................................31 
 3.5.1. Histórico ....................................................................... 31 
 3.5.2. Conceito ....................................................................... 32 
 3.5.3. Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos ............... 33 
3.5.4. A sequência de implantação do sistema APPCC ........ 39 
4. METODOLOGIA ..............................................................................42 
5. RESULTADOS ................................................................................. 43 
6. CONCLUSSÕES ............................................................................... 47 
7. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS .............................................. 48 
8. ANEXOS 
8.1. Anexo A: Legislação Brasileira ...................................... 53 
8.2. Anexo B: Fluxograma de processos de uma cervejaria ...58 
12 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
O sistema de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle (APPCC) tem 
como objetivo identificar, avaliar e controlar os perigos relacionados à segurança 
alimentar, sendo assim uma ferramenta de extrema importância no controle de 
qualidade da indústria alimentícia. No presente trabalho, utilizou-se os conceitos da 
ferramenta de qualidade APPCC aplicado em uma indústria cervejeira, que apresenta 
diversas etapas de fabricação, com diversos pontos susceptíveis às contaminações 
químicas e microbiológicas. A descrição do processo cervejeiro é apresentada 
inicialmente para compreensão das características do processo; em seguida, 
apresenta-se o conceito do sistema de APPCC, suas características e sistemática de 
aplicação. O estudo do plano de implantação do sistema APPCC permite identificar 
possíveis pontos de perigo na cervejaria e propor medidas de controle para cada um 
deles. 
 
2. OBJETIVO 
Estudar os conceitos do Sistema de Análise de Perigo e Pontos Críticos de 
Controle (APPCC) e sua aplicação no processo de fabricação de cerveja visando 
identificar os pontos de controle. 
 
3. REVISÃO BILBIOGRÁFICA 
 
3.1. A história da produção de cerveja 
De acordo com Aquarone et al. (2001), a cerveja é uma bebida de amplo 
consumo e fabricação, tendo sido encontrada desde o início da civilização em 
diferentes partes do mundo, como Suméria, Babilônia e Egito, Grécia e Roma no 
13 
 
apogeu de suas civilizações. Estima-se que a produção de bebidas fermentadas se 
iniciou há 30 mil anos sendo a cerveja encontrada por volta de 8000 a.C., 
paralelamente as culturas de milho, centeio e cevada. 
Os sumérios e assírios foram os primeiros povos que, pelo processo de 
malteação de grãos, desenvolveram a técnica da fabricação de bebida, que chegou aos 
egípcios anos mais tarde e por eles foi difundida no Oriente, na bacia do 
Mediterrâneo e toda Europa (SINDICERV, 2015). 
Segundo Aquarone et al (2001), durante o Império Romano, os povos 
bárbaros de origem germânica que ocuparam a Europa destacaram-se na prática de 
produzir cerveja segundo Sindicerv (2015) foi durante a Idade Média (Século XII) 
que as cervejas produzidas nos mosteiros recebiam a adição de ervas como mírica, 
louro, sálvia, gengibre e lúpulo, sendo o último utilizado até hoje e responsável pelas 
características básicas da cerveja. 
Aquarone et al (2001) afirma que durante a Revolução Industrial, cervejarias 
cada vez maiores se estabeleceram na Inglaterra, Alemanha e Império Austro-
Húngaro, locais até hoje tradicionais na produção da bebida. 
 
3.2. A produção de cerveja no Brasil 
De acordo com Santos (2004), a cerveja apenas chegou ao Brasil no século 
XVII com a vinda dos colonizadores holandeses pela Companhia das Índias 
Ocidentais, pois os portugueses não eram tradicionalmente conhecidos pelo consumo 
da bebida. Com a saída dos holandeses do território brasileiro, em 1654, a cerveja 
deixou de ser consumida no país, reaparecendo apenas no século XVIII. Porém não 
se pode afirmar precisamente quando a produção de cerveja no Brasil teve início, 
apenas sabe-se que no século XIX, um oficial alemão chamado Carl Seidler 
encontrou no estado do Rio Grande do Sul um grupo de imigrantes alemães com 
14 
 
conhecimento e interesse em fabricar cerveja e comercializá-la visando o lucro. 
Assim, no dia 27 de outubro de 1836, pela primeira vez foi anunciada, em um jornal 
do Rio de Janeiro, a venda de cerveja brasileira: 
“Na rua de Matacavalos, n°90 e na rua Direita n° 86, da 
Cervejaria Brasileira, vende-se cerveja, bebida acolhida 
favoravelmente e muito procurada. Essa saudável bebida reúne 
a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-
se por muito tempo.” (SANTOS, 2004). 
Segundo Santos (2004), cervejarias pequenas e artesanais foram encontradas 
nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul até meados de 1870. 
No Rio Grande do Sul, os imigrantes de origem alemã e italiana produziam cerveja 
doméstica, assim como vinho, e comercializavam estes produtos em pequenos 
comércios, como uma atividade paralela. Vale ressaltar, que o processo apresentava 
precário controle de fermentação, resultando na falta de padrão e qualidade. 
A partir da década de 1870 houve um grande aumento na produção de cerveja, 
favorecendo a abertura das primeiras cervejarias industrializadas no Brasil 
(SANTOS, 2004) e em 1888 foi fundada pelo suíço Joseph Villiger na cidade do Rio 
de Janeiro, a cervejaria Brahma, com produção de 120 hectolitros/dia e 32 
funcionários (HIGUTHI, 2002). De acordo com Ferrari (2008), no início dos anos 30 
do século XX, a Brahma se consolidou no mercado com uma boa estrutura e, 
apostando em novas tecnologias e publicidade, criou uma grande afinidade com o 
público consumidor. No ano de 1934, a Brahma Chopp era a cerveja mais consumida 
no país, com uma produção de 300 mil hectolitros de cerveja. 
Ainda segundo Ferrari (2008), a Antarctica, fundada em 1885 para produção 
de gelo e produtos alimentícios, passou a produzir cerveja também no ano de 1888 e 
nos anos 1960 possuía capacidade produtiva de 3,9 milhões de hectolitros/ano 
englobando cervejas e refrigerante. 
15 
 
No ano de 1999 a Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) resultou da 
fusão das históricas Companhia Antarctica Paulista e Cervejaria Brahma e atualmente 
é parte da Anheuser-Busch Inbev, o maior grupo cervejeiro do mundo (AMBEV, 
2015). 
 
3.3. Tipos de Cerveja 
De acordo com Brasil (2009), a cerveja é a bebida obtida pela ação de 
leveduras que realizam fermentação alcoólica do mosto cervejeiro contendo malte de 
cevada, água potável e lúpulo. Se aceita que parte do malte de cevada seja substituído 
por adjuntos cervejeiros em quantidade menor de quarenta e cinco por cento do 
extrato primitivo. 
A Legislação (Anexo A) classifica a cerveja em relação a diferentes 
parâmetros: 
I – Quanto ao extrato primitivo 
a) Cerveja leve 
Cerveja cujo extrato primitivo em concentração mássica é maior ou igual que 
5,0% e menor que 10,5%. 
b) Cerveja ou cerveja comum 
Cerveja cujo extrato primitivo em concentração mássica é maior ou igual a 
10,5% e menor que 12,0%. 
c) Cerveja extra 
Cerveja cujo extrato primitivo em concentração mássica é maior ou igual a 
12,0% e menor ou igual a 14,0%. 
d) Cerveja forte 
16 
 
Cerveja cujo extrato primitivo em concentração mássica é maior que 14,0%. 
II – Quanto à cor 
a) Cerveja clara: 
Cor correspondente a menos de 20 unidades EBC (European Brewery 
Convention). 
b) Cerveja escura: 
Cor correspondente a 20 ou mais unidades EBC. 
c) Cerveja colorida: 
Aquela que, por adição de corantes naturais, apresentar coloração diferente 
das definidas no padrão EBC. 
III – Quanto ao teor alcoólico 
a) Cerveja sem álcool: 
Cerveja com conteúdo em álcool menor ou igual a 0,5% em volume. 
b) Cerveja com álcool: 
Cerveja com conteúdo em álcool superior a 0,5% em volume. 
IV – Quanto à proporção de malte de cevada 
a) Cerveja puro malte: 
Aquela que possui 100% de malte de cevada, em peso, emrelação ao extrato 
primitivo, como fonte de açucares. 
b) Cerveja: 
Aquela que possui proporção de malte de cevada maior ou igual a 55% em 
peso em relação ao extrato primitivo, como fonte de açucares. 
17 
 
c) “Cerveja de ...” seguida do nome do vegetal predominante: 
Aquela que apresenta proporção de malte de cevada maior que 20% e menor 
que 55% em peso em relação ao extrato primitivo, como fonte de açucares. 
V – Quanto à fermentação 
a) Baixa fermentação: 
São as chamadas cervejas Lager, fermentadas a temperaturas entre 9°C e 
14°C, com tempo de fermentação maior em relação as cervejas de alta fermentação 
(SINDCERV, 2015). 
b) Alta fermentação: 
São as cervejas conhecidas como Ale, fermentadas a temperaturas entre 20°C 
e 25°C, de fermentação rápida (SINDCERV,2015). 
A Legislação estabelece ainda que as cervejas podem ser definidas como 
Pilsen, Export, Lager, Dortmunder, Munchen, Bock, Malzbier, Ale, Stout, Porter, 
Weissbier, Alt, entre outras denominações que podem ser criadas, de acordo com as 
variações na composição do produto (BRASIL, 2009). 
 
3.4.O processo de fabricação de cerveja 
O processo de produção de cerveja é composto por três etapas distintas: sala 
de brassagem, adega de fermentação/maturação e filtração da cerveja. 
Como exemplificado por Medeiros (2010) no esquema abaixo (Figura 1), 
usualmente uma cervejaria apresenta uma sala de brassagem, onde existem tinas para 
mosturação do malte e cozimento do mosto; adegas contendo tanques de 
fermentação, maturação e tanques de armazenamento de fermento e por fim, uma 
18 
 
área de filtração para localização dos filtros, sistemas de carbonatação e tanques de 
pressão para armazenamento. 
Figura 1 – Planta de uma indústria cervejeira. (MEDEIROS, 2010). 
 
3.4.1. Matérias Primas 
A elaboração do mosto é o primeiro passo da fabricação de cerveja, 
utilizando-se para essa produção as matérias primas: água, malte de cevada, adjuntos 
não malteados e lúpulo. 
a) Água cervejeira 
Segundo Medeiros (2010), a água cervejeira é utilizada não somente para 
composição do mosto cervejeiro, mas também na pré-umidificação do malte antes da 
moagem, diluição de matérias primas sólidas, lavagem do bagaço do malte originado 
na filtração do mosto primário, na trasfega do mosto em elaboração, na rinsagem 
final e na lavagem de garrafas e latas. 
Para atender as necessidades especificas da cervejaria, a água deve possuir 
qualidades de uma água potável e apresentar a concentração ideal de sais minerais 
dissolvidos (BANFORTH, 2003). Na tabela abaixo (Figura 2), são apresentados 
19 
 
alguns íons e os efeitos causados por eles no metabolismo da levedura durante a 
fermentação: 
Tabela 1 - Tabela de íons e seus efeitos sobre o metabolismo da levedura. (KUNZE, 
1999) 
Íon Efeito 
Ca
2+
 O cálcio estimula o metabolismo da levedura 
Mg
2+
 O magnésio é o cofator de diversas enzimas atuantes na fermentação 
K
+
 O potássio está relacionado à fonte de energia no crescimento da 
levedura e na velocidade da fermentação 
Na
+
 O sódio está relacionado à manutenção do transporte de potássio para o 
interior da célula 
Mn
2+
 Em concentrações abaixo de 0,2 mg/L atuam como cofatores enzimáticos 
para o metabolismo da levedura, estimulando a propagação celular 
Zn
2+
 O zinco em concentrações acima de 0,15 mg/L no mosto final 
contribuem positivamente na propagação de leveduras como cofator de 
enzimas de respiração, fermentação e síntese de ácidos graxos. Porém, 
em excesso, pode causar intoxicação da levedura. 
NO3
-
 O nitrito em concentrações entre 50 e 100 mg/L provocam inibição da 
propagação de leveduras e diminuem a taxa de atividade fermentativa, 
 
b) Malte 
De acordo com Banforth (2003), a cevada é a matéria prima principal na 
fabricação de cerveja devido a características como: alto teor de amido, presença de 
proteínas na proporção ideal em relação ao amido e presença de enzimas que podem 
estar ativas ou ser ativadas para a quebra de moléculas de interesse. Além disso, outra 
característica vantajosa é a permanência da parte externa da casca da cevada no grão 
após a moagem, formando uma camada filtrante no processo de clarificação. 
20 
 
O produto utilizado na indústria cervejeira é o malte, que de acordo com a 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é o produto da germinação e 
posterior dessecação do grão de cevada da espécie Hodeum sativum (BRASIL, 1978) 
e o processo de malteação, segundo Aquarone et al (1983) é realizado a fim de 
produzir e ativar enzimas tais como α e β – amilase e a maltase, responsáveis pela 
quebra do amido em açúcares fermentescíveis. As três principais etapas da malteação 
são (Figura 3): 
 Maceração dos grãos: De acordo com Gouvêa e Maia (2013), o início 
da germinação só ocorre a partir de um teor de umidade determinado, 
que é atingido pela adição de água aos grãos de cevada. 
 Germinação: Segundo Aquarone et al (1983) a germinação é um 
processo que ocorre a temperaturas entre 14 e 18°C, umidade entre 44 
e 48% e presença de oxigênio. Neste processo, as enzimas são 
produzidas e ativadas para a germinação do grão de cevada, processo 
que envolve a quebra do carboidrato de reserva – amido – para 
fornecimento de energia para o grão. 
 Secagem: o malte com alto teor de umidade é susceptível a rápida 
deterioração e contaminação. Além disso, é necessário que as 
alterações bioquímicas no grão parem de ocorrer para fixar a 
composição requerida do malte. A secagem então se torna a melhor 
solução para ambos os problemas. 
De acordo com Priest e Stewart (2006), posteriormente a secagem, 
realiza-se a remoção de radículas já que esta parte do grão possui 
sabor amargo e adstringente para a cerveja, além de ser higroscópica. 
 
c) Adjuntos não malteados 
Medeiros (2010) afirma que os adjuntos são materiais ricos em carboidratos e 
possuem composição e propriedades adequadas para complementar o fornecimento 
21 
 
de açúcares ao mosto cervejeiro. Podem ser sólidos, necessitando de tratamento 
térmico na sala de brassagem para degradação do amido, ou líquidos, que não 
necessitam de degradação por já apresentarem açúcares fermentescíveis (com no 
máximo três unidades de glicose). Adicionam-se os adjuntos na etapa de fervura do 
mosto, para sua completa solubilização. 
d) Lúpulo 
De acordo com Briggs et al (2000), o lúpulo é uma planta do tipo trepadeira 
que confere sabor característico a cerveja e é essencial para o impacto organoléptico 
total, estabilidade do sabor e retenção da espuma no produto final. 
Ainda segundo Briggs et al (2000), no momento de sua colheita, o lúpulo 
apresenta um teor de água de 80%, sendo inviável seu armazenamento imediato. 
Sendo assim, o lúpulo deve ser secado em estufa para redução do teor de umidade 
(para aproximadamente 10%) e passa por um processo posterior de beneficiamento, 
onde será transformado em pó ou pelletes para comercialização. 
Kunze (1999) afirma que a planta possui como principais componentes óleos 
essenciais, substâncias tânicas, substâncias amargas e proteínas. Tais compostos são 
responsáveis pela inserção de aroma e amargor característicos, oriundos dos óleos 
essenciais e substâncias amargas, e também pela estabilidade da espuma, relacionada 
às proteínas. 
3.4.2. Elaboração do mosto (Brassagem) 
a) Cozimento de adjuntos 
De acordo com Medeiros (2010), o cozimento de adjuntos é realizado para 
solubilização do amido dos adjuntos sólidos. Normalmente se adiciona no máximo 
cerca de 35% de adjuntos, pois uma quantidade excessiva destes cereais ocasionaria a 
diminuição da concentração de aminoácidos no meio (fornecidos somente pela 
22 
 
cevada), podendo levar a dificuldade de assimilação destas moléculas pelas 
leveduras. 
b) Mostura 
Segundo Kunze (1999), o objetivo da etapa de mostura é, através de 
patamares de temperatura, possibilitar que as enzimas atuem em sua atividade 
máximapara quebra do amido em açúcares fermentescíveis (glicose, maltose, 
maltotriose) e não fermentescíveis (dextrina) e para degradação de proteínas em 
cadeias menores, necessárias para formação de espuma, e aminoácidos, fundamentais 
para o metabolismo da levedura. Nesta etapa, o meio consiste em uma mistura de 
água e malte apenas, sendo a adição de adjuntos e lúpulo feita apenas na fervura. 
Ainda segundo Kunze (1999), o amido é formado por moléculas de glicose 
que se organizam na forma de amilose – linear, com ligações do tipo α 1,4 - e 
amilopectina – ramificada, com ligações do tipo α 1,3, α 1,4, α 1,6, sendo a última 
responsável pelas ramificações. Palmer (2006) afirma que as α amilases atuam 
rompendo as ligações α 1,4 da amilose e amilopectina, produzindo dextrinas 
enquanto as β amilases quebram a extremidade das cadeias liberando moléculas de 
glicose e maltose. Dessa forma, os açúcares são disponibilizados para as leveduras 
realizarem a multiplicação celular e fermentação. 
Na tabela abaixo (Figura 4) estão relacionadas as enzimas envolvidas no 
processo de mostura e suas respectivas temperaturas de ativação e de atividade 
máxima (temperatura ótima). De acordo com estas características, se estabelecem as 
temperaturas de repouso do mosto bem como o tempo que este ficará exposto a cada 
temperatura. O mosto resultante terá características diferentes para cada combinação 
de tempo e temperatura. 
 
 
23 
 
Tabela 2 – Tabela contendo as enzimas atuantes na mostura, bem como suas 
temperaturas de ativação, temperaturas ótima e funções. (PALMER, 2006) 
Enzima Temperatura de 
ativação (°C) 
Temperatura 
ótima (°C) 
Função 
β glucanase 20 a 50 35 a 45 Melhor repouso para quebra 
de goma de adjuntos não 
maltados 
Protease 20 a 65 45 a 55 Solubilização de proteínas 
insolúveis do estoque da 
cevada 
Peptidase 20 a 67 45 a 55 Produção de FAN (Free 
amino nitrogen) de proteínas 
solúveis 
Dextrinase 60 a 67 60 a 65 Clivagem de dextrinas das 
extremidades 
β amilase 60 a 65 60 Produção de maltose 
α amilase 60 a 75 60 a 70 Produção de uma variedade 
de açúcares (incluindo 
maltose) e dextrinas 
 
Em relação às proteínas, Yamauchi et al (1995) afirma que tais moléculas 
presentes na cevada possuem grande importância para o metabolismo das leveduras, 
pois as células necessitam dos aminoácidos para sua nutrição. Sendo as proteínas as 
precursoras dos aminoácidos, a carência destas moléculas no mosto cervejeiro 
acarretará a necessidade da levedura sintetizar os aminoácidos de interesse, em 
especial a valina, excretando para o meio como resultantes desta via metabólica, 
maiores concentrações de substâncias indesejáveis como o diacetil. Em contrapartida, 
24 
 
o excesso de proteínas no meio não é interessante pois grande parte não é solubilizada 
durante a malteação ou mosturação. 
c) Filtração 
A filtração do mosto também pode ser chamada de clarificação, pois consiste 
na separação de substâncias que mesmo após a mostura permaneceram insolúveis no 
meio. Eliminando estes compostos, dá-se origem a um mosto mais límpido e menos 
denso e concentrado. 
De acordo com Medeiros (2010), o processo é dividido em duas etapas 
subsequentes: Filtração do mosto primário e retirada do extrato residual do bagaço, 
utilizando água de lavagem. A água utilizada para a lavagem do bagaço é incorporada 
ao mosto primário para evitar a perda de parte do extrato obtido na mostura. 
d) Cozimento do mosto (Fervura) 
Segundo Tschope (2001), o mosto filtrado, agora adicionado de lúpulo e 
adjuntos, é submetido à fervura por tempo e temperatura determinados, com o 
objetivo de evaporar a água excedente, coagular proteínas, transferir componentes 
amargos do lúpulo, esterilizar o mosto, inativar enzimas e eliminar substâncias 
voláteis indesejáveis para o produto final. 
Segundo Tostes (2015), a coagulação de proteínas visa a eliminação de 
moléculas de alto peso molecular que não foram eliminadas durante a filtração por 
permanecerem solúveis no meio e que irão gerar opacidade no produto final. As 
proteínas e outros compostos sedimentam na parte inferior do cozinhador, recebendo 
o nome de trub quente. 
Em relação aos componentes do lúpulo, Tostes (2015) afirma que temos não 
só a transferência destes para o meio, mas também volatilização e isomerização de α-
ácidos que irão conferir amargor e aroma ao mosto de acordo com o momento em 
que são adicionados. 
25 
 
 Lúpulos de amargor: Lúpulos adicionados no início da fervura são 
responsáveis pelo amargor da cerveja (TOSTES, 2015). 
 Lúpulo de aroma: Quando adicionados mais ao final da fervura, temos 
a produção de sabores e aromas característicos, gerados pelos óleos 
presentes no lúpulo que são voláteis e devem permanecer pouco tempo 
em contato com a fervura (TOSTES, 2015). 
A fervura do mosto também possibilita a eliminação de microrganismos e a 
inativação de enzimas, que é desejável pois espera-se que parte dos açucares não 
fermentescíveis esteja presente no mosto, para composição do corpo da cerveja. 
e) Resfriamento e Retirada de trub frio 
De acordo com Brites et al (2000), o início resfriamento do mosto causa a 
precipitação de compostos, principalmente abaixo de 70°C, formando o trub frio. A 
composição do trub frio apresenta polifenóis, lipídios, resina de lúpulo e metais, e sua 
retirada do mosto, de acordo com Medeiros (2010), somente acontece no tanque de 
fermentação, após a passagem do mosto pelo trocador de calor e tempo suficiente 
para decantação deste precipitado. 
f) Aeração 
Segundo Stwart e Russel (2005), o oxigênio é dosado no mosto logo após a 
passagem deste pelo resfriador, pois a levedura precisará de O2 para sua propagação. 
São necessárias concentrações entre 6 e 8 mgO2/L. 
3.4.3. Fermentação 
 
a) Leveduras 
De acordo com Medeiros (2010), a levedura é um microrganismo unicelular 
que possui duas maneiras de obtenção de energia: na presença de oxigênio, através da 
cadeia respiratória ou na ausência de oxigênio, através da fermentação alcoólica. 
26 
 
Sendo assim, na cervejaria as leveduras são inoculadas num meio inicialmente aerado 
e portanto realizam a respiração e multiplicação celular, visto que a respiração 
fornece uma maior quantidade de energia para célula, possibilitando sua reprodução 
(desejável no início do processo). Após o consumo de todo oxigênio disponível, as 
células passam a realizar a fermentação, caracterizada pela queda intensa de açúcares, 
liberação de calor, CO2 e formação de espuma. 
As diferentes formas de açúcar presentes no mosto são o substrato principal 
para a formação de etanol e gás carbônico (MEDEIROS, 2010), enquanto os lipídios 
são fundamentais durante a multiplicação celular pois constituem a membrana celular 
e os aminoácidos, também chamados de FAN – Amino Nitrogênio Livre – em 
especial a valina, tem papel de destaque pois estão relacionados a formação de 
subprodutos que irão caracterizar a cerveja final (BRITES ET AL, 2000). 
Em relação aos sais minerais, Brites et al (2000) afirma que podemos destacar 
o cálcio, que tem influência no paladar e participação fundamental no processo de 
floculação do fermento, e o zinco, que está fortemente relacionado a multiplicação 
celular. 
Medeiros (2010) conclui que o excesso ou falta de nutrientes no mosto pode 
interferir em todas as reações bioquímicas e químicas do processo, impactando no 
paladar e aroma da cerveja. 
b) Inoculação do fermento 
 De acordo com Medeiros (2010), como o mosto é um meio totalmente 
propício para proliferação de bactérias e leveduras selvagens, é de extrema 
importância que o momento de inoculação e a aeração do mosto sejam feitas da 
maneira mais asséptica possível. 
c) Início da Fermentação: Adaptação ao meio 
27 
 
Vogel e Todaro (1997) estabelecem que após a inoculação das leveduras 
ocorre a fase de adaptação do fermento. Geralmente essa fase ocorre nas primeiras12 
a 18 horas e não apresenta formação de etanol, gás carbônico ou espuma, pois o meio 
ainda rico em oxigênio, favorece o metabolismo aeróbio e a multiplicação celular. 
Após 24 horas observa-se um leve aumento na temperatura do mosto devido a 
atividade celular, sendo a atenuação do extrato de apenas 0,4 a 0,8% e o pH é 
reduzido em torno de 0,25 a 0,30 unidades. 
d) Primeira fase da fermentação 
De acordo com Medeiros (2010), após a adaptação das células ao meio ainda 
há oxigênio para ser consumido e a concentração de leveduras triplica. É após a 
multiplicação celular que se inicia a fermentação propriamente dita, com grande 
formação de gás carbônico, baixa formação de espuma. 
Segundo Stanbury, Whitaker e Hall (1995), essa fase dura aproximadamente 
dois dias e a atenuação de extrato é de aproximadamente 0,8 a 1 °P a cada 24h. A 
temperatura pode aumentar na faixa de 1,5 a 2,0 °C e o pH cai cerca de 0,6 a 0,8 
unidades. Além disso, levedura excreta para o meio precursores de diacetil, 
resultantes do metabolismo dos aminoácidos valina e isoleucina (BOULTON ET AL, 
2001) e ocorre a precipitação das resinas de lúpulo e componentes proteicos, 
integrantes do trub (MEDEIROS, 2010). 
Yamauchi et al (1995) afirma que a temperatura nesta fase deve ser de 
aproximadamente 11°C a fim de manter a solubilidade do oxigênio no líquido, evitar 
a formação excessiva de espuma no tanque fermentador e reduzir ligeiramente o 
metabolismo da levedura para que a produção de diacetil e pentanodiona (conhecidos 
como dicetonas) não ocorra em sua velocidade máxima. 
e) Segunda fase da fermentação 
28 
 
Segundo Vesely et al (2004), a segunda fase tem início no terceiro ou quarto 
dia de processo e dura aproximadamente mais três dias, de acordo com a temperatura 
que se está conduzindo a fermentação. A fermentação está no auge de sua 
intensidade, com atenuação de extrato de 1 a 2% a cada 24h e aumento de 
temperatura de 3 a 5 °C. O pH atinge o limite mínimo de 4,0 a 4,4, o gás carbônico e 
espuma estão em formação máxima. 
Nesta etapa, o diacetil formado na primeira fase é reabsorvido pelas células 
ativas de levedura e convertido em moléculas de acetoína e 2,3-butanodiol, que não 
interferem nas propriedades organolépticas da cerveja (BOULTON ET AL, 2001). 
Também ocorre nesta fase a precipitação de partículas insolúveis – formadas pela 
reação entre taninos e proteínas – além de resinas de lúpulo novamente 
(STANBURY, WHITAKER, HALL, 1995). 
De acordo com Yamauchi et al (1995), a temperatura da segunda fase de 
fermentação é mais elevada em relação à primeira etapa, com a finalidade de 
estimular a formação dos precursores de diacetil e pentanodiona e sua redução e 
reabsorção em seguida, formando finalmente a acetoína e o 2,3-butanodiol. Além 
disso, estimula-se o consumo e consequente redução do extrato pelo consumo da 
levedura. 
f) Retirada de fermento 
Momento em que a camada de espuma começa a diminuir, a atenuação do 
extrato é reduzida para 0,2 a 0,3% a cada 24h e o pH está constante (EMEST ET AL, 
1980). 
Segundo Eβlinger (2009), a levedura sedimentada após a fermentação 
metabolizou todos os nutrientes do mosto e fica exposta ao gás carbônico e ao etanol 
formados na fermentação, assim como a pressão hidrostática e temperaturas mais 
elevadas na parte cônica do tanque de fermentação. Assim, a separação destas células 
29 
 
da cerveja é necessária. As leveduras são retiradas no momento em que se atinge a 
atenuação desejada, anteriormente ao resfriamento da cerveja para maturação. 
g) Maturação 
De acordo com Speers (1999), para iniciar a maturação a temperatura deve ser 
reduzida para valores muito abaixo daqueles em que a fermentação é conduzida: ente 
-2 e 0 °C. Esta etapa também é conhecida como clarificação da cerveja pois é durante 
este processo que se depositam as substâncias responsáveis pela turvação da cerveja, 
como células de levedura ainda suspensas, subprodutos da decomposição de 
proteínas, polifenóis/taninos, trub e outros. Esta fase é essencial para que os sabores e 
aromas da cerveja se equilibrem (TOSTES, 2015). 
A efetividade da clarificação depende de alguns fatores como tamanho, tipo e 
quantidade das substâncias causadoras da turvação, temperatura da maturação 
(quanto mais baixa, melhor) e tempo de maturação (quanto maior, melhor; no mínimo 
3 dias) (SPEERS, 1999). 
3.4.4. Filtração 
De acordo com Medeiros (2010), ao longo da maturação, são feitas retiradas 
de material sedimentado por escoamento pela parte inferior do tanque, porém ainda 
existem células suspensas e outros compostos que irão causar turvação da cerveja. 
Sendo assim, o objetivo da filtração é garantir que o produto esteja dentro das 
especificações de cor (agradável e equivalente ao padrão aceito para o tipo de cerveja 
produzido), paladar (uniforme e refinado), aspecto límpido no copo, apresentação de 
alto brilho e alta durabilidade. 
Tostes (2015) afirma que além destes objetivos, uma das operações 
empregadas no processo de filtração é a carbonatação, que confere o último ajuste da 
cerveja para o produto final. A levedura além de produzir etanol, também libera gás 
carbônico para o meio, o mesmo gás utilizado para carbonatar a cerveja. Sendo assim, 
30 
 
um dos principais métodos utilizados industrialmente para correção do teor de gás 
carbônico na cerveja é aproveitar o gás liberado da fermentação. 
Ainda segundo Tostes (2015), os tanques fermentadores possuem válvulas de 
controle de pressão, que são reguladas de forma que a pressão total do tanque 
corresponda a pressão de solubilização do gás carbônico no líquido. Os cálculos 
envolvidos para a determinação desta pressão também consideram a temperatura e o 
tempo de fermentação. 
3.4.5. Envase 
Segundo Medeiros (2010), o envase da cerveja é um processo que conta com 
uma série de equipamentos, responsáveis pelo acondicionamento do produto em 
determinada embalagem, com incorporação mínima de oxigênio e perda mínima de 
gás carbônico durante o processo. Galatto (2008) afirma que este cuidado é tomado 
pois o gás oxigênio causa a oxidação da cerveja, gerando alterações no paladar, 
turvações, modificação na coloração e favorece o crescimento de contaminantes. O 
autor conclui ainda que o gás carbônico deve ser mantido durante o processo uma vez 
que garante a conservação da espuma e do paladar. Quanto menor for a temperatura 
de envase, maior a facilidade do gás se manter solúvel. 
3.4.6. Pasteurização 
Segundo Fontana (2009), a pasteurização é utilizada em muitas indústrias 
alimentícias, sendo aplicada pela primeira vez na cerveja em 1870 por Louis Pasteur. 
Pouco tempo depois, as cervejarias europeias passaram a utilizar a pasteurização 
como um procedimento padrão. 
Gava (1998) afirma que o objetivo da pasteurização não é a eliminação 
completa de micro-organismos, mas apenas os patógenos. Sendo assim, deve-se 
realizar a pasteurização de maneira que o processo seja o menos prejudicial possível 
para a cerveja, levando-se em consideração a população inicial de micro-organismos 
31 
 
a destruir, o pH, a velocidade de transferência de calor da parte externa até o interior 
do vasilhame e a temperatura inicial do produto. 
De acordo com Clerk (1958), é inevitável que ocorram variações de sabor, 
aroma, cor e estabilidade coloidal na cerveja, sendo a temperatura de 60°C por 20 
minutos suficiente para eliminação de patógenos e sem efeito negativo excessivo 
sobre as características físico-químicas da cerveja. 
3.5. O Sistema de Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle 
(APPCC) 
De acordo com Ribeiro-Furtini e Abreu (2006), a qualidade dos alimentos é 
uma preocupação crescente no cenário mundial e por este motivo diferentes 
ferramentas de gestão são criadas e utilizadas visando garantir o oferecimento de um 
produto seguro à saúde humana e compatível as exigências de comercialização. Além 
disso, outros benefíciospodem ser alcançados com a implantação de ferramentas de 
controle e análise, como a redução de perdas, o aumento de produtividade e a 
otimização da produção. Os autores citam como ferramentas mais conhecidas as Boas 
Práticas de Fabricação (BPF), os Procedimentos Padrão de Higiene Operacional 
(PPHO), a Avaliação de Riscos Microbiológicos (MRA), Gerenciamento da 
Qualidade (Série ISO) e o Sistema de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de 
Controle (APPCC). 
3.5.1. Histórico 
Segundo Bennet e Steed (1999), o termo alimento seguro foi usado pela 
primeira vez nos anos 60, pela Pillsburg Company, em parceria com a NASA e o US 
Army Laboratories durante a criação de um sistema de qualidade que possibilitasse o 
desenvolvimento de alimentos que pudessem ser consumidos por astronautas sem 
danos à saúde. Neste contexto, afirma Jouve (1999), a ferramenta APPCC (ou na 
sigla em inglês HACCP – Hazard Analysis and Critical Control Points) foi 
32 
 
desenvolvida, originalmente pelo setor privado, mas rapidamente foi introduzida na 
legislação de vários países. 
Inicialmente, o sistema de APPCC criado pela Pillsbury Company consistia 
em três princípios (JOUVE, 1998): 
 Análise de perigo e avaliação do risco: a avaliação de risco considera 
as perguntas-chave: 
o O produto contém ingredientes sensíveis? 
o Há uma etapa que destrói micro-organismos patogênicos? 
o Há possibilidade de recontaminação do produto após a 
eliminação de patógenos? 
o Há possibilidade do produto estragar durante a distribuição ou 
consumo? 
o Há tratamento térmico final? 
 Determinação dos pontos críticos de controle 
 Monitoramento dos pontos críticos de controle 
 
3.5.2. Conceito 
A aplicação do sistema de APPCC possibilita a identificação dos perigos, a 
avaliação da probabilidade de ocorrência de perigos durante o processo e a definição 
de meios de controle para garantir a segurança alimentar (ILSI, 1997). 
Em 1993, a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e 
a World Health Organization (WHO) estabeleceram em assembleia a adoção do 
Codex Alimentarius como uma coletânea de normas que visa a aplicação das boas 
práticas de fabricação dos alimentos, incluindo o sistema APPCC. De acordo com 
este documento, o sistema pode ser empregado em todas as etapas de um processo 
produtivo, desde a produção primária até o consumo final, sendo sua aplicação 
baseada em evidências científicas de riscos à saúde humana. 
33 
 
 De acordo com Figueiredo e Neto (2001), o sistema de APPCC define o termo 
perigo como um agente nocivo ou condição inaceitável para o alimento, podendo 
causar algum efeito adverso à saúde. 
Desta forma, ILSI (1997), afirma que os perigos são causados por: 
 Presença inaceitável de uma contaminação química, física ou 
microbiológica na matéria prima, no produto intermediário ou final; 
 Potencial de crescimento/sobrevivência de microrganismos ou 
produção de compostos químicos no produto intermediário ou final; 
 Recontaminação do produto após tratamento contra patógenos, seja 
por produtos químicos, microrganismos ou corpos estranhos 
 
3.5.3. Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos 
Segundo a FAO/WHO (1963), antes da aplicação do sistema APPCC em 
qualquer setor produtivo, é necessário que programas considerados pré requisitos já 
tenham sido implantados, como por exemplo as Boas Práticas de Fabricação (BPF), 
que estão de acordo com os Princípios Gerais da Higiene dos Alimentos. 
De acordo com Carballido et al (1994), as Boas Práticas de Fabricação (BPF) 
são regras que definem a maneira ideal de se conduzir um processo fabril no que diz 
respeito aos métodos de limpeza, comportamento das pessoas envolvidas e adequação 
de equipamentos e edifícios. Espera-se eliminar fontes genéricas de possíveis 
contaminações de produto aplicando as BPF. 
Figueiredo e Neto (2001) afirmam que é necessário destacar as Boas Práticas 
de Fabricação anteriormente a implementação do sistema de APPCC, pois deve haver 
inicialmente uma mobilização dos envolvidos para redução da ocorrência de 
contaminação do produto, visto que grande parte delas é possível de ser evitada a 
partir da aplicação correta das BPF. Contudo, é possível que o sistema de APPCC 
34 
 
seja aplicado em conjunto as BPF, desde que sejam muito bem definidas as 
diferenças entre os riscos que podem ser controlados pelas BPF e os perigos que 
exigem modificação no processo ou um controle específico. 
Os Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos estabelecidos pela FAO/WHO 
também fazem parte do Codex Alimentarius e seus principais pontos encontram-se 
destacados abaixo (FAO, WHO, 1963): 
a) Produção Primária 
A produção primária deve ocorrer de maneira a garantir que o alimento seja 
seguro e adequado para consumo. O objetivo nesta etapa é reduzir a probabilidade de 
introdução de um perigo que possa afetar a segurança do alimento. 
Higiene Ambiental 
As possíveis fontes de contaminação do ambiente devem ser consideradas, 
tais como a presença de substâncias potencialmente perigosas. 
Produção higiênica de insumos alimentares 
Os produtores e indústrias de alimentos devem implementar medidas para o 
controle de contaminação procedente do ar, solo, água, dieta dos animais, 
fertilizantes, pesticidas, entre outros. 
Manipulação, armazenamento e transporte 
Procedimentos devem ser estabelecidos para selecionar os alimentos e 
ingredientes alimentícios com a finalidade de separar todo material que não seja apto 
ao consumo humano. Em seguida, deve-se eliminar de maneira higiênica todo o 
material rejeitado e proteger os alimentos e ingredientes da contaminação de pragas, 
agentes químicos, físicos e/ou microbiológicos. 
É importante também que se evite ao máximo a deterioração e decomposição 
de insumos por meio de controle de temperatura e umidade, por exemplo. 
35 
 
b) Projetos e Instalações 
Devido à natureza das operações e dos riscos associados, as áreas produtivas, 
os equipamentos e as instalações devem ser localizados e projetados de modo a 
garantir que a contaminação seja minimizada, que o projeto permita a manutenção, 
limpeza e desinfecção adequada (minimizando a contaminação pelo ar), que 
superfícies e materiais não sejam tóxicos ao uso que se destinam e sejam de fácil 
manutenção e limpeza, e por fim que as instalações sejam adequadas para controle de 
temperatura e umidade, dentre outros parâmetros. 
Equipamentos 
Os equipamentos e recipientes envolvidos na produção e que entram em 
contato com o alimento devem ser projetados de modo a possibilitar a adequada 
limpeza, desinfecção e manutenção quando necessário. 
Os equipamentos utilizados para cozimento, aplicação de tratamento térmico, 
resfriamento, armazenagem ou congelamento de alimentos deve ser projetado de 
forma a alcançar rápido e manter a temperatura desejada e necessária para a 
segurança do alimento. Além disso, outra característica desejável é que tais 
equipamentos possuam meios de controle de umidade ou fluxo de ar. Desta forma, 
temos a garantia de que microrganismos prejudiciais ou indesejáveis sejam 
eliminados ou reduzidos. 
Os recipientes para resíduos, subprodutos e substâncias perigosas devem ser 
identificados, propriamente fabricados, e quando possível, feitos de material 
impermeável. Após o uso, os recipientes devem ser lacrados para evitar contaminação 
intencional ou acidental. 
Instalações 
 Para definição de um local de instalação, deve-se observar se há 
abastecimento de água potável suficiente e sistemas de drenagem e disposição de 
36 
 
resíduos de forma a evitar o risco de contaminação dos alimentos ou abastecimento 
de água potável. 
c) Controle de Operações 
O controle de operações visa reduzir o risco de que os alimentos não sejam 
seguros por meio de medidas preventivas que garantam a adequação do alimento em 
etapas apropriadas da operação. 
As empresas que produzem alimentosdevem controlar os pontos de perigo 
seguindo as seguintes diretrizes: 
Identificar todas as etapas críticas do processo 
Implementar procedimentos efetivos de controle nestas etapas 
Monitorar os procedimentos para garantir sua eficácia 
Revisar procedimentos periodicamente e sempre que houver mudança na 
operação. 
Controle de Tempo e Temperatura 
A falta de controle de temperatura, conforme mencionado anteriormente, é 
uma das causas mais frequentes de ocorrência de doenças transmitidas por alimentos 
ou deterioração dos mesmos. Os controles eficazes envolvem tempo e temperatura e 
devem considerar as características do alimento, tais como atividade de água, pH e 
possível carga microbiana inicial do produto. 
Etapas específicas do processo 
Alguns processos contribuem para a conservação de alimentos e sua 
consequente segurança; dentre eles estão o resfriamento, irradiação, dessecação, 
conservação química e embalagem a vácuo ou atmosfera modificada. 
 
37 
 
Contaminação microbiológica cruzada 
Os patógenos podem ser transferidos de um alimento para outro diretamente, 
pelas pessoas que manipulam o produto, pela superfície de contato ou ar. Em razão 
disso, pode ser necessário restringir ou controlar o acesso as áreas de processamento. 
Contaminação física e química 
Devem ser adotados sistemas que evitem a contaminação do produto por 
corpos estranhos, como vidro, pedaços de metal de maquinário, poeira, fumaça tóxica 
ou produtos químicos indesejáveis, tais como dispositivos de detecção apropriados ou 
sistemas de filtração para controle deste risco. 
d) Recepção de Materiais 
Nenhuma matéria-prima deve ser aceita por uma indústria se contiver 
parasitas, microrganismos indesejáveis, pesticidas ou outras substâncias tóxicas. 
Quando for apropriado, pode-se estabelecer especificações para recebimento de 
matérias-primas, além de sua inspeção e seleção antes do processamento. 
e) Gestão e Supervisão 
O tipo de controle e a supervisão necessária dependem do porte da indústria 
em questão, da natureza de suas atividades e dos tipos de alimentos produzidos. Mas 
em qualquer caso, os gerentes e supervisores devem ter conhecimento sobre as 
práticas de higiene dos alimentos para avaliar possíveis riscos e adotar medidas 
preventivas e corretivas apropriadas. 
f) Documentação e registro 
Quando necessário, devem ser mantidos registros do processamento, produção 
e distribuição, que devem ser conservados por período maior do que a vida útil do 
produto. 
 
38 
 
g) Manutenção e Higiene 
Os estabelecimentos e equipamentos devem ser mantidos em estado de 
conservação adequado e em condições de facilitar todo o processo de higienização. 
Além disso, devem funcionar conforme previsto e prevenir a contaminação dos 
alimentos com fragmentos de metal, desprendimento de peças ou produtos químicos. 
 Programas de limpeza 
 Os programas de limpeza e desinfecção devem garantir que toda área esteja 
higienizada; portanto, sistemas de monitoramento são necessários para garantir a 
frequência correta de limpeza e a maneira correta de realiza-la. 
 Sistema de Controle de Pragas 
As pragas representam uma grande ameaça à segurança e adequação dos 
alimentos. As infestações podem ocorrer em locais que favoreçam a infestação, 
principalmente pela disponibilidade de água e alimento. Sendo assim as boas práticas 
de higiene devem ser empregadas para diminuir a chance de infestação. 
h) Higiene Pessoal 
É necessário garantir que as pessoas que entram em contato direto com os 
alimentos não os contaminem; este controle é feito mediante manutenção de um grau 
apropriado de higiene pessoa e comportamento e atuação de forma adequada. 
i) Capacitação 
Os envolvidos com atividades relacionadas aos alimentos, que entram em 
contato direto ou indireto com os mesmos devem ser capacitados quanto à higiene 
dos alimentos em um nível compatível à atividade que irão realizar. 
 
 
39 
 
3.5.4. Aplicação do sistema APPCC 
De acordo com FAO/WHO (1963), para que a aplicação do sistema APPCC 
seja bem sucedida em uma indústria, seja ela de grande ou pequeno porte, é 
necessário que a gerência e o pessoal envolvido no processo estejam envolvidos, 
comprometidos e participem ativamente da implantação do sistema. 
Os passos abaixo foram propostos pela World Health Organization (1997) e pela 
International Life Science Institute (1997) para implementação do sistema de 
APPCC: 
a) Formação da equipe de APPCC 
Os membros da equipe devem apresentar multidisciplinaridade; além disso devem 
ter conhecimento sobre o produto e seus processos de manufatura. O líder da equipe 
deve ter treinamento e habilidade suficiente em APPCC, porém todos os membros 
devem ter habilidade de multiplicar os conceitos do sistema em todos os grupos 
envolvidos no processo. 
b) Descrição do produto 
Uma descrição detalhada do produto deve ser feita, contendo a composição 
química, física, tipo de embalagem, condições de armazenamento e a vida útil do 
produto. 
c) Identificação do uso 
Deve-se identificar o público alvo do produto, especialmente se será consumido 
por um segmento particular da população, tais como bebês, idosos, enfermos, entre 
outros. 
d) Construção do diagrama de fluxo 
Deve-se esquematizar o fluxo do processo em um diagrama simplificado, que 
destaque os pontos de perigo potenciais. 
40 
 
e) Confirmação no local das etapas descritas no fluxograma 
Após a elaboração do diagrama do item d), deve-se inspecionar in loco, se as 
operações descritas estão de acordo com o esquematizado ou ainda se existem pontos 
que não foram incluídos no diagrama. 
f) Listar todos os perigos, analisar riscos e considerar os controles necessários 
Todos os perigos relacionados a cada etapa do processo devem ser identificados 
pelos membros da equipe e nas informações de saúde pública relacionadas ao 
produto. A partir desses dados, a análise de risco pode ser feita considerando os 
fatores: 
 Probabilidade de ocorrência do perigo e sua severidade em relação aos 
efeitos nocivos à saúde; 
 Evolução qualitativa e quantitativa do perigo; 
 Capacidade de crescimento de microrganismos; 
 Produção ou permanência de toxinas, agentes químicos ou físicos nos 
alimentos. 
As medidas de controle existentes ou que podem no futuro ser aplicadas 
devem ser listadas e mais de uma forma de controle de um perigo pode ser 
considerada. 
g) Determinar os pontos críticos de controle 
Um ponto crítico de controle (PCC) representa uma etapa do processo na qual um 
controle pode ser aplicado para prevenir ou eliminar um perigo relativo a segurança 
alimentar, reduzir o perigo ou mantê-lo em nível estável. 
A identificação de um PCC pode ser facilitada por meio de uma árvore decisória 
que contém uma série de perguntas para cada etapa do processo (Figura 2). 
 
41 
 
h) Estabelecer limites críticos para cada PCC 
Os limites críticos determinam quais produtos são aceitáveis e quais não são, 
podendo ser parâmetros qualitativos ou quantitativos. Cada ponto crítico deve ser seu 
limite crítico, de forma a manter uma visão clara e objetiva das medidas de controle 
daquele PCC. 
O estabelecimento do ponto crítico pode ser baseado na legislação, literatura, 
dados ou pesquisas reconhecidas, normas da empresa, entre outros. 
i) Estabelecer um sistema de monitoramento para cada PCC 
É necessária a implantação de um sistema de monitoramento dos limites críticos 
nos PCC, para assegurar primeiramente, que as medidas sejam realizadas 
corretamente e se possível, de maneira automatizada; também é necessário que o 
monitoramento detecte qualquer perda de controle do processo, associando qual 
procedimento deve ser tomado para retomar a normalidade do processo. 
Os métodos devem ser rápidos, para tornarem a correção do problema a mais 
rápida possível. 
j) Estabelecer ações corretivas 
Ações corretivas específicas devem ser definidas paracada PCC, para fazer com 
que os produtos fora de especificação recebam o tratamento devido, para determinar a 
razão do PCC estar fora de controle e trazer o PCC novamente à operação normal 
desejada. 
k) Estabelecer procedimento de verificação 
Os métodos de verificação, auditoria, testes e amostragens aleatórias são maneiras 
de se verificar se o sistema de controle está funcionando corretamente. 
 
42 
 
l) Estabelecer documentação e manter registros 
Todos os diagramas, árvores decisórias de PCC, limites críticos e dados obtidos 
pelo monitoramento do PCC devem ser documentados e as atividades de 
monitoramento, correção de desvios e modificações no sistema APPCC devem ser 
registradas para acompanhamento e revisões subsequentes. 
Figura 2 – Fluxograma de uma árvore decisória para identificação de um PCC 
(WHO, 1997). 
 
4. METODOLOGIA 
Por meio de consultas a literatura pertinente elaborou-se uma revisão sobre os 
”Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos” (item 3.5.3) e “Aplicação do Sistema 
APPCC” (item 3.5.4). Assim, foram abordados os princípios do sistema de Análise de 
Perigo e Pontos Críticos de Controle e orientações gerais para a implantação do 
sistema. A partir destas informações, buscou-se identificar os possíveis perigos 
existem no processo produtivo de cerveja, bem como possíveis métodos de controle, 
visando a garantia da segurança alimentar. 
43 
 
5. RESULTADOS 
De acordo com as etapas envolvidas na aplicação do Sistema de APPCC foi 
elaborado um fluxograma de produção de uma cervejaria (Anexo B); seguido da 
descrição de cada etapa do processo ressaltando os possíveis pontos de perigos e 
medidas de controle. 
Tabela 3 – Possíveis pontos de perigo e medidas de controle em um processo de 
fabricação de cerveja 
Etapa do Processo Perigos Controle 
 
 
 
 
 
Mostura 
Presença de corpos 
estranhos no malte 
 
Processo de limpeza e 
seleção eficiente e inspeção 
prévia do malte 
Utilização de água 
contaminada 
Purificação e análises 
periódicas da água 
Tanque de mostura com 
resíduos e sujidades 
Cronogramas de limpeza 
periódica 
Filtração 
 
Meio filtrante com 
resíduos de filtrações 
anteriores 
Cronogramas de limpeza 
periódica 
 
Fervura 
 
Entrada de corpos 
estranhos no momento da 
adição de lúpulo e 
adjuntos 
Criação de um padrão de 
operação que contenha a 
maneira correta de dosar os 
aditivos 
 
Resfriamento 
(Trocador de Placas) 
Presença de trub quente 
que não foi sedimentado 
durante a fervura 
acumulado nas placas 
Cronograma de limpeza 
periódica 
 
 
 
44 
 
Tabela 3 – Continuação - Possíveis pontos de perigo e medidas de controle em um 
processo de fabricação de cerveja 
Etapa do Processo Perigos Controle 
 
 
 
 
 
 
Inoculação do fermento 
Armazenamento do 
fermento em recipiente 
inadequado, 
possibilitando a 
contaminação por outros 
micro-organismos ou 
compostos químicos 
Realizar a armazenagem 
em recipientes e locais 
adequados, de acordo 
com o especificado pelo 
fornecedor 
Entrada de corpos 
estranhos no momento 
da inoculação 
Criação de um padrão de 
operação que contenha a 
maneira correta de 
realizar a inoculação 
Contaminação do 
fermento devido à falta 
de assepsia de 
tubulações, bombas e 
qualquer outro 
equipamento utilizado 
para esta operação 
Cronograma rigoroso de 
limpeza e assepsia 
periódica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fermentação 
Contaminação do ar 
utilizado para a aeração 
do mosto após o 
resfriamento 
(anterior ao início da 
fermentação) 
Realizar a esterilização 
do ar e inspeção 
periódica da qualidade 
desta esterilização, bem 
como troca dos filtros 
com a frequência 
indicada pelo fabricante. 
Presença de resíduos de 
fermento de outras 
fermentações ou 
presença de sujidades 
nos tanques 
Cronograma rigoroso de 
limpeza e assepsia 
periódica 
Contaminação no 
momento de retirada de 
trub frio 
Criação de um padrão de 
operação para correta de 
retirada de trub. 
Entrada de 
contaminantes durante a 
retirada de amostras para 
análise 
Criação de um padrão de 
operação que contenha a 
maneira correta de 
realizar a retirada de 
amostra 
45 
 
Tabela 3 – Continuação - Possíveis pontos de perigo e medidas de controle em um 
processo de fabricação de cerveja 
Etapa do Processo Perigos Controle 
 
Maturação 
Presença de resíduos e 
sujidades nos tanques 
 
Cronograma de limpeza 
e assepsia periódica 
 
 
 
 
 
Filtração 
Presença de resíduos de 
fermento e sujidades nos 
filtros 
Cronograma rigoroso de 
limpeza e assepsia 
periódica, pois está é a 
etapa final de fabricação 
da cerveja e se houver 
algum corpo estranho este 
não será retirado por 
alguma operação posterior 
 
 
 
Carbonatação 
Contaminação do gás 
carbônico utilizado 
 
Realizar a esterilização do 
ar e inspeção periódica da 
qualidade desta 
esterilização, bem como 
troca dos filtros com a 
frequência indicada pelo 
fabricante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Envase 
Contaminação por 
fragmentos de metal, 
desprendimento de peças 
ou produtos químicos 
 
Durante o envase, os 
equipamentos envolvidos 
podem desprender 
fragmentos ou peças e por 
esta razão deve-se realizar 
a manutenção e inspeção 
periódica dos mesmos. 
 
Os produtos químicos 
utilizados para limpeza 
podem não ser eliminados 
de maneira eficiente, 
portanto deve-se realizar a 
lavagem com água após a 
limpeza e o teste de 
presença de resíduos pode 
ser feito por condutimetria. 
 
 
46 
 
Tabela 3 – Continuação - Possíveis pontos de perigo e medidas de controle em um 
processo de fabricação de cerveja 
Etapa do Processo Perigos Controle 
Envase 
 
 
 
 
Contaminação do gás 
carbônico utilizado 
durante o enchimento do 
vasilhame 
 
 
 
 
 
Realizar a esterilização do 
ar e inspeção periódica da 
qualidade desta 
esterilização, bem como 
troca dos filtros com a 
frequência indicada pelo 
fabricante. 
 
Contaminação do 
vasilhame por corpos 
estranhos (insetos, 
fragmentos de materiais) 
Realizar a limpeza de 
vasilhames (etapa que 
deve ser parte do processo 
de envase) e inspeção das 
latas através de inspetores 
eletrônicos e check 
periódico da equipe de 
operação 
 
 
Pasteurização 
Ocorrência de 
subpasteurização, ou seja, 
pasteurização abaixo da 
temperatura e tempo 
adequados, fazendo com 
que os microrganismos 
patogênicos não sejam 
destruídos 
Manutenção do 
equipamento de 
pasteurização e supervisão 
de operação, para garantir 
que o pasteurizador esteja 
operando dentro de suas 
especificações 
 
Além dos controles citados, vale ressaltar que todas as tubulações, bombas e 
outros equipamentos utilizados nas operações de trasfega devem ser submetidas a 
assepsia adequada e com frequência em conformidade com o estabelecido nas BPFs, 
sendo assim não são consideradas como um item de controle. 
47 
 
6. CONCLUSÕES 
 
 O sistema de APPCC é uma ferramenta facilitadora e de grande valia 
para a indústria cervejeira, considerando que a equipe técnica 
apresenta conhecimentos e experiências compatíveis o que permita a 
identificação dos pontos de perigo, bem como a orientação para a 
tomada de decisão mais adequada. 
 As etapas de preparo do mosto e fermentação os pontos de perigo 
estão focados na contaminação microbiológica devido a presença de 
bactérias láticas e leveduras selvagens na maioria dos casos. A 
presença destas espécies pode interferir negativamente nas 
características e qualidade do produto. 
 No processo de envase, existe a possibilidade da presença de corpos 
estranhos e produtos químicos, que podem ser evitados por meio da 
manutenção adequada dos equipamentos e inspeção rigorosa da 
operação e supervisão deste processo. 
 Considerando os pontos de perigo apontados, bem como as medidas 
de controle sugeridas, pode-se concluir que a maioriadestes é 
fortemente dependente das equipes técnica e de supervisão, que devem 
estar atentas para a observação das normas descritas no manual de 
Boas Práticas de Fabricação. Neste contexto, o sistema APPCC é uma 
alternativa relevante para garantir a qualidade do produto final. 
 
 
 
 
48 
 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AMBEV (2015). Nossa História. Disponível em < http://www.ambev.com.br/nossa-
historia/>. Acesso em 26 set 2015. 
AQUARONE, E., LIMA, U.A., BORZANI, W. (1983). Alimentos e Bebidas 
Produzidos por Fermentação. Edgard Blücher, São Paulo, 227p. 
AQUARONE, E.; BORZANI, W.; SCHMIDELL, W.; LIMA, A.U. (2001) 
Biotecnologia Industrial. 4ª. Ed. São Paulo (SP): Edgard Blucher. P 91-143. 
BANFORTH, C. (2003). Beer: Tap into de Art and Science of Brewing. 2a. 
edição. Oxford University Press, V1. 
BENNET, W.L.; STEED, L.L. (1999). Na integrated approach to food safety. 
Quality press. V.32, n.2. 
BOULTON, C.A.; BOX, W.G.; QUAIN, D.E.; MOUZAHN, S.W. (2001). Vicinal 
diketone reduction as a measure of yeast vitality. MBAA Technical Quaterly, v. 38, 
n.2, p. 89-93. 
BRASIL (1978), Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução – CNNPA 
n°12, de 1978. Brasília, DF. 
BRASIL (2009). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Lei n° 6871, 
de 4 de junho de 2009.Dispõe sobre a padronização, classificação, registro, inspeção, 
produção e fiscalização de bebidas. << 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6871.htm >> 
Acesso em 27/10/2015. 
BRIGGS, D,E., BOULTON, C.A.; BROOKES, P.A.; STEVENS, R. (2004). 
Brewing Science and practice. North America: CRC Press LLC, V1. 
http://www.ambev.com.br/nossa-historia/
http://www.ambev.com.br/nossa-historia/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6871.htm
49 
 
BRITES, A.A.; SANCHEZ, A.D.; DUE, J.; HAMMOND, J.J. R. M.; MARTINS, 
P.A.; SMITH, I. (2000). Fermentation & Maturation. Manual of Good Practice. 
European Brewry Convention. 
CARBALLIDO, J.R.; VIYELLA, A.R.; MORENO, I.J. (1994). Exigencias de 
calidad en las empresas alimentarias: indústria carniça. Alimentaria, Enero-
Febrebro, p.23-26. 
CLERK, J.A. (1958). Textbook of Brewing. 1a. edição, vol. 1. London: Chapman & 
Hall Ltda. 
EMEST, C.; CHEN, H.; JAMIESON, A.M.; GHELUWE, G.V. (1980). The release 
of fatty acids as a consequence of yeast autolysis. ASBC Journal. V. 38, n.1. 
EβLINGER, H.M. (2009). Handbook of Brewing: Process, Technology, Markets. 
Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim. 
FERRARI, V. (2008). O mercado de cervejas no Brasil. Porto Alegre: PUCRS, 
p.10-14. 
FIGUEIREDO, V.F.; NETO, P.L.O. (2001). Implantação do HACCP na indústria de 
alimentos. Gestão e produção. V.8, n.1, p100-111, abr. 2001. 
FONTANA, D.H.G. (2009). Elaboração de um modelo para o controle do 
processo de pasteurização em cerveja envasada (in-package). Porto Alegre, 
UFRS. 109p. 
Food And Agriculture Organization of the United Nations (FAO); World Health 
Organization (WHO). (1963). Codex Alimentarius. Higiene Dos Alimentos – Textos 
básicos. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2006. p.64. Disponível em 
<http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/codex_alimentarius.pdf>. 
Acesso em 3 nov de 2015. 
http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/codex_alimentarius.pdf
50 
 
GALATTO, M.V. (2008). Apostila: Treinamento de Packaging. SENAI, 
Vassouras/RJ. 
GAVA, A.J. (1998). Princípio de Tecnologia de Alimentos. 1ª. Edição. São Paulo: 
Nobel. 
GOUVÊA, L.F.C; MAIA, G.D. (2013). Avaliação do poder germinativo e teor de 
proteína para sementes de cevada brasileira com vistas ao processo de malteação. In: 
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA INICIAÇÃO 
CIENTÍFICA (COBEQ IC), Vassouras, RJ. 
HIGUTHI, M.R. (2002). AMBEV: Antecedentes da fusão. São Paulo: ESPM, p.5-8. 
ILSI (International Life Science Institute): A simple guide to understanding and 
applying the hazard analysis critical control points concept. 2a. edição, 1997 
International Commission on Microbiological Specifications for Foods. 
Microorganisms in Foods 4: Application of the Hazard Analysis Critical Control 
Point (HACCP) system to ensure microbiological safety and quality. 5ª Ed. Oxford. 
Blackwell Science, 1995. ISBN 0-632-02651-0 
JOUVE, J.L. (1998). Principles of food safety legislation. Food Control, v. 9, n.2-3. 
KUNZE, W. (1999). Technology Brewing and malting. International. Berlin: VLB. 
1ª. Edição. New Jersey, USA: Noyes Publications. 
MEDEIROS, C.D. (2010). Efeito de variáveis de processo no tempo de 
fermentação da cerveja e na concentração das dicetonas vicinais totais (TVDK). 
Natal: UFRN, 63p. 
PALMER, J. J. (2006). How to brew. Bouder, Colorado, EUA. Brewers Publications 
PRIEST, F.G.; STEWART, G.G. (2006). Handbook of Brewing. Food Science and 
Technology. 2a. edição, Ed. Taylor and Francis Group, LLC, USA, 860p. 
51 
 
RIBEIRO-FURTINI, L. L., ABREU, L.R. (2006). Utilização de APPCC na Indústria 
de Alimentos. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.2, p. 358-363, mar/abr, 
2006. 
SANTOS, S. P. (2004). Os primórdios da cerveja no Brasil. 2ª. Ed, Cotia (SP): 
Ateliê Editorial, c2003. 56p. ISBN 85-7480-183-6 
Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (SINDICERV): A cerveja. Disponível em 
< http://www.sindicerv.com.br/acerveja.php>. Acesso em: 25 set. 2015 
SPEERS, A. (1999). Apostila: Maturação. Siebel Institute: WBA Diploma course 
AME Module 2.3.1. 
STANBURY, P.F.; WHITAKER, A.; HALL, S.J. (1995). Principles of 
fermentation Technology. 2a. Edição. Amsterdan, Butterworth-Heinemann. 
STWART, G.G.; RUSSEL, I. (2005). Manual da levedura e fermentação High 
Gravity. Heriot-Watt University, Ricarton, Edinburg EH 14 4 AS. Scottland. 
TOSTES, L. R. M. (2015). Instrumentação e controle do processo de produção de 
uma microcervejaria. Rio de Janeiro: UFRJ. 98p. 
VESELY, P.; DUNCOMBE D.; LUSK, L.; BASAROVA, G.; SEABROOKS, J.; 
RYDER, D. (2004). The impact of fermentation Temperature on Yeast reductase 
activity. MBAA Technical Quaterly, v.41, n.3, p.282-292. 
VOGEL, H.C.; TODARO, C.L. (1997). Fermentation and Biochemical 
Engeneering Handbook: Principles, Process Design and Equipment. 2a. Edição. 
New Jersey, USA: Noyes Publications. 
World Health Organization (WHO) – Food Safety Issues. (1997) HACCP: 
Introducing the Hazard Analysis Critical Control Point System. 
WHO/FSF/FOS/97.2. 
http://www.sindicerv.com.br/acerveja.php
52 
 
YAMAUCHI, Y.; OKAMOTO, T.; MURAYAMA, H.; KAJINO, K.; NAGARA, A.; 
NOGUCHI, K. (1995). Rapid maturation of beer using immobilized yeast 
bioreactor. 2. Balance of total diacetil reduction and regeneration. Journal of 
Biotechnology. v. 38, p. 109-116. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
ANEXO A: LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
 
DECRETO Nº 6.871, DE 4 DE JUNHO DE 
2009 
Regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho 
de 1994, que dispõe sobre a padronização, a 
classificação, o registro, a inspeção, a 
produção e a fiscalização de bebidas. 
 
CAPÍTULO VII: DA PADRONIZAÇÃO DAS BEBIDAS 
Seção III: Das Bebidas Alcoólicas Fermentadas 
 
Art. 36. Cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro 
oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de 
lúpulo. 
§ 1º O malte de cevada usado na elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser 
substituídos por seus respectivos extratos. 
§ 2º Malte é o produto obtido pela germinação e secagem da cevada, devendo o 
malte de outros cereais ter a designação acrescida do nome do cereal de sua origem. 
§ 3º Extrato de malte é o resultante da desidratação do mosto de malte até o estado 
sólido, ou pastoso, devendo, quando reconstituído, apresentar as propriedades do 
mosto de malte. 
§ 4º Parte do malte de cevada poderá ser substituído por adjuntos cervejeiros, cujo 
emprego não poderá ser superior a quarenta e cinco por cento em relação ao extrato 
primitivo. 
54 
 
§ 5º Consideram-seadjuntos cervejeiros a cevada cervejeira e os demais cereais 
aptos para o consumo humano, malteados ou não malteados, bem como os amidos e 
açúcares de origem vegetal. 
§ 6º Quando se tratarem de açúcares vegetais diferentes dos provenientes de cereais, 
a quantidade máxima de açúcar empregada em relação ao seu extrato primitivo será: 
I - na cerveja clara, menor ou igual a dez por cento em peso; 
II - na cerveja escura, menor ou igual a cinqüenta por cento em peso, podendo 
conferir ao produto acabado as características de adoçante; e 
III - na cerveja extra, menor ou igual a dez por cento do extrato primitivo. 
§ 7º Carboidratos transformados são os derivados da parte amilácea dos cereais 
obtidos por meio de transformações enzimáticas. 
§ 8º Mosto cervejeiro é a solução, em água potável, de carboidratos, proteínas, 
glicídios e sais minerais, resultantes da degradação enzimática dos componentes da 
matéria-prima que compõem o mosto. 
§ 9º Mosto lupulado é o mosto fervido com lúpulo ou seu extrato, e dele 
apresentando os princípios aromáticos e amargos, ficando estabelecido que: 
I - lúpulo são os cones da inflorescência do Humulus lupulus, em sua forma natural 
ou industrializada, aptos para o consumo humano; e 
II - extrato de lúpulo é o resultante da extração, por solvente adequado, dos 
princípios aromáticos ou amargos do lúpulo, isomerizados ou não, reduzidos ou não, 
devendo o produto final estar isento de solvente. 
§ 10. Extrato primitivo ou original é o extrato do mosto de malte de origem da 
cerveja. 
Art. 37. Das características de identidade da cerveja deverá ser observado o seguinte: 
I - a cor da cerveja deverá ser proveniente das substâncias corantes do malte da 
cevada, sendo que: 
a) para corrigir ou intensificar a cor da cerveja, é permitido o uso do corante 
caramelo, e de corantes naturais previstos em legislação específica; 
55 
 
b) na cerveja escura será permitido somente o uso de corante caramelo; e 
c) admite-se a utilização de corante natural, autorizados pela legislação própria, com 
a finalidade de padronizar a cor das cervejas definidas nos arts. 40, 41 e 42; 
II - para fermentação do mosto, será usada a levedura cervejeira; 
III - a cerveja deverá ser estabilizada biologicamente por processo físico apropriado, 
podendo ser denominada de Chope ou Chopp a cerveja não submetida a processo de 
pasteurização para o envase; 
IV - a água potável empregada na elaboração da cerveja poderá ser tratada com 
substâncias químicas, por processo físico ou outro que lhe assegure as características 
desejadas para boa qualidade do produto, em conjunto ou separadamente; e 
V - a cerveja deverá apresentar, a vinte graus Celsius, pressão mínima de atmosfera 
de gás carbônico proveniente da fermentação, sendo permitida a correção por 
dióxido de carbono ou nitrogênio, industrialmente puros. 
Art. 38. As cervejas são classificadas: 
I - quanto ao extrato primitivo, em: 
a) cerveja leve, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior ou 
igual a cinco por cento em peso e menor que dez e meio por cento em peso, podendo 
denominar-se cerveja light a cerveja leve que cumpra também, cumulativamente, os 
requisitos constantes dos itens 1 e 2, seguintes: 
1. redução de vinte e cinco por cento do conteúdo de nutrientes ou do valor 
energético com relação a uma cerveja similar do mesmo fabricante (mesma marca 
comercial), ou do valor médio do conteúdo de três cervejas similares conhecidas e 
que sejam produzidas na região; e 
2. valor energético da cerveja pronta para o consumo deve ser no máximo de trinta e 
cinco quilocalorias por cem mililitros; 
b) cerveja ou cerveja comum, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é 
maior ou igual a dez e meio por cento em peso e menor que doze por cento em peso; 
56 
 
c) cerveja extra, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior ou 
igual a doze por cento em peso e menor ou igual a quatorze por cento em peso; ou 
d) cerveja forte, definida como sendo a cerveja cujo extrato primitivo é maior que 
quatorze por cento em peso; 
II - quanto à cor, em: 
a) cerveja clara, a que tiver cor correspondente a menos de vinte unidades EBC 
(European Brewery Convention); 
b) cerveja escura, a que tiver cor correspondente a vinte ou mais unidades EBC 
(European Brewery Convention); ou 
c) cerveja colorida, a que, pela ação de corantes naturais, apresentar coloração 
diferente das definidas no padrão EBC (European Brewery Convention); 
III - quanto ao teor alcoólico, em: 
a) cerveja sem álcool, quando seu conteúdo em álcool for menor ou igual a meio por 
cento em volume, não sendo obrigatória a declaração no rótulo do conteúdo 
alcoólico; ou 
b) cerveja com álcool, quando seu conteúdo em álcool for superior a meio por cento 
em volume, devendo obrigatoriamente constar no rótulo o percentual de álcool em 
volume; 
IV - quanto à proporção de malte de cevada, em: 
a) cerveja de puro malte, aquela que possuir cem por cento de malte de cevada, em 
peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares; 
b) cerveja, aquela que possuir proporção de malte de cevada maior ou igual a 
cinqüenta e cinco por cento em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de 
açúcares; ou 
c) "cerveja de ...", seguida do nome do vegetal predominante, aquela que possuir 
proporção de malte de cevada maior que vinte por cento e menor que cinqüenta e 
cinco por cento, em peso, sobre o extrato primitivo, como fonte de açúcares; 
V - quanto à fermentação, em: 
57 
 
a) de baixa fermentação; ou 
b) de alta fermentação. 
Art. 39. De acordo com o seu tipo, a cerveja poderá ser denominada: Pilsen, Export, 
Lager, Dortmunder, Munchen, Bock, Malzbier, Ale, Stout, Porter, Weissbier, Alt e 
outras denominações internacionalmente reconhecidas que vierem a ser criadas, 
observadas as características do produto original. 
Art. 40. A cerveja poderá ser adicionada de suco ou extrato de vegetal, ou ambos, 
que poderão ser substituídos, total ou parcialmente, por óleo essencial, essência 
natural ou destilado vegetal de sua origem. 
Art. 41. A cerveja adicionada de suco de vegetal deverá ser denominada "cerveja 
com ...", acrescida do nome do vegetal. 
Art. 42. Quando o suco natural for substituído total ou parcialmente pelo óleo 
essencial, essência natural ou destilado do vegetal de sua origem, será denominada 
"cerveja sabor de ...", acrescida do nome do vegetal. 
Art. 43. Ficam proibidas as seguintes práticas no processo de produção de cerveja: 
I - adicionar qualquer tipo de álcool, qualquer que seja sua procedência; 
II - utilizar saponinas ou outras substâncias espumíferas, não autorizadas 
expressamente; 
III - substituir o lúpulo ou seus derivados por outros princípios amargos; 
IV - adicionar água fora das fábricas ou plantas engarrafadoras habilitadas; 
V - utilizar aromatizantes, flavorizantes e corantes artificiais na elaboração da 
cerveja; 
VI - efetuar a estabilização ou a conservação biológica por meio de processos 
químicos; 
VII - utilizar edulcorantes artificiais; e 
VIII - utilizar estabilizantes químicos não autorizados expressamente. 
 
58 
 
 ANEXO B: FLUXOGRAMA DE PROCESSOS DE UMA CERVEJARIA

Continue navegando