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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE MATERIAIS DENTÁRIOS E PRÓTESE ÁREA DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL PREPARO DO SISTEMA DE SUPORTE Profa. Dra. Valéria Oliveira Pagnano de Souza 2019 2 Com o aumento da população idosa mundial e, consequentemente, de casos de pacientes parcialmente edêntulos, a Prótese Parcial Removível (PPR), muitas vezes, é a melhor opção de tratamento para diversas situações e tem papel fundamental na Reabilitação Oral desses pacientes. Entretanto, ainda é notória a falta de conscientização de determinados profissionais em relação aos princípios básicos e fundamentais que regem sua confecção para a manutenção e, sobretudo, preservação dos dentes remanescentes e tecidos subjacentes. Também é consenso que para se obter êxito no tratamento com PPR é necessário realizar adequadamente o preparo dos suportes dentários para receberem os elementos da PPR. Tanto quanto o delineamento e planejamento da PPR, o preparo é de suma importância e quando bem realizado é o que realmente promoverá a verdadeira integração biomecânica entre a prótese e os dentes pilares, além da preservação das estruturas remanescentes, garantindo a saúde do sistema estomatognático. O preparo de boca para receber uma PPR é constituído por duas fases: 1. Pré-protética, 2. Protética. A primeira fase é constituída pelo preparo da cavidade oral para receber PPR, como cirurgias dentárias e de tecidos moles indicadas, tratamento periodontal, endodôntico e restaurador. O assunto da aula em questão está relacionado à segunda fase, ou seja, preparo dos elementos que irão atuar como suportes a fim de propiciarem estabilidade, retenção, suporte e reciprocidade para a PPR. Os preparos nos elementos suportes são realizados com a finalidade de facilitar a inserção e remoção da PPR, eliminar interferências nas superfícies dentais, promover assentamento para os apoios da PPR, criar áreas de retenção e, desta forma, garantir o sucesso a longo prazo da reabilitação com PPR. Para planejamento dos preparos, é imprescindível que os modelos de estudo ou de diagnóstico da PPR tenham sido delineados, o desenho da estrutura metálica elaborado e os modelos montados em articulador semi- 3 ajustável para verificar as possíveis interferências oclusais com a estrutura metálica da PPR. Além disso, no momento da execução dos preparos na cavidade bucal, é interessante que o modelo de estudo seja novamente posicionado na mesa porta modelos (platina) do delineador de acordo com a trajetória de inserção selecionada para a PPR para que o profissional visualize corretamente o relacionamento desejado entre as pontas diamantadas e os dentes que serão modificados. Os preparos comumente realizados são: planos-guia, alteração de contorno ou modificação do equador protético, nichos oclusais, incisais e no cíngulo e confecção de retenção adicional. Também o ajuste oclusal de dentes que estão fora do plano oclusal constitui importante parte do preparo dental e deve ser realizado sempre que necessário para maior equilíbrio do sistema estomatognático. É importante enfatizar que todos os preparos devem ser confeccionados somente em esmalte dentário sem propiciar exposição dentinária; caso aconteça, é fundamental que o profissional recubra a dentina com material restaurador. É imperioso que após a realização de qualquer tipo de preparo dental, que o profissional realize o polimento e alisamento das superfícies alteradas e faça a aplicação tópica de flúor, evitando assim que os dentes fiquem susceptíveis a acúmulo de resíduos alimentares, biofilme e consequente processo carioso. 1. PLANOS-GUIA Os planos-guia são superfícies naturais ou preparadas paralelas entre si e à trajetória de inserção selecionada para a PPR. Devem ter comprimento de 3 a 4 mm e quando não existirem naturalmente deverão ser criados nas superfícies proximais e linguais ou palatinas (Fig.1) para prover correta adaptação de elementos rígidos, como as placas proximais (estabilizadores), conectores menores e braços de reciprocidade dos grampos, às paredes dos dentes suportes. 4 PLANOS GUIA proximais linguais ou palatinas Davenport, 2000 PLANOS GUIA Davenport, 2000 Fig.1-Planos guias nas superfícies axiais proximais e linguais e ou palatinas. Fig.2–Planos guias que propiciam uma única direção de entrada e saída prótese. Os planos-guia permitem melhor estabilização e retenção da prótese porque determinam uma única direção de inserção e remoção da PPR, protegem a junção dente/mucosa pela redução da impacção alimentar entre o dente e a placa proximal (Fig.2). Além disso, proporcionam reciprocidade efetiva durante a inserção e remoção da prótese porque permitem que o braço de reciprocidade se mantenha em íntimo contato com o dente quando a prótese for deslocada (Fig.3A). Deste modo, enquanto o braço de retenção fletir, o braço de reciprocidade, com atuação simultânea, evitará o deslocamento da prótese e, consequentemente, movimentos torsionais sobre o dente suporte, garantindo verdadeira reciprocidade (Fig.3B). Além disso, os planos-guia propiciam melhorias em casos de ausência de dentes anteriores porque reduzem espaços indesejáveis entre a prótese e os dentes pilares e aumentam a retenção por meio de resistência fricional, além de restabelecerem a largura normal do espaço edêntulo, criando aparência mais natural entre os dentes artificiais, base de resina acrílica e dentes naturais. Fig.3 A) Planos guia realizados na superfície lingual. B) Reciprocidade efetiva A B 5 Os planos-guia devem ser confeccionados com ponta diamantada cilíndrica (no 3098 ou 4103) com movimentos leves e contínuos no sentido vestíbulo-lingual de tal forma a criar um plano com suave curvatura. A superfície deve apresentar altura ocluso-gengival de 3 a 4 mm de altura, porém não deve ter forma semelhante a uma fatia reta quando visualizada pelas faces oclusal ou incisal, ao contrário, deve seguir a curvatura natural da superfície do dente. No entanto, a maior dificuldade de realizar os preparos de planos-guia na cavidade bucal está relacionada à questão de como transferir a trajetória de inserção do modelo de estudo para a boca do paciente. Alguns autores sugerem a confecção de guias de resina acrílica para transferir os planos-guia realizados nos dentes suportes do modelo de estudo para a boca do paciente. Estes elementos são denominados guias de transferência. Para confeccionar os planos-guia, inicialmente coloca-se o modelo de estudo na mesa porta-modelos de acordo com a trajetória selecionada para a prótese (Fig. A), depois posiciona-se a menor ponta recortadora de cera no mandril da haste vertical do delineador para realizar o desgaste paralelo à trajetória de inserção da prótese (Fig. B). Na sequência, isola-se o dente preparado e os dentes adjacentes com isolante. Posiciona-se a ponta recortadora maior para atuar como um anteparo da resina a ser colocada e referência de desgaste na boca (Fig. C). Após, confecciona-se uma muralha de resina acrílica autopolimerizável sobre a face oclusal do dente abrangendo as faces vestibular e lingual ou palatina, de tal forma que a resina não entre em área retentiva, ou seja, não ultrapasse o equador protético do dente para não provocar fratura nos dentes preparados do modelo de estudo (Fig. D). Após a polimerização da resina (Fig. E), leva-se o guia de transferência para a boca para realizar os preparos de acordo com a trajetória previamente selecionada para a PPR, permitindo correto posicionamento da ponta diamantada e controle da quantidade de redução do esmalte dentário (Fig. F). 6 Fig.4 A) Necessidade de criar plano guia na superfície lingual, B) na superfície mesial, C) preparo de plano guia coma faca recortadora acoplada à haste vertical do delineador, D) faca maior atuando como anteparo para resina, E) guia de transferência finalizado, E) guia na boca propiciando orientação para o preparo do plano guia.. 2. ALTERAÇÃO DE CONTORNO OU MODIFICAÇÃO DO EQUADOR PROTÉTICO Quando o equador protético de um dente pilar de uma PPR apresenta localização muito alta (Fig.5A) faz com que a porção inicial do braço de retenção fique acima dele e cause contato prematuro, prejudicando a oclusão do paciente. Deste modo, é necessário alterar o contorno deste dente, ou seja, realizar ameloplastia para localizar os componentes da PPR em uma posição mais favorável. A ameloplastia é realizada para modificar o equador protético do elemento dental, rebaixando-o (Fig.5B), pois como a porção inicial deste braço é rígida, obrigatoriamente deve estar posicionada acima do equador protético para não propiciar prejuízos ao elemento suporte. A alteração de contorno é realizada com ponta diamantada tronco- cônica ou cilíndrica (Fig.5B) de maneira aleatória, ou seja, sem estar paralelo à trajetória de inserção, para somente minimizar a convexidade da face do dente em questão e abaixar o equador protético (Fig.5C). A B C D E F 7 Fig.5 A) Equador protético alto, B) desgaste com ponta diamantada cilíndrica C) desgaste finalizado, note a localização mais inferior do equador protético. 3. NICHOS Os apoios são elementos que fazem parte da estrutura metálica e que garantem suporte vertical à PPR e propiciam distribuição das tensões sobre a PPR de modo a proporcionar maior eficiência com menor dano aos dentes suportes. Adicionalmente, os apoios podem restaurar discrepâncias do plano oclusal quando as superfícies oclusais estão abaixo do plano oclusal. Contudo, para que desempenhem adequadamente as funções citadas, é imprescindível que sejam realizados preparos para acondicioná-los. Para assegurar o correto posicionamento dos apoios e direcionamento das forças mastigatórias foram idealizados os nichos ou descansos que são cavidades preparadas para alojar os apoios. Os nichos são confeccionados de forma a direcionar as forças para o longo eixo do dente pilar, criar espaço suficiente de forma a prevenir interferências oclusais, evitar a intrusão da PPR nos tecidos subjacentes e manter os demais componentes da prótese em posição, assegurando a relação oclusal pré-estabelecida. Pode-se constatar que o preparo de nichos é obrigatório, pois caso os apoios sejam posicionados sobre superfícies não preparadas e não apresentem espessura adequada é provável que se deformem ou fraturem quando sujeitos à ação de força mastigatória ou então criem interferências oclusais. Assim, é fundamental que os nichos sejam preparados de maneira satisfatória, ou seja, com desgaste suficiente para promover espaço adequado para alojar os apoios que devem apresentar espessura mínima de pelo menos 1 mm. A B C 8 Os nichos devem ser confeccionados tanto em dentes anteriores como posteriores. Desta forma, existem nichos oclusais, incisais e realizados no cíngulo de dentes anteriores. 3.1. NICHOS OCLUSAIS Os nichos oclusais, sempre que possível, devem permitir que os apoios oclusais estejam contidos no plano oclusal funcional do paciente. Como todos os ângulos internos e externos devem ser arredondados, a confecção deste tipo de nicho é realizada com pontas diamantadas esféricas (no 1015, 1016 ou 1019) compatíveis com a anatomia dos dentes a serem preparados, promovendo não somente articulação esferoidal entre o nicho e o apoio, mas também facilidade para higienização das cavidades preparadas. Os nichos oclusais devem apresentar as seguintes características: em uma vista oclusal, devem ter formato triangular com o ápice do triângulo voltado para o centro do dente (Fig., em uma vista proximal devem apresentar forma aconcavada de maneira a permitir a rotação do tipo bola e soquete entre o apoio e o nicho, sem que o apoio fique travado dentro do nicho. Em casos de PPRs com extremidades livres, este cuidado deverá ser redobrado uma vez que a resiliência da fibromucosa apresenta capacidade de ceder quase dez vezes maior que o ligamento periodontal, podendo causar movimentação da prótese. Assim, é obrigatória a relação de conexão esferoidal entre o apoio e o nicho de forma a evitar possível transferência de tensões horizontais para o dente suporte. NICHO OCLUSAL Davenport, 2000 NICHO OCLUSAL < 90° Todescan, 1996 Fig.6–Vista oclusal do nicho: forma triangu- lar. Fig.7–Nicho oclusal: vista oclusal e proximal. Fig.8–Ângulo formado entre o assoalho do nicho e a parede proximal menor que 90º. 9 Em casos de dentes hígidos, deve-se iniciar o preparo do nicho oclusal pelo ápice do triângulo com uma ponta diamantada esférica em direção à crista marginal. Deve-se fazer arredondamento da crista marginal com desgaste de 1,0 a 1,5 mm. O assoalho do nicho deve estar inclinado para o centro do dente, com profundidade de 1,5 a 2 mm, para permitir a confecção de apoios com espessura suficiente para apresentar rigidez e resistência à fratura. Assim, o ângulo formado entre o assoalho do nicho e a parede proximal deve ser menor que 90 graus (Fig.8) para que as forças sejam dirigidas ao centro do dente, evitando forças de torsão ao suporte da prótese. A largura do nicho deve corresponder à metade da distância vestíbulo-lingual e geralmente a um terço da distância mésio-distal do dente em questão. Em dentes restaurados com amálgama, o procedimento é bastante similar, embora o amálgama não seja o material ideal para suporte de apoios oclusais devido à tendência ao escoamento. No entanto, deve-se realizar um desgaste maior de forma que todo o nicho esteja envolvido pela restauração, caso seja possível. Assim a restauração de amálgama terá espessura e volume suficientes para resistir ás forças impostas pelos apoios oclusais. O preparo das superfícies proximais deve sempre preceder o preparo de nichos para evitar que após o preparo dos planos-guia haja necessidade de aumentar as dimensões dos nichos pelo fato da crista marginal ter ficado muito próxima ao centro do assoalho do nicho. Assim, evita-se maior desgaste dental e dano irreparável ao elemento suporte. Em casos de utilização de grampos geminados, é necessário que sejam confeccionados nichos nas fossetas oclusais contíguas dos dentes posteriores de acordo com o que foi descrito anteriormente e deve-se realizar a confecção de uma canaleta com uma ponta diamantada cilíndrica, posicionada horizontalmente em relação aos dentes (Fig.9), de forma a propiciar espaço nas vertentes vestibulares e linguais ou palatinas para alojar as porções iniciais dos braços de retenção e reciprocidade dos grampos. Deste modo, evita-se que este tipo de grampo crie contatos prematuros, interferindo na oclusão do paciente (Fig.10). Entretanto, o contato proximal dos dentes que receberão este grampo deverá ser mantido, evitando-se assim impacção alimentar ou 10 migração dentária. Os nichos dos grampos geminados devem apresentar largura de 3 a 3,5 mm e profundidade de 1,5 a 2,0 mm para alojar adequadamente os apoios relacionados. Na Figura 11 pode-se visualizar o grampo geminado. Fig.9–Canaleta realiza- da com ponta diamantada cilíndrica. Fig.10–Espaço criado para evitar interferência oclusal. Fig.11–Grampo geminado. Quando os molares estão mesializados, alugns autores sugerem a confecção de dois nichos oclusais, um na fosseta mesial e outro na fosseta distal para evitar maior mesialiação dos dentes. No entanto, o preparo do assoalho do nicho mesial deverá ser perpendicular ao longo eixo dos dentes para impedir maior inclinação deste elemento suporte (Fig.12). Na Figura 13 pode-se visualizar um grampo anelar com dois apoios em um molar mesializado.Fig.12-Preparo do assoalho do nicho mesial perpendicular ao longo eixo do molar inclinado. Fig.13-Grampo anelar. Davenport, 2000 Davenport, 2000 11 3.2. NICHOS EM DENTES ANTERIORES Como nos casos dos dentes posteriores, existe também necessidade de preparar as superfícies dos dentes anteriores para alojarem os apoios. É notório que os apoios localizados sobre as superfícies linguais ou palatinas dos dentes anteriores, sem o devido preparo de nichos, apresentam deslizamento na superfície em plano inclinado, causando injúrias a todo o sistema de suporte. Assim, é imprescindível a confecção de nichos nos dentes anteriores. Os nichos em dentes anteriores podem ser do tipo incisais que como o próprio nome diz, são preparados nas superfícies incisais dos dentes anteriores ou localizados no cíngulo dos dentes. Hoje em dia, os nichos incisais são muito pouco utilizados em virtude do grande prejuízo estético. Além disso, do ponto de vista funcional, propiciam fulcro maior em relação aos nichos confeccionados nos cíngulos por estarem mais distantes do centro dos dentes (Fig.14). Desta forma, segundo Phoenix et al, os apoios posicionados em nichos no cíngulo são ideais, pois direcionam as forças próximo ao centro rotacional do dente envolvido e proporcionam máxima estabilização. x Apoio Incisal Apoio no Cíngulo LEAL, 2004 Fig.14-Nicho incisal x nicho no cíngulo. As características dos nichos nos cíngulos são dependentes da anatomia própria do dente em questão. Dentes anteriores com cíngulos volumosos e proeminentes, como os incisivos e caninos superiores, o preparo dos nichos deve ser realizado por desgaste. Em casos de dentes anteriores sem esta conformação, ou seja, incisivos e caninos inferiores pode-se acrescentar resina no cíngulo dos dentes criando um nicho em forma de 12 concavidade ou meia-lua para alojar o apoio nessa região, sem comprometer de maneira alguma a estética do paciente. Em casos de dentes anteriores com cíngulos proeminentes, o desgaste é realizado com ponta diamantada tronco-cônica invertida (no 1150 ou 1151) posicionada perpendicularmente em relação ao dente suporte (Fig.15), criando uma conformação de meia-lua ou canaleta em forma de V invertido de uma crista marginal a outra, sem propiciar o rompimento delas (Fig.16). O assoalho do nicho também deve formar um ângulo menor do que 90 graus com a parede axial do elemento suporte para direcionar as forças para o centro do dente (Fig.16). É importante que não exista nenhuma retenção mecânica no nicho preparado para não propiciar forças torsionais no dente pilar. < 90° Fig.15-Preparo de nicho no cíngulo por desgaste. Fig.16-Preparo de nicho no cíngulo por desgaste e ângulo formado entre o assoalho do nicho e a parede axial. Em casos de confecção de nicho no cíngulo por acréscimo, inicialmente deve-se fazer um desgaste mínimo na superfície com uma ponta diamantada cone-invertido (no 1032,1033 ou 1034) para criar retenção mecânica e depois se faz o acréscimo de resina seguindo as etapas de confecção de uma restauração, ou seja, isolamento absoluto, profilaxia, condicionamento ácido do esmalte, aplicação de adesivo e inserção de incrementos de resina composta fotopolimerizável (Fig.17). 13 Fig.17-Confecção de nicho no cíngulo por acréscimo de resina composta. É sempre oportuno avaliar se a localização dos apoios nas superfícies palatinas dos dentes anteriores não interfere com a oclusão do paciente, em máxima intercuspidação, nos movimentos protrusivos e excursivos. Caso aconteça, é necessário ponderar a colocação destes elementos em outros dentes, se houver possibilidade. 4. AJUSTE DO PLANO OCLUSAL O ajuste do plano oclusal é feito com o intuito de equilibrar a oclusão, visando a eliminação de interferências de dentes girovertidos, extruídos ou mal posicionados na oclusão do paciente. Deste modo, cria-se uma condição de melhor equilíbrio oclusal e assentamento da PPR. Deve-se fazer o ajuste oclusal com ponta diamantada tronco- cônica ou cilíndrica, sempre de acordo com os modelos de estudo montados em articulador. Caso seja necessário desgastar dentina, deve-se optar pela confecção de uma restauração metálica fundida para prevenção de patologias e preservação dos dentes em questão. 14 Fig.18-Necessidade de ajuste do plano oclusal. 5. RETENÇÃO ADICIONAL Em casos de dentes suportes com insuficiente retenção, há necessidade de modificar o contorno do dente criando uma retenção adicional (Fig.19A). Antigamente, obtinha-se retenção por desgaste de estrutura dental, criando uma depressão no esmalte dentário com contornos suaves e regulares. Entretanto, hoje em dia com o avanço dos sistemas adesivos e das resinas compostas fotopolimerizáveis, é possível obter retenção com acréscimo de resina composta, optando-se por uma técnica mais conservadora e que promove rápida modificação do contorno dos dentes sem necessidade de remover estrutura dentária. Com esta técnica, acrescenta-se resina acima (Fig.19B) de onde se deseja criar retenção de forma a promover contorno adequado para alojar a extremidade do braço de retenção do grampo do elemento suporte. Fig.19-Criação de retenção adicional por acréscimo de resina composta. A B 15 É fundamental salientar que mais importante que a própria realização dos preparos dos elementos suportes de uma PPR é a devida conscientização dos profissionais e pacientes em relação à extrema necessidade de sua realização para preservação do sistema estomatognático. Sobretudo, é imprescindível que os pacientes atestem seu consentimento para que todos os procedimentos sejam realizados da melhor forma possível. Lamentavelmente, ainda muitos pacientes teimam em afirmar que tiveram insucessos com a PPR por terem sido realizados desgastes em sua boca, sem a devida necessidade, que propiciaram aos dentes pilares susceptibilidade aos processos cariosos. Cabe, então, ao cirurgião-dentista entender a importância do preparo do sistema de suporte para assim ter condições suficientes para convencer seu paciente sobre a real necessidade de realização dos desgastes nos elementos suportes da PPR. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PHOENIX, R.D.; CAGNA, D.R.; DEFREEST, C.F. Prótese Parcial Removível Clínica de Stewart, 3.ed.; São Paulo: Quintessence, 2007. CARR, A.B., MC GIVNEY, G.P. BROWN, D.T. Mc Cracken Prótese Parcial Removível. 12.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. TODESCAN, R.; SILVA, E.E.B.; SILVA, O.J. Atlas de Prótese Parcial Removível. São Paulo: Santos, 1996. 345 p. DI FIORI, S.R. Atlas de Prótese Parcial Removível. São Paulo: Pancast. 4.ed. 1993. 525 p. DAVENPORT, J.C.; BASKER, R.M.; HEATH, J.R.; RALPH, J.P.; GLANTZ, P.O. A clinical guide to removable partial dentures. London: British Dental Association, 2000. 139 p. DI FIORI, S.R.; DI FIORI, M.A.; DI FIORI, A.P. Atlas de Prótese Parcial Removível Princípios biomecânicos, bioprotéticos e de oclusão. São Paulo: Santos. 1 ed. 2010.
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