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1 SISTEMA DE RETENÇÃO As PPRs necessitam de elementos que previnam o deslocamento da prótese durante a função, sem que ocorram deslocamentos verticais. Para isso tornam-se imprescindíveis os elementos que se relacionam com os pilares e resistem aos deslocamentos que são denominados retentores diretos. Para a efetiva retenção da prótese é necessário observar rigorosos critérios de planejamento e confecção dos retentores para minimizar a transmissão de forças lesivas aos dentes pilares bem como aos tecidos moles de suporte. Existem dois dispositivos utilizados em PPR como retentores diretos: INTRACORONÁRIOS / EXTRACORONÁRIOS. Figura 1. Classificação dos retentores diretos (PHOENIX et al., 2007, modificado). RETENTORES DIRETOS EXTRACORONÁRIOS - GRAMPOS Os grampos são retentores bem mais simples e econômicos que os encaixes ou attachments. Desde que corretamente planejados e executados cumprem de maneira adequada a função para a qual foram propostos, ou seja, impedem o deslocamento da prótese no sentido de sua remoção da boca, ou seja, no sentido vertical. Estes elementos são posicionados externamente à coroa dos dentes pilares e atualmente são obtidos em ligas de cobalto-cromo, as quais apresentam características adequadas, permitindo a confecção de estruturas mais delicadas e de custo bastante reduzido em relação às ligas de ouro, utilizadas no passado. 2 - TIPOS Quanto à técnica de confecção podem ser classificados em: 1) fundidos: quando são obtidos em ligas metálicas fundidas a partir de um padrão de cera ou de plástico (Fig. 2a); 2) forjados: quando são preparados com fios ortodônticos (Fig. 2b); e, 3) combinados: quando são combinadas as duas técnicas anteriores, uma para cada braço do grampo (Fig. 2 - conjunto inferior). Figura 2. Grampo a. fundido b. forjado. De acordo com o desenho podem ser classificados em: 1) circular: aqueles que tem acesso à área de retenção desde uma posição acima do equador protético – (Fig. 3); Figura 3. Grampo circular. 2) barra: aqueles que tem acesso à área de retenção desde uma posição abaixo do equador protético (Fig. 4). Figura 4. Grampo em barra. 2a 2b 3 Equador protético (EP): linha de maior contorno da coroa dental quando considerada proteticamente, ou seja, na posição em que ela se relaciona com os demais dentes da arcada. Difere do equador anatômico, que é a linha de maior contorno do dente considerado individualmente. - ELEMENTOS CONSTITUINTES DOS GRAMPOS Para funcionar efetivamente, um braço de retenção deve ser acompanhado de outros elementos estruturais, que quando combinados formam o sistema de grampos. Um sistema de grampos planejados adequadamente possui os seguintes componentes: - BRAÇO DE RETENÇÃO Tem a função de resistir ao deslocamento vertical da prótese, mantendo-a em posição. Assim, deve atingir áreas de retenção, localizadas abaixo do equador protético. Nos grampos circulares o braço retentivo é desenhado de maneira que o terço inicial é rígido, o terço médio é semiflexível, e o terço final é flexível (Fig. 5a). Nos grampos tipo barra a flexibilidade é conferida pelo braço de acesso do grampo e não pela parte do grampo que faz contato com o dente (Fig. 5b). a. b Figura 5. Braço de retenção: a. Grampo tipo circular (r - rígido, s - semirígido, f - flexível). b. Grampo tipo barra. 4 - BRAÇO DE RECIPROCIDADE Tem a função de se opor às forças laterais geradas, no momento da inserção e remoção da PPR, pelo braço de retenção. Assim, é colocado na face oposta àquela do braço de retenção e é desenhado de maneira a ser rígido em toda a sua extensão. Por isso, deve ser posicionado sempre sem invadir as áreas retentivas do dente pilar, estando no máximo ao nível do equador protético, Fig. 6. Este elemento contribui, quando bem planejado, de forma efetiva para a estabilidade horizontal da PPR. Figura 6. Braço de reciprocidade ou oposição (r-rígido). - APOIO Tem a função de impedir o deslocamento vertical da prótese em direção ocluso-gengival e de transmitir parte ou toda a força mastigatória que incide sobre os dentes artificiais da PPR para os dentes pilares. Contribuem para a estabilização vertical (suporte) da PPR protegendo as papilas gengivais dos dentes pilares do esmagamento, pela sela da prótese, e da impacção alimentar. Podem ser oclusais (Fig. 7), no cíngulo (Fig. 8) e incisais (Fig. 9), sendo que estes últimos são pouco indicados pelo inconveniente estético, uma vez que ficam bem aparentes na vestibular dos dentes anteriores, e porque aumentam o braço de potência da alavanca por estarem mais distantes do centro de rotação do dente, gerando, por isso, maior carga sobre o dente pilar, o que constitui grande desvantagem mecânica. a b Figura 7. a. Apoio oclusal. b. Nicho oclusal. 5 a b Figura 8. a. Apoio no cíngulo. b. Nicho no cíngulo. a b Figura 9. a. Apoio incisal. b. Nicho incisal. - DESENHOS BÁSICOS DE GRAMPOS - GRAMPO CIRCULAR SIMPLES OU CIRCUNFERENCIAL OU DE ACKERS É o grampo mais utilizado em PPR. Normalmente se origina da superfície proximal do dente pilar adjacente a área anodôntica. O término do braço de retenção relaciona-se com uma retenção distante do espaço desdentado. Geralmente o braço de retenção é desenhado sobre a superfície vestibular do dente pilar (Fig. 10), podendo também ser desenhado sobre a face lingual, desde que todas as características do grampo sejam obedecidas. Esta alternativa, porém, pode comprometer a estética pela presença, na face vestibular, do grampo de reciprocidade, mais volumoso e próximo do terço oclusal. Como desvantagens tem o fato de aumentar o contorno da coroa dental e, conseqüentemente, desviar os alimentos do dente, evitando o estímulo fisiológico da gengiva marginal. Além disso, esteticamente é desfavorável para dentes mais anteriores devido à porção inicial, rígida, portanto mais espessa e posicionada acima do equador protético. a b Figura 10. Grampo circular simples ou circunferencial a. braço de retenção na vestibular do dente pilar. b. braço de reciprocidade na lingual do dente pilar. 6 - GRAMPO CIRCULAR DE ACESSO INVERTIDO É um tipo de grampo utilizado, sobretudo em dentes inferiores quando o quadrante retentivo está localizado adjacente à área desdentada (Fig. 11) e, pela pouca altura ocluso- gengival do dente, não há espaço suficiente para a colocação de um grampo em forquilha ou curva invertida, a ser visto posteriormente. Está contraindicado em pré-molares porque a porção mais espessa do grampo estaria extremamente visível, comprometendo a estética do paciente (Fig. 12). Este grampo tem as mesmas características e desenho do grampo circular simples ou circunferencial, diferindo, apenas, pelo posicionamento da extremidade retentiva em relação à área anodôntica. Em função disto os dois grampos podem, indistintamente, ser chamados de grampo circular simples ou circunferencial. Figura 11. Grampo circular de acesso invertido. Figura 12. Grampo circular de acesso invertido. Observe que o braço de retenção cruza a crista marginal mesiovestibular do dente pilar (E) e cruza a superfície vestibular de mesial para distal, buscando a retenção próxima da área anodôntica. Como resultado, o grampo circular de acesso interfere com a estética, não sendo opção de escolha para caninos e pré-molares. - GRAMPO ANELAR É utilizado principalmente nos casos de molares inferiores mesializados que apresentam área retentiva mésio-lingual. São utilizados também em molares superiores com inclinação mésio-vestibular, mas menos freqüentemente. 7 Possui apoios mesial e distal, que conferem maior estabilidade ao grampo e ao dente. A porçãovestibular do grampo atua como braço de reciprocidade (Fig. 13). Devido ao comprimento do braço do grampo, um braço adicional, o braço auxiliar é localizado na face vestibular do dente pilar. (Fig. 14). No entanto, isto torna o grampo muito volumoso e cobre uma grande quantidade de estrutura dentária, dificultando a higiene oral. O grampo anelar altera o contorno funcional do dente pilar e pode interferir na eliminação de alimentos da mesa oclusal. Figura 13. Grampo anelar. Figura 14. Grampo anelar com alça auxiliar - GRAMPO EM FORQUILHA OU DE CURVA INVERTIDA Sua principal indicação está nos casos de molares inferiores inclinados mesialmente e que apresentam retenção mésio-vestibular (Fig. 15). Geralmente não é usado nos pré-molares devido ao comprometimento da estética (Fig. 16). Há que se ressaltar a necessidade de que a altura gêngivo-oclusal da coroa seja suficiente para abrigar o contorno duplo do grampo. Outro fator a ser considerado é a grande possibilidade de que ocorram interferências oclusais causadas pelo contorno superior do grampo que, sendo rígido, deve estar acima do equador protético, podendo interferir com a vertente palatina das cúspides vestibulares superiores. A mesma consideração é válida para a porção vestibular do grampo anelar, descrito anteriormente. 8 Figura 15. Grampo em forquilha ou curva invertida. Figura 16. Grampo em forquilha ou curva invertida. - GRAMPO GEMINADO OU CIRCULAR DUPLO O desenho mais comum deste tipo de grampo é aquele em que se unem dois grampos circulares simples pelos apoios oclusais e por seus corpos, (Fig. 17); pode, porém, haver variação de desenho para os braços de retenção. É mais freqüentemente utilizado no lado da arcada em que não existe espaço anodôntico. É indicado com freqüência em casos de Classe III e IV de Kennedy, quando não se utilizam retentores nos dentes anteriores, devido a problemas estéticos. Dado ao fato de que os dois grampos vão partir de uma região única, interdental, é necessário que além dos nichos oclusais, haja o preparo de canaletas oclusais, tanto por vestibular quanto por lingual para que forneçam espaço necessário para que os apoios oclusais possam ser corretamente posicionados, com espessura suficiente, sem comprometer a resistência do grampo e nem criar interferências oclusais. Figura 17. Grampo geminado Figura 18. Nicho para grampo geminado 9 - GRAMPO HALF-HALF OU MEIO A MEIO É indicado para molares e pré-molares isolados entre dois espaços protéticos intercalares. É constituído por dois conectores, que mantém contato com as proximais do dente pilar, dois apoios oclusais (mesial e distal) e dois braços circulares, um de retenção e outro de reciprocidade, que caminham em sentido opostos (um no sentido mesio-distal e o outro disto- mesial), Fig. 19. a b Figura 19. Grampo “half-half” ou meio a meio em pré molar inferior. a. Vista vestibular. b. Vista oclusal. - GRAMPO TIPO BARRA OU DE ROACH Os mais utilizados são aqueles em forma de T (Fig. 20), 1/2 T ou 7 (Fig. 21), 7 invertido (Fig. 22) e I (Fig. 23). Caracterizam-se por atingirem a área de retenção desde a posição gengival. São mais utilizados, à exceção do grampo em forma de I, em casos de extremidades livres. Esteticamente está indicado para a arcada inferior onde, normalmente, o braço de acesso fica fora da linha do sorriso do paciente. No intuito de melhorar ainda mais a estética pode-se distalizar o braço de acesso do grampo aproveitando a própria convexidade mésio-distal da face vestibular para ocultá-lo. Este posicionamento permite, ainda, evitar áreas de interferência óssea, em função da reabsorção do osso alveolar da área desdentada. Freqüentemente estão contra-indicados em pré-molares superiores, devido ao comprometimento estético gerado pelo braço de acesso, geralmente visível na arcada superior. GRAMPO EM BARRA TIPO “T” A denominação está relacionada à forma como o braço de do grampo de retenção, posicionado na vestibular do dente pilar se une ao braço de acesso do grampo. Esta indicado nos casos de Classe I e II de Kennedy quando a retenção é adjacente ao espaço anodôntico. O 10 braço de acesso origina-se a partir de um conector (da rede de retenção para a resina acrílica localizada na região anodôntica). O grampo de reciprocidade ou oposição origina-se do apoio e está localizado na face lingual do dente pilar acima do equador protético (Fig. 20). a b Figura 20. Grampo em barra tipo “T”. a. Observe que o braço de acesso do grampo de retenção sai da rede de retenção se projeta horizontalmente aos tecidos moles, gira verticalmente para cruzar a margem gengival em 90º e toca o pilar no equador protético. O componente retentivo do grampo passa abaixo do equador protético e se encaixa na retenção determinada. b. Vista oclusal em que se observa o sistema de grampo: retenção por vestibular e reciprocidade por lingual, que é igual para todos os grampos tipo barra. GRAMPO EM BARRA TIPO “1/2 T OU 7” E 7 INVERTIDO A mecânica do grampo em barra tipo “T” modificados é bastante similar à do grampo em “T” convencional. Sendo assim, são também indicados para Classe I e II de Kennedy. Para o grampo “1/2 T”, o braço de acesso assume uma posição distal em relação ao componente retentivo do grampo, Fig. 21. Figura 21. Grampo em barra tipo ½ T ou “7”. Para o grampo “7 invertido”, o braço de acesso assume uma posição mesial em relação ao componente retentivo do grampo, Fig. 22. Figura 22. Grampo em barra tipo “7 invertido”. 11 GRAMPO EM BARRA TIPO “I” Assim como os grampos em “T” e “T” modificados, o grampo “I” tem seu nome derivado de sua forma (Fig. 23). O grampo tipo I está contra-indicado nos casos de extremidade livre porque, devido à falta de circunscrição, não confere estabilidade horizontal (no sentido mésio- distal) à prótese. Figura 23. Grampo em barra tipo “I”. Os grampos tipo barra devem ser evitados quando tiver que passar por área de tecidos moles muito retentivas muito apical ao dente pilar devido à possibilidade de acúmulo de resíduos alimentares sob seu braço de acesso, além de causar grande desconforto ao paciente (Fig. 24). Podem ser utilizados também em molares. Figura 24. Área de interferência mucosa interfere com o posicionamento do braço de acesso do grampo de retenção criando zona de acúmulo de alimento e de desconforto ao paciente. - SISTEMA DE GRAMPO EM BARRA TIPO “RPI” Este sistema de grampo é constituído por um apoio mesial no dente pilar (Rest), uma placa proximal estabilizadora (Plate) posicionada na distal do dente pilar num plano guia longo, que se estende até a junção dente/mucosa e um grampo em barra tipo “I” (I), (Fig. 25). Para que o sistema funcione adequadamente é imperativo que todos os componentes do grampo sejam adequadamente planejados e elaborados. Sendo assim, os apoios para os dentes anteriores devem estar alojados em nichos corretamente preparados no cíngulo para que a 12 direção das forças próximas ao centro de rotação do dente pilar para proporcionar a máxima estabilização. Para os dentes posteriores, os apoios devem direcionar as forças no sentido do longo eixo dos dentes pilares. Deste modo, os nichos devem ter uma superfície arredondada para permitir uma articulação universal entre o apoio e o dente. As placas proximais devem cobrir os planos guia da crista marginal à junção do dente/mucosa estendendo-se sobre a gengiva inserida por 2mm. O grampo em barra tipo “I” é longo, afilado. A ponta do grampo localiza-se numa área de retenção ligeiramente mesial, o que permite que a ponta do grampo mova-se passivamente, em direção apical quando uma carga oclusal é aplicada à base da prótese. As vantagens deste grampo:minimizar o acúmulo de alimento em torno do dente; a ponta do dente se move apicalmente sob uma carga oclusal aplicada na base da prótese de extremidade livre; e, devido ao fato do grampo de retenção não tocar o dente pilar, as forças laterais são minimizadas. Por outro lado, algumas desvantagens estão presentes, tais como proporcionar menor estabilidade horizontal que os outros sistemas de grampos; e menor retenção. Figura 25. Grampo RPI. - SISTEMA DE GRAMPO EM BARRA TIPO “RPA” Este grampo é uma modificação do RPI em seu grampo de retenção, pela substituição do grampo em barra tipo “I” por circular simples ou de Ackers (A), Figs. 26 e 27. Indicado quando a área retentiva estiver no terço gengival e distante do espaço da extremidade livre ou quando estiver presente alguma interferência em tecido mole na região apical do dente pilar que impeça o posicionamento correto do braço de acesso do grampo em barra tipo “I”. 13 Figura 26. Grampo RPA. Vista oclusal. Figura 27. Grampo RPA. Vista vestibular. -GRAMPOS ESPECIAIS E/OU MODIFICADOS GRAMPO MDL É indicado para dentes pilares anteriores, também conhecido como em “Y”. Parte de um apoio incisal mesial, contorna a palatina do dente, bem próximo da cervical e termina num apoio incisal distal. Pode estar associado a um apoio no cíngulo, contornando da mesma forma a palatina do dente pilar sem contudo comprometer a estética. Fig. 28. Figura 28. Grampo MDL TODESCAN, 1996 TODESCAN, 1996 14 - CARACTERÍSTICAS DO GRAMPO DESENHADO ADEQUADAMENTE - RETENÇÃO É a propriedade que os grampos devem ter de manter a prótese em posição impedindo que ela saia verticalmente do sistema de suporte durante a função mastigatória, ou seja resistir as forças que atuam para deslocar os componentes em direção oposta aos tecidos de suporte. Nenhum componente do grampo funciona isoladamente. Todos são responsáveis pela retenção da PPR. Sendo assim, deve-se entender que a retenção é dependente de um conjunto de fatores, tais como: a. Flexibilidade do grampo de retenção; b. tipo de grampo; c. convergência axial da superfície do dente abaixo do equador protético Como regra geral, a quantidade de retenção deve ser sempre mínima necessária para resistir razoavelmente às forças de deslocamento de intensidade moderada. Um grampo de retenção rígido, ao se flexionar para ultrapassar o equador protético, gera forças lesivas a um dente pilar durante a inserção e remoção da PPR bem como durante a função, o que leva a falência do sistema de suporte. Conseqüentemente, as características de cada sistema de grampo devem ser adequadamente desenhadas durante a fase do planejamento da PPR. a. Flexibilidade do grampo de retenção A flexibilidade é condição indispensável do grampo (na extremidade para os grampos circulares e no braço de acesso para os grampos tipo barra) para promover a retenção da PPR, permitindo que o grampo atinja as áreas retentivas dos dentes. É influenciada pelos seguintes fatores: 1) comprimento: quanto maior o comprimento do grampo maior a flexibilidade; Figura 30. Comprimento do grampo de retenção. 2) diâmetro: quanto maior o diâmetro do grampo menor a flexibilidade; 15 Figura 31. Diâmetro do grampo de retenção. 3) afilamento: o grampo deve ter afilamento uniforme (tanto o grampo circular como o braço de acesso do grampo tipo barra); Figura 32. Afilamento do grampo de retenção Circular e do braço de acesso do grampo em barra. 4) forma da secção transversal: os grampos fundidos, de secção transversal em meia cana, têm flexibilidade num só plano, enquanto os forjados, de secção transversal circular, tem flexibilidade em qualquer plano; Figura 33. Secção transversal do grampo de retenção. 16 5) material: as propriedades metalúrgicas das ligas metálicas odontológicas influenciam a flexibilidade do grampo, de tal modo que ligas com alto módulo de elasticidade possuem maior rigidez, como por ex. as de cobalto-cromo que têm maior módulo de elasticidade que as ligas áuricas, razão pela qual os grampos produzidos com este material são menos flexíveis. b. tipo de grampo: Grampo circular tem ação de abraçamento e o tipo barra tem ação de ponta. c. convergência axial da superfície do dente abaixo do equador protético É o ângulo formado entre a haste analisadora do delineador e a superfície dentária, em direção apical ao equador protético. À medida que o ângulo de convergência se torna maior (Fig. 34 - seta) a força necessária para remover o grampo de retenção do dente pilar aumenta. Figura 34. Ângulo de convergência. - RECIPROCIDADE É a capacidade do grampo de se opor às forças laterais geradas pelo braço de retenção quando de sua passagem pelo equador protético do dente pilar no momento da instalação e da remoção da PPR. Para que haja retenção, o grampo de retenção deve flexionar-se ao cruzar o equador protético, gerando uma força lateral nociva ao dente pilar. Para anular esta força é imperativo o posicionamento de um componente do sistema do grampo, que seja rígido para resistir à movimentação lateral do dente pilar. Este elemento é denominado reciprocidade. 17 Para que seja efetiva deve haver, no mínimo, contato simultâneo dos braços de retenção e reciprocidade com o dente pilar durante a inserção da prótese no sistema de suporte (Fig. 34). Figura 34. Reciprocidade efetiva. - ESTABILIZAÇÃO É a propriedade do sistema de grampo de resistir ao deslocamento da prótese em direção horizontal. Todos os componentes da estrutura que são rígidos e tocam tecidos duros e moles e orientados verticalmente contribuem, à exceção das porções flexíveis do grampo de retenção, Fig. 35. Atuam como elementos de estabilização: braço de reciprocidade, ombros do grampo circunferencial e de conectores menores. Figura 35. Grampo circular simples. a e b mostram as partes rígidas que contribuem para a estabilização. - SUPORTE É a propriedade de resistir ao deslocamento da prótese verticalmente no sentido ocluso- gengival (apical). É conferido pelos apoios. Para que o suporte seja efetivo, um apoio deve estar alojado em uma superfície adequadamente preparada, denominada nicho. 18 a b Figura 36. Grampo geminado com os apoios oclusais. b Nichos para apoios geminados. - CIRCUNSCRIÇÃO O grampo em seu conjunto (apoio e braços) deve circundar pelo menos 180 o da coroa dental, de modo que não possa ser deslocado do dente quando da incidência de forças. Este abraçamento impede o movimento do dente pilar para fora do sistema de grampo. O abraçamento inadequado pode permitir o movimento ou o escape do dente pilar do sistema de grampos durante o movimento funcional da prótese, gerando força lateral lesiva ao dente. Figura 37. Circunscrição do grampo em barra e do circular simples. - PASSIVIDADE É a capacidade do sistema de grampo que previne a transmissão de forças lesivas ao dente pilar quando a prótese esta assentada por completo no sistema de suporte (dental e mucoso), momento em que o sistema de grampo deve ser passivo. Ou seja, é a propriedade que garante a inatividade dos elementos do grampo, especialmente do braço de retenção, quando a prótese está instalada e assentada completamente; resulta, pois, que o grampo não exerce função de mola, ficando passivo sobre o dente e só produz carga quando se opõe à saída da prótese do sistema de suporte. 19 - FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DOS GRAMPOS Vários fatores devem ser levados em consideração para a seleção do grampo a ser utilizado para determinado dente pilar. São eles: 1) o dente sobre o qual ele vai ser instalado (tamanho da coroa, relacionamento oclusal, p. ex.); 2) a face do dente, vestibularou lingual; 4) a estética; 5) o traçado do equador protético, que ao determinar o quadrante de melhor retenção, constitui o fator mais significante a ser considerado no desenho do grampo. Basicamente a face do dente sobre a qual vão ser colocados os grampos pode ser dividida em quatro quadrantes: dois oclusais e dois gengivais, mesiais e distais (Fig. 38). Para a colocação dos grampos os quadrantes oclusais são descartados porque geralmente não oferecem retenção e, mesmo que a apresentassem, comprometeriam enormemente a estética. Figura 38. Face do dente dividida pelo equador protético (Branco –expulsiva, Cinza – retentiva) Extremidades de Grampos de retenção posicionados em áreas retentivas. - ENCAIXES São retentores constituídos por um sistema macho-fêmea, tipo colchete, que necessita da associação PPR-PPF. Assim, parte do encaixe é colocada na PPR e outra na PPF, sendo que a retenção é obtida pela fricção ou pelo encaixe entre macho e fêmea (Fig. 38). 20 Este tipo de retentor dispensa o uso de grampos, o que confere maior estética às próteses que o utilizam, especialmente quando há dentes anteriores envolvidos. São denominados encaixes de precisão ou attachments quando pré-fabricados, condição em que existe a perfeita justaposição entre macho e fêmea (Figs. 39 a 52); ou encaixes fresados ou de semi-precisão quando produzidos artesanalmente nos laboratórios de prótese. A forma, o tamanho e a mecânica funcional dos encaixes pré-fabricados dependem do fornecedor (há vários tipos) e da aplicação para a qual foram idealizados. Podem ser rígidos, quando não permitem a liberdade de movimentos da PPR, estando indicados para as PPR dento-suportadas; ou semi-rígidos, quando permitem uma liberdade controlada de movimentos para a PPR, estando indicados para PPR dento-muco ou muco- dento-suportadas ( quando o suporte da PPR é predominantemente mucoso ). Uma desvantagem do uso dos encaixes reside no fato da necessidade do emprego de técnicas clínico-laboratoriais mais sofisticadas e de custo elevado, o que, por certo, limita em grande parte a sua indicação. Em razão dessas técnicas mais apuradas sua utilização não constitui um procedimento de execução cotidiana do clínico-geral, sendo necessários treinamento e conhecimentos específicos. Assim, não serão abordados em detalhes nesta etapa do ensino. Figura 39. Encaixe intracoronário de precisão Figura 40. porção fêmea posicionada na PPF Figura 41. Porção macho do encaixe na PPR Figura 42. Encaixe em ação.
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