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Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal Catarinense Câmpus Videira Resenha- resumo Homo Ludens: Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural Responsáveis: Gilmara Gonçalves Ferreira Vanessa Menezes VIDEIRA 2016 Resenha-resumo Homo Ludens: Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural Trabalho, apresentado à Disciplina de Jogo, Brinquedo e Brincadeira no curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto Federal Catarinense - Campus Videira, sob orientação da professora mestre, Francini Carla Grzeca como requisito parcial para conclusão da disciplina. VIDEIRA 2016 Segundo Johan Huizinga a designação do homem como ser racional (homo sapiens) ou (Homo faber) homem que fabrica e produz não são suficientes para contemplar o ser humano em sua totalidade; desta forma a expressão que melhor cabe, segundo ele é homo ludens (lúdico). Provindo desta perspectiva Huizinga considera que o jogo não pode ser explicado apenas como fenômenos fisiológicos ou psicológicos, não é algo que resulta do biológico humano pois sua “definição” é superior a esta. “ Todo jogo significa alguma coisa”. pg.01.portanto o jogo, seja qual for sua essência não é instintivo nem material, ele é “espiritual” e cultural. O jogo é uma função da vida, mas não é passível de definição exata em termos lógicos, biológicos ou estéticos. O conceito de jogo deve permanecer distinto de todas as outras formas de pensamento através das quais exprimimos a estrutura da vida espiritual e social. Desta forma o autor propõe algumas características que são próprias do jogo em geral, e outras que são pertencentes aos jogos sociais em particular. Dentre estas, considera-se que” o jogo é uma atividade voluntaria, sendo possível no máximo uma imitação forçada”, portanto destaca-se a primeira das características fundamentais do jogo: a liberdade. “A segunda caraterística é que o jogo é uma evasão da vida real para uma esfera temporária de atividade com orientação própria”. O jogo se torna uma parte integrante da vida em geral; “torna-se uma necessidade para o indivíduo como função vital, para a sociedade, devido ao sentido que encerra, a sua significação, a seu valor expressivo, a suas associações espirituais e sociais, como função cultural”. Enquanto cultura o jogo possui finalidade exterior aos interesses materiais imediatos e a satisfação individual das necessidades biológicas. O jogo contribui para a prosperidade do grupo social. O isolamento e limitação: terceira característica do jogo que possui limites de tempo e espaço, o que o difere da vida “comum”. A quarta característica do jogo que o autor propõe é que o jogo é ordem e cria ordem. Ele possui regras as quais devem ser respeitadas para que este não se finde. O ‘desmancha prazeres” caracteriza-se como alguém que coloca fim ao jogo, pois este ao burlar o espaço sagrado, ou revelar os segredos do jogo, acaba com a ordem e “ ludicidade” do mesmo. O autor ainda salienta que os ”relacionamentos” estabelecidos por um jogo, geralmente tornam-se duradouros, pois os integrantes tendem a partilhar um sentimento importante: o de afastar-se do mundo real, criar suas próprias regras, e conservar-se a magia, o lúdico para além do tempo, espaço de cada jogo. Segundo o autor: “A separação destes grupos sociais é difícil (sobretudo nas culturas arcaicas, com seus costumes extremamente importantes, solenes e sagrados) e, de outro, o domínio lúdico. ” Huizinga sintetiza todas as características propostas no texto, que se adequam a “definição” de jogo: Uma atividade livre, conscientemente tomada como “não seria” e exterior a vida habitual, capaz de absorver o jogador de maneira total. Desligada do mundo material, não se obtém lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, seguem uma certa ordem e regras. Promove formação de grupos sociais. (Huizinga,2000) O jogo pode ser definido como a representação de alguma coisa ou a luta por alguma coisa, contudo esta representação significa somente mostrar. No que diz respeito aos infantes a representação é sempre de algo que lhe traga prazer, ou seja, algo que possibilite superar-se, de tal forma que a “veracidade” a faça quase acreditar que é o objeto de sua exibição, porém não se perde inteiramente o sentido da “realidade habitual”; esta é a “imaginação”. As civilizações primitivas possuem uma realização mística, pois os participantes do ritual acreditam que o ato da “representação” concretiza uma certa beatificação, elevando a ordem a qual estão habituados; desta forma” o efeito produzido pelo ritual é realmente reproduzido na ação”. Contudo, o autor observa que há a conservação das características formais do jogo nessa representação, citadas anteriormente nesse texto. Huizinga faz algumas colocações dos escritos de Frobenius sobre jogo, para este o jogo e a representação possuem sua razão de ser na expressão de qualquer coisa de diferente que é o “arrebatamento” por um acontecimento cósmico. Contudo Huizinga pondera o jogo como “protagonista. ” Além de constatar que o jogo está presente na sociedade primitiva, pois verificam-se características lúdicas (ordem, tensão, movimento, mudança, etc.) nesta. Segundo Huizinga a criança joga e brinca dentro da mais perfeita seriedade, que pode-se considerar sagrada. ” Mas sabe perfeitamente que o que está fazendo é um jogo. ” Do mesmo modo, podemos atribuir a qualidade lúdica as ações mais elevadas. O autor retoma a citação do início do seu texto, que se refere ao jogo como anterior a cultura, completando esta afirmação dizendo que, em certo sentido, é também superior, ou pelo menos autônomo em relação a ela. As formas de cultura são constantemente restritas a definições como causa “racional” ou “lógica”, este elemento racionalista deveria ser evitado, segundo Frobenius. Outro problema levantado pelo autor Huizinga foi saber até que ponto as práticas rituais, desenrolando-se dentro do quadro formal do jogo. Ele dispõe que: O jogo possui por natureza, um ambiente instável ,ou seja, a “vida quotidiana” pode reafirmar seus direitos, seja devido a um impacto exterior, que venha interromper o jogo, ou devido a uma quebra das regras, ou então do interior, devido ao afrouxamento do espirito do jogo, a uma desilusão, um desencanto.(Huizinga,2000). Segundo Kerény ''a festa é uma entidade autônoma impossível de se assimilar a qualquer outra coisa que exista no mundo, as ideias do conceito cultural autônomo “de festa estabelecidos por este autor foram utilizados como base para os escritos de Huizinga sobre o jogo. O jogo autentico possui, além de suas características formais e de seu ambiente de alegria, pelo menos pelo outro traço dos mais fundamentais, a saber a consciência, mesmo que seja latente, de estar “apenas fazendo de conta”. (HUIZINGA,2000) Esta constatação nos revela que “existe uma consciência subjacente de que as coisas não são reais”. O autor utiliza-se de outros referenciais teóricos que reforçam suas constatações sobre as características do jogo, relacionando estas com as manifestações culturais das sociedades primitivas, que elevam seus rituais como ações conscientes e ao mesmo tempo ilusões. Um destes referenciais Ad. E. Jensen, aluno de Frobenius, estabelece uma distinção de princípio entre a mentalidade da criança e do selvagem. Segundo ele, a criança colocada frente a figura do Papai Noel, encontra-se perante um “conceito acabado”, no qual “se encontra imediatamente” graças a seu próprio talento e lucidez. Porém, “a atitude criadora do selvagem em relação as cerimonias não se encontram perante conceitos acabados”: Encontra-se perante seu meio ambiente natural, o qual exigeuma interpretação; ele capta o misterioso demonismo desse meio ambiente e procura dar-lhe uma forma representativa”. (Ad.E.JENSEN) Esses autores “através das metáforas fantasiosas possibilitam a reflexão da função que opera no processo de construção de imagens, ou imaginação, trata-se de uma função poética; melhor definida como função de jogo ou função lúdica”. Segundo Huizinga a realidade para o selvagem é o jogo para nós, pois o selvagem considera que se apodera da “essência” do objeto, que naquele momento ele é o que “representa”. “O jogo pode nos fazer penetrar nos conceitos religiosos e da natureza, abrindo caminho eficaz e natural”. Segundo Platão ''a religião é essencialmente constituída pelos jogos dedicados a divindade, os quais são para o homem a mais elevada atividade possível''. O jogo pode ser de fato reconhecido como algo sagrado, mas também como uma forma de satisfação e realização de algo que nos traz prazer e alegria. . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HUIZINGA, Johan. Natureza e Significado do Jogo como Fenômeno Cultural. In: _________. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2000. p. 05-23.
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