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Grandes Cultivos ZEB1047 Prof. Dr. Fabrício Rossi Algodão Edson Hiroshi Kohatsu Tamashiro 10289572 Giovanni Polette Dalla Libera 9846302 Gustavo Nocera Santiago 10289832 Hugo Massashi Hatori 9911805 Letícia Altemari Nogueira 9006322 SUMÁRIO PARTE I 1. INTRODUÇÃO 3 2. CULTIVO E MANEJO 4 2.1 Solos 4 2.2 Adubação e Correção 6 2.3 Cultivares 7 2.4 Mudas e Sementes 8 2.5 Irrigação 9 2.6 Sistemas de Cultivo 9 2.7 Colheita e Pós-Colheita 10 2.7.1 Colheita 10 2.7.2 Beneficiamento 11 2.7.3 Destruição de Restos Culturais 11 3. PRAGAS E DOENÇAS 12 3.1 Pragas 12 3.1.1 Bicudo do algodoeiro 12 3.1.2 Broca da raiz 12 3.1.3 Mosca-branca 13 3.1.4 Pulgão do algodoeiro 13 3.1.5 Complexo de percevejos 13 3.1.6 Curuquerê do algodoeiro 13 3.1.7 Lagarta rosada 13 3.1.8 Ácaro rajado e Ácar vermelho 14 3.1.9 Ácaro branco 14 3.2 Doenças 14 3.2.1 Causadas por fungos 14 3.2.1.1 Ferrugem tropical 14 3.2.1.2 Mancha de alternaria 14 3.2.1.3 Mancha de Stemphylium 14 3.2.1.4 Mancha de mirotécio 15 3.2.1.5 Murcha de fusarium 15 3.2.1.6 Mofo branco 15 3.2.1.7 Ramuose 15 3.2.2 Causadas por bactéria 16 3.2.2.1 Mancha bacteriose 16 3.2.3 Causadas por vírus 16 1 3.2.3.1 Vermelhão 16 3.2.3.2 Mosaico comum 16 3.2.4 Causadas por nematóides 16 3.2.5 Causadas por fungos do solo 17 4. EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS 18 5. ZONEAMENTO AGRÍCOLA 20 6. MAQUINÁRIO 25 6.1 Preparo do solo 25 6.1.1 Terrenos de primeiro cultivo 25 6.1.2 Terrenos de cultivo anterior 25 6.1.3 Plantio Direto 26 6.1.4 Calagem 26 6.1.5 Adubação 27 6.2 Semeadura 28 6.3 Aplicação de defensivos agrícolas 28 6.4 Colheita 29 6.4.1 Colhedora de Fusos 29 6.4.2 Colhedora Stripper 30 REFERÊNCIAS 37 PARTE II 1. Tecnologias aplicadas ao Manejo 31 2. Irrigação 31 3. Adubação 33 4. Relações com o Clima 33 5. Pragas e Controle 34 REFERÊNCIAS 37 2 PARTE I 1. Introdução O algodão é uma planta perene de crescimento complexo usado para a extração das fibras e do óleo da semente. Pertence à família Malvaceae e gênero Gossypium, mais especificamente é designada como Gossypium hirsutum (Yara, 2020). A domesticação do algodão ocorreu há mais de 4.000 anos na região sul da Arábia, no entanto, já era usado pelas civilizações antigas em 4.500 a.C. Os responsáveis pela disseminação da cultura do algodão pela Europa foram os árabes, tanto que a origem da palavra é al-quTum. No Brasil, o cultivo do algodão iniciou-se no Nordeste, mais especificamente no Maranhão em 1760. Migrou para o Centro-Oeste em 1990, onde permanece como maior produtor (AMPA, 2020) Na natureza, podem chegar até 6 metros de altura mas ao cultivar, podem chegar até a 2 metros. As flores são brancas, mas ficam vermelhas e caem, deixando um fruto com várias sementes envolvidas por fibras dentro. Após a colheita, as fibras passam por todo um processo de limpeza e descaroçamento a fim de preparar aqueles itens de maior importância econômica (Britannica, 2020). O Brasil se configura entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado de China, Índia, EUA e Paquistão e ocupa o primeiro lugar em produtividade sem irrigação. Em avaliação feita pela CONAB, a produção de algodão pluma no Brasil na safra 2019-2020 é de 2,879 milhões de toneladas, tendo somente o Centro-Oeste produção de 2,127 milhões de toneladas e área plantada de 1,671 milhões de hectares (CONAB, 2020). Dependendo da cultivar, a produtividade pode chegar até 4.500kg/ha (EMBRAPA, 2013). 3 2. Cultivo e Manejo 2.1 Solos Antes do preparo do solo, é necessário analisá-lo em relação às suas características, como textura, profundidade e estrutura. ● Textura: 1. Os solos arenosos (mais do que 70% de areiae menos que 15% de argila) são suscetíveis à erosão (por isso necessitam de práticas conservacionistas) e limitantes ao método de irrigação por sulcos. Para prepará-los, é preciso um mínimo de operações com gradagem destorroadora e roçagem se houverem plantas daninhas (EMBRAPA, 2014) . 2. Os solos médios (apresentam equilíbrio entre areia, silte e argila) são geralmente menos suscetíveis à erosão, apresentam boa drenagem e retenção de água, podendo ser usado qualquer método de irrigação. Apresentam melhores resultados com preparo invertido (trituração de restos culturais e invasoras seguido de aração com arado de aivecas). Caso seja um solo raso, utilizar arado escarificador (EMBRAPA, 2014). 3. Os solos argilosos (mais que 35% de argila) necessitam de cuidados na mecanização devido à sua fácil compactação; por possuir alta coesão, a irrigação por aspersão é restrita quando apresenta velocidade de infiltração muito baixa. Antes do plantio, é recomendada aração com arado de aivecas reversível ou escarificador (caso a área esteja com infestação de ervas daninhas) e posteriormente uma ou duas gradagens (EMBRAPA, 2014). ● Profundidade: 1. Em solos rasos não é recomendado o cultivo do algodão pois suas raízes pivotantes podem encontrar dificuldade de penetração, além do solo poder encharcar facilmente (EMBRAPA, 2014). 2. Os solos com afloramento de rocha também não são indicados para o cultivo do algodão pois é difícil o tráfego de máquinas e implementos (EMBRAPA, 2014). 3. O tipo de solo mais indicado é o profundo pois tem maior dificuldade de encharcar e as raízes do algodão podem ir mais a fundo (EMBRAPA, 2014). ● Estrutura: Os solos a serem evitados são: rasos, com afloramento de rochas, salinos, excessivamente arenosos e demasiadamente argilosos (EMBRAPA, 2014). O manejo do solo é de extrema importância para uma excelente produtividade do algodão, além de preservar o solo. O preparo do solo pode ser realizado de três maneiras: convencional, cultivo mínimo e plantio direto. 4 ● Convencional: Com o uso do arado, 100% da superfície é revolvida, posteriormente é usado grade niveladora e destorroadora. É indicado quando há necessidade de correção de características superficiais como a destruição da soqueira, ou subsuperficiais como incorporação de calcário e romper camadas compactadas. Não é muito indicado pois degrada o solo física e biologicamente (BELOT et al, 2015). Figura 1: Sistema convencional de plantio em algodão. Fonte: Circuito Mato Grosso ● Cultivo mínimo: Também faz uso do arado, mas de forma mínima, somente sobre os resíduos da cultura anterior e de forma superficial. Também faz uso de escarificador para romper crostas (BELOT et al, 2015). ● Plantio direto: As sementes são semeadas sobre a palha da cultura anterior. Por esse motivo, é de extrema importância se atentar a três coisas: manutenção contínua de palhada sobre superfície, não revolvimento do solo e rotação de culturas. Ao utilizar a rotação de culturas, é necessário um planejamento prévio de modo a escolher corretamente as culturas que irão antes e depois do cultivo do algodão para que uma beneficie a outra e reduza custos com controle de pragas (BELOT et al, 2015). Figura 2 : Sistema de cultivo direto em algodão. Fonte: Embrapa 5 ● Plantio semidireto: Somente se difere do plantio direto pelo fato de, neste caso, não haver palhada de cultivo anterior, somente com plantadeira especial. Mesmo assim, é importante organizar a sucessão e a precessão de culturas (EMBRAPA, 2014). 2.2 Adubação e correção O algodão tem grande exigência nutricional e pode produzir até 6000 kg/ha quando bem manejado e para que isso aconteça, é vital um solo rico em nutrientes proporcionais à necessidade do algodão. Foi elaborada uma tabela média para a adubação adequada do algodão para que seja possível atingir a quantidade de 5000 kg/ha por Carvalho et al (2011) e é mostrada a seguir na tabela 1: Tabela 1: Quantidade média de nutrientes para o algodão. N P2O5 K2O CaO Mg O S B Cu Fe Mn Mo Zn Kg/ha g/ha 330 96 290 199 71 28 600 210 315 0 360 5 214 Pode-se ver a alta necessidade de adubação nitrogenada. Durante sua fase inicial, é altamente exigente em Mg, S e Fe, durante o florescimento, é exigente em N, P, K e Ca. O algodão é sensível a baixo pH, alumínio e manganês tóxico e por isso, é necessária uma correção nas camadas de 0 a 40 cm. Ao utilizar as fórmulas para calcular a quantidade de calcário a ser usado para essa correção de solo, observar que a porcentagem de saturação por bases para o algodão é de 60 a 70%. Essa correção deve ser feita no mínimo 2 meses antes do plantio e incorporado com aração e gradagem, se estiver manejando o solo com plantio direto, aplicar no máximo 2,5 t/ha em solos argilosos e 2 t/ha em solos arenosos (EMBRAPA, 2014). As plantas de algodão expressão suas necessidades nutricionais através de sintomas em seus tecidos visíveis, principalmente as folhas. E é com isso que pode-se avaliar alguma deficiência de algum nutriente no solo ou se a planta não o está assimilando por algum motivo. Um diagrama foi elaborado por Borin et al (2013) para auxiliar no diagnóstico e está exibido a seguir na figura 3: 6 Figura 3: Diagrama de sintomas de deficiência nutricional em plantas de algodão. 2.3 Cultivares Antes de iniciar o plantio, é necessário escolher a cultivar que será utilizada. Com uma cultivar cuidadosamente escolhida, visando sempre à adaptabilidade da planta com o meio, é possível obter excelentes resultados. As principais pesquisas para melhoramentos das cultivares têm por objetivo plantas mais produtivas, precoces, de alto rendimento de fibras, fibras mais finas, resistentes e uniformes. Além disso, é esperado que a cultivar a ser escolhida apresente boa resposta à aplicação de insumos, adaptação à colheita mecanizada, porte ereto, capulhos bem aderidos, ótimo sistema radicular, suportar altas densidades de plantio (EMBRAPA, 2014). Existem, atualmente, cerca de 450 cultivares de algodão registradas no Ministério da Agricultura. Aquelas mais indicadas para o cultivo irrigado são: ●BRS 286: porte médio a baixo, porcentagem de fibra de 40%, floração aos 50 a 55 dias, aparecimento do capulho aos 110 a 115 dias, colheita em 140 a 160 dias (EMBRAPA, 2010). ●BRS 335: porte médio, surgimento da primeira flor de 50 a 55 dias, abertura da primeira maçã de 105 a 115 dias e colheita de 150 a 170 dias (EMBRAPA, 2011). 7 ●BRS 336: porte médio, porcentagem de fibra de 39,5%, floração de 60 a 65 dias, aparecimento do primeiro capulho de 110 a 120 dias e colheita de 170 a 180 dias (EMBRAPA, 2011). 2.4 Mudas e Sementes Escolhida a cultivar mais indicada para o cultivo na localidade, é hora de se atentar às mudas e sementes, o começo da produção. Sementes bem escolhidas podem oferecer resistências às pragas e doenças iniciais, estabelecimento rápido de uma plantação uniforme, plantas resistentes ao estresse hídrico, baixa necessidade de replantio, emergência mais rápida e crescimentomais vigoroso (EMBRAPA, 2014). Para se saber a qualidade da semente que será plantada, são necessárias algumas análises que devem ser feitas em laboratórios oficiais que analisam uma pequena amostra. São elas: análise de pureza (separa-se a quantidade de sementes puras das outras sementes e partículas, o grau de pureza deve ser de no mínimo 98%), teste de germinação (analisam a porcentagem de sementes puras que conseguem germinar em 2 semanas, a porcentagem de germinação deve ser de pelo menos 80% do lote) e grau de umidade (é determinado o teor de água na semente por meio de secagem em estufa, o teor máximo aceitável é de 12%) (BRASIL, 1992). Também é importante a conservação da semente para que seu armazenamento possa ser mais duradouro e livre de pragas e doenças. Alguns produtores de sementes as tratam com fungicidas e inseticidas registrados para a cultura a fim de as manterem seguras durante o armazenamento e fases iniciais de plantio. O local também é importante, recomendando-se armazenamento em condições de 26°C e 57% de umidade do ar por até dez meses; em câmara fria de 10°C e 70°C de umidade do ar as sementes podem durar até 12 meses (BELOT et al, 2015). Figura 4: Respectivamente: teste de germinação, plântula infectada e semente morta. Fonte: AMPA – IMAmt. 8 2.5 Irrigação A irrigação tem contribuído grandemente para um aumento da produção de algodão, principalmente na região do Nordeste brasileiro pelo regime de chuvas do local que não supre as necessidades da planta nos seus ciclos fenológicos corretamente. Isso acarreta consideráveis perdas para os produtores, já que as culturas irrigadas podem triplicar a produção, comparadas com as de sequeiro. O algodão possui alta adaptabilidade para todos os métodos de irrigação, deixando ao produtor a escolha do método que considerar melhor pelas características da sua propriedade (EMBRAPA, 2014). A quantidade total de água que a cultura do algodão necessita varia de 500 mm a 1.500 mm dependendo do clima e da duração do cultivo. A eficiência global do uso da água varia de 0,4 kg/m3 a 0,6 kg/m3(AZEVEDO et al, 1993). O Coeficiente de Cultivo (Kc) varia de acordo com a cultivar plantada e também com a fase fenológica (já que cada fase necessita de mais ou menos água para maximizar a produção). Com esses dados em mãos, o produtor deve saber quando irrigar através de diversos métodos possíveis e quanto irrigar através de cálculos com os dados obtidos e possuídos como Kc, quantidade de água no solo e variáveis climáticas. Figura 5: Sistemas de irrigação por sulcos e aspersão em cultivo de algodão respectivamente 2.6 Sistemas de Cultivo Existem dois sistemas de cultivo de algodão atualmente no Brasil: o algodão safra e o algodão segunda safra. Não cultivar o algodão em áreas de abertura pois ele responde melhor a solos cultivados por mais tempo, corrigidos e homogeneizados. Importante também adotar boas práticas para conservação do solo e da água como semeadura em nível e curvas de nível. Durante a semeadura, dar preferência por semeadoras que tenham o sistema de sulcadores apropriado 9 (BELOT et al, 2015). Cada um necessita de cuidados e recomendações próprias que serão mostradas a seguir. ●Algodão safra: são cultivados como safra principal, seu período de plantio depende das características edafoclimáticas do local. Espaçamento entrelinhas variando de 0,38 m a 1 m a depender da textura e fertilidade do solo, água, temperatura e presença de nematóides. Dependendo da cultivar, podem ser plantadas de 8 a 12 por metro. Para a colheita, plantações com espaçamento entrelinhas de 0,76 m a 1 m, é indicado que a altura seja de 1,5 vezes a distância entrelinhas; plantações com entrelinhas de 0,45 m a 0,5 m, a altura final deve ser entre 2 e 2,2 vezes o espaçamento entrelinhas para colheita em sistema de fuso e altura final de 1,5 vezes o espaçamento entrelinhas para colheita “striper” (BELOT et al, 2015). ●Algodão segunda safra: são cultivados após uma cultura comercial no mesmo ano agrícola e seu período de plantio depende das condições edafoclimáticas do local. O espaçamento entrelinhas varia de 0,38 a 0,9 m, sendo o de 0,76 m a 0,9 m sendo indicado para o início da semeadura e o espaçamento de 0,38 m a 0,5 m sendo indicado para o fechamento da semeadura. Dependendo da cultivar, também podem ser plantadas de 8 a 12 por metro. Para espaçamentos de 0,76 m a 1 m é indicado que a altura final seja de 1,5 vezes a distância das entrelinhas; para as de 0,45 m a 0,5 m, e indicação para altura de colheita é a mesma da algodão safra (BELOT et al, 2015). 2.7 Colheita e pós-colheita 2.7.1 Colheita Uso de colheitadeiras automotrizes, sendo essa vantajosa em relação à manual pelos custos reduzidos, melhoria na qualidade do produto colhido, maior rapidez, teor de impurezas menor e evita a presença de contaminantes (DA SILVA et al, 2006). Para se maximizar o rendimento da colheitadeira a variedade deve ser de estrutura compacta, com tamanho homogêneo e ciclo relativamente precoce para uma uniformidade na colheita. O uso de desfolhantes e maturadores para melhorar o desempenho e eficiência da máquina já que a presença das folhas verdes aumenta a umidade e produz manchas de clorofila na fibra, afetando a qualidade do produto. Na hora da colheita (que deve ser iniciada entre 8:30 e 9h da manhã e não se prolongar até altas horas), é importante que a umidade seja de 12% e 100% dos capulhos abertos (DA SILVA et al, 2006). O algodão colhido é passado para um reboque especial chamado Bass Boy e levado até a prensa compactadora que confecciona os fardões mediante compactação do algodão; cada fardão tem 10 toneladas, com uma densidade de 200kg/m3. Os fardões são transportados até o local do beneficiamento por um caminhão especial, o transmódulo e uma carreta tipo prancha (DA SILVA et al, 2006). 10 2.7.2 Beneficiamento É realizado em locais chamados Usinas Algodoeiras e consiste na separação da fibra das sementes através de processos mecânicos buscando sempre manter o padrão de qualidade das fibras (DA SILVA, 2006). Primeiramente ocorre o desmanche do fardão, depois separadores gravimétricos que realizam a pré-limpeza. As torres secadoras diminuem a umidade do algodão, subsequentemente o algodão é conduzido aos batedores de rolo que retiram impurezas que se desprendem com maior facilidade da fibra. O extrator alimentador utiliza a força centrífuga para a remoção e extração de mais impurezas. O algodão limpo chega ao descaroçador que separa as sementes das fibras através de serras circulares; vai aos limpadores de fibra que extraem pequenas partículas. O condensador agrega novamente a massa de fibras, tornando em uma manta contínua para que chegue à bica e seja umidificada e vá ao calcador para a realização de uma pressão no volume da pluma. Finalmente o algodão chega à prensa hidráulica e os fardos são confeccionados (DA SILVA, 2006).2.7.3 Destruição de restos culturais após a colheita A destruição dos restos do algodão é uma medida de profilaxia para evitar um alto número de pragas especialmente o bicudo, a lagarta rosada e a broca-da-raiz, além de ser obrigatório por lei (DA SILVA, 2006). A destruição pode ser mecânica ou química. Como exemplo das mecânicas tem-se os seguintes aparelhos: a roçadeira mais grade aradora, Matabrotos da Ikeda, Destroyer da Ikeda, JM Cotton Mil da Jumil, arrancador de discos Watanabe, arrancador triturados de plantas de algodão da Camic, cortador de plantas Watanabe e destruidor de plantas Prata 1000. Para a destruição química, são usados herbicidas (2,4D - amina ou glifosato) para o controle da rebrota quando apresentar área foliar capaz de absorver o herbicida aplicado. Para uma destruição completa dos restos culturais é indicado a integração entre processos mecânicos, químicos e culturais (cultivar outras espécies que impeçam o crescimento do algodoeiro(DA SILVA, 2006). 11 3.Pragas e Doenças 3.1 Pragas O algodão é muito atacado por pragas porque é um sistema produtivo intenso. Uma produção que ocorre na maior parte do ano. Outra razão para as pragas se desenvolverem é a presença de nectários em suas folhas. Para lidar com pragas, é necessário conhecer bem sobre elas, seus inimigos naturais e suas condições favoráveis, não somente os inseticidas seletivos,ou seja, ambos são de extrema importância para uma boa produção. Inimigos naturais indicam o NNA (nível de não ação). Para se ter controle das pragas, é necessário tomar amostras de 100 plantas/talhão, sendo cada talhão 100 ha, selecionando 20 pontos com 5 plantas. Entre os 20 pontos selecionados, deve-se escolher quatro pontos nos extremos, o restante no seu interior. Geralmente as amostragens são realizadas entre 3 a 7 dias, mas isso varia com o nível de pragas, e esses resultados são utilizados para indicar a intensidade a se aplicar para o controle. 3.1.1 Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis): Principal praga do algodão. As fêmeas que vivem de 20 a 30 dias depositam os ovos dentro dos botões florais. Com isso, os botões têm chance de cair, ter flores balão e pétalas danificadas. Botões florais abertos e amarelados com presença de perfurações escuras ou pólen aderido são sintomas desta praga na cultura. Seu nível de controle é analisado a partir das maçãs formadas ou em formação. Sua quantidade corresponde a porcentagem de infestação que se pode tolerar. Ou seja, se há 3 maçãs, a cultura pode tolerar 2% de infestação de botões florais danificados. 3.1.2 Broca da raiz (Eutinoborhrus brasiliensis): Encontradas na região do colo da planta, onde os ovos são colocados pelas fêmeas. Sua presença ocasiona em folhas avermelhadas e murchas em plantas desenvolvidas. 12 3.1.3 Mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B): Este inseto suga a seiva da planta, causando enrolamento de folhas jovens e forma substância açucarada, causando queda de folhas do algodão e afeta à qualidade da fibra. Causando indiretamente o “mosaico comum”. 3.1.4 Pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii): Se localizam no inferior da folha, em brotos ou em folhas novas, gerando ponteiros enrugados, folhas enrugadas e encarquilhadas. Pode-se observar também a deformação de brotos e mela nas folhas, devido a sucção continua da seiva, prejudicando a qualidade da fibra, pois a mela ajuda a fumagina. Os pulgões do algodoeiro causam danos indiretos, como o “vermelhão” e “mosaico das nervuras”. Seu nível de controle é 1 pulgão por cm² de folha em média. Avaliando a quarta folha, contando de cima para baixo. 3.1.5 Complexo de percevejos (Nezara viridula, Euschistus heros e Pezodorus guildinii): Ocasionam na queda de botões florais, flores e maçãs, pode-se encontrar maçãs deformadas também. O nível de controle para todos os percevejos é de 20% das plantas com botões atacados. 3.1.6 Curuquerê do algodoeiro (Alabama argilacea): Sua presença se dá devido a não destruição de soqueiras de algodão da safra anterior. A planta apresenta folhas cortadas e pode ocorrer desfolha intensa. Seu nível de controle é uma média de 25% de desfolhamento. 3.1.7 Lagarta rosada (Pectinophora gossypiella): Seu nome se dá a sua cor rosada. Apresentando nas plantas a queda de botões florais, folhas murchas e maçãs destruídas, com fibras e sementes machucadas. O nível de controle desta praga é de 5% de maçãs com lagartas, numa amostragem de 100 maçãs em formação. 13 3.1.8 Ácaro rajado (Tetranychus urticae) e Ácar vermelho (Tetranychus ludeni): Suas folhas ficam manchadas avermelhadamente a partir das nervuras e também ocorre necrose e desfolha. 3.1.9 Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus): Folhas escuras e mais duras, com a face superior da folha apresentando um aspecto vítreo e a inferior brilhante. O nível de controle de todos os ácaros é a detecção de reboleira ou 30% de plantas em colônias. 3.2 Doenças 3.2.1 Causadas por fungos 3.2.1.1 Ferrugem tropical Essa doença vem do Phakopsora gossypii. Geralmente se manifesta mais ao fim do cultivo. Os sintomas são: folhas com manchas marrons. Com o tempo gera amarelecimento e desfolha no vegetal. Essa doença é propagada pela corrente de ar. Para ter controle dela, é necessário realizar a rotação de culturas e fungicidas. 3.2.1.2 Mancha de alternaria Vem de fungos do gênero Alternaria spp. Causa ferimento nas folhas. Um sintoma é a presença de manchas redondas de cor marrom. Para evitar que essa doença prejudique a cultura é necessário o uso de cultivares resistentes, rotação, destruição de restos culturais, utilização de sementes fortes e fungicidas. 3.2.1.3 Mancha de Stemphylium Ela vem do fungo Stemphylium solani. Muito danosa para toda a cultura, podendo influenciar financeiramente os produtores. Seus sintomas são de manchas de forma redonda ou sem um padrão, de coloração avermelhada. Para se ter um controle dela é necessário fazer uso de cultivares resistentes e fungicidas. 14 3.2.1.4 Mancha de mirotécio Ela vem do fungo Myrothecium roridum. É semelhante aos sintomas da mancha-de-alternária. Entretanto, a mancha-de-alternária não apresenta esporodóquios. Para controlar essa doença deve haver rotação de cultura, destruição de resto cultural , tratamento especial de sementes e fungicidas. 3.2.1.5 Murcha de fusarium O agente etiológico dessa doença é o fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Inicialmente as folhas das plantas adultas afetadas têm como característica clorose nas áreas irregulares da superfície foliar, em seguida ocorre necrose e queda as folhas, o que pode levar a morte da planta ou a diminuição do seu porte. As plantas infectadas podem apresentar crescimento lento, com altura diminuta assim como folhas e capulhis pequenos e de menor peso. Para se controlar, deve-se em primeiro lugar usar cultivares resistentes, além disso deve haver ainda preocupação em utilizar sementes livres de patógenos, ainda mais em locais sem ocorrência da doença ou com plantas suscetíveis à patogenia para evitar surto na cultura. 3.2.1.6Mofo branco É causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, fungo polífago. A doença se apresenta com a necrose e podridão úmida tanto da haste como do pecíolo e folhas da maçã. Para o controle da doença, há utilização de sementes sadias, realização de rotação de cultura, com preferência por gramíneas. 3.2.1.7 Ramuose Ela vem pelo fungo Colletotrichum gossypii var. dephalosporioides. Pode surgir toda fase da planta, principalmente quando mais novas. Apresenta manchas de formato circular em folhas novas. Para controlar essa enfermidade deve se utilizar cultivares mais fortes, sementes resistentes à fungos, realizar rotação de cultura, destruir todos os restos culturais e fungicidas. 15 3.2.2 Causadas por bactéria 3.2.2.1 Mancha bacteriose Ela vem da bactéria Xanthomonas axonopodis PV. Malvacearum. Quando a planta está com esta doença, ela apresenta ferimentos de cor esverdeada. Para se controlá-la, é necessário utilizar sementes tratadas, livres da bactéria. 3.2.3 Causadas por vírus 3.2.3.1 Vermelhão Vem do vírus Cotton anthocyanosis vírus, ela se propaga pelo pulgão Aphis gossypii. Apresenta bastante o sintoma depois de dois meses, sendo ele manchas de cor vermelha. Para se controlar é necessário uma população do pulgão baixa, visando a resistência da cultivar. 3.2.3.2 Mosaico comum Vem do Abutilon mosaic virus, transmitido pela mosca-branca. Dentre os sintomas, temos manchas amarelas, inicialmente pequenas e isoladas no limbo foliar, podendo avermelhar essas manchas conforme o desenvolvimento da planta. Para controle do mosaico-comum, erradicam-se plantas doentes e hospedeiros alternativas. 3.2.4 Nematoides do algodoeiro Meloidogyne incognita, Rotylenchulus reniformis, Pratylenchus brachyurus, Belonolaimus longicaudatus, Belonolaimus gracilis, Haplolaimus 46 columbus, Paratrichodorus spp. e Tylenchorhynchus spp. (STARR, 1998), são espécies facilmente encontradas na cultura do algodoeiro. Mosqueamento amarelo é um sintoma típico de plantas infectadas por nematóides do gênero Meloidogyne, por vezes ocorrendo o sintema "carijó", ou seja, uma vermelhidão distribuída pelo limbo foliar, contrariamente com a coloração normal das folhas. O monitoramento da população de nematóides na região antes da implantação e cultivação da cultura, é uma tática de controle recomendada. Assim como o monitoramento, temos a utilização de variedades resistentes, tal qual a 16 rotação de culturas com variedades resistentes ou que não sejam hospedeiras de nematóides. 3.2.5 Causadas por fungos do solo O tombamento é popular entre os produtores de algodão. Apresenta lesões que não apresentam um padrão, geralmente no caule, e nas partes foliares. O tombamento ocorre quando esses ferimentos circundam o caule, ocasionando na morte da planta. 17 4. Exigências climáticas Conhecer o histórico das condições climáticas do local de cultivo do algodão são de suma importância, pois, com tais condições naturais respeitadas, a cultura pode expressar seu máximo potencial de produção. Assim, fatores climáticos como temperatura, umidade do ar, precipitação, fotoperíodo e intensidade do vento interferem diretamente na cultura do algodoeiro. Assim como em outras culturas, deve-se planejar que o plantio seja feito no período climático mais favorável a esta etapa, neste caso, na época do ano mais úmida, verão. O algodoeiro herbáceo e sensível a variações de temperatura, sendo que quando é exposto a temperaturas abaixo de 20°C as fibras do algodão podem ser encurtadas, devido a resposta metabólica da planta. Neste sentido, a temperatura é o fator climático mais crítico para a cultura, afetando diretamente seus processos fenológicos como produção de biomassa, expansão foliar e alongamento de internos e condução dos assimilados pela planta. Na fase de crescimento vegetativo a temperatura ideal indicada na literatura está entre 27°C e 32°C, já para a germinação da semente a faixa ótima é entre 25°C e 30°C (SOUZA, 2008). Adicionalmente, baixas temperaturas noturnas (20°C) combinadas a temperatura diurna de 25°C estimulam o florescimento, enquanto que temperaturas noturnas acima de 25°C atrasa o florescimento. Levando em conta o ciclo vegetativo do algodoeiro herbáceo irrigado, é requerido um ambiente quente e com boa umidade do solo, no entanto, deve-se atentar ao ciclo fenológico da cultura para que a época de colheita não coincida com a época chuvosa. A seguir lê-se as algumas condições climáticas ótimas para a produção do algodão: ● Temperatura média do ar variando entre 20 ºC e 30 °C; ● Precipitação anual variando entre 500 mm e 1500 mm; ● Umidade relativa média do ar em torno de 60%. ● Nebulosidade inferior a 50%; ● Inexistência de inversão térmica (dias muito quentes e noites muito frias); 18 Figura 6 - Limites de temperatura para diferentes etapas de crescimento do algodoeiro - Fonte : DOORENSBOS; KASSAN, 2000. 19 5. Zoneamento Agrícola De forma geral, o zoneamento é usado principalmente para diminuir os riscos relacionados a problemas climáticos e auxilia o produtor a reconhecer qual a melhor época para se plantar, levando em consideração a região do país, a cultura, e os diferentes tipos de solo. Os agricultores são obrigados a adotar as instruções do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para contratar recursos do crédito rural, agricultura familiar e do seguro rural. Em prol do Zarc a EMBRAPA está sempre desenvolvendo novos estudos que são atualizados anualmente. Um dos principais papéis do zoneamento agrícola é identificar os municípios aptos e os períodos de semeadura que possuem menores riscos climáticos, essas que foram divididas em três níveis de risco: 20%, 30% e 40% para o cultivo de algodão herbáceo no estado de São Paulo. Essa identificação foi feita a partir de um modelo que considera as exigências hídricas e térmicas, as reservas de água útil no solo para a devida cultura, período de duração das fases fenológicas e do ciclo, além de índices pluviométricos e de evapotranspiração. No entanto partiu-se do pressuposto de que não haverá limitações relacionados à fertilidade do solo e problemas causados por pragas e doenças. Quatro grandes fatores foram considerados para se demarcar áreas aptas ao cultivo de algodão herbáceo, foram elas: 1. Ciclo e fase fenológica da cultura: Foram consideradas as fases de germinação/emergência (fase I), desenvolvimento/crescimento (fase II), floração/enchimento de capulho (fase III) e a fase de maturação fisiológica (fase IV); Cultivares foram divididas em dois grupos com características homogêneas, condizente com a região geográfica, sendo que o Grupo II possui n <= 170 dias e Grupo III possui n > 171 dias, onde “n” representa a quantidade de dias de emergência à maturação fisiológica. 2. Capacidade de Água Disponível (CAD): Foi avaliado com base na profundidade efetiva das raízes e da reserva útil de água nos solos. Foram considerados três tipos de solos: solos de textura arenosa (Tipo 1) com capacidade de armazenamento de até 42 mm de água, solos de textura média (Tipo 2) com capacidade de até 66mm e por fim solos de textura argilosa (Tipo 3) com 90 mm de capacidade de armazenamento. 3. Índice de satisfação das Necessidades de Água (ISNA): Fase vegetativa (fase I) com ISNA >= 0,60 e a fase reprodutiva (fase III) com ISNA >= 0,55 apresentando um baixo risco de excesso de chuva durante a fase de capulho abertos. 20 5.1 Tipos de solos aptos ao cultivo Estão aptos para o cultivo de algodão herbáceo, os solos dos tipos 1, 2 e 3 com as devidas especificações e recomendações existentes na Instrução Normativa nº2 de 9 de outubro de 2008. Não estão aptas para o cultivo: ● Áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 ● Áreas que possuem solos com uma profundidade inferior de 50 cm ou com solos muito pedregosos (solos onde os matacões ocupem mais de 15% da massa e/ou superfície do terreno). Figura 7-Tabela de dados - Fonte: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/portarias/safra-vige nte/sao-paulo/word/PORTN151ALGODOHERBCEOSP.pdf 21 http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/portarias/safra-vigente/sao-paulo/word/PORTN151ALGODOHERBCEOSP.pdf http://www.agricultura.gov.br/assuntos/riscos-seguro/risco-agropecuario/portarias/safra-vigente/sao-paulo/word/PORTN151ALGODOHERBCEOSP.pdf 5.2 Cultivares indicados para o estado de São Paulo Os cultivares indicados foram agrupados da seguinte forma: ● GRUPO II: ○ BASF S/A: FM 940GLT e FM 906GLT; ○ D&PL BRASIL LTDA: DP 604BG, DP 555BGRR, DP 1231 B2RF, DP 1227 RF e DeltaOPAL; ○ IAC: IAC 25 RMD, IAC 26RMD, IAC FC 1, IAC FC 2, IAC PV 1 e IAC RDN; ○ TMG TROPICAL MELHORAMENTO E GENETICA LTDA. : TMG11WS, TMG44B2RF, TMG47B2RF, 1648 B2RF, ○ TMG61RF, TMG62RF, 17R134B2RF e 16R137B2RF. ● GRUPO III ○ BASF S/A: FM 975WS, FM 944GL, BS 2106 GL, VB 1370GLT, FM 983GLT, FM 954GLT e FM 985GLTP; ○ D&PL BRASIL LTDA: DP 1536 B2RF, DP 1552 B2RF, DP 1552 RF, 1742 RF, DP 1743 RF, DP 1746 B2RF e DP 1730 B2RF; ○ TMG TROPICAL MELHORAMENTO E GENETICA LTDA. : TMG42WS, TMG82WS e TMG81WS. 5.3 Relação do município de Pirassununga e sua aptidão ao cultivo e períodos indicados para semeadura Períodos de semeadura para cultivares do grupo II Solo 1 Solo 2 Solo 3 Município Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Pirassununga 29 a 1 29 a 2 29 a 3 29 a 3 29 a 3 22 Períodos de semeadura para cultivares do grupo III Solo 1 Solo 2 Solo 3 Município Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Risco de 20% Risco de 30% Risco de 40% Pirassununga 29 a 36 29 a 1 29 a 1 29 a 1 Mapa de aptidão do algodão Figura 7 - Mapa de aptidão do algodão (fonte: http://www.ciiagro.sp.gov.br/znmt_macro_3.html) 23 http://www.ciiagro.sp.gov.br/znmt_macro_3.html Legenda referente à figura 7 acima: ● Faixa "A" – Ta, superior a 19 ºC; Da superior a 0 mm e Ea, inferior a 500mm. É a faixa que oferece plena aptidão climática à cultura comercial do algodão. Não apresenta, normalmente, restrições térmicas e hídricas severas em qualquer fase da cultura. Abrange quase todo o planalto paulista; apenas as áreas serranas ao sul e leste do planalto e a litorânea estão fora da faixa. ● Faixa "B" – Ta inferior a 19 ºC; Da superior a 0mm e Ea inferior a 500mm. Essa faixa sofre deficiência térmica, com freqüência, sendo considerada marginal à cotonicultura, embora as condições hídricas sejam satisfatórias. Compreende pequenas áreas distribuídas nas fraldas das Serras do Mar e da Mantiqueira, no sul do planalto. ● Faixa "C" – Da, superior a 500 mm. É uma faixa marginal a cotonicultura por apresentar a estação estival demasiadamente chuvosa, embora possua uma estação seca favorável à maturação e colheita. Compreende pequenas áreas situadas no centro e nordeste do planalto, nas serras de São Carlos, Batatais e Franca. ● Faixa "D" – Ta acima de 19 ºC; Da igual a 0 mm e Ea abaixo de 500 mm. Essa faixa não apresenta para favorecer a maturação e a colheita. Foi considerada marginal à cotonicultura comercial, embora as condições térmicas e hídricas na estação de vegetação, sejam satisfatórias. Compreende principalmente a parte central do Vale do Ribeira, no litoral sul do Estado, e pequenas áreas nos vales dos afluentes do rio Paranapanema, no sul do Planalto. ● Faixa "E" – Ta inferior a 19 ºC; Da igual a 0 mm e Ea superior a 500 mm. A faixa é considerada marginal ou inapta, por não apresentar estação seca para a maturação e colheita e por possuir deficiências térmicas. A estação vegetativa de verão não é, porém, demasiado chuvosa. Compreende pequena faixa na encosta norte da serra do Mar e parte do Vale do rio Tietê, no sul do planalto. ● Faixa "F" – Da = a 0 mm e Ea superior a 500 mm. Essa faixa é considerada demasiadamente úmida, durante todo o curso do ano e se apresenta inapta para a cultura do algodão. Abrange toda a zona serrana mais alta das serras do Mar e da Mantiqueira, no sul do Estado e toda a faixa litorânea, à exceção da parte central do vale do Ribeira. 24 6. Maquinário A produção anteriormente realizada por pequenos produtores, nas regiões nordeste e sudeste do país, passou a ser realizada em grandes unidades de produção localizadas na região central do país. (GIMENEZ, 2018) A mecanização agrícola na cultura do algodão foi essencial para permitir o cultivo economicamente viável realizado na região central. No cultivo do algodão é necessária a realização de preparo do solo, semeadura em linhas e aplicações periódicas de agrotóxicos para que se chegue finalmente à colheita.(GIMENEZ, 2018) O uso das máquinas permitiu a implantação da cultura nos períodos mais adequados, maximizando o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis obtendo maiores produtividades. A aplicação dos agrotóxicos nos momentos adequados através de pulverizadores com elevada capacidade operacional foi também fundamental para preservar o potencial produtivo. (GIMENEZ, 2018) 6.1 Preparo do solo Deve ser feito com o solo úmido, suficiente para permitir a operação dos implementos, levando em consideração o histórico da área como, tipo, topografia, primeiro cultivo é cultura anterior. 6.1.1 Terrenos de primeiro cultivo Deve-se utilizar o arado de aiveca ou de disco na profundidade de 20 centímetros, para permitir a incorporação dos restos de vegetação, seguido de uma algodão passagem com a grade niveladora ou destorroadora, pouco antes da semeadura do , para a destruição das ervas daninhas é completar a operação de preparo do solo. 6.1.2 Terrenos de cultivo anterior O mais indicado é utilizar o arado de aiveca ou de disco para incorporar os restos de culturas, sendo complementado com uma passagem de grade niveladora ou destorroadora na profundidade de 5 centímetros, feita pouco antes da semeadura do algodão. 25 Figura 8 - Disco de arado Tatu Marchesan - Fonte : https://www.agriexpo.online/pt/prod/tatu-marchesan/product-173791-54576.html 6.1.3 Plantio Direto O cultivo sucessivo e o uso intensivo de máquinas e implementos no preparo de solo do cerrado, tem provocado degradação prematuradas terras, o que trás a redução do uso de máquinas no plantio, para assegurar maior sustentabilidade ao empreendimento ao longo dos anos. Sendo assim o plantio direto não disponibiliza da utilização de máquinas agrícolas para preparo do solo. 6.1.4 Calagem Prática agrícola indispensável para tornar produtivo a maioria dos solos do cerrado, consiste na aplicação de calcário na área de cultivo, na dosagem recomendada pela análise química do solo, que varia de 1 a 3 toneladas por hectare, incorporada ao solo na profundidade de 20 centímetros, com no mínimo sessenta dias antes do plantio. O maquinário utilizado para a aplicação de calcário é o distribuidor em cocho ou transmissão em correias. 26 https://www.agriexpo.online/pt/prod/tatu-marchesan/product-173791-54576.html Figura 9 - Distribuidor de calcário - Fonte : https://www.baldan.com.br/conteudo/dcf-co-distribuidor-de-calcario-fertilizante-e-composto-organico.h tml Figura 10 - Distribuidor de calcário tipo cocho - Fonte : https://mepel.ind.br/produto/distribuidor-de-calcario-tipo-cocho/ 6.1.5 Adubação Com o resultado da análise química do solo pronta, define-se as doses de fertilizantes a serem aplicados para o cultivo de algodão, sendo os principais , nitrogênio (N), fósforo (P) é potássio (K). Para a aplicação dos fertilizantes N,P e K 27 https://mepel.ind.br/produto/distribuidor-de-calcario-tipo-cocho/ pode ser utilizado um distribuidor autopropelido, normalmente acoplado a semeadora. 6.2 Semeadura A semeadura do algodão consiste em colocar no solo, em sulcos ou covas, as sementes em espaçamento e profundidade adequados para que o processo de embebição e germinação se desenvolvam adequadamente. Na semeadura mecanizada são utilizadas semeadoras-adubadoras sendo mais comum o sistema de semeadura convencional, sem a presença de resíduo sobre o solo e com o emprego de preparo para preparar o leito de semeadura. A cultura é bastante exigente em fertilidade do solo, sendo realizada a adubação em sulcos no momento da semeadura.(GIMENEZ, 2018) Figura 11 - Semeadora Caracol Tradicional em linha - Fonte : https://www.grupocultivar.com.br/artigos/sistemas-de-distribuicao-de-fertilizantes-em-semeadoras 6.3 Aplicação de defensivos agrícolas A cultura do algodoeiro é bastante sensível a concorrência das ervas daninhas, pois é uma planta de crescimento inicial lento é não consegue suportar a concorrência para o aproveitamento da água, nutrientes e dos raios solares sendo necessário manter o campo limpo. Além disso, o controle de pragas deve ser feito durante toda a cultura para que não haja o surgimento de brocas por exemplo. A aplicação de defensivos agrícolas é feita por um pulverizador autopropelido. 28 Figura 12 - Pulverizador Agrícola - Fonte : https://agro20.com.br/pulverizador/ 6.4 Colheita A porção com maior valor econômico no algodoeiro é aquela dos capulhos, onde está a fibra. Sendo a fibra destinada à indústria têxtil, a manutenção da sua qualidade é de fundamental importância e depende, em grande parte, dos cuidados durante a operação de colheita. Para a utilização de um colhedora mecanizada a declividade do terreno deve ser inferior a 8%, devendo o solo estar devidamente nivelado, livre de obstáculos como tocos, pedras e depressões. Todas as fases do processo produtivo devem estar direcionadas para a colheita mecanizada, selecionando-se cultivar adequada, população de plantas, espaçamento, correção e fertilização do solo, controle de plantas invasoras e uso de reguladores de crescimento, maturadores e desfolhantes. (GIMENEZ, 2018) 6.4.1 Colhedora de Fusos Mais utilizada para colheitas em linha. 29 Figura 13 - Colhedora de algodão CP690 John Deere - Fonte : https://www.deere.com.br/pt/colheitadeiras/colhedora-de-algodão-cp690/ 6.4.2 Colhedora Stripper Utilizada na colheita de algodão adensado. Figura 14 - Colhedora Stripper de pente Dalazen - Fonte : http://www.iapar.br/galeria/9/28/Colheitadeira-stripper-de-pente.html 30 PARTE II 1. Tecnologias aplicadas ao Manejo O uso de outras culturas como a ervilhaca peluda durante o inverno pode ajudar a aumentar a produção e melhorar a qualidade do solo. Um modelo chamado computacional pôde testar a eficácia dessa planta como adubo verde para o algodão. O modelo, chamado DNDC (desnitrificação e decomposição) é uma ferramenta usada para simular os ciclos e reações de carbono e nitrogênio sob diferentes manejos e condições. Os parâmetros que o sistema usa para funcionar são: clima, solo, parâmetros da cultura e manejo da mesma. A calibração é feita inserindo os dados manualmente. O DNDC funcionou muito bem, com boa eficiência, erros quadráticos aceitáveis e bom coeficiente de correlação; previu que o resíduo da ervilhaca peluda mais que dobraria o conteúdo de inicial de carbono orgânico do solo. O modelo mostrou também que o excesso de N nos locais com incorporação da ervilhaca peluda apresentava grandes perdas do nitrogênio por lixiviação (KU et al., 2018) . O desenvolvimento de diversos tipos de sensores tecnológicos terrestres e aéreos, combinado com a aplicação de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem levado a um monitoramento preciso de variações espaciais de solo que afetam e conduzem a produção de certa cultura e uma tomada de decisão para o manejo. A análise aérea demanda menos trabalho, fazendo com que seu uso seja amigável e tenha um potencial de aplicação mais comum no campo. Os dois métodos de análise monitoram com sucesso os estágios de crescimento em termos espaço-temporal do algodão no campo (PAPADOPOULOS et al., 2017). Com o crescimento vertiginoso da população chinesa, surge também a necessidade de novos modelos de cultivo que usem menos força humana de trabalho (devido ao uso dessa mão-de-obra em indústrias). Nesse cenário, surge o LSC (cultivo leve e simplificado, do inglês light and simplified cultivation) que é basicamente o uso de tecnologias modernas de cultivo adaptadas à realidade de cada local, buscando um menor uso da mão-de-obra. Ela basicamente remodela as operações manuais, reduz o uso de mão-de-obra, simplifica o manejo, reduz a intensidade de operações em campo, uso maior de tecnologia no cultivo. Usa as técnicas de semeadura de precisão de semente única, simplificação na poda das plantas, fertilização mais simples, criação de mudas de forma diferenciada, fertirrigação. É de extrema importância, para o futuro desse modo de cultivo, o desenvolvimento de tecnologias que envolvem os processos desse método. Como a implementação de adubos verdes, plantio direto, melhoras na semeadura de precisão, usar e baratear as coberturas plásticas e seus mecanismos de instalação, melhorar os fertilizantes de liberação lenta e adaptar as mecanizações de acordo com as condições de cada local (Dai et al., 2017). 2. Irrigação A irrigação por gotejamento através de filmes (mulching) com o uso de águas salobras é amplamente utilizado no cultivo de algodão em regiões áridas. Para que 31 o uso de águas salobras na irrigação de algodão seja apropriado, é necessário conhecimento sobre como as raízes se comportam em diferentes condições e tipos de solo, no entanto, até o presente momento da publicação deste artigo, pouco se sabe sobre o assunto. Resultados do experimento apontam que a irrigação superficial por gotejamento através de fitas estabelecidas nas regiões onde é feito aadubação pode promover um crescimento radicular maior, dessa forma produção de algodão com o uso de água salobra pode-se tornar rentável (CHEN et al., 2020). Nas planícies altas do Texas, produtores de algodão sofrem com as secas sazonais por conta da diminuição de recursos do aquífero de Ogallala. Embora novos avanços tecnológicos tenham permitido os produtores a alcançar uma eficiência do uso de água de mais de 95%, novas estratégias de manejo são necessárias para sustentar a produtividade. Através da determinação do tempo ótimo de irrigação, os produtores poderão economizar água de irrigação e diminuir gastos com o bombeamento da água. Em média o tratamento com maior capacidade de irrigação geraram um rendimento mais alto e teve maior custo devido ao aumento da necessidade de bombeamento tornando este tipo de tratamento comparável com o tratamento de capacidade média de irrigação, o que sugere que produtores podem obter lucro enquanto conservam o uso de água (MITCHELL-MCCALLISTER et al., 2019). A região Nordeste do Brasil tem boa parte de seu clima caracterizado como semiárido. Por sua vez, no cultivo do algodão, exige muitas vezes um uso eficiente dos recursos hídricos, bem como o emprego de variedades mais adaptadas. O efeito do déficit hídrico aplicado a diferentes fases de desenvolvimento, fisiologia e produção de duas cultivares de algodoeiro herbáceo foi analisado. Nos diferentes déficits hídricos aplicados as cultivares BRS 286 e BRS 336 tem padrão de crescimento diferentes. Ambas sofreram redução de produtividade se comparado ao cultivo irrigado e as fases mais resistentes ao stress foram respectivamente: crescimento inicial, botão floral e capulho. Enquanto que as menos resistentes foram durante a formação das flores e das maçãs (CORDÃO et al, 2018). Uma forma alternativa de suprir a demanda hídrica de uma cultura surgiu em resposta a carência de recursos hídricos, um fator limitante para a maior parte dos grandes cultivos, esta nova possibilidade é o uso de água residuária tratada. Por conta disso, um estudo foi conduzido para avaliar possíveis efeitos negativos ou positivos da aplicação de águas residuárias tratadas no desenvolvimento e produção de algodão herbáceo. O experimento ocorreu na Estação Experimental de Tratamentos Biológicos de Esgotos Sanitários (EXTRABES), na cidade de Campina Grande no estado de Paraíba. Foi notado um aumento de 812,9% no teor de sódio presente no solo ao término do estudo devido água residuária originário de um reator. Outros dois reatores ocasionaram um aumento nas concentrações de matéria orgânica, potássio e fósforo na superfície do solo o que foi benéfico para a cultura de algodão. O estudo indicou que águas residuárias podem ser utilizadas para irrigação de algodão herbáceo pois contribui com implemento de nutrientes além de favorecer o controle da poluição ambiental (NASCIMENTO & FILHO, 2015). 32 3. Adubação Um estudo de campo para a determinação do efeito de uso contínuo de fertilizantes químicos (CF) e fertilizantes orgânicos (estrume de gado(CM) e biofertilizante (BF)), aplicados durante um período de quatro anos, em bactérias e fungos do solo foi conduzido em uma lavoura com sistema de irrigação por gotejamento localizado no Noroeste da China, na Região autônoma de Xinjiang. De forma geral, a fertilização orgânica (especialmente biofertilizante) pode ser considerado uma prática sustentável para se obter uma microflora saudável no solo (aquele que possui uma dominância maior de bactérias do que fungos) e consequentemente melhorar a qualidade do solo e a colheita no sistema de irrigação por gotejamento (TAO et al., 2020). 4. Relações com o Clima Uma estimativa do choque que as mudanças climáticas podem causar na algodoeiro herbáceo cultivado na Região Nordeste do Brasil foi feito com base em estimativas nas terras aptas disponíveis para o cultivo em sistema de sequeiro. Estas estimativas se baseiam nos cenários de aumento de temperatura e variabilidade da precipitação pluviométrica previstos pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). Os resultados indicaram que o aumento da temperatura do ar causam diminuição nos índices pluviométricos assim aumentando os riscos climáticos e tornando a região menos apta para o cultivo de algodoeiro. Na situação B a disponibilidade de áreas propícias para a produção de algodão herbáceo está diretamente relacionado com o maior proporção de água disponível provenientes da chuva. Um aumento da temperatura média do ar maior que 1,5ºC foi um fator limitante para a produção de algodão, mesmo em situações com disponibilidade hídrica mais elevada (SILVA et al., 2012). Produtividade do algodão herbáceo está fortemente elencado com o desempenho da planta na fase reprodutiva, que está por sua vez ligado a disponibilidade de condições ótimas de fatores edafoclimáticos, como frequência de precipitação, temperatura, luz, solo, nutrientes e etc. O estudo de correlação entre alguns fatores climáticos e o desempenho do algodoeiro em sua fase reprodutiva e maturação permite modelar as respostas da planta a condições adversas que ocorrem durante o cultivo. Por meio de equações de regressão linear múltiplas foi analisada a correlação entre florescimento e formação das maçãs com fatores edafoclimáticos importantes ao cultivo do algodão no Egito. Altas taxas de transpiração da algodoeira implica significativamente na formação das maçãs e na floração. Quanto maior a umidade relativa do ar melhor o pendoamento. O aumento do tempo de exposição à luz mostrou efeito de atraso na floração da planta. Temperaturas máximas (38 a 40ºC) do ar ou do solo, impactam negativamente as maçãs. Com tais fatores correlacionados por este estudo, é possível prever técnicas de manejo que minimizem os efeitos negativos do clima na produção de algodão (SAWAN et al., 2017). Na era pós-industrial que vivemos, já é fato que as concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa, principalmente o CO2, continuem aumentando. Apesar de nosso clima cotidiano continuar o mesmo, é registrado que existe alterações na amplitude e frequência de tempestades, secas e geadas que ameaçam a produção 33 agrícola por todo o mundo. A mudança no clima é um fenômeno global, mas o aumento de temperatura associado a mudanças nos padrões de chuva estão se manifestando em escalas regionais e locais com diferenças em severidade e intensidade, refletindo na produção do algodão (ANAPALLI, 2016). Muitos estudos recentes dizem a respeito dos impactos das mudanças climáticas na agricultura brasileira e Assad et al avaliou como o aumento na temperatura relatado no IPCC afeta o zoneamento na cultura do algodão. Considerando o cenário A2 apresentado no IPCC, onde o aumento de temperatura fica entre 2ºC e 5ºC, e os modelos de simulação estudados no presente estudo, haverá diminuição considerável nas áreas aptas ao cultivo de algodão no Brasil. A região Nordeste, que possui boa parte das áreas de produção nacional, será a mais afetada nas projeçõesanalisadas de 2020 até 2040. Enquanto que a região Sudeste do país será menos afetada pelas mudanças devido ao regime mais regular de chuva (ASSAD et al, 2013). 5. Pragas e controle Quando falamos de proteção de culturas modernas, o primeiro pensamento é sobre o controle de pragas. A maioria dos agricultores vê pesticidas como única maneira de controlar pragas, e a melhor forma que encontraram para o controle foram com produtos químicos, mas não somente o necessário, a maioria faz uso de uma quantidade maior do que a que realmente precisa. Foi realizada uma pesquisa com fazendeiros de algodão selecionados aleatoriamente em dois distritos de Punjab, no Paquistão, com o objetivo de analisar os fatores que impedem a adoção de controle alternativo ao químico de pragas na área. Então, foi feito um estudo do comportamento das pessoas em relação a saúde, renda, escolaridade, idade para verificar quais são os mais adeptos ao grande uso de pesticidas. Concluiu-se então, que educação foi o principal fator. Quanto maior for a escolaridade, mais desencorajado é o uso de pesticidas nas áreas. (KHAN & DAMALAS, 2015). Um trabalho foi realizado para medir o impacto dos inseticidas utilizados no campo. O comportamento de sobrevivência dos quatro principais insetos predadores do ecossistema do algodão: Chrysoperla externa, Eriopis connexa, Podisus nigrispinus e Orius insidiosus também foi estudado. Inseticidas seletivos fornecem vantagens ao manejo de pragas de algodão, mantendo a ação dos inimigos naturais presentes no campo para um controle natural das pragas dessa cultura (MACHADO et al., 2019). Ainda em relação às pragas do algodão, um estudo foi realizado para observar o percevejo Leptoglossus phyllopus (L.) durante dois anos. A análise foi realizada no sul do Texas e em outros dois lugares nos Estados Unidos da América. Em 2013 teve mais lesões nos ramos médios reprodutivos, se comparado aos ramos inferiores. O rendimento medido em 2013 mostra que não há tanta diferença entre plantas infestadas do inseto e plantas não infestadas, apesar das lesões. Não apresentou perda de rendimento no final da temporada Já em 2014, o estudo foi realizado sob condições de estresse hídrico, e o resultado obtido foi de que as lesões no algodão foram menores e não apresentou tanta diferença entre os ramos médios e inferiores. Os riscos da produção de algodão são baixos quando os percevejos atacam durante o fim da temporada, mas pode aumentar muito se eles 34 se inserirem durante a fase jovem do algodão. São necessários mais estudos para avaliar o grau de risco em longo prazo (BREWER & GLOVER, 2019). Danos causados por pragas são os principais fatores de restrição para a produção de algodão. Ele é muito importante pra economia da China, uma das principais culturas do país. Existem inúmeros tipos de predadores naturais de pragas do algodão que devem ser utilizados a favor de uma produção mais natural. Além desta variedade de predadores, existem fungos, bactérias, vírus e microsporídios, que são importantes também para o controle de pragas. Foi criado em massa, utilizado comercialmente, na China, o vírus poliedrose nuclear (HaNPV) que auxilia no controle de pestes. O algodão Bt tem sido amplamente plantado para o controle da lagarta de algodão, H. Armigera, lagarta rosa e outras pragas nos últimos anos. Foi realizada a análise do campo com redução na pulverização de inseticidas e constatou um aumento de predadores naturais das pragas. Entretanto, a população de insetos Miridae nas plantas aumentou e agora é um problema (LUO et al., 2014). O vírus do tabaco é um ameaça cerca de 200 espécies de plantas, incluindo aquelas de importância agrícola, horticultural e sementes e o algodão é uma delas. Ele causa necrose dos tecidos, com sintomas como lesões marrom arroxeadas nas folhas e pecíolos e perda máxima de 62,7% de perda da cultura. Foi primeiro identificado no Brasil e vêm ocorrendo na Índia desde 2000 em outras culturas pela transmissão de materiais contaminados. Através de observações visuais e coletas de amostras e análise de contaminação, descobriram que Telangana possui os maiores índices de infecção seguidas de mais 4 estados indianos. Condições ambientais como temperaturas acima de 22°C, alta umidade do ar e muito tempo com a folha molhada favorecem a incidência do vírus, sendo os híbridos os mais sucessíveis à contaminação (VINODKUMAR et al., 2017). O Fusarium coloniza o sistema vascular do hospedeiro e causa descoloração vascular mais evidente na raiz e tronco inferior, folhas com clorose e necrose, murcha e até mesmo a morte da planta, variando com a densidade do inóculo, a suscetibilidade da cultivar e a idade da planta. Ao infectar mudas jovens, a fusariose pode causar murcha e necrose dos cotilédones, causando a morte das plantas, gerando uma posição desigual no campo, um padrão confundível com outras doenças, o que dificulta o diagnóstico. Esse fungo pode se propagar através da redistribuição de solo e material vegetal infectados como as sementes. Para manejar esse problema surgem os tratamentos das sementes, cultivares resistentes, saneamento e redução da densidade do inóculo. É de extrema importância a produção de sementes de algodão sem patógenos. A efetividade da fumigação e solarização vêm juntamente com um alto custo . Os órgãos públicos e privados deveriam juntar forças para a produção de cultivares resistentes (CIANCHETTA & DAVIS, 2015). Dependendo do gerenciamento das culturas, podem-se fornecer ambientes favoráveis para a proliferação de comunidades inimigas naturais que controlam populações de pragas e ferimentos. Foram realizados estudos da cultura de cobertura de inverno, sendo elas estabelecidas em parcelas. Economicamente falando, é possível investir nesse sistema de cobertura. Pois os resultados mostram que os cultivadores convencionais que utilizam cobertura reduzem os insumos por 35 conta da diminuição natural de pragas e danos no geral, não sendo um custo de produção a mais (BOWERS et al., 2020). 36 REFERÊNCIAS ANAPALLI, S. A. et al. Vulnerabilities and Adapting Irrigated and Rainfed Cotton to Climate Change in the Lower Mississippi Delta Region. Climate, v.4, p.55, out. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE ALGODÃO (ABRAPA). Algodão no Brasil. 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