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Gestão escolar, políticas públicas e legislação educacional

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Gestão Escolar, Políticas Públicas 
e Legislação Educacional
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2/307
Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional
Autora: Rosângela de Oliveira Pinto
Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e 
Legislação Educacional. Valinhos, 2016.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces 
Estado-Sociedade-Educação
07
Unidade 2: Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da 
União, dos Estados e dos Municípios
48
Unidade 3: As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na 
Educação: FUNDEB, FUNDEF e FNDE
89
Unidade 4: Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação 
Básica: Objetivos, Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares
119
2/307
3/3073
Unidade 5: As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do 
Adolescente e Demais Documentos que Regulamentam a Educação Básica
149
Unidade 6: Sistema Nacional de Educação 194
Unidade 7: Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade 
Contemporânea
223
Unidade 8: Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: 
Conceitos de Qualidade na Gestão da Escola
264
Sumário
Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional
Autora: Rosângela de Oliveira Pinto
Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e 
Legislação Educacional. Valinhos, 2016.
4/307
Apresentação da Disciplina
A gestão escolar na perspectiva 
democrática é realizada pela participação 
de todos os envolvidos com a Instituição 
Educacional. Desta forma, conhecer a 
importância e todos os aspectos envolvidos 
para uma gestão adequada é fundamental 
a qualquer educador.
Nesta disciplina, vamos estudar a gestão 
escolar por meio das políticas públicas 
educacionais e da legislação brasileira, ou 
seja, como este projeto está delineado, 
consolidado e quais são as relações 
estabelecidas entre os documentos legais. 
A Legislação e Política Educacional 
brasileira são construídas e implementadas 
num campo de contradições e conflitos, 
marcados pelo momento histórico, político, 
social e econômico. 
A gestão escolar, desta forma, não deve 
negligenciar a importância do papel social 
da escola e dos processos relativos à 
organização, cultura e gestão intrínsecos 
a ela. Discutir educação e gestão escolar 
de forma consciente exige considerar as 
relações de subordinação e dominação 
que existem em nossa sociedade, nas 
resistências, na vida e na luta cotidiana das 
pessoas. 
A gestão da educação básica deve 
promover análises críticas das ações, 
programas e estratégias articuladas pelo 
governo federal, buscando apreender os 
limites e as possibilidades à gestão das 
políticas, a lógica presente na proposição e 
os limites interpostos à sua materialização 
5/307
no âmbito dos sistemas de ensino 
(DOURADO, 2007). 
É fundamental, porém, promover 
atuação, transformação, dar voz aos 
que foram silenciados, e aprendizagens 
que proporcionem a percepção das 
contradições entre as relações de poder. 
Quero citar aqui a teoria do habitus de 
Pierre Bourdieu como uma importante 
contribuição para a compreensão das 
contradições, limites e ideologias presentes 
nas ações sociais. Como Bourdieu afirma, 
o habitus é a interiorização das estruturas 
sociais que os indivíduos fazem de forma 
inconsciente durante toda a sua história de 
vida. Portanto, alterar alguns pensamentos 
e ações não é tão simples. Digo que é 
uma transformação lenta com alterações 
culturais e educacionais presentes. 
O habitus funciona como uma força 
conservadora no interior da ordem social.
Nenhuma política estatal é apenas um 
presente. As condições históricas, sociais 
e políticas são determinantes sobre as 
políticas e a legislação educacionais, e é 
por meio das mobilizações que alertam 
para os interesses das classes dominantes, 
que identificamos, no decorrer da história, 
transformações importantes. 
6/307
Figura 1 – Ilustração da definição da teoria 
de habitus de Pierre Bourdieu
Fonte: Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg.
com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151.
jpg>. Acesso em: 04 jun. 2016.
Vamos estudar nesta disciplina: o histórico 
das políticas públicas educacionais e a 
legislação brasileira: interfaces Estado-
Sociedade-Educação; os Princípios e 
Fins na/para Educação Nacional: deveres 
e responsabilidades da União, dos 
Estados e dos Municípios; as políticas de 
investimento, distribuição e utilização 
dos recursos públicos na educação: 
FUNDEB, FUNDEF e FNDE; a Organização 
da Educação Nacional em níveis e 
modalidades de ensino da Educação 
Básica: objetivos, princípios, concepções 
e diretrizes curriculares; as políticas de 
ensino na atualidade: Lei nº 9.394/96; 
Estatuto da Criança e do Adolescente e 
demais documentos que regulamentam 
a Educação Básica; o Sistema Nacional de 
Educação; o Plano Nacional de Educação: 
perspectivas históricas e atuais da 
sociedade contemporânea; e a gestão 
escolar e as perspectivas de organização 
administrativa e financeira: conceitos de 
qualidade na gestão da escola.
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151.jpg
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7/307
Unidade 1
Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-
Sociedade-Educação
Objetivos
1. Compreender o histórico das políticas 
educacionais e legislação brasileira 
aplicada à educação.
2. Identificar as interfaces Estado-
Sociedade-Educação nas políticas e 
legislação educacionais.
3. Construir um pensamento, 
aprendizagem e atuação crítica, 
consciente e transformadora sobre a 
gestão educacional brasileira. 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação8/307
Introdução 
As políticas públicas educacionais e a 
legislação brasileira estão presentes 
no decorrer da história da educação 
brasileira. Segundo Saviani (2008), pode-
se considerar que o primeiro documento 
de política educacional que vigorou no 
Brasil foram os “Regimentos” de D. João 
III, editados em dezembro de 1548. Esses 
“Regimentos” orientaram as ações do 
primeiro governador geral do Brasil, Tomé 
de Souza, e a obra educativa centrada 
na catequese iniciada pelos jesuítas, 
cumprindo um mandato delegado pelo rei 
de Portugal. 
Quando se fala em políticas públicas 
educacionais, é necessário, primeiramente, 
compreender o que é a política. Segundo 
Giron (2008), a política nasce quando 
os homens começam a se organizar em 
sociedade, fazendo escolhas para viabilizar 
a convivência em grupo. Desta forma, 
podemos afirmar que a política existe 
desde o início das primeiras civilizações. O 
significado clássico e moderno de política, 
de acordo com Bobbio, deriva do adjetivo 
pólis (politikós), que significa tudo o que 
se refere à cidade e, consequentemente, 
o que é urbano, civil, público e até mesmo 
sociável e social (BOBBIO, 2002).
Ainda segundo Bobbio (2002), há uma 
tipologia moderna das formas de 
poder, como poder econômico, poder 
ideológico e poder político, sendo que 
este último seria aquele no qual se tem 
a exclusividade para o uso da força. 
Entretanto, não é apenas o uso da força, 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação9/307
mas sim seu monopólio, sua exclusividade, 
que tem o consentimento da sociedade 
organizada. A sua finalidade ou seu 
fim não pode se resumir apenas em um 
aspecto, pois os fins da política são tantos 
quantas forem as metas a que um grupo 
organizadose propõe, segundo os tempos 
e as circunstâncias. Na visão de Bobbio, a 
política restringe-se à esfera do Estado, 
instituição esta responsável pela ordem 
social. 
Segundo Souza (2006), a política pública, 
enquanto área de conhecimento e 
disciplina acadêmica, nasce nos EUA, 
rompendo ou pulando as etapas seguidas 
pela tradição europeia de estudos e 
pesquisas nessa área. A Europa teve como 
foco as teorias explicativas sobre o papel 
do Estado e do governo (considerado, 
por excelência, o produtor de políticas 
públicas). Ao contrário, os EUA não 
estabelecem em seus estudos as relações 
com as bases teóricas sobre o papel do 
Estado, passando direto para a ênfase 
nos estudos sobre a ação dos governos. A 
disciplina de políticas públicas nasce como 
subárea da ciência política. 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação10/307
Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública 
como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da 
valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências. 
Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a 
criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental 
financiada por recursos públicos e considerada a precursora dos think 
tanks. O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas 
de sistema, engenheiros, sociólogos etc., influenciados pela teoria 
dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia 
ser conduzida como um jogo racional. A proposta de aplicação de 
métodos científicos às formulações e às decisões do governo sobre 
problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção 
governamental, inclusive para a política social. (SOUZA, 2006, p. 23)
Portanto, é importante e necessário dizer que as relações políticas nunca são neutras, sempre 
expressam concepções diferentes sobre a ideia de homem, mundo e sociedade. Assim, pode-se 
afirmar que nas políticas estão presentes intenções, concepções e ideologias que acompanham 
também o momento histórico e os interesses dos grupos.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação11/307
Compreender as interfaces Estado-Sociedade-Educação é outro ponto importante nesta 
aula, para o estudo das políticas públicas educacionais e da legislação educacional brasileira. 
Portanto, vamos compreender as diferenças entre Estado e Governo que, na maioria das vezes, 
não são consideradas ou são compreendidas de forma equivocada. 
O Estado é a estrutura composta por algumas instituições que possuem autoridade para 
regular e organizar o funcionamento de uma sociedade. O Governo é o grupo ou indivíduo que 
assume o controle do Estado por um determinado período. 
O conceito de Estado e Governo pode ser complementado ainda com a definição de Höfling 
(2001, p. 31):
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação12/307
Link
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/livro01.pdf e http://portal.mec.gov.
br/par/195-secretarias-112877938/seb-
educacao-basica-2007048997/12657-
parametros-curriculares-nacionais-5o-a-
8o-series.
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
rcnei_vol1.pdf>. 
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
resolucao_ceb_0199.pdf>
Para saber mais
Para saber mais sobre o Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil, acesse o 
artigo “O Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil no contexto das reformas”, de 
Ana Beatriz Cerisara. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/
v23n80/12935.pdf>. 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf
ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf
ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação13/307
É possível considerar Estado como o conjunto de instituições 
permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que 
não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a 
ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos 
que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade 
civil e outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando-
se a orientação política de um determinado governo que assume e 
desempenha as funções de Estado por um determinado período. 
Cada governo possui suas concepções, ideologias e intenções com relação à sociedade. O 
Estado assume uma concepção de administração que é refletida em leis, projetos e ações, de 
acordo com o governo que se encontra no controle.
Voltando às políticas públicas, são programas, ações e atividades realizadas pelo Estado, de 
forma direta e indireta, com foco nos segmentos social, cultural, entre outros. As políticas 
públicas consistem em elementos importantes para a configuração das políticas educacionais. 
Elas possuem como diretrizes para a educação desde a configuração de concepções de 
conceitos e controle dos recursos até a regulação de acessos, poderes e direitos.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação14/307
E, por fim, devem-se considerar também 
as relações e diferenças entre o público 
e o privado quando entramos no âmbito 
das políticas públicas. De acordo com 
Santos (2012), público é tudo aquilo que 
não pertence a um indivíduo ou grupo 
em particular, mas, antes, é propriedade 
de toda a coletividade. Vale ressaltar 
ainda que público não é somente o que 
pertence à esfera do Estado. Em alguns 
casos, mesmo dentro da esfera privada, 
são criados bens, serviços e espaços de 
ação política com um grande caráter 
público, como: associações de moradores, 
organizações não governamentais, entre 
outros. E, ainda segundo Santos (2012), 
o privado corresponde a tudo aquilo que 
pertence de modo exclusivo (como uma 
propriedade) a um indivíduo ou grupo. 
Para a compreensão da forma como as 
políticas educacionais são conduzidas e 
implantadas na esfera pública, uma das 
formas, segundo Santos (2012) é classificar 
as políticas educacionais em políticas de 
Estado ou políticas de governo. Políticas de 
governo referem-se a planos, programas 
e ações elaborados e desenvolvidos 
para vigorar durante o mandato de um 
determinado governo. Estas políticas, 
muitas vezes, estão associadas a 
projetos eleitorais como instrumentos 
de propaganda política. As políticas de 
Estado são planos, programas e ações 
que não se limitam a um determinado 
governo. Essas políticas possuem objetivos 
a longo prazo. As políticas de Estado 
iniciam sempre como políticas de governo, 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação15/307
porém, são incorporadas à estrutura do 
Estado,ultrapassando as transições entre 
governos. Portanto, quanto maior e melhor 
for a estabilidade política de um país, maior 
o número de políticas de governo e maior o 
número de políticas de Estado. 
Desta forma, podemos afirmar que as 
políticas educacionais não devem ser 
consideradas de forma isolada, nem deixar 
de considerar as relações de poder que 
existem entre o público e o privado, mesmo 
que de forma muito sutil. 
Vamos compreender melhor o histórico 
das políticas educacionais e a legislação 
brasileira: interfaces Estado-Sociedade-
Educação?
Para saber mais
Vale a pena, neste momento, assistir ao vídeo 
“Grandes nomes da ciência - Michel Foucault”, 
o qual aborda a teoria do filósofo francês Michel 
Foucault e, portanto, o que o autor entende 
por relações de poder. Disponível em: <http://
globotv.globo.com/rede-globo/globo-
ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-
michel-foucault-integra/1846618/>. Acesso 
em: 20 maio 2016. 
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação16/307
1 As Políticas Educacionais 
Brasileiras e as interfaces 
Estado-Sociedade-Educação
Segundo Giron (2008), a política 
educacional defendida por um 
determinado governo reflete como ele 
entende o mundo e as relações que se 
estabelecem na sociedade. Ou seja, 
estão sempre ligadas ao projeto de poder 
que a fundamenta. De acordo com cada 
momento histórico e interesses dos grupos 
dominantes, existe uma concepção de 
educação e um projeto educativo e de 
sociedade que se pretende implantar. Está 
ligada a um processo histórico e ideológico 
acompanhando as transformações 
ocorridas nos planos econômico, social, 
político e cultural. 
Bárbara Freitag, socióloga alemã, tornou-
se uma brasilianista e latino-amerecanista 
na Alemanha. Apesar de ser socióloga 
de graduação, sua formação intelectual 
perpassa a educação, a psicologia e a 
sociologia. Sua tese de doutorado foi 
publicada no livro Escola, Estado e Sociedade, 
que teve grande repercussão no país. É 
neste livro que Freitag apresenta a história 
da educação brasileira dividida em três 
períodos históricos, porém, correlacionados 
com a economia brasileira. São eles: o 
período entre 1500 e 1930, abrangendo a 
Colônia, o Império e a Primeira República, 
com uma economia agroexportadora; 
o período entre 1930 a 1960, com uma 
economia de substituição de importações; 
e o período a partir de 1960, com a 
internacionalização do mercado interno. 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação17/307
As reformas educacionais no Brasil ocorreram mediante as crises nacionais e internacionais do 
sistema capitalista.
A educação nos anos da ditadura militar sofreu o estrangulamento 
interno da economia com altas taxas inflacionárias, com o endividamento 
externo, com queda na qualidade de ensino motivada por baixos 
salários e investimentos públicos, com grande índice de evasão escolar e 
consequente crescimento da escola privada e com preferência ao ensino 
profissionalizante em detrimento do ensino médio. A crise estrutural 
do capital, que se abateu no conjunto das economias capitalistas, a 
partir especialmente do início dos anos 70 (séc. XX), levou o capital a 
desenvolver sua lógica destrutiva. (PIANA, 2009, p. 68)
As formas e a organização produtivas passam – com as crises das economias capitalistas 
a partir da década de 1970 em todo o mundo – de um padrão taylorista e fordista para um 
padrão flexível e desregulamentado, denominado Toyotismo.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação18/307
No final da década de 1980, o capitalismo ressurge numa nova roupagem, com a globalização. 
A globalização transcende aspectos econômicos e invade as dimensões políticas, sociais, 
culturais e educacionais. 
Se o início da década de 1980 foi marcado pelo tema da democracia, o da 
década de 1990 é demarcado pela ideia de globalização, livre mercado, 
competitividade, produtividade, reestruturação produtiva e reengenharia, 
e “revolução tecnológica”. [...] No Brasil, após a década de 1990, a 
globalização traz grandes mudanças na organização do trabalho e também 
nas atribuições e responsabilidades do Estado. [...] a globalização afeta de 
forma intensa o mundo laboral e tem repercussões importantíssimas sobre 
questões sociais e educacionais. (PINTO, 2011, p. 24)
E a história segue, estamos cada vez mais globalizados, mais conectados com diferentes e 
diversas culturas. Fala-se, hoje, em Multiculturalismo! O sistema capitalista, o Estado, os 
governos, continuam criando suas regras e estratégias para que funcionem. 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação19/307
As políticas públicas educacionais são 
construídas, implementadas e, em muitos 
casos, abandonadas de acordo com os 
períodos históricos, as necessidades 
sociais, educacionais de cada momento, 
mas também de acordo com a ideologia 
dominante e os interesses e prioridade dos 
governos e do Estado. 
Saviani (2008) aponta, em seu artigo 
intitulado Política educacional brasileira: 
limites e perspectivas, uma característica 
de destaque nas políticas educacionais 
brasileiras, observando a história da 
educação, que são as “descontinuidades” 
destas políticas. 
Essas reformas, vistas em retrospectiva 
de conjunto, descrevem um movimento 
que pode ser reconhecido pelas 
metáforas do ziguezague ou do pêndulo. 
A metáfora do ziguezague indica o 
sentido tortuoso, sinuoso das variações 
e alterações sucessivas observadas 
nas reformas; o movimento pendular 
mostra o vai e vem de dois temas que se 
alteram sequencialmente nas medidas 
reformadoras da estrutura educacional 
(SAVIANI, 2008).
Saviani (2008) aponta no texto duas 
tendências da educação brasileira. A 
primeira com relação à centralização e 
descentralização da educação. No decorrer 
da história da educação brasileira, é 
possível observar as reformas e propostas 
privilegiando mais a liberdade de ensino 
e, em outros momentos, propostas e 
reformas que apresentam a necessidade de 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação20/307
regulamentação e controle do ensino. A segunda tendência apresentada por Saviani (2008) são 
reformas e propostas sempre ligadas ao governo vigente e ao seu partido, procurando imprimir 
a sua marca. Na mudança de governo e partido, o que estava em curso é desfeito e novas 
propostas e reformas são desenvolvidas. 
Para saber mais
Leia o artigo Política Educacional Brasileira: limites e perspectivas, de Demerval Saviani. O autor promove 
uma discussão sobre política examinando o alcance das medidas educacionais tomadas pelo Estado 
brasileiro. O autor considera a histórica resistência que as elites dirigentes opõem à manutenção da 
educação pública e à descontinuidade, também histórica, das medidas educacionais acionadas pelo 
Estado. A primeira limitação materializa-se na tradicional escassez dos recursos financeiros destinados 
à educação; a segunda corporifica-se na sequência interminável de reformas, cada qual recomeçando da 
estaca zero e prometendo a solução definitiva dos problemas que se vão perpetuando indefinidamente.
Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/
view/108>. Acesso em: 20 maio 2016. 
http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/108http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/108
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação21/307
Essas descontinuidades exemplificam 
bem como as políticas educacionais estão 
ligadas às relações de poder estabelecidas 
por determinados grupos dominantes 
de acordo com o momento histórico, 
valorizando-se uma concepção de política 
de um determinado grupo apenas, 
sem valorizar um projeto educacional 
que respeite o todo e que promova a 
emancipação dos indivíduos.
Não podemos deixar de mencionar 
que a política educacional brasileira, 
principalmente a partir dos anos de 1980, 
sofre grandes influências de organismos 
internacionais – Banco Mundial (BM), 
Fundo Monetário Internacional (FMI), 
Banco Internacional de Reconstrução e 
Desenvolvimento (BIRD), entre outros – a 
partir do projeto político adotado não só 
pelo Brasil, mas pela maioria dos países. 
Portanto, compreender as políticas 
públicas educacionais é compreender as 
propostas e ações do Estado para a área da 
educação e entender o contexto político, 
econômico e social. 
Para saber mais
Leia o artigo Políticas educacionais e 
desigualdades: à procura de novos significados, 
de Miguel G. Arroyo. Ele destaca como as 
políticas educacionais têm sido instigadas 
pelas tentativas de corrigir as desigualdades. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/
v31n113/17.pdf>. Acesso em: 21 maio 2016. 
http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/17.pdf
http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/17.pdf
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Para obter maiores informações sobre 
as políticas educacionais elaboradas 
e implementadas pelo Ministério da 
Educação (MEC) atualmente, acesse o site 
indicado no item “LINK” a seguir. Link
No site indicado a seguir, que corresponde 
à Secretaria de Educação Básica (SEB), você 
encontrará, entre outras informações, os 
programas e as ações do MEC para a Educação 
Básica nacional.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
secretaria-de-educacao-basica/programas-
e-acoes>. Acesso em: 20 maio 2016. 
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes
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Como exemplo destes programas e ações, temos:
Tabela 1 - Educação Básica -  Objetivo 0597
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação24/307
Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes>. Acesso em: 05 maio 2016. 
Por meio deste exemplo, é possível identificar um programa, com previsão de início (2015) 
e previsão de conclusão (2030), que compõe uma política educacional que apresenta 
como princípios: a equidade e a valorização da diversidade, os direitos humanos, a gestão 
democrática do ensino público, a garantia de padrão de qualidade, a acessibilidade, a 
igualdade de condições para o acesso e permanência do educando na escola.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação25/307
Fonte: Disponível em: <http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!edicao-113/qbk95>. Acesso em: 20 jun. 2016.
Portanto, cabe a nós, profissionais da educação, analisar: é um programa adequado? Quais 
são as ações previstas? Como pretende alcançar suas metas até 2030? O programa e as ações 
estão sendo implementados? Se sim, de que forma? Poderia ser melhor aplicado? Como? Além 
de outras análises possíveis. 
2. A Legislação educacional brasileira e as interfaces Estado-Sociedade-
Educação. 
Como abordado na introdução desta aula, a primeira legislação brasileira direcionada à 
educação data de 1548, com os “Regimentos” de D. João III.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação26/307
O termo legislação é a junção de dois termos: legis + lação, do latim. 
Legis é genitivo de lex, latio, (+ lação) provem de um verbo latino fero, 
ferre, tuli, latum. Lex / legis, quer dizer em português, respectivamente 
lei da lei, assim legis quer dizer da lei. Em nossa língua, lação quer 
dizer: ação de apresentação de algo, como também o movimento de 
transportar algo para alguém. Legislação, pois quer dizer algo que foi 
“dito” que foi “escrito” sob a forma de lei e que está se dando a conhecer 
ao povo, inclusive para ser lido e inscrito em nosso convívio social. (CURY, 
2012, [s.p.])
A legislação, portanto, se refere a regras declaradas e públicas, que regem a vida em sociedade, 
de acordo com o governo e o Estado de cada momento histórico. Conhecer e compreender a 
legislação brasileira é um ato de cidadania, direito que deve ser garantido a todos. 
A legislação é a base para a elaboração das políticas públicas e, portanto, educacionais. A 
política educacional brasileira possui dois eixos principais, que é a Constituição Federal e a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação27/307
A legislação educacional no Brasil, 
de forma sistemática, é bem recente. 
A primeira Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, nº 4.024, é de 
1961; em seguida, as Leis nº 5.540/68 
e nº 5.692/71, que reformaram, 
respectivamente, o ensino superior e o 
ensino de 1º e 2º graus a partir de fontes 
primárias constituídas, fundamentalmente, 
pelo Diário do Congresso Nacional 
(OLIVEIRA, 2005).
A segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases 
Nacionais nº 9.394, de 1996, teve como 
base a atual Constituição Federal de 1988. 
Link
Acesse e assista ao vídeo Jornal Nacional – Oitava 
Constituição Brasileira entra em vigor (1988). A 
reportagem é apresentada pelo Jornal Nacional, 
da Rede Globo, em 5 de outubro de 1988, e faz 
uma retrospectiva das Constituições brasileiras 
e o contexto político e social de cada momento 
histórico até a atual Constituição Federal.
Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=G1KfnfgTdeM>. Acesso em: 20 maio 
2016. 
http://www.youtube.com/watch?v=G1KfnfgTdeM
http://www.youtube.com/watch?v=G1KfnfgTdeM
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação28/307
A atual Constituição Federal, promulgada 
em 1988, é considerada a 8ª Constituição 
brasileira. As Constituições anteriores 
foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 
1967 e a emenda de 1969. No decorrer 
da história brasileira, estas Constituições 
percorreram regimes políticos mais 
fechados e autoritários e, também, 
regimes mais democráticos. A Constituição 
Federal, também conhecida como Carta 
Link
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
Estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. 
Acesso em: 20 maio 2016. 
Magna, é o conjunto de normas para um 
Estado. A Constituição Federal de 1988 
foi discutida e promulgada no período de 
redemocratização do país, após mais de 
duas décadas de ditadura militar.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação29/307
Para saber mais
Consulte o livro: FÁVERO, Osmar. A educação nas constituintes brasileiras 1823- 1988. Campinas: 
Autores Associados, 2001.
O autor centra sua discussão sobre o processo de elaboração das constituições ao longo período da 
história da educação brasileira – desde a primeira ConstituinteImperial de 1823 até a Assembleia 
Nacional Constituinte de 1987-88. No decorrer do livro, você encontrará discussões importantes, 
como: educação como direito de todos os cidadãos; responsabilidade da família e dever do Estado; 
obrigatoriedade e gratuidade do ensino; liberdade do ensino; ensino público x ensino privado; ensino 
religioso nas escolas públicas; centralização x descentralização; financiamento do ensino.
Durante a década de 1980, o Brasil vivenciou a travessia da ditadura militar à 
redemocratização. De acordo com Frigotto e Ciavatta (2006), a questão democrática assume 
centralidade nos debates e nas lutas em todos os âmbitos da sociedade ao longo dessa década. 
Porém, logo no começo dos anos de 1990, é demarcado pela ideia de globalização, livre 
mercado, competitividade, produtividade, reestruturação produtiva, reengenharia e “revolução 
tecnológica”. 
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação30/307
A educação é considerada na Constituição Federal de 1988 um setor do Estado, presente no 
Capítulo III, na Seção I, intitulada “Da Educação”, através dos artigos 205 a 214. O artigo 205 
aborda em seu texto a concepção de Educação.
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com 
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (SANTOS, 2012).
A legislação educacional (Constituições brasileiras, decretos, resoluções, 
pareceres, leis ordinárias e complementares, leis que aprovam os planos 
nacional, estaduais e municipais de educação, entre outros), além dos 
documentos que registram as atas, as emendas oferecidas em plenário, 
os projetos originais, os projetos substitutivos, enfim, a sua elaboração 
(Diários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Diários das 
Assembleias Legislativas) constituem-se fontes históricas imprescindíveis 
de pesquisa. (OLIVEIRA, 2005, p. 9)
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação31/307
São fontes históricas imprescindíveis para 
compreensão das políticas educacionais 
considerando os contextos econômico e 
político que deram sustentação a estas 
políticas. Compreender o movimento, as 
contradições, os limites e as possibilidades 
das políticas educacionais propostas e 
implementadas no decorrer da história, 
enfim, olhar para a legislação e políticas 
educacionais com um olhar crítico, 
percebendo as interfaces Estado-
Sociedade-Educação. 
Para saber mais
Leia o artigo O direito à educação na Constituição 
Federal de 1988 e seu restabelecimento pelo 
sistema de justiça, de Romualdo Portela de 
Oliveira, no qual ele analisa a declaração do 
direito à educação na CF/88, os mecanismos 
introdutórios para sua efetivação e a interação 
do sistema de justiça neste mister para 
restabelecer tal direito negado pela ação ou 
omissão do Poder Público. Disponível em: 
<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/
files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf>. Acesso 
em: 20 maio 2016. 
http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf
http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação32/307
É importante ressaltar que, olhando a 
gestão educacional a nível macro, ou 
seja, a nível nacional, de acordo com os 
interesses da classe dominante, não há 
omissão, nem descaso, há sim interesses 
de um sistema político-econômico, que 
concebe a educação que lhe é conveniente, 
e o Estado, com governos que se sucedem, 
executando as ações necessárias 
(SANFELICE, 2016).
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação33/307
Glossário
Organismos Internacionais: são organizações internacionais constituídas por meio de tratados 
e acordos entre as principais nações do mundo que visam, através de orientações, incentivar 
uma permanente cooperação entre os países. 
Redemocratização: processo de recuperação da democracia.
Ideologia: o conceito adotado nesta disciplina possui como base a definição de Karl Marx e 
Friedrich Engels, que se trata do conjunto de ideias que procura ocultar a sua própria origem 
nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade.
Questão
reflexão
?
para
34/307
A gestão educacional, olhada a nível macro, encontra-
se inserida de que forma quando nos referimos às 
políticas educacionais e à legislação brasileira?
35/307
Considerações Finais
• A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as 
crianças de zero a cinco anos de idade.
• A partir de 2016 a educação infantil passou a ser obrigatória para as 
crianças de quatro e cinco anos de idade.
• As DCNEI são balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua 
realização, que orientam o planejamento, o desenvolvimento e avaliação da 
educação infantil no Brasil.
• A experiência de educação infantil paulistana completou 80 anos em 2015 
e considera a criança como ser social e histórico, produtora de cultura, 
construtora de saberes e protagonista de seu aprendizado.
Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação36/307
Referências
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FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. (org.). A formação do cidadão produtivo: a cultura de mercado no 
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2006.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300014&lng=pt&nrm=iso
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na faculdade de educação/ UNICAMP, em 29/09/2005. Disponível em http://www.histedbr.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222006000200003&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222006000200003&lng=en&nrm=iso
http://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-03.pdf
39/307
1. Segundo Saviani (2008), qual é o primeiro documento de política 
educacional que vigorou no Brasil?
a) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961.
b) Os “Regimentos” de D. João III, editados em dezembro de 1548. 
c) A “Carta Magna”, publicada em dezembro de 1891.
d) A Lei nº 5540/68, que reforma o Ensino Superior no Brasil. 
e) A Lei nº 5.692/71, que reforma o ensino de 1º e 2º graus no Brasil.
Questão 1
40/307
2. Como podemos definir as Políticas de Estado?
a) Planos, programas e ações elaborados e desenvolvidos para vigorar durante o mandato de 
um determinado governo.
b) Políticas associadas a projetos eleitorais como instrumentos de propaganda política.
c) Planos, programas e ações que não se limitam a um determinado governo, possuem 
objetivos a longo prazo.
d) Políticas que devem ser consideradas de forma isolada, sem nenhuma relação com o 
público e o privado. 
e) Políticas destinadas de modo exclusivo (como uma propriedade) a um indivíduo ou grupo.
Questão 2
41/307
3. Bárbara Freitag, socióloga, no seu livro (tese de doutorado) Escola, 
Estado e Sociedade, apresenta a história da educação brasileira dividida 
em três períodos históricos, correlacionados com a economia brasileira. 
São eles:
a) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, 
com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia de 
substituição de importações; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do 
mercado interno. 
b) O período entre 1500 e 1930, com uma economia de substituição de importações; o 
período entre 1930 a 1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com 
uma economia agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização 
do mercado interno.
c) O período entre 1500 e 1930, com uma economia feudal; o período entre 1930 a 
1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia 
agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado 
interno.
Questão 3
42/307
Questão 3
d) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, 
com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia 
de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com um mercado global e 
exportação de inovações tecnológicas.
e) e) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, 
com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia 
com uma base política socialista; e o período a partir de 1960, com a internacionalização 
do mercado interno.
43/307
4. A legislação educacional no Brasil, de forma sistemática, é bem 
recente. Quais são as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira?
a) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.540, de 1961; as Leis nº 
4.024/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996.
b) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 
5.692/68 e nº 5.540/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996.
c) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 
5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 12.593, de 1996.
d) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 
5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 
1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 13.005, de 1996.
Questão 4
44/307
Questão 4
e) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 
5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino 
de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais no 9.394, de 
1996.
45/307
5. A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é considerada a 8ª 
Constituição Brasileira. Quais foram as Constituições anteriores?
a) Constituições de 1800, 1891, 1924, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1964.
b) Constituições de 1824, 1889, 1934, 1942, 1946, 1964 e a emenda de 1969.
c) Constituições de 1500, 1824, 1889, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969.
d) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969. 
e) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1945, 1964, 1968 e a emenda de 1969.
Questão 5
46/307
Gabarito
1. Resposta: B.
Segundo Saviani (2008), pode-se 
considerar que o primeiro documento 
de política educacional que vigorou no 
Brasil foram os “Regimentos” de D. João 
III, editados em dezembro de 1548. Esses 
“Regimentos” orientaram as ações do 
primeiro governador geral do Brasil, Tomé 
de Souza, e a obra educativa centrada 
na catequese iniciada pelos jesuítas, 
cumprindo um mandato delegado pelo rei 
de Portugal.
2. Resposta: C.
As políticas de Estado são planos, 
programas e ações que não se limitam a 
um determinado governo. Essas políticas 
possuem objetivos a longo prazo. As 
políticas de Estado iniciam sempre 
como políticas de governo, porém, são 
incorporadas à estrutura do Estado, 
ultrapassando as transições entre 
governos.
3. Resposta: A.
Bárbara Freitag, socióloga, no seu 
livro (tese de doutorado) Escola, Estado 
e Sociedade, apresenta a história da 
educação brasileira dividida em três 
períodos históricos, correlacionados com 
a economia brasileira. São eles: o período 
entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, 
o Império e a Primeira República, com uma 
47/307
Gabarito
economia agroexportadora; o período 
entre1930 a 1960, com uma economia de 
substituição de importações; e o período a 
partir de 1960, com a internacionalização 
do mercado interno.
4. Resposta: E.
A legislação educacional no Brasil de forma 
sistemática é bem recente. A primeira Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
nº 4.024 é de 1961; em seguida, as Leis nº 
5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, 
respectivamente, o ensino superior e o 
ensino de 1º e 2º graus, a partir de fontes 
primárias constituídas, fundamentalmente, 
pelo Diário do Congresso Nacional 
(OLIVEIRA, 2005); e segunda e atual Lei de 
Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 
1996, teve como base a atual Constituição 
Federativa do Brasil de 1988.
5. Resposta: D.
A atual Constituição Federal, promulgada 
em 1988, é considerada a 8ª Constituição 
Brasileira. As Constituições anteriores 
foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 
1967 e a emenda de 1969. No decorrer 
da história brasileira, estas Constituições 
percorreram regimes políticos mais 
fechados e autoritários e, também, regimes 
mais democráticos.
48/307
Unidade 2
Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos 
Estados e dos Municípios
Objetivos
1. Conhecer as principais legislações que 
contemplam os princípios e fins para 
a educação nacional e os deveres e 
responsabilidades da União, Estados e 
Municípios.
2. Compreender o contexto político, 
econômico e social que as leis são 
elaboradas a partir da Constituição de 
1988.
3. Compreender quais modelos de gestão 
educacional se delineiam neste contexto.
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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Introdução
Nas últimas décadas, presenciamos 
transformações profundas, decorrentes 
dos avanços tecnológicos, provocando 
uma reordenação das sociedades e suas 
relações, e as formas de organização 
no mundo do trabalho. Estas mudanças 
impactaram as políticas educacionais 
implementadas.
No Brasil, nas últimas décadas, o 
movimento da sociedade foi em busca 
da defesa da escola estatal gratuita, 
laica, universal e de qualidade. Muitos 
programas, nas últimas décadas, se 
propõem a colocar em prática estes 
propósitos. Porém, o que se percebe é uma 
educação conveniente aos interesses da 
classe dominante de um sistema político-
econômico capitalista. 
 Políticas e leis que dizem promover a 
equidade, mas que se dedicam a satisfazer 
singularidades e necessidades individuais; 
que discursam transformação, mas 
promovem a conservação de uma escola 
dual; que falam em educação integral, 
mas promovem a divisão entre o saber e o 
fazer - arranjo produtivo para a reprodução 
do capital; que buscam o consenso e o 
equilíbrio social por meio da criação de 
condições equitativas entre consumo e 
produção, refutam as matrizes dialéticas 
e socialistas e “naturalizam” as relações 
sociais (LUCENA; OMENA; LIMA, 2016).
Portanto, as leis e políticas educacionais 
e a gestão educacional precisam ser 
estudadas com um posicionamento 
crítico, permitindo a todos os cidadãos 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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lutar por uma educação verdadeiramente 
transformadora: gratuita, laica, universal e 
de qualidade.
Vamos iniciar nosso estudo a partir da 
Constituição Federal de 1988, que possui, 
no Capítulo III, na Seção I, o título “Da 
Educação”, através dos artigos 205 a 
214. O artigo 205 aborda em seu texto 
a concepção de educação: “A educação, 
direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com 
a colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 
1988)
É a partir da concepção que consta na 
Constituição Federal de 1988 que a 
legislação educacional brasileira atual 
vem se delineando. Já estudamos que 
a Constituição de 1988 foi elaborada 
e promulgada em um período de 
redemocratização do país após 20 anos de 
ditadura militar, mas que, após a década 
de 1990, mudanças profundas, sob o 
reflexo da globalização, alteraram este 
cenário social. A informatização e o avanço 
tecnológico, o crescimento do mercado 
informal pelos dispensados dos postos de 
trabalho que se modificou e o crescimento 
de um Estado Mínimo passam a fazer parte 
de uma nova realidade brasileira. 
Portanto, nesta aula, vamos compreender 
como os princípios e fins na/para educação 
nacional se encontram nas principais leis 
educacionais e quais são os deveres e as 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
51/307
responsabilidades da União, dos Estados e 
dos Municípios. Vamos lá? 
1 A Constituição Federal de 
1988 e a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional nº 
9.394/96
A Constituição Federal de 1988 traz, 
em seu artigo 205, a concepção de 
educação: “A educação, direito de 
todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao 
pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 
1988)
Figura 2 – Ilustração da Constituição Federal de 1988
Disponível em: <http://i2.istockimg.com/
file_thumbview_approve/13518044/5/stock-
photo-13518044-book-covered-with-brazilian-
flag-isolated.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016. 
A Educação não é dever apenas do 
Estado, mas também da família e da 
sociedade. É possível identificar neste 
artigo a transferência de algumas 
responsabilidades e funções do Estado 
para a sociedade civil. Outro destaque 
importante é a qualificação para o 
trabalho, que, a partir da década de 1990, 
http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg
http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg
http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg
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Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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ganha grande importância, preparando os indivíduos para lidar com as novas competências 
tecnológicas e um mundo globalizado. 
O artigo 206, da Constituição, aborda os princípios da educação brasileira. Eles são:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II 
- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a 
arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade 
do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos 
profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos 
de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de 
provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006); VI - gestão democrática do ensino 
público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso 
salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar 
pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988)
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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O artigo 208, da Constituição, aponta os deveres do Estado em relação à educação, que são:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, 
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na 
idade própria; (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009); II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); III - atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV 
- educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); V - acesso aos níveis mais elevados do 
ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta 
de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao 
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de 
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988)
O artigo 211 estabelece as funções de cada ente federativo com relação ao sistema de ensino, 
que são: 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria 
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de 
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante 
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 2º Os Municípios 
atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 3º Os Estados e 
o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 4º Na organização de 
seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do 
ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009); 
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988)
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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Por fim, outro artigo importante a destacar 
nesta aula é o 214, que dispõe sobre a 
criação de um Plano Nacional de Educação, 
“de duração decenal, com o objetivo de 
articular o sistema nacional de educação 
em regime de colaboração e definir 
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de 
implementação.” (BRASIL, 1998)
A Constituição de 1988 proporcionou 
muitos avanços para a educação brasileira 
em relação às Constituições anteriores, 
mas muitas discussões foram realizadas 
após a sua promulgação e muitas emendas 
realizadas. É a partir do que a Constituição 
estabelece, principalmente em seus artigos 
205 a 214, que a atual Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional é elaborada. 
Antes de estudar a atual LDB, vamos rever 
a história da primeira Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional. 
A Lei nº 4.024, promulgada em 20 de 
dezembro de 1961, foi sancionada no Brasil 
em 1961 após um longo e conflituoso 
período e pouco antes do Golpe Militar. Em 
1971, através da Lei nº 5.692, foi realizada 
a Reforma Educacional com foco nos 1º 
e 2º graus. E, em 1968, através da Lei nº 
5.540, é realizada também a Reforma do 
Link
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 
maio 2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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Ensino Superior. Ambas as leis marcaram 
as reformas educacionais no período da 
Ditadura Militar. 
Portanto, a segunda e atual Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 
9.394 foi promulgada em 20 de dezembro 
de 1996, distribuída em 9 títulos e 92 
artigos. 
Segundo Santos (2012), no cenário da 
política educacional brasileira, a LDB é 
a maior de todas as políticas públicas 
regulatórias, pois sua estrutura redefine 
as relações, os acordos e os conflitos 
que podem se desenrolar no âmbito da 
educação brasileira.
O primeiro título da Lei denomina-se 
“Da Educação”, no qual é apresentada 
a definição de educação adotada. A 
educação é entendida como os processos 
formativos que podem acontecer nas mais 
variadas instâncias da sociedade: vida 
familiar, convivência humana, no trabalho, 
nas instituições de ensino e pesquisa, 
nos movimentos sociais e organizações 
da sociedade civil e nas manifestações 
culturais.
Ainda neste título, a educação escolar 
é definida como o ensino que acontece 
nas instituições próprias destinadas aos 
fins educacionais. E, por fim, a educação 
é compreendida com dois objetivos: a 
preparação para o mundo do trabalho e 
para a prática social. 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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O segundo título contém os dois artigos 
que tratam dos princípios e fins da 
educação nacional. Primeiramente, 
percebemos a semelhança com o que 
é apresentado também na CF/1988. A 
educação não é apenas dever do Estado, 
mas também da família, com a finalidade 
de desenvolvimento do educando e 
seu preparo para a cidadania e para a 
qualificação para o trabalho. 
No segundo momento, descreve quais 
são os princípios com os quais o ensino 
brasileiro será ministrado, composto por 
11 incisos, também semelhante ao que a 
Constituição Federal de 1988 aborda. 
Através dos princípios com os quais o 
ensino no Brasil deve ser ministrado, é 
possível perceber uma concepção mais 
democrática de educação. É importante 
destacar que a garantia do padrão de 
qualidade que percebemos presente nas 
políticas educacionais após esta LDB ainda 
causa muitas reflexões e polêmicas. Como 
e quando podemos dizer que a qualidade 
de ensino na educação escolar brasileira foi 
de fato garantida? 
É possível perceber também que a 
vinculação da educação escolar, mundo 
do trabalho e práticas sociais são citadas 
novamente. Desta forma, de acordo com 
Brandão (2010), é possível afirmar que 
a concepção de educação vigente nesta 
LDB considera esta vinculação – educação 
escolar, mundo do trabalho e práticas 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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sociais – como um dos pilares conceituais 
que norteiam seus princípios, objetivos e 
finalidades. 
O terceiro título da LDB refere-se ao 
direito, ao dever e às responsabilidades que 
o Estado e a sociedade civil possuem com 
relação à educação escolar. 
É importante destacar neste título, de 
acordo com Brandão (2010), que o poder 
público tem o dever de garantir vaga 
a todas as crianças a partir dos 6 anos 
de idade, mas os pais têm o dever de 
matricular seus filhos menores. 
O quarto título trata da organização 
da educação nacional. É composto por 
13 artigos que abordam com ênfase 
as competências da União, estados e 
municípios, que deverão trabalhar em 
regime de colaboração. 
O maior título da LDB é o quinto, composto 
por cinco capítulos e 40 artigos. O título 
trata dos níveis e das modalidades da 
educação e ensino. Esta organização 
educacional em níveis e modalidades 
estudaremos mais adiante, de forma 
detalhada.
No sexto título, o tema abordado são os 
profissionais da educação e é composto 
por sete artigos.Estes artigos definem 
quem são os profissionais da educação 
escolar básica, como deve acontecer a 
formação destes profissionais e, por fim, 
como os sistemas de ensino promoverão a 
valorização dos profissionais da educação.
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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No sétimo título, são abordados os 
recursos financeiros para a educação 
brasileira. Este título é composto por 
10 artigos, que definem a origem dos 
recursos públicos destinados à educação; 
quanto à União, aos estados e municípios, 
devem destinar das receitas de seus 
impostos à educação; o que é considerado 
manutenção e desenvolvimento do ensino; 
o custo mínimo por aluno para assegurar 
um ensino de qualidade; e as regras para 
os recursos públicos serem dirigidos a 
escolas comunitárias, confessionais ou 
filantrópicas.
O penúltimo título, que se denomina 
“Disposições gerais”, dispõe sobre a 
regulamentação de questões específicas 
da educação indígena, da educação de 
jovens e adultos e da educação a distância. 
E, por fim, o último título define as ações 
legais com abrangência futura e, também, 
que a União deverá encaminhar, ao 
Congresso Nacional, o Plano Nacional de 
Educação, com diretrizes e metas para os 
dez anos seguintes, em sintonia com a 
Declaração Mundial sobre Educação para 
Todos. O primeiro PNE vigorou no período 
de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE 
só foi aprovado e passou a vigorar em 2014 
até 2024.
O PNE é compreendido como política 
pública e, resultante da luta da sociedade 
civil, sua proposta é ser uma política de 
Estado. Infelizmente, durante a trajetória 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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de sua aprovação, muitos interesses 
governamentais são absorvidos e, tanto o 
primeiro plano como o segundo, resultam 
em um acordo possível entre os projetos 
em disputa no cenário da sociedade 
brasileira (DOURADO, 2006).
Vamos resgatar um pouco o contexto 
social, político e econômico para 
discutirmos as “orientações” que constam 
na Constituição Federal de 1988 e a Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação nº 
9.394/1996.
Resgatando o conceito do capitalismo, 
sistema político-econômico presente 
na maior parte dos países desde o seu 
surgimento, se refere à relação social que 
pressupõe acumulação de capital. 
O capitalismo é dividido em três grandes 
momentos históricos: o surgimento do 
capitalismo comercial com a decadência 
do sistema feudal; o capitalismo industrial 
que surge com a Revolução Industrial e 
adquire suas características próprias; 
e, o capitalismo pós-crise da década de 
Para saber mais
Assista ao vídeo Pedagogia Unesp – LDB Gestão 
Democrática e Autonomia Pedagógica 2, produzido 
pelo programa da Univesp, o qual apresenta os 
principais aspectos da gestão democrática e 
autonomia pedagógica das escolas trazidos pela 
LDB. Disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=Zn_hRSknp-c>. Acesso em: 07 
jun. 2016. 
http://www.youtube.com/watch?v=Zn_hRSknp-c
http://www.youtube.com/watch?v=Zn_hRSknp-c
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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1970, perdurando até os dias atuais, que passa a exigir deste sistema, para sua sobrevivência, 
reformulações constantes. 
As mudanças na educação brasileira após a segunda metade da década 
de 1980 são marcadas pela efervescência política no país, por uma 
crise do modelo econômico dos anos de ditadura, pela crescente 
perda de legitimidade do Estado desenvolvimentista, pelo crescente 
protagonismo da classe trabalhadora no cenário político nacional e pela 
crise conjuntural da burguesia brasileira, fraturada por interesses distintos 
entre suas várias frações, em especial entre as frações monopolista e não 
monopolista, nacional e estrangeira, atingidas de modo distinto pelas 
mudanças no processo de acumulação capitalista no âmbito mundial. 
(NEVES; PRONKO, 2014, p. 131)
Neste contexto político-econômico-social é elaborada e aprovada a Constituição Federal de 
1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ao longo de sua tramitação no período 
entre 1989 e 1996. 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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Dentre muitas vitórias na Constituição de 
1988 e LDB de 1996, algumas derrotas 
também aconteceram. A LDB, quando 
foi aprovada, a classe trabalhadora já 
tinha perdido espaço na disputa pela 
hegemonia societal e educacional 
para a burguesia. O marco legal da 
educação brasileira seguiu, na sua maior 
parte, aos interesses e as diretrizes do 
Banco Mundial e do Fundo Monetário 
Internacional (NEVES; PRONKO, 2014).
A educação tem como foco a formação 
para o trabalho a fim de desenvolver 
conhecimentos e valores para suprir as 
novas necessidades de produção e do 
consumo mundialmente produzidos. 
Esse contexto, que não é apenas 
nacional, mas mundial, guardando suas 
especificidades históricas, provoca 
alterações substantivas nos padrões 
de intervenção estatal, redirecionando 
mecanismos de formas de gestão 
das políticas públicas e, portanto, 
educacionais, em sintonia com os 
organismos multilaterais. 
A gestão da educação, neste contexto, 
passa a ser concebida para articular a 
escola pública com as novas determinações 
de mundialização dos mercados (SILVA, 
2006).
A democracia é concebida como a 
participação dos cidadãos na gestão das 
políticas públicas. A descentralização 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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da gestão das escolas públicas é incorporada às políticas educacionais. Conceitos como 
autonomia, descentralização e equidade ganham destaque nos discursos dos governantes. 
Porém, nas políticas educacionais elaboradas e implementadas, é possível identificar conceitos 
de distribuição dos recursos mais escassos de acordo com as necessidades mais urgentes, 
maior produtividade, distribuição das responsabilidades e uma descentralização e autonomia 
com controle central (avaliações em larga escala e fiscalização). 
Para saber mais
Reflita de forma crítica, levando em consideração as discussões que estamos fazendo nas disciplinas, 
a partir do vídeo do Programa EDUCAÇÃO BRASILEIRA, com os professores ADRIANA BAUER, MARIA 
CAROLINA RIBEIRO e ANA MARIA DOS SANTOS. Neste programa, você acompanha uma conversa sobre 
os resultados do IDEB 2013 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As convidadas são a 
pesquisadora Adriana Bauer (Fundação Carlos Chagas) e as educadoras Maria Carolina Jeronimo e Ana 
Maria dos Santos, responsáveis pela gestão da escola Dr. Luís Arrobas Martins, a mais bem avaliada entre 
as estaduais de São Paulo. A discussão se deu sobre o papel da avaliação, o que ela revela e como as 
escolas lidam com a Prova Brasil, um dos componentes do Índice. 
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes 
Curriculares Nacionais (DCN)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são 
elementos de normatização e precisam estar em harmonia com a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação no 9.394, de 1996, e a Constituição Federal de 1988. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Básica representam políticas educacionais a partir das discussões que acontecem no final da 
década de 1980 e questionavam a fragmentação do ensino. Porém, representam também as 
diretrizes e os interesses dos Organismos Internacionais. 
Para saber mais
Os dados mostram um avanço do Brasil no ciclo I do Ensino Fundamental e estagnação no ciclo II e 
Ensino Médio.Disponível em: <http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-
bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html>. Acesso em: 07 jun. 2016. 
http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html
http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html
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dos Estados e dos Municípios
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As Diretrizes Curriculares Nacionais 
são consideradas Leis, na forma de 
Resolução, e os Parâmetros Curriculares 
Nacionais considerados como referências 
curriculares.
As Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Educação Básica são divididas 
nos seus níveis de educação, sendo uma 
DCN geral para a Educação Básica, uma 
DCN específica para a Educação Infantil, 
uma DCN para o Ensino Fundamental e 
uma DCN para o Ensino Médio. Além da 
divisão por níveis de ensino, há também 
as DCN por modalidades da Educação 
Básica. Atualmente, são: Educação das 
Relações Étnico-Raciais; Educação de 
Jovens e Adultos; Educação do Campo; 
Educação Escolar para Populações em 
Situação de Itinerância; Educação nas 
Prisões; Educação Especial; Educação 
Indígena; Educação Quilombola; Educação 
Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino 
Médio - Modalidade a Distância; Ensino 
Fundamental de Nove Anos – Ampliação. 
Link
Aproveite para aprofundar os seus conhecimentos 
visitando o site do Ministério da Educação – 
Diretrizes para a Educação Básica, no qual você 
encontra todas as diretrizes, desde a primeira até 
a atual, por nível e modalidade de ensino. 
Disponível em: <http://portal.mec.
gov.br/component/content/
article?id=12992:diretrizes-para-a-
educacao-basica>. Acesso em: 22 maio 2016. 
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica
Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, 
dos Estados e dos Municípios
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Os primeiros PCN publicados foram em 1997 e, de acordo com o documento introdutório, 
trata-se de:
Uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais 
sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade 
educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas 
escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo 
curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência 
político-executiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural 
das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes 
pedagógicas. (BRASIL, 1997, p. 13)
Os PCN estão divididos em: PCN para 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental; PCN para 5ª e 
8ª séries do Ensino Fundamental; PCN para o Ensino Médio (PCNEM); e os Parâmetros para 
a Educação Infantil. De forma geral, esses documentos estão organizados em uma parte 
introdutória, os volumes destinados aos conteúdos específicos e os volumes destinados aos 
temas transversais. As disciplinas comuns dos níveis escolares devem ser integradas a partir de 
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dos Estados e dos Municípios
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uma perspectiva interdisciplinar, na forma 
de temas transversais que perpassam os 
conteúdos das disciplinas. 
Um fator importante a ser destacado 
nesta política educacional é a lógica 
internacional presente na proposta dos 
PCN. A proposta de padronização curricular 
em todo o país está de acordo com a 
proposta feita pela Unesco na Conferência 
Mundial de Educação para Todos, que 
aconteceu em 1990, na Tailândia, que 
é a planificação educacional em todo o 
mundo. 
Apesar de o Ensino Fundamental ter 
passado por reformulações ampliando para 
9 anos a duração deste nível de ensino, os 
PCN continuam em vigor, porém, junto a 
eles, outros referenciais foram e vem sendo 
publicados e, atualmente, são encontrados 
no Portal do Professor do Ministério da 
Educação. 
Link
Aproveite para aprofundar os seus 
conhecimentos conhecendo quais são os 
parâmetros e referenciais vigentes para a 
Educação Básica. 
Disponível em: <http://portaldoprofessor.
mec.gov.br/linksCursosMateriais.
html?categoria=23>. Acesso em: 22 maio 
2016. 
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23
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dos Estados e dos Municípios
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Através das Diretrizes Curriculares 
Nacionais e dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais para a Educação Básica, 
conceitos e perspectivas importantes 
são introduzidos na Educação Básica, 
porém, muitas contradições ainda são 
identificadas. 
No contexto de uma gestão educacional 
que se utiliza a descentralização e 
autonomia (como distribuição de 
responsabilidades), mascom um controle 
central, os PCN e as DCN são meios 
de garantir um controle. No caso dos 
PCN, sem rumores sobre o processo de 
descentralização e a autonomia, pois não 
são obrigatórios, mas são referenciais a 
serem seguidos. 
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Glossário
Parâmetros: referem-se a uma característica que possibilita comparar algo.
Diretrizes: referem-se a uma referência, um caminho, uma direção.
Interdisciplinar: refere-se à unificação do conhecimento, integração teórica e prática numa 
perspectiva da totalidade.
Transdisciplinar: envolve valores, os olhares para a realidade e o pluralismo de ideias que 
atravessam o currículo.
Questão
reflexão
?
para
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Pensando na gestão de uma escola pública, como 
gestores e demais educadores devem olhar para os 
PCN e DCN direcionados à Educação Básica?
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Considerações Finais (1/3)
• Nas últimas décadas, presenciamos transformações profundas, 
decorrentes dos avanços tecnológicos, provocando uma 
reordenação das sociedades e suas relações, e as formas de 
organização no mundo do trabalho. Estas mudanças impactaram as 
políticas educacionais implementadas.
• A Constituição de 1988 proporcionou muitos avanços para a 
educação brasileira em relação às Constituições anteriores, mas 
muitas discussões foram realizadas após a sua promulgação 
e muitas emendas realizadas. É a partir do que a Constituição 
estabelece, principalmente em seus artigos 205 a 214, que a atual 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é elaborada.
• O último título da LDB nº 9.394/96 define as ações legais com 
abrangência futura e, também, que a União deverá encaminhar ao 
Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes 
e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração 
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Mundial sobre Educação para Todos. O primeiro PNE vigorou no 
período de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE só foi aprovado e 
passou a vigorar em 2014 até 2023. 
• O PNE é compreendido como política pública e, resultante da 
luta da sociedade civil, sua proposta é ser uma política de Estado. 
Infelizmente, durante a trajetória de sua aprovação, muitos 
interesses governamentais são absorvidos e tanto o primeiro plano 
como o segundo resultam em um acordo possível entre os projetos 
em disputa no cenário da sociedade brasileira. 
• Dentre muitas vitórias na Constituição de 1988 e LDB de 1996, 
algumas derrotas também aconteceram. A LDB, quando foi 
aprovada, a classe trabalhadora já tinha perdido espaço na disputa 
pela hegemonia

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