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Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional W B A 0 17 3 _ v1 .1 2/307 Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional Autora: Rosângela de Oliveira Pinto Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional. Valinhos, 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação 07 Unidade 2: Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 48 Unidade 3: As Políticas de Investimento, Distribuição e Utilização dos Recursos Públicos na Educação: FUNDEB, FUNDEF e FNDE 89 Unidade 4: Organização da Educação Nacional em Níveis e Modalidades Ensino da Educação Básica: Objetivos, Princípios, Concepções e Diretrizes Curriculares 119 2/307 3/3073 Unidade 5: As Políticas de Ensino na Atualidade: Lei Nº 9.394/1996; Estatuto da Criança e do Adolescente e Demais Documentos que Regulamentam a Educação Básica 149 Unidade 6: Sistema Nacional de Educação 194 Unidade 7: Plano Nacional de Educação: Perspectivas Históricas e Atuais da Sociedade Contemporânea 223 Unidade 8: Gestão Escolar e as Perspectivas de Organização Administrativa e Financeira: Conceitos de Qualidade na Gestão da Escola 264 Sumário Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional Autora: Rosângela de Oliveira Pinto Como citar este documento: PINTO, Rosângela de Oliveira. Gestão Escolar, Políticas Públicas e Legislação Educacional. Valinhos, 2016. 4/307 Apresentação da Disciplina A gestão escolar na perspectiva democrática é realizada pela participação de todos os envolvidos com a Instituição Educacional. Desta forma, conhecer a importância e todos os aspectos envolvidos para uma gestão adequada é fundamental a qualquer educador. Nesta disciplina, vamos estudar a gestão escolar por meio das políticas públicas educacionais e da legislação brasileira, ou seja, como este projeto está delineado, consolidado e quais são as relações estabelecidas entre os documentos legais. A Legislação e Política Educacional brasileira são construídas e implementadas num campo de contradições e conflitos, marcados pelo momento histórico, político, social e econômico. A gestão escolar, desta forma, não deve negligenciar a importância do papel social da escola e dos processos relativos à organização, cultura e gestão intrínsecos a ela. Discutir educação e gestão escolar de forma consciente exige considerar as relações de subordinação e dominação que existem em nossa sociedade, nas resistências, na vida e na luta cotidiana das pessoas. A gestão da educação básica deve promover análises críticas das ações, programas e estratégias articuladas pelo governo federal, buscando apreender os limites e as possibilidades à gestão das políticas, a lógica presente na proposição e os limites interpostos à sua materialização 5/307 no âmbito dos sistemas de ensino (DOURADO, 2007). É fundamental, porém, promover atuação, transformação, dar voz aos que foram silenciados, e aprendizagens que proporcionem a percepção das contradições entre as relações de poder. Quero citar aqui a teoria do habitus de Pierre Bourdieu como uma importante contribuição para a compreensão das contradições, limites e ideologias presentes nas ações sociais. Como Bourdieu afirma, o habitus é a interiorização das estruturas sociais que os indivíduos fazem de forma inconsciente durante toda a sua história de vida. Portanto, alterar alguns pensamentos e ações não é tão simples. Digo que é uma transformação lenta com alterações culturais e educacionais presentes. O habitus funciona como uma força conservadora no interior da ordem social. Nenhuma política estatal é apenas um presente. As condições históricas, sociais e políticas são determinantes sobre as políticas e a legislação educacionais, e é por meio das mobilizações que alertam para os interesses das classes dominantes, que identificamos, no decorrer da história, transformações importantes. 6/307 Figura 1 – Ilustração da definição da teoria de habitus de Pierre Bourdieu Fonte: Disponível em: <https://s-media-cache-ak0.pinimg. com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151. jpg>. Acesso em: 04 jun. 2016. Vamos estudar nesta disciplina: o histórico das políticas públicas educacionais e a legislação brasileira: interfaces Estado- Sociedade-Educação; os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: deveres e responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios; as políticas de investimento, distribuição e utilização dos recursos públicos na educação: FUNDEB, FUNDEF e FNDE; a Organização da Educação Nacional em níveis e modalidades de ensino da Educação Básica: objetivos, princípios, concepções e diretrizes curriculares; as políticas de ensino na atualidade: Lei nº 9.394/96; Estatuto da Criança e do Adolescente e demais documentos que regulamentam a Educação Básica; o Sistema Nacional de Educação; o Plano Nacional de Educação: perspectivas históricas e atuais da sociedade contemporânea; e a gestão escolar e as perspectivas de organização administrativa e financeira: conceitos de qualidade na gestão da escola. https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151.jpg https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151.jpg https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/564x/9c/ea/e6/9ceae6d66128eb135a918fc4c3848151.jpg 7/307 Unidade 1 Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado- Sociedade-Educação Objetivos 1. Compreender o histórico das políticas educacionais e legislação brasileira aplicada à educação. 2. Identificar as interfaces Estado- Sociedade-Educação nas políticas e legislação educacionais. 3. Construir um pensamento, aprendizagem e atuação crítica, consciente e transformadora sobre a gestão educacional brasileira. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação8/307 Introdução As políticas públicas educacionais e a legislação brasileira estão presentes no decorrer da história da educação brasileira. Segundo Saviani (2008), pode- se considerar que o primeiro documento de política educacional que vigorou no Brasil foram os “Regimentos” de D. João III, editados em dezembro de 1548. Esses “Regimentos” orientaram as ações do primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza, e a obra educativa centrada na catequese iniciada pelos jesuítas, cumprindo um mandato delegado pelo rei de Portugal. Quando se fala em políticas públicas educacionais, é necessário, primeiramente, compreender o que é a política. Segundo Giron (2008), a política nasce quando os homens começam a se organizar em sociedade, fazendo escolhas para viabilizar a convivência em grupo. Desta forma, podemos afirmar que a política existe desde o início das primeiras civilizações. O significado clássico e moderno de política, de acordo com Bobbio, deriva do adjetivo pólis (politikós), que significa tudo o que se refere à cidade e, consequentemente, o que é urbano, civil, público e até mesmo sociável e social (BOBBIO, 2002). Ainda segundo Bobbio (2002), há uma tipologia moderna das formas de poder, como poder econômico, poder ideológico e poder político, sendo que este último seria aquele no qual se tem a exclusividade para o uso da força. Entretanto, não é apenas o uso da força, Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação9/307 mas sim seu monopólio, sua exclusividade, que tem o consentimento da sociedade organizada. A sua finalidade ou seu fim não pode se resumir apenas em um aspecto, pois os fins da política são tantos quantas forem as metas a que um grupo organizadose propõe, segundo os tempos e as circunstâncias. Na visão de Bobbio, a política restringe-se à esfera do Estado, instituição esta responsável pela ordem social. Segundo Souza (2006), a política pública, enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica, nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área. A Europa teve como foco as teorias explicativas sobre o papel do Estado e do governo (considerado, por excelência, o produtor de políticas públicas). Ao contrário, os EUA não estabelecem em seus estudos as relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos. A disciplina de políticas públicas nasce como subárea da ciência política. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação10/307 Na área do governo propriamente dito, a introdução da política pública como ferramenta das decisões do governo é produto da Guerra Fria e da valorização da tecnocracia como forma de enfrentar suas consequências. Seu introdutor no governo dos EUA foi Robert McNamara que estimulou a criação, em 1948, da RAND Corporation, organização não-governamental financiada por recursos públicos e considerada a precursora dos think tanks. O trabalho do grupo de matemáticos, cientistas políticos, analistas de sistema, engenheiros, sociólogos etc., influenciados pela teoria dos jogos de Neuman, buscava mostrar como uma guerra poderia ser conduzida como um jogo racional. A proposta de aplicação de métodos científicos às formulações e às decisões do governo sobre problemas públicos se expande depois para outras áreas da produção governamental, inclusive para a política social. (SOUZA, 2006, p. 23) Portanto, é importante e necessário dizer que as relações políticas nunca são neutras, sempre expressam concepções diferentes sobre a ideia de homem, mundo e sociedade. Assim, pode-se afirmar que nas políticas estão presentes intenções, concepções e ideologias que acompanham também o momento histórico e os interesses dos grupos. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação11/307 Compreender as interfaces Estado-Sociedade-Educação é outro ponto importante nesta aula, para o estudo das políticas públicas educacionais e da legislação educacional brasileira. Portanto, vamos compreender as diferenças entre Estado e Governo que, na maioria das vezes, não são consideradas ou são compreendidas de forma equivocada. O Estado é a estrutura composta por algumas instituições que possuem autoridade para regular e organizar o funcionamento de uma sociedade. O Governo é o grupo ou indivíduo que assume o controle do Estado por um determinado período. O conceito de Estado e Governo pode ser complementado ainda com a definição de Höfling (2001, p. 31): Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação12/307 Link <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/livro01.pdf e http://portal.mec.gov. br/par/195-secretarias-112877938/seb- educacao-basica-2007048997/12657- parametros-curriculares-nacionais-5o-a- 8o-series. <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ rcnei_vol1.pdf>. <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/ resolucao_ceb_0199.pdf> Para saber mais Para saber mais sobre o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, acesse o artigo “O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil no contexto das reformas”, de Ana Beatriz Cerisara. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/ v23n80/12935.pdf>. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação13/307 É possível considerar Estado como o conjunto de instituições permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando- se a orientação política de um determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado por um determinado período. Cada governo possui suas concepções, ideologias e intenções com relação à sociedade. O Estado assume uma concepção de administração que é refletida em leis, projetos e ações, de acordo com o governo que se encontra no controle. Voltando às políticas públicas, são programas, ações e atividades realizadas pelo Estado, de forma direta e indireta, com foco nos segmentos social, cultural, entre outros. As políticas públicas consistem em elementos importantes para a configuração das políticas educacionais. Elas possuem como diretrizes para a educação desde a configuração de concepções de conceitos e controle dos recursos até a regulação de acessos, poderes e direitos. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação14/307 E, por fim, devem-se considerar também as relações e diferenças entre o público e o privado quando entramos no âmbito das políticas públicas. De acordo com Santos (2012), público é tudo aquilo que não pertence a um indivíduo ou grupo em particular, mas, antes, é propriedade de toda a coletividade. Vale ressaltar ainda que público não é somente o que pertence à esfera do Estado. Em alguns casos, mesmo dentro da esfera privada, são criados bens, serviços e espaços de ação política com um grande caráter público, como: associações de moradores, organizações não governamentais, entre outros. E, ainda segundo Santos (2012), o privado corresponde a tudo aquilo que pertence de modo exclusivo (como uma propriedade) a um indivíduo ou grupo. Para a compreensão da forma como as políticas educacionais são conduzidas e implantadas na esfera pública, uma das formas, segundo Santos (2012) é classificar as políticas educacionais em políticas de Estado ou políticas de governo. Políticas de governo referem-se a planos, programas e ações elaborados e desenvolvidos para vigorar durante o mandato de um determinado governo. Estas políticas, muitas vezes, estão associadas a projetos eleitorais como instrumentos de propaganda política. As políticas de Estado são planos, programas e ações que não se limitam a um determinado governo. Essas políticas possuem objetivos a longo prazo. As políticas de Estado iniciam sempre como políticas de governo, Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação15/307 porém, são incorporadas à estrutura do Estado,ultrapassando as transições entre governos. Portanto, quanto maior e melhor for a estabilidade política de um país, maior o número de políticas de governo e maior o número de políticas de Estado. Desta forma, podemos afirmar que as políticas educacionais não devem ser consideradas de forma isolada, nem deixar de considerar as relações de poder que existem entre o público e o privado, mesmo que de forma muito sutil. Vamos compreender melhor o histórico das políticas educacionais e a legislação brasileira: interfaces Estado-Sociedade- Educação? Para saber mais Vale a pena, neste momento, assistir ao vídeo “Grandes nomes da ciência - Michel Foucault”, o qual aborda a teoria do filósofo francês Michel Foucault e, portanto, o que o autor entende por relações de poder. Disponível em: <http:// globotv.globo.com/rede-globo/globo- ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia- michel-foucault-integra/1846618/>. Acesso em: 20 maio 2016. http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/ http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/ http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/ http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-ciencia/v/grandes-nomes-da-ciencia-michel-foucault-integra/1846618/ Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação16/307 1 As Políticas Educacionais Brasileiras e as interfaces Estado-Sociedade-Educação Segundo Giron (2008), a política educacional defendida por um determinado governo reflete como ele entende o mundo e as relações que se estabelecem na sociedade. Ou seja, estão sempre ligadas ao projeto de poder que a fundamenta. De acordo com cada momento histórico e interesses dos grupos dominantes, existe uma concepção de educação e um projeto educativo e de sociedade que se pretende implantar. Está ligada a um processo histórico e ideológico acompanhando as transformações ocorridas nos planos econômico, social, político e cultural. Bárbara Freitag, socióloga alemã, tornou- se uma brasilianista e latino-amerecanista na Alemanha. Apesar de ser socióloga de graduação, sua formação intelectual perpassa a educação, a psicologia e a sociologia. Sua tese de doutorado foi publicada no livro Escola, Estado e Sociedade, que teve grande repercussão no país. É neste livro que Freitag apresenta a história da educação brasileira dividida em três períodos históricos, porém, correlacionados com a economia brasileira. São eles: o período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação17/307 As reformas educacionais no Brasil ocorreram mediante as crises nacionais e internacionais do sistema capitalista. A educação nos anos da ditadura militar sofreu o estrangulamento interno da economia com altas taxas inflacionárias, com o endividamento externo, com queda na qualidade de ensino motivada por baixos salários e investimentos públicos, com grande índice de evasão escolar e consequente crescimento da escola privada e com preferência ao ensino profissionalizante em detrimento do ensino médio. A crise estrutural do capital, que se abateu no conjunto das economias capitalistas, a partir especialmente do início dos anos 70 (séc. XX), levou o capital a desenvolver sua lógica destrutiva. (PIANA, 2009, p. 68) As formas e a organização produtivas passam – com as crises das economias capitalistas a partir da década de 1970 em todo o mundo – de um padrão taylorista e fordista para um padrão flexível e desregulamentado, denominado Toyotismo. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação18/307 No final da década de 1980, o capitalismo ressurge numa nova roupagem, com a globalização. A globalização transcende aspectos econômicos e invade as dimensões políticas, sociais, culturais e educacionais. Se o início da década de 1980 foi marcado pelo tema da democracia, o da década de 1990 é demarcado pela ideia de globalização, livre mercado, competitividade, produtividade, reestruturação produtiva e reengenharia, e “revolução tecnológica”. [...] No Brasil, após a década de 1990, a globalização traz grandes mudanças na organização do trabalho e também nas atribuições e responsabilidades do Estado. [...] a globalização afeta de forma intensa o mundo laboral e tem repercussões importantíssimas sobre questões sociais e educacionais. (PINTO, 2011, p. 24) E a história segue, estamos cada vez mais globalizados, mais conectados com diferentes e diversas culturas. Fala-se, hoje, em Multiculturalismo! O sistema capitalista, o Estado, os governos, continuam criando suas regras e estratégias para que funcionem. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação19/307 As políticas públicas educacionais são construídas, implementadas e, em muitos casos, abandonadas de acordo com os períodos históricos, as necessidades sociais, educacionais de cada momento, mas também de acordo com a ideologia dominante e os interesses e prioridade dos governos e do Estado. Saviani (2008) aponta, em seu artigo intitulado Política educacional brasileira: limites e perspectivas, uma característica de destaque nas políticas educacionais brasileiras, observando a história da educação, que são as “descontinuidades” destas políticas. Essas reformas, vistas em retrospectiva de conjunto, descrevem um movimento que pode ser reconhecido pelas metáforas do ziguezague ou do pêndulo. A metáfora do ziguezague indica o sentido tortuoso, sinuoso das variações e alterações sucessivas observadas nas reformas; o movimento pendular mostra o vai e vem de dois temas que se alteram sequencialmente nas medidas reformadoras da estrutura educacional (SAVIANI, 2008). Saviani (2008) aponta no texto duas tendências da educação brasileira. A primeira com relação à centralização e descentralização da educação. No decorrer da história da educação brasileira, é possível observar as reformas e propostas privilegiando mais a liberdade de ensino e, em outros momentos, propostas e reformas que apresentam a necessidade de Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação20/307 regulamentação e controle do ensino. A segunda tendência apresentada por Saviani (2008) são reformas e propostas sempre ligadas ao governo vigente e ao seu partido, procurando imprimir a sua marca. Na mudança de governo e partido, o que estava em curso é desfeito e novas propostas e reformas são desenvolvidas. Para saber mais Leia o artigo Política Educacional Brasileira: limites e perspectivas, de Demerval Saviani. O autor promove uma discussão sobre política examinando o alcance das medidas educacionais tomadas pelo Estado brasileiro. O autor considera a histórica resistência que as elites dirigentes opõem à manutenção da educação pública e à descontinuidade, também histórica, das medidas educacionais acionadas pelo Estado. A primeira limitação materializa-se na tradicional escassez dos recursos financeiros destinados à educação; a segunda corporifica-se na sequência interminável de reformas, cada qual recomeçando da estaca zero e prometendo a solução definitiva dos problemas que se vão perpetuando indefinidamente. Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/ view/108>. Acesso em: 20 maio 2016. http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/108http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/108 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação21/307 Essas descontinuidades exemplificam bem como as políticas educacionais estão ligadas às relações de poder estabelecidas por determinados grupos dominantes de acordo com o momento histórico, valorizando-se uma concepção de política de um determinado grupo apenas, sem valorizar um projeto educacional que respeite o todo e que promova a emancipação dos indivíduos. Não podemos deixar de mencionar que a política educacional brasileira, principalmente a partir dos anos de 1980, sofre grandes influências de organismos internacionais – Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), entre outros – a partir do projeto político adotado não só pelo Brasil, mas pela maioria dos países. Portanto, compreender as políticas públicas educacionais é compreender as propostas e ações do Estado para a área da educação e entender o contexto político, econômico e social. Para saber mais Leia o artigo Políticas educacionais e desigualdades: à procura de novos significados, de Miguel G. Arroyo. Ele destaca como as políticas educacionais têm sido instigadas pelas tentativas de corrigir as desigualdades. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/ v31n113/17.pdf>. Acesso em: 21 maio 2016. http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/17.pdf http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/17.pdf Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação22/307 Para obter maiores informações sobre as políticas educacionais elaboradas e implementadas pelo Ministério da Educação (MEC) atualmente, acesse o site indicado no item “LINK” a seguir. Link No site indicado a seguir, que corresponde à Secretaria de Educação Básica (SEB), você encontrará, entre outras informações, os programas e as ações do MEC para a Educação Básica nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ secretaria-de-educacao-basica/programas- e-acoes>. Acesso em: 20 maio 2016. http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação23/307 Como exemplo destes programas e ações, temos: Tabela 1 - Educação Básica - Objetivo 0597 Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação24/307 Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-basica/programas-e-acoes>. Acesso em: 05 maio 2016. Por meio deste exemplo, é possível identificar um programa, com previsão de início (2015) e previsão de conclusão (2030), que compõe uma política educacional que apresenta como princípios: a equidade e a valorização da diversidade, os direitos humanos, a gestão democrática do ensino público, a garantia de padrão de qualidade, a acessibilidade, a igualdade de condições para o acesso e permanência do educando na escola. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação25/307 Fonte: Disponível em: <http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!edicao-113/qbk95>. Acesso em: 20 jun. 2016. Portanto, cabe a nós, profissionais da educação, analisar: é um programa adequado? Quais são as ações previstas? Como pretende alcançar suas metas até 2030? O programa e as ações estão sendo implementados? Se sim, de que forma? Poderia ser melhor aplicado? Como? Além de outras análises possíveis. 2. A Legislação educacional brasileira e as interfaces Estado-Sociedade- Educação. Como abordado na introdução desta aula, a primeira legislação brasileira direcionada à educação data de 1548, com os “Regimentos” de D. João III. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação26/307 O termo legislação é a junção de dois termos: legis + lação, do latim. Legis é genitivo de lex, latio, (+ lação) provem de um verbo latino fero, ferre, tuli, latum. Lex / legis, quer dizer em português, respectivamente lei da lei, assim legis quer dizer da lei. Em nossa língua, lação quer dizer: ação de apresentação de algo, como também o movimento de transportar algo para alguém. Legislação, pois quer dizer algo que foi “dito” que foi “escrito” sob a forma de lei e que está se dando a conhecer ao povo, inclusive para ser lido e inscrito em nosso convívio social. (CURY, 2012, [s.p.]) A legislação, portanto, se refere a regras declaradas e públicas, que regem a vida em sociedade, de acordo com o governo e o Estado de cada momento histórico. Conhecer e compreender a legislação brasileira é um ato de cidadania, direito que deve ser garantido a todos. A legislação é a base para a elaboração das políticas públicas e, portanto, educacionais. A política educacional brasileira possui dois eixos principais, que é a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação27/307 A legislação educacional no Brasil, de forma sistemática, é bem recente. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4.024, é de 1961; em seguida, as Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus a partir de fontes primárias constituídas, fundamentalmente, pelo Diário do Congresso Nacional (OLIVEIRA, 2005). A segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996, teve como base a atual Constituição Federal de 1988. Link Acesse e assista ao vídeo Jornal Nacional – Oitava Constituição Brasileira entra em vigor (1988). A reportagem é apresentada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, em 5 de outubro de 1988, e faz uma retrospectiva das Constituições brasileiras e o contexto político e social de cada momento histórico até a atual Constituição Federal. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=G1KfnfgTdeM>. Acesso em: 20 maio 2016. http://www.youtube.com/watch?v=G1KfnfgTdeM http://www.youtube.com/watch?v=G1KfnfgTdeM Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação28/307 A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é considerada a 8ª Constituição brasileira. As Constituições anteriores foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969. No decorrer da história brasileira, estas Constituições percorreram regimes políticos mais fechados e autoritários e, também, regimes mais democráticos. A Constituição Federal, também conhecida como Carta Link Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 20 maio 2016. Magna, é o conjunto de normas para um Estado. A Constituição Federal de 1988 foi discutida e promulgada no período de redemocratização do país, após mais de duas décadas de ditadura militar. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação29/307 Para saber mais Consulte o livro: FÁVERO, Osmar. A educação nas constituintes brasileiras 1823- 1988. Campinas: Autores Associados, 2001. O autor centra sua discussão sobre o processo de elaboração das constituições ao longo período da história da educação brasileira – desde a primeira ConstituinteImperial de 1823 até a Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88. No decorrer do livro, você encontrará discussões importantes, como: educação como direito de todos os cidadãos; responsabilidade da família e dever do Estado; obrigatoriedade e gratuidade do ensino; liberdade do ensino; ensino público x ensino privado; ensino religioso nas escolas públicas; centralização x descentralização; financiamento do ensino. Durante a década de 1980, o Brasil vivenciou a travessia da ditadura militar à redemocratização. De acordo com Frigotto e Ciavatta (2006), a questão democrática assume centralidade nos debates e nas lutas em todos os âmbitos da sociedade ao longo dessa década. Porém, logo no começo dos anos de 1990, é demarcado pela ideia de globalização, livre mercado, competitividade, produtividade, reestruturação produtiva, reengenharia e “revolução tecnológica”. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação30/307 A educação é considerada na Constituição Federal de 1988 um setor do Estado, presente no Capítulo III, na Seção I, intitulada “Da Educação”, através dos artigos 205 a 214. O artigo 205 aborda em seu texto a concepção de Educação. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (SANTOS, 2012). A legislação educacional (Constituições brasileiras, decretos, resoluções, pareceres, leis ordinárias e complementares, leis que aprovam os planos nacional, estaduais e municipais de educação, entre outros), além dos documentos que registram as atas, as emendas oferecidas em plenário, os projetos originais, os projetos substitutivos, enfim, a sua elaboração (Diários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Diários das Assembleias Legislativas) constituem-se fontes históricas imprescindíveis de pesquisa. (OLIVEIRA, 2005, p. 9) Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação31/307 São fontes históricas imprescindíveis para compreensão das políticas educacionais considerando os contextos econômico e político que deram sustentação a estas políticas. Compreender o movimento, as contradições, os limites e as possibilidades das políticas educacionais propostas e implementadas no decorrer da história, enfim, olhar para a legislação e políticas educacionais com um olhar crítico, percebendo as interfaces Estado- Sociedade-Educação. Para saber mais Leia o artigo O direito à educação na Constituição Federal de 1988 e seu restabelecimento pelo sistema de justiça, de Romualdo Portela de Oliveira, no qual ele analisa a declaração do direito à educação na CF/88, os mecanismos introdutórios para sua efetivação e a interação do sistema de justiça neste mister para restabelecer tal direito negado pela ação ou omissão do Poder Público. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/ files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf>. Acesso em: 20 maio 2016. http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/30315-31270-1-PB.pdf Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação32/307 É importante ressaltar que, olhando a gestão educacional a nível macro, ou seja, a nível nacional, de acordo com os interesses da classe dominante, não há omissão, nem descaso, há sim interesses de um sistema político-econômico, que concebe a educação que lhe é conveniente, e o Estado, com governos que se sucedem, executando as ações necessárias (SANFELICE, 2016). Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação33/307 Glossário Organismos Internacionais: são organizações internacionais constituídas por meio de tratados e acordos entre as principais nações do mundo que visam, através de orientações, incentivar uma permanente cooperação entre os países. Redemocratização: processo de recuperação da democracia. Ideologia: o conceito adotado nesta disciplina possui como base a definição de Karl Marx e Friedrich Engels, que se trata do conjunto de ideias que procura ocultar a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade. Questão reflexão ? para 34/307 A gestão educacional, olhada a nível macro, encontra- se inserida de que forma quando nos referimos às políticas educacionais e à legislação brasileira? 35/307 Considerações Finais • A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as crianças de zero a cinco anos de idade. • A partir de 2016 a educação infantil passou a ser obrigatória para as crianças de quatro e cinco anos de idade. • As DCNEI são balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua realização, que orientam o planejamento, o desenvolvimento e avaliação da educação infantil no Brasil. • A experiência de educação infantil paulistana completou 80 anos em 2015 e considera a criança como ser social e histórico, produtora de cultura, construtora de saberes e protagonista de seu aprendizado. Unidade 1 • Histórico das Políticas Públicas Educacionais e a Legislação Brasileira: Interfaces Estado-Sociedade-Educação36/307 Referências ARROYO, M. G. Políticas educacionais e desigualdades: à procura de novos significados, de Miguel G. Arroyo. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 31, n. 113, p. 1381-1416, out.-dez. 2010. BOBBIO, N. Dicionário de Política. 12. ed. BSB: UnB, 2002. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 07 set. 2016. CURY, C. R. J. Lei de Responsabilidade Educacional. Direito e Sociedade (Catanduva), v. 7, p. 9-18, 2012. DOURADO, L. F. Políticas e gestão da educação básica no Brasil: limites e perspectivas. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100, p. 921-946, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 maio 2016. FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. (org.). A formação do cidadão produtivo: a cultura de mercado no ensino técnico. 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Educação: do senso comum à consciência filosófica. 12. ed. Campinas: Autores Associados, 1996. _______. Política educacional brasileira: limites e perspectivas. Revista de Educação PUC- Campinas, Campinas, n. 24, p. 7-16, jun. 2008. SENADO FEDERAL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 2010. SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, n. 16, p. 20- 45, Dec. 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517- 45222006000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de abril de 2016. OLIVEIRA, Regina Tereza Cestari De. Legislação educacional como fonte da história da educação brasileira. Texto elaborado para a vídeo conferência organizada pelo HISTEDBR e apresentado na faculdade de educação/ UNICAMP, em 29/09/2005. Disponível em http://www.histedbr. fe.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Regina%20_Tereza_Cestari_de_Oliveira_artigo.pdf. PIANA, Maria Cristina. 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João III, editados em dezembro de 1548. c) A “Carta Magna”, publicada em dezembro de 1891. d) A Lei nº 5540/68, que reforma o Ensino Superior no Brasil. e) A Lei nº 5.692/71, que reforma o ensino de 1º e 2º graus no Brasil. Questão 1 40/307 2. Como podemos definir as Políticas de Estado? a) Planos, programas e ações elaborados e desenvolvidos para vigorar durante o mandato de um determinado governo. b) Políticas associadas a projetos eleitorais como instrumentos de propaganda política. c) Planos, programas e ações que não se limitam a um determinado governo, possuem objetivos a longo prazo. d) Políticas que devem ser consideradas de forma isolada, sem nenhuma relação com o público e o privado. e) Políticas destinadas de modo exclusivo (como uma propriedade) a um indivíduo ou grupo. Questão 2 41/307 3. Bárbara Freitag, socióloga, no seu livro (tese de doutorado) Escola, Estado e Sociedade, apresenta a história da educação brasileira dividida em três períodos históricos, correlacionados com a economia brasileira. São eles: a) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. b) O período entre 1500 e 1930, com uma economia de substituição de importações; o período entre 1930 a 1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. c) O período entre 1500 e 1930, com uma economia feudal; o período entre 1930 a 1960, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. Questão 3 42/307 Questão 3 d) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com um mercado global e exportação de inovações tecnológicas. e) e) O período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma economia agroexportadora; o período entre 1930 a 1960, com uma economia com uma base política socialista; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. 43/307 4. A legislação educacional no Brasil, de forma sistemática, é bem recente. Quais são as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira? a) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 5.540, de 1961; as Leis nº 4.024/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996. b) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 5.692/68 e nº 5.540/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996. c) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 12.593, de 1996. d) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 13.005, de 1996. Questão 4 44/307 Questão 4 e) A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024, de 1961; as Leis nº 5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus; e a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais no 9.394, de 1996. 45/307 5. A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é considerada a 8ª Constituição Brasileira. Quais foram as Constituições anteriores? a) Constituições de 1800, 1891, 1924, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1964. b) Constituições de 1824, 1889, 1934, 1942, 1946, 1964 e a emenda de 1969. c) Constituições de 1500, 1824, 1889, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969. d) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969. e) Constituições de 1824, 1891, 1934, 1945, 1964, 1968 e a emenda de 1969. Questão 5 46/307 Gabarito 1. Resposta: B. Segundo Saviani (2008), pode-se considerar que o primeiro documento de política educacional que vigorou no Brasil foram os “Regimentos” de D. João III, editados em dezembro de 1548. Esses “Regimentos” orientaram as ações do primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza, e a obra educativa centrada na catequese iniciada pelos jesuítas, cumprindo um mandato delegado pelo rei de Portugal. 2. Resposta: C. As políticas de Estado são planos, programas e ações que não se limitam a um determinado governo. Essas políticas possuem objetivos a longo prazo. As políticas de Estado iniciam sempre como políticas de governo, porém, são incorporadas à estrutura do Estado, ultrapassando as transições entre governos. 3. Resposta: A. Bárbara Freitag, socióloga, no seu livro (tese de doutorado) Escola, Estado e Sociedade, apresenta a história da educação brasileira dividida em três períodos históricos, correlacionados com a economia brasileira. São eles: o período entre 1500 e 1930, abrangendo a Colônia, o Império e a Primeira República, com uma 47/307 Gabarito economia agroexportadora; o período entre1930 a 1960, com uma economia de substituição de importações; e o período a partir de 1960, com a internacionalização do mercado interno. 4. Resposta: E. A legislação educacional no Brasil de forma sistemática é bem recente. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024 é de 1961; em seguida, as Leis nº 5540/68 e nº 5.692/71, que reformaram, respectivamente, o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus, a partir de fontes primárias constituídas, fundamentalmente, pelo Diário do Congresso Nacional (OLIVEIRA, 2005); e segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases Nacionais nº 9.394, de 1996, teve como base a atual Constituição Federativa do Brasil de 1988. 5. Resposta: D. A atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é considerada a 8ª Constituição Brasileira. As Constituições anteriores foram de 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a emenda de 1969. No decorrer da história brasileira, estas Constituições percorreram regimes políticos mais fechados e autoritários e, também, regimes mais democráticos. 48/307 Unidade 2 Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios Objetivos 1. Conhecer as principais legislações que contemplam os princípios e fins para a educação nacional e os deveres e responsabilidades da União, Estados e Municípios. 2. Compreender o contexto político, econômico e social que as leis são elaboradas a partir da Constituição de 1988. 3. Compreender quais modelos de gestão educacional se delineiam neste contexto. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 49/307 Introdução Nas últimas décadas, presenciamos transformações profundas, decorrentes dos avanços tecnológicos, provocando uma reordenação das sociedades e suas relações, e as formas de organização no mundo do trabalho. Estas mudanças impactaram as políticas educacionais implementadas. No Brasil, nas últimas décadas, o movimento da sociedade foi em busca da defesa da escola estatal gratuita, laica, universal e de qualidade. Muitos programas, nas últimas décadas, se propõem a colocar em prática estes propósitos. Porém, o que se percebe é uma educação conveniente aos interesses da classe dominante de um sistema político- econômico capitalista. Políticas e leis que dizem promover a equidade, mas que se dedicam a satisfazer singularidades e necessidades individuais; que discursam transformação, mas promovem a conservação de uma escola dual; que falam em educação integral, mas promovem a divisão entre o saber e o fazer - arranjo produtivo para a reprodução do capital; que buscam o consenso e o equilíbrio social por meio da criação de condições equitativas entre consumo e produção, refutam as matrizes dialéticas e socialistas e “naturalizam” as relações sociais (LUCENA; OMENA; LIMA, 2016). Portanto, as leis e políticas educacionais e a gestão educacional precisam ser estudadas com um posicionamento crítico, permitindo a todos os cidadãos Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 50/307 lutar por uma educação verdadeiramente transformadora: gratuita, laica, universal e de qualidade. Vamos iniciar nosso estudo a partir da Constituição Federal de 1988, que possui, no Capítulo III, na Seção I, o título “Da Educação”, através dos artigos 205 a 214. O artigo 205 aborda em seu texto a concepção de educação: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988) É a partir da concepção que consta na Constituição Federal de 1988 que a legislação educacional brasileira atual vem se delineando. Já estudamos que a Constituição de 1988 foi elaborada e promulgada em um período de redemocratização do país após 20 anos de ditadura militar, mas que, após a década de 1990, mudanças profundas, sob o reflexo da globalização, alteraram este cenário social. A informatização e o avanço tecnológico, o crescimento do mercado informal pelos dispensados dos postos de trabalho que se modificou e o crescimento de um Estado Mínimo passam a fazer parte de uma nova realidade brasileira. Portanto, nesta aula, vamos compreender como os princípios e fins na/para educação nacional se encontram nas principais leis educacionais e quais são os deveres e as Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 51/307 responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios. Vamos lá? 1 A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 A Constituição Federal de 1988 traz, em seu artigo 205, a concepção de educação: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988) Figura 2 – Ilustração da Constituição Federal de 1988 Disponível em: <http://i2.istockimg.com/ file_thumbview_approve/13518044/5/stock- photo-13518044-book-covered-with-brazilian- flag-isolated.jpg>. Acesso em: 07 jun. 2016. A Educação não é dever apenas do Estado, mas também da família e da sociedade. É possível identificar neste artigo a transferência de algumas responsabilidades e funções do Estado para a sociedade civil. Outro destaque importante é a qualificação para o trabalho, que, a partir da década de 1990, http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg http://i2.istockimg.com/file_thumbview_approve/13518044/5/stock-photo-13518044-book-covered-with-brazilian-flag-isolated.jpg Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 52/307 ganha grande importância, preparando os indivíduos para lidar com as novas competências tecnológicas e um mundo globalizado. O artigo 206, da Constituição, aborda os princípios da educação brasileira. Eles são: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988) Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 53/307 O artigo 208, da Constituição, aponta os deveres do Estado em relação à educação, que são: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redaçãodada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009); II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988) O artigo 211 estabelece as funções de cada ente federativo com relação ao sistema de ensino, que são: Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 54/307 § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009); § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988) Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 55/307 Por fim, outro artigo importante a destacar nesta aula é o 214, que dispõe sobre a criação de um Plano Nacional de Educação, “de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação.” (BRASIL, 1998) A Constituição de 1988 proporcionou muitos avanços para a educação brasileira em relação às Constituições anteriores, mas muitas discussões foram realizadas após a sua promulgação e muitas emendas realizadas. É a partir do que a Constituição estabelece, principalmente em seus artigos 205 a 214, que a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é elaborada. Antes de estudar a atual LDB, vamos rever a história da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A Lei nº 4.024, promulgada em 20 de dezembro de 1961, foi sancionada no Brasil em 1961 após um longo e conflituoso período e pouco antes do Golpe Militar. Em 1971, através da Lei nº 5.692, foi realizada a Reforma Educacional com foco nos 1º e 2º graus. E, em 1968, através da Lei nº 5.540, é realizada também a Reforma do Link CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 20 maio 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 56/307 Ensino Superior. Ambas as leis marcaram as reformas educacionais no período da Ditadura Militar. Portanto, a segunda e atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, distribuída em 9 títulos e 92 artigos. Segundo Santos (2012), no cenário da política educacional brasileira, a LDB é a maior de todas as políticas públicas regulatórias, pois sua estrutura redefine as relações, os acordos e os conflitos que podem se desenrolar no âmbito da educação brasileira. O primeiro título da Lei denomina-se “Da Educação”, no qual é apresentada a definição de educação adotada. A educação é entendida como os processos formativos que podem acontecer nas mais variadas instâncias da sociedade: vida familiar, convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Ainda neste título, a educação escolar é definida como o ensino que acontece nas instituições próprias destinadas aos fins educacionais. E, por fim, a educação é compreendida com dois objetivos: a preparação para o mundo do trabalho e para a prática social. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 57/307 O segundo título contém os dois artigos que tratam dos princípios e fins da educação nacional. Primeiramente, percebemos a semelhança com o que é apresentado também na CF/1988. A educação não é apenas dever do Estado, mas também da família, com a finalidade de desenvolvimento do educando e seu preparo para a cidadania e para a qualificação para o trabalho. No segundo momento, descreve quais são os princípios com os quais o ensino brasileiro será ministrado, composto por 11 incisos, também semelhante ao que a Constituição Federal de 1988 aborda. Através dos princípios com os quais o ensino no Brasil deve ser ministrado, é possível perceber uma concepção mais democrática de educação. É importante destacar que a garantia do padrão de qualidade que percebemos presente nas políticas educacionais após esta LDB ainda causa muitas reflexões e polêmicas. Como e quando podemos dizer que a qualidade de ensino na educação escolar brasileira foi de fato garantida? É possível perceber também que a vinculação da educação escolar, mundo do trabalho e práticas sociais são citadas novamente. Desta forma, de acordo com Brandão (2010), é possível afirmar que a concepção de educação vigente nesta LDB considera esta vinculação – educação escolar, mundo do trabalho e práticas Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 58/307 sociais – como um dos pilares conceituais que norteiam seus princípios, objetivos e finalidades. O terceiro título da LDB refere-se ao direito, ao dever e às responsabilidades que o Estado e a sociedade civil possuem com relação à educação escolar. É importante destacar neste título, de acordo com Brandão (2010), que o poder público tem o dever de garantir vaga a todas as crianças a partir dos 6 anos de idade, mas os pais têm o dever de matricular seus filhos menores. O quarto título trata da organização da educação nacional. É composto por 13 artigos que abordam com ênfase as competências da União, estados e municípios, que deverão trabalhar em regime de colaboração. O maior título da LDB é o quinto, composto por cinco capítulos e 40 artigos. O título trata dos níveis e das modalidades da educação e ensino. Esta organização educacional em níveis e modalidades estudaremos mais adiante, de forma detalhada. No sexto título, o tema abordado são os profissionais da educação e é composto por sete artigos.Estes artigos definem quem são os profissionais da educação escolar básica, como deve acontecer a formação destes profissionais e, por fim, como os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 59/307 No sétimo título, são abordados os recursos financeiros para a educação brasileira. Este título é composto por 10 artigos, que definem a origem dos recursos públicos destinados à educação; quanto à União, aos estados e municípios, devem destinar das receitas de seus impostos à educação; o que é considerado manutenção e desenvolvimento do ensino; o custo mínimo por aluno para assegurar um ensino de qualidade; e as regras para os recursos públicos serem dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas. O penúltimo título, que se denomina “Disposições gerais”, dispõe sobre a regulamentação de questões específicas da educação indígena, da educação de jovens e adultos e da educação a distância. E, por fim, o último título define as ações legais com abrangência futura e, também, que a União deverá encaminhar, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. O primeiro PNE vigorou no período de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE só foi aprovado e passou a vigorar em 2014 até 2024. O PNE é compreendido como política pública e, resultante da luta da sociedade civil, sua proposta é ser uma política de Estado. Infelizmente, durante a trajetória Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 60/307 de sua aprovação, muitos interesses governamentais são absorvidos e, tanto o primeiro plano como o segundo, resultam em um acordo possível entre os projetos em disputa no cenário da sociedade brasileira (DOURADO, 2006). Vamos resgatar um pouco o contexto social, político e econômico para discutirmos as “orientações” que constam na Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/1996. Resgatando o conceito do capitalismo, sistema político-econômico presente na maior parte dos países desde o seu surgimento, se refere à relação social que pressupõe acumulação de capital. O capitalismo é dividido em três grandes momentos históricos: o surgimento do capitalismo comercial com a decadência do sistema feudal; o capitalismo industrial que surge com a Revolução Industrial e adquire suas características próprias; e, o capitalismo pós-crise da década de Para saber mais Assista ao vídeo Pedagogia Unesp – LDB Gestão Democrática e Autonomia Pedagógica 2, produzido pelo programa da Univesp, o qual apresenta os principais aspectos da gestão democrática e autonomia pedagógica das escolas trazidos pela LDB. Disponível em: <http://www.youtube. com/watch?v=Zn_hRSknp-c>. Acesso em: 07 jun. 2016. http://www.youtube.com/watch?v=Zn_hRSknp-c http://www.youtube.com/watch?v=Zn_hRSknp-c Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 61/307 1970, perdurando até os dias atuais, que passa a exigir deste sistema, para sua sobrevivência, reformulações constantes. As mudanças na educação brasileira após a segunda metade da década de 1980 são marcadas pela efervescência política no país, por uma crise do modelo econômico dos anos de ditadura, pela crescente perda de legitimidade do Estado desenvolvimentista, pelo crescente protagonismo da classe trabalhadora no cenário político nacional e pela crise conjuntural da burguesia brasileira, fraturada por interesses distintos entre suas várias frações, em especial entre as frações monopolista e não monopolista, nacional e estrangeira, atingidas de modo distinto pelas mudanças no processo de acumulação capitalista no âmbito mundial. (NEVES; PRONKO, 2014, p. 131) Neste contexto político-econômico-social é elaborada e aprovada a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ao longo de sua tramitação no período entre 1989 e 1996. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 62/307 Dentre muitas vitórias na Constituição de 1988 e LDB de 1996, algumas derrotas também aconteceram. A LDB, quando foi aprovada, a classe trabalhadora já tinha perdido espaço na disputa pela hegemonia societal e educacional para a burguesia. O marco legal da educação brasileira seguiu, na sua maior parte, aos interesses e as diretrizes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (NEVES; PRONKO, 2014). A educação tem como foco a formação para o trabalho a fim de desenvolver conhecimentos e valores para suprir as novas necessidades de produção e do consumo mundialmente produzidos. Esse contexto, que não é apenas nacional, mas mundial, guardando suas especificidades históricas, provoca alterações substantivas nos padrões de intervenção estatal, redirecionando mecanismos de formas de gestão das políticas públicas e, portanto, educacionais, em sintonia com os organismos multilaterais. A gestão da educação, neste contexto, passa a ser concebida para articular a escola pública com as novas determinações de mundialização dos mercados (SILVA, 2006). A democracia é concebida como a participação dos cidadãos na gestão das políticas públicas. A descentralização Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 63/307 da gestão das escolas públicas é incorporada às políticas educacionais. Conceitos como autonomia, descentralização e equidade ganham destaque nos discursos dos governantes. Porém, nas políticas educacionais elaboradas e implementadas, é possível identificar conceitos de distribuição dos recursos mais escassos de acordo com as necessidades mais urgentes, maior produtividade, distribuição das responsabilidades e uma descentralização e autonomia com controle central (avaliações em larga escala e fiscalização). Para saber mais Reflita de forma crítica, levando em consideração as discussões que estamos fazendo nas disciplinas, a partir do vídeo do Programa EDUCAÇÃO BRASILEIRA, com os professores ADRIANA BAUER, MARIA CAROLINA RIBEIRO e ANA MARIA DOS SANTOS. Neste programa, você acompanha uma conversa sobre os resultados do IDEB 2013 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As convidadas são a pesquisadora Adriana Bauer (Fundação Carlos Chagas) e as educadoras Maria Carolina Jeronimo e Ana Maria dos Santos, responsáveis pela gestão da escola Dr. Luís Arrobas Martins, a mais bem avaliada entre as estaduais de São Paulo. A discussão se deu sobre o papel da avaliação, o que ela revela e como as escolas lidam com a Prova Brasil, um dos componentes do Índice. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 64/307 2 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são elementos de normatização e precisam estar em harmonia com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação no 9.394, de 1996, e a Constituição Federal de 1988. Os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica representam políticas educacionais a partir das discussões que acontecem no final da década de 1980 e questionavam a fragmentação do ensino. Porém, representam também as diretrizes e os interesses dos Organismos Internacionais. Para saber mais Os dados mostram um avanço do Brasil no ciclo I do Ensino Fundamental e estagnação no ciclo II e Ensino Médio.Disponível em: <http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana- bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html>. Acesso em: 07 jun. 2016. http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html http://tvcultura.com.br/videos/34443_educacao-brasileira-175-adriana-bauer-maria-carolina-ribeiro-e-ana-maria-dos-santos.html Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 65/307 As Diretrizes Curriculares Nacionais são consideradas Leis, na forma de Resolução, e os Parâmetros Curriculares Nacionais considerados como referências curriculares. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica são divididas nos seus níveis de educação, sendo uma DCN geral para a Educação Básica, uma DCN específica para a Educação Infantil, uma DCN para o Ensino Fundamental e uma DCN para o Ensino Médio. Além da divisão por níveis de ensino, há também as DCN por modalidades da Educação Básica. Atualmente, são: Educação das Relações Étnico-Raciais; Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo; Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância; Educação nas Prisões; Educação Especial; Educação Indígena; Educação Quilombola; Educação Profissional de Nível Técnico; EJA e Ensino Médio - Modalidade a Distância; Ensino Fundamental de Nove Anos – Ampliação. Link Aproveite para aprofundar os seus conhecimentos visitando o site do Ministério da Educação – Diretrizes para a Educação Básica, no qual você encontra todas as diretrizes, desde a primeira até a atual, por nível e modalidade de ensino. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/component/content/ article?id=12992:diretrizes-para-a- educacao-basica>. Acesso em: 22 maio 2016. http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 66/307 Os primeiros PCN publicados foram em 1997 e, de acordo com o documento introdutório, trata-se de: Uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência político-executiva dos Estados e Municípios, à diversidade sociocultural das diferentes regiões do País ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas. (BRASIL, 1997, p. 13) Os PCN estão divididos em: PCN para 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental; PCN para 5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental; PCN para o Ensino Médio (PCNEM); e os Parâmetros para a Educação Infantil. De forma geral, esses documentos estão organizados em uma parte introdutória, os volumes destinados aos conteúdos específicos e os volumes destinados aos temas transversais. As disciplinas comuns dos níveis escolares devem ser integradas a partir de Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 67/307 uma perspectiva interdisciplinar, na forma de temas transversais que perpassam os conteúdos das disciplinas. Um fator importante a ser destacado nesta política educacional é a lógica internacional presente na proposta dos PCN. A proposta de padronização curricular em todo o país está de acordo com a proposta feita pela Unesco na Conferência Mundial de Educação para Todos, que aconteceu em 1990, na Tailândia, que é a planificação educacional em todo o mundo. Apesar de o Ensino Fundamental ter passado por reformulações ampliando para 9 anos a duração deste nível de ensino, os PCN continuam em vigor, porém, junto a eles, outros referenciais foram e vem sendo publicados e, atualmente, são encontrados no Portal do Professor do Ministério da Educação. Link Aproveite para aprofundar os seus conhecimentos conhecendo quais são os parâmetros e referenciais vigentes para a Educação Básica. Disponível em: <http://portaldoprofessor. mec.gov.br/linksCursosMateriais. html?categoria=23>. Acesso em: 22 maio 2016. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?categoria=23 Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 68/307 Através das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica, conceitos e perspectivas importantes são introduzidos na Educação Básica, porém, muitas contradições ainda são identificadas. No contexto de uma gestão educacional que se utiliza a descentralização e autonomia (como distribuição de responsabilidades), mascom um controle central, os PCN e as DCN são meios de garantir um controle. No caso dos PCN, sem rumores sobre o processo de descentralização e a autonomia, pois não são obrigatórios, mas são referenciais a serem seguidos. Unidade 2 • Os Princípios e Fins na/para Educação Nacional: Deveres e Responsabilidades da União, dos Estados e dos Municípios 69/307 Glossário Parâmetros: referem-se a uma característica que possibilita comparar algo. Diretrizes: referem-se a uma referência, um caminho, uma direção. Interdisciplinar: refere-se à unificação do conhecimento, integração teórica e prática numa perspectiva da totalidade. Transdisciplinar: envolve valores, os olhares para a realidade e o pluralismo de ideias que atravessam o currículo. Questão reflexão ? para 70/307 Pensando na gestão de uma escola pública, como gestores e demais educadores devem olhar para os PCN e DCN direcionados à Educação Básica? 71/307 Considerações Finais (1/3) • Nas últimas décadas, presenciamos transformações profundas, decorrentes dos avanços tecnológicos, provocando uma reordenação das sociedades e suas relações, e as formas de organização no mundo do trabalho. Estas mudanças impactaram as políticas educacionais implementadas. • A Constituição de 1988 proporcionou muitos avanços para a educação brasileira em relação às Constituições anteriores, mas muitas discussões foram realizadas após a sua promulgação e muitas emendas realizadas. É a partir do que a Constituição estabelece, principalmente em seus artigos 205 a 214, que a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é elaborada. • O último título da LDB nº 9.394/96 define as ações legais com abrangência futura e, também, que a União deverá encaminhar ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração 72/307 Mundial sobre Educação para Todos. O primeiro PNE vigorou no período de 2001 a 2010, e o segundo e atual PNE só foi aprovado e passou a vigorar em 2014 até 2023. • O PNE é compreendido como política pública e, resultante da luta da sociedade civil, sua proposta é ser uma política de Estado. Infelizmente, durante a trajetória de sua aprovação, muitos interesses governamentais são absorvidos e tanto o primeiro plano como o segundo resultam em um acordo possível entre os projetos em disputa no cenário da sociedade brasileira. • Dentre muitas vitórias na Constituição de 1988 e LDB de 1996, algumas derrotas também aconteceram. A LDB, quando foi aprovada, a classe trabalhadora já tinha perdido espaço na disputa pela hegemonia
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