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REPARAÇÃO NÃO PECUNIÁRIA DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS LEONARDO FIGUEIRÓ

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REPARAÇÃO NÃO PECUNIÁRIA DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS NO 
ÂMBITO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
 
NON-PECUNIARY COMPENSATION OF OFF-BALANCE-SHEET DAMAGES 
IN THE LABOR SCOPE 
 
LEONARDO LEANDRO FIGUEIRÓ 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo analisa o instituto da reparação extrapatrimonial no âmbito da justiça 
do trabalho, sob a ótica dos novos paradigmas trazidos pelo movimento pós-positivista. Com a 
mudança do trato ideológico causada pelo advento da Constituição de 1988 aos ramos do 
Direito Privado, temos que o centro dessa vertente passou a ser a dignidade humana, e não mais 
o patrimônio, como o era até o final do século XIX. Assim, a atribuição de valores à ofensa 
extrapatrimonial, além de ser tarefa de difícil lida, senão impossível, deixou de ter eficácia no 
que tange ao restabelecimento do “status a quo” em casos de reparação por responsabilidade 
civil no âmbito da Justiça do Trabalho. Por isso, há a necessidade da busca por novos meios de 
reparação dos danos extrapatrimoniais, dando enfoque a presente pesquisa ao instituto da 
reparação “in natura”, ou reparação não pecuniária do dano extrapatrimonial. 
PALAVRAS-CHAVE: reparação; dano extrapatrimonial; reparação não pecuniária. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present article analyzes the institute of off-balance damages repair in the scope of 
the laborate scope, from the perspective of the new paradigms brought by the post-positivist 
movement. With the change of ideological treatment caused by the advent of the 1988 
Constitution to the branches of private law, we have that the center of this aspect became human 
dignity, and no longer the patrimony, as it was until the end of the nineteenth century. Thus, 
the assignment of values to the off-balance-sheet offense, besides being a difficult task, if not 
impossible, is no longer effective in relation to the restoration of the status quo in civil liability 
cases in the Labor Court. Therefore, there is a need for the search for new ways of repairing the 
off-balance-sheet damages, focusing the present research on the "in natura" repair institute, or 
non-pecuniary reparation of off-balance damage. 
 
KEY WORDS: repair; off-balance damage; non-pecuniary compensation. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Constituição de 1988, um dos marcos da redemocratização do Brasil, foi responsável 
por nortear a aplicação e proteção dos direitos fundamentais atrelados à pessoa humana e à sua 
dignidade, garantindo inclusive a eficácia de tais direitos entre os particulares, seguindo 
tendência internacional. 
O professor André de Araújo Molina (2013, p. 78) adverte ainda que, a eficácia horizontal 
dos direitos fundamentais nas relações entre particulares adveio de experiência alemã posterior 
à Segunda Guerra Mundial, que necessitava romper com o positivismo, já que as atrocidades 
cometidas durante o regime nazista eram amparadas por leis. 
Assim, é evidente que, além de provocar profundas mudanças políticas, a normativa 
constitucional protagonizou transformações no direito civil (TEPEDINO, 2012, p. 11), 
provocando, conforme já exposto, a incidência direta ou indireta dos direitos fundamentais 
constitucionalmente previstos, nas relações privadas. 
 Por decorrência da constitucionalização do direito civil, também se viu afetada a própria 
responsabilidade civil, matéria abarcada por aquele ramo do direito, e os danos a novos 
interesses que sequer eram considerados juridicamente passaram a ser tutelados. 
O principal objetivo deste trabalho é demonstrar que com uma interpretação sistemática 
da legislação, bem como com a aplicação dos princípios norteadores do direito do trabalho, é 
perfeitamente possível, senão recomendável, a aplicação de penas não pecuniárias à reparação 
do dano extrapatrimonial no âmbito da justiça obreira, haja vista a erosão dos atuais filtros de 
reparação. 
A relevância da pesquisa se encontra se deve ao fato da insurgente e atual preocupação 
de que forma atual de reparação dos danos extrapatrimoniais, baseada exclusivamente na 
pecúnia, não garante ao trabalhador lesado uma efetiva reconstrução de sua dignidade, antes 
violada pelo ato ilícito. 
Para tanto, será feita inicialmente uma análise sobre as mudanças no trato do dano 
extrapatrimonial provocadas pelo advento da Constituição de 1988, mormente em relação a sua 
natureza e os novos filtros de reparação trazidos pela moderna doutrina. Ao mesmo tempo, 
serão demonstradas as incompatibilidades da atual forma de reparação dos danos 
extrapatrimoniais com o a sistemática da nova interpretação constitucional. 
Por fim, analisar-se-á a figura de uma nova proposta de reparação ao dano 
extrapatrimonial no âmbito da justiça do trabalho: a reparação não pecuniária, em oposição ao 
atual sistema de reparação baseado exclusivamente na entrega de dinheiro ao demandante 
lesado. 
 
1. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PRIVADO E A 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Poucos institutos no direito brasileiro sofreram tantas mudanças quanto os danos 
extrapatrimoniais. Passamos pela sua negativa no início do século passado e posteriormente 
pelo reconhecimento vinculado a uma visão calcada no sentimento da vítima, até os dias atuais, 
onde tanto o reconhecimento, quanto sua reparação, está ligada ao ideal da dignidade humana, 
corolário da Constituição Federal de 1988. 
Ao incluir no artigo 1o da Constituição Federal de 1988 a dignidade humana como 
fundamento da República, o Constituinte colocou o ser humano acima do patrimônio, impondo 
a todo o ordenamento jurídico, por hierarquia, que a pessoa passasse a ser seu centro. 
O professor Pablo Stolze (2017), ao se referir aos princípios norteadores do direito 
contratual, leciona que 
 
na medida em que nos desapegamos de uma tendência excessivamente patrimonial, 
fechada e egoística do Direito Civil, passando a reconhecer uma justa prevalência da 
pessoa humana em lugar dos bens materiais, é natural que a concepção teórica do 
sistema de princípios informadores do Direito Contratual experimentasse mudança (p. 
390). 
 
Nota-se que, não somente por tal imposição hierárquica, mas também por evolução, 
houve uma alteração no trato ideológico do próprio direito civil, deixando o patrimônio de ser 
o protagonista desse ramo do direito privado, para dar lugar à pessoa humana. 
Por consequência dessa nova sistemática trazida pela constituição, os próprios direitos da 
personalidade, previstos no Capítulo II, Título I do Livro I do Código Civil, ganharam amparo 
constitucional, sendo sua proteção e eficácia resultado da incidência direta de alguns direitos 
fundamentais nas relações privadas. 
Convém salientar inclusive, que nem todos os direitos fundamentais positivados podem 
ser aplicados diretamente nas relações privadas, haja vista que alguns têm aplicação somente 
em face do Estado, outros apenas em face dos particulares. André de Araújo Molina (2013, p. 
117), de maneira original, nomeia tal teoria de eclética ou mista, ao se referir sobre a incidência 
horizontal dos direitos fundamentais. 
Em síntese, direitos da personalidade, direitos fundamentais e direitos humanos são 
designações diferentes destinadas a contemplar atributos da personalidade merecedores de 
proteção jurídica, todos com valor idêntico e unitário: a dignidade humana (SCHREIBER, 
2013, p. 13). 
Logo, é fácil concluir que os direitos da personalidade, tidos como sinônimo de direitos 
fundamentais aplicáveis às relações privadas, são o conteúdo mínimo do próprio conceito de 
dignidade humana. Conteúdo porque estão contidos, encapsulados naquilo que deve ser 
considerado a dignidade humana; e mínimo, porque os direitos oriundos da dignidade humana, 
aqui tratada como princípio1, não podem ser enumerados, como bem preleciona BARROSO 
(2012): 
 
Esse é o primeiro papel de um princípio como a dignidade humana: funcionar como 
uma fonte de direitos – e, consequentemente, de deveres -, incluindo os direitos não 
expressamenteenumerados, que são reconhecidos como parte das sociedades 
democráticas maduras (p. 66). 
 
O professor Anderson Schreiber, para exemplificar o rol aberto dos direitos da 
personalidade inaugurado pela nova dogmática constitucional trazida à responsabilidade civil, 
cita um caso em que foi reconhecido o “direito à identidade pessoal”, que não encontra previsão 
expressa no Código Civil, mas que, por força da incidência direta das normas constitucionais 
no caso concreto, foi reconhecido. 
Trata-se do Recurso Especial 1.063.304/SP, de Relatoria do Ministro Ari Pargendler, 
publicado em 26 de agosto de 2008, onde uma empresa jornalística foi condenada a indenizar 
um advogado em R$250.000,00, ao publicar sua imagem em reportagem com o título “Bairros 
de São Paulo atraem vizinhança homossexual. Segundo o autor, interpretando o julgado, para 
além do fato de ter utilizado a imagem alheia sem autorização, a publicação lesou o retratado 
ao lhe atribuir condição que não lhe era própria, ou seja, a de homossexual (SCHREIBER, 
2013, p. 14-15). 
Diante dessa nova perspectiva proteção dada à pessoa humana, inclusive com o 
reconhecimento de danos à interesses não expressos no ordenamento, verifica-se uma mudança 
nos paradigmas da responsabilidade civil, ou mesmo uma erosão dos filtros tradicionais da 
responsabilidade civil, deixando a culpa e o nexo causal de ter tanta importância para dar lugar 
ao protagonismo do dano (SCHREIBER, 2015, p. 11-79). 
 
 
Em palestra proferida no II Seminário Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, 
o professor José Affonso Dallegrave Neto (2014) defendeu de forma clara: 
 
Reparem que perdi aqui quase a metade da minha fala para deixar bem claro que o 
norte, o paradigma, hoje, não é mais onde está a culpa da empresa. O norte não é mais 
onde está a culpa do agente. O norte, o paradigma, que fundamenta a responsabilidade 
civil, não só no Brasil como nos demais países, é a reparação integral da vitima. O 
olhar do julgador é como vou reparar essa vitima. É a partir desse paradigma, desse 
norte, desse valor proeminente da Constituição Federal, que vou investigar o caso 
concreto (p. 225-223). 
 
O exposto até aqui demonstra justamente isso: que há uma preocupação cada vez maior 
na busca pela reparação efetiva, passando a doutrina a reconhecer o dano como pressuposto 
fundamental da responsabilidade civil, reflexo de uma nova dogmática Constitucional. 
 
2. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS E OS CRITÉRIOS REPARATÓRIOS 
ATUAIS 
 
Conforme exposto até aqui, a incidência direta dos princípios constitucionais, conteúdo 
mínimo do princípio da dignidade humana, fez nascer a busca pela reparação de danos que até 
então não eram reconhecidos por ausência de previsão legal, passando a responsabilidade civil 
prescindir de antijuridicidade normativa expressa e assumir papel primário na seleção dos 
interesses merecedores de tutela em concreto. 
Na busca por um conceito dos danos extrapatrimoniais, não é incomum esbarrarmos em 
diversas nomenclaturas que, a princípio, causam certa confusão. FACHINI NETO e 
WESENDONCK (2012) advertem que o dano extrapatrimonial pode ser considerado um 
gênero, que entre nós costuma ser chamado de dano moral (p. 230). 
Segundo os autores, a concepção de danos extrapatrimoniais passou por três grandes 
fases: a tradicional, a crítica e a civil-constitucional. A primeira, ligada à ideia negativa de que 
todo dano que não fosse material, seria imaterial, ou seja, moral. A segunda, um pouco mais 
complexa, leva em consideração a repercussão da lesão sobre a vítima, e não a natureza da lesão 
assim, admitindo a existência de lesões patrimoniais em consequência de lesão a um bem não 
patrimonial (ex.: cicatriz deformante numa modelo) e vice-versa (FACHINI NETO e 
WESENDONCK, 2012, p. 232-234). 
Para a terceira e mais recente corrente, 
 
[...] dano moral seria aquele que, independentemente do prejuízo material, fere 
direitos da personalidade, isto é, todo e qualquer atributo que individualiza a pessoa, 
tal como a liberdade, a honra, a reputação, o nome, a imagem etc (FACHINI NETO 
e WESENDONCK, 2012, p. 234). 
 
Cumpre aqui esclarecer que, atualmente, a terceira corrente esbarra em um entrave trazido 
pelas duas primeiras correntes, que ainda são fortes na doutrina e jurisprudência brasileira, 
segunda as quais o dano moral consistiria na dor, vexame, sofrimento ou humilhação, ou seja, 
a configuração do dano moral fica ao sabor de emoções subjetivas da vítima. Tal entendimento 
é veementemente refutado por SCHREIBER (2013), ao afirmar que o “dano moral não pode 
depender do sofrimento, dor ou qualquer outra repercussão sentimental do fato sobre a vítima, 
cuja efetiva aferição, além de moralmente questionável, é faticamente impossível” (p. 17). 
 Logo, a atual concepção do dano extrapatrimonial leva em consideração a violação direta 
dos direitos da personalidade, independentemente de qualquer outro fator, mesmo que 
subjetivo, pois a aferição da dignidade humana não pode ser concedida ou perdida (BARROSO, 
2012, p. 76). 
O referido autor cita como exemplos dos malefícios da consideração da dor e sofrimento 
para aferição do dano moral, o caso da atriz Maitê Proença, que, após ver sua nudez estampada 
sem autorização em jornal de grande circulação, teve seu pedido de indenização negado pelo 
Tribunal de justiça do Rio de Janeiro sob o argumento de que “somente mulher feia pode se 
sentir humilhada, constrangida”. Ao se referir ao caso, SCHREIBER (2013) transcreve o 
seguinte trecho do acórdão: 
 
Só mulher feia pode se sentir humilhada, constrangida, vexada em ver seu corpo 
desnudo estampado em jornais ou revistas. As bonitas, não. Fosse a autora uma 
mulher feia, gorda, cheia de estrias, de celulite, de culote e de pelancas, a publicação 
da sua fotografia desnuda – ou quase – em jornal de grande circulação, certamente lhe 
acarretaria um grande vexame, muita humilhação, constrangimento enorme, 
sofrimentos sem conta. A justificar – aí sim – o seu pedido de indenização de dano 
moral, a lhe servir de lenitivo para o mal sofrido. Tratando-se, porém, de uma das 
mulheres mais lindas do Brasil, nada justifica pedido dessa natureza, exatamente pela 
inexistência, aqui, de dano moral a ser indenizado (p. 17). 
 
Superada a parte conceitual sobre os danos extrapatrimoniais, aqui tratados como uma 
ofensa direta e objetiva aos direitos da personalidade, importante analisar a reparação de tais 
danos, já que, conforme dito no introito do presente estudo, tal reparação nem sempre foi aceita 
pela doutrina e jurisprudência brasileira. 
A princípio, a comprovação dos danos morais era impossível de ser feita em juízo, pois, 
como dito, eram confundidos com dor, elemento psicológico e subjetivo. Somente com a 
conceituação do dano moral como violação de interesses tutelados pela legislação é que se 
vislumbrou uma maior facilidade na reparação. 
Todavia, foi a Constituição Federal de 1988 que chancelou a possibilidade de reparação 
dos danos extrapatrimoniais, passando a doutrina e a jurisprudência a discutir a natureza dessa 
reparação. 
A reparação civil, de maneira geral, possui três funções: uma compensatória, objetivo 
básico da mesma, cuja finalidade é retornar o status a quo ante; uma punitiva, gerando uma 
punição ao ofensor pela ausência de cautela na prática de seus atos; e uma função de 
desmotivação social da conduta lesiva, que é a de tornar público que condutas semelhantes não 
sejam toleradas (STOLZE, 2014, p. 44). 
O fato é que, ao contrário da reparação material, em que o retorno ao estado anterior ao 
da lesão se dá pela obtenção do montante ou coisa lesada, na reparação extrapatrimonial, a lesão 
à personalidade da vítima é quase sempre irreparável (SCHREIBER, 2013, p. 17), havendo 
portanto, a compensação pelos danos, cujo objetivo é, para a atual visão jurisprudencial, a 
atenuação da dor resultante daofensa aos direitos da personalidade. 
Não se pretende neste trabalho o aprofundamento sobre a natureza da reparação do dano 
extrapatrimonial, mas sim demonstrar que, muito embora haja defensores da tese de que tal 
reparação tenha caráter punitivo, é quase uníssono o entendimento de que sua principal função 
é a de amenizar o sofrimento da vítima do dano através de uma compensação. 
É exatamente no que tange à compensação que se encontra o cerne da presente pesquisa. 
Conforme já exposto, a responsabilidade civil caminha no sentido de, com amparo 
constitucional, reconhecer novos interesses merecedores de tutela e com isso a compensação 
pelos danos sofridos diante de sua violação. Ao mesmo tempo, como quase que única forma de 
compensação, a indenização em dinheiro (SCHREIBER, 2013, p. 18). 
A abertura para a compensação pelos danos extrapatrimoniais deu-se pela esfera 
patrimonialista, mediante a fixação de indenização em face da gravidade do dano, aferida em 
face das condições pessoais da vítima. Como consequência, há o crescente temor “de que o 
imenso oceano de novos interesses extrapatrimoniais deságue em ações frívolas voltadas à 
obtenção de indenização pelos acontecimentos mais banais da vida social” (SCHREIBER, 
2015, p. 195). 
Não é exagero afirmar que o método tradicional da reparação extrapatrimonial é o 
pecuniário. Como será demonstrado no próximo tópico, não existe somente uma forma – a 
pecuniária – de reparação dos danos extrapatrimoniais. 
Convém, citar o curto, porém importante trecho que o professor Anderson Schreiber 
(2013) chama a atenção: 
 
A maioria dos advogados também não parece interessada em pleitear a compensação 
não pecuniária. Para combater a insuficiência inevitável das somas de dinheiro, tem 
se argumentado que a responsabilidade civil deve exercer uma função punitiva, que 
garanta à vítima... mais dinheiro (p. 19). 
 
 
3. A REPARAÇÃO NÃO PECUNIÁRIA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO 
 
Como já mencionado, muito embora a jurisprudência brasileira evolua a passos lentos 
nesse sentido, a reparação pecuniária não é a única forma de reparação dos danos 
extrapatrimoniais. 
Um dano pode ser reparado direta ou indiretamente. Este representa o pagamento de uma 
quantia ou cumprimento de obrigação que sirva para chegar à um estado próximo do que existia 
antes, e aquele consiste na possibilidade de retomada integral do “status ante a quo” ao evento 
lesivo, tratando-se da dita reparação “in natura” (SCHREIBER, 2002, p. 18). 
Muito embora haja aqueles que defendam a inviabilidade da reparação “in natura” para 
os danos extrapatrimoniais, em importante julgamento feito no Recurso especial 959.569-SP, 
o STJ reconheceu a possibilidade de tal tipo de reparação, conforme voto prolatado pelo 
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino: 
 
A controvérsia situa-se em torno do modo de reparação dos danos morais por ela 
sofridos. 
A reparação dos danos extrapatrimoniais, sofridos por pessoa física ou por 
pessoa jurídica, pode ser natural ou pecuniária. 
Em sede doutrinaria, já tive oportunidade de analisar a distinção entre as duas 
modalidades de reparação (SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Principio da 
reparação integral - indenização no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2010). 
Relembre-se que a reparação natural, ou in natura, consiste na tentativa de se recolocar 
o lesado no mesmo estado em que se encontrava antes da ocorrência do evento danoso, 
restituindo-lhe um bem semelhante ao subtraído, destruído ou danificado para 
recomposição do seu patrimônio. 
Os prejuízos extrapatrimoniais, em geral, por sua própria natureza, por não terem 
conteúdo econômico ou patrimonial, não se coadunam, em regra, com a reparação in 
natura , embora, em algumas situações, a doutrina entenda que ela se mostre viável 
(CAHALI, 1998, p. 704). 
Harm Peter Westermann, na perspectiva do Direito alemão, anota que "também danos 
em bens sem valor patrimonial (imateriais) são ressarcíveis, mediante o 
restabelecimento (restituição ao natural), que o 249 (do BGB) ordena" 
(WESTERMANN, Harm Peter. Direito das Obrigações. Porto Alegre: Sérgio Fabris 
Editor, 1983, p. 136) 
Karl Larenz acrescenta que "o dano imaterial pode ser ressarcido enquanto isso seja 
possível por meio da restituição in natura : isso tem lugar sobre tudo em casos de 
retratação pública de declarações publicamente manifestadas, idôneas para ofender a 
honra de outrem ou para prejudicar o seu crédito (824 do BGB)" .(LARENZ, Karl. 
Derecho de obligaciones. Madrid: Editorial Revista de Derecho Privado, 1959, t. 1, 
14, p. 229). 
Pontes de Miranda, após anotar que "a reparação natural é, quase sempre, impossível", 
afirma que o dano moral ou se repara pelo ato que o apague (retratação do caluniador 
ou do injuriante) ou pela prestação do que foi considerado reparador. Reconhece como 
reparação específica as medidas para retificação ou reconhecimento da 
honorabilidade do ofendido e a condenação à retificação ou à retratação, 
exemplificando com "a ação para que se retire o cartaz injurioso é ação de reparação 
natural" (MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado . Rio de Janeiro: Borsói, 
1955-1972. v. 54, 5536, p. 61.). 
Araken de Assis, após lembrar a hipótese de casamento do homem com mulher 
deflorada, prevista no art. 1548 do CC/16 e não repetida pelo CC/2002, anota que a 
reparação in natura normalmente se mostra insuficiente, apenas influenciando na 
fixação da indenização, como a retratação espontânea ou a publicação da resposta ou 
retificação, previstas pela Lei de Imprensa (art. 29 da Lei 5250/67). (ASSIS, Araken 
de. Liquidação do dano. Revista dos Tribunais. São Paulo, Ano 88, n. 759, p. 11-23, 
jan., p. 16). 
Sérgio Severo aponta a retratação pública ou a publicação da sentença de procedência 
da demanda por dano moral como modalidades de reparação natural do prejuízo 
extrapatrimonial (SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 
1996, p. 193). 
Na legislação brasileira, historicamente têm sido previstas formas de reparação 
natural, como, na revogada Lei de Imprensa (Lei 5250/67), a previsão de retratação 
do ofensor, o desmentido, a retificação da notícia injuriosa, a divulgação da resposta 
e, até mesmo, a publicação da sentença condenatória (arts. 29, 30 e 68). Pode-se 
exemplificar, também, com a retirada do mercado do livro supostamente ofensivo à 
honra de uma pessoa pública. 
Na realidade , essas medidas previstas na nossa legislação ou indicadas pela doutrina 
não constituem propriamente casos de reparação natural, pois não se consegue apagar 
completamente os prejuízos extrapatrimoniais, sendo apenas tentativas de 
minimização dos seus efeitos por não ser possível a recomposição dos bens jurídicos 
sem conteúdo econômico atingidos, como ocorre com os direitos da personalidade. 
Assim, insuficiente a reparação in natura , a solução é a indenização pecuniária, cuja 
quantificação se realiza por arbitramento judicial. 
A reparação pecuniária, por sua vez, é uma compensação em dinheiro, mediante o 
pagamento de uma indenização fixada pelo juiz, pelos danos sofridos pelo lesado. 
Trata-se do sistema mais adotado, atualmente, na prática, de reparação dos danos, 
consistindo no pagamento de uma indenização pecuniária equivalente aos prejuízos 
sofridos pelo lesado. 
Adriano De Cupis explica que, nessa hipótese, "o ressarcimento consiste na prestação, 
ao prejudicado, de um equivalente pecuniário", sendo apenas "necessário estabelecer 
em quanto monta, pecuniariamente, o interesse atingido pelo dano" (DE CUPIS, 
Adriano. Il danno . Milano: Giuffrè, 1966, p. 297). 
Essa opção pela reparação pecuniária não é nova no sistema de responsabilidade civil, 
chegando Pontes de Miranda a afirmar categoricamente que "o direito romano e o 
Direito francês só conheciam a reparação em dinheiro" (MIRANDA, 1955-1972, t. 
22, 2.722, no 1, p. 209). 
A tradição no Direito brasileiro, para a reparação dos danos extrapatrimoniais, é a 
indenização pecuniária. 
As duasformas de reparação (natural e pecuniária) não são excludentes entre si, pois 
deve-se respeito ao princípio da reparação integral, que estava implícito na norma do 
art. 159 do CC/16 e, atualmente, está expresso no art. 944 do CC/2002. 
O princípio da reparação integral ou plena, ou da equivalência entre os prejuízos e a 
indenização, busca colocar o lesado, na medida do possível, em uma situação 
equivalente a que se encontrava antes de ocorrer o fato danoso (STIGLITZ, Gabriel 
A.; ECHEVESTI, Carlos A. El daño resarcible en casos particulares. In:CARLUCCI, 
Aida Kemelmajer de (Coord.). Responsabilidad civil. Buenos Aires: Hammurabi, 
1997, p. 298). 
Naturalmente, essa tentativa de recolocação da vítima no estado em que se encontrava 
antes do ato danoso é uma ficção, pois, em muitas situações, como nos casos de danos 
extrapatrimoniais, isso é operado "de forma apenas aproximativa ou conjectural" 
(MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil : do inadimplemento 
das obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 322). 
De todo modo, como a responsabilidade civil tem como função prioritária a reparação 
mais completa do dano, dentro do possível, essa norma constitui a diretiva 
fundamental para avaliação dos prejuízos e quantificação da indenização (VINEY, 
Geneviève , Les obligations: la responsabilité, effets. Paris: L.G.D.J, 1988. (Traitè de 
Droit Civil, v.5, p. 81). 
O princípio pode ser invocado tanto na reparação natural como na indenização 
pecuniária. Na reparação natural, não há maiores dificuldades na sua concretização, 
bastando que seja restaurada a situação que existiria caso o ato ilícito não houvesse 
ocorrido pela recomposição do mesmo bem no patrimônio do lesado ou por sua 
substituição por uma coisa similar. 
Note-se que, mesmo na reparação natural, a simples devolução ou substituição da 
coisa pode não ser suficiente para o ressarcimento pleno dos danos causados ao 
prejudicado. 
Exemplo dessa situação tem-se no art. 952 do CC/2002, que, ao tratar dos danos 
causados pela usurpação ou esbulho de uma coisa, prevê, além da sua restituição, a 
reparação das deteriorações e dos lucros cessantes, correspondendo essa regra a uma 
concretização do princípio da reparação integral. 
No caso, o entendimento do Tribunal de origem, afirmando a inadequação da 
indenização por danos morais à pessoa jurídica, violou a cláusula geral de 
responsabilidade civil insculpida na norma do art. 159 do Código Civil de 1916, que 
já consagrava implicitamente o princípio da reparação integral do dano, agora 
positivado pelo art. 944 do Código Civil de 2002. 
A reparação dos danos morais deve ser a mais completa possível, o que não ocorreu 
no julgamento do tribunal de origem. 
Nesse sentido, tenho que a substituição aplicada pelo Tribunal de origem, violando o 
art. 159 do Código Civil de 1916, determina o provimento do recurso especial nesse 
ponto, impondo-se, o restabelecimento da sentença, adotando-se seu dispositivo na 
parte relativa à indenização. 
Fica mantido o valor da verba indenizatória arbitrada na sentença por se tratar de um 
montante razoável para a natureza da lesão sofrida pela empresa recorrente, somente 
sendo possível a esta Corte a revisão do valor da indenização quando exagerado ou 
ínfimo. 
Desacolhe-se, assim, nesse ponto, o pedido de majoração da indenização formulado 
no recurso especial. 
Finalmente, fica mantida a determinação do tribunal de origem de publicação de 
retratação na imprensa local por não ter sido objeto de recurso especial pela recorrida. 
Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso especial, restabelecendo-
se a indenização arbitrada pela sentença a título de danos morais. 
É o voto”. (grifo nosso). 
 
Todavia, parece que a imensa maioria das cortes pátrias, muito embora reconhecendo 
outras formas de reparação dos danos extrapatrimoniais, continua a compensar os danos morais 
exclusivamente por meio de uma indenização em dinheiro (SCHREIBER, 2013, p. 19). 
Os problemas decorrentes da exclusividade da indenização pecuniária na reparação dos 
danos extrapatrimoniais são inúmeros. O próprio professor Anderson Schreiber (2015) adverte 
que a manutenção e um remédio exclusivamente pecuniário aos danos extrapatrimoniais induz 
à conclusão de que a lesão a interesses existenciais é a todos autorizada, desde que se esteja 
disposto a arcar com o o valor correspondente (SCHREIBER, 2015, p. 196). 
Outro problema dessa tradição patrimonialista no trato deste tipo de reparação decorre de 
uma visão mercantilista da ideia de danos extrapatrimoniais, criando a sensação de nivelamento 
dos atributos humanos. Prova disto foi a emblemática tabela publicada em matéria jornalística 
pelo Superior Tribunal de Justiça (2009), onde a corte fixa valores de indenizações para 
variados tipos de danos. 
Por fim, uma análise isenta da jurisprudência revela que, nos ordenamentos de “civil law”, 
o valor das indenizações monetárias por dano moral tem se mantido, em geral, baixo. E o valor 
irrisório da compensação, na maioria das vezes, é sentido pela vítima como nova afronta à sua 
dignidade (SCHREIBER, 2015, p. 197-198). 
Daí a conveniência de substituir o pagamento, ou fazê-lo acompanhar-se de medidas de 
retratação e de publicidade da reparação, que efetivamente compensem o desvalor moral. A 
solução para tais problema, é a aproximação da figura da reparação “in natura” ao dano 
extrapatrimonial, conforme aponta a doutrina: 
 
Com o objetivo de enfrentar estas dificuldades, diversas culturas jurídicas vêm 
experimentando, ainda que de forma tímida, um movimento de despatrimonialização, 
não já do dano, mas da sua reparação. As infindáveis dificuldades em torno da 
quantificação da indenização por dano moral revelaram a inevitável insuficiência do 
valor monetário como meio de pacificação dos conflitos decorrentes de lesões a 
interesses extrapatrimoniais, e fizeram a doutrina e a jurisprudência de toda parte 
despertarem para a necessidade de desenvolvimento de meios não pecuniários de 
reparação (SCHREIBER, 2015, p. 196). 
 
 
A reparação não pecuniária não somente garante uma maior aproximação do que seria a 
reparação “in natura”, e por consequência o retorno ao “status a quo ante” e garantia do 
“restitutio in integrum” (DALLEGRAVE NETO, 2014, p. 231), mas também possibilita “fazer 
frente ao já aludido processo de mercantilização das relações existenciais” (SCHREIBER, 
2015, p. 198). 
A conclusão a que se chega é de um inegável ocaso da antiga tradição de a 
responsabilidade civil resulta sempre e exclusivamente em indenização em dinheiro, passando, 
a lentos passos, a dar lugar à tendência de formas alternativas de reparação que, somadas ou 
não à pecúnia, garantam uma maior reparabilidade ao dano sofrido. 
No âmbito da justiça do trabalho, onde a responsabilidade civil é amplamente utilizada 
para a solução dos mais variados tipos de conflitos, a necessidade de uma reparação não 
pecuniária é não só recomendada, mas necessária. 
Ao citar exemplos de aplicações das reparações não pecuniárias no âmbito da 
responsabilidade civil, o professor Anderson Schreiber, em duas de suas obras citadas nesse 
estudo, utiliza ambiente trabalhista para melhor conjecturar tal possibilidade: 
 
Imagine-se, por exemplo, o dano extrapatrimonial decorrente de assédio moral no 
ambiente de trabalho (o chamado mobbing, do qual já se tratou acima). Em tais casos, 
a condenação do empregador a afixar um pedido de desculpas ao empregado no 
próprio ambiente de trabalho pode reparar de modo mais eficiente a lesão à reputação 
da vítima do que uma quantia de dinheiro entregue friamente por um preposto do réu 
no ambiente “secreto” de uma sala de audiências (SCHREIBER, 2015, p. 201). 
Tem-se como exemplo a situação do empregado que, humilhado pelo empregador no 
ambiente de trabalho, decide promover ação judicial com o legítimo propósito de ver 
reparado o dano que sofreu em sua honra. É certo que a atribuição de um valor 
financeirotem efeito benéfico sobre a vítima, mas compensação ainda mais ampla 
pode ser alcançada, além da indenização em dinheiro, se o empregador for condenado, 
por exemplo, a afixar no espaço de trabalho pedidos públicos de desculpas ao 
ofendido (SCHREIBER, 2013, p. 18). 
 
Trazendo à baila todo o exposto até aqui, tem-se que a preocupação na responsabilidade 
civil, pela nova tratativa constitucional, é buscar uma reparação que, de certa forma, seja a mais 
plena possível, sobretudo na justiça obreira, onde os interesses em jogo comumente tratam de 
Reclamantes hipossuficientes. Como muito didaticamente exposto por DALLEGRAVE NETO 
(2014), “se fui caluniado, quero ser retratado. Se fui ofendido e difamado na empresa, quero 
que a empresa se retrate. Isso também é um pouco de retorno ao status a quo ante, está dentro 
do paradigma da reparação integral” (p. 231). 
O professor palestrante, traz ainda como exemplos da aplicação da referida reparação na 
justiça obreira: 
Trago esta ementa aqui para demonstrar alguns casos rápidos do que seria essa 
prestação in natura. Por exemplo: ‘(...) Custeio de tratamento medico. (...) é pertinente 
o deferimento (...) porque representa a melhor expressão da obrigação de indenizar, 
se comparada à condenação de pagar numerário, nem sempre empregado com esse 
proposito’. Então, aqui está um exemplo: a empresa custear plano medico. Ainda há 
outro exemplo: a empresa suportar a realização de uma cirurgia plástica reparadora. 
Em vez de dar o dinheiro, colocar uma circunstancia ou um tipo de condenação para 
que, efetivamente, seja realizada essa cirurgia reparadora (DALLEGRAVE NETO, 
2014, p. 232). 
 
Como bem lembrado por DALLEGRAVE NETO (2014), “os advogados gostam da 
monetização, o reclamante gosta da monetização, as pessoas querem dinheiro” (p. 230), desta 
maneira, não é de esperar que as partes busquem na prática a reparação não pecuniária dos 
danos, não sendo temerário concluir que, caberá ao judiciário trabalhista a tarefa de impor tal 
modalidade de compensação. 
 
CONCLUSÃO 
 
A responsabilidade civil, inserida no ramo do direito civil, sofreu verdadeira mutação 
após o advento da Constituição de 1988, sobretudo no que tange aos danos extrapatrimoniais. 
Com isto, novos interesses passaram a ser tutelados pelo ordenamento jurídico, trazendo 
a possibilidade de que a lesão a tais interesses, mereçam reparação. Todavia, com a abertura do 
rol de direitos da personalidade tutelados pela responsabilidade civil, somado ao método de 
reparação pecuniária dos danos extrapatrimoniais, corolário da atual visão patrimonialista do 
instituto, acabaram por causar mais problemas do que soluções, sobretudo o afastamento da 
reparação integral, sem contar a mercantilização do dano moral. 
Por tal motivo, a doutrina aponta o caminho da despatrimonialização da reparação do 
dano moral, resolvendo os problemas causados pela visão meramente patrimonialista clássica 
da responsabilidade civil, sobretudo o da não reparação efetiva. 
Assim, a busca pelos meios não pecuniários, sobretudo na justiça trabalho, área do direito 
em que há uma maior fragilidade e desilgualdade nas relações, trará uma maior efetividade na 
reparação dessa espécie de dano. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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SCHREIBER, Anderson. Novos Paradigmas da Responsabilidade Civil. 6. ed. São Paulo: 
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<http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=936 79>. 
Acesso em: 01 abr. 2013. 
TEPEDINO, Gustavo. Reflexões sobre a constitucionalização do direito civil. Revista 
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