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Abordagem Nutricional Maratonistas

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ALIMENTOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E SUAS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS BENÉFICAS AOS MARATONISTAS 
- 2019 -
ESTAGIÁRIA: TÂMARA RODRIGUES ORIENTADORA: NUT. DIONE ALMEIDA
INTRODUÇÃO
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As corridas de longa distância existem desde a época dos antigos egípcios, no entanto, a primeira maratona veio a existir em 1896, nos Jogos Olímpicos, no percurso original de Maratona à Atenas. Um ano depois, em 1897, ocorreu a maratona de Boston, disputada sem interrupções desde então (BAA, 2018).
Somente em 1908, nos Jogos Olímpicos de Londres, o percurso da maratona passou a ter a distância atual de 42,195 metros. A medição do percurso é feita através de uma bicicleta calibrada, sendo esse o único método aprovado para medir corridas de rua (AIMS, 2019).
INTRODUÇÃO
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Maratona é um exercício de resistência, com duração de aproximadamente duas horas para atletas de elite, e acima de quatro horas para atletas amadores. É considerada uma atividade de endurance.
No geral, maratonistas profissionais costumam ter biótipos similares uns aos outros: magros, até 1,80 metros, musculatura forte e alongada e, de um modo geral, de origem africana (VARELLA, 2015).
INTRODUÇÃO
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PRINCIPAIS QUEIXAS DE FADIGA:
Desidratação, e depleção de CHO;
Sintomas gastrointestinais;
 Hipertermia e hiponatremia.
Provocam queda de performance e ameaçam a saúde do atleta de endurance.
INTRODUÇÃO
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LESÕES:
Inflamações musculares e/ou articulares (tendinite, artrite);
Overtraining;
Recuperação inadequada.
(EWELINA, 2018).
As estratégias nutricionais adequadas aceleram a recuperação dos efeitos negativos do exercício, por promover adaptações fisiológicas mais eficazes ao recondicionamento muscular pós-exercício e favorecer um retorno aos treinos de uma forma mais rápida (BEELEN et al., 2010).
Avaliar a ação dos alimentos anti-inflamatórios e suas respostas fisiológicas benéficas aos maratonistas.
OBJETIVO
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Estudo de revisão de literatura acerca da ação dos alimentos anti-inflamatórios e suas respostas fisiológicas benéficas aos maratonistas.
Foram consultados artigos científicos cadastrados nas bases de dados: SCIELO e PUBMED.
Para a busca das referências, foram utilizadas as palavras-chaves cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): alimentos, anti-inflamatório, antioxidante, atletas, corrida, estresse oxidativo, exercício físico, fisiologia, inflamação, nutrição. 
O período das publicações foi limitado para os últimos 10 anos e foram utilizados artigos nos idiomas inglês e português. 
Foram excluídos artigos de revisão e de meta-análise
METODOLOGIA
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MECANISMOS FISIOLÓGICOS DA INFLAMAÇÃO EM ATLETAS
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RADICAIS LIVRES
↑ CONSUMO O2
ULTRAPASSA CAPAC. TAMPONAMENTO METABÓLICO
↑ INTENSIDADE /
DURAÇÃO
CATECOLAMINAS 
OXIDAÇÃO DE HEMOGLOBINA
ATP
LACTATO
2 a 5% O2 TOTAL
RADICAIS LIVRES
ISQUEMIA
REPERFUSÃO SANGUÍNEA
ESTRESSE OXIDATIVO
EXERCÍCIO AERÓBICO
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ÓXIDO NÍTRICO SINTASE
↑ PRODUÇÃO DE (ERO’s)
↑ [Ca] 
EXERCÍCIO FÍSICO INTENSO
BOMBAS DE ATP 
(Ca)
ATIVAÇÃO DE LEUCÓCITOS 
HIPÓXIA
DESEQUILÍBRIO FISIOLÓGICO
RADICAIS LIVRES
DANO MUSCULAR
REOXIGENAÇÃO
ESTRESSE OXIDATIVO
EXAUSTÃO
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FADIGA MUSCULAR
RESPOSTA INFLAMATÓRIA
AGRAVAR A LESÃO 
REPARAÇÃO DANO MUSCULAR 
RADICAIS DE O2 
METABOLISMO OXIDATIVO 
A presença de espécies reativas de oxigênio pode facilitar a infiltração de neutrófilos no músculo, desencadeando uma resposta inflamatória aumentada (GARCÍA; DAOUD, 2002).
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O estresse oxidativo gerado pelas EROs pode provocar danos nas membranas celulares das fibras musculares, variando desde um dano à fibra muscular, até a ruptura do músculo, levando a um processo inflamatório (VANCINI et al., 2005).
A inflamação é uma resposta de defesa natural do organismo, estando fortemente ligada à imunidade inata e seu mecanismo molecular típico de organismos multicelulares. Ela acontece para que se proceda à reparação do tecido após a ocorrência da injúria, tendo como finalidade restabelecer a homeostasia corporal (KUPRASH; DEDOSPASOV, 2016).
Contudo, quando não há o devido repouso, ou quando o processo inflamatório torna-se exacerbado e com estresse oxidativo intenso, o organismo se torna incapaz de reparar os danos ocorridos, culminando desde a fadiga, queda de performance, lesões graves, alterações bioquímicas, imunológicas, até danos no DNA e doenças crônicas (SILVA; MACEDO, 2011; URSO; CLARKSON, 2003).
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As alterações metabólicas provocadas no organismo pelo exercício físico, induzindo a um estresse oxidativo por aumento precoce das EROs, estimula o próprio organismo a produzir sua defesa antioxidante
Super Óxido Dismutase (SOD);
A catalase;
Sistema glutationa.
TRATAMENTO DA INFLAMAÇÃO
Esse equilíbrio entre a produção de EROs e a defesa antioxidante torna-se algo crucial para que seja possível manter a homeostase redox, evitando que haja dano ao organismo (MEDZHITOV, 2008).
THIS IS A SLIDE TITLE
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Diante de um estado inflamatório, muitos atletas se utilizam de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais. Contudo, embora exista a redução da inflamação, o uso da droga prejudica a fase inicial de cura da lesão, não melhorando, de uma forma geral, a recuperação. Isso sem considerar seus efeitos negativos no organismo a longo prazo. Por essa razão, a utilização de substâncias naturais presentes na alimentação tem se mostrado uma melhor alternativa para a prevenção e supressão da inflamação (McFARLIN et al., 2016).
EFEITOS DOS ALIMENTOS ANTI-INFLAMATÓRIOS E SUAS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS BENÉFICAS AOS MARATONISTAS
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CÚRCUMA
10 indivíduos saudáveis, sexo M, entre 23 e 30 anos:
2h antes e imediatamente após realizar teste de uma hora de corrida em esteira.
Para medir os níveis de inflamação, amostras de sangue foram coletadas imediatamente após e 2h após a corrida.
	Grupo experimental	 90mg de curcumina 
	Grupo controle	 Placebo 
	Suplementação de curcumina	
	Antes do exercício	Mostrou poder de atenuar os marcadores de estresse oxidativo, aumentando a capacidade antioxidante.
	Após o exercício	Não mostrou ser eficaz. 
(TAKAHASHI et al., 2014).
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BETERRABA
 Com efeitos vasodilatadores, e o aumento do fluxo sanguíneo, o suco de beterraba aumenta os níveis de Óxido Nítrico (NO), estimulando a biogênese mitocondrial e fortalecendo a contração muscular (DOMINGUEZ et al., 2017).
12 corredores de elite de média e longa distância, do sexo M, entre 21 e 35 anos, durante 15 dias, no café da manhã:
	Grupo experimental	 70ml suco de beterraba 
	Grupo controle	 Placebo 
Os atletas que consumiram o suco de beterraba duraram mais tempo antes de interromperem, o teste de corrida da esteira. Houve melhora tanto na percepção de esforço, quanto no tempo de exaustão.
Os participantes que consumiram o suco de beterraba tiveram maior % na saturação de oxigênio em seus músculos. Com isso, o acúmulo de metabólitos relacionados à fadiga ficou limitado e houve redução da PCR, levando a um maior tempo até a exaustão. 
(BALSALOBRE-FERNANDÉZ et al. 2018)
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BETERRABA
Os atletas que consumiram o suco de beterraba duraram mais tempo antes de 
interromperem, o teste de corrida da esteira. Houve melhora tanto na percepção 
de esforço, quanto no tempo de exaustão.
Os participantes que consumiram o suco de beterraba tiveram maior % na saturação de oxigênio em seus músculos. Com isso, o acúmulo de metabólitos relacionados à fadiga ficou limitado e houve redução da PCR, levando a um maior tempo até a exaustão. 
No entanto, não houve aumento do Volume de Oxigênio Máximo (VO2 Máx) e nem de força muscular nos atletas. 
Mais dias de ingestão de suplementação de suco de beterraba rica em nitrato parecem não ter efeito em atletas de elite, diferentemente de atletas amadores.
efeitos vasodilatadores e o aumento do fluxo sanguíneo, capazes de aumentar os níveis de óxidonítrico e retardar o tempo de exaustão do atleta.
(BALSALOBRE-FERNANDÉZ et al. 2018)
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GENGIBRE
Possui ativos fenólicos capazes de inibir a ciclooxigenase, 5-lipoxigenase, prostaglandinas e leucotrienos, com menos efeitos colaterais que os anti-inflamatórios não esteroidais.
Os efeitos da administração de gengibre após exercício físico, nos níveis de concentração plasmática de IL-1 beta, IL-6 e TNF-alfa em atletas.
28 atletas de corrida de endurance do sexo M, entre 19 e 26 anos;
Isentos de infecção por 6 semanas anteriores ao experimento, livres de doenças respiratórias e sem o uso de qualquer tipo de medicamento, vitamina ou suplementos nutricionais.
Apenas os corredores que tivessem treinado por 3 anos, 2 horas por dia, de 4 a 5 vezes por semana.
Treinamento durante 12 semanas, como para competições:
		1- 6 semanas 	7-12 semanas
	Grupo experimental	-	500mg - 3/dia
	Grupo controle	-	Placebo
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GENGIBRE
As amostras de sangue foram coletadas dos 28 participantes 3 dias antes do início do período de treinamento e após as semanas 6 e 12.
Os resultados encontrados demonstraram que as sessões intensas de treinamento contínuo podem induzir aumento das citocinas pró-inflamatórias imediatamente após o exercício físico, comprometendo, inclusive, o sistema imunológico. 
Os níveis de IL-1 beta, IL-6 e TNF-alfa encontraram-se elevados após 6 semanas de treinamento em ambos os grupos, tendo sido contínua essa elevação durante as 12 semanas no grupo controle, com reduções significativas nas concentrações plasmáticas dessas citocinas no grupo experimental, que ingeriu o gengibre.
Considerando que há indicação de que as citocinas pró-inflamatórias exercem grande influência no início da fadiga, nos estágios de doenças e na síndrome da fadiga prolongada, sendo comum o comprometimento do desempenho dos atletas de elite, o uso do gengibre demonstrou ser efetivo na melhora da performance dos corredores, ante a diminuição da inflamação muscular, melhora da imunidade e proteção contra infecções.
(ZEHSAZ; FARHANGI; MIRHEIDARI, 2014).
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POLIFENÓIS
Compostos fenólicos que possuem mais de um anel aromático em sua
composição molecular. Possuem propriedades captadores de radicais 
livres, elevação dos antioxidantes endógenos e quelantes de ferro. 
Isso porque o ferro pode reagir com lipídeos e conduzir a uma série de reações em cadeia, levando à oxidação da membrana lipídica das células. Além disso, possuem propriedades relaxantes da musculatura lisa, atividade anti-inflamatória e contra toxicidade hepática (GARCÍA; DAOUD, 2002).
Dessa forma, a utilização de polifenóis pelos maratonistas demonstrou eficácia em modular o estresse oxidativo, que em níveis acima do considerado fisiológicos poderia causar redução de desempenho e lesões teciduais. Além disso, verificou-se também que a utilização desses compostos fenólicos pode aumentar a concentração de citocinas anti-inflamatórias (GARCÍA; DAOUD, 2002).
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CONCLUSÃO
Alguns alimentos apresentam capacidade de atuarem de forma eficaz no controle da inflamação, por meio da redução das citocinas pró-inflamatórias ou no auxílio da defesa antioxidante:
Gengibre: melhora da performance dos corredores, ante a diminuição da inflamação muscular, melhora da imunidade e proteção contra infecções.
Cereja azeda: para maratonistas, possui efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, culminando na redução de dores e aceleração na recuperação.
Cúrcuma: capacidade anti-inflamatória, pode contribuir para um reparo muscular mais rápido
Beterraba: efeitos vasodilatadores e o aumento do fluxo sanguíneo, capazes de aumentar os níveis de óxido nítrico e retardar o tempo de exaustão do atleta.
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CONCLUSÃO
Por meio da presente pesquisa foi possível realizar um levantamento bibliográfico relevante acerca da importância do consumo dos alimentos com ação anti-inflamatória por parte de maratonistas considerando as peculiaridades da modalidade. No entanto, vale ressaltar a necessidade da realização de mais pesquisas voltadas especificamente para maratonistas, para que dessa maneira seja possível elucidar os efeitos diretos dos alimentos nesse público alvo.
Obstáculo é aquilo que enxergamos quando desviamos os olhos do alvo.
Henry Ford
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REFERÊNCIAS
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ARAÚJO, F.F.; CARVALHO, V.F; AMORIM, M.F. Alimentos anti-inflamatórios e suas respostas fisiológicas benéficas aos maratonistas. UNICEUB. Brasília - DF. 2019.
VARELLA, Dráuzio. Correr: o exercício, a cidade e o desafio da maratona. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
EWELINA, Pankanin. Overreaching and overtraining syndrome – causes, symptoms, diagnostics and prevention. Journal of Education, Health and Sport, Bydgoszcz, v. 8, n. 7, p. 424-429, jul. 2018.
BEELEN, Milou et al. Nutritional strategies to promote postexercise recovery. Journal of Physical Activity and Health, Birmingham, v. s/v., n. s/n., p. s/p., 2010.
GARCIA, J.A.V.; DAOUD, R. Efeitos dos antioxidantes fenólicos na prática desportiva. Fitness & Performance Journal, v. 1, n. 4, p. 21-27, 2002.
VANCINI, Rodrigo et al. Influência do Exercício Sobre a Produção de Radicais Livres. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Florianópolis, v. 10, n. 2, p.47-58, 2005.
KUPRASH, D.V.; NEDOSPASOV, S.A. Molecular and Cellular Mechanisms of Inflammation. Biochemistry, Moscow, v. 81, n. 11, p. 1237-1239, 2016.
SILVA, Fernando; MACEDO, Denise. Exercício físico, processo inflamatório e adaptação: uma visão geral. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, São Paulo, v. 13, n.4, p. 320-328, 2011.
URSO, Maria; CLARKSON, Priscilla. Oxidative stress, exercise, and antioxidant supplementation. Toxicology, USA, v.189, n.1-2, p.41-54, 2003.
MEDZHITOV, Ruslan. Origin and physiological roles of inflammation. Nature, EUA, v. 454, n. 7203, p. 428-435, 2008.
REFERÊNCIAS
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McFARLIN, Brian K. et al. Reduced inflammatory and muscle damage biomarkers following oral supplementation with bioavailable curcumin. BBA Clinical, Denton, v. s/v., n. s/n., p. 72-78, fev. 2016.
TAKAHASHI, M. et al. Effects of Curcumin Supplementation on Exercise-Induced Oxidative Stress in Humans. Int J Sports Med, v. 35, n. 06, p. 469-475, 2014.
BALSALOBRE-FERNANDÉZ, Carlos et al. The effects of beetroot juice supplementation on exercise economy, rating of perceived exertion and running mechanics in elite distance runners: A
ZEHSAZ, Farzad; FARHANGI, Negin; MIRHEIDARI, Lamia. The effect of Zingiber officinale R. Rhizomes (ginger) on plasma pro-inflammatory cytokine levels in well-trained male endurance runners. Centr. Eur. J. Immunol. Iran, v. 39, n. 2, p. 174-180, 2014.

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