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O quotidiano pode constituir um lugar privilegiado da análise sociológica na mediada em que é um lugar revelador, por excelência, de determinados processos de funcionamento e da transformação das sociedades e de conflitos que opõem os agentes sociais. O quotidiano não deve apenas ser encarado como um conceito no sentido vulgar do termo, através do seu estudo, podemos aprender bastante sobre nós mesmos, enquanto seres sociais e acerca da própria vida social. Assim, a sociedade é uma construção das relações estabelecidas entre seres sociais, quer seja grupal, quer individualmente, são estas relações e interacções que estruturam a sociedade e o conhecimento que temos dela. Todos os dias, desde a nossa infância, temos certas rotinas, que definiram o nosso quotidiano, através da socialização/aprendizagem de que fomos sendo alvo ao longo dos anos (na maioria dos casos inconscientemente). Para além disso, vivemos também com maior ou menor frequência, momentos inesperados, quer sejam de felicidade ou de tristeza, que assumimos à partida que fazem igualmente parte do quotidiano, não porque acontecem diariamente, mas porque em alguma altura da nossa vida fomos levados a pensar que tal poderia acontecer, ainda que não fosse essa a nossa vontade. Assim, o quotidiano constrói-se do que é mais rotineiro, mas igualmente do que pode ser considerado como inesperado.