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Tópicos em musculação e hipertrofia Copyright © 2020 by Cauê Vazquez La Scala Teixeira Nenhuma parte desse livro pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio, sem autorização prévia por escrito do autor/editor. Sua distribuição e/ou comercialização também não é permitida por outros meios que não os autorizados pelo autor/editor. O descumprimento está sujeito às penas previstas em lei. Como citar: La Scala Teixeira, CV. Tópicos em musculação e hipertrofia. Santos: Edição do Autor, 2020. Inclui citações e links clicáveis "Hoje ou daqui a 30 anos, por iniciativa própria ou por indicação de terceiros, na academia ou ao ar livre, no modelo "tradicional" ou na abordagem "funcional", todos terão de parar no treinamento de força." Cauê V. La Scala Teixeira, M.Sc., Ph.D. Apresentação Se você quer aprimorar seu conhecimento teórico-prático sobre Musculação e seus efeitos sobre Força e Hipertrofia, parabéns por estar aqui. Esse e-book irá te ajudar! Você já sabe que a musculação é o carro-chefe das academias, mas talvez o que você ainda não saiba é que o treinamento de força também é carro-chefe nas pesquisas envolvendo exercício físico e isso é muito importante, pois significa que a ciência está investindo pesado nesse tipo de intervenção. Na prática, quais são os reflexos disso? Podemos resumir em dois: O primeiro é que as academias de musculação absorverão boa parte dos profissionais de Educação Física que desejam atuar no segmento fitness e de promoção de saúde, seja por meio de contratação direta ou através do personal training. O segundo é que a concorrência por uma posição de destaque será grande e só será bem-sucedido nesse mercado quem estiver atualizado, pois a ciência vem evoluindo e a sociedade pede profissionais que estejam à altura dos avanços científicos. Nesse material, uso de minha experiência científica e prática para compartilhar tópicos importantes relacionados à Musculação e à Hipertrofia, possibilitando melhora na qualidade e diversidade dos seus treinos, além de maior efetividade nos resultados. Como o título leva a crer, o e-book é organizado em tópicos que trazem informações claras e objetivas, no intuito de facilitar a leitura, a compreensão e a aplicação prática imediata das ideias compartilhadas. Além disso, esse formato deixa o leitor livre para consumir o conteúdo na ordem em que julgar mais produtivo para suas necessidades. Além das informações apresentadas no presente, incentivo a leitura complementar, disponibilizando links clicáveis nas referências utilizadas. Assim, com apenas um clique, você poderá ser redirecionado para os sites dos artigos, onde poderá ter mais informações sobre os estudos citados, aprofundando ainda mais seu conhecimento. Desejo a você uma produtiva e agradável leitura. Autor Veja também Nesse curso 100% online, o prof. Cauê apresenta as evidências mais relevantes sobre prescrição de treino para hipertrofia. Teoria e prática apresentadas em uma abordagem extremamente didática para você assistir quando e onde quiser Saiba mais clicando AQUI Nesse combo de livros, o prof. Cauê disponibiliza duas de suas obras mais vendidas: “Musculação time-efficient” e “Métodos avançados de treinamento para hipertrofia”. Saiba mais clicando AQUI Nesse livro, as principais dúvidas sobre musculação são respondidas com base em um compilado de ciência e experiência. Saiba mais clicando AQUI https://caueteixeira.com/loja-virtual/curso-online-hipertrofia-muscular/ https://caueteixeira.com/loja-virtual/combo-musculacao/ https://caueteixeira.com/loja-virtual/livro-musculacao-perguntas-e-respostas-as-50-duvidas-mais-frequentes-nas-academias-2a-edicao/ Sumário Falta de tempo para treinar? Dicas de treinos time-efficient - Parte 1: iniciantes ....................... 7 Falta de tempo para treinar? Dicas de treinos time-efficient - Parte 2: treinados ....................... 8 O que caracteriza um método avançado de treino? ..................................................................... 9 Alongar entre as séries maximiza a hipertrofia........................................................................... 11 Você pode “pegar leve”, mas não deve “treinar leve” ............................................................... 12 Força e hipertrofia com cargas baixas, baixo volume e sem falha concêntrica? ........................ 13 Oclusão vascular no treinamento de força: considerações atuais sobre a prescrição ............... 14 Hipertrofia de braços: o foco de atenção pode ajudar ............................................................... 15 Hipertrofia de glúteos: uma visão além da estética ................................................................... 16 Contrair os músculos do core aumenta a ativação dos glúteos .................................................. 17 Sobre o autor ............................................................................................................................... 18 7 Falta de tempo para treinar? Dicas de treinos time-efficient - Parte 1: iniciantes Se a falta de tempo tem sido a principal barreira para a prática de exercícios físicos na sua vida ou na vida de seus clientes em potencial, saiba que esse não é um problema exclusivamente seu, pois essa tem sido a principal justificativa relatada em pesquisas por parte das pessoas que não praticam exercícios. Diante disso, estratégias que possibilitam a otimização de tempo da sessão de treino (time-efficient) passam a ganhar importância. Abaixo seguem três sugestões para elaboração de treinos de força curtos e eficazes para pessoas destreinadas, bem como as evidências que as suportam: • Priorize exercícios multiarticulares (ex. supinos, puxadas, remadas, agachamentos), pois possibilitam trabalhar vários grupos musculares ao mesmo tempo (Gentil et al., 2013). • Adote um volume baixo de séries por grupo muscular em cada sessão, pois sujeitos destreinados não necessitam de volumes altos para estimular adaptações (Peterson et al., 2005). • Aumente a velocidade de execução, pois, além de diminuir o tempo de treino, pode aumentar o tempo necessário para recuperação após a sessão, tornando-se interessante para quem dispõe de poucos dias para treinar na semana (Ide et al., 2011). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23537028 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23537028 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16287373 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16287373 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21701287 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21701287 8 Falta de tempo para treinar? Dicas de treinos time-efficient - Parte 2: treinados Falta de tempo não é uma exclusividade somente de quem não treina. Pessoas treinadas também passam por mudanças em suas rotinas de vida que, muitas vezes, diminuem o tempo disponível para a prática de exercícios físicos. Diante disso, dominar estratégias que otimizam o tempo de treino é interessante tanto para atrair pessoas, como para manter aquelas que passam por mudanças em vidas. Em destreinados, estratégias baseadas na redução do volume de treino podem ser eficazes. Já em treinados, reduzir volume pode não ser tão atraente, pois pode gerar resistência em quem está acostumado com altos volumes, além de contrariar boa parte da literatura que sugere que volumes elevados são mais eficazes para esse público. Diante disso, os métodos avançados de treino ganham destaque, pois algumas dessas técnicas possibilitam aplicar volumes elevados de treino em pouco tempo (alta densidade). Abaixo seguem alguns métodos que apresentam respaldo científico: • Drop-set: caracterizado pelaredução da carga imediatamente após a falha concêntrica, possibilitando ao indivíduo aumentar o volume de repetições naquela série; possibilita, no mínimo, as mesmas respostas sobre força e massa muscular em relação ao modelo tradicional de séries múltiplas, porém tomando menos tempo na sessão (Angleri et al., 2017). • Rest-pause: nesse método, após a falha concêntrica, aplica-se uma micropausa de 10 a 20 segundos e retoma-se a execução até nova falha, mantendo a carga constante; pode proporcionar resultados ligeiramente superiores ao modelo tradicional de séries múltiplas, sobretudo, em membros inferiores, também tomando menos tempo na sessão de treino (Prestes et al., 2017). • Séries gigantes: caracterizado pela execução sequencial (sem intervalo) de séries em 4 ou mais exercícios diferentes para o mesmo grupo muscular, aplicando intervalo após a execução da série do último exercício; em um curto espaço de tempo (4 semanas), pode apresentar resultados superiores aos modelos tradicionais de séries múltiplas, tomando bem menos tempo na sessão de treino (Ceola e Tumerelo, 2008). https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28130627 https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28617715 https://www.efdeportes.com/efd121/metodos-de-treinamento-de-forca-muscular.htm https://www.efdeportes.com/efd121/metodos-de-treinamento-de-forca-muscular.htm 9 O que caracteriza um método avançado de treino? O uso de métodos avançados de treino em alunos experientes com objetivo de hipertrofia é comum, pois entende-se a necessidade de aumentar a magnitude do estresse e variar estímulos. Nesse contexto, o uso de técnicas como pirâmides, repetições forçadas, drop-sets, entre outras, é comum. Mas será que todas essas técnicas têm características de método avançado? Para esclarecer essa dúvida e possibilitar escolhas mais assertivas, Guedes Júnior et al. (2018) propõem um esquema que permite entender o que caracteriza um método avançado de treino. No referido esquema, os níveis de estresse/estímulo são classificados em 3 categorias: 1. Submáximo: sem falha concêntrica; o aluno teria condições de prolongar o estímulo (fazendo mais repetições, por exemplo), mas a série é interrompida voluntariamente antes de se atingir o limite (falha). 2. Máximo: com falha concêntrica; a execução é feita no limite para aquela condição, ou seja, o aluno leva a série até a falha e fica impossibilitado de prolongar o estímulo mantendo as mesmas condições. 3. Supramáximo: além da falha concêntrica; semelhante ao 2, porém, após a falha, usa-se de alguma técnica que permita prolongar o estímulo. Mas como prolongar o estímulo após a falha concêntrica? Veja 3 exemplos! 1. Após a falha, um parceiro auxilia o levantamento da carga na fase concêntrica, possibilitando a execução de mais algumas repetições - Repetições forçadas. 2. Após a falha, reduz a carga em 10-20%, retomando-se a execução até nova falha concêntrica - Drop-set. 3. Após a falha, aplica-se uma micropausa de 10-20", retomando-se a execução até nova falha concêntrica - Rest-pause. Percebeu como todo método avançado usa alguma técnica que possibilita elevar o nível de estresse em relação ao treino tradicional máximo? Diante disso, percebe-se https://www.researchgate.net/publication/329391641_HIPERTROFIA_MUSCULAR_a_ciencia_na_pratica_em_academias https://www.researchgate.net/publication/329391641_HIPERTROFIA_MUSCULAR_a_ciencia_na_pratica_em_academias 10 também que alguns métodos clássicos não são avançados, como as pirâmides, por exemplo. Nas pirâmides, não há técnicas que possibilitem aumentar o nível de estresse "além do máximo", pois embora haja aumento ou diminuição da carga externa, as séries são interrompidas na falha (ou antes dela). Considere essa informação na seleção dos métodos. 11 Alongar entre as séries maximiza a hipertrofia A hipertrofia muscular é um dos principais desfechos do treinamento de força com impacto positivo tanto sobre o perfil estético, como para saúde geral. Considerando esse contexto, inúmeras são as pesquisas que investigaram os efeitos de diferentes técnicas de treinamento sobre o aumento da massa muscular. Uma dessas técnicas recentemente investigadas é a realização de alongamentos entre as séries do treinamento de força. Em um estudo recente (Evangelista et al, 2019), 29 homens jovens saudáveis e destreinados foram submetidos a 8 semanas (2x/semana) de treinamento de força, distribuídos em 2 grupos: • Tradicional (TST) • Alongamento entre séries (ISS) Ambos os grupos foram submetidos a programa de treino semelhante, incluindo 6 exercícios, 4x8-12RM em cada exercício e 90 segundos de intervalo entre séries. A diferença foi que o grupo ISS realizava 30 segundos de alongamento passivo durante os 90 segundos de intervalo entre séries. O alongamento era realizado no músculo que estava sendo trabalhado no exercícios (ex. alongamento do peitoral nos intervalos do supino). Ao final do estudo, a hipertrofia muscular de ambos os grupos foi analisada por ultrassonografia (espessura muscular) em vários sítios: bíceps braquial, tríceps braquial, reto femoral, vasto lateral e somatório (todos juntos). Foram observados aumentos significantes da espessura muscular em todos os sítios e em ambos os grupos, porém o ISS apresentou níveis maiores de espessura no vasto lateral e no somatório. As alterações percentuais também foram maiores no ISS em relação ao TST. Com base nesses resultados, alongar o músculo-alvo de forma passiva entre as séries do treinamento de força pode ser uma estratégia interessante para maximizar as respostas hipertróficas em homens jovens. https://www.researchgate.net/publication/329644411_Interset_Stretching_vs_Traditional_Strength_Training_Effects_on_Muscle_Strength_and_Size_in_Untrained_Individuals 12 Você pode “pegar leve”, mas não deve “treinar leve” Por décadas, acreditou-se que a hipertrofia muscular poderia ser maximizada através de treinos com cargas pesadas. Sem dúvidas, cargas pesadas são excelentes para hipertrofia. Porém, com a publicação dos primeiros artigos sobre oclusão vascular, o paradigma relacionado ao uso das cargas pesadas foi quebrado, pois esses estudos demonstraram hipertrofia muscular semelhante entre treinos com cargas pesadas e cargas muito leves associadas à restrição do fluxo sanguíneo (Lixandrão et al., 2018). Um pouco mais tarde, outros estudos observaram que a magnitude da hipertrofia também era semelhante em treinos com cargas leves mesmo sem restrição do fluxo sanguíneo, desde que as séries fossem conduzidas até a falha concêntrica, fato que confirmou a mudança de paradigma para os treinos com foco sobre a massa muscular (Schoenfeld et al., 2017). Entretanto, cabe destacar um ponto que pouca gente evidencia. Treinos com cargas leves não são, necessariamente, treinos leves e, quando o objetivo é hipertrofia, apesar de podermos pegar cargas leves ou pesadas, o treino deve ser sempre pesado! Como assim? Considerando que a hipertrofia é um efeito crônico decorrente do estresse proporcionado pela manipulação das variáveis de treino, quando se diminui a ênfase sobre uma variável, outras variáveis precisam compensar essa diminuição para que o estresse continue elevado. Em termos práticos, diante da redução da carga, estratégias como a falha concêntrica ou a restrição do fluxo sanguíneo precisam ser exploradas. Nessas situações (falha ou oclusão), apesar de se “pegar leve” (em carga), a sensação é de treino pesado, pois o esforço percebido nessas condições tem se mostrado mais extenuante que aquele observado em treinos com cargas pesadas (Ribeiro et al., 2019). Em outras palavras, se o foco é hipertrofia, você pode “pegar leve”, mas não deve “treinar leve”! https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29043659/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28834797/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31499564/13 Força e hipertrofia com cargas baixas, baixo volume e sem falha concêntrica? Você não leu errado e isso é plenamente possível. Já são centenas (para não dizer milhares) as evidências científicas que mostram que é possível ter aumentos expressivos na força e na massa muscular sem treinar com cargas altas, sem explorar grandes volumes e sem atingir a falha concêntrica. Como isso? Associando a oclusão vascular ao treinamento de força com baixas cargas externas (La Scala Teixeira, 2018). A restrição parcial do fluxo sanguíneo, quando associada ao treinamento de força com baixas cargas (20 a 40% 1RM), mesmo diante de treinos com baixo volume e com séries interrompidas antes da falha concêntrica (1x30 + 3x15), tem um potencial para aumentar o estresse metabólico, o inchaço celular, a ativação de fibras musculares do tipo 2, os níveis de alguns hormônios com potencial anabólico, além de diminuir a expressão da miostatina, alguns fatores que, em conjunto, explicam os resultados expressivos observados no método. Esses efeitos, que podem ser observados em um curto espaço de tempo (por exemplo, 4 semanas), têm tornado o método uma das principais opções baseadas em evidências para situações nas quais o treinamento de força tradicional com altas cargas não é sugerido ou desejado, como: • Reabilitação ou pós-reabilitação musculoesquelética, por exemplo, após lesões e/ou cirurgias; • Restrição calórica, por exemplo, na fase pre contest no bodybuilding ou em pessoas que querem emagrecer; • Patologias ortopédicas, por exemplo, condropatias, artroses, etc; • Pré-temporada, por exemplo, no retorno das férias de atletas; • Fases recuperativas, por exemplo, após períodos de treinos muito intensos e volumosos. https://caueteixeira.com/loja-virtual/livro-treinamento-de-forca-com-oclusao-vascular/ 14 Oclusão vascular no treinamento de força: considerações atuais sobre a prescrição Recentemente, um importante periódico da área da fisiologia publicou um position stand sobre o treinamento com restrição do fluxo sanguíneo (oclusão vascular) escrito pelas principais autoridades do mundo no tema (Patterson et al., 2019). O paper fala sobre a oclusão vascular em repouso e associada ao exercício aeróbio e de força. Nesse texto, o foco se dá sobre sua associação ao treinamento de força. Os autores iniciam ratificando a ideia de que esse tipo de treinamento tem mostrado efeitos expressivos sobre a força e/ou hipertrofia muscular de jovens saudáveis e idosos, bem como pessoas com limitações para mobilizar altas cargas e em processo de reabilitação. Os aumentos da força tem sido demonstrados em avaliações dinâmicas, isométricas, isocinéticas, sendo inclusive documentado aumento na força rápida (potência). A maioria dos estudos mostra que a oclusão vascular associada a exercícios com baixas cargas mostra resultados superiores àqueles observados somente nos exercícios com baixas cargas sem oclusão e isso já pode ser observado após períodos curtos (1 a 3 semanas). A recuperação entre as sessões de treino também é otimizada, o que permite uma maior frequência semanal de estímulos quando comparado ao treinamento tradicional com cargas altas. Abaixo seguem as recomendações para controle das variáveis de treino: • Frequência: 2 a 3x/semana (> 3 semanas) ou 1 a 2x/semana (1-3 semanas) • Carga: 20 a 40% de 1RM • Tempo de oclusão: 5 a 10 minutos por exercício (sem oclusão entre exercícios) • Tipo: pequenos e grandes grupos musculares (braços e pernas/uni ou bilateral) • Séries: 2 a 4 • Manguitos: 5 (pequeno), 10 ou 12 (médio), 17 ou 18cm (grande) de largura • Repetições: 75 (30 + 15 + 15 + 15) ou séries até a falha concêntrica/fadiga voluntária • Pressão de oclusão: 40 a 80% da pressão de oclusão total • Intervalo entre séries: 30 a 60 segundos • Forma de oclusão: contínua ou intermitente • Velocidade de execução: 1 a 2 segundos (concêntrica e excêntrica) https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6530612/ 15 Hipertrofia de braços: o foco de atenção pode ajudar Muitas pessoas acreditam que os treinos para hipertrofia devem, necessariamente, envolver métodos complexos de treino, na maioria das vezes, dependentes de muitos recursos materiais. Nesse sentido, cabe ressaltar que a hipertrofia é um fenômeno fisiológico de origem multifatorial decorrente do estresse, sendo que esse estresse pode ocorrer e ser maximizado por diferentes técnicas, inclusive, simples. A técnica apresentada nesse tópico é a conexão mente-músculo, estratégia que estimula o direcionamento do foco de atenção para o músculo-alvo. Em um estudo recente (Schoenfeld et al., 2018), os autores analisaram os efeitos de se manter o foco de atenção no músculo que estava sendo trabalhado em determinado exercício (foco interno) sobre a hipertrofia desse mesmo músculo. Após 8 semanas de treino que envolveu 4 séries de 8 a 12 repetições na rosca direta e na extensão de joelhos (3x/semana), o grupo que associou o foco interno ao treino observou praticamente o dobro do aumento da espessura muscular do bíceps em relação ao grupo que adotou foco externo (atenção sobre o implemento). O mesmo não ocorreu no quadríceps. Provavelmente, a maximização dos resultados sobre o bíceps foi proveniente do aumento da ativação muscular proporcionada pelo foco interno, como demonstrado em outro estudo que analisou os efeitos do foco interno sobre a ativação do peitoral e do tríceps durante o supino (Calatayud et al., 2016). Isso ocorre principalmente mediante ao uso de cargas mais baixas. Portanto, estratégias simples que não demandam recursos materiais adicionais também podem ser úteis nos programas de treinamento para hipertrofia muscular. https://www.researchgate.net/publication/323740477_Differential_effects_of_attentional_focus_strategies_during_long-term_resistance_training https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26700744/ 16 Hipertrofia de glúteos: uma visão além da estética A hipertrofia dos glúteos tem sido amplamente discutida nos últimos anos, sobretudo, em virtude da influência que esses músculos exercem sobre a estética dessa região do corpo que, diga-se de passagem, é muito valorizada. Assim, considerando a relação entre o desenvolvimento dos glúteos e melhora do perfil estético, hipertrofiar esses músculos tem sido objetivo de muitos praticantes de exercício físico, principalmente mulheres. Porém, o que pouca gente sabe é que o "tamanho" dos glúteos está relacionado a outras questões tão ou até mais importantes que a estética, como, por exemplo, as dores lombares. É exatamente isso que ficou demonstrado em um estudo recente. Nesse estudo (Amabile et al., 2017), os autores analisaram a área de secção transversa do glúteo máximo, através de tomografia computadorizada, de 68 mulheres (36 com dor lombar e 32 sem dor lombar), no intuito de possibilitar comparações entre os dois grupos (com e sem dor lombar). Os resultados revelaram diferença significante entre os grupos, indicando que mulheres com dor lombar têm o glúteo máximo atrofiado (~15% menor) em relação às mulheres sem dor lombar. Apesar dos resultados não permitirem identificar se a atrofia do glúteo máximo é causa ou consequência da dor lombar, é possível inferir que promover hipertrofia no glúteo máximo de pessoas com dor lombar seja interessante, pois o estudo também revelou correlação negativa fraca (r=-0,27), porém significante (p<0,05) entre a área de secção transversa do glúteo máximo e o número de visitas médicas relacionadas à dor lombar. Assim, os autores sugerem que os estímulos a esse músculo sejam contemplados através dos exercícios físicos prescritos às pessoas com dores lombares. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5513394/ 17 Contrair os músculos do core aumenta a ativação dos glúteos Aumentar o trabalho dos glúteos nos exercícios resistidos tem sido alvode investigações recentes, tanto com o propósito de promover aumento da performance e da hipertrofia muscular, como em âmbito terapêutico. Nesse último caso, exercícios com baixa sobrecarga e pequena amplitude de movimento são comumente aplicados e, nessas condições, a ativação dos glúteos não atinge níveis elevados. Pensando nisso, um estudo recente (Chan et al., 2017) investigou os efeitos da contração dos músculos do core sobre a ativação dos glúteos durante 3 exercícios usados comumente com o propósito terapêutico: ostra, abdução de quadril em decúbito lateral e extensão de quadril em decúbito ventral. Vinte universitários saudáveis (10 homens e 10 mulheres) foram submetidos a execução dos 3 exercícios sob 2 condições distintas: ativação natural do core e ativação forçada do core. Eletrodos foram colocados sobre diferentes músculos do core e do quadril para analisar e comparar os níveis de ativação durante os exercícios. Os resultados são resumidos abaixo. • Ostra: a ativação do core aumentou a ativação do glúteo médio. • Abdução de quadril em decúbito lateral: a ativação do core aumentou a ativação do glúteo máximo (porção inferior) e do bíceps femoral. • Extensão de quadril em decúbito ventral: a ativação do core aumentou a ativação do glúteo máximo (porções superior e inferior) e do bíceps femoral. Em suma, diante da realização desses exercícios com o propósito de recrutar os músculos do quadril, especialmente os glúteos, ativar os músculos do core pode ser uma estratégia interessante. https://www.researchgate.net/publication/318615320_The_effects_of_therapeutic_hip_exercise_with_abdominal_core_activation_on_recruitment_of_the_hip_muscles 18 Sobre o autor Cauê Vazquez La Scala Teixeira é graduado em Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício e em Treinamento de Força, Mestre e Doutor em Ciências. Docente no ensino superior (pós- graduação), palestrante em congressos e eventos técnicos e científicos. Pesquisador do Grupo de Estudos da Obesidade (GEO/UNIFESP). Autor de 9 livros e mais de 60 artigos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais. Saiba mais clicando AQUI https://linktr.ee/CAUELASCALA http://caueteixeira.com/
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