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Negócios (20200720-PT)

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Segunda-feira, 20 de julho de 2020 | Diário | Ano XVI | N.º 4288 | € 2.50 
Diretor André Veríssimo | Diretor adjunto Celso Filipe
Frulact compra negócio 
de concorrente nos EUA 
Fundos sustentáveis nacionais 
têm quase 20 mil investidores 
Há um enorme 
risco de contágio 
em transportes 
lotados 
PRIMEIRA LINHA 4 a 8
EMPRESAS 14 e 15
ECONOMIA 12 e 13
Multinacional maiata detida pelo fundo Ardian adquiriu a carteira 
de clientes da norte-americana Sensient Technologies Corporation. 
“Se os médicos não pararem um bocado, pode 
ser desastroso”, avisa o bastonário da classe.
Sondagem 
PS já não 
capitaliza 
com a 
pandemia 
Primeiro-ministro 
está em queda mas o 
presidente do PSD, 
Rui Rio, não conse-
gue aproveitar esta 
tendência. 
CONVERSA CAPITAL 
MIGUEL GUIMARÃES
Estrangeiros 
batem recorde 
de projetos 
que a covid-19 
pode tirar 
Aquisições isoladas 
impedem benefício 
fiscal ao investimento 
Estudo
EMPRESAS 15
Caso BES 
Ministério 
Público chama 
testemunhas 
que já apontou 
como culpadas
Setores para ganhar 
com o “Green Deal”
MERCADOS 20EMPRESAS 16 e 17
Exigências feitas pelos 
“cinco frugais” travam 
recuperação da Europa 
ECONOMIA 10 ECONOMIA 11
Popularidade 
de Costa 
está a baixar 
MERCADOS 18 e 19
Corrida às ações 
da EDP antes 
do aumento 
de capital 
Títulos da elétrica 
liderada por Miguel 
Stilwell registaram 
uma valorização de 
4,5%. 
Energia
M
ig
ue
l B
al
ta
za
r
2 
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 SEGUNDA-FEIRA 
|
 20 JUL 2020
HOME PAGE
OPINIÃO
HOME PAGE
OPresidente republi-cano norte-america-no, Donald Trump, desvalorizou nova-mente, numa entre-
vista ao canal Fox News, uma son-
dagem recente das eleições presi-
denciais, que o mostra em dificul-
dades crescentes perante o rival 
democrata, Joe Biden. 
“Antes de mais nada, não estou 
a perder, porque são sondagens 
falsas”, disse o político milionário 
sobre uma sondagem que mostra 
Biden com um avanço de oito 
pontos percentuais, com 49% 
contra 41% de Trump. 
“Biden é incapaz de alinhar 
duas frases seguidas”, atacou de 
seguida o Presidente norte-ame-
ricano, que quando foi questiona-
do se considerava o oponente “se-
nil” não foi tão longe. 
“Não quero dizer isso, eu diria 
que ele não está qualificado para 
ser Presidente. Para ser Presiden-
te tem de ser perspicaz, sólido e 
muitas outras coisas. Ele nem se-
quer sai da sua cave”, criticou 
Trump. 
O Presidente norte-america-
no referia-se assim ao facto de Joe 
Biden, de 77 anos, passar a maior 
parte do tempo isolado na sua re-
sidência no Estado de Delaware, 
lutando para dar um impulso me-
diático na campanha para a Casa 
Branca. 
 
Trump quer fazer teste 
de QI com Biden 
Trump recusou também dar cré-
dito a uma sondagem da Fox 
News na qual os inquiridos o con-
sideraram menos “competente” 
que o rival democrata. Além dis-
so, sugeriu que esse assunto pode-
ria ser resolvido com um teste de 
inteligência QI imposto aos dois 
candidatos na casa dos 70 anos. 
“Vamos fazer um teste. Faze-
mos o teste agora. Vamos sentar-
-nos, eu e o Joe, e fazer um teste” 
disse o líder republicano, que vai 
enfrentar o ex-vice-presidente de 
Barack Obama nas eleições de 03 
de novembro. 
Outra sondagem divulgada 
no domingo pelo canal de televi-
são ABC e pelo jornal The Wa-
shington Post mostra que a lide-
rança de Joe Biden sobre Donald 
Trump nas intenções de voto é 
ainda mais clara, com 55% con-
tra 40%. 
Trump continua a pagar caro 
a má administração da crise da co-
vid-19 nos Estados Unidos, com 
uma taxa de aprovação de políti-
cas gerais a cair para 39% e com 
57% de reprovação. 
Os Estados Unidos são o país 
com mais mortos (140.120) e mais 
casos de infeção confirmados 
(mais de 3,7 milhões).  LUSA
Última sondagem coloca Joe Biden com 49% enquanto o atual presidente dos 
EUA se fica pelos 41%. Em entrevista à Fox News, confrontado com os números, 
Donald Trump diz que não está a perder porque as sondagens são “falsas”.
Donald Trump diz que o seu adversário, Joe Biden, “é incapaz de alinhar duas frases seguidas”.
Trump atribui 
maus resultados a 
“sondagens falsas”“Carlos Costa acabou com o reinado ruinoso e criminoso de 
Ricardo Salgado.”
LUÍS MARQUES 
MENDES
A taxa de 
reprovação de 
Donald Trump 
situa-se agora 
nos 57%.
PÁGINA 28
“Desde cedo se 
percebeu que íamos 
fazer figuras 
de pedintes no 
Conselho Europeu.”
CAMILO 
LOURENÇO
PÁGINA 27
“Estamos presos a 
uma dívida de 
dimensões bíblicas 
que nos suga 
milhares de milhões 
de euros todos os 
anos em juros.”
ANTÓNIO 
MOITA
PÁGINA 27
“O operador do 
novo sistema será 
público - a IP 
Telecom - e pautará 
a sua gestão por ser 
exclusivamente 
grossista e neutra.”
ALBERTO SOUTO DE 
MIRANDA
PÁGINA 30
Jonathan Ernest/Reuters
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
|
 HOME PAGE 
| 
3
DIA
O Estado vai ficar com a maioria do capital so-cial da TAP, mas ainda assegurou que a com-panhia terá um tratamento distinto. As em-presas do grupo TAP SGPS ficam fora de al-gumas das condições impostas a empresas 
públicas, em particular no que toca à seleção e remunera-
ção dos gestores públicos. 
Trata-se de uma decisão acertada porque os limites sa-
lariais impostos nas empresas públicas não são compatí-
veis com a necessidade de encontrar gestores qualificados 
e disponíveis para uma tarefa que se avizinha hercúlea. O 
que se lamenta é que seja pontual. E o passado está rechea-
do de histórias que sustentam esta observação. 
Por exemplo, em 2004, o agora presidente da CGD, Pau-
lo Macedo, esteve no centro da polémica ao ter sido nomea-
do pela então ministra das Finanças, Manuela Ferreira Lei-
te, para inspetor-geral das Finanças, com um salário mui-
ta acima da média. A verdade é que Paulo Macedo cumpriu 
exemplarmente a sua tarefa, oleando a máquina e conse-
guindo atingir o maior objetivo que lhe tinha sido coloca-
do, o de aumentar de forma substantiva a receita fiscal. Ou 
seja, o custo mais do que se justificou. 
 Um dos problemas da gestão pública em Portugal é pre-
cisamente esse. Não se procuram os melhores, mas sim aque-
les que estão disponíveis para aceitar as condições de um es-
tatuto de gestor público, o que não raras vezes abre caminho 
para os afamados “jobs for the boys” e também para o defi-
nhamento das empresas. Este quadro acaba por ser poten-
cialmente promíscuo e, nessa exata medida, abre caminho 
para que os objetivos fiquem mais longe de atingir. 
O caso da TAP, sendo exceção, devia ser regra. Só não o é 
porque isso aumentaria ainda mais a discrepância entre os 
salários pagos aos gestores e os vencimentos dos governan-
tes, uma diferença politicamente incorreta. Contudo, esta 
falsa probidade acaba por ter mais custos do que benefícios. 
O Estado precisa dos melhores para tratar da coisa pú-
blica e de ser eficiente na fiscalização das empresas que es-
tão na sua órbita, sobretudo das que funcionam num am-
biente concorrencial. Portugal está recheado de casos que 
confirmam o aforismo “o barato sai caro” para mal dos nos-
sos pecados coletivos. Se o futuro CEO da TAP cumprir o 
caderno de encargos que lhe é imposto e concluir com êxi-
to a reestruturação da companhia, o salário que vier a usu-
fruir estará mais justificado.  
EDITORIAL
O barato 
sai caro 
18
CELSO FILIPE 
Diretor adjunto 
cfilipe@negocios.pt
Ericsson dispara para máximos de 
2015 depois de apresentar lucros 
Variação este ano: 19,43% 
Valor em bolsa: 327.744 milhões 
de coroas suecas
A Ericsson disparou mais de 11% na 
última sessão, para o nível mais ele-
vado desde 2015. Isto depois de ter 
reportado uma subida de 40% nos 
lucros do segundo trimestre, uma 
evolução que superou as expectati-
vas do mercado. A tecnológica sue-
ca viu as vendas dispararem nesse 
período, numa altura em que desen-
volveu novos sistemas para dar res-
posta às necessidades da população 
em teletrabalho.  
AÇÃO
FOTOFRASE
NÚMERO
11,43% 
O outro bloqueio que Cuba 
começa agora a levantar
Cuba continua bloqueada pelos EUA mas está 
lentamente a sair de outro bloqueio, o dacovid-
-19, que afetou seriamente a economia à escala 
global. Para mitigar os efeitos desta crise, o país 
começou agora a abrir as suas praias ao turismo 
internacional desde que sejam cumpridas certas 
condições para minimizar a propagação 
da doença. E em Varadero há vida outra vez. 
Fotografia: Yander Zamora/EPA
Aguardemos 
agora notícias 
sobre o apoio 
público 
socialista à 
dispendiosa 
contratação 
do novo 
treinador 
do Benfica.
O Governo reforçou para 18 
milhões de euros o pacote 
de medidas de resposta 
à crise no setor dos vinhos 
causada pela covid-19.
“
RUI RIO 
Presidente do PSD
Börje Ekholm é o presidente 
executivo da tecnológica 
sueca Ericsson.
4 
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 SEGUNDA-FEIRA 
|
 20 JUL 2020
CONVERSA CAPITAL
H á doentes “sem rosto” que não entraram no sis-tema porque evi-taram os centros 
de saúde e os hospitais. Em entre-
vista ao Negócios e à Antena 1, o 
bastonário da Ordem dos Médi-
cos, Miguel Guimarães, quantifi-
ca a quebra no número de consul-
tas e de acesso aos serviços de ur-
gência e propõe um plano “exce-
cional” de três a cinco meses para 
recuperar consultas, cirurgias e 
exames de diagnóstico. 
 
Estamos numa fase delicada. 
Há os doentes covid, mas tam-
bém a necessidade de recupe-
rar tudo o que ficou para trás. 
Começo por dizer que o que fi-
cou para trás já é irrecuperável... 
porque é impossível saber quem fi-
cou para trás em 2020. Se nem che-
gou a entrar no sistema, se não hou-
ve diagnóstico de cancro da mama, 
de cancro do cólon, se não há refe-
renciação dos cuidados de saúde 
primários aos cuidados hospitala-
res, se não há inscrição de novos 
doentes para cirurgia porque os 
doentes não entram no sistema é 
difícil as pessoas terem um rosto e 
é nesse sentido que é irrecuperável. 
Se compararmos estes três meses 
de 2019 – março, abril e maio – 
com os mesmos meses de 2020 os 
dados são estes: em termos de con-
sultas hospitalares, ou seja, primei-
ras consultas e subsequentes, fo-
ram feitas menos 900 mil consul-
tas em números redondos, o que 
corresponde a uma quebra de cer-
ca de 38% no que seria a atividade 
normal. Eu lembro que muitas das 
consultas hospitalares que estão 
aqui registadas em 2020 não foram 
propriamente consultas, foram 
contactos telefónicos. Nas cirurgias 
a quebra é de 93 mil cirurgias, ok? 
Pensem que a nossa ministra da 
Saúde disse que demoraríamos 
três meses a recuperar as cerca de 
oito mil cirurgias que não foram fei-
tas na greve cirúrgica dos enfermei-
ros. Se aplicássemos aqui uma re-
gra de três simples isso demoraria 
três anos, mas não vai ser o caso. 
 
Esses números são recolhidos 
pela Ordem? 
São oficiais, da Administração 
Central do Sistema de Saúde 
(ACSS), atenção. É ir às tabelas da 
ACSS e fazer as contas. Nos cuida-
dos de saúde primários foram fei-
tas menos 3 milhões de consultas 
presenciais, ou seja, menos 57%. 
No serviço de urgência no total fo-
ram menos 44% de doentes que 
acederam. 
 
O que é que esses números lhe 
dizem? 
Deixam-me preocupado. É que 
por um lado as pessoas ficaram 
com receio de ir aos serviços de saú-
de. Era importante fazermos uma 
campanha a explicar que situações 
como o enfarte agudo do mio-
cárdio, o acidente vascular cerebral, 
a insuficiência cardíaca, a doença 
pulmonar crónica obstrutiva ou a 
asma, as doenças oncológicas de 
uma forma geral são mais graves do 
que a própria covid-19. O facto de 
as pessoas ficarem em casa e não 
acorrerem ao serviço de urgência 
se tiverem uma dor torácica aguda 
que pode ser um enfarte agudo do 
miocárdio… mesmo que a pessoa 
não morra do enfarte agudo do 
miocárdio vai ficar com uma cica-
triz no coração que vai levar a uma 
insuficiência cardíaca grave. E mor-
rer a curto, médio prazo. 
 
Mas esse medo ainda não foi 
ultrapassado? 
Está a ser ultrapassado devagar. 
Para darmos uma resposta adequa-
da precisaríamos de ter a correr si-
multaneamente com a atividade 
normal um programa excecional 
de recuperação de todos os doen-
tes que estão em consultas e de to-
dos os doentes que estão à espera 
de cirurgias. 
 
Os hospitais não conseguem 
criar o seu próprio plano de re-
cuperação e fazê-lo? 
No estado de emergência era 
possível que tivessem essa liberda-
de. Neste momento não tenho cer-
teza que os hospitais tenham essa 
liberdade a não ser dentro daquilo 
que já existe que é o chamado sis-
tema de gestão de inscritos para ci-
rurgias, conhecido como SIGIC. 
Agora para terem um programa ex-
cecional, para eventualmente con-
tratarem mais pessoas para recu-
perar a lista de espera ao fim de se-
mana, imagine… 
 
Foram criados novos incenti-
vos esta semana. 
Incentivos existem. Mas não foi 
dada autonomia aos hospitais para 
poderem tomar decisões sobre esta 
matéria, isto é, para fazerem da for-
ma que considerem mais adequa-
da. Imagine um hospital que tem a 
sua capacidade física completa-
mente cheia e que faz um acordo 
com o setor social para alguns dos 
doentes que o hospital tem serem 
tratados pelos próprios médicos do 
hospital fora do horário de traba-
lho ao fim de semana.  
O que está a sugerir 
quando propõe um pro-
grama excecional são 
parcerias com outros ato-
res? 
Se for necessário. Cada 
hospital tem de avaliar a sua 
capacidade. Se não tiver lugar 
para internar os doentes não 
consigo operá-los. O que fize-
mos na pandemia quando não 
havia espaço? Criámos hospi-
tais de campanha. Alguns não 
chegaram a ser necessários. 
Mas outros deram jeito. O hos-
pital de campanha de Ovar foi 
fundamental para que o Hos-
pital de Ovar conseguisse dar 
a resposta que deu. 
 
Mas o que é que esse pla-
no excecional comporta-
ria? A possibilidade de 
recurso a privados? 
O que fosse necessário. O 
que é que nós temos em atra-
“Sem um programa 
excecional, muitos 
doentes não covid vão 
perder a oportunidade” 
Mostrando-se preocupado com os doentes que não chegaram a entrar no sistema, 
Miguel Guimarães defende a criação de um “plano excecional” para recuperar 
consultas, exames e cirurgias que garanta mais autonomia aos hospitais. 
“O que ficou para trás 
já é irrecuperável” 
MIGUEL GUIMARÃES BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS
“Era importante fazer uma 
campanha a explicar que 
situações como o enfarte 
agudo do miocárdio ou o 
acidente vascular cerebral 
são mais graves do que a 
própria covid-19.” 
CATARINA ALMEIDA PEREIRA 
catarinapereira@negocios.pt 
ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 
MIGUEL BALTAZAR 
Fotografia 
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 CONVERSA CAPITAL 
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5
so? Além dos números que já dei 
temos milhares, para não dizer 
milhões, de endoscopias digesti-
vas que não foram feitas nestes 
três meses. Temos exames com-
plementares de diagnóstico, TAC, 
ecografias, ressonâncias, biópsias, 
transplantes que não foram feitos 
[...]. A maior parte dos médicos 
tem consultas marcadas para os 
próximos três, quatro, cinco, seis 
meses. [O plano] significa o servi-
ço nacional de saúde esgotar a sua 
capacidade toda. Existem hospi-
tais em que eventualmente esta 
capacidade já está esgotada e es-
tão no limite, serão poucos. Não 
estamos a fazer ainda a retoma. 
 
Tenho conhecimento de um 
caso de oncologia em que foi 
dito que só daqui a seis me-
ses é que seria marcada a 
primeira consulta. 
Mal. Seja qual for a situação 
oncológica. Esse doente tem de 
ser visto mais cedo. Tem de haver 
solução. [...] Significa claramente 
rutura. Se nos ficarmos pelo SI-
GIC [para cirurgias] e não tiver-
mos um programa verdadeira-
mente excecional, uma coisa para 
três ou cinco meses, há muitos 
doentes que vão perder comple-
tamente a oportunidade. [...] Tem 
de ser um programa à parte para 
consultas, cirurgias, e exames 
complementares de diagnóstico. 
Mas depois há medidas urgentes 
a tomar. Continuamos com mais 
de 700 mil portugueses que não 
têm médico de família atribuído. 
E temos de melhorar a integração 
dos cuidados de saúde primários 
com os cuidados hospitalares. 
 
Olhando para o Orçamento 
suplementar parece que isso 
não vai acontecer, certo? 
De todo.O Orçamento suple-
mentar de 504 milhões de euros 
é uma mão-cheia de nada e pare-
ce que não são bem 504 milhões 
de euros, como no outro dia ex-
plicou o Bloco de Esquerda. […] 
Precisaríamos de cerca de 1.200 
milhões de euros. Repare: temos 
de fazer o reforço da capacidade 
de resposta para o inverno, na 
área da saúde pública, na área dos 
cuidados intensivos. Ainda ago-
ra a comissão que fez o relatório 
dos cuidados intensivos apresen-
ta-nos números extraordinaria-
mente preocupantes, e diz-nos 
que a resposta nos cuidados in-
tensivos só foi possível porque os 
recursos humanos e técnicos fi-
caram todos concentrados na 
doença covid-19. Os doentes não 
covid deixaram de ser operados, 
deixaram de ser necessários cui-
dados intensivos, etc., e muitos 
profissionais que não eram dos 
cuidados intensivos tiveram a aju-
dar. Se tivermos gripe sazonal 
mais covid-19, mais os doentes 
não covid que não podemos dei-
xar outra vez para trás, seria de-
sastroso para o país. 
 
Isso pode acontecer se 
houver um novo surto? 
Temos de ter capacidade de res-
ponder à covid e à não covid. A 
Ordem dos Médicos fez uma su-
gestão que não foi seguida de exis-
tirem hospitais covid e hospitais 
não covid. Se tivéssemos feito 
isso nós tínhamos respondido à 
covid na mesma, até porque aca-
bámos por fazer um confinamen-
to relativamente bem feito. O nos-
so primeiro-ministro esteve mui-
to bem, é figura de eleição no 
combate a esta pandemia, além 
dos profissionais de saúde.  
Bastonário 
e médico em 
exercício 
PERFIL
Licenciado em Medicina e Cirurgia 
pela Universidade do Porto, cidade 
onde nasceu há 58 anos, Miguel Gui-
marães desenvolveu a sua carreira 
na especialidade de urologia. Faz 
parte da equipa de transplantação 
do Centro Hospitalar Universitário 
de São João, tendo participado, des-
de 1994, “em mais de 400 cirurgias 
de transplante renal”, de acordo 
com a biografia oficial. Com um lon-
go percurso associativo, chegou a 
presidente do Conselho Regional do 
Norte da Ordem dos Médicos em 
2011. Foi eleito em janeiro para um 
segundo mandato como bastonário. 
Mantém as consultas à quinta-feira 
e integra as escalas de transplante 
um fim de semana por mês. A 12 de 
março defendeu, em entrevista ao 
Público, o encerramento de “esco-
las, cinemas, discotecas e bares”, 
contrariando a decisão do Conselho 
Nacional de Saúde Pública, tal como 
faria horas depois o primeiro-minis-
tro, António Costa. É casado e não 
tem filhos. Se não fosse a pandemia 
passaria férias fora do país. Este ano 
escolhe o Algarve. 
“O Orçamento suplementar 
é uma mão-cheia de nada.” 
 
“O nosso primeiro-ministro 
é a figura de eleição no 
combate a esta pandemia, 
além, naturalmente, dos 
profissionais de saúde.”
C riticando Marta Temi-do pelo que considera ser a falta de valoriza-ção dos profissionais de 
saúde, o bastonário da Ordem dos 
Médicos também refere que os 
profissionais não precisam de pré-
mios com um alcance por definir, 
como os que foram aprovados no 
Parlamento, mas antes de uma re-
visão da carreira. 
 
Existe realmente uma situa-
ção de exaustão entre os mé-
dicos e de rutura? 
Claro que existe. Estamos a fa-
lar de exaustão, de ‘burnout’, de 
sofrimento ético, não vamos falar 
por exemplo de suicídios, que é 
complicado, não o podemos fazer 
publicamente... mas muita coisa 
aconteceu nestes meses. Muito 
mais do que as pessoas imaginam. 
 
Não vamos falar de suicídios 
mas poderíamos falar. 
Mas poderíamos falar. Não va-
mos falar. Há muita coisa que 
aconteceu nos últimos meses 
muito complicada, eu espero que 
a senhora ministra esteja a par de 
tudo. 
 
Acha que está? 
Não sei se está, sinceramente. 
Os profissionais de saúde este ano 
já fizeram no primeiro semestre 
mais 17% de horas extraordiná-
rias. No ano passado os médicos 
fizeram 6 milhões de horas ex-
traordinárias, isto é uma coisa bru-
tal. Por si só dava para contratar 
3.300 médicos a trabalharem 40 
horas por semana durante um ano 
inteiro para o SNS. 
Mas a circunstância de os 
médicos terem atingido nal-
guns casos esses estados de 
exaustão e terem de descan-
sar está a refletir-se nos ser-
viços? 
Neste momento temos uma 
situação extremamente comple-
xa que não é a covid. O mais im-
portante é os doentes não covid. 
Os médicos precisam de parar um 
bocado porque não parar pode ter 
consequências desastrosas, em 
termos de saúde mental, mas tam-
bém do ‘burnout’ e sobretudo 
aquilo que é o sofrimento ético, 
que é a pessoa querer continuar a 
dar o melhor de si, querer conti-
nuar a trabalhar, saber que se não 
o fizer vai prejudicar o serviço, que 
em última instância tem implica-
ções negativas sobre os próprios 
doentes e saber também que não 
está em condições. Se está com 
uma ansiedade elevadíssima, em 
depressão, isto depois dá aquilo 
que se chama o sofrimento ético. 
 
Se houver uma segunda vaga 
os médicos vão estar igual-
mente disponíveis? 
Eu acredito, sinceramente, 
como representante dos médicos, 
que estarão sempre disponíveis 
para ajudar o país. Mas era impor-
tantíssimo que quem tem respon-
sabilidades políticas valorizasse 
mais os profissionais de saúde e 
lhes desse uma palavra de consi-
deração… 
 
Não foi dada? 
Não está a ser dada. O Dia do 
Médico foi no dia 18 de junho, ou-
CONVERSA CAPITAL
Miguel Guimarães diz que a pandemia gerou situações “muito 
complicadas” nos hospitais e alerta para as consequências da exaustão 
dos profissionais de saúde, que reclamam uma revisão da carreira. 
“Se os médicos não pararem um 
bocado, pode ser desastroso” 
MIGUEL GUIMARÃES BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS
CATARINA ALMEIDA PEREIRA 
catarinapereira@negocios.pt 
ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 
MIGUEL BALTAZAR 
Fotografia 
 
 
“Nos últimos meses aconteceu 
muita coisa muito complicada. 
Espero que a senhora ministra 
esteja a par de tudo. Não sei se 
está, sinceramente.” 
6 
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
O bastonário da Ordem dos 
Médicos faz uma apreciação 
muito positiva do desempe-
nho do primeiro-ministro - 
uma “figura de eleição no 
combate à pandemia” - mas 
aponta falhas à ministra da 
Saúde na valorização dos pro-
fissionais e acusa a diretora-
-geral da Saúde, Graça Freitas, 
de faltar à verdade. 
“Eu conheço bem a douto-
ra Graça Freitas, é verdade 
que ela às vezes diz mais do 
que devia dizer, é verdade que 
tenta justificar o injustificável, 
e quando temos de justificar 
alguma coisa temos de falar a 
verdade. O que eu acho que às 
vezes tem faltado é um discur-
so de verdade”. Miguel Gui-
marães refere-se à decisão de 
autorizar os aviões a circular 
com a lotação máxima, “uma 
decisão europeia à qual Por-
tugal aderiu”. “Não podemos 
dizer que isso não tem um pro-
blema porque as pessoas vão 
a olhar para a frente, como ela 
disse. Não podemos fazer isto. 
A autoridade de saúde tem de 
dizer a principal regra de com-
bate à pandemia, nos aviões, 
vai ser quebrada, que é o dis-
tanciamento social. A segun-
da é a máscara.” 
Graça Freitas 
“tenta justificar 
o injustificável” 
DOUTOR 
Normalmente está associado a 
médico. 
 
MÉDICO 
É um ser humanista e solidário, 
que no caso desta pandemia deu 
uma resposta absolutamente ex-
cecional. 
 
MISERICÓRDIAS 
As Misericórdias podem ser mais 
importantes ainda no contexto 
da resposta que estamos a dar à 
pandemia. 
 
RICARDO SALGADO 
Não conheço o processo. 
 
RACISMO 
É feio, não devia existir. 
 
DONALD TRUMP 
Uma desgraça para os EUA e 
para o mundo. 
 
EUTANÁSIA 
Uma situação complexa à qual 
obviamente a Ordem dos Médi-
cos não é favorável. 
 
AMIGO 
Sempre. 
 
FÉRIAS 
Não fica bem dizer agora o sítio 
que eu ia dizer, portanto Algar-
ve. 
 
MAR 
Azul. 
 
VIDA 
Viver. 
 
ESPERANÇA 
É a última coisa a morrer. 
 
PORTUGAL 
Sempre. 
Respostas 
rápidas
viu alguma palavra de algum po-
lítico nacional sobre o Dia do 
Médico? O Presidente francês 
dedicou o Dia da Bastilha, o dia 
nacional de França, a homena-
gear os profissionais de saúde. 
Você já viu isto em Portugal? 
 
E oprémio de desempenho 
aprovado pelo Parlamento, 
correspondente a metade 
do salário-base não é uma 
motivação? 
É um prémio que não está, 
sequer, bem definido. Será para 
quem está na linha da frente. O 
que é que é a linha da frente? São 
os centros de saúde? São os hos-
pitais? É o serviço de urgência? 
São os centros de deteção dos 
testes de covid? É quem está a 
aguentar os doentes que estão 
internados? É quem está a tra-
tar os doentes que estão nos cui-
dados intensivos? É quem está 
a fazer as consultas dos doentes 
não covid para eles não ficarem 
para trás? Isso ainda não foi es-
clarecido e nós vamos ter sur-
presas quando chegarmos ao 
prémio. E depois, estes profis-
sionais não precisam de prémio. 
Estes profissionais precisam de 
uma revisão da sua carreira, ver 
a sua carreira valorizada. Numa 
altura em que você vê a Hungria, 
a Holanda, a Alemanha, a Fran-
ça, enfim… quase todos da Euro-
pa a valorizarem aquilo que é o 
trabalho dos profissionais de 
saúde, em Portugal dá-se um 
prémio que não se sabe que pré-
mio é que vai ser. 
 
Acha que será possível ne-
gociar carreiras com o 
agravamento da situação 
económica e orçamental? 
Sabe que estas coisas têm 
um ‘timing’ para serem feitas. 
Nós somos peritos a fazer pla-
nos a dez anos. Mas nós temos 
de responder às pessoas hoje. Eu 
percebo que não conseguimos 
fazer tudo de uma vez, eu perce-
bo que existem limites para fa-
zer as coisas. Mas há um mo-
mento para valorizar estas pes-
soas, que mostraram que a saú-
de num país é extraordinaria-
mente importante, que deram 
um exemplo ao mundo de qual 
é a posição de Portugal na área 
da saúde, que tem uma taxa de 
letalidade que compara favora-
velmente com a maior parte dos 
países europeus. Estes profissio-
nais merecem um bocado mais 
de consideração. E eu lamento 
dizê-lo, mas acho que quem tem 
a responsabilidade direta sobre 
os profissionais – estou a falar da 
ministra da Saúde, sendo obje-
tivo – não o tem feito. Bem pelo 
contrário. Ainda estamos a tem-
po. 
 
Explicou que um estudo 
feito há dois anos mostrou 
que 66% dos médicos têm 
alguma dimensão de ‘bur-
nout’. Já percebemos tam-
bém que no decurso desta 
pandemia houve situações 
extremas de suicídio entre 
os médicos, e sobre isso 
também vão ter dados nes-
se estudo? Ou tem neste 
momento? 
Não, não temos dados ofi-
ciais sobre essa matéria. Essa 
matéria, como sabe, é uma ma-
téria complexa. É uma matéria 
que pode ter outro tipo de con-
tornos. Nós temos conhecimen-
to de situações, não temos pro-
priamente dados sobre essa ma-
téria nem estamos a procurá-los 
neste momento. 
 
Mas vão procurar? 
Talvez. Não os podemos di-
vulgar, por isso são mesmo só 
para nós.  
Um novo inquérito da Ordem 
dos Médicos conclui que há 49 
médicos infetados em cerca de 
2.600 inquiridos (2%). “Trans-
pondo isto para o número de 
médicos que temos no país, isto 
corresponde a cerca de 1.017 
médicos que já estiveram infe-
tados ou que estão infetados”, 
um número superior ao que 
tem sido divulgado pelas auto-
ridades, conclui o bastonário 
da Ordem dos Médicos. 
Em entrevista ao Negó-
cios e à Antena 1, Miguel Gui-
marães diz também que a 
percentagem de médicos que 
tiveram contacto mais direto 
com pessoas com covid e que 
ainda não foram testados está 
ligeiramente abaixo dos 47% 
apurados no inquérito divul-
gado em maio. 
Apesar de reconhecer que 
a percentagem de médicos tes-
tados aumentou, o bastonário 
acrescenta que ao contrário do 
que chegou a admitir o Gover-
no, a “política de testagem está 
exatamente igual”. 
A Ordem contesta a norma 
da da DGS que determina que 
“um médico ou enfermeiro 
que tenha tido um contacto de 
alto risco, ou seja, que tenha es-
tado com um doente covid-19 
ou com um doente suspeito de 
ter covid-19 não deve fazer tes-
tes a não ser que tenha sinto-
mas”. O objetivo da norma 
será que “não se detete tanta 
gente se calhar infetada por-
que aí depois não há capital 
humano”.  
Política de 
testagem de 
médicos “está 
exatamente igual” 
 Em Portugal, dá-se um 
prémio que não se sabe o 
que vai ser. 
 Os profissionais de saúde 
não precisam de um 
prémio, precisam de uma 
valorização da carreira. 
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O discurso do desconfinamento foi “demasiado otimista”, mas era 
expectável um aumento de casos. Faltam meios em Lisboa, mas Miguel 
Guimarães considera que a situação está “mais ou menos controlada”. 
A pesar da falta de meios na região de Lisboa, a situação está “mais ou menos con-
trolada”, defende o bastonário da 
Ordem dos Médicos, sublinhan-
do que não seria possível descon-
finar sem aumentar novos casos. 
 
Portugal continua diaria-
mente com mais de 300 no-
vas infeções. Do seu ponto de 
vista, estes números são 
preocupantes? E correspon-
dem à realidade? 
Eu não sei se correspondem à 
realidade ou não, eu tenho de 
acreditar que aquilo que a autori-
dade da Saúde nos comunica está 
correto. Sabemos que os sistemas 
de informação não têm funciona-
do como deve ser. Mas é preciso 
que se diga que no desconfina-
mento é sempre possível que os 
casos aumentem. Claro que nós 
estamos a ter mais do que os ou-
tros [países] mas já temos mais 
tempo de desconfinamento. O 
que é que está a falhar? Está a fa-
lhar a comunicação que foi feita 
ao país, existiu um discurso de-
masiado otimista, o discurso que 
estava tudo bem, tudo controla-
do. Ora, se por um lado esse dis-
curso ajuda ao desconfinamento 
por outro lado é facilitador de que 
as pessoas não cumpram as pró-
prias regras da DGS. Além disso 
aqui na região de Lisboa e Vale do 
Tejo existem de facto deficiências 
a nível do capital humano, dos 
técnicos que dão apoio à saúde 
pública, dos enfermeiros. Isso não 
tem permitido atuar com rapidez 
na identificação das pessoas, no 
isolamento e na testagem, even-
tualmente se necessário usando 
cercas sanitárias. 
 
E neste caso da AML isso de-
via ter sido feito? 
Eu não tenho a informação 
que permita dar uma resposta cor-
reta. Esse é outro dos problemas. 
A informação que é disponibiliza-
da à comunidade médica e cientí-
fica é a que sai na newsletter da 
DGS, que é uma mão-cheia de 
nada. 
 
Relativamente à questão de 
Lisboa, e referia que é preci-
so mais meios para tentar ul-
trapassar, recordo que por 
exemplo o PSD criticou a 
atuação do presidente da câ-
mara, diz que falhou na pre-
venção e que acordou tarde. 
Isto faz sentido? 
Eu recordo que as chefias dos 
hospitais dos ACES e os próprios 
presidentes de câmara do Norte 
do país [no início da pandemia] 
tiveram um comportamento ir-
repreensível. Foi o presidente da 
Câmara de Ovar que pediu a cer-
ca sanitária. Houve um compor-
tamento que provavelmente não 
teve lugar aqui em Lisboa em 
Vale do Tejo. Por outro lado, por 
exemplo a questão dos transpor-
tes públicos: continua a insistir-
-se que não tem importância e – 
isto agora é uma brincadeira – se 
calhar porque o vírus já não con-
segue entrar no metro, num au-
tocarro. Numa determinada fase 
as pessoas estão amontoadas 
umas em cima das outras. E isto 
de facto não é isolamento social. 
E é impossível alguém dizer se 
esta situação já contribuiu para 
as infeções ou não. 
 
Existe probabilidade de ha-
ver contágio em transportes 
lotados? 
É enorme. Sabemos disso, é 
aliás como nos campos de futebol. 
Ainda bem que os jogos de futebol 
não tiveram assistência e espero 
que a Champions também não vá 
ter, porque senão será um desas-
tre. O público não se consegue 
conter. 
 
As médias que estamos a ter 
preocupam-no? 
Se nós compararmos com o que 
está a acontecer na Europa no nú-
mero de novos infetados por dia 
não estamos bem. Continuamos 
muito bem na taxa de letalidade, 
que se deve diretamente aos pro-
fissionais de saúde. Agora eu não 
estou propriamente muito preo-
cupado, porque eu acho que a si-
tuação está mais ou menos con-
trolada, ok? Onde há algum des-
controlo é nos meios, nos meca-
nismosde controlo da própria in-
feção. Desde o início que faltam 
médicos de saúde pública aqui na 
região de Lisboa e Vale do Tejo, 
faltam pessoas para ajudar a fazer 
os contactos, depois isolar e fazer 
o rastreamento total dos poten-
ciais infetados. [...]Isto é uma ca-
deia. Se não conseguir rapida-
mente ter os resultados dos tes-
tes, ou seja, se os resultados não 
forem rápidos, eu vou demorar 
muito tempo a saber quem é po-
sitivo e quem não é positivo. 
Há um risco “enorme” de contágio 
em transportes lotados 
MIGUEL GUIMARÃES BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS
CATARINA ALMEIDA PEREIRA 
catarinapereira@negocios.pt 
ROSÁRIO LIRA, ANTENA 1 
MIGUEL BALTAZAR 
Fotografia 
CONVERSA CAPITAL
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
ECONOMIA
A inda que tenham em vista o aumen-to da rentabilidade da empresa ou da sua produtividade, 
a redução de desperdícios ou mes-
mo a modernização, a aquisição 
de ativos isolados que não estejam 
integrados num projeto de inves-
timento não podem ser aceites 
pelo Fisco para efeitos de aplica-
ção do Regime Fiscal de Apoio ao 
Investimento (RFAI). Por outras 
palavras, não contam para efeitos 
deste aplicação deste benefício. 
Em causa está uma recente in-
terpretação, sancionada pela di-
retora de serviços do IRC e agora 
divulgada pelo Fisco. Ainda que 
respeite a um caso concreto, terá 
efeitos para a generalidade dos 
contribuintes, uma vez que, sen-
do uma informação vinculativa, 
deverá passar a ser esta a orienta-
ção seguida pelos serviços sempre 
que apreciem situações idênticas. 
O RFAI está previsto no Códi-
go Fiscal do Investimento e tem 
como objetivo promover o inves-
timento e a criação de postos de 
trabalho. Permite uma significati-
va redução do IRC e em 2018 (úl-
timas estatísticas disponíveis), foi 
o benefício mais utilizado pelas 
empresas portuguesas, represen-
tando cerca de 165 milhões de eu-
ros de deduções à coleta de IRC. 
Na prática, corresponde a uma de-
dução à coleta de 25% do investi-
mento relevante para investimen-
tos até 15 milhões de euros e 10% 
quanto ao remanescente. Em re-
gra há um limite até 50% da cole-
ta, mas se for uma empresa em iní-
cio de atividade, o RFAI poderá 
concorrer até 100% da coleta. A 
dedução é feita no ano seguinte, 
mas se não houver coleta, pode ser 
reportada por 10 exercícios. 
 
Central telefónica e música 
No caso agora avaliado pelo Fis-
co, na sequência de dúvidas colo-
cadas por contribuintes, estava em 
causa uma empresa que tinha efe-
tuado investimentos em tecnolo-
gia e imagem, adquirindo uma 
central telefónica digital e softwa-
re de apoio à produção. Tinha 
também comprado música, a uma 
produtora, para inserir no seu site. 
Ora, o CFI considera, de fac-
to, que são elegíveis, para efeitos 
do RFAI, os investimentos nos 
ativos fixos tangíveis, adquiridos 
em estado de novo, desde que afe-
tos à exploração da empresa e os 
investimentos em ativos intangí-
veis, constituídos por despesas 
com transferência de tecnologia, 
nomeadamente através da aqui-
sição de direitos de patentes, licen-
ças, ‘know-how’ ou conhecimen-
tos técnicos. Porém, o mesmo có-
digo prevê expressamente que só 
são aceites as aplicações que res-
peitem a “investimentos iniciais”. 
Mas em que consiste, afinal, 
este conceito de investimento ini-
cial? Serão, desde logo, os custos 
relacionados com a criação de um 
novo estabelecimento. Mas, tam-
bém, os que potenciem o aumen-
to da capacidade de um estabele-
cimento já existente ou os que con-
corram para a diversidade da pro-
dução de uma empresa. E, final-
mente, o investimento efetuado na 
sequência de “uma alteração fun-
damental do processo de produ-
ção global de um estabelecimento 
já existente”. É dentro destes pa-
râmetros que o Fisco define o que 
é ou não aceite para efeitos de 
RFAI e, de acordo com a interpre-
tação agora determinada pela AT, 
não se considera “como aplicação 
relevante a ‘aquisição isolada’ de 
ativos que não integrem tal concei-
to”, não sendo igualmente “elegí-
vel como aplicação relevante o in-
vestimento na ‘aquisição de equi-
pamentos de substituição’”, lê-se 
na informação vinculativa. 
Isto porque, acrescenta o Fis-
co, “tem sido entendimento” que 
se “pressupõe a existência de uma 
estratégia global de investimento, 
realidade que não se compagina 
com a aquisição isolada de qual-
quer bem do ativo”. Ou seja, ape-
sar de até estar em causa o aumen-
to da rentabilidade e produtivida-
de da empresa, ou a sua moderni-
zação, se os investimentos em cau-
sa não se inserirem “numa estra-
tégia global de investimento” com 
vista a um “aumento da capacida-
de de um estabelecimento já exis-
tente” ou ”diversificação da produ-
ção no que se refere a produtos aí 
não fabricados anteriormente”, 
não podem ser aceites para efeitos 
deste benefício.  
IMPOSTOS
Compras isoladas não 
contam para o RFAI 
Aquisição de ativos isolados ou de equipamentos de substituição não podem ser aceites 
para efeito de aplicação do regime do apoio ao investimento. A decisão é da AT que assim 
vem interpretar o regime de benefícios fiscais mais usado pelas empresas. 
Os benefícios fiscais no âmbito do regime de apoio ao investimento foram os mais usados em 2018. 
MIguel Baltazar
FILOMENA LANÇA 
filomenalanca@negocios.pt 
A Inspeção-Geral de Finanças reco-
mendou recentemente à Autoridade 
Tributária e Aduaneira que reforce 
a sua ação de fiscalização à forma 
como está a ser utilizado pelas em-
presas o Regime Fiscal de Apoio ao 
Investimento (RFAI). Numa audito-
ria ao triénio 2015/2017, a IGF dete-
tou situações irregulares num total 
de 34 milhões de euros, “resultantes 
de diferenças nos saldos transitados, 
de incoerências entre saldos inicial 
e final do mesmo exercício e do in-
cumprimento da regra de dedução 
máxima de 50% da coleta do IRC”. A 
IGF concluiu que “as metodologias 
de controlo deste importante bene-
fício fiscal de IRC estavam desatua-
lizadas e que algumas normas apli-
cáveis ao RFAI necessitam de clarifi-
cação (como por exemplo, quanto 
aos requisitos relativos à criação de 
postos de trabalho, à gestão dos in-
vestimentos relevantes intragrupo, 
ao apuramento da dotação RFAI e ao 
limite de dedução à coleta)”. 
IGF detetou falhas 
no controlo 
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 ECONOMIA 
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Três dias de negociações in-tensas e dezenas de reu-niões bilaterais foram in-suficientes para os líderes 
da União Europeia chegarem um 
entendimento até ao jantar que de-
correu na noite de ontem em Bru-
xelas, altura em que persistiam 
grandes divisões entre o bloco de 
cinco países conhecido por “frugais” 
e os restantes estados-membros . 
No fecho desta edição, à mesa 
do tenso jantar que decorria no ple-
nário do Conselho Europeu, o ce-
nário mais provável apontava para 
um fracasso. Holanda, Áustria, Di-
namarca e Suécia, grupo a que se 
juntou a Finlândia, estavam isola-
dos do resto da UE, mas mostra-
vam-se intransigentes na redução 
adicional das subvenções do plano 
de recuperação da pandemia 
O grupo de países liderado pelo 
primeiro-ministro holandês Mark 
Rutte pretendia reduzir o valor do 
fundo de recuperação para 700 mil 
milhões de euros. E que o dinheiro 
fosse dividido em partes iguais em 
subvenções e empréstimos com ju-
ros reduzidos, ambas com fatias de 
350 mil milhões de euros. Uma so-
lução bem distinta da proposta for-
mulada inicialmente pelo presi-
dente do Conselho Europeu (500 
mil milhões em subvenções e 250 
mil milhões em empréstimos) e 
que no sábado já tinha sido revista 
para ir ao encontro das pretensões 
dos “frugais”. 
A meio do Conselho Europeu 
Charles Michel tinha cortado o 
montante do fundo de recuperação 
da UE a distribuir pelos países a 
fundo perdido de 500 para 450 mil 
milhões. E transferiu esse valor 
para a rubrica a conceder a título de 
empréstimos (300 mil milhões de 
euros), mantendo o montante glo-
bal de 750 mil milhões de euros de 
dívida conjunta que a Comissão 
Europeia se propõe assegurar jun-
to dos mercados.Mark Rutte comentou que esta 
proposta representava um “passo 
na direção certa”, mas exigiu que 
presidente do Conselho Europeu 
fosse mais longe. Mas Charles Mi-
chel, Merkel e Macron colocaram 
o limite mínimo das subvenções 
nos 400 mil milhões de euros. 
 
Europa dividida 
Com os dois lados ainda longe de 
um consenso, ao início da noite de 
ontem vários líderes europeus ad-
mitiam um prolongamento nas ne-
gociações até segunda-feira, a tem-
po de ter uma solução antes da 
abertura dos mercados europeus. 
A Europa já por diversas vezes 
conseguiu fechar acordos impro-
váveis após maratonas negociais 
pela noite dentro. Mesmo que tal 
se repita agora, parece certo que o 
fundo de recuperação não terá o 
“poder de fogo” previsto no início e 
o Conselho Europeu mostra uma 
vez mais como são profundas as di-
visões, sobretudo norte-sul e leste-
-oeste na Europa. 
No jantar de ontem um dos lí-
deres dos “frugais” rebateu as críti-
cas de que estavam a ser intransi-
gentes, lembrando que entraram 
neste Conselho Europeu a defen-
der ausência de subvenções e ago-
ra estavam dispostos a aceitar 350 
mil milhões de euros. Já do outro 
lado a cedência tinha sido a redu-
ção de “apenas” 50 mil milhões de 
euros nos apoios a fundo perdido. 
A dificultar o acordo estava 
também o próximo quadro finan-
ceiro plurianual (2021-27), que foi 
mantido em 1,074 mil milhões de 
euros e os frugais pretendem me-
nos ambicioso para reduzir as res-
petivas contribuições nacionais. 
Além disso continuam também a 
defender que se mantenha o meca-
nismo de rebate, uma espécie de 
desconto aplicado em benefícios 
dos contribuintes líquidos para o 
orçamento comunitário. 
Há ainda um outro bloqueio, 
porventura o mais sensível de to-
dos e que tem Mark Rutte como 
principal promotor. Trata-se do 
chamado modelo de gestão das re-
formas e investimentos que os Es-
tados-membros terão de prosse-
guir, como contrapartida para o re-
cebimento dos fundos. 
O confronto verbal subiu on-
tem de tom ao longo do dia, com o 
primeiro-ministro húngaro, Viktor 
Orbán, a dizer que o acordo estava 
bloqueado “por causa do tipo ho-
landês” e o primeiro-ministro ita-
liano a considerar que a “Europa 
está a ser chantageada”. A presi-
dente do BCE transmitiu uma 
mensagem que pode ser entendi-
da como um tranquilizador para os 
mercados. “Mais vale chegar a 
acordo sobre um plano ambicioso, 
mesmo que demore mais algum 
tempo”. 
CONSELHO EUROPEU
Exigências dos “cinco frugais” 
travam recuperação da Europa
Os “cinco frugais” pretendem reduzir o valor do fundo de recuperação e baixar os 
apoios a fundo perdido para 350 mil milhões de euros. O presidente do Conselho 
Europeu, Merkel e Macron não vão além de um corte para 400 mil milhões de euros. 
Intensas reuniões no conselho europeu de três dias não foram suficientes para aproximar posições até ao jantar de domingo.
Francisco Seco/Pool/EPA
NUNO CARREGUEIRO 
nc@negocios.pt 
DAVID SANTIAGO 
dsantiago@negocios.pt
Falhar um acordo 
será uma péssima 
notícia para a Europa, 
um péssimo sinal 
para todos os 
agentes económicos. 
ANTÓNIO COSTA
“
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
ECONOMIA
M esmo estando em queda nas inten-ções de voto pelo segundo mês se-
guido, o PS continua próximo de 
valores que podem conferir uma 
maioria absoluta e com uma van-
tagem destacada sobre o PSD de 
15 pontos percentuais. 
A sondagem de julho da Inter-
campus para o Negócios e o 
CM/CMTV atribui 39% das in-
tenções de voto aos socialistas, que 
assim recuam um ponto percen-
tual relativamente ao registado no 
mês passado. 
Após ter crescido nas inten-
ções de voto perto de nove pontos 
percentuais entre março e maio, 
para chegar aos 40,3%, o partido 
chefiado por António Costa pare-
ce agora estar a deixar de tirar par-
tido da pandemia e do chamado 
efeito “rally round the flag”, se-
gundo o qual os detentores do po-
der executivo tendem a beneficiar, 
pelo menos numa primeira fase, 
do surgimento de uma crise. 
Também o maior partido da 
oposição surge em perda, ainda 
que ligeira, com o PSD a não ir 
além dos 23,9% e Rui Rio a mos-
trar-se incapaz de aproximar os 
sociais-democratas do PS. O PSD 
afasta-se novamente dos 27,8% 
obtidos nas legislativas de outu-
bro último. 
Já o Bloco de Esquerda ganha 
força pelo terceiro mês consecu-
tivo ao fixar-se em 10,4%, o que 
permite aos bloquistas consolida-
rem a posição de terceira maior 
força política nacional e afasta-
rem-se do Chega. 
 
CDU “apanha” Chega 
É que o partido populista liderado 
pelo também candidato presiden-
cial André Ventura mantém a ten-
dência de queda e perde meio pon-
to para 6,2%, deixando-se assim 
apanhar pela CDU (coligação elei-
toral entre o PCP e o PEV- parti-
do ecologista os Verdes ), uma vez 
que a aliança encabeçada por Je-
rónimo de Sousa mantém precisa-
mente os mesmos 6,2% já regista-
dos no mês passado. 
Tal como o Bloco, também o 
CDS cresce pela terceira vez se-
guida. O partido presidido por 
Francisco Rodrigues dos Santos 
ganha mais de meio ponto percen-
tual para atingir 4,8% das inten-
ções de voto. 
 
IL é o partido que mais sobe 
Além do Bloco e do CDS, só a Ini-
ciativa Liberal reforça a respetiva 
expressão no mais recente baró-
metro da Intercampus. A força po-
lítica liderada por João Cotrim Fi-
gueiredo avança praticamente um 
ponto para 2,8%, ficando quase 
colado ao PAN mas ainda aquém 
dos 3,2% observados em maio. 
Por seu turno, e numa altura 
em que atravessa uma fase de 
grande instabilidade interna, o 
partido de André Silva permane-
ce estável com 3%. 
Depois de causar sensação nas 
legislativas de 2015 e de, em 2019, 
ter reforçado a posição no Parla-
mento, elegendo quatro deputa-
dos (isto para além de ter garanti-
do presença no Parlamento Euro-
peu com a eleição de Francisco 
Guerreiro), o PAN assistiu a uma 
debandada de alguns dos seus 
mais importantes elementos diri-
gentes. A agora deputada não ins-
crita Cristina Rodrigues e o atual-
mente eurodeputado indepen-
dente Francisco Guerreiro, entre 
outros, abandonaram o partido. 
 
Suplementar sem 
repercussões 
Este estudo de opinião foi realiza-
do entre os dias 8 e 13 de julho, já 
depois, portanto, da aprovação do 
Orçamento suplementar em que 
o Governo ajustou as contas para 
acomodar a quebra económica 
causada pela crise pandémica. 
Contudo, as votações no reti-
ficativo parecem não ter tido in-
fluência direta nas intenções de 
voto dos inquiridos pela Inter-
campus no presente mês. O suple-
mentar foi aprovado com votos a 
favor do PS e viabilizado pelas 
abstenções de PSD, Bloco e PAN, 
enquanto PCP e Verdes, pela pri-
meira vez desde a geringonça, vo-
taram contra. 
Se PS, PSD e PAN apresen-
tam variações negativas face ao 
mês anterior, o Bloco sobe e a 
CDU permanece estável. 
SONDAGEM
Depois de terem beneficiado da eclosão da pandemia, os socialistas caem pelo 
segundo mês consecutivo nas intenções de voto medidas pela Intercampus, contudo 
permanecem no limiar da maioria absoluta. Só Bloco, CDS e IL sobem face a junho. 
DAVID SANTIAGO 
dsantiago@negocios.pt
PS já não capitaliza com pandemia 
mas ainda ronda maioria 
PS CONTINUA DESTACADO 
Intenções de voto 
Os socialistas são o partido que mais cai nas intenções de voto face a ju-
nho, porém mantém a liderança destacada. O PSD consegue uma ligeira 
aproximação, mas continua a distantes 15 pontos percentuais do PS. CDU 
cola ao Chega e IL, ao registar a maior subida, aproxima-se do PAN. 
Fonte: Intercampus
Objetivo Sondagem realizada pela INTERCAMPUS para 
a CMTV, com o objetivo de conhecer a opinião dos 
Portugueses sobre diversos temas da política nacional, 
incluindo a intenção de voto em eleições legislativas. 
Universo População portuguesa, com 18 e mais anos de 
idade, eleitoralmente recenseada, residente em 
Portugal Continental. Amostra A amostra é constituída 
por n=620 entrevistas, com a seguinte distribuição 
proporcional por Género (291 homens e 329 mulheres), 
Idade (132 entre os 18 e os 34 anos; 232 entre os 35 eos 
54 anos; 256 com mais de 55 anos) e Região (234 no 
Norte, 146 no Centro; 165 em Lisboa, 47 no Alentejo e 
28 no Algarve). Seleção da amostra A seleção do lar 
fez-se através da geração aleatória de números de 
telefone fixo / móvel. No lar a seleção do respondente 
foi realizada através do método de quotas de género e 
idade (3 grupos). Foi elaborada uma matriz de quotas 
por Região (NUTSII), Género e Idade, com base nos 
dados do Recenseamento Eleitoral da População 
Portuguesa (31/12/2016) da Direção Geral da 
Administração Interna (DGAI). Recolha da informação 
A informação foi recolhida através de entrevista 
telefónica, em total privacidade, através do sistema 
CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing). O 
questionário foi elaborado pela INTERCAMPUS e 
posteriormente aprovado pelo cliente. A INTERCAMPUS 
conta com uma equipa de profissionais experimentados 
que conhecem e respeitam as normas de qualidade da 
empresa. Estiveram envolvidos 31 entrevistadores, 
devidamente treinados para o efeito, sob a supervisão 
dos técnicos responsáveis pelo estudo. Os trabalhos de 
campo decorreram entre 08 a 13 de Julho. Margem de 
erro O erro máximo de amostragem deste estudo, para 
um intervalo de confiança de 95%, é de ± 3,9%. Taxa 
de resposta A taxa de resposta obtida neste estudo foi 
de: 63%. 
FICHA TÉCNICA 
 
Bloco e CDS 
crescem pela 
terceira vez 
consecutiva e IL 
é o partido que 
mais sobe. CDU 
apanha o Chega. 
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 ECONOMIA 
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13
Está a desvanecer-se o efeito po-
sitivo generalizado que o surto 
do novo coronavírus teve na ava-
liação que os portugueses fazem 
do desempenho dos líderes par-
tidários. O barómetro de julho da 
Intercampus para o Negócios e 
o CM/CMTV mostra que a po-
pularidade dos líderes dos prin-
cipais partidos recuou para níveis 
próximos dos que se verificavam 
antes da pandemia. 
O primeiro-ministro e secre-
tário-geral do PS, António Cos-
ta, merece uma nota de 3,4 
(numa escala de 1 a 5), precisa-
mente a mesma avaliação que os 
inquiridos pela Intercampus fa-
ziam do líder socialista em mar-
ço, antes de ser decretado o pri-
meiro estado de emergência de-
vido à crise sanitária. 
Ainda assim, Costa mantém-
-se acima do 3 recebido em feve-
reiro antes de ter sido detetado o 
primeiro caso de covid-19 em Por-
tugal, pese embora esteja mais dis-
tante do pico de 3,8 alcançado em 
abril e maio e dos 3,7 de junho. 
O presidente do PSD acom-
panha a tendência de perda de 
popularidade, sendo que a ava-
liação feita a Rui Rio está mais 
estabilizada. Rio obtém em julho 
os mesmos 3,2 conseguidos no 
mês anterior, abaixo dos 3,4 de 
abril e maio, ainda que acima da 
aceitação de que beneficiava em 
março (3) e fevereiro (2,9). 
Já a avaliação feita ao traba-
lho de Catarina Martins recuou 
para 3, a mesma avaliação atri-
buída à coordenadora do Bloco 
de Esquerda em fevereiro. 
Em junho, Costa, Rio e Cata-
rina Martins eram os líderes par-
tidários cuja avaliação mais ha-
via beneficiado com a pandemia 
. 
Jerónimo, Silva e Ventura 
pior que antes da pandemia 
As avaliações feitas ao secretá-
rio-geral comunista, Jerónimo 
de Sousa (2,6), ao líder do PAN, 
André Silva (2,6), e ao presiden-
te do Chega, André Ventura 
(2,2), no mês de julho são infe-
riores àquelas que estes protago-
nistas políticos detinham em fe-
vereiro, porém apenas os dois 
primeiros perdem popularidade 
relativamente a junho. Se se 
comparar a evolução da avalia-
ção dos líderes entre o período 
prévio à crise sanitária e julho, ve-
rifica-se que o mais penalizado é 
Ventura, agora mais distante dos 
2,6 de fevereiro. 
Os presidentes do CDS e da 
Iniciativa Liberal, Francisco Ro-
drigues dos Santos e João Cotrim 
Figueiredo, respetivamente, re-
gistam variações simétricas, com 
a nota do primeiro a cair de 2,7 em 
junho para 2,6 em junho e a do se-
gundo de 2,6 para 2,5. A avaliação 
de “Chicão” e Cotrim Figueiredo 
no presente mês é a mesma que ti-
nham em fevereiro.  DS 
Tal como acontece com as intenções de voto, o impacto favorável 
que a pandemia da covid-19 teve na popularidade dos líderes 
partidários entre março e junho dilui-se no presente mês de julho. 
Popularidade 
de Costa aproxima-se 
de nível pré-covid 
António Costa recolhe agora uma avaliação idêntica à de março. 
Mário Cruz/Lusa
 
O presidente do 
PSD acompanha 
a tendência 
de perda de 
popularidade. 
Avaliação está 
mais estabilizada. 
Atividade económica 
aprofunda queda 
em junho 
O indicador do Banco de Por-
tugal (BdP) que mede o pulso 
da atividade económica no país 
recuou 5% em junho deste ano, 
depois de em maio ter desliza-
do 3,8%, registando uma que-
da pelo décimo quarto mês 
consecutivo. Em abril, este in-
dicador coincidente caiu 1,3 
pontos percentuais face a mar-
ço, naquele que foi a maior 
queda desde 1978, quando os 
registos do BdP começaram. 
De acordo com os dados di-
vulgados na última sexta-feira 
pelo BdP, o consumo privado 
desacelerou pelo nono mês 
consecutivo de uma variação 
homóloga de -8,3% em março 
para uns -10,4% em abril. 
Também em abril deste ano, 
este indicador registou a maior 
queda mensal desde os primór-
dios dos registos da instituição 
portuguesa. 
“Em junho, o indicador 
coincidente mensal para a ati-
vidade económica e o indica-
dor coincidente mensal para o 
consumo privado voltaram a 
registar uma redução acentua-
da, atingindo novos mínimos 
históricos”, pode ler-se no co-
municado divulgado pelo BdP. 
O banco sublinha que “os 
indicadores coincidentes são 
indicadores compósitos que 
procuram captar a evolução 
subjacente da variação homó-
loga do respetivo agregado ma-
croeconómico. Assim sendo, 
apresentam um perfil mais ali-
sado e não se destinam a refle-
tir em cada momento do tem-
po a evolução da taxa de varia-
ção homóloga do respetivo 
agregado de contas nacionais”. 
Estes valores podem ainda 
ser revistos, devido quer “a re-
visões estatísticas da informa-
ção de base, quer devido à in-
corporação de nova informa-
ção”, diz o BdP. 
Agora, a síntese económica 
de conjuntura publicada esta 
sexta-feira pelo Instituto Na-
cional de Estatística mostra 
que quatro meses depois do 
início da pandemia a economia 
portuguesa continua a registar 
uma “contração intensa”, em-
bora menos forte do que nos 
meses anteriores. 
A “informação disponível 
continua a revelar uma contra-
ção intensa da atividade eco-
nómica em junho, embora me-
nor quando comparada com o 
mês anterior”, refere a publi-
cação do INE, dando conta que 
“os indicadores de confiança 
dos consumidores e de clima 
económico prolongaram em 
junho a recuperação, já verifi-
cada no mês anterior, das for-
tes reduções observadas em 
abril”. 
No primeiro trimestre des-
te ano, a economia portuguesa 
contraiu 2,4%, num período 
que só contou com um mês 
(março) de efeito da pandemia 
de covid-19. Face ao final do 
ano passado, a contração foi de 
3,9%, a maior queda trimestral 
desde pelo menos 2007, se-
gundo a estimativa rápida do 
INE (Instituto Nacional de Es-
tatística). 
A Comissão Europeia esti-
mou que o PIB de Portugal 
possa contrair 6,8% em 2020, 
menos que os 7,7% estimados 
para a Zona Euro.  
GONÇALO ALMEIDA
O indicador que 
mede o pulso da 
atividade 
económica no 
país recuou 
pelo décimo 
quarto mês 
consecutivo. 
BANCO DE PORTUGAL 
14 
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
EMPRESAS
João Miranda assumiu o cargo de “chairman” da Frulact após a sua família ter vendido o grupo, em janeiro passado, ao megafundo francês Ardian.
Paulo Duarte
N o início deste ano, aquando da venda da Frulact ao fun-do francês Ardian, ficou a promessa 
de acelerar o plano estratégico e 
consolidar a posição do grupo 
maiato como um dos líderes glo-
bais na indústria alimentar, trans-
formando-a numa plataforma 
agregadora de novas aquisições. 
Seis meses depois, num con-
texto adverso, de crise pandémi-
ca mundial, aí está a primeira ope-
ração de aquisição neste novo ci-
clo de vida da Frulact: estabeleceu 
um acordo comvista à compra da 
totalidade da carteira de clientes 
à norte-americana Sensient Te-
chnologies Corporation, que ser-
via na área dos preparados de fru-
ta no mercado da América do 
Norte. 
“O racional da aquisição é 
muito fácil de explicar”, atirou à 
João Miranda, “chairman” da 
Frulact. “A Sensient é um ator glo-
bal muito relevante, com um vas-
to portefólio de ingredientes, que 
na América do Norte, onde tem a 
sua principal sede, fornece um 
conjunto de atores muito relevan-
tes naquele mercado”, começou 
por explicar. 
“Em 2014, a Sensient encetou 
um plano de reestruturação estra-
tégico das suas atividades, tendo 
decidido alienar a atividade de 
preparados de fruta, inicialmente 
no Canadá, que na altura precipi-
tou a decisão da Frulact de inves-
tir em Kingston [onde abriu uma 
fábrica há três anos], tendo con-
centrado essa atividade na sua 
unidade de Illinois [nos Estados 
Unidos]”, prosseguiu Miranda. 
Mais recentemente, rematou, 
“a Sensient decidiu vender total-
mente essa sua operação, para alo-
car de forma mais eficiente os seus 
recursos a outras atividades ‘core’, 
como são os negócios de aromas e 
corantes”. Sinalizada esta oportu-
nidade, a Frulact avançou. “Este é 
um movimento estratégico, pois 
vamos tomar conta do espaço que 
estava a ser ocupado por um con-
corrente, que o deixará de ser”, 
concluiu o mesmo gestor. 
 
Exportações valem 97,5% 
de 115 milhões de euros 
Sem querer revelar o valor da 
aquisição, o “chairman” da Frulact 
também não mensurou o poten-
cial acréscimo de vendas por esta 
via. “Isso não poderemos dizer, 
mas acreditamos que, com a inte-
gração desta nova carteira, a par 
de projetos que vamos conseguir 
ganhar à medida que consolidar-
mos a relação, acreditamos que 
esta aquisição terá um significati-
AGROALIMENTAR
Frulact compra negócio 
de concorrente dos EUA 
A multinacional maiata, que a família Miranda vendeu ao fundo francês Ardian, há meia dúzia de meses, 
adquiriu a totalidade da carteira de clientes da norte-americana Sensient Technologies Corporation, 
que servia na área dos preparados de fruta para a indústria alimentar na América do Norte. 
RUI NEVES 
ruineves@negocios.pt
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 EMPRESAS 
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15
vo impacto no nosso crescimento 
na América do Norte”, afiançou. 
Esta geografia representou 
15% dos 115 milhões de euros de 
faturação da Frulact em 2020, 
com a Europa a valer 58% do to-
tal, tendo a França como principal 
destino de vendas. Portugal gera 
apenas 2,5% das receitas. E de que 
forma a pandemia condicionou o 
negócio com a Sensient? “Não 
teve influência nenhuma”, garan-
tiu Miranda. “Trouxe desafios, 
mas, ao mesmo tempo, revela que 
empresas como a Frulact , apesar 
do contexto desfavorável, conti-
nuam ativas no mercado e na 
prossecução dos seus objetivos e 
planos estratégicos, sendo possí-
vel concretizar oportunidades”, 
defendeu. 
Com 750 trabalhadores , dos 
quais mais de metade em Portu-
gal, as suas nove fábricas – em três 
continentes – não pararam, “têm 
laborado sem qualquer restrição”, 
pelo que “as vendas da Frulact de-
correm, nesta fase, dentro de um 
cenário de normal atividade, com 
uma performance positiva, em li-
nha” com o orçamentado pela em-
presa para 2020.  
“
Este é um movimento 
estratégico, pois 
vamos tomar conta 
do espaço que estava 
a ser ocupado por 
um concorrente. 
 
As nossas unidades 
industriais têm 
laborado sem 
qualquer restrição. 
 
As vendas da Frulact 
decorrem dentro de 
um cenário de normal 
atividade, com uma 
performance positiva, 
em linha com o nosso 
plano para 2020. 
JOÃO MIRANDA 
“Chairman” da Frulact 
“
Portugal atraiu, no ano passado, 158 projetos de investimento 
estrangeiro, mais do dobro face a 2018. Segundo uma análise da EY, 
cerca de 30 projetos podem ficar pelo caminho devido à covid-19. 
Investimento direto 
estrangeiro bate recorde mas 
pandemia pode roubar 20% 
Foi anunciado com pompa e cir-
cunstância. A britânica Ineos ti-
nha escolhido Estarreja para ins-
talar uma fábrica de jipes, pre-
vendo investir 300 milhões de 
euros e criar 500 postos de tra-
balho. No início de julho, tudo 
caiu por terra. Por causa da pan-
demia o investimento foi cance-
lado. Segundo um estudo da EY, 
não deverá ser o único. Devido à 
covid-19, Portugal poderá per-
der 20% dos projetos de investi-
mento estrangeiro anunciados 
no ano passado. 
A análise anual da consulto-
ra que mede a atratividade de 
Portugal enquanto destino de 
investimento conclui que, em 
2019, foi batido um recorde: fo-
ram anunciados 158 projetos de 
investimento direto estrangeiro 
(IDE), mais 84 face ao ano an-
terior. Volkswagen, Nokia e 
Oracle são alguns dos conheci-
dos. O recorde de projetos tra-
duz-se também num valor má-
ximo de postos de trabalho cria-
dos, que deveriam ser 12.549. 
Em 2018 foram 6.100. 
Mas a covid-19 veio alterar 
este cenário. Destes 158 projetos, 
“aproximadamente 20%”, o 
equivalente a 30 investimentos, 
“podem estar em risco de ser 
adiados, fortemente ajustados ou 
cancelados”, antecipam os espe-
cialistas. 
A análise indica que, ainda 
assim, Portugal está abaixo da 
média europeia nas intenções 
de cancelamento, que ronda os 
35%, “o que se explica pelo per-
fil do IDE na economia nacio-
nal”. Apesar do período “exce-
cional de incerteza”, a EY ante-
cipa que Portugal será “mais re-
siliente no curto prazo do que a 
maioria das economias congé-
neres europeias”. Isto porque 
“uma larga fatia” dos projetos de 
IDE previstos destinam-se a ati-
vidades menos suscetíveis ao 
choque da crise pandémica, 
como o desenvolvimento de 
software ou a criação de centros 
de serviços partilhados. 
De acordo com as contas da 
EY, dos 158 projetos anunciados 
em 2019, 42 são da área digital. 
Se nenhum destes investimentos 
for cancelado, este setor deverá 
criar 3.766 postos de trabalho. 
Segue-se a fabricação e forneci-
mento de equipamento de trans-
porte, na qual foram anunciados 
31 projetos e 4.148 postos de tra-
balho. 
O estudo sugere que os seto-
res mais expostos à pandemia, e 
que correm, por isso, mais riscos 
de ver investimentos cancela-
dos, são o turismo, o setor auto-
móvel e os transportes. 
Em sentido inverso nas ex-
pectativas dos investidores sur-
ge tudo o que está relacionado 
com tecnologias e energias re-
nováveis. Um exemplo é a 
“aposta num grande investi-
mento na área da produção de 
hidrogénio verde”, que deverá 
ser fulcral para a captação de 
IDE nos próximos anos. 
“A nível geral, penso que Por-
tugal, se conseguir manter os seus 
principais fatores de atrativida-
de, conseguirá posicionar-se nas 
grandes tendências da economia 
e, por isso, do IDE, para o futu-
ro”, antecipa ao Negócios Flor-
bela Lima, “partner” e “leader” 
da EY-Parthenon. Na visão da es-
pecialista, “pela sua muito vanta-
josa posição geográfica”, Portu-
gal “poderá ser um dos pivôs cen-
trais, na Europa, da reconfigura-
ção e proximidade das cadeias de 
valor”. E no futuro, “mais do que 
um impacto negativo, a econo-
mia portuguesa pode beneficiar 
deste novo contexto”, conclui 
Florbela Lima. 
 
Alentejo menos atrativo 
A análise geográfica aos proje-
tos anunciados em 2019 revela 
que 108 têm origem na Europa. 
No entanto, a proporção do in-
vestimento europeu caiu de 
80% para 68%, já que o núme-
ro de projetos oriundos de ou-
tros continentes mais do que tri-
plicou, de 15 para 50. 
O destaque vai para os Esta-
dos Unidos, que em 2019 anun-
ciaram 26 projetos para o terri-
tório português, mais do que 
qualquer outro país. Seguem-se 
a Alemanha e a França, com 22 
e 21 projetos, respetivamente. O 
Reino Unido passou de seis para 
15 investimentos. 
A região de Lisboa surge 
como a mais atrativa para os in-
vestidores, tendo captado 62 
projetos, que equivalem a 4.090 
postos de trabalho. O Norte do 
país, apesar de ter captado me-
nos 11 projetos que Lisboa, des-
taca-se pelos empregos previs-
tos, que chegam a 5.722. Para o 
Centro foram anunciados 26 
projetos e 1.518 postos de traba-
lho. Sóo Alentejo se destaca pela 
negativa, já que estão previstos 
para esta região nove projetos de 
IDE, menos 12 do que em 2018. 
No ano passado, Portugal foi 
a 11.ª economia mais atrativa da 
Europa para os investidores es-
trangeiros, tendo captado 2,5% 
do volume total de IDE.  
ANA SANLEZ
ESTUDO 
158 
INVESTIMENTO 
Em 2019 foram 
anunciados para 
Portugal 158 projetos 
de investimento direto 
estrangeiro, mais do 
dobro face a 2018. 
2,5 
VOLUME 
Portugal captou 2,5% 
do volume total de IDE 
da Europa em 2019, 
uma subida face aos 
1,2% registados no 
ano anterior. 
26 
ESTADOS UNIDOS 
O país mais 
interessado em 
investir em Portugal 
são os EUA, com 26 
projetos anunciados. 
Segue-se a Alemanha.
16 
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
EMPRESAS
O Ministério Público (MP) chamou como testemunhas do pro-cesso Universo Espíri-
to Santo cinco antigos administra-
dores que, noutro processo, o da 
insolvência do Banco Espírito 
Santo (BES), considerou como 
culpados pela queda do banco, in-
cluindo José Maria Ricciardi. Es-
tes ex-gestores são agora ilibados 
de culpas pelo colapso do grupo. 
O processo de insolvência do 
BES decorre no Tribunal do Co-
mércio de Lisboa desde 2016. No 
ano seguinte, a comissão liquida-
tária do BES qualificou a insol-
vência do banco como culposa, 
apontando 13 antigos administra-
dores como os responsáveis pelo 
colapso. Já em 2018, o MP con-
cordou na íntegra com a versão 
dos liquidatários, considerando 
que os 13 tinham tido uma condu-
ta culposa na gestão do banco. 
Os antigos gestores em causa 
eram Ricardo Salgado, José Ma-
nuel Espírito Santo, Amílcar Mo-
rais Pires, Manuel Fernando Es-
pírito Santo, José Maria Ricciar-
di, António Souto, João Freixa, 
Joaquim Goes, Jorge Martins, 
Stanislas Ribes, Pedro Mosquei-
ra do Amaral e Ricardo Abecassis. 
No final do ano passado, o MP 
mudou de posição em relação a 
Pedro Mosqueira do Amaral e a 
Ricardo Abecassis, deixando de 
considerar os dois como culpados 
pela queda do banco, sem justifi-
car porquê. A comissão liquidatá-
ria do BES acompanhou esta mu-
dança de posição e também aca-
bou por deixar de considerar que 
estes dois gestores eram culpados. 
Finalmente, já este ano, o juiz res-
ponsável pelo processo de insol-
vência do BES decidiu seguir es-
tas duas entidades e declarar que 
Mosqueira do Amaral e Ricardo 
Abecassis “não deverão ser afeta-
dos numa eventual qualificação da 
insolvência como culposa”. 
Sobraram, assim, 11 gestores 
que continuam a ser tidos como os 
culpados pela queda do BES. Des-
tes, quatro são agora arguidos 
também no processo Universo 
Espírito Santo, cujo despacho de 
acusação foi divulgado na semana 
passada: Ricardo Salgado, Manuel 
Fernando Espírito Santo, Amílcar 
Morais Pires e José Manuel Espí-
rito Santo. 
Jorge Martins e Stanislas Ri-
bes são referidos no processo, mas 
não são acusados nem chamados 
a testemunhar. E cinco não só não 
são apontados como culpados 
como são chamados como teste-
munhas da acusação: José Maria 
Ricciardi, Joaquim Goes, António 
Souto, João Freixa e Rui Silveira. 
 
KPMG também é chamada 
Estes cinco ex-administradores 
fazem parte de um grupo de 148 
testemunhas indicadas pelo MP, 
entre as quais estão Fernando 
Ulrich, antigo presidente do BPI, 
Helder Bataglia, ex-administra-
dor da Escom, ou Pedro Queiroz 
Pereira, já falecido mas cujo de-
poimento que foi prestado em vida 
o MP pretende usar. 
Para além destes, o MP cha-
mou Inês Viegas e Fernando An-
tunes, auditores da KPMG Portu-
gal responsáveis pela fiscalização 
externa das contas do BES, e ain-
da Sikander Sattar, presidente da 
KPMG em Portugal. De fora da 
lista de testemunhas ficou Sílvia 
Gomes, funcionária da KPMG 
que também era responsável por 
auditar as contas do BES. 
José Maria Ricciardi é um dos antigos gestores do BES apontados como culpados pela queda do banco e que agora é testemunha do MP. 
148 
TESTEMUNHAS 
No despacho de 
acusação do processo 
Universo Espírito Santo, 
o Ministério Público 
pede para que sejam 
ouvidas 148 
testemunhas. 
CASO BES
No processo de insolvência do BES, cinco ex-gestores foram apontados pelo Ministério 
Público como culpados pela queda do banco. No processo Universo Espírito Santo, 
não só não são acusados de qualquer crime como são chamados como testemunhas. 
RAFAELA BURD RELVAS 
rafaelarelvas@negocios.pt
MP chama testemunhas 
que já apontou como culpadas 
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 EMPRESAS 
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17
Sérgio Lemos
A Zyrcan, uma das empresas do Gru-
po Espírito Santo (GES) que, de acor-
do com o Ministério Público, seria 
usada para movimentar dinheiro 
dentro do grupo, é uma das entida-
des envolvidas no “apagão fiscal” 
das transferências para paraísos fis-
cais. Em causa está a falha, ocorri-
da entre 2011 e 2014, que permitiu 
que 10 mil milhões de euros em 
transferências realizadas para pa-
raísos fiscais comunicadas pelos 
bancos não tenham passado pelo 
controlo da Autoridade Tributária e 
Aduaneira, um caso noticiado pelo 
Público em 2017, que levou o Minis-
tério Público a abrir um inquérito. 
Terá sido graças a este “apagão”, 
noticia agora o Jornal Económico, 
que a Zyrcan conseguiu escapar ao 
controlo do Fisco. Esta era uma so-
ciedade com sede nas Ilhas Virgens 
Britânicas e servia como uma das 
peças do alegado esquema financei-
ro que terá sido liderado por Ricar-
do Salgado ao longo de vários anos 
enquanto presidente do BES. 
GES envolvido 
no “apagão fiscal”
Recorde-se que, no ano passa-
do, o Banco de Portugal (BdP) 
acusou a KPMG Portugal de ter 
prestado, ao regulador, informa-
ções falsas relativas ao BES, ao 
mesmo tempo que acusou Inês 
Viegas e Fernando Antunes de in-
frações especialmente graves. Síl-
via Gomes também chegou a ser 
acusada pelo BdP, mas acabou 
por não ser condenada. 
Mais tarde, ainda em 2019, es-
tes três sócios da KPMG, cuja ido-
neidade estava a ser avaliada tam-
bém pela Comissão do Mercado 
de Valores Mobiliários (CMVM), 
decidiram adiantar-se à decisão 
do regulador e afastar-se, por ini-
ciativa própria, da profissão. As-
sim, deixaram de exercer a ativi-
dade de auditoria durante um pra-
zo mínimo de dois anos, mas não 
chegou a ser-lhes retirada a ido-
neidade. 
No despacho de acusação do 
processo Universo Espírito San-
to, contudo, o MP iliba os audito-
res de quaisquer responsabilida-
des, por considerar que “foram 
manipulados” por uma rede orga-
nizada que não permitia “supor a 
envergadura do que era crimino-
samente feito para retardar a ca-
pitulação do GES”.  
No âmbito do processo conhecido por Universo Espírito Santo, o Ministério Público quer cha-
mar 148 testemunhas. Entre elas, estão antigos administradores do BES, que chegaram a ser 
apontados como culpados pela queda do banco, Fernando Ulrich e José Guilherme, e ainda 
alguns membros da família Espírito Santo e os auditores da KPMG. 
Antigos administradores, auditores, Fernando 
Ulrich e o construtor José Guilherme. 
Quem são as testemunhas da acusação 
TOME NOTA
OS ANTIGOS GESTORES 
DO BES 
José Maria Ricciardi, António Sou-
to, Rui Silveira, João Freixa e Joa-
quim Goes, antigos administrado-
res do BES, foram considerados 
culpados, por parte do Ministério 
Público, pela queda do banco no 
âmbito do processo de insolvên-
cia. Já no processo Universo Espí-
rito Santo, o Ministério Público 
não lhes aponta qualquer culpa e 
são chamados como testemunhas 
da acusação. 
 
ULRICH E PEDRO 
QUEIROZ PEREIRA 
Em 2013, Ricardo Salgado quis as-
sumir o controlo da Semapa, o 
grupo de Pedro Queiroz Pereira. 
O empresário acusou o banquei-
ro de querer capturar liquidez 
fora do GES, através do grupo Se-
mapa, e deu-se início a uma dis-
puta judicial. O conflito entre os 
dois acabou por ter intermediá-
rios, incluindo o então presiden-
te executivo do BPI, Fernando 
Ulrich. É nesta altura que Fernan-
do Ulrich tem conhecimento de 
problemas de solidez no GES, fa-
zendo chegar informação sobre 
os mesmos ao Bancode Portugal. 
É por este contexto que Ulrich é 
agora chamado como testemu-
nha da acusação. O Ministério Pú-
blico também pretende usar o de-
poimento de Pedro Queiroz Perei-
ra, falecido em 2018. 
 
OS AUDITORES DA KPMG 
Sikander Sattar, presidente da 
KPMG Portugal, Inês Viegas e Fer-
nando Antunes, sócios da audito-
ra, que era responsável pela fis-
calização externa das contas do 
BES, são chamados como teste-
munhas. De fora fica Sílvia Go-
mes, auditora da KPMG que tam-
bém era responsável por auditar 
o BES. A KPMG foi acusada pelo 
Banco de Portugal de ter presta-
do informações falsas relativas 
ao BES, mas é ilibada de culpas 
por parte do Ministério Público, 
que considera que a auditora terá 
sido manipulada. 
 
O CONSTRUTOR JOSÉ 
GUILHERME 
O Ministério Público quer chamar 
José Guilherme, o construtor ci-
vil da Amadora que ofereceu 14 
milhões de euros a Ricardo Salga-
do. O antigo banqueiro justificou 
esta oferta como um presente 
pessoal do construtor, que era 
cliente do BES. O presente, trans-
ferido para a conta pessoal de Ri-
cardo Salgado na Suíça, terá sido 
um agradecimento pelo apoio 
dado pelo BES, que permitiu a 
José Guilherme entrar em Ango-
la como um dos maiores investi-
dores imobiliários de Luanda. 
 
FRANCISCO CARY E 
ANTÓNIO RAMALHO 
Francisco Cary, hoje administra-
dor da Caixa Geral de Depósitos e 
antigo administrador do BESI, o 
banco de investimento do grupo 
que era liderado por José Maria 
Ricciardi, também é chamado, tal 
como António Ramalho, presi-
dente do Novo Banco, o banco 
que nasceu da resolução do BES. 
 
OS MEMBROS DA 
FAMÍLIA 
Para além de José Maria Ricciar-
di, outros membros da família Es-
pírito Santo são chamados como 
testemunhas. É o caso de António 
Ricciardi, pai de José Maria Ric-
ciardi. Peter Brito e Cunha, primo 
de Ricardo Salgado e antigo pre-
sidente da Tranquilidade – que 
ordenou um financiamento de 
150 milhões de euros ao GES, que 
acabou por descapitalizar a segu-
radora –, também é chamado. O 
mesmo acontece com Carloto Bei-
rão da Veiga, que era administra-
dor do fundo da Herdade da Com-
porta. Ricardo Salgado, José Ma-
nuel Espírito Santo e Manuel Fer-
nando Espírito Santo são os úni-
cos membros da família acusados 
pelo Ministério Público. 
 
OS LIQUIDATÁRIOS 
O Ministério Público quer ainda 
ouvir César Brito, da comissão li-
quidatária do BES, e Alain Ruka-
vina e Paul Laplume, responsá-
veis pela liquidação das empre-
sas do GES no Luxemburgo. 
O despacho de acusação do MP foi divulgado na semana passada. 
Hugo Correira/Reuters
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 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020
MERCADOS
A rranca esta segun-da-feira o aumento de capital da EDP. Com as novas ações a serem colo-
cadas com um desconto que os 
analistas consideram bastante 
atrativo, os investidores querem 
garantir que têm ações em mão 
antes de arrancar a operação. Em 
apenas duas sessões, os títulos va-
lorizaram 4,5%, aumentando para 
cerca de 28% o valor do desconto 
aplicado na operação. 
As ações da EDP encerraram 
a última sessão a valorizar 2,1% 
para 4,565 euros, um preço que 
está 4,5% acima da cotação de fe-
cho de quarta-feira, dia em que a 
elétrica anunciou que iria com-
prar a Viesgo e realizar um au-
mento de capital para financiar 
parte da operação. A expectativa 
que este negócio seja uma boa 
oportunidade de crescimento e de 
criação de sinergias, assim como 
o preço a que serão colocadas as 
novas ações – 3,30 euros – origi-
nou uma reação positiva no mer-
cado. 
De acordo com o prospeto da 
operação enviado à Comissão do 
Mercado de Valores Mobiliários 
(CMVM) na última quinta-feira 
à noite, as ações da EDP nego-
ceiam esta segunda-feira pela úl-
tima vez com os direitos de subs-
crição do aumento de capital in-
corporados, pelo que vão ter um 
ajuste técnico para refletir este 
destaque. Se fecharem com a mes-
ma cotação de sexta-feira (4,565 
euros), as ações arrancam a ses-
são de terça-feira com um preço 
teórico de 4,466 euros. Cada di-
reito ficará avaliado em 9,9 cênti-
mos, sendo que o seu valor real 
será determinado quando come-
çar a ser negociado em bolsa a par-
tir de 23 de julho. 
Os acionistas têm direito de 
preferência neste aumento de ca-
pital, pelo que vão receber um di-
PATRÍCIA ABREU 
pabreu@negocios.pt 
NUNO CARREGUEIRO 
nc@negocios.pt
O negócio anunciado por Miguel Stilwell foi bem recebido pelo mercado, com as ações a reagirem em forte alta à aquisição da Viesgo. 
BOLSA 
Corrida às ações da EDP 
antes do aumento de capital 
Os títulos da elétrica valorizam cerca de 4,5% desde o anúncio da aquisição da empresa 
espanhola, com os investidores a comprarem ações da EDP antes do aumento de capital, 
que arranca hoje. O desconto a que vão ser vendidos os novos títulos já é de 28%. 
28% 
DESCONTO 
As novas ações da EDP 
vão ser colocadas a 3,30 
euros, um preço que 
está a negociar com um 
desconto de 27,7% face 
à cotação atual. 
 SEGUNDA-FEIRA 
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 20 JUL 2020 
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 MERCADOS 
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A parceria da EDP com a 
Macquarie, criada para a com-
pra da espanhola Viesgo, veio 
reforçar os ativos de energia 
limpa do grupo português, as-
sim como o potencial de cres-
cimento neste setor. Confron-
tada com a possibilidade de ha-
ver uma nova tentativa de inte-
gração da EDP Renováveis na 
própria EDP, a casa-mãe con-
sidera que esta “não é uma 
prioridade”, embora não ex-
clua diretamente a opção. 
“Esse movimento não é 
uma prioridade”, afirma fonte 
oficial da elétrica, perante a 
questão de se volta a fazer sen-
tido a integração da EDP Re-
nováveis na EDP. A elétrica já 
lançou uma oferta pública de 
aquisição (OPA) sobre a EDP 
Renováveis em 2017, para fi-
car com os 22,5% que não de-
tinha na altura, mas não con-
cretizou o objetivo: comprou 
apenas mais 5% e possui, 
atualmente, uma participação 
de cerca de 83%. 
Agora, no acordo da com-
pra da Viesgo, a EDP Renová-
veis herdou os ativos verdes da 
elétrica espanhola: 24 parques 
eólicos e duas centrais mini-
-hídricas, localizadas em Es-
panha e Portugal. Com isto, a 
EDP Renováveis reforça em 
511 MW a sua capacidade ins-
talada de energias limpas, ele-
vando para 74% o peso das re-
nováveis no grupo. “Esta aqui-
sição reforça a posição da EDP 
enquanto líder mundial no 
segmento renovável” e “o seu 
potencial de crescimento em 
renováveis”, refere a elétrica. 
 
Acordo é vencedor e 
Macquarie está para ficar 
 A Macquarie entrou no negó-
cio da compra da Viesgo com 
uma participação minoritária, 
de 24,9%, tendo a EDP ficado 
dona dos restantes 75,1%. 
Questionada sobre o prazo de 
permanência do parceiro aus-
traliano, a EDP assegura que 
“o acordo celebrado com a 
Macquarie será de longo pra-
zo” e que “não existe acordo 
para alteração de condições no 
futuro”. 
 Já sobre o valor do negó-
cio, que ficou avaliado em 2 mil 
milhões, a elétrica afirma ter 
pago um múltiplo de 11,8 vezes 
o EBITDA e que este “está 
abaixo dos múltiplos observa-
dos em transações compará-
veis na Europa, tanto para re-
des elétricas, como para ativos 
renováveis”. Este múltiplo é 
calculado com base no 
EBITDA registado pela Vies-
go em 2019, “não incorporan-
do ainda os benefícios que o 
projeto industrial EDP/Vies-
go aportará ao longo dos pró-
ximos anos”, realça a elétrica. 
Numa nota da apresentação 
aos analistas, assume, contu-
do, que os ativos do carvão 
também não estão contempla-
dos nos cálculos, “dado que o 
processo de descomissiona-
mento das centrais já foi inicia-
do”.  
ANA BATALHA OLIVEIRA
Integração da EDP 
Renováveis “não é 
prioridade”
Após a compra da Viesgo, da qual resultou 
um reforço nas energias renováveis, a EDP 
afasta, pelo menos para já, a integração 
da subsidiária de energia verde. 
reito por cada ação que detive-
rem em carteira até ao fecho da 
sessão de segunda-feira (20 de 
julho). Cada direito vai permitir 
subscrever 0,085035375 novas 
ações. O arredondamento será 
feito por defeito para o número 
inteiro de ações ordinárias mais 
próximo. 
Um investidor que, por 
exemplo, seja titular de 1.000 
ações da EDP,