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Londrina 2019 LUANA FERREIRA PEDROSO ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL LUANA FERREIRA PEDROSO ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia. Orientador: José Telmo Nunes de Carvalho Londrina 2019 LUANA FERREIRA PEDROSO ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras de Londrina, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Pedagogia. BANCA EXAMINADORA Prof(a). Titulação Nome do Professor (a) Prof(a). Titulação Nome do Professor (a) Prof(a). Titulação Nome do Professor (a) Londrina, 06 de Dezembro de 2019. Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser essencial em minha vida, autor de meu destino, meu guia. A meus pais е aos meus familiares que me apoiaram até aqui. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha vida, е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer. Aos meus pais, irmãs, amigas que me acompanharam nessa longa jornada e ao meu noivo, enfim pessoas que me incentivaram, acreditaram em meu potencial e estão sempre ao meu lado, foram pessoas imprescindíveis na luta para esta conquista. Agradeço а todos os professores por me proporcionar о conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de formação profissional. E a todos aqueles que acreditam que ler e escrever se aprende lendo, escrevendo e pensando. “Quem tem muito pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes”. Emília Ferreiro PEDROSO, Luana Ferreira. Alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2019. 37 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade Pitágoras, Londrina, 2019. RESUMO O presente estudo visa abordar a alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental, mostrando como ocorre o processo de alfabetização. O estudo foi realizado através de pesquisas bibliográficas, na qual no primeiro capítulo é descrito o processo de alfabetização baseado na visão construtivista de Emília Ferreiro, a psicolinguista desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever, o que levou vários educadores a rever seus métodos. No segundo capítulo é conceituado o método de alfabetização tradicional, no qual a concepção de alfabetização está orientada pelo princípio de que o aluno é considerado alfabetizado quando reconhece o alfabeto, é capaz de ler e escreve pequenos textos e escreve seu nome. Já o terceiro e ultimo capítulo são apontados e explicados os processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar por Emília Ferreiro que desenvolveu estudos sobre as diferentes etapas de aquisição de leitura e escrita através dos níveis, pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. Os resultados deste estudo ofereceram uma visão mais abrangente a respeito da alfabetização, abordando os contextos de alfabetização das pedagogias tradicional e construtivista. Palavras-chave: Alfabetização; Construtivismo; Pedagogia; Tradicional. PEDROSO, Luana Ferreira. Alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2019. 37 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Faculdade Pitágoras, Londrina, 2019. ABSTRACT This study aims to address literacy in the early years of elementary education, showing how the literacy process occurs. The study was carried out through bibliographic research, in which the first chapter describes the process of literacy based on the constructivist vision of Emilia Ferreiro, the psycholinguist unveiled the mechanisms by which children learn to read and write, which led several educators to review their methods. The second chapter conceptualizes the traditional method of literacy, in which the concept of literacy is guided by the principle that the student is considered literate when he or she recognizes the alphabet, is able to read and write short texts and writes its name. The third and last chapter are pointed out and explained the processes of acquisition of the written language in the school context by Emília Ferreiro who developed studies on the different stages of acquisition of reading and writing through the levels, pre-syllabic, sylla bic, syllabic-alphabetic and alphabetic. The results of this study offered a more comprehensive view of literacy, addressing the literacy contexts of traditional and constructivist pedagogies. Keywords: Constructivism; Literacy; Pedagogy; Traditional LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Primeiro nível de escrita. ........................................................................ 27 Figura 2 – Primeiro nível de escrita. ........................................................................ 27 Figura 3 – Primeiro nível de escrita. ........................................................................ 27 Figura 4 – Segundo nível de escrita. ....................................................................... 28 Figura 5 – Segundo nível de escrita. ....................................................................... 28 Figura 6 – Terceiro nível de escrita ......................................................................... 29 Figura 7 – Terceiro nível de escrita ......................................................................... 29 Figura 8 – Quarto nível de escrita ........................................................................... 29 Figura 9 – Quinto nível de escrita ............................................................................ 30 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11 2. PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO BASEADO NA VISÃO CONSTRUTIVISTA....................................................................................................13 3. MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO TRADICIONAL NO BRASIL...........................19 4 PROCESSOS DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA NO CONTEXTO ESCOLAR POR EMÍLIA FERREIRO........................................................................24 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................32 REFERÊNCIAS..........................................................................................................34 13 1 INTRODUÇÃO A alfabetização nos anos iniciais é um processo fundamental para a vida do aluno não somente para o ambiente escolar, mas também para sua vida fora da escola, é uma das etapas mais importantes do ensino-aprendizagem no qual o aluno aprende a ler e escrever e assim dar continuidade na sua vida escolar. Intensifica- se, pois, que a alfabetização tem essencial importância para o desenvolvimento do aluno, pois, ela é o ‘ponta pé’ inicial para os futuros conhecimentos que o aluno irá adquirir no decorrer da sua vida escolar. O processo de alfabetização é uma fase importante e essencial para a vida social e escolar do estudante, principalmente nas sociedades em que há uma valorização da língua na modalidadeescrita. Utilizar a língua escrita é uma cobrança da sociedade grafocêntrica na qual a maioria das atividades gira em torno da leitura e da escrita. Será ressaltado durante o trabalho o processo de alfabetização nos anos iniciais do ensino fundamental baseado na autora Emília Ferreiro, seguidora da linha de pensamento de Jean Piaget, a qual colaborou para a educação do Brasil com pesquisas sobre o processo de alfabetização na teoria construtivista. A partir de suas pesquisas Emília Ferreiro, verificou que a criança passa por níveis estruturais até que se conquiste a complexidade do sistema alfabético. O trabalho discorre o processo de alfabetização construtivista como centro da pesquisa, pois, esta corrente se diferencia de outras correntes pedagógicas, os erros não são encarados como um ato de insucesso e passaram a ser um ato positivo no processo de desenvolvimento do conhecimento, pois, errar é um direito do aluno, mas o professor mediador deve proporcionar com que o aluno tenha consciência dos erros cometidos. Sendo assim essa afirmativa aponta para o seguinte problema: como ocorre o processo de alfabetização dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental na visão construtivista de Emília Ferreiro? Para a busca de respostas a essa questão, o estudo tem como objetivo geral compreender o processo de alfabetização por Emília Ferreiro, e os seguintes objetivos específicos: descrever o processo de alfabetização baseado na visão https://www.nucleodoconhecimento.com.br/tag/educacao 14 construtivista; conceituar o método de alfabetização tradicional; apontar os processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar por Emília Ferreiro. A metodologia retratada está embasada em dados bibliográficos, artigos, livros, revistas e se efetivaram perante todo período de realização do trabalho. Tratou-se de uma pesquisa com natureza básica, de objetivo explicativo, cujos resultados obtidos foram analisados de forma qualitativa. Os dados analisados foram baseados entre os anos de 1900 até a atualidade. Para a desenvoltura do presente estudo serão utilizados autores como Emília Ferreiro (1986), Jiron Matui (1995), César Coll (1994). Justifica-se a escolha do devido tema para demonstrar que aprender a ler e a escrever é, acima de qualquer coisa, uma oportunidade que uma pessoa tem para se sentir um pouco mais cidadã, e por este motivo, é fundamental para um país, procurar dar condições para que a maior parte da população possa ser alfabetizada da melhor forma possível. Através desta reflexão foi desenvolvida a pesquisa. A proposta do desenvolvimento desse trabalho está dividida em três partes, no qual o primeiro capítulo descreverá como ocorre o processo de alfabetização dos alunos das séries iniciais do ensino fundamental na visão construtivista de Emília Ferreiro. Durante o segundo capítulo será conceituado o método de alfabetização tradicional e por último no terceiro capítulo apontando os processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar por Emília Ferreiro. 15 2 PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO BASEADO NA VISÃO CONSTRUTIVISTA. A produção social da necessidade de universalização da dominação da escrita e da leitura por meio do ensino escolar tem suas raízes na modernidade. Desde o surgimento das primeiras escolas brasileiras, no século XVI até os dias atuais, o mundo passou por muitas mudanças, entre essas mudanças veio à busca por diretrizes mais atuais para a educação. Segundo Nogueira (1998), teorias construtivistas iniciaram com o movimento iluminista no século XVIII. Considerado como outra visão, destacando o vínculo que ocorre entre o sujeito e o objeto. Piaget é um dos pioneiros dessa teoria, considerando que o conhecimento vive em constante transformação, de acordo com a ação do sujeito sobre o meio. O construtivismo é uma teoria da aprendizagem que foi desenvolvida por Jean Piaget, um psicólogo nascido na Suíça. A teoria aponta que existe uma construção do conhecimento e que, para acontecer, a educação precisa aderir metodologias que estimule essa construção. O construtivismo considera que o aprendizado acontece mediante o professor mediador e dos educandos, que devem ser indivíduos com informações e conhecimentos que necessitam ser considerados no contexto escolar. É importante assinalar que aprender não é passar de um estado de ignorância total sobre um assunto a um estado de conhecimento integral sobre ele. Aprender é passar por etapas sucessivas. Em cada uma delas já se sabe algo sobre o assunto, e este algo, embora incompleto, está organizado em nós de maneira a resolver provisoriamente os problemas que envolvem o assunto em questão, ou melhor, os conceitos nele imbricados (GROSSI, 2002, p. 17). De acordo com essa teoria o aluno deve ser visto como um participante ativo da aprendizagem e as práticas do professor precisam ser orientadas por essa ideia. A função de educar não deve ser apenas transmitir conteúdos, mas ajudar a atividade mental do aluno. É muito importante acreditar no desempenho dos alunos, pois, ao começar de pequenos já sabem diferenciar letras e números de simples grafismos. 16 O método construtivista discorre sobre a construção do conhecimento, garantindo que este é o resultado da construção do próprio indivíduo. Essas conclusões são baseadas em suas pesquisas sobre “a origem e evolução da inteligência” que também se constrói na interação do sujeito com o mundo, considerando os fatores biológicos, experiências físicas, processos de equilíbrio e a troca social (BARBOSA, 2015). Esse método ressalta a importância do erro, pois, os erros são necessários nesse processo de aquisição do conhecimento pelo aluno. Sendo assim, o objetivo é formar pessoas mais independentes. Pessoas que se relacionam com o meio, que possui ideias próprias e é capaz de criar e recriar, com um ponto de vista particular do mundo. De acordo com Lopes (2010), o construtivismo é uma corrente educacional apoiada no princípio de que o conhecimento não é ensinado, mas sim estimulado e no qual o educando participa ativamente de seu aprendizado. Os conhecimentos são construídos pelos alunos mediante o estímulo ao desafio, ao desenvolvimento do raciocínio, à experimentação, à pesquisa e ao trabalho coletivo. A concepção construtivista, mediante a realização de aprendizagens significativas, o educando constrói, modifica, diversifica e coordena os seus esquemas, enriquecendo o seu conhecimento do mundo físico e social. Falar sobre a história construtivista remete a formação do sujeito, a função de uma instituição escolar pública ou privada, deve revisar suas práticas no sentido de mudança na sociedade. A qualidade desse ensino se mede pela qualidade do cidadão que cada instituição forma (COLL, 1994). A alfabetização dentro do contexto do construtivismo é idealizada como um processo que tem construindo noções de conceitos, continuamente seu início acontece bem antes de a criança ir para escola. Defende que o seu desenvolvimento ocorre de forma, harmônica, incluso e externo ao ambiente da sala de aula. Alfabetizar é dar o caminho na busca da construção do conhecimento (ACIOLI, 2017). A criança antes de entrar na escola já possui alguns conhecimentos, pois, nenhuma criança entra em uma escola e parte do nada, ao contrário, ela traz uma história, algo que vem antes e que pode ou não ter continuidade. Sendo assim, a aprendizagem não necessariamente inicia-se na idade escolar. Encontra-se uma 17 grande diferença entre o que é produzido em termos de aprendizagem antes de a criança estar na idade escolar e o que ela adquire durante sua permanência nas instituições escolares (ROCHA, 2013). Emília Ferreiro, seguidora da linha de pensamento de Piaget, também contribuiu para a educação do Brasilcom pesquisas sobre o processo de alfabetização na teoria construtivista. Ferreiro afirma que a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola e que não termina ao finalizar a escola primária (FERREIRO 1999). O método construtivista, não tem uma regra básica a ser seguida, pois, parte da ideia de que o ensino tem que se basear na vivência de vida que o aluno traz para a escola. O construtivismo dispõe de várias vantagens, pois, incentiva a criança a escrever e falar o que pensa e expressar o que sente, o aluno procura solução para resolver seus problemas, tornando-se um aluno critico e capaz de responder pelos seus atos, estimulando também a prática da leitura e escrita (SOUZA, 2018). No lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta, e que, tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria sua própria gramática (FERREIRO, 1985, p. 22). De acordo com Ferreiro, “aprender a ler começa com o desenvolvimento do sentido das funções da linguagem escrita. Ler é buscar significado, e o leitor deve ter um propósito para buscar significado do texto.” Aprender a ler consiste em desenvolver estratégias para que o texto tenha sentido. Implica o desenvolvimento de noções acerca da informação que é representada nos textos (FERREIRO 2003). A prática pedagógica que se considere construtivista não poderá desprezar dois aspectos: a aprendizagem, em qualquer idade, é sempre construída e, na escola, o aluno só aprende quando constrói conhecimentos. O construtivismo é sinônimo de valorização dos conteúdos, pois, se há construção na escola é sempre construção de conhecimento (MATUI, 1995). https://www.sinonimos.com.br/permanencia/ 18 Uma prática que não proporcione a gênese ou construção de conhecimento nunca será construtivista. O aprendizado no construtivismo é construído gradualmente, e cada novo conhecimento é aprendido a partir de conceitos anteriores. O conhecimento não é visto como a única verdade possível ou como uma versão exata da realidade. O Construtivismo sustenta a concepção de que o conhecimento é resultado da construção pessoal do aluno, o professor é um importante mediador do processo ensino-aprendizagem. Nesse processo a aprendizagem não pode ser entendida como resultado do desenvolvimento do aluno, mas sim como o próprio desenvolvimento do aluno (FOSSILE, 2010). Para trabalhar sob o ponto de vista construtivista é necessário conhecer as concepções que a criança tem da língua escrita. Consequentemente o entendimento da criança é diferente do entendimento dos adultos, sendo necessário que o educador entenda essa fase. Ao mesmo tempo, o professor deve lembrar as conquistas que ela fez antes mesmo de elaborar sua ideia “errada”, com o intuito de despertar sua compreensão. Segundo Nunes (1990), esse olhar do educador sobre tais acréscimos obtidos pela criança é de extrema importância e característica principal do Construtivismo. Os alfabetizadores devem compreender as produções da criança e saber respeitá-las, vendo-as como construções genuínas, indicadoras de progresso e não de erros. São os “erros” construtivos. O professor deve criar desafios para seus alunos em contextos que façam sentido para eles. Deve estimular a criticidade, a pesquisa, a discussão, o debate. A sala de aula deve ser enriquecida com atividades que englobem discussão, reflexão e tomada de decisões; os alunos são os responsáveis pela defesa, pela justificativa e pelas ideias (FOSSILE, 2010). O construtivismo argumenta que as crianças dos anos iniciais necessitam ter experiências com a língua escrita. O professor quando lê para o aluno possibilita que ele perceba a leitura em si e passe a obter interesse e hábito pela escrita. A escrita e a leitura precisa estar evidente no ambiente alfabetizador. Vale lembrar que a ênfase construtivista no ambiente alfabetizador provocou a criação de metodologias pedagógicas mais dinâmicas. 19 As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, através de contextos sociais e funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido. Quando a criança nota que elementos textuais estão próximos a assuntos do seu cotidiano, seu interesse é estimulado, assim, elas passam a entender que a língua escrita tem significado na sua realidade imediata (FERREIRO 1993). Se os demais métodos encorajam os alunos a ler textos fáceis ou simples com finalidade didática, e a escrever textos também muito curtos e bem simples para evitar erros, no método de alfabetização construtivista os alunos são a todos os momentos incentivados a se relacionar com textos simples, mas originais. As dificuldades ou os erros não serão percebidos como empecilhos a desviar, mas como ocasiões para aprender e para se desafia (BARBOSA, 2015). A sala de aula deve ser enriquecida com atividades que englobem discussão, reflexão e tomada de decisões; os alunos são os responsáveis pela defesa, pela justificativa e pelas ideias. O professor deve criar desafios para seus alunos em contextos que façam sentido para eles. Deve estimular a criticidade, a pesquisa, a discussão, o debate (FOSSILE, 2010). É imprescindível que o professor, que trabalha com a metodologia construtivista de alfabetização, possua consciência com relação às diferentes etapas de aquisição de leitura e escrita, os níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. Visto que o conhecimento novo progride a partir de um conhecimento anterior, é importantíssimo que o ritmo do aluno seja prezado. A alfabetização e as outras visões do conceito de construtivismo na educação são uns dos modelos de metodologias que iniciaram como opção aos métodos da escola tradicional. A relevância de informar-se se explica pelas mudanças dos valores culturais da sociedade e competências fundamentais para o desenvolvimento dos alunos. Existem diversas metodologias de ensino e é possível encontrar instituições que oferecem diversos benefícios ligados a esses modelos. Cada uma delas consiste em um objetivo diferente. Em resumo, a melhor metodologia de ensino é aquela que as aulas são dinâmicas e interativas, permitindo troca de ideias e que trabalha o conhecimento de uma forma que desperta nos alunos a curiosidade pelos https://www.sinonimos.com.br/imprescindivel/ https://www.sinonimos.com.br/consciencia/ https://www.sinonimos.com.br/importantissimo/ https://escoladainteligencia.com.br/entenda-o-conceito-de-construtivismo-na-educacao/ https://escoladainteligencia.com.br/entenda-o-conceito-de-construtivismo-na-educacao/ https://www.sinonimos.com.br/relevancia/ https://www.sinonimos.com.br/explica/ https://www.sinonimos.com.br/competencias/ https://www.sinonimos.com.br/fundamentais/ 20 temas trabalhados. No próximo capítulo será abordado à metodologia de ensino mais utilizada no Brasil, o método tradicional. 21 3 MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO TRADICIONAL NO BRASIL De acordo com Boto (2006), tradicional, por definição, é algo que radica na ideia de tradição. Podemos, então, compreender que ensino tradicional é aquele cuja âncora firma-se na raiz de uma dada tradição. Por isso todos os modelos de ensino que, de algum modo, são defendidos por nossa contemporaneidade possui alguma base em alguma tradição. As teorias da educação que encaminham a escola tradicional se confundem com as raízes da escola tal como é conhecida como instituição de ensino. É correto afirmar que o modelo de ensino tradicional foi um dos principais adominar as práticas educacionais formais, servindo como referência para os modelos que viriam a suceder através do tempo. Até o final do império no Brasil o ensino da leitura e escrita não era sistematizado. As aulas eram precárias e os materiais didáticos eram insuficientes. Contudo, perante o cenário da industrialização, com o início da economia cafeeira, da separação entre a igreja e o estado, o período republicano foi marcado pelo começo de uma nova ordem política e social, fundamentada na filosofia construtivista (RANGEL; SILVA; SOUZA, 2017). Todos esses acontecimentos impuseram uma mudança na atuação das escolas brasileiras. O ensino da leitura e escrita tornou-se organizado, sistemático e intencional, visando à preparação das novas gerações. Com a proclamação da república, até o final do século XIX, o ensino no Brasil passou a ser institucionalizado, visando o progresso do estado (MAGALHÃES, 2014). Então a educação no Brasil abraçou um modelo tradicional de ensino e a escola assumiu um papel de caráter político-social para esclarecer às massas iletradas sobre a necessidade da alfabetização. Neste cenário, saber ler e escrever era um privilégio, e esse “saber” possibilitava o acesso para um desenvolvimento social, considerado como cultura de poucos (RANGEL; SILVA; SOUZA, 2017). A alfabetização que era ensinada apenas nos lares passou a ser uma obrigação dentro das escolas gerando objetivos de aprendizagem para poder alcançar a universalização do letramento. As práticas de leitura e escrita passaram, assim, a ser submetidas a ensino organizado, sistemático 22 e intencional, demandando para isso, a preparação de profissionais especializados (MORTATTI, 2004, p. 2). Ao longo do processo de alfabetização a criança passa por estágios de escolarização que a instrui para situações verdadeiras de interação social de reconhecimento do eu e do outro e do comprometimento à cultura letrada visto que isso acarreta novos traços de ligações entre os sujeitos a sua volta. Assim são abordados os métodos tradicionais de alfabetização. Considerando o contexto histórico, as mudanças realizadas possibilitaram a procura por um método de ensino hegemônico e eficiente de alfabetização, visando o avanço econômico, social e cultura do nosso país. Durante o período histórico de alfabetização no Brasil os métodos foram divididos em dois grupos: métodos sintéticos e métodos analíticos (FRADE, 2007). Os métodos sintéticos são os mais antigos, com mais de 2000 anos, permaneceu na Antiguidade até a Idade Média, foi adotado em países da Europa, como a França, que utilizava esse método para ensinar o Latim, para depois inserir a língua materna. Os métodos sintéticos acreditam que começa das partes para o todo, ou seja, primeiro a criança internaliza as unidades menores (fonemas), para depois chegar às partes maiores. Em outras palavras, primeiro se aprende o processo de codificação e decodificação para em uma fase mais avançada, passar à compreensão da leitura e da escrita. Esse método se divide em três processos: alfabético, fônico e silábico (ALMEIDA, 2008). No método sintético o aluno decora o alfabeto e usa os nomes das letras como base, exemplo, a de abelha, b de bolo, e assim por diante. Até essa etapa não se nota o principal erro utilizado, o real problema está no fato de que a tentativa de aquisição está iniciando da parte para chegar ao global e não do global para chegar às partes como é recomendado o método da notação, e essa inversão causou aos estudantes e ainda traz para aqueles que passam por esse tipo de alfabetização inúmeros problemas (CAGLARI, 1998). Um dos principais problemas que esse método causa é na escrita gráfica, visto que aprendem a escrever como leem e também no que diz respeito à interpretação de textos, dado que aprendem a partir de palavras soltas, descontextualizadas, por esse motivo surgem críticas ao uso das cartilhas nas 23 escolas, já que elas, não passam de ferramentas prontas de aprendizagem (SANTOS 2014). Nos métodos alfabéticos a criança aprende os nomes das letras nas formas maiúscula e minúscula, a ordem do alfabeto e relaciona as letras entre si, formando encontros vocálicos ou palavras. Ele caracteriza-se pela aplicação através de uma sequência fixa baseada nos estímulos auditivos e visuais, sendo a memorização o único recurso didático utilizado (SANTOS 2014). O nome das letras é associado à forma visual, as sílabas são aprendidas de cor e com elas se formam palavras isoladas, esse método tem como objetivo a combinação entre letras e sons. Esse método é muito utilizado tendo como princípio que a leitura parta da decoração oral das letras do alfabeto. A principal crítica a este método está associada a repetição de exercícios (ALMEIDA, 2008). O método fônico consiste em ensinar os sons da primeira letra de cada palavras. A partir daí, a pronúncia inteira do vocábulo é construída a partir da junção de cada som. Sua proposta é ensinar os sons das letras e fonemas antes de, entregar um livro para a criança ler. A atenção está direcionada à dimensão sonora da língua, assim, inicia-se o processo ensinando a forma e o som das vogais, depois das consoantes, em seguida, cada letra é aprendida como um fonema que, unindo a outro, formam-se as sílabas e depois as palavras (FONTES; BENEVIDES, 2012). As práticas como a utilização das cartas de ABC, repetição de letras e ditado de palavras estavam evidentes no método fônico. O ápice desse método igualou com a predominância da tendência tradicional que conceituava a criança como uma tábua rasa e o professor como o detentor do saber. Com isso, o aluno precisaria aprender apenas o que era ensinado pelo professor e a cartilha era a única ferramenta de aprendizagem (SANTOS 2014). O método silábico é caracterizado pela apresentação visual de sílabas prontas, sem impor a articulação das consoantes com as vogais, e sem destacar as partes que compõe a sílaba. Esse método nem sempre é executado da mesma forma nos livros. A cartilha Sodré, publicada em 1940 apresenta mais de uma sílaba em cada lição, porém escolhe sílabas com a mesma vogal, visando diminuir o número de sílabas (FRADE, 2007). No processo silábico, a criança aprende a fazer a análise das sílabas, para formar as palavras. São propostas palavras-chave em cartilhas com a finalidade de 24 apresentar as sílabas e consequentemente formar as frases. Esta técnica percorre uma sequência a partir de uma ordem de apresentação das sílabas mais fáceis para as mais difíceis, retiradas de palavras-chave e estudadas sistematicamente em grupos silábicos que ao junta-los formam novas palavras (FONTES; BENEVIDES 2012). Já os métodos analíticos, o método é inverso, se inicia das unidades maiores da língua para as unidades menores, subdividindo-se em: método da palavração e método de sentenciação. O método da palavração tem como unidade de análise a palavra e o método de sentenciação tem como unidade principal a sentença. Sendo assim, depois de reconhecidas em sua forma global, o professor começa a decompor as palavras e em seguida as sílabas (SILVEIRA, 2014). No processo de palavração, palavras significativas são expostas em agrupamento, retiradas de textos ou de uma história e os alunos aprendem a partir da visualização e pela configuração gráfica, isto é, o mesmo faz a relação da palavra com a imagem estabelecendo uma análise dos dois elementos. Já no processo da sentenciação, o alfabetizador compara as palavras, isolando os elementos conhecidos dela, assim, ampliando o vocabulário. Então, irão surgir novas palavras e fazer a leitura delas (BORGES, 2008). O processo de alfabetização foi desenvolvido através das cartilhas durante muito tempo, devido o avanço de outras metodologias de alfabetização esse método tornou-se insuficiente para supriras demandas sociais. Nos dias atuais não basta o sujeito codificar e decodificar sinais, pois não é o suficiente para a produção textual, existe a necessidade de uma comunicação profunda por meio da escrita, e com a utilização de diversos tipos de discurso (RANGEL; SILVA; SOUZA, 2017). As formas tradicionais de ensino baseavam-se em métodos no qual o professor transmitia seus conhecimentos aos alunos. Mas, partes dos professores não estavam suficientemente informados para compreender certas dificuldades, os processos cognitivos e os níveis de desenvolvimento pelos quais a criança passa ao ter contato com a leitura e com a escrita. Nas abordagens tradicionais, as práticas iniciais de aprendizagem eram baseadas apenas na junção de sílabas, na prática de fazer cópias e na memorização de sons, tornando a criança um indivíduo receptor e passivo que não participava de forma ativa e construtiva da aprendizagem. 25 A partir de 1980 com as pesquisas de Emília Ferreiro sobre a psicogênese da língua escrita, ocorreram mudanças na concepção do processo de aprendizagem da leitura e da escrita. A escrita começou a ser vista como um processo histórico de construção, um sistema de reprodução e não somente um código. A língua passou a ser vista como um sistema notacional muito complexo (SILVEIRA, 2014). Analisando a ineficiência dos métodos utilizados, se deu início à necessidade de uma nova forma de alfabetizar, que juntasse o que havia de melhor nos métodos que eram utilizados, mas que favorecesse os aspectos que até então eram colocados de lado. Esse método é o de notação, que colocava a aprendizagem em prevalência ao ensino (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999). Através deste capítulo foi possível reconhecer que o suporte da escola tradicional e suas metodologias atravessaram décadas, possibilitando muitas mudanças em sua essência original. Para uma melhor compreensão, no próximo capítulo serão apontados os processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar por Emília Ferreiro. 26 4 PROCESSOS DE AQUISIÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA NO CONTEXTO ESCOLAR POR EMÍLIA FERREIRO. Emília Beatriz Maria Ferreiro Schavi nasceu no dia 5 de maio de 1936, Buenos Aires, Argentina. No fim dos anos 60, formou-se em Psicologia pela Universidade de Buenos Aires. Realizou o doutorado na Suíça, sob a orientação do psicopedagogo Jean Piaget, dentro da linha de pesquisa inaugurada por Hermine Sinclair, que Piaget considerou como Psicolinguística Genética. Em 1977, em seguida do Golpe de Estado que derrubou a presidente Isabel Perón em 1976, na Argentina, Emília Ferreiro se exilou na Suíça, levando ao com ela dados das pesquisas que realizou com sua equipe, sobre a psicogénese da língua escrita, área não analisada por seu mestre. Em seguida começou a lecionar na Universidade de Genebra. Neste período, iniciou uma pesquisa, com o auxílio de Margarida Gómez Palácio, a respeito das dificuldades de aprendizagem das crianças de Monterrey, no México (TRIGO, 2008). Em 1974 Emília havia desenvolvido uma série de experimentos com crianças que originou em seu livro “Psicogênese da Língua Escrita”, publicado em 1979. A Psicogênese da Língua Escrita, estudo desenvolvido por ela e por Ana Teberosky no final dos anos 1970, trouxe novos elementos para esclarecer o processo vivenciado pelo aluno que está aprendendo a ler e a escrever (TRIGO, 2008). As pesquisas foram motivadas pelos altos índices de fracasso escolar apresentados em países como Argentina e México. Elas buscaram, em contato com alunos de vários lugares do continente para assim identificar a resposta desse fracasso escolar. Unindo os conhecimentos da psicolinguística e a teoria psicológica e epistemológica de Jean Piaget, Emília e Ana mostraram como a criança cria diferentes hipóteses acerca do sistema de escrita, antes de chegar a entender o sistema alfabético (OLIVEIRA, 2017). A pesquisa afastou a alfabetização do âmbito exclusivo da pedagogia e a levou para a psicologia. Mostrando que a aquisição das habilidades de leitura e escrita depende muito menos dos métodos utilizados do que da relação que a criança tem desde pequena com a cultura escrita. Os recursos tecnológicos da informática estão possibilitando novos aprendizados para o início da escolarização, 27 mas as práticas sociais, gradativamente se mostram cada vez mais individualistas, e não ajudam a formar uma comunidade alfabetizadora. Ferreiro e Teberosky (1984), investigaram como crianças entre 4 e 6 anos percebiam a escrita, distinguiam-na do desenho, formavam hipóteses sobre o que estava escrito e por fim como acontecia sua escrita inventada. Adotaram procedimentos fundamentados no procedimento clínico, na interação entre o sujeito e o objeto de conhecimento, em um contexto de resolução de problemas e de conversa entre o pesquisador e a criança. As pesquisas possuíam como intuito evidenciar os mecanismos de pensamento das crianças. Para isso foram empregadas como incentivos cartões contendo desenhos ou letras formando sílabas, ou palavras, lâminas incluindo textos de dificuldade variável, acompanhados de imagens e textos lidos previamente pelo experimentador. Além das respostas das crianças nessas tarefas, foram observadas as crianças escrevendo seus próprios nomes e outras palavras (OLIVEIRA, 2017). Ferreiro (1984), não questionava como se devia ensinar a escrever, mas sim, como alguém aprende a ler e a escrever, independentemente da metodologia de ensino, reforçando a importância do deslocamento da ênfase do método em si mesmo para o educando e seu processo de construção do conhecimento. As autoras desaprovam os métodos utilizados para alfabetização, visto que usam a cópia como ferramenta fundamental. Ferreiro e Teberosky identificaram que as crianças pré-escolares a partir de quatro anos de idade constroem hipóteses sobre a linguagem escrita. Nas tarefas com cartões possuindo de uma a nove letras formando sílabas e palavras ou desenhos, apenas nove das 63 crianças que participaram das pesquisas expressaram crer que todos os cartões eram igualmente “bons” para ler. Elas acreditavam que as letras não devem ser repetidas e que deve conter um número mínimo delas, de duas a quatro para acreditar que os cartões continham era escrita. Por outro lado, “nenhuma criança indicou somente as imagens como sendo para ler” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1984). Somente 25% das crianças de classe baixa e 7% das de classe média mostraram ao mesmo tempo, texto e imagem como se os dois fossem dependentes para prosseguir a prática da leitura. Assim, as autoras observaram que isto não acarreta necessariamente que texto e imagem se confundam. Contudo, entre as 28 quatro fases de desenvolvimento da leitura, definidas por elas, há uma fase inicial em que o desenho e escrita estão indefinidos e o texto é completamente imaginável a partir da imagem, e ambos constituindo uma unidade indissociável (FERREIRO 1986). Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), o desenvolvimento da escrita é marcado por cinco níveis que levarão o aluno a se tornar alfabético. Para reconhecer as características de cada nível, é preciso mencionar que os dados da pesquisa, realizada pelas autoras, foram obtidos através de uma exploração em que se solicitava à criança que escrevesse seu próprio nome; um nome de alguém conhecido; palavras de uso escolar e não escolar; assim como uma pequena oração. Ao longo das pesquisas, as crianças deviam escrever as palavras solicitadas, por Ferreiro e Teberosky, da maneira em que lhes representassem melhor. Por meio da investigação dessas características, elas descobriram que os alunos passam por uma evolução, até alcançarem o sistema de escrita alfabética. Os cinco níveis de escrita segundo a psicogênese da língua escrita são os seguintes:nível pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético e ortográfico (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985). No primeiro nível escreve é reproduzir os riscos da escrita que a criança conhece. Por isso a maioria das escritas neste nível são muito parecidas. No início deste nível pode encontrar tentativas de relação entre a escrita e o objeto referido. Outra característica é a dificuldade em diferenciar o desenho da escrita. Existe uma tendência de a criança escrever através de garatujas, e a partir do momento em que a criança entra em contato com o sistema escrito e numérico tende a misturá-los, no momento da escrita (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999). Este nível também é conhecido como Pré-silábico, no qual a criança não demonstra vinculo entre a fala e a escrita, tem leitura global, individual e instável do que escreve, exerce sua escrita por meio de desenhos, rabiscos e letras utilizando as aleatoriamente. Observa-se também que neste nível o educando formula várias hipóteses a respeito do sistema de escrita alfabética. Entre elas, as tentativas de correspondência figurativa, que acontecem quando a criança pressupõe que a grafia dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto a ser representada. As figuras abaixo podem exemplificar alguns aspectos do primeiro nível. 29 Figura 1, 2 e 3: Primeiro nível de escrita. Fonte: FERREIRO; TEBEROSKY (1999, p. 195-197). Constata-se, por meio das análises das figuras, que algumas crianças ao escreverem, utilizam as garatujas, como mostra a primeira imagem. No segundo exemplo identificasse a separação que o aluno possui da entre a escrita e o desenho. O terceiro exemplo demostra a criança que utiliza as letras e os números que conhece, sem reconhecer que os números não fazem parte do sistema da escrita alfabética. O nível dois, apresentado por Ferreiro e Teberosky (1999), tem como hipótese que, para ler coisas diferentes, é necessário ter uma distinção objetiva nas escritas. As crianças criam hipótese de que existe uma quantidade específica e uma diversidade de letras para escrever uma palavra. Considerando que as crianças não conhecem muitas correspondências, elas utilizam com maior frequência as letras que integram seu nome. Este nível também pode ser chamado de nível silábico, a criança começa a ter consciência de que existe relação entre a escrita e a pronúncia, dá valor sonoro as letras e sinais para representar as palavras, para cada sílaba pronunciada escreve uma letra para cada sílaba. Sua representação comprova que a criança usa pensamentos mais elaborados para grafar uma palavra. O progresso do conceito dos alunos referentes à notação das sentenças será exemplificado nas figuras a seguir: Figura 4 e 5: Segundo nível de escrita. 30 Fonte: FERREIRO; TEBEROSKY (1999, p.203). Conforme a análise das figuras consta que ambos os exemplos demostram que, devido às crianças conhecerem poucos traços, elas apresentam uma necessidade de fazer o uso das mesmas letras, ou seja, aquelas letras que já conhecem, utilizando-as de forma alternada, para não escrever as mesmas palavras, pois, acreditam na hipótese de que, para se escrever coisas diferentes, as palavras não podem ser idênticas. Segundo Ferreiro e Teberosky (1999), o terceiro nível é marcado pela tentativa de dar valor sonoro a cada uma das letras que consiste a escrita produzida pela criança. De acordo com esse nível, o aluno dá um avanço, e passa a considerar que cada letra vale por uma sílaba. O aluno que não emprega o valor sonoro convencional para cada letra necessita dispor uma letra para notar uma sílaba. Porém, algumas crianças além de escrever as palavras com a preocupação de quantifica-las corretamente, atribuem o valor sonoro convencional a cada uma das letras representadas. Este nível também é considerado silábico alfabético, é uma transição do silábico para o alfabético, a criança tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras, começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e outras permanece silábico. Para a criança alcançar este nível, ela evoluiu significativamente. Um exemplo disso pode ser observado nas imagens a seguir. Figura 6 e 7: Terceiro nível de escrita. 31 Fonte: MORAIS (2012, p.59). A partir dessas figuras, entende-se que a primeira imagem aponta a escrita de uma criança que não possui um valor sonoro convencional às suas representações, pois, se atenta somente a questões quantitativas. Já o segundo exemplo aponta o registro de um aluno que se preocupa com a qualidade de seus grafismos, ou seja, atribui um valor sonoro convencional a seus escritos. O quarto nível de escrita também conhecido como nível alfabético. A criança neste nível considera que uma letra para cada silaba não é suficiente para compor uma palavra, e começa a utilizar mais letras. Neste nível ela também já domina a associação entre letra, sílaba, som e as regularidades da língua. Escreve do jeito que fala e faz relação sonora entre as palavras. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999). A próxima imagem demostrará as características do quarto nível de escrita. Figura 8: Quarto nível de escrita. Fonte: MORAIS (2012, p.64). 32 A figura exibe a representação gráfica de uma criança que está no quarto nível de escrita. Observa-se que o modelo exposto pela figura demonstra a escrita de uma criança que descobriu a precisão de utilizar mais letras para compor uma sílaba. Portanto, este nível consiste em uma etapa em que o aprendizado das correspondências grafema-fonema precisa ser pensado de forma mais aprimorada. Ferreiro e Teberosky (1999) salientam o quinto nível como o ponto final do desenvolvimento da escrita. Neste momento, o aluno torna-se alfabético, pois já entendeu que cada um dos caracteres da escrita equivale a valores sonoros menores que a sílaba. A partir deste nível, o aluno irá encontrar dificuldades ortográficas. Embora o aluno tenha chegado ao nível ortográfico de escrita, existe uma preocupação quanto às regras ortográficas. A imagem a seguir exemplifica uma escrita realizada por uma criança que se encontra neste nível. Figura 9: Quinto nível de escrita. Fonte: MORAIS (2012, p.65). Pode perceber esta criança já entendeu o sistema notacional da palavra, porém, apresenta um erro em relação às regras ortográficas, dado que um aluno recém-alfabético ainda apresenta muitas habilidades grafofônicas e isso só será atingido com uma autonomia mínima de leitura. O processo para apropriação da escrita não acontece em um único passo, mas é de forma gradativa, onde o individuo vai adquirindo concepções, regras, normas, constrói e reconstrói hipóteses, ou seja, ele passa por várias reflexões ate chegar à complexidade da escrita. 33 Fica nítido que toda criança passa por esses cinco níveis até alcançar essa complexidade da escrita, e cada uma tem o seu próprio progresso de transição de um nível a outro. Vale pontuar que Ferreiro e Teberosky se fundamentaram, durante a elaboração da “Psicogênese da Língua Escrita”, nas pesquisas de Piaget quanto às fases de desenvolvimento humano, visto que os níveis do processo de compreensão de leitura e escrita, apontadas pelas autoras, se assemelham às características típicas de cada estágio de desenvolvimento descrito por Piaget (LUNA; SILVA, 2013). Sendo assim, a pesquisa esclareceu, a partir de um novo ângulo, que alguns erros frequentes às crianças que ainda não efetivaram o sistema de escrita alfabética, era algo característico de determinada fase de leitura ou de escrita. A partir do momento que o erro é percebido como construtivo contribui para a identificação dos conhecimentos dos alunos, as pesquisadoras estabeleceram que alguns erros comuns de muitas crianças no decorrer do processo de alfabetizaçãoresultam hipóteses, que os próprios alunos constituem para compreender o sistema de leitura e escrita. . 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O referido trabalho foi realizado com objetivo de repensar sobre os métodos tradicionais e construtivista de alfabetização e discutir as abordagens teóricas para a construção da escrita em crianças na fase inicial do Ensino Fundamental I. Averiguou-se a relevância por parte dos educadores em escolher a melhor metodologia para ser abordada com crianças nessa fase. Iniciando com a concepção de que a alfabetização é um processo contínuo e que acontece gradativamente ao longo do tempo. É notável que esse processo não se inicie propriamente na escola, mas sim, resultado do que a criança traz consigo, e por intervenção do trabalho exercido pelo professor em sala de aula pode ser transformado em aprendizagens sistemáticas. A pesquisa oportunizou refletir sobre as práticas de alfabetização dentro das escolas. Observando através dos dados levantados que de acordo com cada período a escola buscava suportes mais adequados para desenvolver a prática da leitura e escrita dentro das salas de aula. Por meio desta pesquisa conclui-se que, em um mundo que está sempre em constantes mudanças e evoluções, constituído por um panorama histórico e político de ideias diversificadas, é necessário que o homem seja valorizado como um sujeito reflexivo apto para atuar concisamente neste contexto social. A realização de novas propostas de alfabetização se consuma por meio da interatividade entre o aluno e o professor como indivíduos de uma prática cooperativa fixada na ação e reflexão que ambos desempenham sobre o objeto do conhecimento a ser descoberto. O quesito metodológico não é a essência da educação, mas sim uma ferramenta. Em vista disso, é necessário ter ideias claras sobre o que significa assumir um comportamento metodológico no processo escolar. É de extrema importância, saber tirar as vantagens dos métodos, além de conhecer as limitações de cada um. Conclui-se que para Emília Ferreiro o fracasso escolar nas séries iniciais na aprendizagem da leitura e escrita compõe uma grande dificuldade que nenhum método conseguiu sanar. Tendo como sustentação a teoria de Piaget, a pesquisadora mostra que a criança constrói seus sistemas interpretativos, isto é, considera diferentes hipóteses para construção de seus conhecimentos. Sendo 35 assim, é importante que o professor aprecie as escritas do ponto de vista construtivo, e é necessário que ocorra uma reestruturação na escola sobre a alfabetização e também no que se refere ao modo de se alfabetizar. 36 REFERÊNCIAS ACIOLI, Adenize Costa et al. A alfabetização infantil no enfoque de Emília Ferreiro e Ana Teberosky: Um estudo de caso na Escola Municipal José Sampaio. 2017. 9 f. Dissertação (Graduação em Pedagogia) - Universidade Estadual de Alagoas-UNEAL, Alagoas, 2017. ALMEIDA, Mariana Aparecida Paes. Métodos alfabetizadores: reflexões acerca da prática pedagógica de uma professora de 1ª série do ensino fundamental. Educere. Anais do II Congresso Nacional de Educação. Curitiba - Paraná, 2008. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/344_948.pdf>. Acesso em: 29 abril. 2019 às 16h. ARAUJO, Viviane Mattos de. O Processo de Alfabetização na Visão Construtivista: 1º Ano do Ensino Fundamental I. 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