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Complementação Pedagógica Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 02 1. Introdução 4 2. Aprendizagem e Educação 7 3. As dimensões do Processo de Aprendizagem 12 Dimensão Biológica 12 Dimensão Cognitiva 13 Dimensão Social 13 Dimensão Pedagógica 13 Os Fatores que Levam aos Problemas de Aprendizagem 14 Orgânicos 14 Específicos 14 Psicógenos 14 Ambientais 15 4. Os Distúrbios da Aprendizagem 17 Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva 21 Dificuldade da Leitura 23 Os Aspectos Funcionais do Aprendizado da Leitura 23 Distúrbio da Leitura 24 Dificuldade da Escrita 26 Disgrafta 26 Disortografta 27 Dificuldade no Raciocínio Matemático 27 Discalculia 27 Outros Déficits 27 5. Referências Bibliográficas 30 03 4 1. Introdução os esforçamos para oferecer um material condizente com o curso embora saibamos que os clássicos são indispensáveis. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases in- telectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há in- tenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento cien- tífico, testado e provado pelos pes- quisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específi- cos, nos colocamos abertos para crí- ticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e me- lhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distân- cia, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organi- zar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria ex- periência se somam e que a educa- ção é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, N 5 para a formação dos nossos/ seus alunos. Assim, a apostila em questão traz os seguintes conteúdos: apren- dizagem e educação; as dimensões do processo de aprendizagem (bio- lógica, cognitiva e social); os fatores que levam aos problemas de apren- dizagem (orgânicos, específicos, psi- cógenos e ambientais); os distúrbios de aprendizagem e a legislação de apoio para atendimento de crianças com dificuldades de aprendizagem. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais impor- tantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas re- gras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacu- nas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utili- zadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 7 2. Aprendizagem e Educação aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes. Nas inúmeras interações em que se envolve desde o nascimento, a crian- ça vai gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo significados para as suas ações e para as experiências que vive (DAVIS E OLIVEIRA, 1994). Sendo assim, pode-se definir mais claramente aprendizagem co- mo um processo evolutivo e cons- tante que implica uma sequência de modificações observáveis e reais no comportamento do indivíduo (físico e biológico e no meio que o rodeia) atuante e atuado. Este processo se traduz pelo aparecimento de formas realmente novas (POPPOVIC, 1968 apud CIASCA, 2008). Por isso, a aprendizagem é considerada um processo integrati- vo, supõe uma dinâmica interna, mental, ou seja, o indivíduo não acu- mula simplesmente conhecimentos, mas passa a entender com mais pro- fundidade as novas descobertas. A aprendizagem está sempre se efetuando, é um processo que co- meça com o nascimento, ou até mes- mo antes dele, e continua de uma forma ou de outra, durante toda a nossa vida e se acentua na escola, A 8 com o processo sistêmico de escola- rização. A aprendizagem é um fenô- meno extremamente complexo, en- volvendo aspectos cognitivos, emo- cionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resul- tante do desenvolvimento de apti- dões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações (STACCIARINI e ESPERI- DIÃO, 1999). O processo de aprendizagem é desencadeado a partir da motivação. Ao longo do desenvolvimento cognitivo e afetivo, a constituição do sujeito se faz pela resolução de con- flitos de aquisições, sendo a aprendi- zagem produto da interação das ne- cessidades que vão se modicando e, assim, configurando no- vos confli- tos, que influenciam a maneira como as etapas posteriores de desenvolvi- mento serão experimentadas. Nesse contexto, a aprendiza- gem constitui-se em um dos indica- dores da capacidade de aprender, relacionado especialmente para as crianças, com o seu padrão de adap- tação, com o nível de desenvol- vimento cognitivo; a condição cogni- tiva refere-se às estruturas que per- mitem a organização dos estímulos e do conhecimento. Os aspectos afeti- vos, juntamente com os cognitivos e biológicos, são comumente identifi- cados como fatores individuais e in- ternos da criança que, isoladamente ou em interação, determinam as condições de aprendizagem (POR- TO, 2009). Esse processo se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, inti- mamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente escolar: seus profes- sores e colegas. Nas situações esco- lares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento (HUERTAS, 2001). No contexto do processo de escolarização inúmeros problemas são detectados: dificuldades de co- ordenação motora, agressividade, falta de atenção em sala de aula, difi- culdade com ordenação e muitos outros. Além dos inúmeros fatores que possibilitam o insucesso da criança, como fatores biológicos, so- ciais, emocionais, pedagógicos, etc. outros motivos que levam uma criança ao fracasso escolar seriam: Não estar amadurecida o sufi- ciente para aprender determi- nados conceitos; Não estar motivadas, com a autoestima baixa; Ter problemas fisiológicos; Ter problemas sociais. A acei- tação por parte do professor e dos colegas, o afeto que rece- 9 bem dos pais e das pessoas em geral são objetivos muito caro às crianças. Muito do que elas fazem, se esclarece quando levamos isso em consideração; Não ter tido experiências ante- riores favoráveis, ou seja, o que elas estão aprendendo no momento depende de conheci- mentos que não obtiveram; Ter dificuldade de concentra- ção; Podem estar numa escola on- de a forma de ensinar não está de acordo com sua forma de aprender. É preciso ter sempre em mente que uma criança não aprende em função do professor, mas em função dela mesma, de sua autoestima, po- rém, tanto o professor quanto a fa- mília, são imprescindíveis para o su- cesso da mesma. É necessário com- preender para melhor educar. É ne- cessário que o professor esteja aten- to as dificuldades que eventualmen- te possam surgir e se for preciso encaminhá-la a um especialista. Segundo Porto (2009) a aprendizagem é um processo tão im- portante para a sobrevivência do ho- mem, que cada vez mais, as escolas e as tecnologias estão sempre se aper- feiçoando para tornarem a aprendi- zagemmais eficiente. À medida que se ascende na escala animal, o perío- do da infância, a capacidade para aprender e a importância da apren- dizagem na vida do organismo au- mentam, regularmente, com um correspondente decréscimo dos comportamentos inatos, denomina- dos instintivos. O psicopedagogo, neste con- texto, tem o papel significativo de estimular ou facilitar o processo en- sino-aprendizagem, e muitas vezes precisa apenas descobrir na criança o que ela já sabe. Até o momento discorremos sobre a importância da aprendiza- gem, pois bem, agora podemos falar das funções da educação que segun- do Paín (1992) são quatro funções interdependentes, a saber: Função mantenedora: ela garan- te a continuidade da espécie huma- na ao reproduzir em cada indivíduo o conjunto de normas que regem a ação possível. Função socializadora: embora a educação não ensine a comer, a falar ou cumprimentar, ela ensina que são as modalidades destas ações, re- gulamentadas pelas normas do ma- nejo, da sintaxe, os códigos gestuais da comunicação. Ela leva o indi- víduo a transformar-se socialmente, a identificar - se com um grupo. Função repressora: se de um la- do a educação educa, de outro ela reprime no sentido de conservar e 10 reproduzir as limitações que o poder destina a cada classe e grupo social, segundo o papel que lhes atribui na realização de seu projeto socioeco- nômico. Função transformadora: na me- dida em que as contradições do sis- tema produzem mobilizações pri- mariamente emotivas, os diversos grupos se mobilizam e buscam por mudanças. São atitudes revolucio- nárias que também passam pela educação (PAÍN, 1992). Segundo Paín (1992), em fun- ção do caráter complexo na função educativa a aprendizagem se dá si- multaneamente como instância alie- nante e como possibilidade liberta- dora. A alfabetização, por exemplo, que sustenta um sistema opressivo baseado na eficiência e no consumo, se transforma na via necessária da conscientização e da doutrinação rebelde. Desta forma, o sujeito que não aprende não realiza nenhuma das funções sociais da educação, acusan- do sem dúvida o fracasso da mesma, mas sucumbindo a esse fracasso. Para Sara Paín, o problema de aprendizagem mais grave não é o daquele sujeito que não cumpre a norma estatística, mas sim daquele que constitui a OLIGOTIMIA social, que produz sujeitos cuja atividade cognitiva pobre, mecânica e passiva, se desenvolve muito aquém daquilo que lhe é estruturalmente possível. 12 3. As dimensões do Processo de Aprendizagem a prática diagnóstica é neces- sário levar em consideração al- guns aspectos ou dimensões ligados às três perspectivas de abordagem do fracasso escolar. Essa interliga- ção ajudará a construir uma visão gestáltica da plurianualidade desse fenômeno, possibilitando uma abor- dagem global do sujeito em suas múltiplas facetas. Tipo de cultura, condições e relações político-sociais e eco- nômicas vigentes, o tipo de estrutura social, as ideologias dominantes e as relações ex- plícitas ou implícitas desses aspectos com a educação escolar; Análise da instituição escola; Aluno enquanto aprendente (WEISS, 1992, p. 2-5). Dimensão Biológica Os aspectos orgânicos estão relacionados à construção bifisioló- gica do sujeito que aprende. Altera- ções nos órgãos sensoriais impedi- rão ou dificultarão o acesso aos si- nais do conhecimento. A construção das estruturas cognoscitivas se pro- cessa num ritmo diferente entre indivíduos normais e os portadores de deficiências sensoriais, pois exis- tirão diferenças nas experiências fí- sicas e sociais vividas. Diferentes problemas do sis- tema nervoso central acarretarão al- terações, como, por exemplo, disfa- sias e afasias que comprometem a N 13 linguagem e poderão ou não causar problemas de leitura e escrita. Na realidade, crianças portadoras de al- terações orgânicas recebem, na maioria das vezes, uma educação di- ferenciada por parte da família, o que pode levar à formação de pro- blemas emocionais em diversos ní- veis, gerando dificuldades na apren- dizagem escolar. Dimensão Cognitiva Os aspectos cognitivos estão basicamente ligados ao desenvolvi- mento e funcionamento das estrutu- ras cognoscitivas em seus diferentes domínios. Weiss (1992) inclui nessa grande área também aspectos liga- dos à memória, atenção, antecipa- ção, etc., anteriormente agrupados nos chamados fatores intelectuais. Numa visão piagetiana, o de- senvolvimento cognitivo é um pro- cesso de construção que se dá na in- teração entre o organismo e o meio. Se esse organismo apresenta proble- mas desde o nascimento, o processo de construção do sujeito sofrerá al- terações em seu ritmo. Dimensão Social Os aspectos sociais estão liga- dos à perspectiva da sociedade em que estão inseridas a família e a es- cola. Inclui, além da questão das oportunidades, as questões ligadas à formação da ideologia em diferentes classes sociais. A falsa democratização de al- gumas escolas em que se dá a mis- tura de crianças de classe média com ampla base cultural com crianças de camadas menos favorecidas da po- pulação, sendo essas últimas expeli- das da escola por duas reprovações é outro exemplo do problema de di- mensão social. Essa escola que finge aceitar a diversidade cultural constrói nessas crianças a baixa autoestima, o senti- mento de inferioridade que carre- gam para outras escolas ditas mais fáceis. Isso acontece porque na rea- lidade, não fazem dentro da escola modificações curriculares e pedagó- gicas que auxiliem a criança menos favorecida a ter uma ascensão no conhecimento e se igualar com as do 1º grupo (WEISS, 1992). Dimensão Pedagógica Os aspectos pedagógicos con- tribuem muitas vezes para o apareci- 14 mento de uma formação reativa aos objetos da aprendizagem escolar. Tal quadro confunde-se às vezes, com as dificuldades de aprendiza- gem originadas na história pessoal e familiar do aluno. Nesse conjunto de fatores es- tão incluídas as questões ligadas à metodologia do ensino, à avaliação, à dosagem de informações, à estru- turação de turmas, à organização geral, etc., que influindo na qualida- de do ensino, interferem no pro- cesso ensino-aprendizagem. Segun- do Weiss (1992, p. 9) ficam diminuí- das assim, as condições de acesso do aluno ao conhecimento via escola. A escola boa deveria ser esti- mulante para aprender, por essa razão, a função básica dos profissio- nais da área de educação deveria ser: Melhorar as condições de ensi- no para o crescimento cons- tante do processo de ensino aprendizagem e assim prevê- nir dificuldades na produção escolar. Fornecer meios, dentro da es- cola, para que o aluno possa superar dificuldades na busca de conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola. Atenuar, ou no mínimo, con- tribuir para não agravar os problemas de aprendizagem nascidos ao longo da história pessoal do aluno e sua família (WEISS, 1992). Os Fatores que Levam aos Pro- blemas de Aprendizagem Orgânicos Refere-se ao crescimento or- gânico, maturação neurofisiológica, a capacidade de manipulação de objetos, etc. Em outras palavras: Integridade anatômica; Investigação neurológica; Funcionamento glandular. São exemplos de fatores orgâ- nicos: a saúde física, a falta de inte- gridade neurológica (sistema nervo- so doentio), alimentação inadequa- da, etc. Específicos Estão relacionados a transtor- nos na área da adequação percepti- vomotora. (veremos detalhes no tó- pico sobre distúrbios da aprendiza- gem). Psicógenos Estão relacionadas aos fatores psicogênicos três possibilidades pa- ra o fato do não aprender:Na pri- meira, este constitui um sintoma e, portanto, supõe a prévia repressão de um acontecimento que a opera- ção de aprender de alguma maneira 15 significa; na segunda, trata-se de uma retratação intelectual do ego. Tal retratação ocorre em três opor- tunidades: sexualização dos órgãos, evitação do erro ou compulsão ao fracasso diante do êxito, como cas- tigo a ambição do ser; e a terceira, quando o ego está absorvido em ou- tra tarefa psíquica que compromete toda a energia disponível. São exemplos de fatores psico- lógicos: Inibição, fantasia, ansieda- de, angustia, inadequação à realida- de, sentimento generalizado de re- jeição. Ambientais Interessa neste momento as características de moradia, bairro, escola, lazer, acesso a jornais, rádio, etc. Este fator é determinante no diagnóstico, na medida em que nos permite compreender sua coinci- dência com a ideologia e os valo- res vigentes no grupo. O paciente deve ser avaliado através de seu nível de consciência e participação. São exemplos de fatores am- bientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de co- municação, etc. 16 17 4. Os Distúrbios da Aprendizagem egundo Nutti (2002) definir e distinguir distúrbio, transtor- no e dificuldades e/ou problemas de aprendizagem é uma das mais in- quietantes problemáticas para aque- les que atuam no diagnóstico, pre- venção e reabilitação do processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta literatura fundamentada em concepções nem sempre coinciden- tes ou convergentes. Etimologicamente, a palavra distúrbio compõe-se do radical tur- bare e do prefixo dis. O radical tur- bare significa “alteração violenta na ordem natural” e pode ser identifi- cado também nas palavras turvo, turbilhão, perturbar e conturbar. O prefixo dis tem como significado “al- teração com sentido anormal, pato- lógico” e possui valor negativo. O prefixo dis é muito utilizado na ter- minologia médica (por exemplo: distensão, distrofia). Em síntese, do ponto de vista etimológico, a palavra distúrbio pode ser traduzida como “anormalidade patológica por alte- ração violenta na ordem natural” (COLLARES E MOYSES, 1992). Portanto, um distúrbio de aprendizagem obrigatoriamente re- mete a um problema ou a uma doen- S 18 ça que acomete o aluno em nível individual e orgânico (Nutti, 2002). De acordo com Carvalho (2009) na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos cen- trais, para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de apren- dizagem. As teorias de aprendiza- gem têm em comum o fato de assu- mirem que indivíduos são agentes ativos na busca e construção de co- nhecimento, dentro de um contexto significativo. O processo de aprender exige uma integração entre cognição, afe- tividade e a ação e, nas pessoas que não apresentam dificuldades, esta integração flui, permitindo a apren- dizagem. Já aqueles que por algum mo- tivo apresentam dificuldades, esta integração aparece obstaculizada, desorganizada, o que provoca muita tensão diante das situações de aprender. O não conseguir aprender por repetidas vezes faz com que o aprendiz forme de si uma imagem de fracasso e se iniba ou se afaste de novas situações de aprendizagem. Barbosa (1999) assevera que “este afastamento vai impedindo a sua evolução cognitiva e inibindo o seu desejo de aprender, o que gera desconforto diante de novas apren- dizagens, provocando por certo um novo fracasso”. Uma dificuldade de aprendiza- gem é um transtorno permanente que afeta a maneira pela qual, os indivíduos com inteligência normal e acima da média selecionam, retém e expressam informações. As infor- mações que entram ou que saem podem ficar desordenadas conforme viajam entre os sentidos e o cérebro. As dificuldades de aprendiza- gem devem ser consideradas como uma causa possível se uma criança tem dificuldade em um ou mais dos seguintes aspectos: Pensar claramente; Escrever legivelmente; Soletrar com exatidão; Aprender a ler; Aprender a calcular; Copiar formas; Recordar fatos; Seguir instruções; Colocar coisas em sequência. Ou seja, ela frequentemente fica confusa, é impulsiva, hiperativa ou desorientada, tornando-se frus- trada e rebelde, deprimida, retraída ou agressiva. O professor deve estar prepa- rado para identificar possíveis dis- túrbios/dificuldades no processo de aprendizagem, enfocando aspectos orgânicos, afetivos e pedagógicos, durante todo o processo. Para Paín (1992) os Distúr- bios, Dificuldades e Problemas de Aprendizagem, sem dúvida, são os 19 mais inter e multidisciplinar dos temas, porque requer o envolvimen- to dos vários aspectos: psicológicos, orgânicos e sociais, e mescla, em seu atendimento, os conceitos das diver- sas áreas: Psicologia, Fonoaudio- logia, Psicomotricidade e Sociologia. O termo “transtorno” é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores ine- rentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Trans- torno” não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou com- portamentos clinicamente reconhe- cível associado, na maioria dos ca- sos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (Cid-10, 1993,p. 5). Dentre vários outros autores, Fernández (1991) também consi- dera as dificuldades de aprendiza- gem como sintomas ou “fraturas” no processo de aprendizagem, onde necessariamente estão em jogo qua- tro níveis: o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo. A dificuldade para aprender, segundo a autora, se- ria o resultado da anulação das capa- cidades e do bloqueamento das pos- sibilidades de aprendizagem de um indivíduo e, a fim de ilustrar essa condição, utiliza o termo inteligên- cia aprisionada. Reforçamos que a aprendiza- gem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cog- nitivos, emocionais, orgânicos, psi- cossociais e culturais e resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da trans- ferência destes para novas situações. A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da expe- riência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará in- teragir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes. Sobre a psicopedagogia, os distúrbios e dificuldades de aprendi- zagem constituem-se os objetos de estudos desse profissional, ou seja, é por causa deles que o profissional existe. Ao ser procurado pela escola, pelo professor ou pela família ten- do conhecimento do problema, ele poderá analisar e refletir a respeito: Da aprendizagem e seu pro- cesso de escolarização; Dos fatores que influenciam na aprendizagem humana e as causas do fracasso escolar; Da diferença entre Distúrbios, Dificuldades e Problemas de Aprendizagem e finalmente; Da importância da Psicomo- tricidade como recurso de atendimento psicopedagógico. É preciso ter sempre em mente que uma criança não aprende em função do professor, mas em função 20 dela mesma, de sua autoestima, po- rém, tanto o professor quanto a fa- mília, são imprescindíveis para o sucesso da mesma. Enfim, a importância e aplica- bilidade prática de conhecer os dis- túrbios de aprendizagem, reside jus- tamente no fato da necessidade do professor estar atento as dificulda- des que eventualmente possam sur- gir e se for preciso encaminhá-la a um especialista. E ao psicopedago- go, neste contexto, cabe o papel sig- nificativo de estimular oufacilitar o processo ensino-aprendizagem, e muitas vezes precisa apenas desco- brir na criança o que ela já sabe. Pela intensidade com que apresentam os sintomas e compor- tamentos infantis, pela duração em que eles têm na vida escolar e pela participação do lar e da escola nos processos problemáticos, fica difícil para o professor identificar os pro- blemas de aprendizagem de seu aluno. Na verdade quando o ato de aprender se apresenta problemático, é preciso uma avaliação muito mais abrangente e minuciosa, cabendo ao especialista Psicopedagogo realizá- la, a fim de identificar causas, e pla- nejar possíveis correções. Quando falamos de aprendiza- gem estamos nos referindo a um processo global de crescimento, pois toda aprendizagem desencadeia, em algum sentido, crescimento indivi- dual ou grupal. A aprendizagem infantil, no que tange ao processo escolar em geral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento da criança, às figuras representativas desta apren- dizagem (escola, professores), am- biente de aprendizagem formal, condições orgânicas, condições emocionais e estrutura familiar. Qualquer intercorrência em um ou mais destes fatores, pode in- fluenciar direta ou indiretamente o processo de aquisição da aprendi- zagem. Eis que agora precisamos defi- nir linguagem para continuarmos nosso caminho sobre os distúrbios de aprendizagem. Podemos definir linguagem como um instrumento que, através de diversas formas, o ser humano utiliza para se comunicar. A comunicação ocorre através de gestos, expressões faciais, fala e escrita formal obedecendo as regras da comunidade linguística na qual está inserida. Diversas são as alterações que podem ser diagnosticadas durante o processo de aprendizagem e conse- quentemente, o processo educacio- nal em geral, como desempenho e qualidade globais. O atraso na linguagem traduz- se pela ausência da mesma na idade 21 em que, normalmente, ela se ma- nifesta. Caracteriza-se pela permanên- cia de certos padrões linguísticos além da fase da idade cronológica. No atraso simples ou modera- do observa-se a redução de padrões fonológicos. No atraso grave de lin- guagem a criança apresenta todos os padrões fonológicos reduzidos e também os padrões morfossintáti- cos estão muito reduzidos com, pra- ticamente, ausência dos elementos de ligação e estruturas frasais pri- mitivas. Sendo o atraso propriamente dito, apresenta transtornos nas de- mais áreas de linguagem podendo estar implicados os mecanismos de memória imediata. Dificuldades oro-motoras acompanham o atraso de linguagem necessitando de um maior enrique- cimento ou ajustamento das sensa- ções proprioceptivas, facilitando a fixação dos padrões fonológicos corretos. São várias as classificações para os distúrbios de aprendizagem. Basicamente temos dificuldades nos planos da leitura, da escrita e da ma- temática. Outras mais globais se- riam de origem afetiva. Falaremos um pouco de cada uma delas, salientando que inúme- ros autores debruçam sobre o tema e são inúmeras as dicas ou maneiras de definir as dificuldades, mas isso requer tempo e experiência por par- te do profissional. Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva Os atrasos globais do desen- volvimento são caracterizados pelo atraso psicomotor, da linguagem oral e da comunicação em geral, es- tando a criança defasada em diver- sas áreas do desenvolvimento com ou sem problemas motores. Aspectos cognitivos e percep- tivos também podem acompanhar o Atras o global de Desenvolvimento. Os padrões esperados para cada faixa etária dependem, além da estimulação ambiental com qualida- de, da maturação neurológica. No quadro de atraso da língua- gem devemos ressaltar a disfasia onde existem, quase sempre, proble- mas de compreensão e sua evolução terapêutica é muito lenta. Os fatores emocionais per- meiam toda e qualquer relação que o indivíduo faça ou venha a fazer con- 22 sigo mesmo ou com o mundo exte- rior, o fator emocional e sua estrutu- ra não devem ser desprezados. Le- vando-se em conta a estrutura familiar, social e as relações estabe- lecidas entre si e o meio e a forma com que estas relações são feitas, influenciam, sem dúvida, o desen- volvimento do processo de apren- dizagem. A maneira de encarar novas informações, a relação com este “novo” e a disponibilidade da crian- ça para permitir-se a aprender, estão intrinsecamente ligadas com suas condições psicológicas. A criança de seis anos que in- gressa na escola básica acha-se brus- camente confrontada com uma si- tuação nova à qual terá de adaptar- se rapidamente. Os problemas com os quais ela vai envolver-se impli- cam, em muitos casos, uma reconsi- deração dos hábitos e atitudes an- teriores. Particularmente confronta- va-se com o problema de sua própria eficácia, já que deve submeter-se às aprendizagens e ser bem sucedida de acordo com um ritmo que, na maioria dos casos não leva em conta suas possibilidades reais (LE BOU- LCH, 1983). Esta exigência de desempenho é exacerbada pelas comparações fei- tas de uma criança a outra e este ambiente competitivo passará, rapi- damente, a ter para ela uma signi- ficação afetiva, e até mesmo moral, na medida em que as noções de bons e maus alunos se desprenderão na- turalmente do êxito ou do fracasso. A situação da criança torna-se ainda mais difícil pela exigência dos pais que se sentem pessoalmente impli- cados, e até traídos, quando seus filhos não chegam no nível das ou- tras crianças (LE BOULCH, 1983). Esta análise sucinta põe em evidên- cia o fato de que a aprendizagem escolar definida como conteúdo é inseparável das condições das re- lações dentro da quais ela é exercida. Compreende-se, então, que os pro- blemas encontrados possa situar- se, conforme o caso, mais no polo afeti- vo ou mais no plano funcional (ATHAR, 2004). Durante o período escolar, seria possível, apoiando-nos nas atividades de expressão espon- tânea realizadas em grupos, despis- tar entraves como inibição, a inse- gurança, as dificuldades de comuni- cação, os atrasos de linguagem. A exploração das situações lúdicas e do trabalho voltado para a imagem do corpo num clima de segurança criado pela educadora, deveria per- mitir às crianças, vítimas de carên- cias afetivas ou, ao contrário, super- protegidas, a recuperação de uma parte de seu atraso no plano fun- cional e, abordar o curso prepa- ratório em melhores condições (ATHAR, 2004). 23 Dificuldade da Leitura A leitura é a possibilidade pró- pria que cada uma das pessoas tem de dotar de sentido e de significado, seja ela textos escritos, desenhos, comportamentos, expressões e outros. É fato que os indivíduos não nas- cem sabendo ler, mas também é fato que não aprendem a fazê-lo apenas quando entram na escola (CHARTIER, 1998). Com as crianças não é em nada diferente, uma vez que desde muito cedo elas distinguem seus pertences dos de seus colegas, conhecem sua mãe e parentes mais próximos, dias de sol, dias de chuva, dentre muitas outras coisas de nada valerá se essas crianças não dominarem o saber ler e escrever. Ao não saberem lidar li- vremente com sua língua, sem dú- vida alguma sofrerão exclusão social e ainda pior, serão cidadãos priva- dos de parte de seus direitos, e ainda de assumirem seus deveres, dei- xando então de lutar por seus de- sejos. O trabalho escolar não pode minimizar o conceito de leitura e nem a necessidade que cada criança tem de se relacionar com sua língua, de forma ampla, criativa e autô- noma. Não se trata de só trabalhar para que as crianças aprendam a ler, mas sim trabalhar para que elas fa- çam uso da linguagem em sua ple- nitude, riqueza e complexidade em espaços de interlocuçãoperma- nente. Os Aspectos Funcionais do Aprendizado da Leitura Percebem-se três grandes cau- sas funcionais nos problemas de leitura escrita: os déficits da função simbólica que podem ser observados nas debilidades, os atrasos ou os defeitos de linguagem e os proble- mas essencialmente psicomotores. Relacionar os problemas de orientação com a dificuldade de aprendizado da leitura é algo clás- sico e que sobressai da evidência. Da observação desta concordância, pas- sa-se logo a fazer uma re- lação de causa e efeito. Na verdade, felizmen- te, não é necessário que uma criança tenha podido verbalizar sua direita ou sua esquerda para que possa ser confrontada com o aprendizado da leitura. 24 O problema é muito mais pro- fundo. Não concerne apenas ao pa- pel perceptivo, mas surge de uma dificuldade muito mais fundamental que atinge a organização de seu cor- po próprio. A dificuldade de orien- tação e o problema de leitura não passam de dois sintomas ligados à mesma causa: a dislateralidade. A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Os espa- ços motores que correspondem ao lado direito a ao lado esquerdo do corpo não são homogêneos. Esta de- sigualdade vai particularizar-se no decorrer do desenvolvimento e con- solidar-se quando os ajustamentos práxicos de natureza intencional. No maior número de casos, está latera- lização é homogênea e sem ambigui- dade. Noutros, ao contrário, e parti- cularmente no caso dos canhotos, podemos observar discordância. As discordâncias que reterão aqui nossa atenção concorrem às que atingem a organização do olhar e a organização da prevalência ma- nual. As nossas próprias observa- ções nos permitem afirmar que em muitos casos de dislexia, constata-se uma dominância cruzada da mão e da visão. A leitura de um texto é feita graças a uma sucessão de movimen- tos oculares bruscos e ritmados, orientados obrigatoriamente da es- querda para a direita. A organização desta motricidade ocular é muito precoce. Distúrbio da Leitura Dentro dos distúrbios da lei- tura temos: Dislexia: Neurologicamente con- ceituando, trata-se da incapacidade de compreensão do que se lê, devido à lesão no sistema nervoso central. Porém muitas vezes esta condição apresenta-se sem qualquer compro- metimento neurológico, neste caso, dislexia poderá ser considerada a condição em que o aluno consegue ler, mas experimenta fadiga e sen- sações desagradáveis. As crianças disléxicas são maus leitores, uma vez que são capa- zes de ler, mas não de entender o que leram de maneira eficiente. Os disléxicos em geral são inteligentes, habilidosos, mas apre- sentam esse quadro de dificuldade desde muito cedo, quando ainda na Educação Infantil, onde deve ser tra- balhado uma forma de melhorar esse quadro. Uma criança disléxica encon- tra dificuldade para ler, e essas frus- trações acumuladas podem conduzir a criança a demonstrar comporta- mentos antisociais, agressivos, re- sultando então em uma situação de marginalização progressiva da 25 criança (CASANOVA, 1997 apud MARTINS, 2006). Quando os educadores se de- param com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldades de ler e entender o que leram, devem investigar imediatamente se há al- gum caso de dislexia na família. Em geral, a história pessoal de uma criança dislexia, traz traços comuns, como o atraso de aquisição da lin- guagem, atraso de locomoção, pro- blemas com lateralidade e outros. O diagnóstico da dislexia deve ser precoce, ou seja, já nos primeiros anos de escolaridade da criança, prevenindo assim, futuros proble- mas de fundo emocional. São muitas as dificuldades en- contradas em crianças com dislexia. Segundo Martins (2002) temos: Dificuldade para ler orações e palavras simples; A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos; As crianças ou adultos dislé- xicos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo: “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, obse- rvando a produtividade mor- fológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, uma outra coisa é, sem intenciona- lidade, a criança ou adulto tro- car a sequência de grafemas; Invertem as letras ou núme- ros, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por /b/, /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos esc- olares. Assim, é patente a con- fusão de letras de simetria oposta; A ortografia é alterada, po- dendo estar ligada à chamada Consciência Fonológica (alte- rações no processamento au- ditivo) Copiam de forma errada as pa- lavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são es- critas. Em geral, as professo- ras ficam desesperadas: como podem pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o con- trário? Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente; As crianças disléxicas conhe- cem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de ma- neira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou es- crevem, por exemplo: “gato” por “casa”; Têm as crianças disléxicas difi- culdades em distinguir a es- querda e a direita; Alteração na sequência das le- tras que formam as sílabas e as palavras; Confusão de palavras pareci- das ou opostas em seu signifi- cado. Os homônimos, isto é, 26 palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma difi- culdade nas crianças dislé- xicas; Os erros na separação das pa- lavras; Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A lei- tura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decode- ficam as palavras, mas não conseguem ter compreensão. Os disléxicos têm falhas na construção gramatical, espe- cialmente na elaboração de orações complexas (coordena- das e subordinadas) na hora da redação espontânea (MAR- TINS, 2002, ESTILL, 2006). Em anexo temos uma lista de sintomas encontrados em dis- léxicos. Dificuldade da Escrita A escrita é antes de qualquer coisa, um aprendizado motor. A aquisição desta prática específica, particularmente complexa, exige que se eduque a função de ajusta- mento. Antes que a criança aprenda a ler, o trabalho psicomotor terá co- mo objetivo proporcionar-lhe uma motricidade espontânea, coordena- da e rítmica, que será o melhor aval para evitar os problemas de escrita. A habilidade manual será de- senvolvida, quer pela utilização da modelagem do recorte, da colagem, quer por exercício de dissociação ao nível da mão e dos dedos, que iden- tificamos como exercícios de percep- ção do corpo próprio fazendo atuar a função de interiorização. O ritmo do traçado e sua orientação da esquer- da para a direita serão melhorados pelos exercícios gráficos baseados nas formas da pré-escrita, como as diferentes hélices e guirlandas. O controle da velocidade e a manuten- ção de sua constância serão obtidos por exercícios em séries crescentes e decrescente. O trabalho que cha- mamos de controle tônico assume igualmente uma enorme impor- tância. Portanto, é essencial para a criança dispor de uma motricidade espontânea, rítmica, liberada e con- trolada, sobre a qual o professor poderá apoiar-se. Aqui encontramos a disgrafia e a disortografia. Disgrafta É a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual ou a percepção da “coisa”. Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, em geral são ilegíveis. Existem vários níveis da dis- grafia, desde a incapacidade de se- gurar um lápis e traçar uma linha, até a apresentada por crianças que são capazes de fazer dese- nhos sim- 27 ples, mas não cópias de palavras do quadro. As principais característicasdas crianças disgráficas são: Apresentação desordenada do texto; Margens mal feitas ou ine- xistentes; Espaço irregular entre pala- vras, linhas e entrelinhas; Traçado de má qualidade; Distorção de formas de letra e, Separação inadequada de letras. Obs: Todas as crianças canhotas, como aquelas que ainda não apren- deram a dominância lateral defini- da, estão sujeitas à disgrafia, se não forem devidamente orientadas qua- nto à postura, posição do papel e a apreensão do lápis (Martins, 2006). Disortografta Caracteriza-se pela incapaci- dade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas or- tográficas e confusão de letras. Essa dificuldade não implica na diminui- ção da qualidade do traçado das letras. As trocas ortográficas são nor- mais nas séries iniciais, porque a relação entre palavra impressa e os sons ainda não estão totalmente do- minadas. As principais características das crianças que apresentam disor -tografia costumam ser: Confusão de letra (consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j); Confusão de sílabas com toni- cidades semelhantes; Confusão de letras simétricas (b/d; q/p) e semelhantes (e/a; b/h; f/t). Dificuldade no Raciocínio Matemático Discalculia Falha na aquisição da capaci- dade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade está no reconhecimento do número e do raciocínio matemático. Atinge de 5 a 6% da população com problemas de aprendizagem e envolve dificulda- des na percepção, memória, abstra- ção, leitura, funcionamento motor; combina atividades dos dois hemisférios. Outros Déficits Os déficits cognitivos podem ser causados por lesões neurológicas ou por alterações perceptivas graves e não valorizadas precocemente que levem ao desenvolvimento aquém das possibilidades da criança. No caso das síndromes neu- rológicas podemos citar, por exem- plo, aberrações cromossômicas: Sín- 28 drome do 21, Síndrome de Turner, Síndrome Kline- felter. Erros inatos ao metabolismo e transtornos endócrinos, também são responsáveis por desenvol- vimento de déficits cognitivos. Também consideramos, como causa dos mesmos, transtornos en- dócrinos, patologias pré-natais (ru- béola, sífilis, uso de medicamentos); peri-natais (prematuridade e ima- turidade, sofrimento neonatal); pós- natais (encefalites, meningites, etc.). Os déficits perceptivos - As capacidades de percepção visual e auditiva, permitem captação dos es- tímulos ambientais e sua deco- dificação. A linguagem vai se estrutu- rando à medida em que esses fatores (visão e audição) se desenvolvem, juntamente com a maturação neuro- lógica e as habilida des psicomo- toras. Necessárias para um ade- quado desempenho da escrita e da leitura a visão e suas áreas percep- tivas (coordenação visomotora, po- sição no espaço, relação espacial, constância de percepção e figurafun- do), bem como a audição e suas ha- bilidades (atenção, localização e dis- criminação) formam e estruturam a base desta formalização da escrita e da leitura e interpretação da mesma. A síndrome TDAH - A Síndro- me do Déficit de Atenção com Hipe- ratividade - TDAH, faz com que a criança apresente características como: Dificuldade de concentração; Impulsividade; Dificuldade de manutenção de atenção mesmo durante as brincadeiras; Parece não escutar quando é chamado; Não termina as atividades; Perde com facilidade os objetos; Facilidade para distrair-se com estímulos externos; Movimento frequente de mãos ou pés; Dificuldade de permanecer sentado; Dificuldade em se engajar em jogos ou atividades de leitura onde necessita permanecer sentado. Para se obter um diagnóstico seguro desta Síndrome é necessário que a criança seja avaliada por uma equipe mul- tidisciplinar que inclui neuropsicologia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia e que estejam presentes ao menos em seis das ca- racterísticas acima citadas. Certamente esta Síndrome in- fluenciará na qualidade do desen- volvimento da aprendizagem escolar e muitas vezes defasagem em al- guma área relacionada com a lin- guagem. 29 29 30 30 5. Referências Bibliográficas ATHAR, Patrícia Teixeira Correia Aben. A im- portância da psicomotricidade para a Educação Física Escolar. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2004. BARBOSA, L. M. S. O projeto de traba- lho: uma forma de atuação psicopedagó- gica. Curitiba. Ed. Gráfica Arins, 1999. CARVALHO, Maria Salete C. Diftculdades de aprendizagem (2009). Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao- artigos/ dificuldades-de-aprendizagem- 1228106.html. Acesso em: 23 jan. 2011. Classiftcação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Organi- zação Mundial de Saúde (Org.). Porto Ale- gre: Artes Médicas, 1993. CHARTIER, R. História cultural: entre prá- ticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. CIASCA, Sylvia Maria. 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