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38034270-crimes-contra-o-sentimento-religioso-e-contra-o-respeito-aos-mortos - Direito Penal parte especial GRAN CURSOS 2020

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL 
PARTE ESPECIAL
Crimes contra o Sentimento Religioso e 
contra o Respeito aos Mortos
Livro Eletrônico
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João Guilherme
Crimes contra o Sentimento Religioso e contra o Respeito aos Mortos
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos . ...........................5
1. Introdução . .............................................................................................................................5
2. Ultraje a Culto e Impedimento ou Perturbação de Ato a Ele Relativo . ...........................5
2.1. Previsão Constitucional . ....................................................................................................5
2.2. Tipo Penal Objetivo . ..........................................................................................................5
2.3. Objeto Material ..................................................................................................................7
2.4. Objeto Jurídico´ . ..................................................................................................................7
2.5. Sujeitos . ..............................................................................................................................7
2.6. Elemento Subjetivo . ..........................................................................................................8
2.7. Consumação . ......................................................................................................................8
2.8. Tentativa . ............................................................................................................................8
2.9. Classificação do Crime . ....................................................................................................8
2.10. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal . ............................................................9
2.11. Ação Penal . ...................................................................................................................... 14
3. Impedimento ou Perturbação de Cerimônia Funerária . ................................................. 14
3.1. Tipo Penal Objetivo . ......................................................................................................... 14
3.2. Objeto Material . .............................................................................................................. 15
3.3. Objeto Jurídico . ............................................................................................................... 15
3.4. Sujeitos ............................................................................................................................. 15
3.5. Elemento Subjetivo ......................................................................................................... 16
3.6. Consumação . .................................................................................................................... 16
3.7. Tentativa (Conatus) . ......................................................................................................... 16
3.8. Classificação do Crime . ...................................................................................................17
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divisão
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Crimes contra o Sentimento Religioso e contra o Respeito aos Mortos
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
3.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal . ............................................................17
3.10. Ação Penal . .................................................................................................................... 20
4. Violação de Sepultura . ..................................................................................................... 20
4.1. Tipo Penal Objetivo . ......................................................................................................... 21
4.2. Objeto Material . .............................................................................................................. 21
4.3. Objeto Jurídico . ............................................................................................................... 21
4.4. Sujeitos . ............................................................................................................................22
4.5. Elemento Subjetivo . ........................................................................................................22
4.6. Consumação. ....................................................................................................................22
4.7. Tentativa............................................................................................................................22
4.8. Classificação do Crime . ..................................................................................................22
4.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal . ...........................................................23
4.10. Ação Penal . .....................................................................................................................26
4.11. Questões Relevantes . ....................................................................................................26
5. Destruição, Subtração ou Ocultação de Cadáver ............................................................27
5.1. Tipo Penal Objetivo . .........................................................................................................27
5.2. Objeto Material . ............................................................................................................. 28
5.3. Objeto Jurídico . .............................................................................................................. 28
5.4. Sujeitos ............................................................................................................................ 28
5.5. Elemento Subjetivo ........................................................................................................ 28
5.6. Consumação. ....................................................................................................................29
5.7. Tentativa............................................................................................................................29
5.8. Classificação do Crime . ..................................................................................................29
5.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal . ...........................................................29
5.10. Ação Penal . ..................................................................................................................... 31
5.11. Questões Relevantes . .................................................................................................... 31
6. Vilipêndio a Cadáver . ..........................................................................................................32
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6.1. Tipo Penal Objetivo . .........................................................................................................32
6.2. Objeto Material ................................................................................................................32
6.3. Objeto Jurídico .................................................................................................................33
6.4. Sujeitos . ............................................................................................................................33
6.5. Elemento Subjetivo . ........................................................................................................336.6. Consumação . ...................................................................................................................33
6.7. Tentativa ...........................................................................................................................34
6.8. Classificação do Crime . ..................................................................................................34
6.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal . ...........................................................34
6.10. Ação Penal . .....................................................................................................................36
Resumo . ....................................................................................................................................37
Questões de Concurso . ........................................................................................................... 41
Gabarito ....................................................................................................................................53
Gabarito Comentado . ..............................................................................................................54
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Crimes contra o Sentimento Religioso e contra o Respeito aos Mortos
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CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA 
O RESPEITO AOS MORTOS
1. Introdução
Os crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos estão previstos em 
dois capítulos no Título V da Parte Especial do Código Penal consoante a seguinte disposição:
• Capítulo I – Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso: art.208;
• Capítulo II – Dos Crimes Contra o Respeito aos Mortos: arts. 209, 210, 211 e 212.
2. ultraje a Culto e ImpedImento ou perturbação de ato a ele relatIvo
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir 
ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto 
religioso:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da 
correspondente à violência.
2.1. prevIsão ConstItuCIonal
O Estado Brasileiro é laico, ou seja, não há uma religião determinada a ser seguida obriga-
toriamente por todos. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988 vem justamente tutelar a 
liberdade de consciência, crença e culto a todos reservada, vejamos litteris:
Art. 5º, inciso VI da CF - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a 
suas liturgias;
O Código Penal, neste capítulo, portanto, está em plena comunhão com que foi ditado pelo 
Poder Constituinte Originário.
2.2. tIpo penal objetIvo
Para melhor estudar o Art. 208 do CP, com vistas a uma melhor didática e organização 
mental para você, aluno, vamos dividi-lo em três partes.
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Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa: pela leitu-
ra do núcleo verbal “escarnecer”, podemos verificar que o legislador o utilizou no sentido de 
“humilhar”, “desrespeitar”, “expor negativamente”, “zombar”, “achincalhar”, “debochar”, “ca-
çoar” etc.
Por sua vez, o tipo penal exige que o “escárnio” deva ser efetivado publicamente, ou seja, 
se o escárnio se efetivar em local reservado, não aberto ao público, a conduta não encontrará 
tipicidade adequada no Art. 208 do CP, portanto não poderá incidir tal norma incriminadora.
O que é tipicidade formal?
É a perfeita subsunção (adequação) da conduta à norma incriminadora. Imagine, amigo alu-
no, um brinquedo de criança de encaixar peças. Você não conseguirá encaixar a peça se esta 
não se adequar precisamente ao espaço a ela reservado. Podemos puxar este exemplo para 
a análise de tipicidade formal no Direito Penal. Logo, se a norma fala que a conduta deve ser 
perpetrada publicamente, se não houver público, o fato será atípico em relação ao Art. 208 
do CP.
Obs.: � isto não quer dizer que o fato praticado não possa se ajustar a outro tipo penal.
Motivo de crença ou função religiosa: veja, aluno, que o crime do Art. 208 do CP só ocorrerá 
se o agente o praticar, impulsionado por motivo de crença ou função religiosa. Pense, neste 
último caso, no caso de padres, pastores etc.
Impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso: a segunda parte do Art. 208 
do CP traz o núcleo verbal faz alusão a impedir (sentido de obstar, não deixar acontecer ou 
ocorrer, evitar) e perturbar (sentido de tumultuar) o normal andamento de um culto religioso.
Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: podemos compreender o núcleo 
verbal vilipendiar como “desdenhar”, “desprezar”, “rebaixar”, “ofender”. Novamente observa-
mos que a conduta deve necessariamente ocorrer publicamente. No ponto, valemo-nos das 
considerações da letra “A” acima.
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Podemos ter crimes correlatos ao sentimento religioso fora do Código Penal. Encontramos 
um exemplo clássico na Lei de Racismo, (Lei 7716/1989). Deve-se verificar que o racismo 
pode ser perpetrado nas seguintes vertentes, vejamos o que diz a sobredita lei:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito 
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Convido você, caro aluno, a efetuar uma leitura rápida neste momento na lei de racismo.
2.3. objeto materIal
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será a pessoa que foi escarnecida
(primeira parte do tipo penal quando menciona “alguém”) e nas demais hipóteses será o pró-
prio culto religioso.
2.4. objeto jurídICo´
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger a liberdade religiosa e o sentimento religioso.
2.5. sujeItos
Sujeito ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo: quando nos voltamos à análise do sujeito passivo, também verificamos 
que qualquer pessoa pode ser vítima de tal crime.
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2.6. elemento subjetIvo
A conduta descrita no Art. 208 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos: 
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
2.7. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14 do CP - Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Devemos separar o momento consumativo de acordo com as três modalidades que apre-
sentamos no item 2.2:
• No item 2.2, letra a: A consumação se dará com o“escárnio” público;
• No item 2.2, letra b: A consumação se dará com a interferência no normal andamento 
do culto religioso;
• No item 2.2, letra c: A consumação se dará com a materialização do vilipêndio (desdém, 
ato de menosprezo).
2.8. tentatIva
A tentativa é possível se tratar de um crime plurissubsistente (praticado por mais de um 
ato), sendo possível o fracionamento da conduta no iter criminis.
2.9. ClassIfICação do CrIme
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
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• crime de ação livre;
• crime instantâneo;
• crime plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
2.10. análIse do preCeIto seCundárIo do tIpo penal
O preceito secundário do Art. 208, caput, apresenta como pena do crime “detenção de 1 
(um) mês a 1 (um) ano, ou multa”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima menor que dois anos, 
art. 61 da Lei 9.099/95).
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, 
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa.
• Em razão de se configurar crime de menor potencial, a competência judicial será do 
Juizado Especial Criminal:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
• Caberá transação penal, se satisfeitos os demais requisitos previstos no Art. 76 da Lei 
9.099/95:
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95), se preenchi-
dos os demais requisitos do referido artigo:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
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• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Caberá aplicação do Art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95. Termo de compromisso 
que, se assinado, impede a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante:
Art. 69 Parágrafo único da Lei 9.099/95: “Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for ime-
diatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se im-
porá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá 
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com 
a vítima.”
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322 do CPP. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja 
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
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• Não caberá Acordo de Não Persecução Penal. Como é cabível, em tese, transação pe-
nal, não será cabível o novo Acordo de Não Persecução Penal previsto no Art. 28-A do 
CPP, conforme prevê o § 2º do mesmo artigo.
Art. 28, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
CORDO DE NÃO PERSECUÇÃO – INOVAÇÃO LEGISLATIVA
Está em vigor, desde 23 janeiro de 2020, o pacote anticrime que alterou diversos dispositivos 
do Código Penal, Código de Processo Penal e de Legislações Penais Especiais. Dentre as al-
terações e inovações, destaca-se a possibilidade de celebração de acordo de não persecução 
para os crimes que tenham pena mínima inferior a 04 anos.
Trata-se de inovação das mais relevantes que mudará substancialmente o processo penal 
por se tratar de um novo instituto despenalizador.
O nosso Ordenamento Jurídico já havia contemplado o instituto da transação penal (Art. 76 
da Lei 9099/95) que se consubstancia em instituto despenalizador que mitiga o princípio da 
obrigatoriedade da ação penal, por meio de acordo celebrado entre o Ministério Público e o 
envolvido com imposição de pena restritiva de direitos ou multa. É o Direito Penal marcado 
por traços de consensualismo, oriundo de países como EUA, onde é aplicado o chamado “Plea 
Bargaining” (negociação entre o Ministério Público e o investigado, com possibilidade até 
mesmo de retirada da acusação).
Aqui vai uma dica para você, aluno:
Se você se valer da lógica da transação penal e estudar a Lei 9099/95, tal base o auxiliará 
sobremaneira no estudo do novo acordo de não persecução penal. Uma das principais dife-
renças entre o novo acordo de não persecução e o instituto da transação penal é que neste 
último não há imposição de confissão por parte do investigado, ao contrário do que impõe o 
novo Art. 28-A no acordo de não persecução.
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Tendo em vista a relevância e grande possibilidade de se cair tal tema nos certames que 
virão, vale transcrever integralmente o novo dispositivo contido no Art. 28-A do CPP, vejamos:
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com penamínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na 
forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em 
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro 
do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o 
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo 
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a 
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quan-
do não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
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§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descum-
primento.
§ 10 Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, 
o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento 
de denúncia.
§ 11 O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser 
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão 
condicional do processo.
§ 12 A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão 
de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13 Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade.
§ 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução 
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 
deste Código.
Causa de Aumento
Art. 208, Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem pre-
juízo da correspondente à violência.
Se houver emprego de violência, a pena será aumentada em um terço. Podemos verificar, 
no entanto, que as consequências jurídicas acima realçadas serão as mesmas, tendo em vis-
ta que a pena máxima em abstrato é de um ano.
Concurso de Crimes
Quando o parágrafo único do Art. 208 menciona “sem prejuízo da correspondente à vio-
lência”, deixa claro haver a possibilidade de concurso material de crimes.
Mas qual a diferença de concurso material de crimes (Art. 69 do CP), concurso formal e 
crime continuado?
Como sempre digo, para que possamos estudar a parte especial do Código Penal e Le-
gislações Penais Especiais, faz-se mister que você, aluno, tenha um bom conhecimento dos 
institutos trazidos na parte geral do Código Penal. Vamos recapitular sinteticamente:
• Concurso Material de crimes: Prática de dois ou mais crimes mediante duas ou mais 
condutas (Art. 69, caput do CP);
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
• Consequência: As penas dos crimes deverão ser somadas;
• Concurso Formal de crimes: Agente pratica uma única ação (conduta) que enseja dois 
ou mais crimes. Exemplo: Fulano atira em Sicrano e este mesmo disparo também atin-
ge Beltrano. Art. 70 do CP;
• Consequência: Pega-se a pena do crime mais grave e aumenta-se de 1/6 a 1/2;
• Crime continuado: Agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas 
condições de tempo, lugar, modo de execução;
• Consequência: Pega-se a pena do crime mais grave e aumenta-se 1/6 a 2/3.
Obs.: � a síntese acima não exaure o tema. Recomendo a você estudar concurso de crimes 
da parte geral do CP.
2.11. ação penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 208 do CP.
3. ImpedImento ou perturbação de CerImônIa funerárIa
Art. 209. Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da 
correspondente à violência.
3.1. tIpo penal objetIvo
Vamos começar analisando os núcleos verbais. Verificamos o núcleo verbal impedir que 
pode ser compreendido como “dificultar a ação”, “tornar impraticável”, “obstar”, “não deixar 
acontecer”. Por sua vez, ao analisar o núcleo verbal “perturbar”, percebe-se que ele pode ser 
visto no sentido de “interferir”, “atrapalhar”, “tumultuar” etc.
Por sua vez, podemos chegar à definição de enterro como “ação de sepultar; enterramen-
to, inumação”. Cerimônia funerária, por sua vez, pode ser entendida como cerimônia voltada 
ao sepultamento.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Amigo aluno, ao ler o Art. 209 do CP, você observa dois núcleos verbais, correto? Imagine que 
o autor pratique os dois verbos do tipo.
Ele responderá duas vezes, aplicando-se a regra do concurso material de crimes?
A resposta é depende. Se o agente, num mesmo contexto fático (importante), pratica duas 
ações (prevista em dois núcleos verbais), responderápor crime único, pois estamos diante de 
um tipo penal alternativo ou norma de conteúdo variado.
Se, todavia, pratica mais de um núcleo verbal em mais de um contexto fático, ou seja, em con-
texto fáticos diferentes, poderá responder pelo concurso de crimes.
Assim, todas as vezes que nos depararmos com uma norma de conteúdo variado (tipo penal 
alternativo), devemos fazer esta análise. Esta dica é valiosa, pois a todo tempo iremos tratar 
de tipos penais que apresentam vários núcleos verbais.
3.2. objeto materIal
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o “enterro” ou a “cerimônia fu-
nerária”. 
3.3. objeto jurídICo
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger o respeito aos mortos.
3.4. sujeItos
Sujeito Ativo: Verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
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Sujeito Passivo: Vale notar que o sujeito passivo aqui não é o morto, mas toda coletivida-
de. Estamos diante de um crime vago.
Mas o que é crime vago?
Entende-se por crime vago aquele cujo sujeito passivo não detém personalidade jurídica.
3.5. elemento subjetIvo
A conduta descrita no Art. 209 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18 Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previs-
to como crime, senão quando o pratica dolosamente.
3.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação do crime previsto no Art. 209 se dá quando ocorre o impedimento do en-
terro ou cerimônia funerária ou quando há a constatação de atos que atrapalhem tais cerimô-
nias.
3.7. tentatIva (Conatus)
A tentativa é possível se tratar, em tese, de um crime plurissubsistente (praticado por mais 
de um ato), sendo possível o fracionamento da conduta no iter criminis.
Obs.: � não se descarta a possibilidade também do crime ser praticado mediante uma só 
ação, neste caso não caberá tentativa (crime monossubsistente).
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3.8. ClassIfICação do CrIme
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação livre.
Crime vago.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime de mera conduta (não detém resultado naturalístico, apenas jurídico).
Há crimes que exigem, para sua consumação, a ocorrência do chamado “resultado natura-
lístico” (resultado visível no mundo exterior, perceptível no mundo exterior, ex.: no homicídio, 
conseguimos ver o cadáver). Podemos, assim, classificar os crimes como:
Crime materiais: exigem, para consumação, a produção de um resultado naturalístico (modi-
ficação no mundo exterior perceptível aos sentidos).
Crimes formais: apesar da possibilidade de ocorrência do resultado naturalístico, a norma 
incriminadora dispensa tal ocorrência para efeitos de consumação. Assim, praticado o núcleo 
descrito no tipo, já estará consumado o delito.
Crime de mera conduta: impossibilidade de ocorrência do resultado naturalístico. Há apenas 
um resultado jurídico. Assim, praticada a ação ou omissão, o crime já estará consumado.
Exemplo: porte de arma de fogo. Veja: o ato de portar uma arma, por si só, produz algum resul-
tado visível no mundo exterior e perceptível aos sentidos? Não, portanto, neste caso, estamos 
diante de um crime de mera conduta.
Crime permanente: a consumação se protrai (se prolonga) no tempo.
3.9. análIse do preCeIto seCundárIo do tIpo penal
O preceito secundário do Art. 209 do CP apresenta como pena do crime “detenção de 1 
(um) mês a 1 (um) ano, ou multa”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
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• Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima menor que dois anos, 
art. 61 da Lei 9.099/95):
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, 
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa.
• Em razão de se configurar crime de menor potencial, a competência judicial será do 
Juizado Especial Criminal:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
• Caberá transação penal, se satisfeitos os demais requisitos previstos no Art. 76 da Lei 
9.099/95:
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95), se preenchi-
dos os demais requisitos do referido artigo:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Caberá aplicação do Art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95. Termo de compromisso 
que, se assinado, impede a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante:
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Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente en-
caminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como 
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituemas privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto:
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
• Não caberá Acordo de Não Persecução Penal: como é cabível, em tese, transação pe-
nal, não será cabível o novo Acordo de Não Persecução Penal previsto no Art. 28-A do 
CPP, conforme prevê o § 2º do mesmo artigo.
Art. 28, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
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Pedimos a você, aluno, que se valha quanto às colocações feitas no item 2.10 quanto ao Acor-
do de Não Persecução. Grande chance de cair na sua prova.
Causa de Aumento
Art. 209, Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem pre-
juízo da correspondente à violência.
Se houver emprego de violência, a pena será aumentada em um terço. Podemos verificar, 
no entanto, que as consequências jurídicas acima realçadas serão as mesmas, tendo em vis-
ta que a pena máxima em abstrato é de um ano.
Concurso de Crimes
Quando o parágrafo único do Art. 209 menciona “sem prejuízo da correspondente à vio-
lência”, deixa claro haver a possibilidade de concurso material de crimes.
Se você tiver dúvida quanto ao tema concurso de crimes, há uma síntese no item anterior. 
Recomendo a você também estudar concurso de crimes da parte geral do CP. Assunto muito 
importante!
3.10. ação penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 209 do CP.
4. vIolação de sepultura
Art. 210. Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
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4.1. tIpo penal objetIvo
Temos o núcleo verbal “violar” no sentido de “abrir sem permissão”, “devassar”, “arrom-
bar”. Por sua vez, temos o núcleo verbal “profanar” na acepção de “desrespeitar”, “macular”, 
“degradar”.
Tanto sepultura como urna funerária no tipo penal do Art. 210 do CP devem ser compre-
endidas no sentido amplo. Vale, no ponto, transcrever os ensinamentos de Nelson Hungria:
O termo sepultura deve ser entendido em sentido amplo: não é apenas a cova onde se acham en-
cerrados os restos mortais, o lugar onde está enterrado o defunto, senão também tudo quanto lhe 
é imediatamente conexo, compreendendo o túmulo, isto é, a construção acima da cova, a lápide, 
ornamentos estáveis, as inscrições. (....) Expressamente equiparada à sepultura é a urna funerária, 
que é não só aquela que guarda as cinzas (urna cinerária) como a que encerra os ossos do defunto 
(urna ossuária).
E, se o agente praticar, violar e profanar sepultura, responderá por um ou por mais de um 
crime?
Conforme já comentamos nos itens anteriores, se o agente praticar mais de um núcleo 
verbal no mesmo contexto fático, responderá por crime único, pois estamos diante de uma 
norma de conteúdo variado ou de ação múltipla (tipo penal misto alternativo).
4.2. objeto materIal
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será a sepultura ou urna funerária. 
4.3. objeto jurídICo
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger o respeito aos mortos.
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4.4. sujeItos
Sujeito Ativo: Verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito Passivo: O sujeito passivo será toda a coletividade (crime vago, conforme já expli-
camos nos itens anteriores).
4.5. elemento subjetIvo
A conduta descrita no Art. 210 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. (Art. 18, parágrafo único do CP).
4.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica (Art. 14, inciso I do CP).
No tipo penal enfrentado, a consumação se dará com a violação ou profanação da sepul-
tura ou urna funerária.
4.7. tentatIva
A tentativa é possível se tratar de um crime plurissubsistente (praticado por mais de um 
ato), sendo possível o fracionamento da conduta no iter criminis.
4.8. ClassIfICação do CrIme
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação livre.
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Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime material.
Como reiteradamente já falado, crime material é aquele apresenta um resultado naturalísti-
co (visível no mundo exterior, perceptível pelos sentidos). No caso, verifique que o resultado 
“violação da sepultura ou da urna funerária” é perceptível e verificado no mundo exterior. Ima-
gine uma sepultura arrombada; você conseguiria, ou não, visualizar tal violação? A resposta 
é positiva.
Obs.: � se a ação praticada for profanar, você deve ter cuidado, pois tal ação pode se dar 
inclusive verbalmente, hipótese em que não ocorrerá resultado naturalístico.
4.9. análIse do preCeIto seCundárIo do tIpo penal
O preceito secundário do Art. 210 apresenta como pena do crime “reclusão, de 1 (um) a 3 
(três) anos e multa”.
Apegando-se, pois, à pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não se trata um crime de menor potencial ofensivo: pena máxima em abstrato superior 
a dois anos;
• Competência será da Vara Criminal Comum;
• Não Caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o Art. 76 da Lei 9099/95);
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95), se preenchi-
dos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensãodo 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
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Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP).
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP).
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
Art. 33 § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
Se preenchidos os demais requisitos do novo Art. 28-A do CPP, é possível a proposta de 
Acordo de Não Persecução Penal.
Obs.: � recomendo a leitura do item 2.10 (parte final), acaso queira relembrar sobre o novo 
acordo acima.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
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necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em 
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro 
do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o 
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo 
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a 
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quan-
do não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descum-
primento.
§ 10 Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, 
o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento 
de denúncia.
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§ 11 O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser 
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão 
condicional do processo.
§ 12 A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão 
de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13 Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade.
§ 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução 
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 
deste Código.
4.10. ação penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 210 do CP.
4.11. Questões relevantes
Configura o Art. 210 violação de sepultura vazia? O tema é divergente. Acompanharia o 
entendimento de Luiz Regis Prado no sentido da configuração, eis que o tipo penal não exige 
que na sepultura haja cadáver ou restos mortais.
É possível a configuração do Art. 210 por meio verbal? Sim, pois um dos núcleos verbais é 
“profanar” que pode se dar através de uma ofensa verbal.
Se o agente viola a sepultura e subtraiobjetos que estavam na sepultura, há concursos de 
crimes de furto e violação de sepultura? O tema aqui também é bastante divergente. A celeu-
ma reside no seguinte ponto: o furto exige a subtração de coisa alheia de alguém. Os objetos 
deixados no interior da sepultura pertencem a alguém? O morto pode ser considerado como 
alguém? O furto é crime patrimonial, existe patrimônio de morto?
Vamos dividir as situações:
• Subtração de objetos dentro da sepultura ou dentro caixão: prevalece na doutrina que 
o agente deverá responder apenas pelo crime de violação de sepultura, pois os objetos 
subtraídos não são de alguém, sendo concebido como res derelicta (coisa abandona-
da);
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Obs.: � há corrente que entende que os objetos que ficaram dentro caixão do morto continu-
am a ser patrimônio da família. Portanto, haveria configuração de furto.
• Subtração de objetos deixados em cima da lápide e violação de sepultura? Sem dúvida 
nenhuma, haverá o crime de furto e de violação de sepultura. Nestes casos, tais objetos 
pertenceriam aos parentes ou conhecidos do de cujus.
5. destruIção, subtração ou oCultação de Cadáver
Art. 211. Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
5.1. tIpo penal objetIvo
O núcleo verbal “destruir” pode ser compreendido como “dilapidar”, “acabar”, “eliminar”, 
“aniquilar” etc.
Subtrair, por sua vez, tem o sentido de “haver o cadáver” para si ou para outrem como se 
dono fosse. É a retirada do cadáver para si, sem autorização para tanto.
Ocultar deve ser visto na acepção de “esconder”, “guardar o cadáver em local distinto do 
que deveria estar” etc.
Obs.: � ATENÇÃO QUANTO À ELEMENTAR OCULTAR DE NATUREZA PERMANENTE!!!!
No ponto, vale verificar que o núcleo verbal ocultar é de natureza permanente (ou seja, 
a consumação se protrai no tempo), autorizando-se a prisão em flagrante do agente a qual-
quer tempo. Quem for fazer concurso para Delegado de Polícia, tal informação se faz de ex-
trema importância.
Na minha vida prática, já enfrentei caso de um homicídio que havia ocorrido semanas 
antes, encontrando-se o corpo, já em decomposição, em um matagal. Tendo em vista a clara 
ocultação de cadáver na hipótese, pude efetuar a prisão em flagrante de um dos autores pelo 
crime de ocultação acima (já que é permanente), representando-se também, na oportunidade, 
pela prisão preventiva pelo crime de homicídio qualificado.
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Assim, caro aluno, analise sempre se o núcleo verbal do tipo penal é de natureza perma-
nente.
5.2. objeto materIal
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o cadáver ou parte dele.
5.3. objeto jurídICo
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger o respeito aos mortos.
5.4. sujeItos
Sujeito Ativo: Verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito Passivo: Coletividade. Trata-se de um crime vago (o qual não detém personalida-
de jurídica própria).
5.5. elemento subjetIvo
A conduta descrita no Art. 211 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
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5.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Na hipótese, a consumação se dará com a destruição (total ou parcial) ou com a sub-
tração do cadáver ou de parte dele. Veja que, nestes casos, o crime de natureza instantânea 
(com a prática do núcleo verbal já estará consumado).
Já na elementar ocultar, por seu giro, o crime será de natureza permanente e a consuma-
ção neste caso perdurará no tempo até o corpo ser encontrado. Vide nosso comentário no 
item 5.1.
5.7. tentatIva
A tentativa é possível se tratar de um crime plurissubsistente (praticado por mais de um 
ato), sendo possível o fracionamento da conduta no iter criminis.
5.8. ClassIfICação do CrIme
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação livre.
Crime instantâneo (nos verbos destruir e subtrair) e permanente (no verbo ocultar).
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
5.9. análIse do preCeIto seCundárIo do tIpo penal
O preceito secundário do Art. 211 apresenta como pena do crime “reclusão, de 1 (um) a 3 
(três) anos e multa”.
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Apegando-se, pois, à pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não se trata um crime de menor potencial ofensivo: pena máxima em abstrato superior 
a dois anos;
• Competência será da Vara Criminal Comum;
• Não Caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o Art. 76 da Lei 9099/95);
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95), se preenchi-
dos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP).
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP).
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita pormulta ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
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Art. 33 § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
Se preenchidos os demais requisitos do novo Art. 28-A do CPP, é possível a proposta de 
Acordo de Não Persecução Penal.
Obs.: � recomendo a leitura do item 2.10 (parte final), acaso queira relembrar sobre o novo 
acordo acima.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
5.10. ação penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 211 do CP.
5.11. Questões relevantes
Furto de cadáver: o crime de furto do Art. 155, caput do CP, prevê o núcleo verbal subtrair. 
No delito do Art. 211 também traz a hipótese de subtrair só que cadáver ou parte dele.
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Assim, é possível haver o crime de furto de cadáver?
Em regra não, pois o cadáver não pode ser concebido como coisa alheia móvel, conforme 
previsto no tipo penal do Art. 155, caput do CP.
Obs.: � por vezes, o cadáver pode ser concedido a instituições para fins de estudo (exemplo 
no curso de medicina). Neste caso, passa a ser coisa pertencente à referida institui-
ção, ou seja, pode, sim, ser considerado “coisa alheia móvel”, passível do crime de 
furto.
Subtração de órgãos: em regra, se houver a subtração de órgãos, incidirá a Lei 9434/1997 
(Lei de transplante de órgãos), a qual prevê um tipo penal próprio para situação. Trata-se de 
aplicação do princípio da especialidade, vejamos: 
Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as 
disposições desta Lei:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa, de 100 a 360 dias-multa.
Recomendo a você, amigo aluno, uma leitura rápida dos tipos penais da Lei acima.
6. vIlIpêndIo a Cadáver
Art. 212. Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena – detenção, de um a três anos, e multa.
6.1. tIpo penal objetIvo
O que podemos compreender por “vilipendiar”?
Podemos entender vilipendiar como o ato de “desdenhar”, “aviltar”, “rebaixar”, “depreciar”, 
“achincalhar”, “promover ato ofensivo” etc.
Devemos perceber que tanto o cadáver como as cinzas podem ser objeto de vilipêndio 
(desrespeito).
6.2. objeto materIal
O que é objeto material?
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o cadáver ou suas cinzas.
6.3. objeto jurídICo
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger o respeito aos mortos.
6.4. sujeItos
Sujeito Ativo: Verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito Passivo: Coletividade. Trata-se de um crime vago (o qual não detém personalida-
de jurídica própria).
6.5. elemento subjetIvo
A conduta descrita no Art. 212 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
6.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
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Na hipótese, a consumação se dará com o vilipêndio praticado (ato de desrespeito) em 
face do cadáver ou suas cinzas.
6.7. tentatIva
A tentativa é possível se tratar de um crime plurissubsistente (praticado por mais de um 
ato), sendo possível o fracionamento da conduta no iter criminis.
6.8. ClassIfICação do CrIme
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação livre.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime material (em regra).
Exemplo: imagine você, aluno, um ato de vilipêndio contra um cadáver (exemplo, cuspir no 
cadáver). Você conseguiria vislumbrar o resultado naturalístico, ou seja, a modificação no 
mundo exterior produzida pelo agente, perceptível aos sentidos no caso? A resposta é positi-
va. Logo, em regra, estamos diante de um crime material.
6.9. análIse do preCeIto seCundárIo do tIpo penal
O preceito secundário do Art. 212 apresenta como pena do crime “reclusão, de 1 (um) a 3 
(três) anos e multa”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não se trata um crime de menor potencial ofensivo: pena máxima em abstrato superior 
a dois anos;
• Competência será da Vara Criminal Comum;
• Não caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o Art. 76 da Lei 9099/95);
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/95), se preenchi-
dos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP).
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP).
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
Art. 33 § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
Se preenchidos os demais requisitos do novo Art. 28-A do CPP, é possível a proposta de 
Acordo de Não Persecução Penal.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Obs.: � recomendo a leitura do item 2.10 (parte final), acaso queira relembrar sobre o novo 
acordo acima.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
6.10. ação penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 212 do CP.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
RESUMO
ART. 208. ULTRAJE A CULTO E IMPEDIMENTO OU PERTUBAÇÃO DE ATO A ELE RELATIVO
TIPO OBJETIVO: Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função re-
ligiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente 
ato ou objeto de culto religioso.
TIPO SUBJETIVO (elemento subjetivo): doloso.
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa.
OBJETO MATERIAL: pessoa que foi escarnecida (primeira parte do tipo) e culto religioso 
(demais).
OBJETO JURÍDICO: liberdade religiosa e o sentimento religioso.
CONSUMAÇÃO: Se dará com o escárnio público ou com a interferência no normal anda-
mento do culto religioso ou com o vilipêndio (ato de menosprezo, desdém).
TENTATIVA: Possível (é possível o fracionamento do iter criminis- crime plurissubsisten-
te).
ANÁLISE DA PENA: 1) Crime de menor potencial ofensivo; 2) Competência do Juizado 
Especial Criminal; 3) É possível transação penal, suspensão condicional do processo e subs-
tituição da pena, se preenchidos os demais requisitos legais; 4) Em regra, não caberá prisão 
preventiva; 5) Possibilidade de colheita de termo de compromisso que impede a prisão em 
flagrante; 6) Cabimento de fiança na esfera policial; 7) Possibilidade de início de cumprimento 
da pena no regime aberto; 8) Não cabe acordo de não persecução penal (pois cabe transação 
penal).
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada.
CAUSA DE AUMENTO: Se houver emprego de violência, aumento de um terço.
CONCURSO DE CRIMES: Poderá haver concurso material de crimes (Art. 208, parágrafo 
único, parte final).
ART. 209. IMPEDIMENTO OU PERTUBAÇÃO DE CERIMÔNIA FUNERÁRIA
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Crimes contra o Sentimento Religioso e contra o Respeito aos Mortos
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
TIPO OBJETIVO: Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária.
TIPO SUBJETIVO: dolo.
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO: coletividade (crime vago).
OBJETO MATERIAL: enterro ou cerimônia funerária.
OBJETO JURÍDICO: respeito aos mortos.
CONSUMAÇÃO: Se dará com o impedimento ou com atos que atrapalhem o enterro ou 
cerimônia funerária.
TENTATIVA: Possível.
ANÁLISE DA PENA: 1) Crime de menor potencial ofensivo; 2) Competência do Juizado 
Especial Criminal; 3) É possível transação penal, suspensão condicional do processo e subs-
tituição da pena, se preenchidos os demais requisitos legais; 4) Em regra, não caberá prisão 
preventiva; 5) Possibilidade de colheita de termo de compromisso que impede a prisão em 
flagrante; 6) Cabimento de fiança na esfera policial; 7) Possibilidade de início de cumprimento 
da pena no regime aberto; 8) Não cabe acordo de não persecução penal (pois cabe transação 
penal).
AÇÃO PENAL: Pública incondicionada.
CAUSA DE AUMENTO: Se houver emprego de violência, aumento de um terço.
CONCURSO DE CRIMES: Poderá haver concurso material de crimes (Art. 209, parágrafo 
único, parte final).
ART. 210. Violar ou profanar sepultura ou urna funerária
TIPO OBJETIVO: violar ou profanar sepultura ou urna funerária.
TIPO SUBJETIVO: dolo.
SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO: coletividade (crime vago).
OBJETO MATERIAL: sepultura ou urna funerária.
OBJETO JURÍDICO: respeito aos mortos.
CONSUMAÇÃO: se dará com a violação ou profanação

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