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38037330-crimes-contra-a-familia - Direito Penal parte especial GRAN CURSOS 2020

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL 
PARTE ESPECIAL
Crimes contra a Família
Livro Eletrônico
2 de 125https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
João Guilherme
Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Crimes Contra a Família. ...........................................................................................................3
1. Dos Crimes Contra o Casamento . ........................................................................................3
1.1. Bigamia . ................................................................................................................................3
1.2. Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento . ...................................... 13
1.3. Conhecimento Prévio de Impedimento .......................................................................... 19
1.4. Simulação de Autoridade para Celebração de Casamento ..........................................24
1.5. Simulação de Casamento . ...............................................................................................29
1.6. Adultério . ...........................................................................................................................32
2. Dos Crime Contra o Estado de Filiação . ...........................................................................33
2.1. Registro de Nascimento Inexistente . .............................................................................33
2.2. Parto Suposto. Supressão ou Alteração de Direito Inerente ao Estado Civil de 
Recém-Nascido . ......................................................................................................................36
2.3. Sonegação de Estado de Filiação ...................................................................................43
3. Dos Crimes contra a Assistência Familiar . ......................................................................46
3.1. Abandono Material . ..........................................................................................................46
3.2. Entrega de Filho Menor à Pessoa Inidônea ................................................................. 50
3.3. Abandono Intelectual . ....................................................................................................59
3.4. Abandono Moral . .............................................................................................................64
Resumo . ....................................................................................................................................70
Questões de Concurso . ...........................................................................................................79
Gabarito . ..................................................................................................................................94
Gabarito Comentado . ..............................................................................................................95
***
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divisão
de custos
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João Guilherme
Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
O título VII da Parte Especial do Código Penal que versa sobre os crimes contra a família, 
se dividem em três capítulos, quais sejam:
• Dos Crimes contra o Casamento;
• Dos Crimes o Estado de Filiação;
• Dos Crimes contra a Assistência Familiar.
Vamos enfrentá-los.
1. Dos Crimes Contra o Casamento
1.1. Bigamia
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa cir-
cunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, 
considera-se inexistente o crime.
1.1.1. Tipo Penal Objetivo
O nosso ordenamento jurídico não admite que alguém contraia mais de uma casamento. 
O modelo adotado, portanto, é o da monogamia.
Para cogitar-se no crime de bigamia, faz-se mister que os casamentos tenham sido formal e 
legalmente constituídos. Se, por exemplo, o agente detém união estável com alguém e vem a 
contrair casamento com outra, o crime de bigamia não estará configurado.
E se alguém casa somente no religioso e depois se casa com outra pessoa civilmente?
***
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João Guilherme
Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Também não estará configurado o crime de bigamia, pois não cabe analogia “in malam 
partem”
Onde estão as regras atinentes ao casamento?
Se encontram dispostas nos Artigos 1525 a 1542 do Código Civil. Peço a você aluno que 
efetue uma leitura rápida de tais dispositivos.
O agente só incorrerá no crime de bigamia se os casamentos forem legalmente constituídos, 
na forma ditada do Código Civil.
E a situação do cônjuge que está se casando pela primeira vez com alguém que já é ca-
sado, responderá também?
Existem duas situações:
• Se não souber do casamento anterior de seu marido ou esposa, não responderá e será 
inclusive vítima;
• Se souber do casamento anterior de seu marido ou esposa, responderá na forma do 
§1º do Art. 235 do CP, vejamos:
Art. 235, § 1ºAquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo
essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
Obs.: � neste caso, deve conhecer tal circunstância, pois não pode responder penalmente de 
forma objetiva.
A hipótese acima é uma exceção a teoria monista que, em regra, é adotada no Código Penal. 
Veja que aquele que contraiu o segundo casamento responderá por bigamia e aquele(a) que, 
mesmo conhecendo tal situação, se casou responderá na forma acima.
***
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João Guilherme
Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
1.1.2. Anulação do Casamento Anterior, Causa de Exclusão de Tipicidade
Se, por algum motivo, o casamento anterior for anulado, o crime de bigamia deixará de 
existir.
Neste sentido, é clara a redação do §2º do Art. 235:
Art. 235, § 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a 
bigamia, considera-se inexistente o crime.
A mesma consequência jurídica será dada se o segundo casamento for anulado.
1.1.3. Questões Relevantes
Falsidade ideológica e bigamia: se o agente declara falsamente que é solteiro para cons-
tituir o segundo casamento, haverá concurso material de crimes de falsidade ideológica e 
bigamia?
Prevalece que não. Veja que a declaração falsa (falsidade ideológica) foi crime-meio para 
o crime-fim é a bigamia. Deve prevalecer o princípio da consunção na espécie.
Separação de fato: mesmo que separado de fato, enquanto não extinto o primeiro casa-
mento, o agente pode responder pela bigamia.
Poligamia: apesar de o nome iuris ser bigamia, se o agente casa-se mais de duas vezes, 
responderá pelo Art. 235 do CP da mesma forma.
1.1.4. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime é o casamento.
1.1.5. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
***
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Verificamos que a norma visa proteger a família e a instituição do casamento. Veja inclu-
sive o crime de bigamia está inserido no título VII do Código Penal que dispõe sobre os crimes 
contra a família.
Ademais, vale lembrar que a Constituição Federal no art. 226 determina:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
1.1.6. Sujeitos
Sujeitoativo: verificamos facilmente que o tipo penal exige qualidade especial do sujeito 
ativo.
Logo, estamos diante de um próprio. Veja somente a pessoa que já é casada pode praticar 
tal crime.
Sujeito passivo:
• o Estado, eis que o agente ofendeu as normas civis atinentes ao casamento;
• o cônjuge do primeiro casamento;
• o cônjuge do segundo casamento, se estiver de boa-fé e não conhecer a situação ati-
nente ao casamento anterior
1.1.7. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 235 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos: 
Art. 18. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Obs.: � a hipótese do Art. 235 §1º do CP não admite dolo eventual, pois o tipo penal deixa 
expresso que o agente deve ter conhecimento.
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
1.1.8. Consumação
A consumação se dará no momento em que o segundo casamento tenha sido constituído 
na forma do Código Civil.
1.1.9. Tentativa
O tema é divergente. Filio-me a posição de que se os nubentes já se manifestaram quanto 
ao sim do casamento, porém, é descoberta a situação do casamento anterior antes do encer-
ramento da solenidade, haveria tentativa.
1.1.10. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação ou forma vinculada.
Crime instantâneo de efeitos permanentes (veja que o crime se consuma a constituição 
do novo matrimônio instantaneamente, porém os efeitos permanecem).
Crime plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime plurissubjetivo (exige a participação de mais de uma pessoa para sua configuração).
Obs.: � não confundir com o crime de concurso necessário, que exige a participação de mais 
de uma pessoa na conduta típica. Ex. 288 do CP.
1.1.11. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
Análise do Art. 235 Caput do CP: o preceito secundário do Art. 235, caput, apresenta como 
pena do crime “reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não se trata um crime de menor potencial ofensivo: pena máxima em abstrato superior 
a dois anos;
• Competência será da Vara Criminal Comum;
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
• Não Caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o Art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
• Não caberá suspensão condicional do processo: pena mínima superior a um ano. Por-
tanto, não preenche os requisitos do Art. 89 da Lei n. 9.099/1995;
• É possível o cabimento prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP, em que 
pese ser difícil a configuração dos requisitos do Art. 312 do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Não caberá fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP)
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os demais requisitos do novo Art. 28-A do CPP, é possível a proposta de 
Acordo de Não Persecução Penal
Obs.: � recomendo a leitura do item 2.10 (parte final), acaso queira relembrar sobre o novo 
acordo acima.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
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João Guilherme
Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO – INOVAÇÃO LEGISLATIVA..
Está em vigor, desde 23 janeiro de 2020, o pacote anticrime que alterou diversos dispositivos 
do Código Penal, Código de Processo Penal e de Legislações Penais Especiais. Dentre as al-
terações e inovações, destaca-se a possibilidade de celebração de acordo de não persecução 
para os crimes que tenham pena mínima inferior a 04 anos. Trata-se de inovação das mais 
relevantes que mudará substancialmente o processo penal por se tratar de um novo instituto 
despenalizador.
O nosso Ordenamento Jurídico já havia contemplado o instituto da transação penal 
(Art. 76 da Lei n. 9.099/1995) que se consubstancia em instituto despenalizador que mitiga 
o princípio da obrigatoriedade da ação penal, através de acordo celebrado entre o Ministério 
Público e o envolvido com imposição de pena restritiva de direitos ou multa. É o direito penal 
marcado por traços de consensualismo, oriundo de países como EUA, onde é aplicado o cha-
mado “Plea Bargaining” (negociação entre o Ministério Público e o investigado, com possibi-
lidade até mesmo de retirada da acusação).
Aqui vai uma dica para você aluno(a): se você se valer da lógica da transação penal e estu-
dar a Lei n. 9.099/1995, tal base o auxiliará sobremaneira no estudo do novo acordo de não 
persecução penal. Uma das principais diferenças entre o novo acordo de não persecução e o 
instituto da transação penal é que neste último não há imposição de confissão por parte do 
investigado, ao contrário do que impõe o novo Art. 28-A no acordo de não persecução.
Tendo em vista a relevância e grande possibilidade de se cair tal tema nos certames que 
virão, vale transcrever integralmente o novo dispositivo contido no Art. 28-A do CPP, vejamos:
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumen-
tos, produto ou proveito do crime;
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente àpena 
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei n. 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais 
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta 
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em 
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a 
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro 
do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o 
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu 
defensor, e sua legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo 
de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a 
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quan-
do não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descum-
primento.
§ 10 Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, 
o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento 
de denúncia.
§ 11 O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser 
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão 
condicional do processo.
§ 12 A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão 
de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13 Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade.
§ 14 No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução 
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 
deste Código.
ANÁLISE DO PRECEITO SECUNDÁRIO DO §1º DO ART. 235: apegando-se, pois, a pena em 
abstrato trazida no §1º do Art. 235 do CP, que é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, pode-
mos concluir:
• Não se trata um crime de menor potencial ofensivo: pena máxima em abstrato superior 
a dois anos;
• Competência será da Vara Criminal Comum;
• Não Caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o Art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se pre-
enchidos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto:
Art. 33 § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
• Se preenchidos os demais requisitos do novo Art. 28-A do CPP, é possível a proposta de 
Acordo de Não Persecução Penal:
Obs.: � recomendo a leitura do ponto acima sobre tal acordo.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
1.1.12. Ação Penal
Como sabemos, sempre que o tipo penal for silente, ou seja, não havendo menção ex-
pressa de outros tipos de ação, a ação penal será pública incondicionada, tal como ocorre no 
Art. 235 do CP.
1.1.13. Prescrição
Vale trazer regra especial de contagem de prescrição voltada para o crime de bigamia, 
vejamos:
Art. 111. A prescrição,antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
IV – nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data 
em que o fato se tornou conhecido.
1.2. inDuzimento a erro essenCial e oCultação De impeDimento
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada 
senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento.
1.2.1. Tipo Penal Objetivo
Podemos dividir o tipo penal em duas situações:
• Contrair casamento: induzindo a erro essencial o outro contraente;
• Contrair casamento: ocultando-lhe impedimento.
Onde estão dispostos os casos de erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge?
No Art. 1557 do Código Civil, vejamos:
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhe-
cimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida 
conjugal;
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize defici-
ência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a 
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
E os impedimentos matrimoniais?
No Art. 1521 do Código Civil.
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o 
seu consorte.
1.2.2. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o próprio casamento.
1.2.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger a regularidade do casamento.
1.2.4. Sujeitos
Sujeito ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Sujeito passivo: os sujeitos passivos no caso são o Estado e o cônjuge contraente do 
casamento.
1.2.5. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 236 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
1.2.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos, litteris:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 236 se dará com a celebração e realização do casamento.
Mas em que momento o casamento se considera realizado?
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante 
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
1.2.7. Condição Objetiva de Punibilidade
O parágrafo único do Art. 236 apresenta, em sua parte final condição objetiva de punibili-
dade, vejamos:
Art. 236, Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, 
anule o casamento.
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Com efeito, não se poderá em punibilidade do agente antes do trânsito em julgado da sen-
tença que anule o casamento por erro ou impedimento.
1.2.8. Tentativa
Em razão da condição objetiva de punibilidade acima, a maioria da doutrina entende não 
ser possível a hipótese de tentativa no Art. 236 do CP, pois se deve haver anulação do casa-
mento por sentença transitada em julgado é porque sempre haverá um casamento realizado 
a ser anulado.
Você concorda que se houvesse possibilidade de tentativa, não haveria casamento, certo? 
Logo, como anular um casamento que não foi realizado? Daí porque não se admite a tentativa, 
em razão do parágrafo único (parte final) do Art. 236 do CP.
1.2.9. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação ou forma vinculada.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime Plurissubjetivo.
1.2.10. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
O preceito secundário do Art. 236, apresenta como pena do crime “detenção, de 6 (seis) 
meses a 2 (dois) anos”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir: trata-se 
de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima menor que dois anos, Art. 61 da Lei 
n. 9.099/1995).
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, 
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa.
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Em razão de se configurar crime de menor potencial, a competência judicial será do Jui-
zado Especial Criminal.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Caberá transação penal, se satisfeitos os demais requisitos previstos no Art. 76 da Lei n. 
9.099/1995>
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se preen-
chidos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Caberá aplicação do Art. 69, parágrafo único da Lei n. 9.099/1995. Termo de compromis-
so que, se assinado, impede a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante.
Art. 69 Parágrafo único da Lei n. 9.099/1995: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se 
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá 
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com 
a vítima.
Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP).
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Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
Não caberá Acordo de Não Persecução Penal: como é cabível, em tese, transação penal, 
não será cabível o novo Acordo de Não Persecução Penal previsto no Art. 28-A do CPP, con-
forme prevê o § 2º do mesmo artigo.
Art. 28, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
1.2.11. Ação Penal
A Ação Penal, na hipótese do Art. 236 do CP, será privada e personalíssima, vejamos:
Art. 236, Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser 
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, 
anule o casamento.
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Observe que somente o contraente enganado e mais ninguém pode intentar a ação penal 
privada mediante queixa.
Aqui reside um exemplo raro de ação penal privada personalíssima e, por isso, pode cair no 
seu concurso.
1.3. ConheCimento prévio De impeDimento
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade 
absoluta:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
1.3.1. Tipo Objetivo
Veja que o tipo penal mencionar em “contrair casamento, conhecendo a existência de im-
pedimento que lhe cause a nulidade absoluta”.
Mas onde poderíamos buscar as hipóteses de tais impedimentos?
Já mencionamos as hipóteses de impedimento, as quais estão dispostas no Art. 1521 do 
Código Civil. Peço a você aluno que leia o referido artigo acima.
Devemos indagar: considerando que devemos buscar as hipóteses de impedimento o Có-
digo Civil, verificamos que o tipo penal precisa de complemento em outra norma, logo, es-
tamos diante de uma norma penal em branco homogênea heterovitelínea (o tipo penal do 
Código Penal é complementado por outra lei, ou seja, lei complementa lei, havendo mesmo 
status normativo. É heterovitelínea porque a lei complementadora é de outro ramo do direito).
Mas e se ambos os contraentes tiverem ciência do impedimento do casamento?
Responderão em coautoria.
1.3.2. Objeto Material
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o próprio casamento.
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1.3.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger a regularidade do casamento.
1.3.4. Sujeitos
Sujeito ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo: os sujeitos passivos no caso são o Estado e o cônjuge contraente do ca-
samento que não tinha conhecimento do impedimento.
1.3.5. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 237 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
NÃO CABIMENTO DE DOLO EVENTUAL.
Caberia falar em dolo eventual no Art. 237 do CP?
A resposta é negativa. Por quê?
Vamos ver a norma do Art. 237 do CP de novo? Vamos grifar:
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade 
absoluta:
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Logo, a parte grifada acima afasta a possibilidade de dolo eventual pois a norma assevera 
que o agente deve conhecer necessariamente o impedimento. Veja que se a norma mencio-
nasse “conhece ou deveria conhecer”, aí sim caberia falar em dolo eventual. Cito para você 
aluno outros exemplos de não cabimento de dolo eventual: Art. 180 caput (crime de recepta-
ção) e Art. 339, caput, (crime de denunciação caluniosa), ambos do CP.
Vejamos a redação dos referidos artigos
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de 
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei n. 10.028, de 2000)
1.3.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos, litteris:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 237 se dará com a celebração e realização do casamento.
Mas em que momento o casamento se considera realizado?
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante 
o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
1.3.7. Tentativa
É possível, pois, conseguimosvislumbrar possibilidade de fracionamento no iter crimi-
nis. Imagine que a cerimônia do casamento é iniciada e no curso desta, antes da declaração 
formal de casados, alguém intervenha e apresente o impedimento para o casamento. Muito 
difícil de acontecer na prática, mas teoricamente possível.
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1.3.8. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação ou forma vinculada.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime Plurissubjetivo.
1.3.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
O preceito secundário do Art. 237, apresenta como pena do crime “detenção, de 3 (três) 
meses a 1 (um) ano”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir: trata-se 
de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima menor que dois anos, Art. 61 da Lei 
n. 9.099/1995)
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, 
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa.
Em razão de se configurar crime de menor potencial, a competência judicial será do Jui-
zado Especial Criminal.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Caberá transação penal, se satisfeitos os demais requisitos previstos no Art. 76 da Lei n. 
9.099/1995
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se preen-
chidos os demais requisitos do referido artigo.
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Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I, do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
Caberá aplicação do Art. 69, parágrafo único da Lei n. 9.099/1995. Termo de compromis-
so que, se assinado, impede a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante:
Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente en-
caminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como 
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto.
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
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c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
Não caberá Acordo de Não Persecução Penal: como é cabível, em tese, transação penal, 
não será cabível o novo Acordo de Não Persecução Penal previsto no Art. 28-A do CPP, con-
forme prevê o § 2º do mesmo artigo.
Art. 28, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I – se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei;
1.3.10. Ação Penal
A Ação Penal, na hipótese do Art. 237 do CP, será pública incondicionada. Veja que o tipo 
penal não apresentou ação penal específica neste caso, portanto, devemos seguir a regra de 
que, no silêncio, será sempre pública incondicionada.
1.4. simulação De autoriDaDe para CeleBração De Casamento
Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena – detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
1.4.1. Tipo Objetivo
O delito em análise trata de alguém que se passa como autoridade legal e legítima para a 
celebração de casamento, atribuindo-se falsamente como apta a realização do matrimônio.
A Constituição Federal traz a figura do “juiz de paz” como sendo, em regra, a autoridade 
apta a realizar formal e legalmente o casamento. Vejamos o que reza o Art. 98, inciso II da 
Constituição Federal:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
II – justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, 
com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, 
de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições 
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
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1.4.2. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o próprio casamento.
1.4.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger a regularidade do casamento e a regular constitui-
ção da família.
1.4.4. Sujeitos
Sujeito ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo: os sujeitos passivos no caso são o Estado e os cônjuges contraentes do 
casamento.
1.4.5. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 238 doCP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
1.4.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 238 se dará quando o agente se atribui (se apresenta), 
falsamente, como autoridade legítima e legal para a formalização do casamento.
Estamos diante de um delito formal (de consumação antecipada), pois basta o agente se 
atribui falsamente como autoridade, não havendo necessidade de realização do casamento. 
Se houver o casamento, tal fato será mero exaurimento do crime.
RECAPITULANDO!! O que é crime formal?
Podemos, assim, classificar os crimes como:
• Crime materiais: exigem, para consumação, a produção de um resultado naturalístico 
(modificação no mundo exterior perceptível aos sentidos);
• Crimes formais: apesar da possibilidade de ocorrência do resultado naturalístico, a nor-
ma incriminadora dispensa tal ocorrência para efeitos de consumação. Assim, pratica-
do o núcleo descrito no tipo, já estará consumado o delito;
• Crime de mera conduta: Impossibilidade de ocorrência do resultado naturalístico. Há 
apenas um resultado jurídico. Assim, praticada a ação ou omissão, o crime já estará 
consumado.
Exemplo: porte de arma de fogo. Veja: O ato de portar uma arma, por si, produz algum resul-
tado visível no mundo exterior e perceptível aos sentidos? Não, portanto, neste caso estamos 
diante de um crime de mera conduta.
1.4.7. Tentativa (Conatus)
Há possibilidade de fracionamento da conduta no iter criminis (crime plurissubsistente). 
Portanto, a tentativa é possível.
1.4.8. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
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Crime de ação livre.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime monosubjetivo (praticado por um só agente).
Crime formal.
1.4.9 Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
O preceito secundário do Art. 238, apresenta como pena do crime “detenção, de 1 (um) a 
3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não estamos diante de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima superior a 
dois anos, Art. 61 da Lei n. 9.099/1995);
• A competência judicial será da Vara Criminal comum;
• Não caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se pre-
enchidos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
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Crimes contra a Família
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto:
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
• Possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28 -A CPP).
1.4.10. Aplicação do Princípio da Subsidiariedade Expressa
Vemos na parte final do Art. 238 que o crime em tela só será invocado e aplicado ao caso, 
se o fato não constituir crime mais grave.
Veja o que diz o preceito secundário do Art. 238 (parte) final, verbis: “detenção, de 1 (um) 
a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave”.
Verificamos, pois, o caráter subsidiário do Art. 238 do CP, por determinação expressa con-
tida no próprio tipo penal.
1.4.11. Ação Penal
A Ação Penal, na hipótese do Art. 238 do CP, será pública incondicionada. Veja que o tipo 
penal não apresentou ação penal específica neste caso, portanto, devemos seguir a regra de 
que, no silêncio, será sempre pública incondicionada.
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1.5. simulação De Casamento
Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena – detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
1.5.1. Tipo Objetivo
O tipo objetivo contido no Art. 239 é “simular casamento mediante engano de outra pessoa”
Simular casamento: é necessário, portanto, que ao menos um dos contraentes acredite 
estar participando de uma cerimônia matrimonial que, em verdade, não existe legalmente.
Mediante engano de outra pessoa: verifica-se que pode ser empregado o engodo, a fraude 
ou outro meio que possa ludibriar um dos cônjuges contraentes. Neste ponto, afigura-se a 
avaliação meio enganoso empregado é elemento normativo do tipo, pois exige valoração por 
parte do julgador diante do caso concreto.
1.5.2. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o próprio casamento simulado. 
1.5.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?Verificamos que a norma visa proteger a regular constituição do casamento e proteção à 
família.
1.5.4. Sujeitos
Sujeito ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo: os sujeitos passivos no caso são o Estado e o cônjuge(s) enganado(s).
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1.5.5. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 239 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
1.5.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 239 se dará com a simulação do casamento.
1.5.7. Tentativa (Conatus)
Há possibilidade de fracionamento da conduta no iter criminis (crime plurissubsistente). 
Portanto, a tentativa é possível.
1.5.8. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação ou forma vinculada.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime monosubjetivo (praticado por um só agente).
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1.5.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
O preceito secundário do Art. 239, apresenta como pena do crime “detenção, de 1 (um) a 
3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não estamos diante de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima superior a 
dois anos, Art. 61 da Lei n. 9.099/1995);
• A competência judicial será da Vara Criminal comum;
• Não caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o art. 76 da Lei 9099/95);
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se pre-
enchidos os demais requisitos do referido artigo.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 
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§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto:
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto.
• Possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28 -A CPP).
1.5.10. Aplicação do Princípio da Subsidiariedade Expressa
Vemos na parte final do Art. 239 que o crime em tela só será invocado e aplicado ao caso, 
se o fato não constituir crime mais grave.
Veja o que diz o preceito secundário do Art. 239 (parte) final, verbis: “detenção, de 1 (um) 
a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais grave”.
Verificamos, pois, o caráter subsidiário do Art. 239 do CP, por determinação expressa con-
tida no próprio tipo penal.
1.5.11. Ação Penal
A Ação Penal, na hipótese do Art. 238 do CP, será pública incondicionada. Veja que o tipo 
penal não apresentou ação penal específica neste caso, portanto, devemos seguir a regra de 
que, no silêncio, será sempre pública incondicionada.
1.6. aDultério
Art. 240. (Revogado pela Lei n. 11.106, de 2005)
O crime de Adultério foi revogado pela Lei n. 11.106/2005. Chamo a atenção para você, alu-
no(a), pois observamos comumente as pessoas ainda mencionarem que o adultério é crime.
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2. Dos Crime Contra o estaDo De Filiação
2.1. registro De nasCimento inexistente
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
2.1.1. Tipo Objetivo
Vamos dividir o tipo penal.
Promover no registro civil: pode ser compreendido como requerer formalmente, levar a 
efeito, ou formalizar no registro civil.
Inscrição de nascimento inexistente: iInscrição de pessoa que nunca existiu. Cita-se, 
como exemplo, pessoa que nunca nasceu ou levar a efeito inscrição de natimorto que, evi-
dentemente, não nasceu vivo.
2.1.2. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o registro levado a efeito no car-
tório de registro civil de pessoa inexistente. 
2.1.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger o estado de filiação e a família.
2.1.4. Sujeitos
Sujeito Ativo: verificamos facilmente que o tipo penal não exige qualidade especial do 
sujeito ativo. Logo, estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser 
sujeito ativo do crime.
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Sujeito Passivo: o sujeito passivo no caso é o Estado. A doutrina apresenta também como 
sujeito passivo qualquer pessoa que possa vir a ser prejudicada com o registro de pessoa 
inexistente.
2.1.5. Elemento SubjetivoA conduta descrita no Art. 241 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
2.1.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso I do CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 241 se dará quando o agente consegue, com sucesso, 
o registro civil de pessoa inexistente.
2.1.7. Tentativa (Conatus)
Há possibilidade de fracionamento da conduta no iter criminis (crime plurissubsistente). 
Portanto, a tentativa é possível.
2.1.8. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13, § 2º, 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
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Crime de ação ou forma livre.
Crime instantâneo.
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime monosubjetivo (praticado por um só agente).
2.1.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal
O preceito secundário do Art. 241, apresenta como pena do crime “reclusão, de 2 (dois) a 
6 (seis) anos”.
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não estamos diante de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima superior a 
dois anos, Art. 61 da Lei n. 9.099/1995);
• A competência judicial será da Vara Criminal comum;
• Não caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
• Não é possível a suspensão condicional do processo (pena mínima superior a um ano.
• Poderá caber prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP e se preenchidos 
os requisitos do Art. 312 do CPP.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Não caberá fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322 A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28 -A CPP):
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
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2.1.10. Ação Penal
A Ação Penal, na hipótese do Art. 241 do CP, será pública incondicionada. Veja que o tipo 
penal não apresentou ação penal específica neste caso, portanto, devemos seguir a regra de 
que, no silêncio, será sempre pública incondicionada.
2.1.11. Questão Relevante
Falsidade ideológica e Registro de Nascimento Inexistente: em regra, para conseguir re-
gistrar o nascimento de pessoa inexistente, o agente vai se valer de declaração ideologica-
mente falsa. Logo, responderia ele em concurso material de crime pela falsidade ideológica e 
pelo registro de nascimento inexistente?
A resposta é negativa. Veja, Caro(a) aluno(a), que existe uma relação de crime meio e cri-
me-fim neste caso e devemos aplicar o conhecido princípio da consunção na espécie (crime-
-fim absorve o crime-meio).
2.1.12. Prescrição
Caro(a) aluno(a), gostaria de chamar sua atenção, pois existe regra específica de conta-
gem de prescrição para este crime prevista no Art. 111, inciso IV, do CP, tal como enfrentamos 
no caso do crime de bigamia, vejamos:
Art. 111, IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, 
da data em que o fato se tornou conhecido.
Obs.: � apesar de haver divergência, parece prevalecer na doutrina que o conhecimento a que 
alude o artigo acima deve ser o de qualquer autoridade pública.
2.2. parto suposto. supressão ou alteração De Direito inerente ao 
estaDo Civil De reCém-nasCiDo
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nasci-
do ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena – reclusão, de dois a seis anos.
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Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
2.2.1. Tipo Objetivo
Para sua melhor visualização, vamos dividir as condutas do tipo penal:
• dar parto alheio como próprio;
• registrar como seu o filho de outrem;
• ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao es-
tado civil.
Veja que as figuras típicas acima são diferentes. Portanto, há possibilidade de concursos 
de crimes no caso. O legislador optou por reunir tais figuras num só tipo penal.
Vale notar que a conduta trazida na letra b é conhecida como “adoção a brasileira”.
Aqui, vale as mesmas considerações quanto a aplicação do princípio da consunção e falsi-
dade ideológica tecidas no item 15, ou seja, se o agente se valer de uma declaração ideologica-
mente falsa para praticar uma das hipóteses acima, responderá somente pelo Art. 242 do CP.
2.2.2. Objeto Material
O que é objeto material?
De maneira simples, podemos definir objeto material de um crime como a pessoa ou coisa 
sobre a qual recai a conduta criminosa. Não confundir com objeto jurídico do crime.
No tipo penal enfrentado, o objeto material do crime será o registro levado a efeito no car-
tório de registro civil. 
2.2.3. Objeto Jurídico
Qual é o bem jurídico que a norma visa tutelar?
Verificamos que a norma visa proteger a fé pública, o estado de filiação e a família.
2.2.4. Sujeitos
Sujeito ativo: muita atenção! No núcleo verbal “dar parto alheio como próprio”, verifica-se 
que somente a mulher pode ser sujeito ativo de tal ação. Nas demais, verificamos que o tipo 
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penal não exige qualidade especial do sujeito ativo. Logo, quanto as demais condutas típicas, 
estamos diante de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime.
Sujeito passivo: o sujeito passivo no caso é o Estado. A doutrina apresenta também como 
sujeito passivo qualquer pessoa que possa vir a ser prejudicada com o registro criminoso.
2.2.5. Elemento Subjetivo
A conduta descrita no Art. 242 do CP é necessariamente dolosa.
Vale relembrar que um tipo penal só admitirá modalidade culposa, se houver previsão ex-
pressa na norma incriminadora. Assim, clara é a dicção contida no parágrafo único do Art. 18 
do CP, vejamos:
Art. 18, Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato pre-
visto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
2.2.6. Consumação
Considera-se que um crime está consumado quando se mostram presentes todos os ele-
mentos do tipo penal. É a total e perfeita adequação da conduta à norma incriminadora. Total 
subsunção típica. Assim, preconiza o Art. 14, inciso Ido CP, vejamos:
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
A consumação no delito do Art. 242 se dará quando o agente consegue, com sucesso:
• dar parto alheio como próprio;
• registrar como seu o filho de outrem;
• ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil
2.2.7. Tentativa (Conatus)
Há possibilidade de fracionamento da conduta no iter criminis (crime plurissubsistente). 
Portanto, a tentativa é possível.
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2.2.8. Classificação do Crime
Crime comissivo, admitindo a possibilidade de omissão imprópria prevista no Art. 13 § 2º 
do CP (quando há o dever jurídico de agir como garante).
Crime de ação ou forma livre.
Crime instantâneo (exceto na elementar ocultar, pois esta será de natureza permanente – 
consumação se protrai no tempo).
Crime Plurissubsistente (praticado por intermédio de mais de um ato).
Crime monosubjetivo (praticado por um só agente).
Crime material.
2.2.9. Análise do Preceito Secundário do Tipo Penal do Caput do Art. 242
O preceito secundário do Art. 242, caput, apresenta como pena do crime “reclusão, de 2 
(dois) a 6 (seis) anos”
Apegando-se, pois, a pena em abstrato trazida no tipo penal, podemos concluir:
• Não estamos diante de um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima superior a 
dois anos, Art. 61 da Lei n. 9.099/1995);
• A competência judicial será da Vara Criminal comum;
• Não caberá transação penal (impossibilidade de aplicar o art. 76 da Lei n. 9.099/1995);
• Não é possível a suspensão condicional do processo (pena mínima superior a um ano);
• Poderá caber prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP e se preenchidos 
os requisitos do Art. 312 do CPP;
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Não caberá fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal (Art. 28 -A CPP):
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Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstan-
cialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente:
2.2.10. Forma Privilegiada e Perdão Judicial
Vislumbramos no Art. 242 parágrafo único tanto uma forma privilegiada com redução, em 
abstrato, de pena, como também a possibilidade de aplicação até mesmo de perdão judicial, 
vejamos:
Art. 242, Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Lembre-se, caro(a) aluno(a), que o perdão judicial só pode ser concedido, em regra, se 
houver expressa previsão no tipo penal, tal como observamos acima, sendo causa extintiva 
da punibilidade na forma do Art. 107, inciso IX do Código Penal, vejamos:
Art. 107, IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Se for aplicado o privilégio na forma acima, ou seja, com aplicação de pena de um a dois 
anos, teremos as seguintes consequências:
• Passa a ser um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima menor que dois anos, 
Art. 61 da Lei n. 9.099/1995):
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, 
as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa.
• Em razão de se configurar crime de menor potencial, a competência judicial será do 
Juizado Especial Criminal:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem com-
petência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
• Caberá transação penal, se satisfeitos os demais requisitos previstos no Art. 76 da Lei 
n. 9.099/1995:
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, 
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena 
restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
• É possível a suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/1995), se pre-
enchidos os demais requisitos do referido artigo:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
• Em regra, não caberá prisão preventiva na forma do Art. 313, inciso I do CPP:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
• Caberá, em tese, aplicação do Art. 69, parágrafo único da Lei n. 9.099/1995. Termo de 
compromisso que, se assinado, impede a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante:
Art. 69, Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente en-
caminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em 
flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como 
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
• Caberá, em tese, fiança na esfera policial (Art. 322 do CPP):
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
• Se preenchidos os requisitos, poderá caber substituição da pena (Art. 44 do CP):
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como 
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma 
pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída 
por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
• Possibilidade de início de cumprimento da pena no regime aberto:
Art. 33, § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, se-
gundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de 
transferência a regime mais rigoroso:
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)

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