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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA-UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS- CCJ CURSO DE DIREITO MEDIAÇÃO COMO MEIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NAS COMUNIDADES Ingrid Adrianne Gouveia Nepomuceno Matr.: Nº 1322044/2 Fortaleza–CE Julho, 2020 FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA-UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS- CCJ CURSO DE DIREITO INGRID ADRIANNE GOUVEIA NEPOMUCENO MEDIAÇÃO COMO MEIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NAS COMUNIDADES Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito, sob a orientação de conteúdo da professora Ana Paula Araújo de Holanda e orientação metodológica da professora Simone Trindade da Cunha. Fortaleza – Ceará 2020 Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza Nepomuceno, Ingrid. MEDIAÇÃO COMO MEIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NAS COMUNIDADES / Ingrid Nepomuceno. - 2020 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Direito, Fortaleza, 2020. Orientação: Ana Paula Araújo. Coorientação: Simone Trindade da Cunha. 1. Mediação. 2. Conflitos. 3. Justiça. 4. Processo de Mediação. 5. Solução alternativa de conflito. I. Araújo, Ana Paula. II. da Cunha, Simone Trindade. III. Título. INGRID ADRIANNE GOUVEIA NEPOMUCENO MEDIAÇÃO COMO MEIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NAS COMUNIDADES Monografia apresentada à banca examinadora e à Coordenação do Curso de Direito do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza, adequada e aprovada para suprir exigência parcial inerente à obtenção do grau de bacharel em Direito, em conformidade com os normativos do MEC, regulamentada pela Res. n° R028/99, da Universidade de Fortaleza. Fortaleza (CE), 15 de julho de 2020. Ana Paula Araújo de Holanda, Dra. Profa. Orientadora da Universidade de Fortaleza Amélia Soares da Rocha, Dra. Profa. Examinadora da Universidade de Fortaleza Janine de Carvalho Ferreira Braga, Ms. Profa. Examinadora da Universidade de Fortaleza Simone Trindade da Cunha. Dra. Profa. Orientadora de Metodologia Profª. Núbia Maria Garcia Bastos, Ms. Supervisora de Monografia Coordenação do Curso de Direito Às minhas mães, que com muita luta venceram e vencem todos os dias o preconceito da sociedade e que com muita garra me proporcionaram a oportunidade de cursar Direito. Aos meus familiares e amigos, que me incentivaram neste trabalho científico. Ao meu filho, que hoje está na minha barriga, mas que já é meu motivo de força e orgulho. AGRADECIMENTOS À professora Ana Paula Araújo, que não me deixou desistir e lutar pelo meu sonho em um momento de fragilidade, sempre incentivando na evolução dos alunos como estudante e como ser humano. À professora Simone Trindade da Cunha, pela compreensão e ensinamentos. À Universidade de Fortaleza (UNIFOR), pelo amplo acesso à educação, cultura e justiça, contribuindo para uma completa formação profissional, superando desigualdades e construindo uma sociedade mais justa e solidária. “A humildade exprime uma das raras certezas de que estou certo, a de que ninguém é superior a ninguém.” (Paulo Freire) https://www.pensador.com/autor/paulo_freire/ RESUMO Ao longo de toda a história das relações humanas, sempre existiu conflitos. Com isso, a sociedade foi buscando maneiras de soluciona-las da melhor forma, dentre uma delas a mediação, como meio de solução alternativa de conflito, que foi sendo desmitificada quanto sua eficácia e analisada durante anos sobre a celeridade com que seria utilizada. Com isso, pretende-se mostrar nesta monografia, que a Mediação é muito mais que um alívio para o judiciário, mas também traz consigo uma visão de paz social e harmonia entre as pessoas, seja no âmbito empresarial, como também no familiar. Isso traz para a justiça uma visão mais humanizada em que se entenda que as partes em conflito antes de tudo são seres humanos. A partir disso, mostra-se modelos de mediação e a evolução do processo ao longo dos anos, suas formas de abordagem, a postura e os princípios do profissional no processo de mediação, além de dados de eficácia da mediação nas comunidades. Palavras-Chave, Mediação, conflitos, Justiça, processo de mediação, solução alternativa de conflito. ABSTRACT Conflicts have always existed throughout the history of human relations. Hence, society has been looking for solutions to solve them in the best ways. Among them, mediation has been used as an alternative to get solutions for conflicts. It was demystified regarding its efficiency and analyzed for years so it could be used. Therefore, the aim of this work is to show that Mediation is a very useful resource for the judiciary, but also brings a vision of social peace and harmony among people, whether in business or familiar sphere. This brings to justice a more humane view of conflict parts. Based on that, mediation models and the evolution of the process over the years are shown, as well as their forms of approach, posture and professional methods in the mediation process and the data for evaluating mediation in the communities. Keywords, Mediation, conflicts, Justice, mediation process, alternative conflict solution. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEJUSC Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania CF Constituição Federal CNJ Conselho Nacional de Justiça CPC Código de Processo Civil DEPaz Defensoria pela Paz MPCE Ministério Público do Ceará NCPC Novo Código de Processo Civil OEA Organização dos Estados Americanos ONU Organização das Nações Unidas PGM Procuradoria Geral do Município PRFor Programa de Regularização Fiscal de Fortaleza Sefin Secretaria Municipal de Finanças STJ Supremo Tribunal Federal SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 10 1 A MEDIAÇÃO NO PODER JUDICIÁRIO ..................................................................... 12 1.1 Aspectos históricos ............................................................................................................. 12 1.2. A cultura da judicialização ................................................................................................ 16 2 A MEDIAÇÃO ..................................................................................................................... 18 2.1 Conceito de mediar ............................................................................................................. 18 2.2 A Mediação no Brasil e sua evolução normativa ............................................................... 19 2.3 Princípios da mediação ....................................................................................................... 21 2.4. Técnicas e Modelos de Mediação ...................................................................................... 22 2.4.1 O Modelo Anglo-Saxônico............................................................................................... 22 2.4.2 O modelo Romano-Germânico ........................................................................................ 23 2.5 O novo código do processo civil e as regras mediatárias................................................... 24 2.6 A lei da Mediação ............................................................................................................... 27 3 IMPACTOS DA MEDIAÇÃO NAS COMUNIDADES................................................... 31 3.1 Resultados dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania ......................... 31 3.2 Resultados das Casas de Mediação Comunitária do Ministério Público ............................ 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 39 10 INTRODUÇÃO Em face à publicação da lei Nº 13.140, DE 26 DE JUNHO DE 2015 de Mediação, artigo 4º, § 1º, diz que “O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do conflito”. A mediação é um método de resolução de conflitos em que existe um mediador, que é uma terceira pessoa da qual é escolhida pelas partes, com o intuito de trazer de volta o diálogo entre elas, mostrando-lhe, através de seus meios mediatários, uma maneira de solucionar o conflito desenvolvida por elas mesmas durante o processo. Neste processo se buscar ver os posicionamentos e interesses de cada parte e tentar compreendê-las, a fim de encontrar a melhor solução que beneficie ambos e buscando preservar o relacionamento. É verídico que o conflito está totalmente ligado à condição humana, desde que a sociedade foi sendo criada e as pessoas começaram a conviver como sociedade, mostrando as diversas situações das quais se criam a partir dessa convivência. Com isso, o conflito se cria pela diversidade de pensamento e desejos contrariados. Toda essa questão se deu pela espera lenta de resolução do conflito pelo meio judiciário, que surgiu a necessidade de outa alternativa como a mediação, principalmente nas comunidades onde há falta de informação e desigualdade social, que dificulta esse acesso à Justiça, causando conflitos fáceis de solucionar e afogamento no âmbito da justiça. Essa efetivação do acesso à justiça é dificultada pela problemática da desigualdade socioeconômica e falta de informação, surgindo assim a mediação comunitária. A mediação comunitária nasce como um meio que cria um diálogo entre as pessoas que estão em conflito, em que soluciona não só aquele conflito, mas gerando uma paz social em relação a possíveis conflitos futuros, buscando a harmonia da sociedade e viver no coletivo. Ela surge como uma ideia de democracia participativa, trazendo não só o acesso à justiça, mas também como incentivador da cultura de paz, trazendo consigo o princípio da solidariedade para essa visão participativa. O mediador tem a função de conduzir o processo de mediação e não decisão, pois cabe as partes buscar e entender suas próprias soluções para seu conflito, tendo em vista que eles são as melhores pessoas para decidir. O mediador entra com o processo de incentivar a 11 reflexão, para que consigam compreender o conflito da melhor forma para realmente solucionar o problema exposto. De fato, são empecilhos para a efetivação da justiça a condição de pobreza e ausência de orientação jurídica às comunidades, bem como o alto valor das custas processuais, dificuldade de acesso ao advogado e desconhecimento das formas extrajudiciais de solução de disputas. A partir do exposto, buscar-se-á desenvolver pesquisa monográfica para que responda qual a importância da mediação no Brasil para a celeridade da Justiça, como a mediação nas comunidades podem trazer paz social e como esse trabalho é desenvolvido. Ess pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo e mostrar a funcionalidade e o impacto da mediação entorno nas relações humanas em conflito. Seus objetivos específicos que é estudar o conceito e entender a eficácia da mediação no Judiciário como meio de resolução de conflito, facilitar o entendimento da construção de paz social que a mediação traz para as comunidades e descrever as etapas do processo de mediação, assim como toda a sua correlação comportamental em relação as partes envolvidas no conflito, até chegarem em um acordo Em relação aos aspectos metodológicos, para a compreensão do tema referente a Mediação como meio de resolução de conflitos nas comunidades, buscamos investigar acerca do tema por meio de pesquisas bibliográficas, com o uso de livros. A pesquisa tem natureza de pesquisa aplicada, tendo como função gerar conhecimentos destinados à solução de problemas específicos. Fazendo pesquisa qualitativa, onde se faz uso de palavras, linguagens, em forma de texto, para descrição, reflexão e interpretação do pesquisador na compreensão e análise de resultados. No tocante aos fins, a pesquisa classifica-se como exploratória, onde aprofunda o conhecimento em determinado tema, tornando-o explícito e evidenciando novos campos de estudo, como também é explicativa, onde identifica fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência de fenômenos, explicando as razões das coisas. 12 1 A MEDIAÇÃO NO PODER JUDICIÁRIO Toda a busca para encontrar o ideal de justiça, se dá por um ideal filosófico, existente desde a Roma Antiga, na qual significava “Dar a cada um o que é seu por direito” ULPIANO, D.1.1.10). O Poder judiciário é um dos caminhos que se leva para alcançar a justiça, mas que não se confunde com a mesma, devido ao fato de nem sempre, para que a justiça seja efetivada, teve-se o Estado-Juiz presente. Para isso, devemos nos atentar a origem e a evolução histórica da Mediação no sistema jurídico e entender se houve abertura para outros meios de solução de litígios. É desarmonioso os conflitos entre as pessoas, na qual muitas vezes está sendo mostrado de forma muito fervorosa ou de maneira difícil de identificá-la, que nasce diante de disputas de interesses, expectativas frustradas ou valores contrários. Mesmo o conflito sendo algo inerente ao ser humano e visto como algo natural, as partes do conflito sempre veem a outra parte como um inimigo fervoroso. Cada um tenta provar de forma racional destruir seu “opositor” com todo seu poder de raciocínio, afim de provar que suas razões são as certas no conflito e destruir os argumentos do outro. Com toda esse emocional em volta das partes do conflito, acaba dificultando a resolução do conflito visando o bem do interesse conjunto que beneficie a todos. Coube à civilização oriental, a propósito, estabelecer as primeiras técnicas de mediar: A antiga filosofia oriental talvez nos ajude a entender as razões que levam as sociedades orientais a darem grande valor para as formas autocompositivas de conflitos nas quais as próprias pessoas, pelo exercício do diálogo, constroem as soluções para os seus problemas e o fazem por meio de reuniões comunitárias , comitês de conciliações, assembleias, sessões de mediação e reuniões restaurativas, tornando as culturas locais espaços privilegiados para dialogar, compartilhar as diferenças, reaproximar a razão e a emoção, o erro e o perdão, integrar tristeza e a alegria, construir a união e restaurar relações. (NUNES, 2016) 1.1 Aspectos históricos Em todo o tempo, na sociedade, as pessoas em suas relações no convívio social traziam consigo um conflito social, e muitas foram as tentativas de evitá-las. Tem-se notícias da utilização da mediação há muito tempo atrás e por diversas culturas diferentes, como na cristã, budista, indígenas, judaicas. As mais relatadas são as de que eram muito utilizadas no 13 oriente médio como a china e no Japão, onde a mediação era utilizada como a primordial, como primeira escolha para resolver um conflito, onde o fato de que um perde e o outro ganha, não era bem visto e aceito. A mediaçãona China ocorria com a participação dos pensamentos do pensador Confúcio. É por meio de sua visão que iniciam-se a “busca da harmonia através do equilíbrio do mundo e da felicidade dos homens” (MIRANDA, 2012). Já no Japão, motivado pela indução do raciocínio de orientação e negociação de seus líderes frente a situações de conflitos, era tradicional e histórica o uso da Mediação. Tanto a China como Japão, viam a mediação como meio de convencer os litigantes a fazerem as pazes, idolatrando os ancestrais, pois haveria má sorte não respeitar os antepassados e a harmonia do seu descanso eterno (MENDONÇA, 2012). No período Helenístico do Império Romano, a civilização padeceu uma forte motivação da cultura grega, onde as pessoas mais velhas com suas experiências eram utilizadas para que guiassem as questões políticas do Estado, da Guerra, como também das vontades de Monarcas e Imperadores. Os anciãos eram vistos de seniors, que depois deu origem à composição do Senatus Consulto, convocado pelos governantes ou pelo povo para decidir tais questões No período helenístico, em que a civilização romana teve uma enorme influência da cultura grega, a experiência as pessoas mais eram utilizadas para serem aconselhadas sobre o que se refere as políticas do Estado, utilizava-se da experiência das pessoas mais velhas para aconselhar as questões políticas do Estado, nas Guerras, como também as vontades de Monarcas e Imperadores. Os seniors, mais conhecidos como os anciãos, depois deu origem à composição do Senatus Consulto, requisitado pelos governantes ou pelo povo para decidir tais questões. Porém, nos séculos XIX e XX, passaram a marcar toda o crescimento da Mediação, principalmente nos países do ocidente, especialmente depois das guerras, visando resoluções dos conflitos comerciais, armados e trabalhista. A ONU (Organização das Nações Unidas), como também a OEA (Organização dos Estados Americanos), podem ser usados como exemplo de primeiros órgaos com intuito de paz e harmonia entre os povos. Com o passar dos anos, a Mediação foi-se desenvolvendo em diversos países do Ocidente (CAETANO, 2006). Destacam-se os Estados Unidos, Inglaterra e França onde: 14 Na década de 1970, seu crescimento foi muito rápido e logo foi incorporada ao sistema legal, e em alguns anos tornou-se obrigatória anteriormente ao processo judicial (...) no fim da década de 70, a mediação chegou à Inglaterra, passando a ser aplicada por alguns advogados independentes. Em 1989, estabeleceu-se a primeira associação civil para a solução alternativa de conflitos (...) Na França, o começo foi diferente, pois teve início com a figura do ombudsman atuando como intermediário entre os órgãos governamentais e os cidadãos e estendeu-se rapidamente ao direito privado. Na Argentina, “A Lei n° 24.573, de 1995, estabeleceu a obrigatoriedade da mediação previamente a todo Juízo. E criou o Registro de Mediadores perante seu Ministério da Justiça, privativo, todavia, o exercício aos que possuíssem títulos de advogados, posteriormente mitigado para atuação no Direito de Família” (CAETANO, 2006). Por fim, no caso do Brasil, o diálogo da paz não foi dos mais presentes na cultura da sociedade, nem foi alvo de prioridade nas políticas públicas de qualquer gestão. Desde sempre o país foi acossado por litígios. Primeiramente, os de terra, a começar pelo esbulho possessório praticado pelos conquistadores portugueses. Depois, os políticos, quando durante o período colonial surgiram os conflitos armados que disputavam o domínio do território nacional e desafiavam a hegemonia da Coroa Portuguesa, ao mesmo tempo em que dizimavam a população indígena. Na sequência, não foram diferentes os períodos Imperial, do Estado Novo e Ditadura. Ou seja, a sociedade brasileira não foi forjada na cultura da paz, e sim, da violência e do desrespeito aos direitos básicos. Na realidade, o Poder Judiciário no Brasil passou por diferentes fases que marcaram sua evolução, começando como estrutura política do Império até culminar com o processo de redemocratização do Século XX. Por ser a fonte de escape dos litígios sociais, esteve sempre em transformação, ao sabor das mudanças que a sociedade necessitou. Ao longo dos séculos, a história registra a transformação da função social dos tribunais pátrios. No período colonial, por exemplo, o tribunal judiciário que tinha competência para os pleitos de toda a colônia era a Casa de Suplicação de Lisboa. Somente em 2 de março de 1607 é que foi criado o Tribunal de Relações da Bahia, por Felipe III, à época ocupante dos tronos da Espanha e de Portugal. Segundo Manoel Azevedo (1974, p.3) “com a elevação do Brasil à categoria de reino unido a Portugal, Dom João VI deu ao Tribunal do Rio de Janeiro o título de Casa de Suplicação”, isto fez romper com a dependência da Casa de Suplicação de Lisboa. 15 Mais tribunais foram criados depois, como Ceará, Maranhão e Pernambuco, em que depois de sua independência, o imperador Pedro I deu consentimento a Constituição de 1824, que criou tribunal de Relação no Brasil. Nela também criou-se o Supremo Tribunal de Justiça para julgar causas que estavam em segunda estância. Constituía também a para os juízes toda a estrutura necessária, o júri popular e os juízes de paz: A Constituição de 1824 começou, de fato, a ter aplicabilidade com a instalação do Poder Legislativo, em 1826, e do Supremo Tribunal de Justiça, em 1828, estabelecendo-se os quatro poderes previstos pela Constituição. (DONATO, 2006) Somente no período republicano, com a promulgação da segunda Carta Régia (1891) é que os tribunais de Relação passaram a formar o Poder Judiciário, instaurando-o de modo oficial no país, ao ponto de estabelecer regras de pagamento, direitos e garantias funcionais aos seus magistrados. Mas não há dúvidas de que se deve à Dom João VI, a criação da estrutura que hoje se estabelece como Poder: Não será, pois, exagero, dizer-se ter sido o príncipe D. João VI o criador do Poder Judiciário brasileiro, pois foi ele quem teve a ideia de instituir novos tribunais e cargos judiciários, que lançaram as bases de uma Organização Judiciária genuinamente nacional. (ARAÚJO, 2007) José Reinaldo de Lima (2008, p. 305), salientou que a reforma do Judiciário começou de fato com o Código de Processo Criminal de 1832, pois nele foram extintos os cargos anteriores e o aparato judicial começou a tomar forma em torno dos cargos de juiz de paz, juiz municipal e juiz de direito na primeira instância. E em ralação a segunda instância manteve-se com as Relações criadas antes da Independência e com o Supremo Tribunal de Justiça. O Código de Processo Criminal de 1832 reorganizou a eleição e as competências do juiz de paz. Em geral ele ficou encarregado da instrução criminal, que adquiria caráter contraditório. A vítima (se o crime fosse particular) ou o promotor público (se o crime fosse público) apresentavam a queixa perante o juiz de paz, que dava início à “formação da culpa”, recolhendo provas, ouvindo o suspeito e preparando o sumário da culpa que seria apreciado pelo júri de acusação. (LIMA, 2008) No período republicano tiveram muitas mudanças significativas, da qual foram feitas por meio de emendas, prescrições constitucionais, decretos e leis ordinárias n qual foi criada a Justiça Federal com funcionalidade pelo Brasil, onde passou a ser um poder independente, com magistrados que ganharam irredutibilidade de vencimentos e vitaliciedade, tenho suas funções notadamente maiores. 16 Destaca-se, pois, que a evolução do Poder Judiciário no Brasil, tem caminhado junto com a história política constitucional brasileira, mas não houve espaço, até tempos recentes, para mecanismos de soluções alternativas de conflito. O protagonismo, como se observa da narrativa até agora expendida, era da estrutura litigante, com magistrados responsáveispor decidir o destino dos conflitos. Portanto, não há menção na formação do Poder Judiciário Nacional, sobre Câmaras de Mediação ou Arbitragem, ou de qualquer tentativa de conciliar as partes. Somente com a Constituição de 1988, significativas conquistas sociais, com status de direitos e garantias fundamentais fez com que o Poder Judiciário precisasse se reinventar, para atender ao elevado número de demandas. Tem início, a partir de então, uma era de judicialização das demandas, incentivada pelo próprio Estado. 1.2. A cultura da judicialização O advento da CF/88 assegurou aos cidadãos inúmeras garantias, principalmente acesso ao Poder Judiciário, ensejando intervenção do Estado: Quando se redemocratizou o país é que o Judiciário começou a ser demandado pela maioria da população brasileira. Essa explosão de demandas judiciais, funcionando como verdadeiro conduto de cidadania, teve reflexo imediato, a crise do Poder Judiciário (SALOMÃO, 2015) O Direito tem invadido todas as relações e o aplicador (Poder Judiciário) acaba sendo chamado a intervir a todo o momento. Isso porque o Direito no mundo contemporâneo tem alcançado todas as relações sociais. Mesmo as práticas sociais de natureza tipicamente privadas, como o ambiente familiar, têm intervenção estatal quando dita a forma de tratamento que deve ser dispensado pelos pais ou responsáveis aos menores impúberes. (NETO, 2009) Assim, o surgimento de uma nova Carta Política, com mais proteção aos direitos individuais e coletivos, ajudou na proliferação da litigância, criando-se cultura nova na sociedade. O grande desafio que se coloca a juízes, advogados, promotores de justiça, professores, estudiosos, enfim, a todos que se ocupam com o sistema de justiça, conduz-se a como operá-lo, a fim de realizar eficazmente os direitos. Nesse contexto, a metódica de interpretação e aplicação das disposições da nova lei processual passa a ocupar papel de destaque. (MEDINA, 2018) 17 Ultrapassada a maioridade da CF/88, e constatada a quase falência da estrutura judicial provocada pelo vigor daquele texto normativo, a sociedade busca, hoje, encontrar novas formas de solucionar os conflitos. No entanto, ainda se encontra impelida a lutar por seus direitos, em razão das complexidades do mundo moderno, dos efeitos da sociedade de massas, e da facilidade com que acessa o sistema de justiça, através da Defensoria Pública, da Advocacia Privada e até do Ministério Público, acarretado milhões de demandas (NETO, 2009). A função tradicional do Poder Judiciário tem que acabar; deve ser uma promovedora da pacificação social, e não uma potencializadora da cultura da judicialização. Neste sentido, com o advento do novo CPC e da Lei de Mediação, espera-se a reorganização do cenário e a confluência dos órgãos que compõem, direta ou indiretamente, o Poder Judiciário, para promoção do diálogo. A análise dos novos textos legais e o papel a ser desempenhado pela Mediação, quer no âmbito do Poder Judiciário, quer administrativamente, na condição pré-processual, são temas que passam a ser abordados. 18 2 A MEDIAÇÃO A mediação é conceituada como um procedimento do qual um terceiro imparcial ajuda as partes que estão conflito a retornar seus diálogos, no intuito de identificar a problemática e solucionar o conflito da melhor forma para ambas partes. 2.1 Conceito de mediar Conforme está na lei, a mediação de fato conta com o auxílio de um terceiro, cujo este não intervém e não julga as decisões tomadas pela parte. Contudo, em si, a essência da mediação não é essa atividade mediatária, pois a prática dessa modalidade de solução de conflito é muito maior e abrangente, colocando também as partes que estão sendo mediadas e o terceiro imparcial como elemento subjetivo, como também as técnicas de composição, conciliação, negociação e mediação como elemento objetivo, com o intuito de ter a resolução de conflito de forma autônoma. Portanto, a mediação pode então, ser definida como um processo de negociação em que é assistida por um terceiro imparcial que não tem poder decisório, na qual tem a função de auxiliar as partes em refletir sobre seus reais interesses, resgatando o diálogo, assim, criando alternativas em que exista benefício mútuo que abranja as necessidades das partes. Além do mediador ter que ser imparcial e habilitado, a mediação vem com essa ideia de facilitador de diálogo e o resgate da confiança entre as partes, no intuito que elas mesmas sejam protagonistas de suas resoluções e buscando assim a melhor forma de resolver o conflito para ambas. Com relação ao papel do Mediador na resolução do conflito, podemos afirmar ser um facilitador de diálogo, onde ele, com técnicas, reestabelece a comunicação das partes. Nesta técnica, o mediador não traz soluções para o conflito, mas sim o incentivo da conversa entre as partes, com isso, espera-se que haja antes, então, um tipo de relação pré-existente do conflito, para que se encontre uma solução, como por exemplo os de societários e familiares. Com isso, espera-se criar soluções que se transformem em direitos e obrigações de forma recíproca, em busca de um equilíbrio harmônico, sem haver necessidade de prosseguir 19 no Judiciário, que nunca deve ser visto como um caminho natural. Este meio de resolução age não só no desafogamento do Poder Judiciário, como também na harmonia da sociedade como um todo. É uma ferramenta útil e capaz de solucionar uma gama de conflitos, a Lei de Mediação reconhece essa flexibilização, positivando, por sua vez, no seu artigo 3°, que diz, “Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação.” Os direitos disponíveis e indisponíveis que admitem transação, são os direitos patrimoniais do qual as pessoas podem dispor deles e transacionar como quiser, como também aqueles na qual o titular não pode dispor em decorrência de interesse ou que haja finalidade pública. Todavia, há alguns direitos que, mesmo sendo reconhecidos como indisponíveis, permitem a mediação, pois são transacionáveis, pois são passíveis de conflitos e de resolução, como por exemplo questão familiar em geral, como guarda de filhos, investigação de paternidade, direito de visitas, alimentos, ou seja, conflitos familiares dos quase não se abre mão, mas é passível de diálogo para acertar conflitos que precisam ser discutidos. 2.2 A Mediação no Brasil e sua evolução normativa A primeira alusão legal de Mediação nasceu na constituição imperial de 1824. Mas sem existir aplicabilidade prática, tendo em vista como se formou e evoluiu historicamente nos tribunais pátrios, apenas teve grande visibilidade em meio dos anos 90. Na legislação brasileira, muitos projetos de lei prosseguiram em 1998 e 2014, do qual o assunto era sobre Mediação. Mas foi em 2014 que se teve um aumento da visibilidade do assunto, visando aliviar as demandas na Justiça, mas que atendesse as necessidades da seriedade do processo para que fosse útil para a sociedade. Assim foi vista a Mediação, como uma opção bastante relevante. Observando a mediação como a primeira proposta como meio de prevenção e resolução pacífica de conflitos, criada pelo projeto de lei n 4.827/1998 pela deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro, de São Paulo. A proposta não era de regulamentar o procedimento em 20 detalhes, mas observar as diretrizes que mais importam na mediação, como escolha de sua adoção ou maleabilidade das suas formas. Entretanto, em 2002, o Instituto Brasileiro de Direito Processual com a ajuda da Escola Nacional de Magistratura, encaminhou quando ainda prosseguia o projeto, uma sugestão para a substituição do texto, para o senador Pedro Simon, do qual futuramente acabou se tornando um projeto de lei nº 94/202, na qual trouxe para a Mediação maisseriedade e a regulamentou de maneira mais firme, para que instituísse a mediação para-processual, em que agisse como prevenção e como meio de solução de conflitos de natureza cível, com aprovação do Senado. Este projeto acabou sendo arquivado pela Câmera Federal em 2006 por disputas políticas e divergências de opiniões técnicas (GORETI, 2016). Apenas em 2009 voltaram à tona os debates sobre a institucionalização da Mediação no Brasil, por meio de convite da comissão de juristas da qual era responsável pelas 25 apresentações de um anteprojeto do novo Código de Processo Civil, da qual vinha a substituir o vigente na época. Os resultados dos trabalhos da comissão da qual o ministro do STJ, Luiz Fux, presidia, foi convertido no projeto de lei n. 166/2010. Depois de tramitada na Câmara dos Deputados como projeto de lei n. 8.046/2010, o projeto foi enviado ao Senado, na qual recebeu um novo substituto. Em 2011 foi mostrado o projeto de lei n. 517/2011 para equipar a regulamentação de Mediação judicial e extrajudicial, buscando um tipo de sistema na qual fosse harmonizado com o futuro CPC e a resolução n.125 do CNJ. Porém, mesmo tendo algumas tramitações, novamente não avançou (GORETTI, 2016). Esse tema de mediação retornou a ser visto na Casa Legislativa em 2013 e duas comissões criaram-se para mostrar as seguintes propostas, uma Comissão do Sena para mudar a Lei de Arbitragem e abordar a Mediação privada, como também a Comissão do Ministério da Justiça para tratar da temática nos âmbitos do judicial e privado, para estabelecer um “marco regulatório”. O projeto de lei n. 7.169/2014 foi resultado dessas propostas, que seu principal propósito era ter a Mediação eno âmbito particular como um meio alternativo para solucionar os conflitos e sobre a composição de Conflitos na Administração Pública. Quando, finalmente, após muitos debates e alterações, o PL resultou na lei n. 13.140 de 26 de junho de 2015, a nova Lei de Mediação Nacional. 21 Apesar da aprovação da lei específica no assunto, cumpre destacar que, em 16 de março de 2015, o novo Código de Processo Civil havia sido aprovado, contendo várias regras gerais sobre mediação processual; é o que se trata nas próximas páginas. 2.3 Princípios da mediação O sistema de mediação é contemplado por princípios essenciais para o desenvolvimento do processo de solução do conflito, onde ela torna o direito algo mais amplo, igualitário e democrático, deixando para trás barreiras do autoritarismo e abrindo novas perspectivas de resolução. Para que isso aconteça, é essencialmente preciso a observância dos princípios para que esta prática seja feita de forma adequada e de forma justa com as partes em crise. O Novo Código de Processo Civil, por exemplo, os positiva em seu artigo 166, enquanto a Lei de Mediação, no seu artigo 2°, que se complementam: Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. Art. 2o A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I - imparcialidade do mediador; II - isonomia entre as partes; III - oralidade; IV - informalidade; V - autonomia da vontade das partes; VI - busca do consenso; VII - confidencialidade; VIII - boa-fé. A imparcialidade é fundamental nesta fase, pois o mediador não deve ter favoritismo no caso, tendo que agir de forma imparcial para ambas partes com intuito de não interferir de forma tendenciosa na decisão do conflito. Já a isonomia garante os direitos iguais das partes durante o processo de mediação, colocando as partes em igual e dando a eles o mesmo tempo para argumentar e falar seus pontos de vista. A oralidade e a informalidade é um princípio fundamento para dar sentido a mediação, tendo em vista que sua função é facilitadora de diálogo, as duas fazem a função de trazer dinâmica e agilidade para as partes de maneira informal, fugindo do procedimento mais sério e de difícil entendimento criado comumente pelo Judiciário. A autonomia da vontade das partes e a busca do consenso também se interligam, pois na autonomia de maneira alguma as partes devem tomar decisões que não 22 sejam por vontade própria ou induzido por alguém, este princípio garante a livre tomada de decisão da parte em concordar ou não com o que está sendo discutido e decidido, livre de erro, dolo ou coação. A confidencialidade garante o sigilo que ali existe entre as partes e o mediador, para que não haja desconfianças sobre a segurança do que está sendo tratado ali não se torne público,devido a exposições ali demonstradas dos sentimentos e dramas pessoais, assim como a boa-fé de que o mediador tem que ter para garantir todo o funcionamento destes princípios. 2.4. Técnicas e Modelos de Mediação Estas técnicas e modelos, foram criados a partir de experimentos sociais e acadêmico, em que para sua prática, mudam conforme o Sistema Jurídico adotado. Existem dois sistemas, o Ânglo-Saxônico com uma visão técnica mais liberal e o Romano Germânico, na qual é adotado pelo Brasil, que é mais formal burocrático, tendo as leis. 2.4.1 O Modelo Anglo-Saxônico A expressão “Common Law” que expressa o modelo anglo-saxão, significa o “direito comum”. Na Inglaterra, o direito era “comum”, pois vinha dos Tribunais de Westminster, cujas decisões vinculavam toda a Bretânia, em oposição aos direitos particulares de cada tribo. (RAMIRES, 2010, p. 63). Este sistema se diferencia do romano-germânico, pois suas regras não eram escritas, eram criadas inicialmente por juízes ingleses e lapidadas ao longo do tempo, sendo sua natureza voltada à continuidade e à tradição (WAMBIER, 2012): O common law não foi sempre como é hoje, mas a sua principal característica sempre esteve presente, casos concretos são considerados fonte do direito. O direito inglês, berço de todos os sistemas de common law, nasceu e se desenvolveu de um modo que pode ser qualificado como “natural”, os casos iam surgindo, iam sendo decididos. Quando surgiam casos iguais ou semelhantes, a decisão tomada antes era repetida para o novo caso. Mais ou menos como se dava no direito romano. Neste sistema, fortaleceu-se a ideia de aplicação dos casos comuns, tradicionalmente resolvidos pelo costume. Com isso, cabia à informalidade dos julgadores, dos intermediários, 23 em adotar soluções sem as amarras do modelo imposto por lei. Com isso, as técnicas empregadas para mediar conflitos são bem diferentes das adotadas pelo sistema Civil Law. Destacam-se, neste cenário, os modelos desenvolvidos pelas universidades americanas, sobretudo, por Harvard, abaixo referenciados (NUNES, 2016): I) No modelo Tradicional-Linear de Harvard, a Mediação possui fases que auxiliam as partes a chegarem livremente a uma solução para seus conflitos, tendo o mediador como facilitador do diálogo, com técnicas para que as partes consigam chegar a um acordo. Ainda conta com princípios de negociação que consagraram a Universidade de Harvard, tais como, a) a separação das pessoas do problema; b) a concentração nos interesses e não nas posições; c) a necessidade de gerar opções de ganhos mútuos; e d) a utilização de critérios objetivos. Por fim, o papel do mediador após os relatos das partes, é validá-los, ou seja, reconhecer o acordo como legítimos. Não se preocupa em modificar o fator relacional das partes envolvidas. II) No modelo transformativo ocupa-se da transformação das relações entre as partes envolvidas, pois trabalha fortemente a parte relacional, com vistas ao reestabelecimento do diálogo e das relações futuras. Neste sentido, tem sido recomendada e utilizada em situações de conflitos nas quais as relações interpessoais possuem continuidade no tempo. III) No modelo circular-narrativo, entende-seque o procedimento de mediação é uma narração de histórias, na qual a conversa e a integração são elementos importantes e que podem levar à modificação das relações e ao acordo. Destaca a importância de promover reflexão, mudando o significado das histórias e legitima integração das pessoas, através do processo de comunicação (FISHER, 2005). 2.4.2 O modelo Romano-Germânico Por sua vez, o conceito de “Civil Law”, para Morgana Galio (2014, p.2), deriva da influência que o Direito Romano exerceu sobre os países da Europa Continental e suas colônias: A expressão Civil Law, usada nos países de língua inglesa, refere-se ao sistema legal que tem origem ou raízes no Direito da Roma antiga e que, desde então, tem-se desenvolvido e se formado nas universidades e sistemas judiciários da Europa Continental, desde os tempos medievais; portanto, também denominado sistema Romano-Germânico. (VIEIRA, 2007) A tradição jurídica romano-germânica tem suas origens no século XII e XIII no período do Renascimento da Europa Ocidental. Momento este que as cidades e o comércio ganharam nova organização, e também se intensificou o ideal de que “somente o direito pode assegurar a ordem e a segurança necessárias ao progresso.” (DAVID, 2002, p. 39). 24 O Estado Romano foi fundamental para a história do direito, sendo apontado por muitos doutrinadores como marco divisório nos processos de formação dos sistemas de Civil Law e Common Law. Assim, Desde o século XII em que o Corpus Iuris Civilis foi encontrado e os textos romanos passaram a ser estudados nas universidades, foi incorporado não só o conteúdo terminológico e conceitual, mas também a técnica própria de raciocínio jurídico para a formação das soluções jurídicas, tornando o direito o fruto de um intenso trabalho intelectual, distanciando-se do pensamento do homem comum. (BARREIRO; PARICIO, 2010) Com o advento da Revolução Francesa, no século XVIII, fortaleceu-se a aplicação do sistema Romano-Germânico em toda a Europa, com a concepção de que, além do protagonismo do juiz aplicado do Direito, caberia ao Poder Legislativo dar, às leis, todo o poder de acertamento dos conflitos, competindo-lhe conferir a segurança jurídica que a sociedade esperava: Para a revolução francesa, a lei seria indispensável para a realização da liberdade e da igualdade. Por este motivo, entendeu-se que a certeza jurídica seria indispensável diante das decisões judiciais. A certeza do direito estaria na impossibilidade de o juiz interpretar a lei, ou, melhor dizendo, na própria Lei (MARINONI, 2009). No Brasil, tendo em vista seu descobrimento ter sido prospectado por país europeu, o sistema adotado é o Civil Law, tendo a lei como fonte primaz na aplicação do Direito (RAMIRES, 2010). Com isso, toda a sistemática de Mediação, arquitetada nas redações dos textos do novo CPC e da Lei de Mediação, possui, como referência, a norma, com toda sua estrutura formal, burocrática e potestativa, se opondo totalmente às técnicas do modelo Ânglo-Saxônico, como se demonstrará. 2.5 O novo código do processo civil e as regras mediatárias Neste Novo Código de Processo Civil, a mediação passou a ser positivada de forma processual, nos comprovando os conceitos já existentes nas doutrinas, que tem por objetivo colocar no processo judicial maneiras novas de resolver os conflitos. Esse novo processo deu fim a um sistema que era alocado de forma centralizada as demandas das vias jurisdicional e 25 passou a reconhecer um novo modelo multiporta, onde há uma distribuição da justiça de acordo com as características de cada litígio, fazendo com que o Estado ofereça tais métodos e coloque-os a disposição do jurisdicionado (jurisdição, conciliação, mediação, arbitragem) Conferiu-se tratamento destacado e paradigmático às formas autocompositivas, pois exige de todos os sujeitos processuais uma participação cooperativa nos trâmites dos processos judiciais. Neste sentido, sobre o sistema autocompositivo, destaca-se: A priorização da Autocomposição, ou seja, se a petição inicial preencher todos os seus requisitos, será designada uma audiência de Conciliação ou de Mediação. Os mediadores judiciais e os conciliadores serão cadastrados em um cadastro nacional e em um cadastro do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, que manterá o registro destes profissionais, inclusive de modo a indicar sua área de atuação. (PINHO e SOUZA, 2016). Neste sentido, a satisfação efetiva das partes pode dar-se de modo mais intenso se a solução é por elas criada e não imposta pelo juiz, para tanto, destaca-se, Está-se diante de uma nova realidade, na qual “o Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos” (art. 3º, §2º do NCPC), o que explicita a opção pela valorização dos meios autocompositivos de resolução de controvérsias (em especial a mediação e a conciliação), em que o cidadão será o responsável pela construção da decisão mais oportuna à disputa na qual se encontra envolvido, numa concepção muito mais democrática e participativa do processo. Tais métodos passarão a fazer parte da rotina dos tribunais e deverão ser estimulados por todos aqueles sujeitos que participam do processo (art. 3º, §3º), criando um sistema de simbiose com a jurisdição em prol da promoção do acesso à ordem jurídica justa. (FILHO, 2016) O artigo 165 daquele diploma, por exemplo, determina que os Tribunais criem centro judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões de audiências de conciliação e mediação, e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição: Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. No caso específico do Ceará, o NUPEMEC foi instituído através do Provimento n° 03/2011 e Portaria n° 281/2011, em virtude da Resolução n° 125, do Conselho Nacional de Justiça-CNJ. Já os CEJUSC’s estão sendo instalados conforme a conveniência de cada Tribunal de Justiça, como dispõe o artigo 7º, IV, da aludida Resolução nº125 do CNJ, com funcionamento dentro do Fórum Clóvis Beviláqua e em núcleos estendidos em universidades 26 e Defensoria Pública. Em 9/11/2015, o Tribunal de Justiça do Ceará publicou a Portaria n. 2.504/2015, que designou a instalação dos primeiros 84 (oitenta e quatro) CEJUSC’s, nas sedes das comarcas em que funcionarem os Fóruns. Com isso, o legislador teve um passo engrandecedor para que as fórmulas autocompositivas, principalmente a mediação, fossem incentivadas. No artigo 165, parágrafo 2º e 3º, o legislador estabeleceu que na função de mediador, ele deve ajudar as pessoas que estão no conflito a identificarem, entre as partes, meios alternativos para solucionar o conflito em que ambas partes saiam ganhando, pois o que mais se deve preservar são os vínculos, em que o subjetivo fique acima do objetivo. Toda essa responsabilidade que se atribui ao mediador leva a sanções em caso de descumprimentos que fujam do objetivo maior da mediação. Nos artigos 170 e 171 do novo código civil, descrevem o que leva o afastamento e impedimentos do profissional, como também a “impossibilidade temporária”. Já no artigo 173 do NCPC, trata-se dos profissionais que cometem, no processo de mediação, ações com dolo ou culpa na hora de conduzi-la, tendo vista sua responsabilidade diante do procedimento e descumprimentos de seus deveres que se descrevem nos parágrafos 1 e 2 do artigo 166. Tudo isso é feito com a determinação do juiz da causa e o juiz que coordena todo o centro da mediação, da qual o mediador pode ter uma sanção ainda maior, que pode chegar à exclusão do seu cadastro. Art.173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que, I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1 o e 2o ; II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. Vale salientar que: Como mediadores e conciliadores são auxiliares do juízo, a eles podem ser aplicadas as hipóteses de impedimento, que são elencadas no art. 144 do NCPC, e suspeição. Embora o art. 170 no NCPC mencione apenas o impedimento, cremos que podem ser aplicáveis também os casos de suspeição, previstos no art. 145 do mesmo diploma legal. Em ambos os casos, o profissional deve comunicar o fato ao juiz da causa ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos e cidadania, para fins de nova distribuição. (PINHO e SOUZA, 2016) O que se chama de “quarentena”, na qual descreve o artigo 172 do novo Código de Processo Civil, a quarentena aumenta as atividades de representação, patrocínio e assessoramento, representação de qualquer das partes envolvidas, e se estende pelo prazo de 27 um ano, contado do término da última audiência de conciliação ou sessão de mediação. (PINHO e SOUZA, 2016). E por fim, o artigo 174 do código processual trata da atividade consensual envolvendo a Fazenda Pública, nos níveis federal, estadual, distrital e municipal. No seu inciso I e II elenca sobre questões que envolve administração pública, e o inciso III, elenca sobre questões coletivas que pode ser objeto de termo de ajustamento de conduta, que versa sobre todos os assuntos que são objetos de ação civil pública. Nota-se que a mediação ganhou grande espaço no novo Código de Processo Civil, priorizando soluções de autocomposição. Curioso, por outro lado, é o fato do novo CPC ter sido sancionado primeiro do que a Lei de Mediação, tornando a primeira norma geral no assunto, e a segunda, norma específica. Quanto ao papel do mediador, destaque-se ainda o que consta da já mencionada Resolução n° 125/2010, do CNJ, que prevê, no Anexo III, artigo 2°, o Código de Ética do Mediador, ou seja, normas e condutas a serem observadas pelos profissionais responsáveis para um por exercício de suas atividades. 2.6 A lei da Mediação A Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015, mesmo sendo publicada após o novo CPC e de forma tardia, ela não deixou de ter sua importância e representar um marco para a mediação no Brasil. No caput do artigo 1º deixa sua mensagem que a lei entra no ordenamento com o intuito de solucionar com conflitos entre os particulares e na administração pública na autocomposição. Salienta, por conseguinte, Ozório Nunes (2016, p. 36): A implantação oficial de mediação no país, como uma política pública séria, demorou décadas e finalmente a lei ajudará a trazer profundas mudanças no Sistema de Justiça e à sociedade brasileira, com novos paradigmas e com o fortalecimento das políticas para a autocomposição dos conflitos. Inicia-se do argumento de que o novo código de processo civil e a lei de mediação tem o mesmo patamar hierárquico. Porém, mesmo não havendo conflito entre elas, caso se identifique algum tipo de embate, sempre irá priorizar a norma que for mais nova e supra o necessário. Então, A lei de Mediação, no caso, será priorizada caso haja conflito normativo com o novo Código Processo Civil, pois ela contém regras mais focada na mediação e muito mais específicas sobre a Mediação. 28 Comprova o entendimento Ozório Nunes (2016): Desta forma, nos pontos de antinomia a Lei de Mediação deve prevalecer sobre o CPC, por dois motivos principais, a) ela é lei posterior, pois embora a sua vigência tenha iniciado antes do CPC, a sua promulgação foi posterior. A partir da promulgação a norma é válida, encontra-se de acordo com o sistema jurídico, ou seja, tem existência e validade, e a partir da vigência ela era validade. b) depois porque é norma especial, que em aso de conflito, deve prevalecer sobre a geral. Nos artigos 14 a 29 da Lei de Mediação descreve todo o processo mediatório e como irá funcionar, sendo o 17 falando do início do procedimento e o 20 no final deste processo. Todavia, o fato de que cada caso é diferente, com sua complexidade, com características diferentes, e com isso, toda mediação tem sua maneira de acontecer, e que o mediador tem que se adaptar a forma de mediar para que seja efetiva, faz com que não seja positivada os detalhes de como acontece esse procedimento. Foi visto a partir de uma análise, e assim confirmada que sem um procedimento fixo que fosse previsto por lei, seria muito mais efetivo. Como já visto anteriormente, este modelo é baseado no modelo Romano Germânico, na qual a existência da regra legislativa sempre irá ser priorizada, o que faz com que o mediador não tenha a liberdade sonhada, como no modelo Anglo-Saxônico. Com isso, apenas se menciona que a Lei de Mediação determina regras do procedimento judicial, como para embasar o processo de mediação, na qual o tribunal aplica e fiscaliza, como descreve a seguir: Art. 5º Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz. Art. 12. Os tribunais criarão e manterão cadastros atualizados dos mediadores habilitados e autorizados a atuar em mediação judicial. § 1o A inscrição no cadastro de mediadores judiciais será requerida pelo interessado ao tribunal com jurisdição na área em que pretenda exercer a mediação. § 2o Os tribunais regulamentarão o processo de inscrição e desligamento de seus mediadores Mas tendo uma visão geral, é bem melhor a existência da lei do que as lacunas que existiam anteriormente, durante todas estas décadas. Este processo pode ser inicial com a escuta das partes de forma individual inicialmente, na qual as vezes pode ser essencial para este procedimento, pois ajudam a trazer uma possível estabilidade para a futura mediação e consegue ajudar ao mediador e a parte listando as reais prioridades para a solução do conflito, até onde cada parte está disposto a se abrir para propostas. Após isso, é marcada a reunião de mediação. 29 Nos artigos 21 a 23 da Lei de Mediação, também fala da sessão pré-processual mediatória, a Mediação Extrajudicial, em que não há necessidade de haver advogado, no intuito de que, se a mediação for efetiva, o mediador pode arquivar o caso. Essas sessões geralmente são realizadas nas Câmaras de Mediação, nos escritórios de advocacia, como também universidades. Ou seja, sem ser no Poder Judiciário. Para convidar as partes para a sessão, é enviada uma carta convite pelo melhor meio que lhes achar eficiente, da qual demonstra na carta o local, a data, o objetivo da sessão, como também pode deixar a par sobre a renúncia de seus direitos. Na mediação Extrajudicial, os requisitos que as envolve são os mesmos já mencionados, como o terceiro imparcial, ajudando na solução do conflito, na qual é escolhido ou que seja aceito pelas partes. Contudo, há uma ressalva devido ao artigo 10 da Lei, em que mostra a possibilidade da participação de defensores públicos ou advogados, caso as partes aceitem. Caso isso ocorra, é dado um prazo para que a outra parte também esteja assistida O mediador do procedimento extrajudicial conta com os mesmos requisitos já mencionados anteriormente, terceiro imparcial, auxilia no desenvolvimento da solução do conflito, deve ser escolhido ou aceito pelas partes, porém, o artigo 10 da Lei, prevê a possibilidade, se assim as partes aceitarem, da participação de advogados ou defensores públicos no processo. Mas, ainda, se uma das partes resolver buscar a presença de um desses profissionais mencionados, o mediador deverá suspender o procedimento até que ambas as partes estejam assistidas. Com isso, a Mediação Judicial é a qual acontece no âmbito do Poder Judiciário, nos Centros Judiciáriosde Solução Consensual de Conflitos – CEJUSC, Juízos, Juizados, Varas e Tribunais, da qual é prevista nos artigos 24 a 29 da Lei de Mediação. Então, afirma-se existir dois tipos de mediação, A pré-processual, que são feitas quando ainda não está na fase de ação judicial, e estão apenas nos atendimentos públicos, juizados especiais, realizada em Cejusc e Juízo. Já a Mediação Processual, são os casos dos quais acontecem durante o processo e já tem ação para o caso. Deste modo, na mediação processual as partes terão que acionar um advogado e em caso de hipossuficiência, serão assistidos pela Defensoria Pública. A importância da Mediação processual também é sentida no novo CPC, quando se permite que ocorra a qualquer momento ou fase do processo: 30 CPC – Art. 3º (...) § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. A Lei de Mediação determina, em seu artigo 28, que o prazo para que o procedimento deva ser concluído é de até 60 (sessenta) dias, contados da primeira sessão, salvo se as partes de comum acordo requererem prorrogação. Havendo acordo, os autos serão encaminhados ao juiz, que determinará o arquivamento do processo, e ainda, se requerido pelas partes, o acordo será homologado por sentença. Estes dispositivos destacados ainda contam com vantagens, o artigo 29 da Lei informa que, “Solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não serão devidas custas judiciais finais.” Conclui-se assim, que as formas mediatórias trazidas pela Lei de Mediação, possuem inúmeras vantagens, como a autonomia das partes, diálogo e satisfação na resolução de seus conflitos, além do mais são mais viáveis economicamente e céleres, se comparadas ao processo judicial tradicional. 31 3 IMPACTOS DA MEDIAÇÃO NAS COMUNIDADES Será um processo muito longe até podermos colher frutos da Mediação e das soluções alternativas do conflito. Porém, destacaremos a eficácia e os resultados das mediações feitas no Estado do Ceará, conforme os dados já divulgados oficialmente pelo Tribunal de Justiça e pelo Ministério Público do Estado. 3.1 Resultados dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania Os resultados obtidos através da Mediação e da Conciliação nos Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) são visíveis. As empresas privadas estão se utilizando cada vez mais destes métodos, principalmente pelo crescimento dos acordos obtidos e já homologados. O Hapvida, grupo empresarial de Fortaleza que presta serviço de saúde, contempla resultados de acordo (já homologados) de Mediação, satisfatórios. O Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) teve pauta concentrada na Mediação de processos da Hapvida, esta obteve uma contemplação de resultados acima da média, pode- se destacar, portando, que, as audiências tiveram resultados de 62,50% de acordos, nas quais das 19 audiências 16, as partes compareceram e em 10 chegaram a um consenso, somando um valor de R$ 52.200,00 Em matéria publicada no site do Tribunal Judiciário do Ceará é possível destacar: A mobilização ocorreu na última quarta-feira (21/03), no Fórum Clóvis Beviláqua. “As pautas concentradas, ao se utilizarem da mediação, possibilitam a valorização do diálogo e do entendimento, além de propiciarem celeridade às demandas cíveis”, explicou a coordenadora do Cejusc da Capital, juíza Jovina d’Avila Bordoni. (Diponível em, http,//www.tjce.jus.br/noticias/centro-judiciario-alcanca-mais-de-62- deacordos-em-pauta-concentrada-com-acoes-do-hapvida/). Ainda, o chefe do Centro Judiciário, Helder Assunção, salientou, “por ser matéria que envolve direito à saúde, é necessário tratamento mais humanizado, com a aplicação do procedimento de mediação, tendo em vista que é uma temática que traz sensibilidade muito 34 grande”. Sendo esta a principal finalidade da Mediação, a pacificação social, que visa a restauração da relação das partes. No final do ano de 2017 os Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania de Fortaleza (Cejusc) realizou uma força-tarefa em parceria com a Procuradoria Geral do Município (PGM) e a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin), que http://www.tjce.jus.br/noticias/centro-judiciario-alcanca-mais-de-62-deacordos-em-pauta-concentrada-com-acoes-do-hapvida/ http://www.tjce.jus.br/noticias/centro-judiciario-alcanca-mais-de-62-deacordos-em-pauta-concentrada-com-acoes-do-hapvida/ 32 objetivava prevenir os litígios e racionalizar a cobrança de créditos tributários devidos ao Município de Fortaleza. Podemos observar que a matéria noticiada pelo site do Tribunal de Justiça do Ceará, que o objetivo da força-tarefa foi alcançado em quase toda sua totalidade, foram oferecidos descontos de até 100% em multas e juros durante a iniciativa. Com isso, destaca-se: O mutirão pré-processual de conciliação fiscal, ocorrido este mês no Fórum Clóvis Beviláqua, obteve 86 acordos nas 97 audiências realizadas a partir dos 151 atendimentos prestados. Assim, obteve 88% de êxito nas sessões de conciliação. O valor total negociado foi de R$ 794.022,89, sendo R$ 617.690,71 em negociações à vista e R$ 176.332,18 em negociações parceladas. Os valores negociados por tributo foram de R$ 648.792,93 (Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana/IPTU); R$ 144.934,28 (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza /ISSQN) e R$ 295,68 (outros tributos). (Disponível em, http,//www.tjce.jus.br/noticias/mutirao- preprocessual-de-conciliacao-fiscal-obtem-88-de-acordos/) Ressalta-se, pelo que se pode ver pelo pensamento do chefe do Centro Judiciário Heler Assunção, que o mutirão tiveram atividades de cidadania através desses esclarecimentos, e que outros problemas surgiram, mas não podiam ser solucionados durante aquela força-tarefa, porém, a partir desses atendimentos foram agendadas as audiências para os casos que preenchiam as condições de participação no evento. Ainda em matéria publicada pelo site do Tribunal do Ceará, o mutirão contou com a participação de contribuintes interessados em aderir ao PRFor e os contribuintes, cujos créditos tributários tenham sido inscritos ou encaminhados para inscrição na dívida ativa até a data de publicação da lei nº 10.636, que instituiu o mutirão. Outro tema que merece destaque, é o dos processos envolvendo a MRV Engenharia, o qual Cejusc de Fortaleza realizou 100 audiências em três dias e obteve mais de R$ 2 milhões em acordos, um índice de 67% de acordos entre as partes e a empresa. Esses dados mostram outra vantagem de se utilizar os meios alterativos de conflitos, que é o da celeridade processual, neste panorama, a coordenadora do Centro Judiciário ressalta: A pauta concentrada favorece o desenvolvimento da meta do Centro Judiciário de propiciar efetiva e célere prestação jurisdicional, além da satisfação das partes envolvidas nos processos. Os números alcançados refletem a adesão do jurisdicionado à forma autocompositiva de solução dos conflitos, bem como permitem planejar novas pautas concentradas com outras empresas. (Disponível em, http,//www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-de-fortaleza-realiza100-audiencias-em-tres- dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoes-em-acordos/) http://www.tjce.jus.br/noticias/mutirao-preprocessual-de-conciliacao-fiscal-obtem-88-de-acordos/ http://www.tjce.jus.br/noticias/mutirao-preprocessual-de-conciliacao-fiscal-obtem-88-de-acordos/ http://www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-de-fortaleza-realiza100-audiencias-em-tres-dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoes-em-acordos/ http://www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-de-fortaleza-realiza100-audiencias-em-tres-dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoes-em-acordos/ 33 Luís Maurício dos Santos, advogado da MRV Engenharia, parte no conflito, relata a importância dos métodosalternativos de solução de conflitos: A pauta concentrada se mostrou uma boa oportunidade de solucionar os litígios judiciais, servindo como um caminho para abreviar o tempo de espera das partes por um desfecho, desfecho este, inclusive, satisfatório quanto aos casos em que a conciliação de fato se efetivou. E nesse sentido, há de se considerar que a solução de conflitos por meio desta via processual é algo bastante positivo e que, inclusive, tem sido buscado com mais frequência pela própria MRV. (Disponível em, http,//www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-defortaleza-realiza-100-audiencias-em-tres- dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoesem-acordos/) Diante das matérias apresentadas e os dados nelas presentes, foi notório que os resultados foram satisfatórios, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) pretende realizar, sistematicamente, outras pautas concentradas ao longo dos anos. Também, foi possível identificar as vantagens que a Mediação propõe, as quais são a pacificação social, propiciando o fortalecimento dos vínculos comunitários, bem como o desenvolvimento de uma cultura de paz. 3.2 Resultados das Casas de Mediação Comunitária do Ministério Público Com pesquisas no site do Ministério Público do Estado do Ceará, os Núcleos de Mediação Comunitária dos municípios, contém parcerias com o Ministério Público do Estado do Ceará e entidades públicas e privadas, em que oferecem para a comunidade um exercício eficaz da cidadania participativa. Estes Centros Jurídicos proporcionam atendimentos rápido, desburocratizado, gratuito e eficiente à comunidade, ainda inclusão social e planos de capacitação de mediadores comunitários. Possuem, em sua estrutura, um espaço gratuito de escuta-fala para resolução de controvérsias, com o escopo de contribuir para a redução da violência, pela solução pacífica dos conflitos. As casas de Mediação buscam também sensibilizar a população sobre a relevância da solução pacífica dos conflitos, e a melhoria da qualidade de vida da comunidade, orientando-os sobre direitos e deveres dos cidadãos. Neste sentido, o objetivo das Casas de Mediação do Ministério Público vem sendo alcançado, pois jornais de grande relevância da capital do Ceará, destacou, recentemente, percentuais obtidos satisfatoriamente de acordos de conflitos. Destaca-se, por tanto, em matéria do jornal Diário do Nordeste, que os conflitos familiares lideram o número de procedimentos, com 22,4% dos casos levados ao Ministério Público. Assim, a matéria em http://www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-defortaleza-realiza-100-audiencias-em-tres-dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoesem-acordos/ http://www.tjce.jus.br/noticias/cejusc-defortaleza-realiza-100-audiencias-em-tres-dias-e-obtem-mais-de-r-2-milhoesem-acordos/ 34 questão ressalta que o método da Mediação possui uma fórmula simples, pelo fato de contar com a técnica de apenas falar de si, ouvir o outro e chegar em um consenso do conflito, então parece ineficaz, diante dos conflitos tão complexos que a sociedade se submente. Entretanto, diante da realidade em que se vive, de demora processual, custos exorbitantes, o método está sendo utilizado em Fortaleza e está trazendo grandes resultados, não só na capital, o método é empregado também nos municípios do Estado do Ceará. De acordo com o programa dos Núcleos de Mediação Comunitária (PNMC) do Ministério Público do Estado (MPCE), dos 15.489 atendimentos realizados em 2017, quase 86% foram resolvidos por meio do diálogo, e apenas o restante seguiu para a Justiça. (Disponível em, http,//diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos- reduz-processos-judiciais-1.1914924) Destacamos que os conflitos familiares, estão entre os que lideram o ranking de números de procedimentos abertos para Mediação, como mencionado anteriormente, com 22,4% dos casos ao MPCE. Em segundo lugar são os pedidos para pensão alimentícia (21,3%), e, por conseguinte, resolução de dividas (15,4%), brigas entre vizinhos e até casos de ameaça ou agressões complementam a lista de atritos resolvidos por meio da justiça restaurativa. Cristiane Holanda, titular da Coordenadoria de Mediação, Justiça Restaurativa e Cultura da paz salienta que o trabalho das Casas de Mediação é construir um novo paradigma, pois se vive em uma lógica que apenas a justiça punitiva é a melhor solução. As práticas restaurativas, segundo ela, já são aplicadas, além da Capital, em células de 19 municípios cearenses, sobretudo em escolas públicas e no sistema socioeducativo. “Os professores realizavam círculos para discutir temas como segurança, relações familiares, bullying, questões de gêneros, amizade e temas que criam liga entre jovens. Nosso objetivo é simples, fortalecer a cultura de paz por meio da mediação de conflitos”, aponta Cristiane Holanda, garantindo que o número de ocorrências de desentendimento e agressões nas instituições “diminuíram consideravelmente” após a aplicação da nova abordagem. Temos casos de professores que não se falavam, e após a capacitação, se resolveram. Há também relatos de policiais que garantiram ter mudado a abordagem de rua depois das formações”, menciona Cristiane Holanda. (Disponível em, http,//diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos- reduz-processos-judiciais-1.1914924) Resultante disso, ainda coube ressaltar que no ano passado, o Ceará pacífico contou com 521 profissionais de escolas, do Sistema Socioeducativo cearense e da segurança cidadã, http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 35 além de membros da comunidade, foram capacitados para fortalezar as práticas de mediação de conflitos. Michele Alencar, supervisora do programa Defensoria pela Paz (DEPaz), da Defensória Pública do Estado, a qual possui um núcleo de mediação e assistência jurídica no bairro Vicente Pinzón, na Regional II de Fortaleza, entende que a prática da Mediação vai além da humanização da solução de conflitos entre vítimas e agressores. Neste sentido, salienta a supervisora que: Em 2004, eu judicializava 80% das demandas e fazia acordos em apenas 20% delas. Hoje, judicializo só 30%. Com a cultura de paz, mediação e conciliação, é possível mostrar às pessoas que judicializar os conflitos não resolve. (Disponível em, http,//diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos- reduz-processos-judiciais-1.1914924) Nesta mesma linha, Izolda Cela, vice-governadora, diz que as práticas restaurativas aplicadas por meio de 27 instituições que compõem o Fórum, são a verdadeira Justiça, e a mais importante no quesito de prevenção do Ceará Pacífico. Ainda, entende que a Justiça restaurativa é a saída. É a possibilidade de que o erro, a agressão, a ferida que alguém impôs ao outro possam ser restaurados da melhor maneira possível, que é a pessoa que fez assumir, ter consciência do que fez e do sentimento do outro. E, por outro lado, a pessoa que sofreu se libertar através do perdão. (Disponível em, http,//diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos- reduz-processos-judiciais-1.1914924) O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entende Justiça Restaurativa como sendo: Um processo colaborativo voltado para resolução de um conflito caracterizado como crime, que envolve a participação maior do infrator e da vítima. A mediação vítima- ofensor consiste basicamente em coloca-los em um mesmo ambiente guardado de segurança jurídica e física, como objetivo de quese busque ali acordo que implique a resolução de outras dimensões do problema que não apenas a punição, como, por exemplo, a reparação de danos emocionais. (Disponível em, http,//diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos- reduz-processos-judiciais-1.1914924). Diante do que foi dito, podemos afirmar que a prátíca da Mediação e da Conciliação de conflitos vem resultando de maneira satisfatória, principalmente na área familiar. Com isso, a mediação está muito mais aprovada e bem vista pela sociedade, diante de tantos conflitos solucionados, ganhando credibilidade e ampliando para todos os mais diversos âmbitos. Com o intuito de humanização e paz, restaurando os vínculos que foram perdidos, trazendo o http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/mediacao-deconflitos-reduz-processos-judiciais-1.1914924 36 método convidativo, com o intuito realmente de restaurar as relações, olhando para um bem maior, que é a convivência harmônica em sociedade. O ponto importante da mediação é mostrar que a sua existência evidencia que os conflitos não são apenas por coisas que aos olhos dos outros são vistas como superficiais, mas além disso são pessoas que tem no conflito as questões e decisões mais importantes da sua vida até ali e que também está em conflito suas relações que muitas vezes existem outros problemas ocultos para serem resolvidos, que por um olhar amplo não consegue solucionar. A mediação vai além do superficial, resolvendo os conflitos reais. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi observado que o conflito existe desde os primórdios e existem por conta das relações humanas. A mediação fez parte da cultura dos povos muito antigos, sendo usada de maneira variada a contínua. No século XX a mediação decepcionou pela forma que foi utilizada para resolução de conflitos trabalhistas, expandindo-se em seguida, sendo utilizada para solucionar os conflitos familiares e negociais. Contudo, surgiu-se com o passar dos anos uma necessidade de que os conflitos fossem resolvidos de maneira mais satisfatória e adequada, fazendo como que houvesse novas buscas para novas formas de resolução dos conflitos que não fossem por meio do Judiciário, pois este não estava mais suprindo as necessidades da sociedade A mediação é um meio alternativo do judiciário e eficaz na resolução de conflitos. Este tema mostrou a necessidade de cada vez mais haver mudanças na cultura dos modelos antigos e tradicionais como no litígio jurisdicional, visando abranger visões como a mediação como método amplamente eficaz para a resolução de conflitos, tendo em vista que o modelo de litígio jurisdicional não consegue alcançar de maneira satisfatória, soluções justas e eficazes para as partes, por conta da grande demanda e desigualdade do resultado. Para a mediação, existir este meio autocompositivo, de pacificação social e com diálogo, se consegue chegar da maneira muito mais eficaz encontrar as soluções de conflito. Neste sentido, somente em 2010, o Conselho Nacional de Justiça publicou uma Resolução, de n°. 125, onde, por meio de meios alternativos da Jurisdição conseguisse alcançar a solução dos conflitos, como na Mediação, em que de maneira cooperativa, consensual as partes encontrassem a melhor solução para seu conflito. Contudo, com o advento do Código de Processo Civil do ano de 2016, lei n. 13.105/2015, e da Lei de Mediação no ano de 2015, Lei n. 13.140/2015, foi que autocomposição passou realmente a ser usada. Porém, a autocomposição só começou a ser de fato praticada com o advento do Código de Processo Civil do ano de 2016, Lei n. 13.105/2015, e da Lei de Mediação no ano de 2015, Lei n. 13.140/2015. Ambas as Leis foram publicadas no mesmo ano, 2015, e vigorando em datas muito próximas. 38 O novo Código de Processo Civil de 2015, então, como meio alternativo de resolução de conflitos, trouxe a Mediação, na qual a vê como um instrumento eficaz das resoluções de conflito e muito adequado para se utilizar visando a redução da quantidade de processos judiciais, tirando-as do âmbito Judiciário e trazendo o diálogo entre as partes como resolução de um conflito. Com isso, podemos dizer que a Mediação com sua lei e sua transição de uma cultura que judicialização para de harmonização e paz social, por meio de forma autocompositiva e alternativa, nota-se que é algo satisfatório para para as questões indagadas. Principalmente, pela apresentação de resultados satisfatórios conseguidos através dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania e das Casas de Mediação Comunitária do Ministério Público. Por fim, a mediação a princípio não visa ser um meio de substituição do judiciário, mas sim algo alternativo a essa opção, como ferramenta e função de solucionar os conflitos da maneira mais profunda e verdadeira, trazendo os reais aspectos do conflito e sendo solucionado pelas próprias partes da qual são as principais interessas em resolver suas questões da maneira mais satisfatória possível, conseguindo isso pela Mediação, mostra-se o poder reconstrutivo da sociedade e espírito de se viver em sociedade mesmo diante de divergências de pensamentos. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende de; PANTOJA, Fernanda Medina e PANTOJA, Samantha (coord.). A mediação no novo código de processo civil. Rio de Janeiro, Forense, 2015. ARAÚJO, Justino Magno. O Tribunal de Justiça de São Paulo através dos Tempos (1874- 1974). São Paulo, Juarez de Oliveira, 2007, p. 10. In, DE LUCCA, Newton; DEZEM, Renata Mota Maciel. 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