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TCC EVASAO E RETORNO NA ESCOLA IRINEU DA GAMA PAES[409]

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR EM LICENCIATURA 
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA RELATÓRIO PROJETO: APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
EVASÃO E RETORNO À ESCOLA: UMA ANÁLISE 
EXPLORATÓRIA COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL 
PROFESSOR IRINEU DA GAMA PAES NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP. 
 
 
 
 
 
Danúbia Sá Cavalcante 
Ginilson Soares de Mesquita 
Kelly Anne Pessoa do Espírito Santo 
Kelly Sandry da Silva de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACAPÁ - AP 
2017 
DANÚBIA SÁ CAVALCANTE 
GINILSON SOARES DE MESQUITA 
KELLY ANNE PESSOA DO ESPÍRITO SANTO KELLY SANDRY DA SILVA DE SOUSA 
 
 
 
EVASÃO E RETORNO À ESCOLA: UMA ANÁLISE 
EXPLORATÓRIA COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL 
PROFESSOR IRINEU DA GAMA PAES NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP. 
 
 
 
 
 
Monografia - apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso em Licenciatura em Pedagogia na Universidade Paulista: Campus Macapá, para a obtenção do título de grau em Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação do prof. Msc. Esp. Fabrício dos Santos Oliveira. 
 
 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
______________________________________ 
Prof. Msc. Esp. Fabrício dos Santos Oliveira - Orientador 
Universidade Paulista 
 
______________________________________ 
Prof. Esp. Joanise França Ramos 
Universidade Paulista 
 
______________________________________ 
Prof. Msc .Esp. Maria do Socorro Senna Ramos Universidade Paulista. 
 
 
 
Macapá – AP, 19 de Junho de 2017. 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos nossos pais, mães, família e amigos pela confiança que nos foi depositada e pela alegria de compartilhar esse momento. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Dedicamos esse Primeiramente, à Deus que nos deu força de vontade e coragem para enfrentar todos os desafios no decorrer do curso de pedagogia. 
As nossas famílias por acreditar na nossa capacidade e investir o no nosso sonho de cursar o nível superior. 
Nossos agradecimentos especiais são para as nossas mães: 
A Marilene da Silva de Sousa, mãe de Kelly Sandy, pelo cuidado e dedicação, e por dado forças para chegar até essa etapa. 
A Angelita Coimbra Pessoa, mãe de Kelly Anne por toda ajuda durante essa etapa da minha vida, seus conselhos e incentivo para não desistir jamais. 
Ao nosso Prof. Msc. Esp. Orientador Fabrício dos Santos Oliveira, braço amigo de todas as etapas deste trabalho. 
As minha família, pela confiança e motivação. 
Aos nossos filhos, pelas horas que tivemos que dar mais atenção ao TCC do que a eles. 
Aos amigos e colegas, pela força e pela vibração em relação a esta jornada. 
Aos professores e colegas de Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de nossas vidas. 
Aos alunos e professores entrevistados, pela concessão de informações valiosas para a realização deste estudo. 
A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” 
 
Nelson Mandela 
II 
 
II 
 
CAVALCANTE, Danúbia. C.; MESQUITA, Ginilson S.; ESPÍRITO, Kelly A. P.; SOUSA, Kelly. S. S. EVASÃO E RETORNO À ESCOLA: UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR IRINEU DA GAMA PAES NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP. Relatório de Projeto: Apresentação. Curso de Licenciatura em Pedagogia. Universidade Paulista, 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Nota-se que nos últimos anos a educação tem sofrido um alto índice de evasão escolar, dessa forma essa temática tem ganhado a atenção de pesquisadores. Entretanto, são necessários mais estudos, pois dentro da Amazônia ela ainda não está completamente compreendida. Muitos atentam somente para responder as causas da Evasão, logo, esse trabalho tem por identificar os indivíduos que estão acessando e ocupando a modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA), além de compreender as causas da Evasão escolar, o retorno desse aluno à escola, sua dificuldade e expectativa para quando concluir as etapas no EJA na Escola Estadual Irineu da Gama Paes no município de Macapá. Para tal, foi realizada uma revisão de literatura acerca de como se caracteriza a Evasão escolar, a história da formação da EJA e por fim, a aplicação de pesquisa de campo que se deu na referida escola. Como recurso metodológico, foi utilizada a pesquisa aplicada e a pesquisa exploratória (GIL, 2010). Na pesquisa de campo foi possível notar as necessidades que os alunos tiveram de retornar a escola, isso se deu por uma questão de ascensão social, ou seja, por uma melhoria de vida, de autoestima e de novas oportunidades. Foi possível observar a mudança do perfil de quem estar acessando essa nova plataforma, é um perfil heterogêneo que em sua maioria é formado por jovens entre 16 a 25 anos, casados e possuem filhos. 
 
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Evasão; Retorno a escola; Amazônia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAVALCANTE, Danúbia. C.; MESQUITA, Ginilson S.; ESPÍRITO, Kelly A. P.; SOUSA, Kelly. S. S.. EVASION AND RETURN TO SCHOOL: AN EXPLORATORY ANALYSIS WITH STUDENTS OF EDUCATION OF YOUTH AND ADULTS OF THE STATE SCHOOL PROFESSOR IRINEU DA GAMA PAES IN THE MUNICIPALITY OF MACAPÁ - AP. Project Report: Presentation. Degree in Pedagogy. University Paulista, 2017. 
 
 
 
ABSTRACT 
It is noted that in recent years education has suffered a high rate of school dropout, so this issue has gained the attention of researchers. However, further studies are needed, as this thematic within the Amazon is not yet completely understood. Many are only trying to answer the causes of the evasion, so this work has to identify the individuals that are accessing and occupying the modality of Education of Youth and Adults, besides understanding the causes of the school dropout, and, the return of that student To the school, its difficulties and expectations for when to complete the steps in the EJA at the State School Irineu da Gama Paes in the municipality of Macapá. To that end, a literature review was carried out about how School Evasion is characterized, the history of the implementation of Youth and Adult Education and, finally, the application of the field research that was given in the mentioned school. As a methodological resource, applied research and exploratory research (GIL, 2010) was used. Throughout the field research it was possible to note the needs that the students had over time to return to school banks, this is a matter of social ascension, that is, it is a matter of improving life, self-esteem And new opportunities. It was possible to observe the change in the profile of those who are accessing this new platform, it is a heterogeneous profile that is mostly formed by young people between 16 and 25 years old, married and have children. 
 
Key-words: Youth and Adult Education; Evasion; Return to school; Amazonia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
GRÁFICO 1: FAIXA ETÁRIA .............................................................................................. 39 
 
GRÁFICO 2: SEXO ................................................................................................................ 40 
 
GRÁFICO 3: RENDA FAMILIAR ....................................................................................... 41 
 
GRÁFICO 4: BENEFÍCIOS DO GOVERNO .................................................................. 41 
 
GRÁFICO 5: ESTADO CIVIL .............................................................................................. 42 
 
GRÁFICO 6: QUANTIDADE DE FILHOS ....................................................................... 42 
 
GRÁFICO 7: LOCAL DE RESIDÊNCIA........................................................................... 43 
 
GRÁFICO 8: MOTIVO DA DESISTÊNCIA NO ENSINO REGULAR ..................... 43 
 
GRÁFICO 9: VOCÊ TRABALHA? ..................................................................................... 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTADE FIGURAS 
Figura 1 	- Frente da Escola Estadual Professor Irineu da Gama.....37 	 LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS 
CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito 
CEAA - Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos 
CNBB - Conferência nacional dos Bispos do Brasil 
CONFINTEA - Conferência Internacional de Educação de Adultos 
CNEP - Convênio Nacional do Ensino Primário 
DNMES - Departamento Nacional do Ministério da Educação e Saúde 
EJA - Educação de Jovens 
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente 
FNEP - Fundo Nacional do Ensino Primário 
FNDE - Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação 
FUNDAÇÃO EDUCAR – Fundação Nacional para Educação de Adultos 
LDB - Lei de Diretrizes e Bases 
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MEC - Ministério da Educação e Cultura 
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização 
MOVA - Movimento de Alfabetização 
PAS - Programa de Alfabetização Solidária 
PNE - Plano Nacional de Educação 
PROERD - Programa de Erradicação às Drogas 
SEA - Serviço de Educação de Adultos 
SEED – Secretaria de Educação 
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura LISTA DE APÊNDICE 
 
 
 
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DA EJA .............................................. 55 
 
APÊNDICE B – ROTEIRO DE PERGUNTAS DA ENTREVISTA AOS 
 
PROFESSORES .............................................................................................................................. 56 
 
APÊNDICE C – ENTREVISTA PARA COLETAR INFORMAÇÕES SOBRE A 
 ESCOLA ............................................................................................................................................. 57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8 
CAPÍTULO I – ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO ...... 11 
1.1 A EDUCAÇÃO ENTRE OS “PRIMITIVOS” ......................................................... 11 
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE GREGA ....................................................... 12 
1.3 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA ...................................................................... 13 
1.4 A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL NO BRASIL: OS JESUÍTAS ............ 14 
CAPÍTULO II – A IMPLEMETAÇÃO DAS LEIS PARA A EJA ................................ 22 
2.1 CONSTITUIÇÃO 1988. ....................................................................................... 22 
2.2 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDBEN). ............ 22 
2.3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) .................................. 23 
2.4 DIRETRIZES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. ....... 24 
2.5 PROGRAMAS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS........................26 
 
CAPÍTULO III – METODOLOGIA ............................................................................. 27 
3.1 A IMPLEMENTAÇÃO DA EJA NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO ..................... 30 
3.2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) ................................................31 
3.3 METODOLOGIA DE ENSINO..............................................................................33 
3.4 CONCEITUANDO A EVASÃO ESCOLAR...........................................................34 
3.5 AS CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR ................................................................ 34 
3.6 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................... 36 
3.7 POPULAÇÃO E PARTICIPANTES ..................................................................... 36 
3.8 LOCAL................................................................................................................. 37 
3.9 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................... 38 
 CAPÍTULO IV - ANÁLISES E DISCUSSÃO DE DADOS ........................................ 39 
4.1 OS ALUNOS ....................................................................................................... 39 
4.2 OS PROFESSORES ........................................................................................... 45 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 48 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50 
APÊNDICE A ............................................................................................................. 54 
APÊNDICE B ............................................................................................................. 56 
APÊNDICE C ............................................................................................................ 57 
INTRODUÇÃO 
 
A educação no Brasil desde o princípio teve um caráter de privilégios, tinha direito e acesso à educação os filhos de fazendeiros e quem tinha certo poder e status social. Atualmente o cenário pouco mudou, ao passar do tempo e com a Constituição de 88, o direito de ter acesso ao ensino de qualidade e público é um garantido. 
Mesmo com esse direito garantido por lei, há uma população no Brasil que esse direito lhes foi negado, devido as condições socioeconômicas. Na Amazônia, as famílias produzem seu ganha-pão, sua forma de subsistência no mundo. O direito a educação continua a ser negado quando há poucas políticas públicas que faça com que esse direito seja garantido e cumprido, filhos e filhas precisam abandonar as salas de aula para ajudar os pais a sustentar a casa. 
A questão do trabalho precoce tornou-se uma barreira para a permanência desse aluno na escola, e por motivos como esse, ele se vê obrigado a abandonar a escola. Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos tem sido a ferramenta usada como facilitadora da volta desse aluno a escola, o aluno que uma vez evadiu, volta para a escola com outras vivências e outros olhares. 
Nesse sentido, este trabalho objetiva identificar quem são esses alunos que fazem parte da Educação de Jovens e Adultos da Escola Estadual Professor Irineu da Gama Paes, na qual será usado a pesquisa descritiva e exploratória. 
O primeiro Capítulo trata da História da Educação de Jovens e Adultos, desde os primórdios até a atualidade, na qual mostraremos os métodos da educação e sua evolução no tempo-espaço em que ela está inserida. 
No segundo capítulo, será tratado da implementação da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, na qual será feito uma síntese da História da EJA, dialogando com as leis que dão legitimidade para que a EJA funcione no Brasil. 
No terceiro capítulo mostra o conceito de Evasão escolar e suas consequências de acordo com os autores que trabalham esse conceito, dessa forma, utilizaremos alguns autores como: Campos e Oliveira (2003), Fornari (2010), Veiga (2000), Ferreira (2001), Gadotti (2000), entre outros. Além das Metodologias utilizadas para a realização da pesquisa bibliográfica e posteriormente a pesquisa de campo que se deu na Escola Estadual Professor Irineu da Gama Paes. E por fim, no último capítulo será realizado as considerações finais e discussão dos dados. 
 
PROBLEMÁTICA 
 
A escolha desse tema se deu por conta das vivências e do pré-projeto com a temática da EJA realizado na disciplina “Pré-Projeto de Pesquisa”, ministrada pela professora Joanice França no 5º Semestre do Curso de Pedagogia. 
Nota-se que nos últimos anos a educação tem sofrido um tal índice de evasão escolar, dessa forma essa temática tem ganhado a atenção de pesquisadores. Entretanto, são necessários mais estudos, pois essa temática dentro da Amazônia ainda não está completamente compreendida. Muitos atentam somente para responder as causas da evasão, aqui é uma tentativa de responder as seguintes questões: O que causa a evasão escolar na modalidade de Educação de Jovens e Adultos na Escola Estadual Professor Irineu da Gama Paes, na cidade de Macapá? Quais as causas motivadoras do retorno do aluno na modalidade EJA? Qual o atual perfil dos alunos da EJA?Tais perguntas advêm de problemas cotidianos e necessitam de explicação. 
 
OBJETIVOS 
Objetivo Geral 
 
Identificar os indivíduos que estão acessando e ocupando essa modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos, além de compreender as causas da evasão escolar, e, o retorno desse aluno à escola, suas dificuldades e expectativas para quando concluir as etapas na EJA na Escola Estadual Irineu da Gama Paes no município de Macapá. 
Objetivos Específicos 
 
Identificar o perfil dos alunos da Educação de Jovens e adultos da Escola Irineu da Gama Paes; 
Investigar e descrever os motivos que levou os alunos a abandonar os estudos antes de ingressar na EJA; 
Compreender a especificidades dos alunos da EJA, que inclui as dificuldades em sala de aula e os motivos que levaram a optar por essa modalidade de Ensino. 
JUSTIFICATIVA 
Considerando o fato de que todos temos direitos a Educação, investigar os indivíduos que estavam matriculados no ensino regular e posteriormente tiveram que abandonar o banco escolar, torna-se necessário. Os resultados dessa pesquisa, pode ajudar os profissionais da educação a refletir sobre as metodologias adotadas com os alunos do Ensino regular. Assim, conhecer e compreender os motivos da evasão e o retorno a escola torna-se a peça chave pra ajudar os alunos da Educação de Jovens e Adultos a concluir essa modalidade de ensino. 
HIPÓTESES DE PESQUISA 
 
De acordo com as leituras das literaturas entende-se que a Educação de Jovens e Adultos é um tipo de modalidade que abrange um tipo de demanda ampla e diversificada. Nesse sentido, levantamos algumas hipóteses acerca dos motivos e causas da evasão escolar. 
Está relacionado às condições socioeconômicas: a pessoa que por vezes precisa parar de trabalhar para ajudar a família na sustentação do lar. Sabe-se que o trabalho infantil é recorrente no município de Macapá. A Escola Estadual Professor Irineu da Gama Paes está situada no bairro do Congós, que por vez faz fronteira com os bairros Universidade, Novo Buritizal e Muca. Área que possui uma grande área de ressaca e comportam pessoas em condições de vulnerabilidade social. As crianças dessas famílias por muitas vezes precisam assumir esse papel de responsabilidade e trabalhar, interrompendo assim, os estudos. 
Outra hipótese, diz respeito às recorrentes gravidez precoce, que tem resultado em mães e pais precoces. As meninas desistem de ir à escola por vergonha, comportamento este, que está relacionado às regras pré-estabelecidas pelo catolicismo, presentes desde a construção do Brasil que temos hoje. Os meninos que se tornam pai, ou acabam assumindo o papel do mantenedor ou abandonam a mãe e continuam estudando. 
De acordo com as experiências enquanto aluno do ensino fundamental e médio, o público da EJA, deve ser um público de pessoas bem mais maduras com as idades de 28 a 50 anos. Pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar e que agora estão acessando esse espaço. 
 
CAPÍTULO I – ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA EDUCAÇÃO 
1.1 A EDUCAÇÃO ENTRE OS “PRIMITIVOS” 
 
De maneira geral, a educação dos “primitivos” se davam em espaço que não eram as escolas, pois na época ainda não existiam, os professores eram os chefes de família e posteriormente os sacerdotes, e o objetivo fundamental era o de preparar a criança para o ambiente físico e social. A teoria Evolucionista mostra que o homem apresenta quatro fases, que são: Australopithecus[footnoteRef:1], Pitecanthropus[footnoteRef:2], Homem de Neanderthal[footnoteRef:3] e Homo sapiens[footnoteRef:4]. [1: (de 5 milhões a 1 milhão de anos atrás), caçador, que lasca a pedra, constrói abrigos; ] [2: (De 2 milhões a 200 mil anos atrás), com um cérebro pouco desenvolvido, que vive da colheita e da caça, se alimenta de modo misto, pule a pedra nas duas faces, é um pronto-artesão e conhece o fogo, mas vive imerso numa condição de fragilidade e de medo; ] [3: (de 200 mil a 40 mil anos atrás), que aperfeiçoa as armas e desenvolve um culto dos mortos, criando até um gosto estético (visível nas pinturas), que deve transmitir o seu ainda simples saber técnico; ] [4: Que já tem características atuais: possui a linguagem, elabora múltiplas técnicas, educa os seus “filhotes”, vive da caça, é nômade, é “artista” (arte naturalista e animalista), está impregnado de cultura mágica, dotado de cultos e crenças, e vive dentro da “mentalidade primitiva” marcada pela participação mística dos seres e pelo raciocínio concreto, ligado a conceitos-imagens e pré-lógico, intuitivo e não-argumentativo. ] 
Nesse sentido, a educação tornou-se um instrumento de sobrevivência e de transmissão da cultura desses povos. A educação entre os povos ditos primitivos dava-se com a imitação, na confecção das ferramentas, no uso das armas, com a caça, o modo de colheita, a linguagem, o sacrifício, os ritos e cultos e o domínio do território. Segundo Ponce (1981), as sociedades tribais repassavam esse conhecimento mítico através da tradição oral, ou seja, a oralidade e a imitação de comportamentos eram o ponto chave da educação. 
Essa educação transmitida com tradição oral, não era repressiva, pelo fato das sociedades primitivas ou sociedades simples ser formada por grupo de pequenos de pessoas, o trabalho e a educação se dá de forma coletiva, isso torna o aprendizado sem castigos, dor e sofrimento. Na ausência do castigo, a tradição oral tem eficácia. Para Ponce (1981), o modelo de educação com o uso de violência só vai passar a existir quando perder o seu caráter primitivo, “"A educação sistemática, organizada e violenta, surge no momento em que a educação perde o seu primitivo caráter homogêneo e integral” (PONCE, 1981). 
No período Neolítico, surgem as primeiras sociedades agrícolas, nessas sociedades a caça passa a ser feita com menos frequência e o homem cultiva o próprio campo e cria os animais. As técnicas de confecções de utensílios ganham aperfeiçoamento, a divisão do trabalho começa a surgir, principalmente do trabalho por divisão de gênero. A educação ganha nova forma, da mesma forma que surge a divisão de trabalho por gênero, na educação ocorre da mesma forma. Os papeis sociais homem e mulher, ganham forma e através da educação eles são repassados. Um é responsável pela manutenção do lar, garantindo o alimento, e a mulher, pela manutenção familiar, cuidado com a família e pela reprodução. 
1.2 A EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE GREGA 
 
A Grécia é considerada o berço de nossa civilização, dela surgiu contribuições significativas para a Educação, principalmente no que se diz respeito aos ideais de formação humana. Sócrates, Platão e Aristóteles são os pensadores daquela época que deixaram suas marcas. Havia duas cidades-estados que eram rivais: 
Esparta e Atenas, elas eram o contraste uma da outra, eram organizações sociais e concepções de educação distintas. Enquanto Esparta era uma sociedade guerreira com uma educação totalitária, militar e cívica repressiva. Atenas era uma sociedade com modelo democrático, a educação servia para que as pessoas alcançassem o conhecimento da verdade, do belo e do bem. 
Nesse sentido, Sócrates inventou um modelo pedagógico do diálogo, que sincretizava a ironia e a maiêutica[footnoteRef:5]. E isso o mantinha longe do sistema educacional de Esparta que tinha uma educação totalitária e de interesse do Estado. Segundo Filho (2010), Sócrates foi pioneiro em reconhecer, como fim da educação, o valor da personalidade humana, não a individual subjetiva, mas a de caráter universal. [5: Maiêutica - [Do gr. maieutiké ( téchne).] S. f. 1. Processo dialético e pedagógico socrático, em que se multiplicam as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão. [Cf.ironia socrática.] 2. Obst. V. obstetrícia. (Aurélio Eletrônico). ] 
Como seria possível fazer uma síntese dos princípios que orientaram toda a educação clássica criada pelos gregos? Ela foi sempre entendida como um longo processo pelo qual a cultura da cidade é incorporada à pessoa do cidadão. Uma trajetória deamadurecimento e formação (como a obra de arte que aos poucos se modela), cujo produto final é o adulto educado, um sujeito perfeito segundo um modelo idealizado de homem livre e sábio, mas ainda sempre aperfeiçoável. Assim, a educação grega não é dirigida à criança no sentido cada vez mais dado a ela hoje em dia. 
De algum modo, é uma educação contra a criança, que não leva em conta o que ela é, mas olha para o modelo do que pode ser, e que anseia torná-la depressa o jovem perfeito (o guerreiro, o atleta, o artista de seu próprio corpo-e-mente) e o adulto educado (o cidadão político a serviço da polis). 
Esta educação humanista de uma sociedade que deixa ao escravo e ao artesão livre o trabalho de fazer, desdenha a técnica e olha para "o homem todo", formado de aprender a teoria e praticar o gesto que constroem o saber e o hábito do homem livre. Em seu pleno sentido, é uma educação ética cujo saber conduz o sábio a viver, -com a sua própria vida, o modelo de um modo de ser idealizado, tradicional, que é missão da Paideia conservar e transmitir. 
Finalmente, os gregos ensinam o que hoje esquecemos. A educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisórios onde isto pode acontecer. Portanto, é a comunidade quem responde pelo trabalho de fazer com que tudo o que pode ser vivido e aprendido da cultura seja ensinado com a vida — e também com a aula — ao educando. 
1.3 A EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 
 
A Idade Média Europeia é dividida em três grupos principais: o clero, a nobreza e os servos. Nela não havia ascensão social e quase inexistia mobilidade entre as camadas da sociedade, ou seja, dificilmente alguém de um grupo social ia para outro. 
Na Idade Média os conhecimentos científicos, econômicos e políticos eram influenciados pela igreja católica. Nesse sentido, o Cristianismo muda os rumos da cultura ocidental e consequentemente as ideias sobre o processo educacional, entretanto, a História do Ocidente nos ensina que, durante cinco séculos, o Cristianismo conviveu com o Império Romano. Dentro do Cristianismo, Jesus foi o primeiro mestre, seguido pelos apóstolos, pelos evangelistas e, em geral, pelos discípulos do próprio Jesus. 
A educação se dava sem escolas, logo, nas comunidades cristãs primitivas que eram desenvolvidos todo o processo educacional. Essa educação elementar tinha como característica catequista. Inicialmente os educadores eram padres da Igreja que constituíam a Patrística, como por exemplo, Santo Agostinho. 
A pedagogia de Santo Agostinho possui duas fases, no primeiro momento que acentua o valor da formação humanística, e no segundo momento persegue o ideal ascetismo. Nas duas fases, o objetivo é a ampliação da consciência moral. 
Como mostra Gadotti (1996): 
 
“Os ‘Padres da Igreja’ obtiveram pleno êxito no seu mister educacional e ‘Criaram ao mesmo tempo uma educação para o povo, que consistia numa educação catequética, dogmática, e uma educação para o clérigo, humanista e filosófico teológica’” (GADOTTI, 1996) 
 
Os conteúdos ministrados eram: o trivium, que envolviam a gramática, a dialética e a retórica; e o quadrivium que englobava a aritmética, a geometria, a astronomia e a música. Entretanto, foi a parti do século IX que o sistema educacional foi organizado em três nível, sob a inspiração de Carlos Magno. 
A Educação de nível I, chamada de Educação Elementar era ministrada por sacerdotes nas escolas paróquias, na qual seu objetivo era de doutrinar as grandes populações camponesas. A educação de nível II, chamada de Educação 
Secundária, por sua vez, era ministrada nos conventos. E a Educação de nível III, consistia em formar os funcionários do Império e eram ministradas nas Escolas Imperiais. 
Logo após, surge a escola Escolástica que visa conciliar a razão filosófica grega com a fé cristã, seu precursor foi São Tomás de Aquino. Para esse educador, a educação tinha como papel primordial o florescer das potencialidades do indivíduo, logo, o ensino era a atividade capaz de tornar realidade os dons potenciais das pessoas. Esse método de ensino paira até os dias atuais nas salas de aulas tradicionais. 
1.4 A EDUCAÇÃO NO PERÍODO COLONIAL NO BRASIL: OS JESUÍTAS 
 
Os jesuítas, com seu projeto educacional, e os portugueses que vieram para a Colônia brasileira em busca de riquezas, tiveram papel fundamental na formação da estrutura social, administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada. 
Os jesuítas tornaram-se uma poderosa e eficiente congregação religiosa, em parte em função de seus princípios fundamentais, que eram a busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a vontade dos homens; a obediência absoluta e sem limites aos superiores; a disciplina severa e rígida; a hierarquia baseada na estrutura militar; e a valorização da aptidão pessoal de seus membros. Tiveram uma grande expansão nas primeiras décadas de sua formação, constatada pelo crescimento de seus membros, pois em 1856 contava com mil membros e em 1606 esse número cresceu para 13 mil. 
A Ordem dos Jesuítas não foi, entretanto, criada só com fins educacionais; ademais, parece que no começo não figuravam esses entre os propósitos, que eram antes a confissão, a pregação e a catequização. Seu recurso principal eram os chamados "exercícios espirituais", que exerceram enorme influência anímica e religiosa ente os adultos. Todavia pouco a pouco a educação ocupou um dos lugares mais importantes, senão mais importante, entre as atividades da Companhia[footnoteRef:6]. [6: Era composta por membros, que têm, a um tempo, caráter regular e secular; são membros de uma ordem religiosa com estatutos e autoridades próprias e do mesmo passo são sacerdotes ordenados que exercem todas as funções dos demais sacerdotes. ] 
Para Azevedo (1976), a Companhia de Jesus tinha como princípio formar um exército de soldados da Igreja Católica capazes de combaterem a heresia e converter os pagãos, apresentando desse modo características de uma milícia. Para atingir seus objetivos, os jesuítas - soldados de Cristo -, deveriam passar por uma reciclagem intelectual e científica para combater os vícios e os pecados e purificá-los contra o mal. Portanto, sua obra tornava-se uma atividade de caridade. Portanto, o ensino jesuítico, no início de suas atividades, não era um ensino para todos e sim para uma pequena parcela da população, pois destinava-se exclusivamente a ensinar os "ignorantes" a ler e escrever. 
Assim, pode-se supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional, que, apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil, tinha determinada autonomia, teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da colônia brasileira. Os jesuítas formularam seu Projeto Educacional, que denominaremos Projeto Educacional Jesuítico, sendo este o alicerce da nova estrutura social e educacional da Colônia brasileira. O Projeto Educacional Jesuítico não era apenas um projeto de catequização, mas sim um projeto bem mais amplo, um projeto de transformação social, pois tinha como função propor e programar mudanças radicais na cultura indígena brasileira. 
Ou seja, era um projeto de transformação social, pois tinha como função propor e programar alterações profundas na cultura indígena brasileira. Teixeira Soares (1961, p. 142) afirma que a Companhia de Jesus surgiu como "uma explosão de pensamento religioso transvertido ao campo das atividades práticas. Refazer o homem infundir-lhe espírito novo, arquetipálo em finalidade sociais e religiosas, foi a ação da Ordem." 
Ao analisarmos o Projeto Jesuítico para o Brasil Colônia, devemos ter em mente que o mesmo, apesar de ter atingido satisfatoriamente seus objetivos iniciais, foi sendo conquistado gradativamente, com muitas dificuldades e esforços de seus membros. 
O trabalhode catequização e conversão do gentio ao cristianismo, motivo formal da vinda dos jesuítas para a Colônia brasileira, destinava-se à transformação do indígena em "homem civilizado", segundo os padrões culturais e sociais dos países europeus do século XVI, e à subsequente formação de uma "nova sociedade". 
Essa preocupação com a transformação do indígena em homem civilizado justifica-se pela necessidade em incorporar o índio ao mundo burguês, à "nova relação social" e ao "novo modo de produção". Desse modo, havia uma preocupação em inculcar no índio o hábito do trabalho, pelo produtivo, em detrimento ao ócio e ao improdutivo. 
Segundo Azevedo (1976), a atuação jesuítica na colônia brasileira pode ser dividida em duas fases distintas: a primeira fase, considerando-se o primeiro século de atuação dos padres jesuítas, foi a de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos; já a segunda fase, o segundo século de atuação dos jesuítas, foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período. 
A exemplo de outros europeus (conquistadores e colonizadores), os padres jesuítas, num primeiro momento, tinham uma imagem do índio que o caracterizou como o "bom gentio", bem como o seu modo de viver e seus costumes eram motivo de admiração, visto serem considerados exóticos. 
Já num segundo momento, os indígenas passam a ser encarados pelos padres jesuítas como um empecilho para a consecução de seus objetivos, pois, ao não se adaptarem às exigências do trabalho árduo, rotineiro e contínuo, destinadas à acumulação e não mais apenas à sobrevivência, tornam-se insubordinados, abandonando, dessa maneira, as missões e retornando para suas aldeias. 
O modelo ideal de homem, o homem puro, cristão e livre dos pecados do mundo burguês, que buscavam os padres jesuítas, poderia ser este homem inocente, encontrado em terras brasileiras. As Cartas Jesuíticas documento que relata as preocupações, as necessidades e as atividades realizadas pelos padres jesuítas. Juntamente com suas atividades de catequização, os jesuítas tentaram desenvolver no indígena a preocupação burguesa com o trabalho, com o produtivo. 
O primeiro grupo de jesuítas chegou à Colônia brasileira em 1549, na mesma época em que desembarcou o Governador-Geral Tomé de Sousa. Eram chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega, que se tornou o primeiro Provincial com a fundação da província jesuítica brasileira em 1553, permanecendo no cargo entre 1549-1559 e sendo substituído por Luís de Grã (1559-69). 
O padre Manuel da Nóbrega e seus companheiros da Companhia de Jesus fundaram na Bahia, em agosto de 1549, a primeira "escola de ler e escrever" brasileira. 
 
O analfabetismo dominava não somente as massas populares e a pequena burguesia, mas se estendia até a alta nobreza e família real. Saber ler e escrever era privilégio de poucos, na maioria confinados à classe sacerdotal e à alta administração pública. É bem verdade que os mosteiros e as catedrais eram quase que os únicos asilos das letras, tanto sagradas como profanas; mas sua atuação era modesta e restrita à satisfação de suas necessidades internas; não tinham a consciência de estar cumprindo uma missão social. (MATTOS, 1958, p. 37-38) 
 
Ao desembarcar no Brasil, o padre Manuel da Nóbrega faz a nomeação de seus ajudantes para algumas funções essenciais. Desse modo, com a nomeação e atribuição de funções aos demais padres jesuítas, é redigido o primeiro status ou catálogo da missão brasileira. A utilização de um método de ensino para conversão do índio ao catolicismo deve-se à seguinte questão: e, como iriam os padres jesuítas pregar a fé católica se não conseguiam se comunicar com os indígenas? 
O plano de estudos organizado pelo padre Manuel da Nóbrega consistia em duas fases: na primeira fase, considerada como do ensinamento dos estudos elementares, era constituída pelo aprendizado de português, do ensinamento da doutrina cristã e da alfabetização. 
Para a segunda fase do processo de aprendizagem idealizado por Manuel da Nóbrega, o aluno teria a opção para escolher entre o ensino profissionalizante e o ensino médio, segundo suas aptidões e dotes intelectuais revelados durante o ensino elementar. Como prêmio para os alunos que de destacassem nos estudos da gramática latina, previa-se o envio em viagem de estudos aos grandes colégios de Coimbra ou da Espanha. 
Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbrega na conversão dos gentios foi a construção de aldeias de catequização, que se situavam próximas das vilas e cidades portuguesas. Essas aldeias eram habitadas pelos padres jesuítas e pelos índios a serem convertidos e destinavam-se a atingir três objetivos: 1) Objetivo doutrinário : que visava ensinar a religião e a prática cristã aos índios; 2) Objetivo econômico: visava a instituir o hábito do trabalho como princípio fundamental na formação da sociedade brasileira; 3) Objetivo político: visava a utilizar os índios convertidos contra os ataques dos índios selvagens e, também, dos inimigos externos. 
O método educacional jesuítico foi fortemente influenciado pela orientação filosófica das teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, pelo Movimento da Renascença e por extensão, pela cultura europeia. Apresentava como peculiaridades a centralização e o autoritarismo da metodologia, a orientação universalista, a formação humanista e literária e a utilização da música. 
A atuação jesuítica na Colônia pode ser compreendida em duas fases distintas: a primeira corresponde ao período de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos. Já a segunda fase, que corresponde ao segundo século de sua atuação, foi um período de grande desenvolvimento do sistema educacional implantado no primeiro período, ou seja, foi a fase de consolidação de seu projeto educacional. 
Inicialmente os padres jesuítas dedicaram-se à catequização e à conversão do gentio à fé católica, mas com o passar dos anos começaram a se dedicar, também, ao ensino dos filhos dos colonos e demais membros da Colônia, atingindo num último estágio até a formação da burguesia urbana, constituída, principalmente, pelos filhos dos donos de engenho. 
Esses jovens, que após o término de seus estudos no Brasil partem para estudarem na Universidade de Coimbra, vão impulsionar muito mais tarde o espírito nacionalista. Por meio de seu ensino e sua metodologia, os jesuítas exerceram grande influência sobre a embrionária sociedade brasileira, constituída pelos filhos da classe burguesa. 
As principais críticas efetuadas pelos adversários políticos dos jesuítas no Reino ao método pedagógico são: 
 
A educação da mocidade reinol e colonial, monopolizada pelos padres, orientava-se, sem dúvida, para a uniformidade intelectual; os quadros do seu ensino, dogmático e abstrato, não apresentavam plasticidade para se ajustarem às necessidades novas: os métodos, autoritários e conservadores até a rotina; e, além de não incluir o ensino das ciências, esse plano de estudos, excessivamente literários e retóricos, não abria lugar para as línguas modernas, conservando nas elites uma tal ignorância sobre essas línguas que de maravilha se encontraria, na colônia, um brasileiro que soubesse francês. (AZEVEDO, 1976, p. 48) 
 
As causas da expulsão dos jesuítas do Brasil podem ser categorizadas: políticas e ideológicas - a Companhia de Jesus tornara-se um empecilho aos interesses do Estado Moderno, além do que era detentora de grande poder econômico, cobiçado pela Coroa portuguesa; e educacional - as transformações sociais advindas do movimento Iluminista e dos princípios liberais requeriam a formação de um novo homem, o homem burguês, o comerciante, e não mais o 
homem cristão. 
 
Pode-se supor que a expulsão da Companhia de Jesus e a destruição de sua organização educacional são duas ordens: a) Política: os jesuítas representavam um empecilho aos interesses do Estado Moderno, além de ser detentora de grande poder econômico, cobiçado pelo Estado;b) Educacional: a necessidade de a educação formar um novo homem - o comerciante e o homem burguês, e não mais o homem cristão -, pois os princípios liberais e o movimento Iluminista trazem consigo novos ideais e uma nova filosofia de vida. 
Assim, concordamos com Teixeira Soares (1961), quando afirma que os jesuítas pretendiam formar o modelo de homem cristão, diferentemente do homem burguês que estava sendo formado na Europa. Contudo, discordamos do pesquisador na medida em que o mesmo afirma que os jesuítas pretendiam formar um "novo homem", pois na realidade os padres jesuítas estavam lutando para manter vivo o "atual modelo de homem" - o homem cristão - que estava sendo substituído pelo modelo de homem burguês. 
A análise da expulsão da Companhia de Jesus deve ser compreendida enquanto um processo mais amplo, e que envolve questões de cunho político, ideológico e econômico. E, portanto, que não foi específico de Portugal, pois foi observado em outros países da Europa, como por exemplo, na Espanha. 
 
(...) deve ser considerada a hipóteses de que, para além de todas as motivações de natureza ideológica de fundo mais ou menos iluminístico, o fenômeno da expulsão dos jesuítas da Península Ibérica se liga fundamentalmente a uma dada conjuntura imperial quer de Portugal quer de Espanha. É que no Brasil as minas de ouro tendiam para a exaustão, o que tornava necessário rever e recondicionar uma nova política geral para com a grande colônia sul-americana, sem a qual Portugal não fazia sentido no mundo de então. Ora, o tradicional papel dos jesuítas no Brasil - a sua força ideológica e até econômica - impedia ou dificultava esse recondicionamento da política luso-brasileira. (SERRÃO, 1984, p. 356) 
 
O processo antijesuitismo, representava uma atitude presente em muitos países europeus, não sendo exclusividade de Portugal. Assim, os jesuítas eram um obstáculo e fonte de resistência às tentativas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente por toda a Europa. 
De acordo com Teixeira Soares (1961), as reformas elaboradas pelo Marquês de Pombal, em seu mandato como Ministro, tinham como objetivo transformar e adaptar a sociedade portuguesa aos movimentos sociais, econômicos e políticos que estavam ocorrendo na Europa do século XVIII. Entretanto, há uma diferença na expulsão dos jesuítas e de formulação das reformas de Pombal, que tem início nesse momento histórico e que acompanhará a educação brasileira ao longo dos anos: as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas. 
Logo, vê-se importância do trabalho dos jesuítas para a vida da Colônia brasileira e, principalmente, para a educação, como mostra Ribeiro (1998): 
 
Assim, a vinda dos padres jesuítas, em 1549, não só marca o início da história da educação no Brasil, mas inaugura a primeira fase, a mais longa dessa história, e, certamente a mais importante pelo vulto da obra realizada e sobretudo pelas consequências que dela resultaram para nossa cultura e civilização. (RIBEIRO, 1998, p. 28) 
 
 Para Ribeiro (1998), a eficácia do ensino jesuítico somente pôde ser concretizada após um longo e lento processo de adaptação às realidades sociais da Colônia e do povo brasileiro. Na qual Leite (1965, p. 54) complementa mostrando "que essa eficácia se assentou, sobretudo em elementos de ordem moral que inclui a persuasão, emulação e repreensão". 
Segundo Azevedo (1976), a atuação jesuítica na Colônia brasileira pode ser dividia em duas fases distintas: na primeira fase, considerando-se o primeiro século de atuação dos padres jesuítas, foi a de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos; já a segunda fase, o segundo século de atuação dos jesuítas, foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período. 
Azevedo, justifica a opção pelo ensino de atividades literárias e pelo ensino de humanidades em detrimento ao ensino técnico e profissionalizante, pois, havia uma exploração nas fazendas, um aproveitamento do trabalho escravo e de um corpo de mestres e oficiais que para Azevedo (1976), não eram senão meros instrumentos, meios para a realização dos fins religiosos e educativos a que se propunham os padres jesuítas. 
Nesse sentido, Ribeiro (1998), mostra que a organização escolar na Colônia brasileira foi implementada e vinculada à um sistema político. Na qual era oferecido uma educação de forma rígida e assim, os jesuítas, através de suas metodologias de ensino conseguiram grande influencia no cenário político brasileiro. 
Assim, levando em consideração as dificuldades, os objetivos, e as dimensões geográficas do Brasil, as estruturas materiais, físicas e financeiras disponíveis e sua relativa autonomia. A quantidade de obras jesuíticas foram mais do que esperado, no total foram impressionam realizados 36 missões; escolas de ler e escrever em quase todas as povoações e aldeias; 25 residências dos jesuítas; 18 estabelecimentos de ensino secundário, entre colégios e seminários, nos principais pontos do Brasil, entre eles: Bahia, São Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Espírito Santo, São Luís, Ilhéus, Recife, Santos, Porto Seguro, Paranaguá, Alcântara, Vigia, Pará, Colônia do Sacramento, Florianópolis e Paraíba. 
 Dessa maneira, os jesuítas apesar de possuírem um projeto educacional rígido, autoritário e doutrinário, tiveram um papel primordial para a educação brasileira. Pois, conseguiram colonizar o índio e conseguiram de certa forma um povoamento na Colônia brasileira. 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II – A IMPLEMETAÇÃO DAS LEIS PARA A EJA 
 
Nesse capítulo faremos uma análise sobre as contribuições legais para a educação de jovens e adultos, as quais asseguram os direitos e deveres mediante a educação brasileira. 
2.1 CONSTITUIÇÃO 1988. 
Em 1988, após promulgação da nova Constituição Federal, essa estabelece o direito à educação aos que ainda não haviam frequentado ou concluído o ensino fundamental. Logo, os municípios iniciam ou aumentam a oferta de educação de jovens e adultos, como rege o artigo 208 da Constituição Federal de 1988. 
 
“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de: I – Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1988) 
 
Dessa maneira, a Constituição Federal garante, no plano legal, o direito ao ensino fundamental gratuito, incluindo os jovens e adultos. A Constituição afirma também, que "o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito subjetivo" e que "o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente". 
No começo dos anos 1990, entre os movimentos que nascem, se destacam o Movimento de Alfabetização (MOVA), que tinha como objetivo procurar envolver o poder público e as iniciativas da sociedade civil. 
2.2 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDBEN). 
 
A Educação Básica que era destinada para jovens e adultos nos anos 90 inaugura com um grande desafio pedagógico, que é o da garantia da entrada e permanência dessa população marginalizada no mundo da cultura letrada. Dessa maneira, até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96, a EJA foi tratada como ensino supletivo e tinha como principal objetivo o retorno aos estudos. 
 
Artigo 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio 
 	na idade própria. 
Parágrafo 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante 
 	cursos e exames. 
Parágrafo 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,mediante ações integradas e 
 	complementares entre si. 
Artigo 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao 
 	prosseguimento de estudos em caráter regular. 
Parágrafo 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos: 
II –no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito 	anos. 
Parágrafo 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. 
 
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96 deixa de ser nomenclatura Ensino Supletivo e passa a ser chamada EJA, não trata da questão do analfabetismo, reduz idade para realização dos exames em relação a Lei 5692/71. Portanto em 1996, é acionada uma emenda Constitucional que supri a obrigatoriedade do Ensino Fundamental aos jovens e adultos, mantendo apenas a garantia de sua oferta gratuita. 
2.3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) 
 
Assim como a Lei nº 9394/96 (LDB), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com a Lei nº 8.069/90, mostra que uma alta quantidade de faltas sem justificativa e a evasão escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes de acesso e permanência no ensino regular. 
 
§ 1º. O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
 § 2º. O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua Oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. 
§ 3º. Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino Fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, Pela frequência à escola. 
 Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos Ou pupilos na rede regular de ensino. 
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental Comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: 
I - Maus-tratos-Tratos envolvendo seus alunos; 
II - Reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os 
Recursos escolares; 
III - elevados níveis de repetência. 
 
Logo, cabe à escola fiscalizar e fazer valer os direitos, usando todos os recursos disponíveis para garantir a permanência do aluno na escola. A legislação também prevê que ao esgotar os recursos da escola, ela deve informar o Conselho Tutelar do Município sobre as demandas e a falta desses recursos, além das faltas excessivas não justificadas e de evasão escolar, para que o Conselho tome as medidas cabíveis. 
2.4 DIRETRIZES NACIONAIS PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. 
 
Somente após os anos 2000, precisamente em 2001 foi implantado o Projeto de Escolarização de Jovens e Adultos, na qual a responsabilidade foi impregnada aos municípios, tendo a possibilidade de se receber recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) uma vez que o número de alunos da EJA regularmente matriculados passou a constar no Censo Escolar. 
Nesse sentido objetivando à inclusão educacional, o Governo Federal, inicia no ano de 2003, o programa Brasil Alfabetizado, que tem como missão aumentar a escolarização de jovens e adultos e abolir o analfabetismo no Brasil. 
O Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEB 1/2000) - devem ser observadas na oferta e estrutura dos componentes curriculares dessa modalidade de ensino e estabelece que: 
 	 
“Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio” 
 
Esse programa é coordenado pelo MEC e atua por meio de convênios com instituições de alfabetização de jovens e adultos. É proposta uma alfabetização, com projeto pedagógico e formação de alfabetizadores, por conta dos parceiros, responsabilizando-se pelos recursos aos projetos. 
Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos possui três funções fundamentais: reparadora, equalizadora e qualificadora. A reparadora, significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Equalizadora, vai dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais como donas de casa, migrantes, aposentados e encarcerados. A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser saudada como reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação. E qualificadora, mais do que uma função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. 
Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do der humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não escolares. 
 
 
2.5 PROGRAMAS PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
Investir na educação de crianças, jovens e adultos em todo o país é sinônimo de criar oportunidades para as pessoas e de desenvolvimento e crescimento para o Brasil. Veja alguns programas oferecidos pelo Ministério da Educação (MEC). 
Programa Brasil Alfabetizado: O Programa Brasil Alfabetizado existe desde 2003 e seu foco é a Educação de Jovens e Adultos (EJA) – população acima dos 15 anos. Presente em todo o País, o programa prioriza cidades com índices altos de analfabetismo – especialmente na Região Nordeste. Para participar, a prefeitura ou estado deve aderir ao Sistema Brasil Alfabetizado. Os professores alfabetizadores participam presencialmente no contra turno e recebem uma bolsa, assim como os coordenadores – o apoio técnico e financeiro é da União. 
Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLDEJA): O PNLD-EJA é o Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos. Ele incorporou o Programa Nacional do Livro Didático para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA), e ampliou o atendimento, incluindo o primeiro e o segundo segmentos de EJA, que correspondem aos anos iniciais e finais do ensino fundamental e o ensino médio na modalidade EJA. O objetivo do programa é a disponibilização de livros didáticos aos alunos do Programa Brasil Alfabetizado e de turmas de EJA de programas locais e regionais. A escolha e a distribuição dos materiais são trienais. 
Pro Jovem Urbano: A meta principal é levar a escolaridade de jovens com idade entre 18 e 29 anos, que saibam ler e escrever e não tenham concluído o ensino fundamental, visando à conclusão desta etapa por meio da modalidade de Educação de Jovens e Adultos integrada à qualificação profissional e o desenvolvimento de ações comunitárias com exercício da cidadania, na forma de curso, conforme previsto no art. 81 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A duração da formação é de 18 meses e a bolsa mensal é de 100 reais para o participante. 
Programa De Alfabetização Solidária (Pas): No governo de Fernando Henrique Cardoso, foi criado o programa Comunidade Solidária, na qual foi uma proposta que unia o governo federal, estadual e municipal, além da unidade da sociedade, programa que visava a realização de ações do governo em parceria com a sociedade e assim visar a melhoria das condições de vida de quem acessar esse programa. 
Através disso em 1997 surge o Programa de Alfabetização Solidária (PAS) que objetiva a redução do índice de pessoas analfabetas. Esse Programa tinha parceria com a UNESCO, e assim, ofertando o ensino público para jovens e adultos.O PAS, teve, como professores, educadores populares com ensino fundamental completo, prometendo alfabetizar, em apenas cinco meses, os jovens e adultos das regiões norte e nordeste do país. 
O Programa tem como filosofia a formação de turmas de alfabetização em municípios destas regiões e como proposta fundamental a erradicação do analfabetismo entre a os jovens de 15 a 19 anos, pretendendo integrar ações para a inclusão e continuidade dos estudos desses estudantes recém instruídos, no âmbito da educação básica regular para jovens e adultos, o chamado supletivo. 
À semelhança do que ocorreu com o Mobral, o Programa de Alfabetização Solidária se estruturou paralelamente ao Ministério da Educação, dificultando as ações de continuidade no processo de pós-alfabetização, diferentemente da Fundação Educar que fazia parte do Ministério da Educação. 
Contudo, nos anos 90, o Estado deu preferência a educação básica de crianças de 7 a 14 anos, por ponderar a EJA um empreendimento caro e sem retorno para o sistema produtivo. Essa afirmação consta no documento da reunião preparatória dos países da América do Sul e Caribe à V Confintea (V Conferência Internacional de Educação de Adultos). E que as agências internacionais financiadoras da educação priorizam políticas de atenção à educação primária infantil, relegando a EJA a segundo plano. 
CAPÍTULO III – METODOLOGIA 
3.1 A IMPLEMENTAÇÃO DA EJA NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO 
Segundo Haddad e Pierro (2000), no início da década de 1920, surgiu um movimento de educadores e da população em prol da ampliação do número de escolas e da melhoria de sua qualidade que começou a estabelecer condições favoráveis à implementação de políticas para a EJA. 
Nesse período, foi possível observar os altos índices de analfabetos do país comparado a outros países da América Latina e do resto do mundo, levou à preocupação permanente da população e das autoridades brasileiras com a educação escolar. O governante apesar de ter dado garantia legal a educação para todos, não se dispuseram a dar condições necessárias para sua efetivação. 
 A constituição de 1934 propõe um Plano Nacional de Educação (PNE), coordenado e fiscalizado pelo governo federal, determinando de maneira especifica as esferas de competência da União, dos estados e municípios. Este plano deveria incluir entre suas normas o ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória, que por sua vez, deveria se estender aos adultos. Pela primeira vez a educação de jovens e adultos era reconhecida e recebia um tratamento especial (HADDAD e DI PIERRO, 2000). 
 Contudo, somente no final da década de 1940 a Educação de Jovens e Adultos veio a se firmar como um problema da política nacional. E em 1942 são instituídos o Fundo Nacional do Ensino Primário e o Convênio Nacional do Ensino Primário, que tinham como finalidades propor melhorias no sistema escolar primário de todo o país. De acordo com Beisiegel (1997, p. 214): 
 
[...] competia à União o planejamento geral, a orientação técnica e o controle global dos serviços, bem como a prestação de auxílio financeiro (para pagamento de pró-labore aos docentes e para a cobertura de despesas com administração e iluminação das salas) e o fornecimento de material de leitura (BEISIEGEL,1997, p.214). 
 
Dessa forma, o auxílio financeiro federal tinha como objetivo propor melhorias no sistema escolar primário de todo o país e seria responsabilidade dos Estados se encarregar de realizar os trabalhos da EJA, conforme o governo da União. 
Haddad e Di Pierro (2000, p. 260), aponta a criação do Serviço de Educação de Adultos (SEA), como serviço especial do Departamento Nacional do Ministério da Educação e Saúde que surgiu com o objetivo de coordenar e de reorganizar os planos anuais e demais projetos desenvolvidos em nível de ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos. 
Após a I Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos, realizada na Dinamarca, em 1949, essa educação caracterizou-se como uma espécie de ‘Educação Moral’. 
 A escola por sua vez, ainda não havia conseguido superar os traumas causados pela Segunda Guerra Mundial, que havia deixado rastros de destruição em muitos âmbitos da sociedade. Neste contexto, a escola empenhava-se em oferecer uma educação que resgatasse o respeito humano, a dignidade “cidadã”, a vida em paz e harmonia (HADDAD e DI PIERRO, 2000). 
 Os movimentos articulados a favor da EJA se estenderam até fins da década de 1950, quando criaram a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). Com uma influência significativa, principalmente por propiciar uma infraestrutura nos estados e municípios para atender a EJA foi preservada posteriormente, por administrações locais. 
Através da Pedagogia de Paulo Freire, que inicia um clima de mudanças no início dos anos 60. Na qual, a Educação Popular é imbricada à ação política juntamente aos grupos populares, intelectuais, estudantes, pessoas ligadas à Igreja Católica e a Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 1964, foi aprovado o Plano Nacional de Alfabetização. 
 
Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra, palavra doada pelo educador aos analfabetos; se antes dos textos geralmente oferecidos como leitura aos alunos escondiam muito mais do que desvelavam a realidade, agora, pelo contrário, a alfabetização com ato de conhecimento, como ato criador e como ato político (FREIRE, 1989, p. 30) 
 
Dessa forma Paulo Freire consegue propor uma nova visão de educação aos que não eram alfabetizados, de acordo com Mota (2009), o desafio proposto por Freire era conceber a alfabetização de adultos para além da aquisição e produção de conhecimentos cognitivos, mesmo sendo estes necessários e imprescindíveis. 
Contudo, no regime militar (1964-1982), foram rompidas as iniciativas dos movimentos de educação de jovens e adultos surgidos até então. 
 Nesse período, tentou-se acabar com as práticas educativas das classes populares em nível nacional. Todos os Programas em vigor foram interrompidos, materiais apreendidos e seus dirigentes, presos. As lideranças estudantis, os professores universitários envolvidos com os programas tiveram seus direitos políticos cassados ou foram reprimidos no exercício de suas funções. Alguns até exilados ou mortos. 
 Haddad e Di Pierro (2000) mostra que o estado autoritário exercia sua função coerciva a fim de garantir a “ordem” nas relações sociais. Algumas práticas educativas vinculadas àqueles movimentos persistiram, porém de modo disperso e clandestino. 
 Em 1963, a partir da realização da II Conferência Internacional de Educação de Adultos em Montreal, na qual a EJA passa a ser vista como educação permanente e como uma continuação de educação formal. 
 Já em 1967, surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, criado a partir da Lei 5.397, de 15 de dezembro: 
 
Esta lei atribuía ao Ministério da Educação a tarefa da alfabetização funcional e educação continuada dos adultos, como prioritária entre as demais atividades educativas, a ser realizada através da nova Fundação cuja presidência caberia ao diretor do DNE. Ao MOBRAL incumbiria promover a educação dos adultos analfabetos financiando 1/3 do seu custo; cooperar com movimentos isolados de iniciativa privada; financiar e orientar tecnicamente cursos de 9 meses para analfabetos entre 15 e 30 anos, com prioridade oferecida aos municípios com maiores possibilidades de desenvolvimento socioeconômico. (PAIVA, 1987 p. 293) 
 
Esse movimento visava atender os interesses políticos do governo militar e também tinha como objetivo acabar com o analfabetismo brasileiro. Em 1970, o MOBRAL se divide em dois programas: O programa de alfabetização e o Programa de Educação Integrada que seria igual a 1ª a 4ª série da antiga educação primária. Após isto, outros programas surgiram, sendo implementados a partir deste. 
A partir de 1980, o MOBRAL, sem crédito nos meios políticos e educacionais, foi perdendo suas características de conservadorismoe de assistencialismo até ser extinto em 1985, sem erradicar o analfabetismo. Nos seus últimos anos, foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar, entre outras coisas, os falsos índices de analfabetismo. 
Em 1985 é criada a Fundação Educar – Fundação Nacional para Educação de Adultos – que diferentemente do Mobral, passou a fazer parte do Ministério da Educação e também a apoiar financeiramente as iniciativas do governo apoiando todos os programas de combate ao analfabetismo. Juntamente com o Ministério da Educação e Cultura (MEC), a fundação, organiza para o ano de 1990, o Ano Internacional de Alfabetização. 
Foi criada uma comissão para organização deste ano comemorativo, pelo então presidente da República José Sarney, mas essa comissão foi desarticulada e a fundação foi extinta pelo governo Collor em 1990, que não criou nenhuma outra instância que assumisse suas funções. Com isso ficou bastante evidente a falta de políticas educacionais, materiais didáticos, materiais de estudo e pesquisa voltados para adultos. 
O fato de os jovens adentrarem-se cada vez mais cedo no ambiente do trabalho, atrapalha a ida à escola no período diurno, e consequentemente o ensino regular torna-se quase inviável para eles, logo faz com que houvesse um aumento na demanda pelo ensino de pessoas com idade entre 15 e 18 anos. Assim na década de 80 a educação de adultos se ampliou para educação de jovens e adultos. 
 
 
3.2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) 
 
Em consonância com a LDBEN nº 9394/96, Artigo (Art.) 37, a educação de jovens e adultos, é uma modalidade da educação básica “destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. É importante destacar a concepção ampliada de educação de jovens e adultos no sentido de não se limitar apenas à escolarização, mas também reconhecer a educação como direito humano fundamental para a constituição de jovens e adultos autônomos, críticos e ativos frente à realidade em que vivem. É uma prática em que adultos se envolvem em atividades sistemáticas e sustentadas de auto-educação a fim de obter novas formas de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. Pode significar qualquer forma de aprendizagem de adultos que envolve além da escolarização tradicional, a alfabetização básica para a realização pessoal. Em particular, a educação de adultos reflete uma filosofia específica sobre aprendizagem e ensino com base no pressuposto de que os adultos podem e querem aprender, que são capazes e dispostos a assumir a responsabilidade por sua aprendizagem e que a própria aprendizagem deve responder às suas necessidades. 
A Educação de Jovens e Adultos tem por finalidade propiciar o desenvolvimento integral do aluno, prepará-lo para o acesso às competências básicas, facilitando sua inserção no mundo do trabalho, em estudos superiores e ao mesmo tempo capacitando-o para interagir socialmente, de forma sadia e responsável. Dotá-lo de criatividade e senso crítico para exercer a cidadania de forma plena e digna. Isso inclui ter consciência de que ao ser transformado, possa também transformar a sociedade em que vive. 
Paraná (2006, p. 27) esclarece que essa modalidade de ensino possui uma clientela diversificada com relação à faixa etária, a situação socioeconômica e cultural, ao tipo de ocupação que exerce e o motivo pelo qual ingressaram na EJA. Portanto, cabe a EJA, como modalidade da educação básica, considerar o perfil dos educandos, seu ritmo de aprendizagem e outras especificidades, além de garantir o cumprimento das suas funções que são: “função reparadora, função qualificadora e função equalizadora”. De acordo com Brasil (2000, p.7-8), a função reparadora não se refere apenas ao restabelecimento de um direito negado, mas assegura o direito a uma educação com a mesma qualidade do ensino regular. Já a função equalizadora oferece igualdade de oportunidade possibilitando, aos alunos, a inserção e permanência no mundo do trabalho, na vida social e cultural. Assim sendo, a EJA é percebida como uma promessa para transformar a vida de todos que dela necessite. Brasil (2000, p.10) afirma que: “Ela possibilita ao indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências adquiridas na educação extraescolar e na própria vida, possibilita um nível técnico e profissional mais qualificado”. A função qualificadora que é “função permanente da EJA” refere-se à educação contínua e progressiva do indivíduo oportunizado a busca a novos conhecimentos, além de promover a atualização dos conhecimentos já adquiridos pelos alunos. Ou seja, ao cumprir estas três funções a EJA estará proporcionando uma formação na 1649 qual os direitos de cada cidadão sejam reconhecidos, garantidos e respeitados de forma igualitária. 
 
3.3 METODOLOGIA DE ENSINO 
 
 Ao longo dos anos a educação brasileira tem sido influenciada por várias tendências pedagógicas cujas características causam interferência na metodologia utilizada pelos professores na sala de aula. Portanto, faz-se necessário esclarecer o que é metodologia de ensino. Segundo Araújo (2006, p. 27): 
 
A metodologia de ensino – que envolve os métodos e as técnicas – é teórico-prática, ou seja, ela não pode ser pensada sem a prática, e não pode ser praticada sem ser pensada. De outro modo, a metodologia de ensino estrutura o que pode e precisa ser feito, assumindo, por conseguinte, uma dimensão orientadora e prescritiva quanto ao fazer pedagógico, bem como significa o processo que viabiliza a veiculação dos conteúdos entre o professor e o aluno, quando então manifesta a sua dimensão prática. 
 
Assim sendo, metodologia de ensino pode ser compreendida como um conjunto de ações desenvolvidas pelo professor visando alcançar os objetivos propostos, e não como um roteiro prescritivo que busca promover uma ação docente mecanizada a qual desconsidera o contexto em que o aluno está inserido. Por isso, é fundamental que o professor tenha clareza do que, para que, como e a quem está ensinando, para, a partir daí, utilizar uma metodologia que contemple as necessidades educacionais do aluno. Visto que, os conteúdos são insuficientes para promover a eficácia da aprendizagem, além de não garantir a boa qualidade do ensino, embora sejam imprescindíveis para o processo de ensino-aprendizagem. Por isso, a metodologia precisa considerar aspectos inerentes ao educando, como: seu ritmo de aprendizagem, suas vivências extraescolares, sua faixa etária e suas potencialidades, entre outros. Além disso, Araújo (2006, p. 27) ressalta: “o como se ensina envolve umbilicalmente o método e a técnica de ensino”. 
 Neste sentido, Araújo (2006, p. 26) ressalta: “O método implica um norteamento ao processo educativo no âmbito das instituições escolares, o que requer planejamento prévio e operacionalização em vista mesmo da educação humana”. No que diz respeito às técnicas de ensino, estas são descritas pelo auto como: “[...] Um conjunto de procedimentos devotados ao 1650 ensino e à aprendizagem, [...] um modo de fazer, que contém diretrizes e orientações, e que visa à aprendizagem”. 
 Partindo desse pressuposto, entende-se que a técnica utilizada pelo professor precisa estar em consonância com o contexto do aluno, para não se tornar inadequada. Desta forma, ao escolher a metodologia de ensino o professor precisa estar atento ao contexto social, cultural, político, e econômico e, as necessidades educativas dos alunos de modo que esta favoreça a aprendizagem. A atividade docente requer organização e planejamento, de modo que a metodologia utilizada pelo professor facilite o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o um processo prazeroso, mas sobre tudo eficaz. Por isso, não deve ser uma ação improvisada. 
 Assim, em relação à EJA, considerando-se o fato de ter uma clientela ímpar, a metodologia poderá ser um dos agentes causadores do alto índice de evasão escolar nesta modalidade de ensino, uma vez que os professores insistem em utilizar metodologias infantilizadas,sem considerar a rotina de quem estuda e trabalha. No entanto, problemas como esses podem ser resolvidos quando o professor conhece as especificidades desse público e usa do cotidiano do aluno como eixo condutor das aprendizagens, essa atitude torna-se imprescindível, para o profissional docente que optar por trabalhar com alunos da EJA, uma vez que se acredita na importância da educação, do ensino sistematizado para a promoção do jovem e do adulto não alfabetizado na atual conjuntura política, econômica e social, promovendo-o como real cidadão. 
 
3.4 CONCEITUANDO A EVASÃO ESCOLAR 
A evasão escolar é um fato caracterizado pelo abandono ou a falta de frequência do aluno na escola por um tempo indeterminado ou não na escola pelo aluno (CAMPOS e OLIVEIRA, 2003). É uma temática bastante discutida em todas as modalidades de ensino. É frequente principalmente no Ensino Fundamental II. 
Segundo Fornari (2010), suas consequências causam a exclusão social do aluno. Diversos fatores podem proporcionar a evasão escolar. Como exemplo a falta de metodologias didáticas e que acompanhem o aluno, a falta de formação adequada aos docentes, as baixas condições socioeconômicas e a não aplicação de políticas públicas podem ser considerados os motivos primordiais para a continua evasão escolar. 
 De maneira geral, ao analisar quem é o aluno na EJA, nota-se a grande presença de populações considerada subalterna, ou seja, a população que é da favela, oriundos de locais de vulnerabilidade social, pessoas que possuem uma condição socioeconômica baixíssima. Vaz (1994) acredita que o que causa a evasão escolar é exatamente a violência simbólica de um grupo sobre outro. 
 Tratando-se de Amazônia, falar de evasão escolar nesse contexto, é falar de povos que foram excluídos da educação básica. Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos proporciona uma continuidade ou o início da alfabetização a aqueles que por variados motivos tiveram que largar a escola ou sequer entrado na escola para desenvolver outras atividades, povo este, que é marginalizado. Dessa maneira, em comum acordo com Veiga (2000), a EJA é a porta que se abre para proporcionar o crescimento pessoal de quem adentra nesse espaço. 
 Segundo Veiga (2000, p. 18), o Brasil ao passar por mudanças econômicas, passou a exigir pessoas qualificadas para o mercado de trabalho, e assim, a cobrança de escolaridade começou a ser cada vez mais frequente. Nesse processo de modelo de economia, as pessoas começaram a procurar as salas de aula. 
 A evasão escolar se dá ao passo em que o professor não consegue se adequar ao ritmo de estudo desses estudantes, dessa maneira, o aluno, no momento em que não se sente pertencente naquele lugar, sente-se desmotivado e abandona a cadeira da escola. 
 Daí surge a importância do uso de metodologias que possibilite a inclusão desse aluno na modalidade de ensino da EJA, e do professor identificar quando essas metodologias didáticas não estão suprindo a turma. A equipe escolar deve estar sempre atenta e manter um diálogo efetivo, a Educação de Jovens e Adultos deve ser uma educação de qualidade pra quem busca essa modalidade, além disso, esse aluno que é marginalizado pela sociedade também tem direito a cidadania. 
 
3.5 AS CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR 
De acordo com a literatura, são inúmeras as causas que resultam na Evasão Escolar. O público da EJA é um público com idade mais avançada e possui uma certa maturidade, são pessoas marginalizadas e que geralmente trabalham durante o dia e estudam à noite. Um dos motivos geradores da falta de frequência escolar é a falta de estímulo na escola, quando a escola se torna um lugar sem atratividade e sem diálogos com o professor. Ferreira (2001, p.33) afirma: 
 	 
Escola: não atrativa, autoritária, professores despreparados, insuficiente, ausência de motivação, etc. Aluno: desinteressado, indisciplinado, com problema de saúde, gravidez, etc. Pais/responsáveis: não cumprimento do pátrio poder, desinteresse em relação ao destino dos filhos, etc. Social: trabalho com incompatibilidade de horário para os estudos, agressão entre os alunos, violência em relação a gangues, etc. (FERREIRA, 2001, p. 33). 
 
O ambiente escolar torna-se autoritário e pesado, os alunos da EJA, às vezes são excluídos de atividades culturais que são programados pela própria escola, é como se tais alunos não fizessem parte da escola e está sempre a margem. Nesse sentido, a escola deve ligar-se a essa situação e ampliar a participação desses alunos nas atividades, nos programas de incentivos, nos eventos semestrais da escola. Isso evita a desestimularão do aluno frente ao cansaço diário. 
 
Segundo Gadotti (2000, p. 18), os professores têm o papel de estimular os educandos, inseri-los nas atividades propostas na escola, afim de que esse possa se sentir bem, e que a escola passa a ser um lugar de pertencimento. Quando isso é realizado com sucesso, os alunos tornam-se mais participativos e motivados, menos retraídos. 
 
Outra questão bastante pertinente são as atividades desenvolvidas pelos alunos fora do horário de aula. A questão social, como o vínculo empregatício, a mulher ou pai que cuidam da casa, acabam fazendo com que esse aluno não tenha tempo de estudar fora do seu horário de aula, e isso, gera um cansaço, tornando aulas sem metodologias didáticas, enfadonhas. 
 
A migração dentro do Município de Macapá desde sua formação é frequente, ao longo dos tempos esse transito de pessoas que vem do interior para a cidade vem ganhando força, pois há um almejo de mudança e melhoria de vida. As pessoas que mudam de cidade em busca dessa melhoria resolvem estudar, trabalham, e muitos não conseguem acostumar-se da vida que a metrópole proporciona. Dessa forma, quando a cidade grande não oferece as condições necessárias para a subsistência, essa família acaba se deslocando de volta para os interiores do Estado do Amapá ou do Pará. 
 
Dentre essas questões norteadoras sobre as causas de evasão escolar, vale lembrar que o professor desempenha um papel importante na educação desses alunos. O professor é o agente que têm contato diário com o educando, portanto, ele 
 
é a peça primordial para o combate à evasão escolar. Ao notar a ausências frequentes do educando, cabem a ela diagnosticar e informar o que está acontecendo, para que as medidas necessárias se houver necessidade, sejam tomadas com urgência. 
 
Verhine e Melo (2008), que também pesquisam sobre as causas da evasão escolar, afirmam existir diversos motivos para o aluno não concluir o ano letivo no ensino regular, eles identificam dois pontos: o primeiro está relacionado a evasão escolar e os fatores que são externos a escola como: a relação familiar, as desigualdades sociais, o trabalho, as drogas, preconceito e outros; o segundo ponto está relacionado aos fatores internos da escola, como a metodologia usada, professores não capacitados ou despreparados para o cargo, falta de motivação e a escola não atrativa. 
 
Ferreira (2001) e Queiroz (2002) possuem basicamente a mesma forma de pensar que Verhine e Melo (2008), pois alegam que a evasão escolar não é responsabilidade somente da escola, nem somente do professor, é responsabilidade da família e da guarda do Estado, pois é este que cria as políticas públicas que garantem a aplicação e eficácia da Lei. 
 
Retornando a Campos e Oliveira (2003), estes afirmam que a evasão escolar um problema que vão além da sala de aula, estão relacionados principalmente ao fator econômico, os alunos dessa modalidade para ele necessitam trabalhar. 
3.6 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO 
 
De acordo com Gil (2010) são constituídos sistemas de classificação que definem a pesquisa conforme a área do conhecimento, a finalidade, o nível de explicação e os métodos dotados. 
 
Com isso, a presente pesquisa classifica-se como Pesquisa Aplicada, pois tem por objetivo a proporção de gerar novos conhecimentos para aplicação prática regida à solução de problemas específicos. Também conhecida como pesquisa exploratória ou explicativa. 
 
É exploratória, pois dispõe a proporcionar

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