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02 - Teoria Geral das Organizações v3

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03 - Teoria Geral das Organizações 
 
 Organizações são sistemas sociais abertos de processos e inter-relações 
envolvendo pessoas que produzem resultados. A execução das atividades que integram 
os processos exige coordenação, recursos, conhecimentos e habilidades. Estas 
características acarretam uma hierarquia de comando e um sistema de poder para 
garantir a execução espacial e temporalmente ordenada das atividades da organização. 
A Teoria das Organizações é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo 
das organizações em geral e foi evoluindo ao longo do tempo por meio de diferentes 
teorias. O objetivo deste texto é discutir a evolução do pensamento da teoria geral das 
organizações e como os diferentes enfoques contribuíram para as organizações atuais. 
Serão abordados os seguintes enfoques: escola clássica, escola das relações humanas, 
pensamento sistêmico, escola neoclássica, escola da qualidade e sistema Toyota de 
Produção. 
 A passagem para o século XX foi um momento de grandes transformações 
tecnológicas, econômicas e sócias. Nesta época surgiram e cresceram empresas para 
fornecer, em grandes quantidades, os novos produtos que haviam sido criados e que 
constituíam objeto de desejo dos consumidores: automóveis, lâmpadas elétricas, 
aparelhos de som, cinema e telefones. As indústrias se expandiram aceleradamente, o 
que influenciou a necessidade de estudar e criar soluções para lidar com as enormes 
quantidades de recursos humanos e materiais de todos os tipos, que as empresas e os 
governos passaram a mobilizar. Foi essa a origem do grande avanço que hoje é 
conhecida como escola clássica da administração. 
 A escola clássica tem esse nome porque suas ideias permaneceram e 
continuam influenciando a prática da administração. Esta escola compreende quatro 
contribuições principais, que ocorreram entre o final do século XIX e o início do século 
XX: 
1) O movimento da administração científica, liderado por Taylor; 
2) Linha de montagem de Ford; 
3) A ideia do processo administrativo, proposta por Fayol; 
4) O tipo ideal de burocracia estudado por Weber. 
 
 Taylor procurava aumentar a eficiência da produção por meio da 
racionalização do trabalho, para evitar o desperdício e promover a prosperidade dos 
padrões e dos empregados. Desta forma, os princípios de Taylor consistiam em: a) o 
objetivo da boa administração era pagar salários altos e ter baixos custos de produção; 
b) a administração deveria aplicar métodos de pesquisa para determinar a melhor 
maneira de executar tarefas; c) os empregados deveriam ser cientificamente 
selecionados e treinados, de maneira que as pessoas e as tarefas fossem compatíveis; e 
d) deveria haver uma atmosfera de cordial cooperação entre a administração e os 
trabalhadores para garantir um ambiente psicológico favorável à aplicação desses 
princípios. 
 Assim, o taylorismo desenvolveu-se em uma época de notável expansão da 
indústria junto a outra inovação revolucionária do início do século que consistia na linha 
de montagem de Henry Ford. Este desenvolveu os princípios da produção em massa 
que são: a) fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade; b) produção 
de peças e componentes padronizados e intercambiáveis, e c) especialização do 
trabalhador. 
 Além de Taylor e Ford, o engenheiro Fayol foi um dos mais importantes 
contribuidores do desenvolvimento do conhecimento administrativo moderno. Fayol foi 
o pioneiro no reconhecimento de que a administração deveria ser vista como uma 
função separada das demais funções da empresa. Além disso, estabeleceu os princípios 
da boa administração, sendo dele a clássica visão das funções do administrador: 
organizar, planejar, coordenar, comandar e controlar. 
 A última contribuição da escola clássica está relacionada ao modelo ideal de 
burocracia. Segundo Weber, as organizações são sistemas de normas impessoais que 
regem o comportamento das pessoas. Assim, a administração burocrática é a forma 
mais racional de exercer a dominação, pois possibilita o exercício da autoridade e a 
obtenção da obediência com precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiança. 
 Desta forma, após analisar a escola clássica, percebe-se que as empresas atuais 
continuam utilizando seus princípios como, por exemplo: 
- Linhas de montagem em série que englobam todos os tipos de produtos, em diferentes 
estágios de acabamento; 
- Engenheiros de produção ou especialistas em organização e métodos continuam 
circulando, fazendo anotações em pranchetas, desenhando fluxogramas, cronometrando 
e registrando as operações para, em seguidas, torná-las mais eficientes. A tecnologia 
sofisticou-se, há robôs ao lado de pessoas, computadores, cronômetros digitais e 
câmaras de vídeos. No entanto, os princípios são exatamente os mesmos; 
- A maioria das organizações formais modernas, desde as pequenas empresas até as 
grandes corporações, são burocracias, que se fundamentam na autoridade legal-racional, 
ou seja, na autoridade das leis. 
 Nas proposições de Taylor, Ford e Weber, a preocupação básica era o 
desempenho dos recursos e processos, de um sistema ou de toda a empresa. As pessoas 
não eram negligenciadas, no entanto, eram colocadas em segundo plano, consideradas 
apenas recursos de produção. No início do século XX, essa visão mecanicista das 
pessoas era reflexo da orientação que vinha da Revolução Industrial. A prioridade era a 
eficiência da produção. 
 Assim, a escola das relações humanas surge da crítica à escola clássica e 
considera as pessoas em sua totalidade e como parte mais importante das organizações 
e de seu desempenho. Esta escola combate o formalismo na administração e desloca o 
foco da administração para os grupos informais e suas inter-relações, oferecendo 
incentivos psicossociais, por entender que o ser humano não pode ser reduzido a 
esquemas simples e mecanicistas. A Escola das Relações Humanas depositou na 
motivação a expectativa de levar o indivíduo a trabalhar para atingir os objetivos da 
organização. 
 Desta forma, a estratégia de se trabalhar com pessoas motivadas nas empresas 
exige mais dedicação dos executivos, pois estes devem conhecer as necessidades de 
seus subordinados, os fatores motivadores, como também estimular, incentivar e 
provocar a motivação por meio do estabelecimento de metas e recompensas. 
 Neste sentido, um dos maiores desafios da gestão da força de trabalho moderna 
está no direcionamento dos esforços dos recursos humanos disponíveis para atingir e 
superar as metas da organização. Os executivos das companhias estão preocupados em 
manter os custos sob controle, além de aumentar a qualidade e o faturamento da 
empresa. O estudo da motivação humana exerce papel relevante para melhorar a 
produtividade nas empresas atuais. 
 Uma outra contribuição para a teoria das organizações foi o pensamento 
sistêmico. O ponto de partida deste enfoque é a ideia de sistema que é um conjunto de 
partes que interagem e funcionam como totalidade. Assim, para compreender a 
realidade, é preciso analisar não apenas elementos isolados, mas também suas inter-
relações. Um sistema se organiza em três partes: entradas, processo e saída. A 
entidade concreta que mais ilustra um sistema é uma fábrica, pois esta processa 
(transforma) entradas como matérias-primas e mão de obra para fornecer produtos, as 
saídas. 
 Com o crescimento das empresas e com o aumento da concorrência, a ênfase se 
deslocou da produção eficiente para a estratégia e a estrutura da organização. Pierre du 
Pont e Alfred Sloan propuseram soluções práticas que ampliaram os conceitos da 
escola clássica. Surgiu, então, a escola Neoclássica. 
 Na companhia DuPont, Pierre du Pont desenvolveu formas de medir o 
desempenho global da empresa e não apenas a eficiência fabril. Assim, criou uma 
estrutura organizacional hierárquica e centralizada, além de desenvolver técnicas 
de administração financeira eprevisão de vendas. 
 A experiência da DuPont se transferiu para a General Motors. Em 1914, Pierre 
du Pont comprou ações da então desorganizada General Motors e em 1923 Alfred Sloan 
foi nomeado presidente da empresa por Du Pont. Para superar a Ford, Sloan decidiu que 
era preciso profissionalizar a administração e, para isto: 
• Criou divisões descentralizadas e transformou-as em centros de lucro, 
• A matriz da empresa definia objetivos, acompanhava e cobrava os resultados. 
Periodicamente, Sloan e seus executivos exigiam relatórios detalhados sobre 
vendas, participação de mercado, estoques, lucros e perdas, orçamentos de 
capital. 
 Assim, Sloan e Pierre du Pont criaram o modelo da administração das grandes 
corporações, compreendendo a estrutura das unidades de negócios e as práticas de 
planejamento estratégico. 
 A Escola da Qualidade nasceu e se desenvolveu junto com a moderna 
indústria. Em 1940 o Controle Estatístico da Qualidade, por meio de amostragens, 
estava estabelecido como disciplina reconhecida com métodos estatísticos dirigidos à 
fabricação. Assim permaneceu até a publicação de diversas obras na década de 1950 
introduzindo a Era da Garantia da Qualidade. Neste período, a qualidade passou de 
uma disciplina restrita e baseada na produção fabril para uma disciplina com 
implicações mais amplas para o gerenciamento. A prevenção de problemas 
continuou sendo seu objetivo fundamental, mas os instrumentos da profissão se 
expandiram para muito além da estatística. Havia preocupação em quantificar os 
custos da qualidade, no controle total da qualidade, na engenharia da 
confiabilidade e no zero defeito. 
 A gestão da qualidade foi evoluindo para uma perspectiva voltada para o 
mercado (consumidores e concorrentes) com objetivo de alcançar maior vantagem 
competitiva. Assim, nos mais elevados níveis das organizações surgia um novo tipo de 
preocupação com a qualidade, dentro de uma visão mais ampla, dirigida ao processo de 
Planejamento Estratégico da Empresa. 
 Diante deste cenário evolutivo, surgem modelos de implantação de sistemas de 
qualidade e prêmios da qualidade, como também a metodologia Seis Sigma. Na 
década de 1980 foi editada a primeira versão da série 9000 pela ISO (Organização 
Internacional para a Padronização), que desenvolveu um modelo de implantação de 
sistemas de qualidade com o objetivo de transformar em regras passíveis de auditoria as 
características do sistema de gestão da era da garantia da qualidade, observadas nas 
empresas japonesas. No Brasil, surge o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) com o 
objetivo de premiar as empresas que fossem mais bem sucedidas na implantação de 
programas de qualidade conforme um modelo de avaliação estabelecido. 
 Por fim, o sistema Toyota de produção, também conhecido como 
produção enxuta ou Ohnoísmo, é uma combinação dos princípios e técnicas da 
qualidade total, da administração científica e das tradições culturais japonesas. Os três 
alicerces do Sistema Toyota de Produção são Just in time (JIT), Muda e Kaisen que 
se apóiam e se reforçam mutuamente. 
 O Just in Time é um sistema sincronizado de produção em fluxo sem estoques. 
Significa que os materiais e as peças necessários devem chegar na hora certa e somente 
na quantidade necessária. O Just in Time utiliza o kanban que é o sistema de 
informação que aciona e controla a produção, definindo por meio de um simples cartão 
a quantidade a ser produzida do tipo de peça e componente determinado. Ao mesmo 
tempo, dá instruções de trabalho, controla visualmente o volume de produção, previne o 
excesso de produção e indica os problemas. Nada deve ser produzido ou retirado sem o 
kanban. 
 Muda significa eliminar totalmente desperdícios de materiais, pessoal, 
movimentos, peças defeituosas, transportes desnecessários, esperas, produzir além do 
necessário etc. Kaisen é o melhoramento contínuo da produtividade e qualidade. Por 
melhor que possa parecer uma situação, ela pode sempre ser melhorada. Esse princípio 
deve estar presente no dia a dia da administração, sendo responsabilidade de todos, 
embora alguns programas especiais, como Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), 
planos de sugestões individuais, tenham a responsabilidade pelo desenvolvimento 
dessas melhorias. A atitude da administração deve favorecer constante aprendizado e ser 
receptiva às mudanças e sugestões. 
 Além do Just in Time, Muda e Kaisen, o sistema Toyota de Produção também 
defende a flexibilidade em relação à tecnologia, à administração do espaço físico 
(layout), ao nivelamento e sequenciamento da produção, e a trabalhadores qualificados. 
Assim, o layout funcional é substituído pelo celular, com o agrupamento de diferentes 
máquinas a partir da sequência de produção. 
 Além disso, novas tecnologias como robôs e máquinas-ferramentas de 
comando numérico devem ser flexíveis, de modo a serem fácil e rapidamente 
programadas para acomodar as mudanças constantes da linha de produtos. 
 Portanto, este texto discutiu as principais teorias das organizações: escola 
clássica, escola das relações humanas, pensamento sistêmico, escola neoclássica, escola 
da qualidade e sistema Toyota de Produção. Conclui-se que cada teoria discutida 
contribuiu para a evolução do pensamento administrativo e que seus métodos, técnicas e 
princípios continuam sendo utilizados pelas empresas atuais que estão cada vez mais 
preocupadas em adotar modalidades de gestão mais flexíveis, ágeis e capazes de 
responder rapidamente e com baixo custo às demandas complexas e variáveis do 
mercado. 
 
 
FERRO, J. R. Aprendendo com o “ohnoísmo”(produção flexível em massa): lições para 
o Brasil. Revista de Administração de Empresas, v. 30, n. 3, Jul./Set., 1990, p. 57-68. 
 
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas, 2011.

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